Cesar Augusto Esteves das Neves Cardoso
Orientador: Prof. Dr. Alexandre Nolasco de Carvalho
Dissertação apresentada ao Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação - ICMC-USP, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências - Matemática . VERSÃO REVISADA
USP – São Carlos Abril de 20012
SERVIÇO DE PÓS-GRADUAÇÃO DO ICMC-USP
Data de Depósito: 02/04/2012
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Prof. Achille Bassi e Seção Técnica de Informática, ICMC/USP,
com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)
C268c
Cardoso, Cesar Augusto Esteves das Neves
Convergência compacta de resolvente e o teorema de Trotter Kato para perturbações singulares / Cesar Augusto Esteves das Neves Cardoso; orientador
Alexandre Nolasco Carvalho. -- São Carlos, 2012. 90 p.
Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduação em Matemática) -- Instituto de Ciências Matemáticas e de Computação, Universidade de São Paulo, 2012.
Agradecimentos
Agrade¸co a Deus, pela sa´ude, fam´ılia, amigos e pelas oportunidades que me permitiram chegar at´e aqui.
Aos meus pais, Ananias e Clarice, por toda a dedica¸c˜ao e apoio de sempre.
A Danielle, meu amor, minha companheira, minha melhor amiga, que me ensinou a ser uma pessoa melhor, para ela com amor e admira¸c˜ao, obrigado Nˆe.
Aos funcion´arios e professores do ICMC/USP, em particular, ao professor Alexandre Nolasco, meu orientador, pela orienta¸c˜ao, amizade e por sempre estar disposto a me ajudar no trabalho, muito obrigado.
A professora Simone Mazzini, pela amizade e orienta¸c˜ao na gradua¸c˜ao.
Aos professores membros da banca, Simone Mazzini e Francisco Odair, por aceitarem o convite e pelas sugest˜oes dadas.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Cient´ıfico e Tecnol´ogico - CNPq, pelo apoio financeiro.
Resumo
Nesta disserta¸c˜ao estudamos uma vers˜ao do Teorema de Trotter-Kato que estabelece uma equivalˆencia entre a continuidade, relativamente a um parˆametro, de operadores resolvente e a continuidade dos semigrupos lineares associados. Os operadores ilimitados envolvidos (ge-radores de semigrupos anal´ıticos) est˜ao definidos em espa¸cos que variam com o parˆametro e isto nos leva a ter que comparar elementos de espa¸cos de Banach diferentes. Este resultado ´e aplicado a um problema de Neumann em um dom´ınio fino com fronteira altamente oscilante e que se degenera a um intervalo quando o parˆametro varia. Nesta aplica¸c˜ao, utilizamos o m´etodo das m´ultiplas escalas (comum em teoria de homogeneiza¸c˜ao) para obter formal-mente o problema limite (veja [17]) e, em seguida, provamos a convergˆencia compacta dos operadores resolventes utilizando as fun¸c˜oes teste oscilantes de Tartar [15], [16] (veja tamb´em Cioranescu e Saint Jean Paulin [12]), obtidas atrav´es de um problema auxiliar, juntamente com operadores de extens˜ao.
Abstract
In this work we study a version of Trotter-Kato’s Theorem that establishes an equivalence between the continuity, with respect to a parameter, of the resolvent operators and the con-tinuity of the associated linear semigroups. The unbounded operators involved (generators of analytic semigroups) are defined spaces that vary with the parameter leading us to intro-duce methods to compare vectors in different Banach spaces. We apply this theorem to an elliptic boundary value problem with Neumann boundary condition in a highly oscillating thin domain that degenerates to a line segment as the parameter varies. In this application we use the multiple scale method (frequently used in the homogenization theory) to obtain, formally, the limiting problem (see [17]) and, in the sequel, we prove the compact conver-gence of resolvent operators using the oscillating test functions of Tartar [15] (see also [16] and Cioranescu and Saint Jean Paulin [12]) defined with the aid of an auxiliary problem as well as extension operators.
Sum´
ario
Introdu¸c˜ao 3
1 Teoremas de E-convergˆencia 13
1.1 Operadores Sim´etricos, Auto-adjuntos, Dissipativos e Imagem Num´erica . . . 13
1.2 Continuidade do Espectro . . . 15
1.3 Potˆencias Fracion´arias . . . 21
1.4 Teoremas de Trotter-Kato . . . 23
2 No¸c˜oes de Homogeneiza¸c˜ao 27 2.1 Introdu¸c˜ao `a Homogeneiza¸c˜ao . . . 28
2.2 Fun¸c˜oes peri´odicas altamente oscilantes . . . 32
2.3 Espa¸cos de Sobolev . . . 38
2.4 M´etodo de Tartar e o Teorema de Convergˆencia . . . 40
3 Homogeneiza¸c˜ao em dom´ınios finos altamente oscilantes 45 3.1 Introdu¸c˜ao . . . 45
3.2 O M´etodo das M´ultiplas Escalas e o Problema Limite . . . 47
3.3 O Operador Extens˜ao . . . 51
3.4 Teorema de Convergˆencia para o Limite Homogeneizado . . . 54
3.4.1 Fun¸c˜oes auxiliares peri´odicas . . . 55
3.4.2 Limite das fun¸c˜oes peri´odicas auxiliares . . . 59
3.4.3 Convergˆencia para o limite homogeneizado . . . 63
3.5 Convergˆencia do Resolvente . . . 67
4 Apˆendice: estimativa do erro 77
4.1 Preliminares . . . 78 4.2 Corretor de Primeira Ordem . . . 82 4.3 Corretor de Segunda Ordem . . . 84
Introdu¸c˜
ao
No estudo de rea¸c˜oes qu´ımicas que ocorrem em um recipiente (ou meio), a determina¸c˜ao da forma do recipiente Ωǫ ⊂R3 ´e feita atrav´es de medidas e observa¸c˜oes que, por sua natureza,
cont´em imprecis˜oes. Se Ω0 denota o recipiente e Ωǫ o seu modelo as fun¸c˜oes concentra¸c˜ao
reais φ0 : Ω → R e φǫ : Ωǫ → R est˜ao definidas em espa¸cos diferentes. Mesmo quando o
espa¸co onde atuam os operadores lineares envolvidos pode ser fixado, os operadores (que s˜ao determinados por leis emp´ıricas e observa¸c˜oes) variam. Assim, para que o modelo estudado reflita (de alguma maneira) o problema modelado, precisamos desenvolver mecanismos de comparar fun¸c˜oes pertencentes a espa¸cos diferentes bem como operadores que atuam nestes espa¸cos. Existem in´umeras situa¸c˜oes pr´aticas em que somos levados a comparar operadores que atuam em espa¸cos diferentes. Problemas parab´olicos em dom´ınios finos ou em dom´ınios do tipo dumbbell e problemas de homogeniza¸c˜ao s˜ao apenas alguns dos exemplos (veja [1],[2],[3],[4]).
E-convergˆ
encia
A seguir, fazemos uma breve apresenta¸c˜ao dos m´etodos de an´alise funcional utilizados para tratar problemas em espa¸cos que variam com um parˆametro (veja [6]).
Seja Xǫ uma fam´ılia de espa¸cos de Banach, ǫ ∈ [0,1], e suponha que existe uma fam´ılia
de operadores lineares cont´ınuosEǫ :X →Xǫ com a propriedade
kEǫukXǫ ǫ→0
→ kukX , para todo u∈X. (1)
Defini¸c˜ao 0.0.1. Diremos que uma sequˆencia {uǫ}ǫ∈(0,1], com uǫ ∈ Xǫ para todo ǫ∈ [0,1],
E−converge para u se kuǫ−EǫukXǫ
ǫ→0
−→0. Escrevemosuǫ E
−→u para dizer que a sequˆencia {uǫ}ǫ∈[0,1] E-converge para u quando ǫ tende a zero.
Com esta no¸c˜ao de convergˆencia apresentamos as defini¸c˜oes de sequˆenciaE-relativamente compacta, EE−convergˆencia e convergˆencia compacta.
Defini¸c˜ao 0.0.2. Uma sequˆencia {un}n∈N, com un ∈Xǫn e ǫn → 0, ´e dita E -relativamen-te compacta se, para cada subsequˆencia {un′} de {un}, existe uma subsequˆencia {un′′} de
{un′} e um elemento u∈X tal que uǫ
n′′
E
−→u. A fam´ılia {uǫ}ǫ∈(0,1] ´e dita E-relativamente compacta se cada sequˆencia {uǫn}, ǫn→0, ´e E-relativamente compacta.
Defini¸c˜ao 0.0.3. Diremos que a fam´ılia de operadores {Bǫ ∈ L(Xǫ)}ǫ∈[0,1] EE-converge paraB0 quando ǫ→0, se Bǫuǫ −→E B0usempre que uǫ −→E u∈X. EscreveremosBǫ−→EE B0 quando ǫ→0 para denotar que {Bǫ∈ L(Xǫ)}ǫ∈[0,1] EE-converge para B0.
Defini¸c˜ao 0.0.4. Uma fam´ılia de operadores compactos {Bǫ ∈ K(Xǫ) : ǫ ∈[0,1]} converge
compactamente para B0 se, para qualquer fam´ılia {uǫ} com uǫ ∈Xǫ, kuǫkXǫ = 1, ǫ ∈(0,1], a fam´ılia {Bǫuǫ}ǫ∈[0,1] ´e E-relativamente compacta e, al´em disso, Bǫ
EE
−→B0. Escreveremos
Bǫ CC
−→B0 quando ǫ→0para denotar que {Bǫ∈ K(Xǫ)}ǫ∈[0,1] converge compactamente para
B0.
A seguir, apresentamos a defini¸c˜ao de resolvente e espectro para um operador linear fechado e a defini¸c˜ao de operadores lineares com resolvente compacto.
Defini¸c˜ao 0.0.5. Seja X um espa¸co de Banach sobreCe A:D(A)⊂X →X um operador
linear fechado. O conjunto resolvente de A ´e o subconjunto ρ(A) de todos os λ em C tais
que λ−A ´e bijetor. O espectro de A ´e definido como C−ρ(A).
