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Condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

DEPARTAMENTO DE ODONTOLOGIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ODONTOLOGIA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO EM SAÚDE COLETIVA

NATAL JUNHO / 2011

(2)

DIVIANE ALVES DA SILVA

CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL E

CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Odontologia na área de concentração em Saúde Coletiva. Orientador: Prof. Dr. Kenio Costa Lima

NATAL

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Silva, Diviane Alves da.

Condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos \ Diviane Alves da Silva. – Natal, RN, 2011.

101 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Kenio Costa Lima.

Dissertação (Mestrado em Odontologia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências da Saúde. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. 1. Saúde bucal – Dissertação. 2. Idoso – Dissertação. 3. Estudos transversais – Dissertação. 4. Capacidade funcional. I. Lima, Kenio Costa. II. Título.

RN/UF/BSO Black D585

Catalogação na Fonte. UFRN/ Departamento de Odontologia

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Diviane Alves da Silva

CONDIÇÕES DE SAÚDE BUCAL E

CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Odontologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de Mestre em Odontologia na área de concentração em Saúde Coletiva.

Aprovada em: 03/06/2011.

_______________________________________________________ Prof. Dr. Kenio Costa Lima

Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN Orientador

_______________________________________________________ Profª. Drª. Cássia Maria Buchalla

Universidade de São Paulo - USP Membro

_______________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Roberto Augusto Noro

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(6)

AGRADECIMENTOS

A Deus pela presença constante e inabalável em minha vida e por, em tudo, identificar o sinal do seu amor e proteção.

Ao meu orientador, Kenio Lima pelo acolhimento imediato, confiança, estímulo,

disponibilidade, acessibilidade, pelo “orientador educador” que sempre foi. Uma

inspiração para os que ganham a oportunidade de, com ele, “construir projetos”.

De forma especial, aos bolsistas Yan Freitas, Tamires Oliveira, Romerito Lins e Carla Patrícia que foram incansáveis e extremamente comprometidos na árdua e, sem dúvida,

mais enriquecedora etapa da pesquisa, a coleta dos dados.

À prefeitura de Macaíba, município-sede do nosso estudo, na pessoa de Elizabete, da Secretaria Municipal de Saúde, cuja constante disponibilidade em nos atender foi

fundamental para a superação dos obstáculos.

A cada agente comunitário de saúde que conosco participou da coleta dos dados, exercendo o papel essencial de facilitadores e, muitas vezes, estimuladores do nosso

trabalho.

Às amigas queridas Ezilda e Emeline pelo companheirismo, fortalecimento inestimável e silêncios oportunos.

Ao meu querido Pai

Aos professores do mestrado, pelo empenho nas aulas, orientações acadêmicas e, muitas vezes, gratos conselhos, sempre priorizando uma formação de qualidade e o

crescimento pessoal coerente com valores éticos.

(7)

“ É absurdo acreditar na idéia de que uma pessoa quanto mais ela vive mais velha ela fica; para que alguém quanto mais vivesse mais velho ficasse, teria de ter nascido

pronto e ir se gastando... Isso não ocorre com gente, e sim com fogão, sapato,

geladeira. Gente não nasce pronta e vai se gastando; gente nasce não-pronta, e vai se

fazendo. (...) Nos inserimos num processo de construção quase elíptico no qual

trazemos algumas coisas do passado e nele deixamos outras. Não somos inéditos, mas somos novos.”

(8)

RESUMO

O envelhecimento populacional constitui um dos maiores desafios para a saúde pública contemporânea e, nessa perspectiva, a capacidade funcional surge como importante critério na avaliação geriátrica. A saúde bucal dos idosos por sua vez, merece atenção especial visto que, historicamente, nos serviços odontológicos, tal grupo populacional não era considerado como prioridade de atenção, o que se verifica pelas altas taxas de edentulismo ainda encontrada entre esses indivíduos. O estudo em questão propõe analisar a relação entre as condições de saúde bucal e a capacidade funcional de uma população de idosos. Para tanto, realizou-se exame epidemiológico intra-oral que avaliou o grau de ataque de cárie, condição periodontal, uso e necessidade de prótese e presença de lesões. A capacidade funcional foi avaliada através da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária, que considera a independência ou não no desempenho de seis funções de autocuidado. Características socioeconômico-demográficas e de saúde geral também foram pesquisadas, tendo em vista a possibilidade de intervenção de tais variáveis na relação investigada. Realizou-se uma análise fatorial de componentes principais da qual resultaram quatro indicadores de saúde bucal, representativos das condições da população estudada. Foram arrolados 441 idosos com idade média de 71,7 (±8,7) anos, sendo a maioria do sexo feminino (68%). A capacidade funcional foi dicotomizada em indivíduos totalmente independentes (89,6%) e dependentes em ao menos uma das funções consideradas (10,4%). Observou-se associação entre a capacidade funcional e os indicadores relacionados à preObservou-sença de elementos dentários e cárie, e àquele associado ao uso e necessidade de prótese. Tais associações por sua vez, perderam significância estatística quando do ajuste para algumas variáveis de confusão, combinadas em modelos distintos para cada indicador. Algumas dessas variáveis, entretanto, mantiveram-se associadas à capacidade funcional. Considera-se que o estudo das condições de saúde bucal de idosos, aliado à busca de uma associação com a capacidade funcional revela-se importante na construção de indicadores necessários ao planejamento de medidas preventivas e intervenções terapêuticas que reduzam os riscos para a perda de habilidade nas funções físicas cotidianas e suas sequelas, como o prejuízo no autocuidado bucal.

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ABSTRACT

Population aging is one of the greatest challenges to contemporary public health and, in this perspective, the functional capacity emerges as an important feature in geriatric assessment. The oral health of elderly, in turn, deserves special attention because, historically, in the dental services, this population group was not considered a priority for attention, which is verified by high rates of edentulism found even among these individuals. The present study proposes to examine the relationship between oral health status and functional capacity in an elderly population. To this end, intra-oral epidemiological examination was performed to assess the degree of dental caries, periodontal status, use and need of prosthesis and the presence of lesions. Functional capacity was assessed by the Independence in Activities of Daily Living, which considers the independence or not in the performance of six self-care functions. Socioeconomic and demographic characteristics and general health status were also investigated, in view of the possibility of intervention of these variables in the investigated relation. An factor analysis of the principal components was conducted which resulted four indicators of oral health conditions, representative of the population studied. 441 seniors were enrolled with mean age of 71.7 (± 8.7) years, the majority being female (68%). Functional capacity was dichotomized into completely independent individuals (89.6%) and dependent on at least one of the functions considered (10.4%). There was an association between functional capacity and the indicators related to the presence of many teeth and dental caries, and to that associated with the use and need of prostheses. These associations in turn, lost statistical significance when adjusting for confounding variables, combined in separate models for each indicator. Some of these variables, however, remained associated with functional capacity. It is considered that the study of oral health status of elderly, associeted with the search for an association with functional capacity is important in the construction of indicators necessary for planning preventive and therapeutic interventions that reduce the risk for loss of ability in daily physical functions and their consequences, as the harm in the oral self-care.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Modelo do Processo de Incapacidade (adaptado de Verbrugge, 1994). Figura 2 Diagrama representativo da técnica de sorteio dos setores censitários para

o estudo sobre as condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

Figura 3 Frequências absolutas/relativas e intervalos de confiança segundo tipo de medicamento utilizado numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010. Figura 4 Frequências absolutas e relativas referentes à caracterização quanto à

realização de atividades da vida diária, segundo o Índice de Katz, numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Figura 5 Médias do índice CPO-d e de seus componentes numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Figura 6 Relação em termos absolutos de componentes do CPO-D segundo elemento dentário numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN, 2010.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 Parâmetros para o cálculo do tamanho da amostra do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

Quadro 2 Parâmetros para o cálculo da fração de amostragem do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

Quadro 3 Descrição das variáveis dependentes do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

Quadro 4 Descrição da variável independente principal do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010. Quadro 5 Descrição das variáveis independentes de controle abordadas no estudo

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 Valores de concordância interexaminador e coeficiente Kappa para o estudo das condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Natal-RN. 2010.