Defini¸c˜ao 0.0.6. Seja X um espa¸co de Banach sobre C e A : D(A) ⊂ X → X um
Se A : D(A) ⊂ X → X ´e um operador linear fechado, ρ(A) 6= ∅ e µ, λ ∈ ρ(A), ´e f´acil
provar que
(λ−A)−1−(µ−A)−1 = (µ−λ)(λ−A)−1(µ−A)−1.
Esta identidade ´e conhecida como a identidade do resolvente. ´
E uma consequˆencia simples da identidade do resolvente que, se A tem resolvente com-pacto, ent˜ao (λ−A)−1 ´e compacto para todo λ ∈ ρ(A). Al´em disso, se σ ´e um conjunto
espectral limitado ePσ ´e a proje¸c˜ao espectral associada entao Pσ ´e compacta
(consequente-mente tem imagem com dimens˜ao finita).
Em geral, os operadores Bǫ ser˜ao inversos de certos operadores diferenciais Aǫ. Assim,
considere a fam´ılia de operadores {Aǫ : D(Aǫ)⊂ Xǫ → Xǫ, ǫ ∈ [0,1]} e suponha que, para
todoǫ∈[0,1],
Aǫ ´e fechado, tem resolvente compacto, 0∈ρ(Aǫ), e A−ǫ1 CC
−→A−01 . (2)
Para cada δ >0 e λ0 ∈C defina Sδ(λ0) :={µ∈C:|λ−λ0|=δ}.
A um ponto isolado λ ∈ σ(A0) associamos o seu auto-espa¸co generalizado W(λ, A0) =
Q(λ, A0)X onde
Q(λ, A0) =
1 2πi
Z
|ξ−λ|=δ
(ξI−A0)−1dξ
eδ ´e escolhido de forma que n˜ao haja nenhum outro ponto deσ(A0) no discoB
C
δ(λ) ={ξ ∈ C : |ξ−λ| 6 δ}. Segue do Lema 1.2.3 que existe ǫSδ(λ) tal que ρ(Aǫ) ⊃ Sδ(λ) para todo
ǫ6ǫSδ(λ). Seja W(λ, Aǫ) :=Q(λ, Aǫ)Xǫ onde
Q(λ, Aǫ) =
1 2πi
Z
|ξ−λ|=δ
(ξI −Aǫ)−1dξ.
O resultado a seguir diz que o espectro deAǫ, paraǫpequeno, se aproximado espectro de
A0 quando ǫ tende a zero. Sabe-se que o espectro deAǫ ouA0 cont´em apenas auto-valores
isolados de multiplicidade finita (recorde que estes operadores est˜ao definidos em espa¸cos distintos).
Teorema 0.0.1. Seja {Aǫ : D(Aǫ) ⊂ Xǫ → Xǫ, ǫ ∈ [0,1]} uma fam´ılia de operadores tal
que (2) est´a satisfeita. Ent˜ao valem as seguintes afirmativas:
(i) Se λ0 ∈ σ(A0), existe seq¨uˆencia {ǫn} em (0,1] com ǫn n→∞
−→ 0 e sequˆencia {λn} em C
com λn ∈σ(Aǫn), para n= 1,2,3· · ·, e λn
n→∞
(ii) Se {ǫn} ´e uma sequˆencia em (0,1] com ǫn n−→→∞ 0, e {λn} ´e uma sequˆencia em C com
λn ∈σ(Aǫn), n∈N e λn
n→∞
−→ λ0, ent˜ao λ0 ∈σ(A0).
Al´em disso, se existe ǫ0 ∈ (0,1] tal que sup
ǫ∈[0,ǫ0]
kEǫkL(X0,Xǫ) < ∞, valem as seguintes afirmativas:
(iii) Existe ǫ1 ∈(0, ǫ0) tal que dimW(λ, Aǫ) = dimW(λ0, A0) para todo 06ǫ6ǫ1. (iv) Se u ∈ W(λ0, A0), ent˜ao existe uma sequˆencia {ǫn} em (0,1] com ǫn
n→∞
−→ 0, uǫn ∈
W(λ0, Aǫn) e tal que uǫn
E
−→u quando n→ ∞. (v) Se {ǫn} ´e uma sequˆencia em (0,1] com ǫn
n→∞
−→ 0, e {un} ´e uma sequˆencia com un ∈
W(λ, Aǫn), kunkXǫn = 1, ent˜ao {un} tem uma subsequˆencia E−convergente para um vetor u in W(λ0, A0).
Teoremas de Trotter-Kato
Chamaremos de Teoremas de Trotter-Kato aos teoremas que descrevem alguma rela¸c˜ao entre a convergˆencia do resolvente e a convergˆencia dos semigrupos gerados pelos operado-res associados. A seguir, definimos a no¸c˜ao de semigrupo e enunciamos os teoremas que utilizamos ao demonstrar um Teorema de Trotter-Kato (Teorema 0.0.5) para sequˆencias de operadores definidos em espa¸cos que variam com o parˆametro da sequˆencia.
Defini¸c˜ao 0.0.7. Um semigrupo de operadores lineares em X ´e uma fam´ılia {T(t) :t ≥
0} ⊂ L(X) tal que tal que
(i) T(0) =IX,
(ii) T(t+s) =T(t)T(s), para todo t, s ≥0. Al´em disso,
(iii) se kT(t)−IXkL(X) → 0 quando t → 0+, dizemos que o semigrupo ´e uniformemente cont´ınuo
(iv) se kT(t)x−xkX →0 quando t → 0+, ∀x ∈X, dizemos que o semigrupo ´e fortemente
cont´ınuo.
onde
D(A) =
x∈X : lim
t→0+
T(t)x−x
t existe
,
Ax= lim
t→0+
T(t)x−x
t , ∀x∈D(A).
Teorema 0.0.2. Suponha que {T(t), t ≥ 0} ⊂ L(X) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo. Ent˜ao, existe M ≥1 e β tais que
kT(t)kL(X) ≤Meβ t, ∀t ≥0.
Para qualquer ℓ >0 podemos escolher β ≥ 1
ℓ logkT(ℓ)kL(X) e ent˜ao escolher M.
Teorema 0.0.3. Se {T(t), t ≥ 0} ⊂ L(X) ´e um semigrupo fortemente cont´ınuo, β ´e o n´umero real dado no Teorema 0.0.2 e λ∈C ´e tal que Reλ > β, ent˜ao λ∈ρ(A) e
(λ−A)−1x=
Z ∞
0
e−λtT(t)xdt, ∀x∈X
Teorema 0.0.4. Suponha que A :D(A)⊂X → X ´e densamente definido e −A ´e setorial; isto ´e, existem constantes a, C e ϕ ∈(π/2, π], Σa,ϕ={λ∈C:|arg (λ−a)|< ϕ} ⊂ρ(A) e
k(λ−A)−1kL(X)≤C/|λ−a|, ∀λ∈Σa,ϕ.
Ent˜ao A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo {T(t), t ≥ 0} ⊂ L(X) com
T(t) = 1 2πi
Z
Γa
eλt(λ−A)−1dλ
onde Γa ´e a fronteira de Σa,φ\{λ ∈ C: |λ−a| ≤ r}, π2 < φ < ϕ, r pequeno, orientada com
no sentido da parte imagin´aria crescente. Al´em disso, t 7→ T(t) se estende a uma fun¸c˜ao anal´ıtica de {t ∈ C : |argt| < φ−π/2} em L(X) (ou a complexifica¸c˜ao de X, se X ´e um
espa¸co de Banach real) e para algum K =K(Γa, C)>0
kT(t)kL(X) ≤Keat, kAT(t)kL(X) ≤Kt−1eat
para todo t >0. Note que
d
dtT(t) =AT(t)
´e um operador limitado para qualquer t >0.
Teorema 0.0.5. Sejam A : X ⊃ D(A) → X, An : Xn ⊃ D(An) → Xn, n ∈ N operadores
lineares densamente definidos tais que
(λIn−An)−1
≤ M
|λ−ω|, ∀λ∈Σω,ϕ∀n ∈N. (3) para algum setorΣω,ϕ :={λ∈C;|arg(λ−ω)| ≤ϕ},ϕ ∈(π2, π). Ent˜ao as seguintes condi¸c˜oes
s˜ao equivalentes:
1. Existe λ∈C com Re(λ)> ω tal que
(λIn−An)−1 EE
→ (λI−A)−1 (4)
2. Existe 0< θ < π2 tal que ∀ǫ0, µ∈(0,∞), ǫ0 < µ temos
sup
t∈Σ(θ,ǫ0,µ)
eAntu
n−EneAtu0
Xn
n→0
→ 0 (5)
sempre que un →E u0, onde
Σ(θ, ǫ0, µ) ={z ∈C;|arg(z)| ≤θ e ǫ0 ≤ |t| ≤µ}.
Isto ´e, eAnt EE→ eAt uniformemente para t em compactos Σ(θ, ǫ 0, µ).
Em ambos os casos, temos EE-convergˆencia uniforme em compactos contidos em
Σ(θ, ǫ0, µ).
Aplica¸c˜
ao a um problema de homogeneiza¸c˜
ao em dom´ınios finos
Aplicaremos o Teorema de Trotter-Kato 0.0.5 para obter propriedades de convergˆencia do semigrupo gerado pelo operador de Laplace com condi¸c˜ao de fronteira de Neumann em uma fam´ılia de dom´ınios Rǫ ⊂ R2, ǫ ∈ [0,1], com comportamento altamente oscilat´orio
na fronteira e que se degenera a um segmento de reta quando ǫ tende a zero. Para isto mostraremos a convergˆencia compacta do resolvente utilizando t´ecnicas de homogeneiza¸c˜ao. No que segue, estabelecemos o problema com sua devida nota¸c˜ao. Considere o seguinte conjunto
Rǫ ={(x, y)∈R2; 0< x <1 e 0< y < ǫg(x/ǫ)}
onde ǫ >0 ´e arbitr´ario.
Seja f :R→R uma fun¸c˜ao L-peri´odica e de classeC1 com
onde g1 = max{g(x);x∈R} eg0 = min{g(x);x∈R}
Rǫ´e um dom´ınio fino que degenera para um intervalo da reta quandoǫtende a zero. Note
queRǫ tem espessura, per´ıodo das oscila¸c˜oes e amplitude das oscila¸c˜oes de ordem ǫ.
Nesta disserta¸c˜ao estudamos o comportamento assint´otico (quando ǫ →0) da fam´ılia de solu¸c˜oes dos problemas el´ıpticos
−∆uǫ+uǫ =f(uǫ) emRǫ
∂uǫ
∂νǫ sobre ∂R
ǫ (6)
onde νǫ ´e o vetor normal unit´ario exterior a ∂Rǫ.
Pode-se verificar que o problema (6) ´e equivalente ao seguinte problema
−∂ 2uǫ
∂x2 1
− 1
ǫ2
∂2uǫ
∂x2 2
+uǫ=f(uǫ) em Ωǫ
∂uǫ
∂x1
Nǫ
1 +
1
ǫ2
∂uǫ
∂x2
Nǫ
2 = 0 sobre ∂Ωǫ
(7)
onde
Ωǫ={(x1, x2)∈R2; 0< x1 <1 e 0< x2 < g(x1/ǫ)}
eNǫ = (Nǫ
1, N2ǫ) ´e o vetor normal, unit´ario exterior a ∂Ωǫ.
Neste estudo analisamos o comportamento das solu¸c˜oes do problema (7) modificado da seguinte maneira
−∂ 2uǫ
∂x2 1
− 1
ǫ2
∂2uǫ
∂x2 2
+Vǫuǫ =fǫ em Ωǫ
∂uǫ
∂x1
Nǫ
1 +
1
ǫ2
∂uǫ
∂x2
Nǫ
2 = 0 sobre ∂Ωǫ
(8)
Assumimos que Vǫ ∈ L∞(Ωǫ), Vǫ ≥ 1, que existe V
0 ∈L∞(Ω), independente da vari´avel
x2; isto ´e,V0(x1, x2) =V0(x1) e que existe p >1 tal que
sup
ǫ∈[0,1]
kVǫkL∞(Ωǫ)<∞, kVǫ−V0k
L1(Ωǫ) →0. (9)
com
Ω ={(x1, x2)∈R2;x1 ∈I e 0 < x2 < g1}
onde I = (0,1). Assumimos tamb´em que fǫ ∈ L2(Ωǫ) e satisfaz kfǫk
L2(Ωǫ) ≤ C, onde C ´e
independente deǫ.
Os operadores que estudamos foram definidos de modo abstrato utilizando (8) em sua formula¸c˜ao variacional, isto ´e, multiplicando (8) por fun¸c˜oes teste (neste caso, fun¸c˜oes em
Z
Ωǫ
∂u ∂x1
∂v ∂x1
+ 1
ǫ2
∂u ∂x2
∂v ∂x2
+Vǫuv
dx1dx2 =
Z
Ωǫ
fǫv dx
1dx2, ∀v ∈H1(Ωǫ).
Assim, definimos os operadores Lǫ da seguinte forma:
D(Lǫ) = {u∈H1(Ωǫ);∃f ∈L2(Ωǫ) satisfazendo aǫ(u, ϕ) = (f, ϕ)ǫ,∀ϕ ∈H1(Ωǫ)}
Lǫu=f ∈L2(Ωǫ) se aǫ(u, ϕ) = (f, ϕ)ǫ, ∀ϕ∈H1(Ωǫ),
(10)
ondeaǫ :H1(Ωǫ)×H1(Ωǫ)→R´e uma forma bilinear, cont´ınua, coerciva e sim´etrica definida
por
aǫ(u, v) = Z
Ωǫ
∂u ∂x1
∂v ∂x1
+ 1
ǫ2
∂u ∂x2
∂v ∂x2
+Vǫuv
dx1dx2.
e (·,·)ǫ ´e o produto interno usual de L2(Ωǫ) dado por
(u, v)ǫ := Z
Ωǫ
uv dx1dx2, ∀u, v ∈L2(Ωǫ).
Nas condi¸c˜oes acima estudamos a convergˆencia das solu¸c˜oes uǫ ∈ H1(Ωǫ) da seguinte
equa¸c˜ao
Lǫuǫ =fǫ (11)
Atrav´es do m´etodo da m´ultipla escala obtemos L0 : D(L0) ⊂ L2(0,1) → L2(0,1) dado
por
D(L0) ={u∈H1(0,1);∃f ∈L2(0,1) satisfazendo a0(u, ϕ) = (f, ϕ)0, ∀ϕ ∈H1(0,1)}
L0u=f ∈L2(0,1) se a0(u, ϕ) = (f, ϕ)0, ∀ϕ∈H1(0,1)
onde q0 >0 ´e dado por (3.60) e a0 :H1(0,1)×H1(0,1)→R´e definido por
a0(u, v) =
Z 1
0
q0
du dx
dv
dx +V0uv
dx, ∀u, v ∈H1(0,1),
e
(u, v)0 :=
Z 1
0
uv dx, ∀u, v ∈L2(0,1).
Usando uma ideia de D. Cioranescu and J. Saint J. Paulin que faz uso de operadores extens˜ao, combinado com o m´etodo de Tartar das fun¸c˜oes-teste oscilantes, obtˆem-se o Teo-rema 3.4.1 de convergˆencia das solu¸c˜oesuǫ de (11) parau
0 que satisfazL0u0 =f0 para certa
f0 ∈L2(0,1). Com este teorema obtemos
Disto (e com o aux´ılio da imagem num´erica de Lǫ e dos teoremas de imers˜ao de Sobolev)
obtemos
Lǫ ´e fechado, tem resolvente compacto, 0∈ρ(Lǫ), e L−ǫ1 CC
−→L−01 . (13)
e portanto segue a convergˆencia dos auto-valores e auto-vetores dadas pelo Teorema 0.0.1. Continuando, note que a imagem num´erica dos operadores −Lǫ est˜ao contidas em
(−∞,−1] para todo ǫ >0. Assim, segue do Teorema 0.0.4 que existemM > 0 e π2 < φ < π, independente deǫ tal que
(µ+Lǫ)−1
L(Zǫ)≤
M
|µ+ 1| ∀µ∈Σ−1,φ (14)
onde Σ−1,φ={µ∈C: 0<|arg(µ+ 1)| ≤φ}.
Por outro lado, de (12) e com o aux´ılio das proje¸c˜oes Mǫ e Mfǫ definidas na se¸c˜ao 3.5
mostramos que
(µ+Lǫ)−1 EE
→ (µ+L0)−1, ∀µ∈Σ−1,φ
logo segue do Teorema de Trotter-Kato (Teorema 1.4.4) que existe 0 < θ < π2 tal que
∀ǫ0, µ∈(0,∞), ǫ0 < µ temos
sup
t∈Σ(θ,ǫ0,µ)
e−Lǫtu
n−Eǫe−L0tu0
Zǫ
ǫ→0 → 0
sempre que un→E u0, onde
Σ(θ, ǫ0, µ) ={z ∈C:|arg(z)| ≤θ e ǫ0 ≤ |t| ≤µ}
isto ´e, e−Lǫt EE→ e−L0t uniformemente em compactos Σ(θ, ǫ 0, µ).
Resumo dos cap´ıtulos
No Cap´ıtulo 1 apresentamos uma teoria abstrata de operadores lineares para se anali-sar a convergˆencia de auto-valores e auto-vetores dos operadores diferencias associados ao problema (7). Apresentamos as no¸c˜oes de resolvente, convergˆencia compacta, potˆencias fra-cion´arias de operadores positivos e finalizamos o cap´ıtulo com os teoremas de Trotter-Kato, teoremas que caracterizam quando h´a equivalencia entre convergˆencia de resolvente e con-vergˆencia de semigrupos.
fraca* de fun¸c˜oes peri´odicas definidas emLp(Ω), 1≤p≤ ∞, Ω⊂Rn limitado. Finalizamos
o cap´ıtulo com uma breve descri¸c˜ao do m´etodo de Tartar das fun¸c˜oes oscilantes, cujas id´eias s˜ao fundamentais para se demonstrar o principal teorema de convergˆencia das solu¸c˜oes de (7) (Teorema 3.4.1). Apresentamos tamb´em um esbo¸co da demonstra¸c˜ao de um teorema cl´assico de convergˆencia de solu¸c˜oes de equa¸c˜oes diferencias para o limite homogeneizado, baseado nas id´eias de Tartar.
No Cap´ıtulo 3 faremos uso das no¸c˜oes e resultados estabelecidos no cap´ıtulo 2 para se ana-lisar convergˆencia das solu¸c˜oes (em algum sentido a ser especificado) do problema (7) Para isto apresentamos direto no problema de interesse o m´etodo da m´ultipla escala (comum em teoria da homogeneiza¸c˜ao) para se obter formalmente o problema limite. Depois constru´ımos um operador extens˜ao que nos auxiliar´a na transforma¸c˜ao do problema (7) numa equa¸c˜ao integral com um dom´ınio fixo, essencial para os c´alculos posteriores que demonstram o teo-rema de convergˆencia 3.4.1. Para se demonstrar o teoteo-rema anterior, faremos uso da solu¸c˜ao de um problema auxiliar peri´odico e ´e a partir deste ponto que faremos uso das id´eias de Tartar para se contornar o problema de analisar a convergˆencia da integral de sequˆencias fracamente convergˆentes em L2, problema que aparece ao se estudar a convergˆencia da
for-mula¸c˜ao variacional de (7).
Depois de estabelecer o Teorema 3.4.1, faremos uso deste para se analisar a convergˆencia compacta dos operadores resolventes associados aos operadores lineares diferenciais defini-dos `a partir de (7). Com a convergˆencia defini-dos resolventes podemos estabelecer a convergˆencia dos semigrupos lineares associados. Faremos isto de duas formas. Uma delas ser´a obtida com o aux´ılio das fam´ılias de ’proje¸c˜oes’ lineares {Mǫ}ǫ∈(0,1) e{Mfǫ}ǫ∈(0,1) convenientemente
definidas combinado com um teorema de operadores setoriais e um teorema potˆencias fra-cion´arias de operadores positivos. A outra forma apresentada ´e consequˆencia do Teorema de Trotter-Kato (Teorema 0.0.5).