Tabela 2 Distribuição das variáveis de caracterização demográfica e condições sócio-ecomômicas de uma amostra de 441 idosos, segundo as médias, desvios-padrão, medianas, quartis 25 e 75, freqüência absolutas/relativas e intervalos de confiança. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 3 Distribuição das variáveis de caracterização do estado geral de saúde de uma amostra de 441 idosos, segundo as freqüências absolutas/relativas e intervalos de confiança. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 4 Distribuição das variáveis de auto-cuidado e acesso a serviços em saúde bucal numa amostra de 441 idosos, segundo as freqüências absolutas/relativas e intervalos de confiança. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 5 Matriz de correlações entre as variáveis de condição de saúde bucal submetidas à análise fatorial no estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Natal-RN. 2010.

Tabela 6 Matriz anti-imagem de correlações entre as variáveis de condição de saúde bucal submetidas à análise fatorial no estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Natal-RN. 2010.

Tabela 7 Valores de comunalidades das variáveis de condição de saúde bucal submetidas à análise fatorial no estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Natal-RN. 2010.

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Tabela 9 Cargas fatoriais dos quatro fatores representativos das condições de saúde bucal de uma amostra de 441 idosos no estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Natal-RN. 2010.

Tabela 10 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 1 de condição de saúde bucal e as variáveis de caracterização demográfica e condições socioeconômicas numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 11 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 1 de condição de saúde bucal e as variáveis de estado de saúde geral numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 12 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 1 de condição de saúde bucal e as variáveis de auto-cuidado e acesso a serviços em saúde bucal numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 13 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 2 de condição de saúde bucal e as variáveis de caracterização demográfica e condições socioeconômicas numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 14 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 2 de condição de saúde bucal e as variáveis de estado de saúde geral numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

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e acesso a serviços em saúde bucal numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 16 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 3 de condição de saúde bucal e as variáveis de caracterização demográfica e condições socioeconômicas numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 17 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 3 de condição de saúde bucal e as variáveis de estado de saúde geral numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 18 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 3 de condição de saúde bucal e as variáveis de auto-cuidado e acesso a serviços em saúde bucal numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 19 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 4 de condição de saúde bucal e as variáveis de caracterização demográfica e condições socioeconômicas numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

Tabela 20 Valores absolutos, percentuais, significância estatística e OR bruta e ajustada com seus respectivos intervalos de confiança para a associação entre o fator 4 de condição de saúde bucal e as variáveis de estado de saúde geral numa amostra de 441 idosos. Macaíba-RN. 2010.

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LISTA DE SIGLAS

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

SUS – Sistema Único de Saúde

CPO-d – Dentes permanentes cariados, perdidos e obturados

OMS – Organização Mundial de Saúde

CIDID – Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens

CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde

AVD – Atividades da Vida Diária

AIVD – Atividades Instrumentais da Vida Diária

AAVD – Atividades Avançadas da Vida Diária

IADL Index of Independence in Activities of Daily Living

CPI – Índice Periodontal Comunitário

PIP – Perda de Inserção Periodontal

ESF – Estratégia Saúde da Família

KMO – Kaiser-Meyer-Olkin

ACP – Análise de Componentes Principais

OR – Odds Ratio

IC – Intervalo de Confiança

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO 15

2 REVISÃO DE LITERATURA 17

2.1 O Processo de Envelhecimento Populacional no Brasil 17

2.2 A Saúde Bucal do idoso brasileiro 19

2.3 Envelhecimento e Funcionalidade: o Processo de Incapacidade 20

2.4 A Capacidade Funcional como perspectiva de avaliação do estado de saúde

da população geriátrica 23

2.5 Saúde Bucal e Capacidade Funcional em idosos 26

3 OBJETIVOS 27

3.1 Objetivo geral 27

3.2 Objetivos específicos 27

4 METODOLOGIA 28

4.1 Considerações éticas 28

4.2 Natureza do estudo 28

4.3 Cenário do estudo 28

4.4 Plano amostral 29

4.4.1 Cálculo do tamanho da amostra 29

4.4.5 Amostragem 29

4.5 Instrumento de coleta de dados 32

4.6 Treinamento e calibração dos examinadores 33

4.7 Elenco de variáveis do estudo 35

4.8 Análise estatística dos dados 39

5 RESULTADOS 41

5.1 Caracterização da amostra 41

5.2 Análise fatorial 48

5.3 Associação entre os grupos de variáveis independentes investigados e os

fatores de condição de saúde bucal

54

6 DISCUSSÃO 68

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS 84

REFERÊNCIAS 85

ANEXO 91

(17)

1 INTRODUÇÃO

As questões referentes ao processo de envelhecimento se tornaram alvo de discussões e estudos em todo o mundo. Ao contrário do que aconteceu em países desenvolvidos, o crescimento da população idosa no Brasil aconteceu de forma acelerada, e trouxe problemas tanto para esse grupo etário, quanto para a sociedade em geral. Dados do IBGE referentes ao Censo-2010 revelam que a população de indivíduos com 60 anos ou mais ultrapassa os 20 milhões, o que corresponde a aproximadamente 10,8% da população total40. E, nessa perspectiva, aponta-se que o crescimento absoluto da população brasileira na última década se deu principalmente em função do crescimento da população adulta, com destaque também para o aumento da participação da população idosa39. Segundo estimativas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE apontadas por Viana em 2008 existe uma tendência de crescimento do número de idosos, visto que os dados apontam para um contingente 15 vezes maior em 2025 e, no futuro, o Brasil poderá representar a sexta população idosa do mundo70.

No que concerne aos serviços de saúde, estes deverão ser adaptados a fim de suprir essa demanda emergente de idosos, visto que uma atenção integral à saúde deste indivíduo deve ser assegurada pelo Sistema Único de Saúde – SUS. Além disso, antes do adoecimento orgânico, a pessoa idosa apresenta alguns sinais de risco e é função do profissional de saúde identificá-los para que as ações possam ser assumidas de maneira precoce, contribuindo não apenas para a melhoria da qualidade de vida individual, mas também para uma saúde pública mais consciente e eficaz6.

Nesse sentido, dentre os comprometimentos advindos com o avanço cronológico da idade, destaca-se a ocorrência de incapacidade funcional, caracterizada como qualquer restrição para desempenhar uma atividade dentro da extensão considerada normal para a vida humana. A expressão da incapacidade funcional ou dificuldade em realizar uma atividade específica por causa de um problema de saúde é o que se conhece por dependência6. Assim, observa-se que a aplicação do conceito de capacidade funcional, bem como a avaliação funcional dos idosos, a fim de determinar seu grau de dependência, deve permear o contexto do envelhecimento, sendo o seu estudo, portanto, de fundamental importância para avaliar o estado de saúde da população idosa.

(18)

por exemplo, aqueles ditos não institucionalizados, onde se incluem os usuários de serviços, freqüentadores de grupos de terceira idade ou grêmios, o que leva a produção de dados de saúde bucal insatisfatórios17. Sendo assim, faz-se necessário uma abordagem mais abrangente desse contingente, a partir da agregação nos estudos, de uma população idosa nas suas diversas condições de vida, o que acontece, por exemplo, nos estudos cuja técnica de alocação obedece a uma base probabilística, já que esta técnica de alocação engloba todos os indivíduos nas suas diversas condições de vida.

(19)

2 REVISÃO DE LITERATURA

O presente capítulo que trata da revisão de literatura a respeito dos temas relacionados ao estudo em questão estruturou-se segundo tópicos de abrangência temática decrescente, destacando-se inicialmente a situação populacional do idoso no Brasil, com ênfase no rápido processo de envelhecimento experimentado por tal país a

partir dos anos 1940. Em seguida, voltando-se a uma das dimensões de que trata o estudo, descreve-se a situação de saúde bucal dos idosos brasileiros, a partir de dados provenientes do mais recente levantamento epidemiológico nacional em saúde bucal, realizado no ano de 2010. Prossegue-se com a abordagem da segunda dimensão objeto do estudo, discorrendo-se a respeito do processo de incapacidade na perspectiva do envelhecimento, o que culmina com a apresentação da capacidade funcional como

perspectiva de avaliação da população geriátrica, tema tratado no tópico seguinte,

onde são apresentados os instrumentos de aferição dessa dimensão mais utilizados em nossa realidade. Por fim, tal capítulo traz um tópico que apresenta resultados de estudos cuja associação entre saúde bucal e funcionalidade em idosos constituiu objeto de investigação.

2.1O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO BRASIL

O envelhecimento populacional consiste em um fenômeno de amplitude mundial na atualidade, estando comumente associado às regiões mais desenvolvidas26. Tal processo iniciou-se no final do século XIX em países da Europa Ocidental, espalhou-se pelo resto do Primeiro Mundo no século passado, e se estendeu, nas últimas décadas, por vários

países do Terceiro Mundo, inclusive o Brasil18.

No Brasil, as transformações no padrão demográfico começam a ocorrer inicialmente e de forma tímida, a partir dos anos 1940, quando se nota um consistente declínio dos níveis gerais de mortalidade, não acompanhado por um processo concomitante nos níveis de natalidade. O quadro de mudanças se acentua após os anos 1960, em decorrência de quedas expressivas da fecundidade, a tal ponto que, quando comparado com situações vivenciadas por outros países, o Brasil realizava uma das transições demográficas mais rápidas do mundo34.

(20)

populacional, tal como observado até hoje, é resultado do declínio da fecundidade, e não da mortalidade. O declínio da mortalidade teve como efeito um rejuvenescimento das populações, e não seu envelhecimento. Isto, por duas razões: (1) proporcionalmente, a queda se concentrou mais nas idades mais jovens o que, por si só, não teve impacto direto, a não ser em curto prazo, na distribuição etária proporcional; (2) ao propiciar um número maior de mulheres sobreviventes até o final do período reprodutivo, o declínio da mortalidade teve, como consequência, um número maior de nascimentos, o que leva a uma proporção maior de jovens na população. Dessa maneira, considera-se que haverá sim um maior envelhecimento da população em decorrência do declínio da mortalidade, se este se concentrar nas idades avançadas, o que até tem-se previsto para um futuro não muito distante18.

Assim, no Brasil observou-se uma expressiva queda da taxa de fecundidade total que, de 5,8, em 1970, passa para algo em torno de 2,3 filhos por mulher em 2000 e, como conseqüência, entra a população em um sustentado processo de desestabilização de sua estrutura etária, com estreitamento continuado da base da pirâmide e, consequentemente, envelhecimento da população18.

Dessa maneira, considera-se que a radical transformação do padrão demográfico corresponde a uma das mais importantes modificações estruturais verificadas na sociedade brasileira, com reduções na taxa de crescimento populacional e alterações na estrutura etária, a partir do crescimento mais lento do número de crianças e adolescentes, paralelamente a um aumento da população em idade ativa e pessoas idosas36.

O incremento no número de idosos, por sua vez, tem provocado um forte impacto nas demandas sociais, como as de educação, emprego, saúde e previdência social66. No tocante à saúde, o envelhecimento populacional se traduz em maior carga de doenças na população, mais incapacidades e aumento do uso dos serviços de saúde, ainda que alguns estudos mostrem que tais condições relatadas não são consequências inevitáveis do envelhecimento.

(21)

apesar da inclusão recente, pelo Ministério da Saúde, da saúde do idoso como item prioritário na agenda de saúde do país, com a promulgação de uma nova política nacional de saúde da pessoa idosa que objetiva, no âmbito do SUS, garantir atenção integral à saúde da população idosa, enfatizando o envelhecimento saudável e ativo baseado no paradigma da capacidade funcional abordada de maneira multidimensional68.

2.2 A SAÚDE BUCAL DO IDOSO BRASILEIRO

Dentre os vários aspectos da saúde do idoso, a saúde bucal merece atenção especial pelo fato de que, historicamente, as políticas de saúde bucal se pautaram por modelos de atenção que excluíam pacientes adultos e idosos como prioridade de atenção59. Além disso, ao analisar os dados sobre as condições de saúde bucal de idosos, percebe-se que esses indivíduos carregam a herança de um modelo assistencial centrado em práticas curativas e mutiladoras.

Assim, como conseqüência dessa histórica escassez de atenção odontológica e, por conseguinte, do acúmulo de doenças bucais não tratadas, observa-se um elevado contingente de idosos edêntulos no Brasil, o que, por sua vez, tem subsidiado a discussão a respeito da necessidade de formulação de políticas públicas de promoção de saúde bucal para as pessoas idosas, para que esses indivíduos possam viver essa época da vida com qualidade. Além disso, políticas pautadas na reabilitação protética são de fundamental importância, tendo em vista a necessidade de modificação do quadro de desatenção para com a saúde bucal do idoso brasileiro49.

(22)

se observou a proximidade destes números com os encontrados em 2003, onde 23,8% dos idosos necessitavam de prótese total inferior enquanto que 16,1% de prótese total superior8.

O Programa Global de Saúde Bucal da Organização Mundial de Saúde – OMS – com enfoque na saúde bucal da população idosa apresenta como desafio maior, a transformação do conhecimento em programas de ação, tendo em vista a melhoria das condições de saúde bucal desses indivíduos. Tal programa sugere que haja uma incorporação por parte dos programas nacionais de saúde do idoso, de práticas de promoção de saúde bucal e que, a prevenção de doenças nesse grupo seja baseada na avaliação de fatores de risco comuns entre todas as doenças que acometem tal população, inclusive aquelas relacionadas à cavidade bucal.