Finalizamos a disserta¸c˜ao com um apˆendice sobre a estimativa do erro (em norma) que se comete ao aproximar as solu¸c˜oes uǫ do problema (7) pelo truncamento da sua expans˜ao
Cap´ıtulo 1
Teoremas de
E-
convergˆ
encia
Neste cap´ıtulo vamos apresentar alguns resultados b´asicos de an´alise funcional e resultados deE−convergˆencia e convergˆencia compacta com o objetivo de mostrar um resultado sobre a convergˆencia do espectro de uma fam´ılia de operadores que converge compactamente e um Teorema de Trotter-Kato.
1.1
Operadores Sim´
etricos, Auto-adjuntos, Dissipativos e Imagem
Num´
erica
Seja X um espa¸co de Banach com dualX∗. Se x∗ ∈X∗ denotaremos o seu valor em um
vetor x ∈ X por hx∗, xi ou por hx, x∗i. Seja S : D(S) ⊂ X → X um operador linear com
dom´ınio denso. O adjunto S∗ : D(S∗) ⊂ X∗ → X∗ de S ´e o operador linear definido por:
D(S∗) ´e o conjunto dosx∗ ∈X∗ para os quais existey∗ ∈X∗ satisfazendo
hx∗, Sxi=hy∗, xi ∀x∈D(S). (1.1)
Sex∗ ∈D(S∗) definimos S∗x∗ :=y∗ onde y∗ ´e o (´unico) elemento deX∗ satisfazendo (1.1).
Defini¸c˜ao 1.1.1. Seja H um espa¸co de Hilbert sobre K com produto interno h·,·i. Dizemos
que um operador A : D(A) ⊂ H → H ´e sim´etrico (tamb´em chamado Hermitiano quando
K=C) se D(A) =H e A ⊂A∗; isto ´e, hAx, yi=hx, Ayi para todo x, y ∈D(A). Dizemos
que A ´e auto-adjunto se A=A∗.
Com esta defini¸c˜ao, apresentamos o seguinte teorema.
Teorema 1.1.1. Seja H um espa¸co de Hilbert sobre K com produto interno h·,·i. Se A :
A seguir definimos a no¸c˜ao de dissipatividade.
Defini¸c˜ao 1.1.2. SejaXum espa¸co de Banach sobre K. A aplica¸c˜ao dualidadeJ :X →2X∗
´e uma fun¸c˜ao mult´ıvoca definida por
J(x) = {x∗ ∈X∗ : Rehx∗, xi=kxk2, kx∗k=kxk}.
J(x)6=∅, pelo Teorema de Hahn-Banach.
Um operador linear A : D(A) ⊂ X → X ´e dissipativo se para cada x ∈ D(A) existe
x∗ ∈J(x) tal que Rehx∗, Axi ≤0.
Com esta defini¸c˜ao temos o seguinte teorema.
Teorema 1.1.2. Seja A um operador linear fechado e densamente definido. Se ambos A e
A∗ s˜ao dissipativos, ent˜ao ρ(A)⊃(0,∞) e
k(λ−A)−1k ≤ 1
λ, ∀λ >0.
SeA´e um operador linear em um espa¸co de Banach complexoX a sua imagem num´erica
W(A) ´e o conjunto
W(A) :={hx∗, Axi:x∈D(A), x∗∈X∗, kxk=kx∗k= 1, hx∗, xi= 1}. (1.2)
No caso em que X ´e um espa¸co de Hilbert
W(A) ={hAx, xi:x∈D(A),kxk= 1}.
O teorema a seguir ´e uma importante ferramenta para o estudo de operadores setoriais.
Teorema 1.1.3. Seja A : D(A) ⊂ X → X um operador fechado densamente definido. Seja W(A) a imagem num´erica de A e Σ um subconjunto aberto e conexo em C\W(A). Se
λ /∈W(A) ent˜ao λ−A ´e injetora e tem imagem fechada e satisfaz
k(λ−A)xk ≥d(λ, W(A))kxk. (1.3)
Al´em disso, se ρ(A)∩Σ6=∅, ent˜ao ρ(A)⊃Σ e
k(λ−A)−1kL(X) ≤
1
d(λ, W(A)), ∀λ∈Σ. (1.4)
onde d(λ, W(A))´e a distˆancia de λ a W(A).
Corol´ario 1.1.1. Seja H um espa¸co de Hilbert sobre K e A:D(A)⊂H →H um operador
auto-adjunto. Segue queA´e fechado e densamente definido. SeA´e limitado superiormente; isto ´e, hAu, ui ≤ahu, ui para algum a∈R, ent˜ao C\(−∞, a]⊂ρ(A), e
k(A−λ)−1kL(X) ≤
M
|λ−a|,
para alguma constante M ≥ 1 dependendo somente de ϕ e para todo λ ∈ Σa,ϕ = {λ ∈ C :
|arg(λ−a)| ≤ϕ}, ϕ < π.
Prova: Vamos come¸car localizando a imagem num´erica de A. Primeiramente note que
W(A) = {hAx, xi:x∈D(A),kxk= 1} ⊂(−∞, a].
Note que A−a=A∗−a s˜ao dissipativos e portanto, do Teorema 1.1.2, ρ(A−a)⊃(0,∞). Do Teorema (1.1.3) temos que C\(−∞, a]⊂ρ(A) e que
k(λ−A)−1k ≤ 1
d(λ, W(A)) ≤
1
d(λ,(−∞, a]). Al´em disso, se λ∈Σa,ϕ temos que
1
d(λ,(−∞, a]) ≤ 1 sinϕ
1
|λ−a|
e o resultado segue.
1.2
Continuidade do Espectro
O objetivo desta se¸c˜ao ´e apresentar o Teorema 1.2.1 que, sob certas hip´oteses, nos dar´a a convergˆencia de auto-valores e auto-vetores de sequˆencia de operadores lineares. Nesta se¸c˜ao, para facilitar a leitura, reescrevemos novamente as no¸c˜oes de convergˆencia e compacidade que faremos uso no decorrer do texto.
SejaXǫ uma fam´ılia de espa¸cos de Banach, ǫ∈[0,1], e assuma que existe uma fam´ılia de
operadores lineares cont´ınuos Eǫ :X →Xǫ com a propriedade
kEǫukXǫ ǫ→ k→0 ukX , para todo u∈X. (1.5)
Defini¸c˜ao 1.2.1. Dizemos que uma sequˆencia {uǫ}ǫ∈(0,1], com uǫ ∈ Xǫ para todo ǫ ∈[0,1],
E−converge para u se kuǫ−EǫukXǫ
ǫ→0
−→0. Escrevemosuǫ E
Com esta no¸c˜ao de convergˆencia apresentamos a defini¸c˜ao de sequˆencia E-relativamente compacta.
Defini¸c˜ao 1.2.2. Uma sequˆencia {un}N∈N, com un ∈Xǫn e ǫn →0, ´e dita E
-relativamen-te compacta se, para cada subsequˆencia {un′} de {un}, existe uma subsequˆencia {un′′} de
{un′} e um elemento u∈X tal que uǫ
n′′
E
−→u. A fam´ılia {uǫ}ǫ∈(0,1] ´e dita E-relativamente compacta se cada sequˆencia {uǫn}, ǫn→0, ´e E-relativamente compacta.
Defini¸c˜ao 1.2.3. Dizemos que a fam´ılia de operadores {Bǫ ∈ L(Xǫ)}ǫ∈[0,1] EE-converge paraB0 quando ǫ→0, se Bǫuǫ
E
−→B0usempre que uǫ E
−→u∈X. EscreveremosBǫ EE
−→B0 quando ǫ→0 para denotar que {Bǫ∈ L(Xǫ)}ǫ∈[0,1] EE-converge para B0.
Defini¸c˜ao 1.2.4. Dizemos que uma fam´ılia de operadores compactos {Bǫ ∈ K(Xǫ) : ǫ ∈
[0,1]}converge compactamente paraB0se, para qualquer fam´ılia{uǫ}comuǫ ∈Xǫ, kuǫkXǫ =
1, ǫ∈(0,1], a fam´ılia {Bǫuǫ} ´eE-relativamente compacta e, al´em disso, Bǫ −→EE B0. Escre-veremos Bǫ
CC
−→ B0 quando ǫ →0 para denotar que {Bǫ ∈ K(Xǫ)}ǫ∈[0,1] converge compacta-mente para B0.
Defini¸c˜ao 1.2.5. Seja X um espa¸co de Banach sobreCe A:D(A)⊂X →X um operador
linear fechado. O conjunto resolvente de A ´e o subconjunto ρ(A) de todos os λ em C tais
que λ−A ´e bijetor. O espectro de A ´e definido como C−ρ(A).
Defini¸c˜ao 1.2.6. Seja X um espa¸co de Banach sobre K eA:D(A)⊂X →X um operador fechado e com resolvente n˜ao vazio. Dizemos que A tem resolvente compacto se para algum λ0 ∈ρ(A) temos que (λ0−A)−1 ∈ K(X).