Destaca ainda que nos países em desenvolvimento, o desafio para a promoção de cuidados primários em saúde bucal é particularmente maior devido à escassez de profissionais especializados na área. Nesse sentido, chama a atenção para a formação especializada e o contínuo treinamento como formas de assegurar que os profissionais da área odontológica tenham habilidades e entendimento sobre os aspectos biomédicos e psicossociais, envolvidos no cuidado do idoso. Por outro lado, nos países desenvolvidos, onde se destaca a necessidade de reorientação dos serviços de saúde bucal para a prevenção, esta deve ocorrer levando-se em consideração as necessidades de cuidados orais específicas desse contingente.

Como recomendação aos planejadores nacionais de saúde bucal, o Programa Global de Saúde Bucal da OMS sugere que estes fortaleçam a implementação de programas de saúde bucal sistemáticos, orientados para a melhoria da saúde bucal e, ao mesmo tempo, da qualidade de vida dos idosos. Tais planejadores também são estimulados a formular metas e padrões de saúde bucal para idosos54.

2.3ENVELHECIMENTO E FUNCIONALIDADE: O PROCESSO DE INCAPACIDADE

(23)

conceituais colocaram em destaque a discussão sobre incapacidade: (a) A Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID) da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 1980 que, apesar da aceitação política, foram relatados problemas de clareza conceitual, consistência interna e viabilidade de medidas em inquéritos69. Assim, após várias versões e numerosos testes, foi aprovada em maio de 2001 a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF), cuja versão em português foi traduzida pelo Centro Colaborador da OMS para a família de Classificações Internacionais em Língua Portuguesa28; (b) A Teoria Sociológica desenvolvida por Saad Nagi, em 1965, fundamentada em quatro conceitos centrais: patologia ativa, fragilidade, limitação funcional e incapacidade. Esses dois últimos, seguindo o mesmo escopo conceitual da CIDID69.

O modelo do Processo de Incapacidade fundamenta-se principalmente no trabalho de Nagi, caracterizando-se como uma extensão e elaboração deste, embora também inclua elementos da CIDID, comparando os dois cenários conceituais. A trajetória da patologia aos vários tipos de desfechos na função do indivíduo é o enfoque principal de tal modelo e este considera que tal trajetória é suscetível a fatores ambientais, psicológicos e sociais que atuam no sentido de alterá-la de modo a acelerar ou retardar os efeitos funcionais69.

(24)

Figura 1: Modelo do Processo de Incapacidade (adaptado de Verbrugge, 1994)69.

O esquema acima mostra o percurso que vai da patologia à incapacidade,

apresentando uma sequência “natural” de eventos, sobre a qual atuam fatores extra

-individuais, intra-individuais e fatores de risco que representam os padrões de comportamento duradouros que elevam as chances de limitação funcional e incapacidade na presença de alguma condição crônica.

(25)

Instrumentais da Vida Diária – AIVDs), por exemplo, é a incapacidade, uma vez que tais comportamentos representam atividades que uma pessoa faz como membro da sociedade, necessitando para cada atividade em específico de alguma capacidade física e mental o que implica, por sua vez, ausência de limitação funcional. As AVDs e AIVDs, portanto, não representam funções físicas como muito se rotula na literatura. No entanto, a discordância dessa concepção por parte de alguns pesquisadores é reconhecida em decorrência do confuso vocabulário utilizado na área, o que se agrava com a geração de protocolos de pesquisa que combinam conceitos de fundamentações teóricas distintas. Um exemplo disso é a utilização dos termos incapacidade, deficiência e limitação funcional com significados coincidentes69.

2.4A CAPACIDADE FUNCIONAL COMO PERSPECTIVA DE AVALIAÇÃO DO ESTADO DE SAÚDE DA POPULAÇÃO GERIÁTRICA

Dentre as consequências advindas do avanço cronológico da idade, está a alteração no padrão de morbidade e causas de morte na população1. Observa-se o aumento da prevalência geral de doenças crônicas, visto que são mais freqüentes neste grupo etário e tal fato conduz à transferência da ênfase dos programas governamentais de saúde e previdência do objetivo da cura e sobrevivência, para o da melhora do estado funcional e do bem-estar. Uma avaliação geriátrica eficiente e completa, a custos razoáveis, torna-se cada vez mais necessária, adquirindo fundamental importância nessa perspectiva, a capacidade funcional do indivíduo51. Tal avaliação, portanto, surgiu como uma nova alternativa para quantificar saúde no contingente idoso, tornando-se mais adequada para nortear e adaptar a assistência a essa população42.

(26)

qualidade de vida ou medidas de qualidade de vida relacionadas à saúde, que inclui itens ligados a aspectos sociais e interpretativos da saúde do indivíduo.

As atividades básicas, ligadas ao auto-cuidado do indivíduo, avaliam funções de sobrevivência tais como se alimentar, banhar-se, vestir-se e outras atividades básicas. Considera-se que a ausência das mesmas corresponde aos níveis mais graves de deficiência das aptidões físicas. Já as atividades instrumentais englobam tarefas mais complexas, muitas vezes relacionadas à participação social do sujeito, como por exemplo, realizar compras, atender ao telefone e utilizar meios de transporte. Sua avaliação oferece indicadores de funções sociais que ampliam os temas explorados pelas escalas AVDs. Por fim, as atividades avançadas incluem também atividades voluntárias sociais, ocupacionais e de recreação. Dificuldades em participar dessas atividades pode não indicar perda funcional atual, mas risco de perdas futuras ainda mais importantes26,51.

Um estudo de revisão publicado em 2005 buscou os instrumentos de avaliação do estado funcional do idoso até então validados, identificando, para a subdimensão das AVDs, sete instrumentos, enquanto que, para a avaliação das AIVDs, foram selecionados onze instrumentos e para o estado geral de saúde e qualidade de vida, treze instrumentos. Os instrumentos mais utilizados para a avaliação das AVDs, são o Índice de Barthel e a Escala de independência em atividades da vida diária (IADL), de Sidney

Katz51. Esta última, por sua vez, já adaptada para a realidade brasileira, tem sido um dos instrumentos mais utilizados nos estudos gerontológicos nacionais e internacionais, embora sua publicação date de 196327,41.

Tal Escala consta de seis itens que medem o desempenho do indivíduo nas AVDs, os quais obedecem a uma hierarquia de complexidade, da seguinte forma: alimentação, controle de esfíncteres, transferência, higiene pessoal, capacidade para se vestir e tomar banho. Katz e colaboradores, quando da proposição de sua Escala, observaram que essa sequência é semelhante àquela do processo de desenvolvimento infantil, o que leva à suposição de que a escala se baseia em funções primárias biológicas e psicossociais41.

(27)

No que se refere à utilização do diagnóstico de tal condição em inquéritos epidemiológicos, esta é relativamente recente e no Brasil, especificamente, teve impulso com a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa que, com vistas a sua operacionalização, considerou dois grandes grupos populacionais: a) idosos independentes e; b) idosos frágeis ou em processo de fragilização. Os primeiros são aquelas pessoas idosas que, mesmo sendo portadoras de alguma doença (as mais comuns são hipertensão arterial e diabetes), se mantêm ativas no ambiente familiar e no meio social. Por outro lado, as pessoas idosas frágeis ou em processo de fragilização são aquelas que, por qualquer razão, apresentam determinadas condições a serem identificadas e priorizadas pelos profissionais de saúde em ações de recuperação, promoção e atenção, evitando, com isso, a piora do quadro apresentado4. Nesse sentido, no contexto da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, o conceito de saúde para o indivíduo idoso se traduz mais pela sua condição de autonomia e independência que pela presença ou ausência de doença orgânica6.

Tal documento ressalta que a prevalência da incapacidade aumenta com a idade, mas a idade sozinha não prediz incapacidade6. Os resultados de um estudo de base populacional realizado na cidade de Pelotas, RS, entre 2007 e 2008, evidenciaram tal associação, identificando uma prevalência de incapacidade para as atividades básicas 3,46 vezes maior nos indivíduos com idade igual ou superior a 80 anos, quando comparados àqueles de 60 a 64 anos. Além disso, foi observada uma associação da incapacidade funcional com o sexo feminino, cor da pele (parda/preta/outras) e situação conjugal atual (solteiro(a)/separado(a)/viúvo(a)), bem como uma tendência inversa desta condição com a escolaridade. A incapacidade funcional para as atividades instrumentais, por sua vez, associou-se com o sexo feminino e estado conjugal atual (solteiro(a)/separado(a)/viúvo(a)) sendo que, neste caso, tais variáveis apresentaram maior risco para o desfecho. Comprovou-se também uma tendência de aumento da prevalência da condição conforme o aumento da idade e a redução dos níveis de escolaridade, assim como dos níveis econômicos26.

(28)

percentual de 11% de anos a serem vividos com incapacidade funcional e dependência (2,5 anos), nos homens tal percentual desceu para 9% (1,6 anos), embora se tenha identificado uma expectativa de vida maior para as mulheres idosas (22,2 anos contra 17,6 anos para os homens)15.

2.5 SAÚDE BUCAL E CAPACIDADE FUNCIONAL EM IDOSOS

É consenso que a saúde bucal constitui parte integrante e inseparável da saúde geral23. Sendo assim, o estudo das condições de saúde bucal dos indivíduos buscando uma abordagem de suas condições gerais de saúde, possibilita o melhor entendimento da dimensão do processo saúde-doença, o que resulta em ganhos futuros no que se refere à qualidade de vida.

(29)

3 OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

O estudo em questão propõe uma análise da relação entre as condições de saúde bucal de uma população idosa e a capacidade funcional dessa população, no que se refere à realização das atividades da vida diária (AVDs).

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Identificar o perfil socioeconômico-demográfico, de estado de saúde geral e de acesso a serviços odontológicos dos indivíduos estudados.

 Identificar o perfil epidemiológico de saúde bucal dos indivíduos através de: estimativas do grau de ataque de cárie e das prevalências de edentulismo, condições periodontais, uso e necessidade de prótese dentária e alterações em tecidos moles.

 Avaliar a capacidade funcional dos idosos examinados, no desempenho das atividades básicas da vida diária (AVDs), através da Escala de Independência para as atividades da vida diária de Katz;

(30)

4 METODOLOGIA

4.1 CONSIDERAÇÕES ÉTICAS

Antes da execução da pesquisa, o projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, sendo aprovado sob o protocolo de número 118/09.

Os sujeitos, bem como seus cuidadores, quando foi o caso, receberam instruções a respeito da pesquisa e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, conforme determina o Conselho Nacional de Saúde através da resolução 196/96.

4.2 NATUREZA DO ESTUDO

O estudo caracteriza-se por ser do tipo individuado, tendo como unidade de observação e análise o idoso, estudado individualmente. Com relação à posição do investigador, é observacional, uma vez que o fenômeno apenas é observado, sem haver qualquer intervenção. Por fim, no que diz respeito à dimensão temporal, caracteriza-se como sendo transversal ou seccional, já que a produção do dado é realizada em um único momento no tempo. Trata-se, portanto, de um estudo correntemente denominado Inquérito ou Levantamento64.

4.3 CENÁRIO DO ESTUDO

(31)

4.4 PLANO AMOSTRAL

4.4.1 Cálculo do tamanho da amostra

Para o cálculo do tamanho amostral foram utilizados a prevalência de edentulismo em idosos de 65 a 74 anos, de acordo com o SB Brasil 2003 (60,8%)8 e o tamanho estimado da população idosa do município de Macaíba-RN (5.801 idosos)47. Além desses dados, os seguintes parâmetros apresentados no quadro 1 abaixo estiveram presentes no cálculo.

Quadro 1: Parâmetros para o cálculo do tamanho da amostra para o estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

Assim, após os ajustes necessários, obteve-se o tamanho da amostra de 428 indivíduos. No entanto, foram identificados 466 indivíduos elegíveis para o estudo, sendo arrolados 441 idosos de ambos os sexos com idades acima de 60 anos. Tal fato deveu-se à utilização, para o cálculo amostral, de parâmetros referentes a estimativas, bem como dados domiciliares provenientes da base de dados do IBGE para o ano de 2007.

4.4.2 Amostragem

Um dos grandes desafios que ainda se apresentam para pesquisas epidemiológicas em saúde bucal é o exame em faixas etárias que não estão disponíveis em escolas, como adolescentes, adultos e idosos, os quais exigem planos de amostragem de base domiciliar60. Estudos epidemiológicos nos quais está prevista a coleta direta de dados em domicílios exige a definição de alguns procedimentos metodológicos, a fim de assegurar uniformidade na aplicação dos critérios e evitar a

Parâmetros

Prevalência de edentulismo em idosos 60,8%

População idosa do município de Macaíba-RN (IBGE, 2007-2008) 5.801

Margem de erro 10%

Nível de confiança 95%

Efeito de desenho 1,5

(32)

introdução de fontes de vieses que possam comprometer as regras de casualização da amostra, prejudicando sua representatividade7.

Assim, no estudo em questão foi aplicada uma técnica de amostragem probabilística por conglomerados, com 2 (dois) estágios de sorteio, representados pelos setores censitários e domicílios, a fim de alocar aleatoriamente, uma amostra representativa da população idosa do município de Macaíba-RN.

A base probabilística consiste numa condição fundamental para a representatividade de um estudo amostral. Deve-se seguir o princípio de que todos os elementos de uma população devem ter chances conhecidas e diferentes de zero de participarem da amostra. Uma estratégia muito utilizada em estudos com base no domicílio é o sorteio de setores censitários definidos pelo IBGE como unidades territoriais para orientar a distribuição espacial da população, sendo mais de 200.000 em todo o Brasil. Constitui-se na área de trabalho dos recenseadores, e representa a unidade de controle cadastral formada por área contínua, situada em um único quadro urbano ou rural, com dimensão e número de domicílios ou de estabelecimentos definidos7.

(33)

Figura 2: Diagrama representativo da técnica de sorteio dos setores censitários para o estudo sobre as condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

O segundo estágio de sorteio correspondeu ao dos domicílios que foi realizado in loco, no momento da coleta dos dados. Para tanto, calculou-se uma fração de amostragem, que correspondeu ao intervalo de domicílios entre aqueles elegíveis para a amostra, quando do percurso das quadras dos respectivos setores. Tomou-se como base para tal cálculo, os parâmetros descritos no quadro 2, e obteve-se como resultado uma fração de amostragem aproximadamente igual a 7 (sete), significando que, durante o percurso das quadras, a cada 7 (sete) domicílios, 1(um) foi elegível como local para arrolamento de elemento amostral.