Lema 1.2.1. Seja {Bǫ ∈ K(Xǫ)}ǫ∈[0,1] tal que Bǫ CC
−→B0 quando ǫ→0. Ent˜ao, i) existe ǫ0 ∈(0,1] tal que supǫ∈(0,ǫ0]kBǫkL(Xǫ)<∞.
ii) se N(I+B0) ={0}, existe ǫ0 >0 e M >0 tal que
k(I+Bǫ)−1kL(Xǫ) 6M, ∀ǫ∈[0, ǫ0]. (1.6)
Prova: i) Se {kBǫkL(Xǫ) : ǫ ∈ (0, ǫ0]} n˜ao ´e limitada para qualquer escolha de ǫ0 ∈ (0,1],
existe sequˆencia {ǫn} em (0,1] com ǫn n→∞
−→ 0 e uǫn ∈ Xǫn com kuǫnkXǫn = 1 tal que kBǫnuǫnk →+∞e isto est´a em contradi¸c˜ao com a convergˆencia compacta de Bǫ para B0.
ii) ComoBǫ ∈ K(Xǫ) para cadaǫ∈[0,1], segue da Alternativa de Fredholm que a estimativa
(1.6) ´e equivalente a
k(I+Bǫ)uǫkXǫ >
1
Suponha que isto ´e falso; isto ´e, suponha que existe uma sequˆencia {un}, com un ∈ Xǫn, kunk = 1 e ǫn → 0 tal que k(I +Bǫn)unk → 0. Como {Bǫnun} tem uma subsequˆencia
E-convergente, que novamente denotamos por {Bǫnun}, para u, kuk = 1, segue que un+
Bǫnun
E
−→0 e un E
−→ −u. Isto implica que (I+B0)u= 0 e isto est´a em contradi¸c˜ao com a
hip´oteseN(I+B0) = {0}.
Em geral, os operadores Bǫ ser˜ao inversas de certos operadores diferenciais Aǫ. Assim,
considere a fam´ılia de operadores {Aǫ : D(Aǫ)⊂ Xǫ → Xǫ, ǫ ∈ [0,1]} e suponha que, para
todoǫ∈[0,1],
Aǫ ´e fechado, tem resolvente compacto 0∈ρ(Aǫ), eA−ǫ1 CC
−→A−01 . (1.7)
Lema 1.2.2. Suponha que a fam´ılia de operadores {Aǫ : D(Aǫ) ⊂ Xǫ → Xǫ, ǫ ∈ [0,1]}
satisfaz (1.7). Ent˜ao, para cada λ ∈ ρ(A0), existe ǫλ > 0 tal que λ ∈ ρ(Aǫ) para todo
ǫ∈[0, ǫλ] e existe uma constante Mλ >0 tal que
k(λ−Aǫ)−1k6Mλ, ∀ǫ∈[0, ǫλ]. (1.8)
Al´em disso, (λ−Aǫ)−1 CC
−→(λ−A0)−1 quando ǫ→0.
Prova: De (1.7) e do fato que λ ∈ ρ(A0) ´e f´acil ver que (λ−A0)−1 =−A−01(I−λA−01)−1.
Como A−1
ǫ CC
−→ A−01, aplicando o Lema 1.2.1 i) e ii), obtemos que o operador −A−1
ǫ (I −
λA−1
ǫ )−1 est´a bem definido e ´e limitado. C´alculos simples mostram que−A−ǫ1(I−λA−ǫ1)−1 =
(λ−Aǫ)−1. Logoλ ∈ρ(Aǫ) e obtemos (1.8).
Para provar a convergˆencia compacta de (λ−Aǫ)−1para (λ−A0)−1procedemos da seguinte
maneira: ComoA−1
ǫ converge compactamente para A−01 e como{(I−λA−ǫ1) : 06ǫ6ǫλ}´e
limitado, conclu´ımos que
• SekuǫkXǫ = 1 ent˜ao (λ−Aǫ)
−1u
ǫ =−A−ǫ1wǫ com wǫ = (I−λA−ǫ1)−1uǫ que ´e
uniforme-mente limitado em ǫ. Logo (λ−Aǫ)−1uǫ tem uma subsequˆencia E-convergente.
• Se uǫ E
−→ u ent˜ao A−1
ǫ uǫ E
−→ A−01u. Agora, para qualquer subseqfuˆencia de {(λ −
Aǫ)−1uǫ} existe uma subsequˆencia (que novamente denotamos por {(λ−Aǫ)−1uǫ}) e
y∈X tal que,
(λ−Aǫ)−1uǫ =−(I−λA−ǫ1)−1Aǫ−1uǫ =−A−ǫ1(I −λA−ǫ1)−1uǫ =zǫ E
−→y.
Logo,
A−01u←−E A−1
e isto implica que y = (λ−A0)−1u. Em particular, y´e independente da subsequˆencia
tomada. Isto implica que a sequˆencia inteira (λ−Aǫ)−1uǫ E-converge para y = (λ−
A0)−1u quando ǫ→0. Portanto, (λ−Aǫ)−1 EE
−→(λ−A0)−1 quando ǫ→0.
Disto segue a convergˆencia compacta (λ − Aǫ)−1 CC
−→ (λ −A0)−1 quando ǫ → 0 e o
resultado est´a provado.
Lema 1.2.3. Suponha que a fam´ılia de operadores {Aǫ : D(Aǫ) ⊂ Xǫ → Xǫ, ǫ ∈ [0,1]}
satisfaz (1.7). Se Σ ´e um subconjunto compacto de ρ(A0), existe ǫΣ >0 tal que Σ⊂ ρ(Aǫ)
para todo ǫ6ǫΣ e
sup
ǫ∈[0,ǫΣ]
sup
λ∈Σ
k(λ−Aǫ)−1kL(Xǫ) <∞. (1.9)
Al´em disso, se existe ǫ0 ∈ (0,1] tal que sup
ǫ∈[0,ǫ0]
kEǫkL(X0,Xǫ) < ∞ ent˜ao, para cada u ∈ X temos que
sup
λ∈Σ
k(λ−Aǫ)−1Eǫu−Eǫ(λ−A0)−1ukXǫ
ǫ→0
−→0. (1.10)
Prova: Primeiramente mostremos que existe ˆǫΣ >tal que Σ⊂ρ(Aǫ) para todoǫ∈[0,ˆǫΣ). Se
este n˜ao fosse o caso, existiriam seq¨uˆenciasǫn →0,λn∈Σ (que podemos supor convergente
para um λ ∈ Σ) e uǫn ∈ Xǫn, kuǫnk= 1 tais que Aǫnuǫn−λnuǫn = 0 ou, equivalentemente,
λn(Aǫn)
−1u
ǫn =uǫn. Da convergˆencia compacta{uǫn}tem uma subsequˆencia E-convergente
para u∈X,kukX = 1 e A0u=λu o que est´a em contradi¸c˜ao com σ(A0)∩Σ =∅.
Mostremos que existe ǫΣ ∈ (0,ˆǫΣ) tal que (1.9) vale. Para isto, ´e suficiente provar que
existeǫΣ ∈(0,1] tal que
{k(I−λA−ǫ1)−1kL(Xǫ) :ǫ∈[0, ǫΣ] eλ ∈Σ} ´e limitado.
Se este n˜ao fosse o caso, existiria uma sequˆencia{λn}em Σ (que podemos supor convergente
para um certo ˜λ∈Σ) e uma sequˆencia {ǫn} em (0,1] comǫn n→∞
−→ 0 tal que
k(I−λn(Aǫn)
−1)−1k
L(Xǫn)
n→∞
−→ ∞
Do Lema 1.2.1 obtemos uma contradi¸c˜ao, j´a que−λn(Aǫn)
−1 −→ −CC λ˜(A
0)−1 quandon→ ∞.
Tamb´em provamos (1.10) por contradi¸c˜ao. Suponha que existem seq¨ uˆen-cias ǫn→0, Σ ∋λn→λ¯∈Σ e η >0 tal que
k(λn−Aǫn)
−1E
ǫnu−Eǫn(λn−A0)
−1uk
Xǫn >η. (1.11)
Usando a identidade do resolvente, temos que
(λn−Aǫn)
−1E
ǫnu−(¯λ−Aǫn)
−1E
ǫnu= (¯λ−λn)(λn−Aǫn)
−1(¯λ−A
ǫn)
−1E
Disto e de (1.9) segue que
k(λn−Aǫn)
−1E
ǫnu−(¯λ−Aǫn)
−1E
ǫnukXǫn
n→∞
−→ 0. (1.12)
Do Lema 1.2.2 temos que
k(¯λ−Aǫn)
−1E
ǫnu−Eǫn(¯λ−A0)
−1uk
Xǫn
n→∞
−→ 0. (1.13)
Finalmente, da continuidade do resolvente obtemos
k(λn−A0)−1u−(¯λ−A0)−1ukX →0 as n → ∞. (1.14)
Agora, (1.12), (1.13) e (1.14) est˜ao em contradi¸c˜ao com (1.11) e o resultado est´a provado. Para cada δ >0 e λ0 ∈C defina Sδ(λ0) :={µ∈C:|λ−λ0|=δ}.
A um ponto isolado λ ∈ σ(A0) associamos o seu auto-espa¸co generalizado W(λ, A0) =
Q(λ, A0)X onde
Q(λ, A0) =
1 2πi
Z
|ξ−λ|=δ
(ξI−A0)−1dξ
eδ ´e escolhido de forma que n˜ao haja nenhum outro ponto deσ(A0) no discoB
C
δ(λ) ={ξ ∈ C : |ξ−λ| 6 δ}. Segue do Lema 1.2.3 que existe ǫSδ(λ) tal que ρ(Aǫ) ⊃ Sδ(λ) para todo
ǫ6ǫSδ(λ). Seja W(λ, Aǫ) :=Q(λ, Aǫ)Xǫ onde
Q(λ, Aǫ) =
1 2πi
Z
|ξ−λ|=δ
(ξI −Aǫ)−1dξ.
Lema 1.2.4. Seja X um espa¸co de Banach. Se M, N s˜ao subespa¸cos de X com dim(M)
>dim(N), ent˜ao existe u∈M, kuk= 1 tal que dist(u, N) = 1.
O resultado a seguir diz que o espectro deAǫ, paraǫpequeno, se aproximado espectro de
A0. Sabe-se que o espectro deAǫouA0cont´em apenas auto-valores isolados de multiplicidade
finita.
Teorema 1.2.1. Seja {Aǫ : D(Aǫ) ⊂ Xǫ → Xǫ, ǫ ∈ [0,1]} uma fam´ılia de operadores tal
que (1.7) est´a satisfeita. Ent˜ao, valem as seguintes afirmativas:
(i) Se λ0 ∈ σ(A0), existe seq¨uˆencia {ǫn} em (0,1] com ǫn n→∞
−→ 0 e sequˆencia {λn} em C
com λn ∈σ(Aǫn), para n= 1,2,3· · ·, e λn
n→∞
−→ λ0.
(ii) Se {ǫn} ´e uma sequˆencia em (0,1] com ǫn n→∞
−→ 0, e {λn} ´e uma sequˆencia em C com
λn ∈σ(Aǫn), n∈N e λn
n→∞
Al´em disso, se existe ǫ0 ∈ (0,1] tal que sup
ǫ∈[0,ǫ0]
kEǫkL(X0,Xǫ) < ∞, valem as seguintes afirmativas:
(iii) Existe ǫ1 ∈(0, ǫ0) tal que dimW(λ, Aǫ) = dimW(λ0, A0) para todo 06ǫ6ǫ1.
(iv) Se u ∈ W(λ0, A0), ent˜ao existe uma sequˆencia {ǫn} em (0,1] com ǫn n−→→∞ 0, uǫn ∈
W(λ0, Aǫn) e tal que uǫn
E
−→u quando n→ ∞.
(v) Se {ǫn} ´e uma sequˆencia em (0,1] com ǫn n−→→∞ 0, e {un} ´e uma sequˆencia com un ∈
W(λ, Aǫn), kunkXǫn = 1, ent˜ao {un} tem uma subsequˆencia E−convergente para um vetor u∈W(λ0, A0).
Prova. (i) Seja λ0 ∈σ(A0) e δ > 0 tal que B
C
δ(λ0)∩σ(A0) ={λ0}. Do Lema 1.2.3, existe
ǫ0 >0 tal que{k(λ−Aǫ)−1kL(Xǫ) :ǫ∈[0, ǫ0] eλ∈Sδ(λ0)}´e limitado.
Suponha agora que, existeδ >0 e seq¨uˆenciaǫn n→∞
−→ 0 tal que, Bδ(λ0)⊂ρ(Aǫn) para todo
n ∈N. Como Bδ(λ0)∋ λ7→ (λ−Aǫ
n)
−1 ∈ L(X) ´e anal´ıtica para cada n ∈N, da prova do
Lema 1.2.3 e do Teorema do M´aximo M´odulo temos que
k(I−λ0A−ǫn1)
−1k
L(Xǫn)6 sup
|λ−λ0|=δ
n∈N
k(I−λA−ǫn1)−1kL(Xǫn) <∞.
Portanto, se uǫ E
−→u, segue que
k(λ0A−01−I)ukX = lim ǫ→0k(λ0A
−1
ǫ −I)uǫkXǫ >ckukX,
para algum c > 0 e, consequentemente, λ0 ∈ ρ(A0). Isto contradiz a escolha de λ0 e prova
que, para cada δ > 0, Bδ(λ0) cont´em algum ponto de σ(Aǫ), para todo ǫ suficientemente
pequeno.
(ii) Sejam {ǫn} uma sequˆencia em (0,1] com ǫn n→∞
−→ 0, {λn} uma sequˆencia em C com
λn ∈σ(Aǫn) tal que λn
n→∞
−→ λ e {un} uma sequˆencia com un∈ Xǫn, (I−λn(Aǫn)
−1)u
n = 0
ekunk= 1. Ent˜ao
k(I−λ(Aǫn)
−1)u
nkXǫn =k(I−λn(Aǫn)
−1)u
n−(λ−λn)(Aǫn)
−1u
nkXǫn →0
quando n → ∞. Uma vez que kunk = 1 temos, tomando subsequˆencias se necess´ario,
λ(Aǫn)
−1u
n E
−→ue un E
−→u com kuk= 1. Portanto u−λA−01u= 0, u6= 0 e λ∈σ(A0).
(iii) Como (λ−Aǫ)−1 EE
−→ (λ−A0)−1 uniformemente para λ ∈ Sδ(λ0) (veja (1.10) no
Sev1,· · ·, vk´e uma base paraW(λ0, A0) = Q0(λ0)x, ´e f´acil ver que, paraǫsuficientemente
pequeno,
{Qǫ(λ0)Eǫv1,· · · , Qǫ(λ0)Eǫvk}
´e um conjunto linearmente independente em Qǫ(λ0)Xǫ. Disto segue que dim(Qǫ(λ0)(Xǫ))>
dim(Q(λ0)(X)).
Provamos a igualdade supondo que Qǫ(λ0)
CC
−→Q(λ0). Suponha, por redu¸c˜ao ao absurdo
que, para alguma sequˆenciaǫn n→∞
−→ 0,
dim(Qǫn(λ0)(Xǫn))>dim(Q(λ0)(X)).
Do Lema 1.2.4 segue que, para cada n ∈ N, existe un ∈ W(λ0, Aǫ
n) com kunk = 1 tal que
dist(un, EǫnW(λ0, A0)) = 1. Da convergˆencia compacta podemos supor que Qǫn(λ0)un =
un E
−→Q0(λ0)u0 =u0 e temos um absurdo, j´a que
16kun−EǫnQ0(λ0)ukXǫn =kQǫn(λ0)un−EǫnQ0(λ0)ukXǫn →0.
Assim precisamos apenas provar a convergˆencia compacta Qǫ(λ0) −→CC Q(λ0) quando
ǫ → 0 e isto segue de Qǫ(λ0)
EE
−→ Q(λ0), da convergˆencia compacta A−ǫ1 CC
−→ A−01 quando
ǫ→0, da limita¸c˜ao uniforme de k(ζA−1
ǫ −I)−1kpara ζ ∈Sδ(λ0) e ǫ∈[0, ǫ0], dada na prova
do Lema 1.2.3, e da f´ormula
Qǫ(λ0) =
1 2πi
Z
|ζ−λ0|=δ
(ζI−Aǫ)−1dζ =A−ǫ1
1 2πi
Z
|ζ−λ0|=δ
(ζA−ǫ1−I)−1dζ.
(iv) Segue tomando uǫ =Qǫ(λ0)Eǫu.
(v) Segue da convergˆencia compacta de Qǫ para Q0 provada em (iii).
1.3
Potˆ
encias Fracion´
arias
O objetivo desta se¸c˜ao ´e apresentar as no¸c˜oes de operadores de tipo positivo, suas potˆen-cias fracion´arias e os principais resultados sobre estes, utilizados ao longo do texto. Utili-zamos os teoremas desta se¸c˜ao para se obter uma taxa de E−convergˆencia dos semigrupos lineares gerados pelos operadores −Lǫ, com Lǫ definido na introdu¸c˜ao.
SejaX um espa¸co de Banach. Um operador linear A em X ´e dito detipo positivocom constanteM ≥1 , se ´e fechado, densamente definido, R+ ⊂ρ(−A) e
para todo A∈ P(X) e α∈C, Reα <0, definimos
Aα := 1 2πi
Z
Γ
(−λ)α(λ+A)−1dλ= 1 2πi
Z
−Γ
λα(λ−A)−1dλ, (1.16)
onde Γ ´e qualquer curva simples em ΣM\R+ suave por partes indo de ∞e−iν at´e∞eiν para
algumν∈(0,arcsin 1/(2M)]. ´E claro que−Γ :={λ∈C:−λ∈Γ}. Segue de (1.15) e (1.16)
e do Teorema de Cauchy que Aα est´a bem definido em L(X) e independente da escolha de
Γ.
Para operadores positivos temos o seguinte teorema de interpola¸c˜ao.
Teorema 1.3.1. Suponha queA∈ P(X)e 0≤α≤1, ent˜ao existe uma constante K depen-dendo somente de A (da constante M de positividade), tal que kAαxk
X ≤ KkAxkαXkxk1X−α
para0≤α≤1, x∈D(A).
Agora consideramos o caso em queA´e setorial; isto ´e,{e−At, t≥0}´e semigrupo anal´ıtico.
Teorema 1.3.2. Suponha que A ´e setorial. Logo {e−At;t ≥ 0} ´e um semigrupo anal´ıtico,
suponha que ρ(A)⊃(−∞,0]. Ent˜ao
1. Se t >0, α≥0, R(e−At)⊂D(Aα) e
kAαe−AtkL(X) ≤Mαt−αeat, t >0,
onde a ´e o v´ertice do setor como no Teorema 0.0.4. Mais ainda, α 7→ Mα ´e cont´ınua
em [0,∞).
2. Se α >0, temos que tαAαe−Atx→0 quando t →0+ para cada x∈X.
3. k(e−At−I)A−αk
L(X) ≤M1−αt
α
α se 0< α≤1, 0≤t≤1.
Defini¸c˜ao 1.3.1. Dizemos que A ´e do tipo (ω, M) em um espa¸co de Banach X se A ´e fe-chado, densamente definito e o resolvente de−A cont´em um setor aberto{λ∈C:|arg(λ)|<
π−ω} e λ(λ+A)−1 ´e uniformemente limitado em cada setor menor {λ ∈ C : |arg(λ)| <
π−ω−ǫ}, ǫ >0 e kλ(λ+A)−1k ≤M para todo λ ≥0.
Teorema 1.3.3. Seja A um operador de tipo (ω, M) em um espa¸co de Banach X com
0∈ρ(A) e 0< α <1. Ent˜ao Aα est´a definido e ´e de tipo (αω, M). Em particupar, Aα ´e de
1.4
Teoremas de Trotter-Kato
Nesta se¸c˜ao enunciamos e demonstramos um teorema que caracteriza a rela¸c˜ao entre convergˆencia de operadores resolventes e a convergˆencia de semigrupos lineares associados.
Denotaremos A ∈ G(M, ω) se A ´e o gerador infinitesimal de um semigrupo fortemente cont´ınuo T(t) que satisfaz
kT(t)kL(X) ≤Meβ t, ∀t≥0.
A seguir, enunciaremos teoremas que se encontram em [14] e que caracterizam esta rela¸c˜ao quando o dom´ınio dos operadores est´a fixado.
Teorema 1.4.1. Sejam A, An ∈ G(M, ω) e eAnt o semigrupo cujo gerador infinitesimal ´e
An. Ent˜ao s˜ao equivalentes:
(a) Para todo x∈X e λ com Reλ > ω, (λ−An)−1x→(λ−A)−1x quando n → ∞.