Quadro 2: Parâmetros para o cálculo da fração de amostragem do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

A amostra, portanto, foi alocada em domicílio, o que caracteriza um inquérito domiciliar de morbidade, com coleta direta na comunidade64. Contou-se ainda com o

Parâmetros

População idosa de Macaíba-RN 5801 (8% da pop)

Total de domicílios nos setores censitários sortedos 9916

Total de idosos nos setores sorteados 3173

Tamanho da amostra 428

(34)

apoio logístico dos Agentes Comunitários de Saúde daquelas áreas, nas quais se encontravam os setores sorteados para a pesquisa.

4.5 INSTRUMENTO DE COLETA DE DADOS

Os procedimentos realizados durante a coleta dos dados constituíram na aplicação de um questionário sócio-demográfico e avaliação da capacidade funcional do idoso que, de acordo com a capacidade cognitiva deste, foi realizado diretamente com o mesmo. Caso fosse impossibilitada a consulta direta ao indivíduo, o familiar responsável ou seu cuidador, foram solicitados a fornecer tais informações, após esclarecimentos sobre a pesquisa e consentimento por escrito da sua participação.

Além disso, uma ficha para exame epidemiológico intra-oral das condições de saúde bucal dos idosos foi aplicada, utilizando-se para o exame bucal, espelhos bucais e sondas periodontais OMS, previamente esterilizados. Para medir o grau de ataque de cárie foi utilizado o índice CPO-D, que indica o número de dentes permanentes cariados, perdidos e restaurados. A condição periodontal foi avaliada através do índice periodontal comunitário (CPI) e de perda de inserção periodontal (PIP), considerando-se o indivíduo. Também se verificou o uso e necessidade de próteses dentárias, bem como a presença de alterações de tecidos moles através do exame epidemiológico intra-oral.

(35)

A avaliação da capacidade funcional dos idosos que determinou a situação de dependência desses indivíduos foi feita através da aplicação da Escala de Independência em Atividades da Vida Diária (Escala de Katz), a partir da qual as pessoas idosas são classificadas como independentes ou dependentes no desempenho de seis funções, ditas atividades da vida diária (AVDs), quais sejam: alimentar-se, banhar-se, vestir-se, mobilizar-se, deambular, ir ao banheiro e manter controle sobre suas necessidades fisiológicas, a partir da utilização de um questionário padrão5.

A utilização de tal índice facilitou a comparação dos resultados desta pesquisa com outras de mesmo propósito, já que esse é um dos mais antigos e também dos mais citados instrumentos de aferição da capacidade funcional de idosos na literatura nacional e internacional27. Além disso, o índice de Katz é utilizado como instrumento de trabalho pelo Ministério da Saúde, que o considera útil para evidenciar a dinâmica da instalação da incapacidade no processo de envelhecimento, estabelecer prognósticos, avaliar as demandas assistenciais, determinar a efetividade de tratamentos, além de contribuir para o ensino do significado de “ajuda” em reabilitação5.

4.6 TREINAMENTO E CALIBRAÇÃO DOS EXAMINADORES

Com vistas a assegurar a confiabilidade dos dados a partir de uma adequada reprodutibilidade dos mesmos, foi realizado o treinamento e calibração dos 4 (quatro) examinadores participantes do estudo. Tal procedimento realizou-se em dois momentos: o primeiro consistiu de discussões a respeito do instrumento de coleta de dados, cuja finalidade foi esclarecer possíveis particularidades contidas nos questionamentos referentes às dimensões investigadas, bem como a discussão teórica das variáveis, códigos e critérios dos índices a serem utilizados na avaliação clínica da saúde bucal dos indivíduos. No segundo foi realizada a calibração dos examinadores, um processo que, no que tange à Epidemiologia em Saúde Bucal, visa estabelecer padrões uniformes para o exame epidemiológico e determina padrões aceitáveis de consistência interna e externa aos examinadores11.

(36)

Mundial de Saúde – OMS, de 199311. Tal procedimento contou com a participação voluntária de 19 idosos de ambos os sexos, com idades de 60 anos ou mais, de acordo com os critérios de inclusão para a amostra do estudo. Foi realizado o exame odontológico sob luz natural, utilizando espelho clínico, sonda exploradora e sonda OMS, mimetizando as condições do momento da coleta de dados propriamente dita, com aferição das condições consideradas de maior relevância para calibração, quais sejam: cárie dentária (coroa e raiz); necessidade de tratamento; cálculo dentário; bolsa periodontal; perda de inserção periodontal; uso e necessidade de prótese dentária; e alteração de tecido mole. Posteriormente os dados foram inseridos em planilhas do Microsoft Excel® 2007 elaboradas pela equipe técnica do SB Brasil – 2010, para a obtenção dos valores de concordância interexaminador e coeficiente Kappa.

O cálculo da concordância percentual interexaminador para cada condição se deu através da obtenção da razão entre o número de diagnósticos coincidentes e o total de diagnósticos. Cada examinador teve sua concordância calculada em relação ao examinador padrão que, no estudo em questão, foi considerado o examinador 1. Tal dado, por sua vez, revela-se um tanto frágil na medida em que algum nível de concordância pode ser devido ao acaso, considerando as probabilidades das categorias dos índices utilizados11.

(37)

Tabela 1: Valores de concordância interexaminador e coeficiente Kappa para o estudo das condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Natal-RN. 2010.

Observa-se que no geral houve uma boa reprodutibilidade dos dados, considerando valores de coeficiente Kappa aceitáveis a partir de 0,60, o que, por sua vez, não representa um consenso na literatura relacionada11. Dessa maneira e, considerando ainda a baixa ocorrência observada, para aquelas variáveis cujos coeficientes se encontraram abaixo do limite preconizado (“necessidade de prótese” e

“cálculo dentário”), optou-se por repetir o primeiro momento do procedimento de

calibração, tendo como foco as duas variáveis em questão.

4.7 ELENCO DE VARIÁVEIS DO ESTUDO

As variáveis do estudo estão representadas pelas variáveis dependentes, relacionadas às condições de saúde bucal do indivíduo, e pelas variáveis independentes, principal e de controle. As variáveis dependentes encontram-se descritas no quadro 3.

Variáveis

Padrão (Pesq1) X Pesq2 Padrão (Pesq1) X Pesq3 Padrão (Pesq1) X Pesq4

Concordância (%)

Coef Kappa

Concordância (%)

Coef Kappa

Concordância (%)

Coef Kappa

Uso de prótese 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00 1,00

Necessidade de

prótese 0,68 0,61 0,63 0,54 0,63 0,52

Bolsa periodontal 0,95 0,95 0,95 0,95 0,93 0,95

Cálculo dentário 0,77 0,45 0,69 0,39 0,58 0,21

Perda de inserção

periodontal 0,89 0,80 0,94 0,88 0,91 0,84 Alteração de tecido

mole 0,89 0,73 0,94 0,86 0,84 0,66

Cárie de coroa 0,93 0,91 0,91 0,90 0,88 0,84

Cárie de raiz 0,89 0,79 0,89 0,79 0,87 0,75

Necessidade de

(38)

Quadro 3: Descrição das variáveis dependentes do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

A variável independente principal corresponde à capacidade funcional do individuo, obtida a partir da Escala de Independência para Atividades da Vida Diária de Katz. Tal variável caracteriza-se como categórica ordinal e sua descrição encontra-se no quadro 4.