(b) Para todo x∈X e t ≥0, eAntx→eAtx quando n→ ∞.
Al´em disso, a convergˆencia na parte (b) ´e uniforme para t em intervalos limitados.
Na demonstra¸c˜ao do teorema acima pode-se notar que a condi¸c˜ao (a) pode ser enfraque-cida para a convergˆencia em apenas um ponto λ com Re(λ)> ω. Desta forma, o resultado anterior est´a relacionado com o seguinte teorema.
Teorema 1.4.2. Sejam An∈G(M, ω). Se existe λ0 com Re(λ0)> ω tal que
(a) Para todo x∈X, existe o limite (λ−An)−1x→R(λ0)x quando n→ ∞.
(b) A imagem de R(λ0)´e densa em X,
ent˜ao existe um ´unico operador A∈G(M, ω) tal que R(λ0) = (λ0−A)−1.
Como consequˆencia dos teoremas anteriores, obtem-se o seguinte teorema.
Teorema 1.4.3 (Trotter-Kato). Sejam An ∈ G(M, ω) e eAnt o semigrupo cujo gerador
infinitesimal ´e An. Se existe λ0 com Re(λ0)> ω tal que
(a) Para todo x∈X, existe o limite (λ−An)−1x→R(λ0)x quando n→ ∞.
(b) A imagem de R(λ0)´e densa em X,
ent˜ao existe um ´unico operador A∈G(M, ω) tal que R(λ0) = (λ0−A)−1. Al´em disso,
para todo x ∈ X e t ≥ 0. Al´em disso, esta convergˆencia ´e uniforme para t em intervalos limitados.
Nos problemas que analisaremos a convergˆencia, os operadores envolvidos estar˜ao defini-dos em espa¸cos distintos. Dessa forma, o teorema abaixo, para operadores setoriais, nos ser´a mais interessante no decorrer do texto.
Teorema 1.4.4. Sejam A : X ⊃ D(A) → X, An : Xn ⊃ D(An) → Xn, n ∈ N operadores
lineares densamente definidos tais que
(λIn−An)−1
≤ M
|λ−ω|, ∀λ∈Σω,ϕ∀n ∈N. (1.17) para algum setorΣω,ϕ :={λ∈C;|arg(λ−ω)| ≤ϕ},ϕ ∈(π2, π). Ent˜ao as seguintes condi¸c˜oes
s˜ao equivalentes:
1. Existe λ∈C com Re(λ)> ω tal que
(λIn−An)−1 EE
→ (λI−A)−1 (1.18)
2. Existe 0< θ < π
2 tal que ∀ǫ0, µ∈(0,∞), ǫ0 < µ temos
sup
t∈Σ(θ,ǫ0,µ)
eAntu
n−EneAtu0
Xn
n→∞
→ 0 (1.19)
sempre que un E
→u0, onde
Σ(θ, ǫ0, µ) ={z ∈C;|arg(z)| ≤θ e ǫ0 ≤ |t| ≤µ}.
Isto ´e, eAnt EE→ eAt uniformemente para t em compactos Σ(θ, ǫ 0, µ).
Em ambos os casos, temos EE-convergˆencia uniforme em compactos contidos em
Σ(θ, ǫ0, µ).
Prova: Suponha que vale (1.18). Provemos que a convergˆencia em (1.18) ´e uniforme em compactos K contidos em Σω,ϕ, isto ´e,
sup
λ∈K
(λIn−An)−1un−En(λI−A)−1u0
Xn
n→∞
→ 0 (1.20)
Se este n˜ao ´e o caso, existem ǫ0 >0, Xn ∋un E
→ u0 ∈X, {λk;k ∈N} ∪ {λ0} ⊂ Σω,ϕ tais
queλk→λ0 e
(λkInk −Ank)
−1u
nk−Enk(λkI−A)
−1u
0
Por outro lado,
(λkInk−Ank)
−1u
nk −Enk(λkI−A)
−1u
0 =
[(λkInk−Ank)
−1−(λ
0Ink −Ank)
−1]u
nk + (λ0Ink −Ank)
−1u
nk−Enk(λ0I−A)
−1u
0
+Enk[(λ0−A)
−1 −(λ
k−A)−1]u0 =
[(λ0−λk)(λkInk −Ank)
−1(λ
0Ink −Ank)
−1]u
nk+ (λ0Ink−Ank)
−1u
nk −Enk(λ0I−A)
−1u
0
+Enk(λk−λ0)[(λ0−A)
−1(λ
k−A)−1]u0 (1.22)
e assim segue da limita¸c˜ao uniforme dos resolventes, da limita¸c˜ao uniforme da fam´ılia{En},
e de (1.18) que
(λkInk −An)
−1u
nk−Enk(λI −A)
−1u
0
Xnk k→∞
→ 0
que contradiz (1.21). Logo segue a afirma¸c˜ao de EE-convergˆencia uniforme dos resolventes. Neste caso temos pelo Teorema 0.0.4
eAnt= 1
2πi
Z
Γ
eλt(λIn−An)−1dλ
onde Γ ´e a fronteira de Σω,φ − {λ ∈ C;|λ−ω| ≤ r} e π2 < φ < ϕ, r pequeno, orientada no
setido da parte imagin´aria crescente e t∈C com |arg(t)| ≤ǫ1 < φ− π
2. Logo,
eAntu
n−EneAtu0
Xn ≤
1 2π
Z
Γ
eλt (λIn−An)−1un−En(λI −A)−1u0 d|λ|
Por outro lado, dados ǫ, ǫ0 >0, existeN >0 tal que
1 2π
Z
KN
eλt (λIn−An)−1un−En(λI−A)−1u0 d|λ| ≤
ǫ
2, para todot ∈C tal que |arg(t)| ≤ǫ1 e |t| ≥ǫ0. O conjuntoKN ´e definido por
KN = Γ∩ {λ∈C/Re(λ)<−N}
De fato, paraN grande e λ∈KN temos
eλt(λI
n−An)−1
≤ M e
−|λ|k1ǫ0
|λ−ω| , ∀n ∈N
com k1 = |cos(φ−ǫ1)| > 0. Assim, concluimos a afirma¸c˜ao acima notando que a fam´ılia {En}´e uniformemente limitada.
Segue da afirma¸c˜ao anterior que ´e suficiente mostrarmos que para n suficientemente grante temos
1 2π
Z
JN
eλt (λI
n−An)−1un−En(λI−A)−1u0 d|λ| ≤
ǫ
onde JN = Γ−KN. De fato, como JN ´e compacto e JN ⊂Σω,ϕ segue que
sup
λ∈JN
(λIn−An)−1un−En(λI−A)−1u0
n→∞
→ 0
Como |eλt| ´e limitada se λ ∈ J
N e t ∈ Σ(θ, ǫ0, µ), segue que existe n0 ∈ N tal que n ≥ n0
implica
sup
t∈Σ(θ,ǫ0,µ)
eAntu
n−EneAtu
Xn ≤ǫ
Logo
sup
t∈Σ(θ,ǫ0,µ)
eAntu
n−EneAtu
Xn
n→∞
→ 0
e portanto concluimos que (1.18) implica (1.19).
Reciprocamente, Suponha (1.19). Segue do Teorema 0.0.2 que
(λIn−An)−1un−En(λI−A)−1u0
Xn =
Z ∞
0
eλt(eAntu
n−EneAtu0)dt
Xn
Como {En} ´e uniformemente limitada, {un} ´e limitada e ∀t ≥ 0,∀n ∈ N,
eAnt ≤ M eωt
eeAt≤M eωt segue que existe N >0 tal que para λ∈C com Re(λ)> ω,
Z 1
N
0
eλt(eAntu
n−EneAtu0)dt+
Z ∞
N
eλt(eAntu
n−EneAtu0)dt
Xn
< ǫ
2
Como
sup
1
N≤t≤N
eAntu
n−EneAtu0
Xn
n→∞
→ 0
e para cada λ, |eλt| ´e limitada se t ∈ [0, N], segue (1.18). Note que neste caso obtemos
EE-convergˆencia uniforme para λem conjuntos da forma{λ∈C/a≤Re(λ)≤b}desde que
Cap´ıtulo 2
No¸c˜
oes de Homogeneiza¸c˜
ao
Neste cap´ıulo apresentamos as no¸c˜oes b´asicas de homogeneiza¸c˜ao de equa¸c˜oes diferenciais que faremos uso para se estudar o compotamento das solu¸c˜oes de (8). Apresentamos tamb´em os espa¸cos de Sobolev e finalizamos o cap´ıtulo com um teorema de convergˆencia baseado no m´etodo de Tartar das fun¸c˜oes-teste oscilantes. Algumas referˆencias para este assunto s˜ao [12], [13], [15], [16].
A principal referˆencia para este cap´ıtulo ´e [13]. Nesta referˆencia encontra-se a prova de alguns resultados listados aqui. Outros cuja prova n˜ao se encontra nesta referˆencia s˜ao resultados de an´alise funcional cuja demonstra¸c˜ao ´e simples ou resultados cl´assicos sobre espa¸cos de Sobolev.
Nesta disserta¸c˜ao, para Ω⊂Rn, os espa¸cos Lp(Ω) s˜ao definidos da seguinte maneira:
• Se 1≤p < ∞,
Lp(Ω) :={f : Ω→R mensur´aveis e tais que Z
Ω
|f(x)|pdx <∞}
onde a integral acima ´e relativa `a medida de Lebesgue. A fun¸c˜ao k · kp :Lp(Ω) → R+
definida por
kukp :Lp(Ω) = Z
Ω
|u(x)|pdx
1
p
, u∈Lp(Ω),
´e uma norma e o espa¸coLp(Ω) com esta norma ´e um espa¸co de Banach separ´avel que
´e tamb´em reflexivo se p >1.
• Sep=∞, definimos
A fun¸c˜ao k · kp :L∞(Ω) →R+ definida por
kuk∞:L∞(Ω) = inf{c≥0 :|u(x)| ≤cq.s. em Ω}, u∈L∞(Ω),
´e uma norma e o espa¸co L∞(Ω) com esta norma ´e um espa¸co de Banach que n˜ao ´e
separ´avel nem reflexivo.