Nome Descrição Categorias Classificação

Cárie radicular Presença de cárie radicular em algum elemento dentário Ausência Presença Categórica nominal Sangramento gengival

Condição periodontal do indivíduo a partir da identificação, utilizando instrumento apropriado, da presença de sangramento gengival Ausência Presença Categórica nominal Cálculo dentário

Condição periodontal do indivíduo a partir da identificação, utilizando instrumento apropriado, da presença de cálculo dentário.

Ausência Presença

Categórica nominal

Bolsa periodontal

Condição periodontal do indivíduo a partir da identificação, utilizando instrumento apropriado, da presença de bolsa periodontal.

Ausência Presença

Categórica nominal

Perda de inserção periodontal – PIP

Condição periodontal do indivíduo a partir da identificação, utilizando instrumento apropriado, do nível de perda de inserção periodontal.

PIP 0-3 mm

PIP 4-5 mm

PIP 6-8 mm

PIP 9-11 mm

PIP 12 mm/+

Categórica ordinal

Uso de prótese dentária

Tipo de prótese dentária utilizada pelo indivíduo em cada arco.

Não usa

Uma ponte fixa

Mais de uma ponte fixa

Usa prótese parcial removível

Usa prótese parcial removível e ponte fixa

Usa prótese total

Categórica ordinal

Necessidade de prótese dentária

Tipo de prótese dentária de que o indivíduo necessita para cada arco.

Não necessita

Prótese de um elemento

Prótese de mais de um elemento

Combinação de próteses

Prótese total

Categórica ordinal

Lesões de tecido mole

Presença/ ausência de lesões na mucosa oral dos indivíduos.

Ausência Presença

Categórica nominal Edentulismo Ausência total de elementos dentários. Ausência

Presença

(39)

Nome Descrição Categorias Classificação

Capacidade Funcional

Caracterização do indivíduo quanto à sua independência

no desempenho de seis funções

ditas atividades da

vida diária, segundo a

Escala de Katz.

Independente para todas as atividades

Independente para todas as atividades menos uma Independente para todas as atividades menos banho e

uma adicional

Independente para todas as atividades menos banho, vestir-se mais uma adicional

Independente para todas as atividades menos banho, vestir-se, ir ao banheiro e mais uma adicional Independente para todas as atividades menos banho,

vestir-se, ir ao banheiro, transferência e mais uma adicional

Dependente para todas as atividades

Dependente em pelo menos duas funções, mas que não se classifica nas terceira, quarta, quinta e sexta categorias

Categórica ordinal

Quadro 4: Descrição da variável independente principal do estudo sobre condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos. Macaíba-RN. 2010.

(40)

Grupo Nome Descrição Categorias Classificação Ind iv id ua is s o cio ec o mico -demo g fica s

Sexo Conjunto de caracteres que permite classificar os seres vivos entre macho e fêmea

Masculino

Feminino Categórica nominal

Idade Quantidade de anos vividos pelo indivíduo – Quantitativa discreta

Escolaridade Número de anos completos de estudo – Quantitativa discreta

Estado civil

Situação jurídica do indivíduo investigado no que diz respeito à família e à sociedade, resultante da filiação, sexo e casamento

Solteiro

Casado/ vive junto

Viúvo

Divorciado

Categórica nominal

Residência dominante Natureza do município onde o indivíduo residiu durante a maior parte da vida

Capital

Interior Categórica nominal Zona de residência

dominante

Área do município na qual se encontra a residência onde o indivíduo viveu durante a maior parte da vida

Urbana

Rural Categórica nominal Renda familiar mensal Somatória do número de salários mínimos recebidos pelos

membros da família – Quantitativa discreta

Companhia na residência

Identificação de outras pessoas que residem no mesmo domicílio do indivíduo investigado e caracterização dessas pessoas quanto à natureza relacional com o mesmo

Sozinho

Esposo (a)

Esposo (a) + outros familiares

Outros familiares

Categórica nominal

Presença de cuidador

Presença na residência do indivíduo investigado, em tempo integral ou não, de pessoa voltada aos cuidados para com o mesmo sob remuneração ou não

Sim

Não Categórica nominal

Densidade domiciliar Razão entre o número de pessoas que vivem na residência

pelo número de cômodos que a mesma possui – Quantitativa discreta

Recebimento de aposentadoria

Recebimento de salário mensal formalmente caracterizado como aposentadoria

Sim

Não Categórica nominal

Residência em casa própria Local em que reside o indivíduo como sendo de sua propriedade

Sim

Não Categórica nominal

Recebimento de benefício governamental

Participação do indivíduo como titular em algum programa de benefício governamental

Sim

Não Categórica nominal

Tipo de benefício governamental

Natureza do benefício governamental recebido pelo indivíduo Vale-gás Bolsa-família Bolsa-escola Outro Categórica nominal

Gasto mensal com medicamento

Quantia em reais gasta mensalmente pelo indivíduo para a

aquisição dos medicamentos de uso regular – Quantitativa discreta

Ind iv id ua is re la cio na da s a o esta do g er a l de sa úd e

Doenças referidas Número de doenças auto-referidas – Quantitativa discreta

Doenças para as quais toma medicação diária

Quantidade de doenças para as quais o indivíduo toma

medicação regular – Quantitativa discreta

Uso regular de medicamentos

Ingestão de medicamento obedecendo uma freqüência regular

Sim

Não Categórica nominal

Queda recente Ocorrência de queda nas últimas quatro semanas Sim

Não Categórica nominal

Fratura óssea pós-60 anos Ocorrência de fratura óssea no indivíduo após o mesmo atingir a idade dos 60 anos

Sim

Não Categórica nominal

Uso atual de tabaco Uso regular de tabaco pelo indivíduo no momento da investigação

Sim

Não Categórica nominal

Uso de tabaco pregresso

Uso regular de tabaco pelo indivíduo em momento pregresso da vida e cessação do hábito no momento da investigação

Sim

Não Categórica nominal

Uso atual de bebida alcoólica

Uso regular de bebida alcoólica pelo indivíduo no momento da investigação

Sim

Não Categórica nominal

Uso pregresso de bebida alcoólica

Uso regular de bebida alcoólica pelo indivíduo em momento pregresso da vida e cessação do hábito no momento da investigação

Sim

Não Categórica nominal

Ind iv id ua is re la cio na da s a o a uto -cuida do e a ce ss o a ser v iço s em sa úd e b uca l Auto-percepção da necessidade de substituição de prótese dentária

Necessidade auto-relatada de substituição de qualquer prótese dentária em uso

Sim

Não Categórica nominal

Tempo de última visita ao dentista

Quantidade de meses/anos decorridos do último atendimento odontológico ao qual o indivíduo foi submetido, não considerando o motivo da procura

≤ 6 meses

< 6 meses e ≤ 1 ano

< 1 ano e ≤ 2 anos

Mais de 2 anos

Nunca foi ao dentista

Categórica ordinal

Tipo de serviço procurado na última visita

Natureza do serviço odontológico procurado pelo indivíduo no último atendimento

Público

Privado Categórica nominal Fidelidade ao serviço

procurado

Natureza do serviço odontológico até então procurado pelo indivíduo

Público

Privado Categórica nominal Área de residência coberta

pela ESF

Local de residência incluído em área de abrangência de alguma das equipes de ESF do município