• Os espa¸cos duais dos espa¸cosLp(Ω) s˜ao caracterizados da seguinte maneira: (Lp(Ω))∗ =
Lp′
(Ω) se 1≤p <∞ e p′ definido por 1
p +
1
p′ = 1 se 1< p <∞e p′ =∞ sep= 1.
2.1
Introdu¸c˜
ao `
a Homogeneiza¸c˜
ao
Nesta se¸c˜ao, Ω denotar´a um aberto limitado de Rn e ǫ > 0 ´e um parˆametro tomando
valores numa sequˆencia que tende a zero. Seja
Aǫ(x) = (aǫij(x))1≤i,j,n q.s em Ω (2.1)
onde a nota¸c˜ao q.s ´e uma abrevia¸c˜ao de quase sempre, isto ´e, a igualdade ´e v´alida exceto num conjunto de medida de Lebesgue nula.
Sejam α, β n´umeros reais positivos com α < β. Diremos que
Aǫ ∈M(α, β,Ω) (2.2)
seAǫ satisfaz
(
hAǫλ, λi ≥α|λ|2
|Aǫ(x)λ| ≤β|λ|, (2.3)
q.s em Ω e para todo λ∈Rn.
Introduzimos o operador
Aǫ =−div(Aǫ∇) = − n X
i,j=1
∂ ∂xi
aǫij ∂ ∂xj
. (2.4)
A teoria de homogeneiza¸c˜ao serve para descrever o comportamento assimt´otico quando
ǫ→0 de equa¸c˜oes diferenciais parciais com operadores diferenciais da forma Aǫ.
Faremos uma breve discuss˜ao sobre o problema de valor de fronteira
(
−div(Aǫ∇uǫ) =f em Ω
uǫ= 0 sobre ∂Ω, (2.5)
Segue do Teorema de Lax-Milgram que para cada ǫ > 0 existe um ´unico uǫ ∈ H1
0(Ω) tal
que Z
Ω
Aǫ∇uǫ∇v dx=hf, vi, ∀v ∈H01(Ω) (2.6) Mais ainda, temos a seguinte estimativa
kuǫkH1
0(Ω)≤
1
αkfkL2(Ω). (2.7)
Consequentemente, como H1
0(Ω) ´e reflexivo, segue que existe uma subsequˆencia {uǫ
′
} e um elemento u0 ∈H1
0(Ω) tal que
uǫ′
⇀ u0 em H1
0(Ω). (2.8)
Note que, a priori, o limiteu0 pode depender de da subsequˆencia uǫ′
comada para que (2.8) se verifique.
Neste ponto temos algumas quest˜oes naturais:
• u0 ´e unicamente determinada? • Como determinar u0?
• u0 satisfaz algum problema de valor de fronteira em Ω?
No que se segue vamos discutir poss´ıveis respostas para as quest˜oes acima. Nas considera¸c˜oes que faremos a seguir, vamos utilizar a seguinte nota¸c˜ao:
ξǫ = (ξǫ
1, . . . , ξnǫ) = n
X
j=1
aǫ
1j
∂uǫ
∂xj
, . . . ,
n
X
j=1
aǫnj
∂uǫ
∂xj
!
=Aǫ∇uǫ. (2.9)
Note que Z
Ω
ξǫ∇v dx=hf, vi, ∀v ∈H01(Ω). (2.10) Segue de (2.2) e (2.7) que
kξǫk(L2(Ω))n ≤
β
αkfkL2(Ω). (2.11)
Como (L2(Ω))n ´e reflexivo, segue que existe uma subsequˆencia {ξǫ′
}, e um elemento
ξ0 ∈(L2(Ω))n tal que
ξǫ′ ⇀ ξ0 em (L2(Ω))n. (2.12) Assim, por passagem ao limite em (2.10) pela subsequˆencia ǫ′ obtemos
Z
Ω
ξ0∇v dx=hf, vi, ∀v ∈H1
Consequentemente a primeira quest˜ao tem uma resposta positiva, se pudermos descrever ξ0
em termos deu0.
Observamos que se Aǫ ´e tal que
Aǫ →A em (L∞(Ω))n2,
ent˜ao ξ0 =A∇u0 e portanto segue que u0 ´e a ´unica solu¸c˜ao (do Teorema de Lax-Milgram)
da formula¸c˜ao variacional do problema
(
−div(A∇u0) =f em Ω
u0 = 0 sobre ∂Ω,
isto ´e, Z
Ω
A∇u0∇v dx =hf, vi, ∀v ∈H01(Ω).
Quando a convergˆencia de Aǫ para ¯A ocorre em topologias mais fracas as considera¸c˜oes
acima n˜ao se aplicam e o estudo se torna bastante mais elaborado. Vamos agora considerar uma situa¸c˜ao espec´ıfica na qual a convergˆencia deAǫpara ¯Aocorre apenas na topologia fraca∗
de (L∞(Ω))n2
para mostrar as dificuldades e t´ecnicas envolvidas. O caso que consideraremos ´e o caso de fun¸c˜oes peri´odicas com freq¨uˆencia tendendo a infinito.
Seja Y um intervalo deRn definido por
(0, l1)× · · · ×(0, ln) (2.14)
ondel1, . . . , ln s˜ao n´umeros positivos. Iremos nos referir aY como uma c´elula de referˆencia.
Defini¸c˜ao 2.1.1. Seja Y dado pela equa¸c˜ao (2.14) e seja f uma fun¸c˜ao definida q. s. em
Rn. A fun¸c˜ao f ´e chamada de Y-peri´odica se
f(x+kliei) = f(x) q. s. em Rn, ∀k ∈Z, i∈ {1, . . . , n},
onde e1, . . . , en ´e a base canˆonica de Rn. No caso n=1, simplesmente dizemos que f ´e
l1-peri´odica.
Defini¸c˜ao 2.1.2. Seja Ω um aberto limitado de Rn e f uma fun¸c˜ao em L1(Ω). O valor
m´edio de f em Ω´e o n´umero real dado por
MΩ(f) =
1
|Ω|
Z
Ω
Sejam α, β ∈R, tais que α < β eA= (aij)1≤i,j≤n uma matriz n×n tal que
(
aij ´e Y-peri´odica, i, j = 1, . . . , n
A∈M(α, β, Y), (2.15)
Seja
aǫ
ij(x) =aij(
x
ǫ) q. s. emR
n, ∀i, j = 1, . . . , n (2.16)
e
Aǫ(x) =A(x
ǫ) = (a
ǫ
ij(x))1≤i,j≤nq. s. emRn. (2.17)
´
E simples verificar que Aǫ satisfaz (2.2) para todo ǫ. Ent˜ao todas as considera¸c˜oes acima
valem para o problema (2.5) escrito comAǫ dado por (2.17).
Segue do Teorema 2.2.1 (da pr´oxima se¸c˜ao) que se ǫ→0, ent˜ao
Aǫ ⇀ M∗ Y(A) em (L∞(Ω))n 2
, (2.18)
onde a matriz (MY(A))ij ´e definida por
(MY(A))ij =
1
|Y|
Z
Y
aij(y)dy. (2.19)
Neste caso, ´e natural perguntar se ξ0 = M
Y(A)∇u0. Esta igualdade ´e falsa mesmo em
dimens˜ao 1. Em dimens˜ao 1 temosu0 ∈H1
0(b, c) ´unica solu¸c˜ao da formula¸c˜ao variacional do
seguinte problema
− d
dx
1
M(0,l1)(1a)
du0
dx
=f em (b, c)
u0(b) =u0(c) = 0.
(2.20)
Como em geral temos
1
M(0,l1)(
1
a) du0
dx 6=M(0,l1)(a) du0
dx ,
segue que
lim
ǫ→0
aǫdu
ǫ
dx
6
=lim
ǫ→0a
ǫ lim ǫ→0
duǫ
dx
,
no sentido de convergˆencia fraca emL2(b, c).
2.2
Fun¸c˜
oes peri´
odicas altamente oscilantes
O objetivo desta se¸c˜ao ´e demonstrar o Teorema 2.2.1 que caracteriza a convergˆencia fraca e fraca* de fun¸c˜oes peri´odicas. Para isto precisaremos dos seguintes resultados auxiliares.
Lema 2.2.1. Seja f uma fun¸c˜ao Y-peri´odica em L1(Y). Seja y
0 um ponto fixado em Rn e denote por Y0 a transla¸c˜ao de Y definida por
Y0 =y0+Y Seja
fǫ(x) =f(
x
ǫ) q. s. em R
n.
Ent˜ao
i)
Z
Y0
f(y)dy=
Z
Y
f(y)dy,
ii)
Z
ǫY0
fǫ(y)dy=
Z
ǫY
fǫ(y)dy =ǫn
Z
Y
f(y)dy.
(2.21)
Lema 2.2.2. Seja E um espa¸co de Banach reflexivo e {xn} uma sequˆencia limitada em E.
Ent˜ao
i)Existe uma subsequˆencia {xnk} de{xn} ex∈E tal que {xnk} converge fracamente para x.
ii) Se toda subsequˆencia fracamente convergente de {xn} tem o mesmo limite x, ent˜ao a
sequˆencia {xn} converge fracamente para x. Prova: A prova de i) pode ser encontrada em [5]
Apresentamos aqui a prova de ii). De fato, suponha que toda subsequˆencia de {xn}
fracamente convergente converge para x ∈ E. Se {xn} n˜ao converge fracamente para x,
ent˜ao existem ǫ0 > 0, x∗ ∈ E∗ e uma subsequˆencia {xnk} tal que |x
∗(x
nk −x)| ≥ ǫ0 e isto
contradiz o item i) pois para {xnk}deve ter uma subsequˆencia fracamente convergˆente para
x.
Lema 2.2.3. Seja1< p <∞e{un}uma sequˆencia emLp(Ω). Ent˜ao as seguintes condi¸c˜oes
s˜ao equivalentes:
1. un ⇀ uem Lp(Ω).
2. Existe C ≥0 tal que kunkLp(Ω) ≤C, ∀n∈N e
Z
I
undx→
Z
I