Sim

Não Categórica nominal

(41)

4.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA DOS DADOS

Os dados coletados através do questionário sócio-econômico e da avaliação sobre as condições de saúde bucal foram organizados em um banco de dados e analisados através do software SPSS 17.0. Inicialmente foi feita a análise descritiva das variáveis, o que possibilitou a caracterização da amostra segundo as dimensões investigadas (socioeconômico-demográfica, estado de saúde geral e auto-cuidado e acesso a serviços em saúde bucal), bem como as condições de saúde bucal. Estas últimas, por sua vez, representando o conjunto das variáveis dependentes do estudo, foram convertidas em variáveis de natureza quantitativa e, posteriormente, submetidas a uma análise fatorial de onde se extraíram quatro fatores associados a distintas dimensões das condições de saúde bucal. Assim, resumidamente, tais fatores passaram a compor as variáveis dependentes, cuja associação com os grupos de variáveis independentes, foi testada através dos testes do qui-quadrado e Exato de Fisher, considerando um nível de significância de 5%. Previamente a esta análise, no entanto, procedeu-se à dicotomização das quatro variáveis fatoriais dependentes, a partir da mediana das cargas fatoriais. Também foram dicotomizadas algumas variáveis independentes, inclusive a independente principal.

A análise estatística dos dados foi finalizada com a regressão logística simultânea em cujo modelo foram incluídas todas as variáveis independentes para as quais o p valor encontrava-se abaixo de 0,2, na associação com cada variável fatorial dependente. Assim, após os ajustes no modelo de regressão, foram obtidas as associações significativas reais entre as variáveis independentes relativas às diferentes dimensões investigadas e as variáveis fatoriais representativas das condições de saúde bucal dos indivíduos.

(42)
(43)

5 RESULTADOS

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

Os dados ora apresentados se referem a 441 dos 466 idosos elegíveis para o estudo, com idades de 60 anos ou mais, residentes no município de Macaíba-RN. Assim, identifica-se que houve uma perda amostral de 5,36% em relação à quantidade de idosos elegíveis. Porém, no que se refere à amostra calculada, tal perda foi nula, já que a amostra final resultou em um número de indivíduos maior do que aquele previamente calculado para o tamanho amostral. A tabela 2 abaixo apresenta a caracterização demográfica e das condições sócio-econômicas dos indivíduos arrolados no estudo.

Tabela 2: Distribuição das variáveis de caracterização demográfica e condições sócio-ecomômicas de uma amostra de 441 idosos, segundo as médias, desvios-padrão, medianas, quartis 25 e 75, freqüências absolutas/relativas e intervalos de confiança. Macaíba-RN. 2010.

Variáveis Média ± dp Mediana Q25 – Q75 IC (95%) Idade 71,7 ± 8,76 70,00 65,00 – 78,00 70,6 – 72,6 Escolaridade 2,17 ± 2,74 1,00 0,00 – 4,00 1,72 – 2,50 Renda familiar em salários mínimos 2,00 ± 1,19 2,00 1,00 – 2,00 1,78 – 2,20 Densidade domiciliar 0,65 ± 0,37 0,60 0,40 – 0,80 0,60 – 0,68 Gasto mensal com medicamento 32,47 ± 72,83 0,00 0,00 – 30,00 20,91 – 40,05

Variáveis Categorias N % IC (95%)

Sexo

Masculino 140 31,7 27,3 – 37,3 Feminino 301 68,3 62,7 – 72,7

Estado Civil

Solteiro(a) 21 4,8 3,0 – 7,3 Casado(a) 253 57,4 50,6 – 63,1 Viúvo(a) 143 32,4 27,1 – 38,6 Desquitado(a) /

Divorciado(a)

24 5,4 3,8 – 8,5

Residência dominante Capital 60 13,6 8,0 – 22,8 Interior 381 86,4 77,2 – 92,0 Zona de residência dominante Urbana 228 51,7 40,7 – 60,0

Rural 213 48,3 40,0 – 59,3

Recebimento de aposentadoria Sim 340 77,1 72,5 – 81,8

Não 101 22,9 18,2 – 27,5

Companhia na residência

Sozinho(a) 29 6,6 4,7 – 9,9

Esposa(o) 69 15,6 11,5 – 20,4 Esposa(o) + outros

familiares

(44)

Observou-se o predomínio expressivo de indivíduos do sexo feminino e a idade dos indivíduos variou de 60 a 99 anos, sendo que pouco mais de 19% dos idosos tinham 80 anos ou mais. A escolaridade dos indivíduos investigados não ultrapassou 2 anos completos de estudo e no que se refere ao estado civil, predominaram os indivíduos que possuem companheiro(a) estável, sendo ou não casados civilmente, destacando-se também o percentual de indivíduos viúvos. Daí a ocorrência de uma maior prevalência de indivíduos cuja companhia na residência é o esposo(a) mais outros familiares ou apenas outros familiares, que geralmente permanecem na companhia do idoso ocupando o papel de cuidador familiar ou dele dependem financeiramente. A presença de cuidador foi considerada quando da existência de algum indivíduo, caracterizado como cuidador e/ou responsável, prestador de cuidados diários ao idoso, sob remuneração ou não. Nessa característica prevaleceu os idosos que não os possuem, ou não relataram necessidade de cuidados diários. No que se refere às condições de residência dos indivíduos, observou-se que a grande maioria relatou ter residido em interior durante a maior parte da vida, e em área urbana.

Em relação às variáveis de condições sócio-econômicas, verificou-se o predomínio de indivíduos que recebem aposentadoria, sendo a maioria de um salário mínimo o que, em certa medida, justifica a ocorrência de uma baixa renda média familiar de 2(dois) salários mínimos, em média, visto que na maioria das vezes, o próprio idoso se enquadra como o único provedor para o sustento familiar. Grande parte dos indivíduos reside em casa própria e não se encontram inseridos em programas de

Presença de cuidador Sim 60 13,6 8,7 – 19,1

Não 381 86,4 80,9 – 91,3

Residência em casa própria Sim 368 83,4 74,9 – 88,6

Não 73 16,6 11,4 – 25,1

Recebimento de benefício

governamental Sim 44 10,0 6,4 – 13,6

Não 397 90,0 86,4 – 93,6

Tipo de benefício governamental recebido

Bolsa-escola 6 13,6 3,0 – 38,3 Bolsa-família 31 70,5 48,0 – 88,5

Outro 7 15,9 5,9 – 33,8

Forma de aquisição dos medicamentos

Comprou todos 68 21,5 14,5 – 30,2 Comprou alguns e

ganhou outros

Imagem

Figura 1: Modelo do Processo de Incapacidade (adaptado de Verbrugge, 1994) 69 .
Figura  2:  Diagrama  representativo  da  técnica  de  sorteio  dos  setores  censitários  para  o  estudo  sobre as condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos
Tabela  1:  Valores  de  concordância  interexaminador  e  coeficiente  Kappa    para  o  estudo  das  condições de saúde bucal e capacidade funcional em idosos
Tabela  2:  Distribuição  das  variáveis  de  caracterização  demográfica  e  condições  sócio- sócio-ecomômicas  de  uma  amostra  de  441 idosos,  segundo  as  médias,  desvios-padrão,  medianas,  quartis 25 e 75, freqüências absolutas/relativas e interv
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