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A cooperação penal internacional no Brasil

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Academic year: 2017

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Coordenação de Publicações

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1,

V.4, N. 1, janeiro 2007

I SSN 1808678 - 0

A COOPERAÇÃO PENAL

INTERNACIONAL NO BRASIL

Maíra Rocha Machado

Marco Aurélio Cezarino Braga

Rua Rocha, 233 - 7º andar - Bela Vista

CEP 01331-050 - São Paulo - SP

http://www.direitogv.com.br

Pesquisa desenvolvida no marco de convênio de cooperação

científica com o Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e

(2)
(3)

CADERNOS DIREITO GV

V. 4, N. 1, janeiro de 2007

ISSN 1808-6780

Janeiro 2007

São Paulo – SP

Publicação Bimestral da Fundação Getulio Vargas

Escola de Direito de São Paulo (DIREITO GV)

TIRAGEM: 300 EXEMPLARES

©

CDG - Cadernos Direito GV, JANEIRO 2007 – São Paulo

Ed. Fundação Getulio Vargas

ISSN 1808-6780

BIMESTRAL

(4)

EDITORES

Janeiro, 2007, José Rodrigo Rodriguez.

INCLUI BIBLIOGRAFIA

DIREITO – PERIÓDICOS. I. São Paulo. DIREITO GV

Todos os direitos desta edição são reservados à ED. FGV.

DISTRIBUIÇÃO

Comunidade científica: 300 exemplares

REVISÃO

Ana Mara França Machado

PRODUÇÃO INDUSTRIAL

Impressão e acabamento: Gráfica FGV

Data da Impressão: Janeiro/2007

Tiragem: 300

PERIODICIDADE

Bimestral

CORRESPONDÊNCIA

Rua Rocha, 233, 7º andar – Bela Vista

CEP 01331-050 – São Paulo – SP - Brasil

Tel: (11) 3281-3304 / 3310

http://www.direitogv.com.br

Email: revistadireitogv@fgvsp.br

(5)

Í

NDICE

Apresentação ... 5

1. Carta Rogatória... 8

1.1. Descrição da coleta de dados... 9

1. 2. Resultados... 12

2. Homologação de sentença estrangeira... 23

2.1. Descrição da coleta de dados... 25

2.2 Resultados... 27

3. Extradição... 32

3.1. Descrição da coleta de dados... 33

3.2. Resultados... 34

Anexo I - Carta Rogatória ...41

Anexo II - Sentença ...53

(6)
(7)

A COOPERAÇÃO PENAL INTERNACIONAL NO BRASIL

RELATÓRIO DE PESQUISA

AS DECISÕES DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL EM CARTAS ROGATÓRIAS,

HOMOLOGAÇÕES DE SENTENÇA ESTRANGEIRA E PEDIDOS DE EXTRADIÇÃO

(1994-2004)

Maíra Rocha Machado

1

Marco Aurélio Cezarino Braga

2

APRESENTAÇÃO

Assistimos, atualmente, a importantes alterações na forma de o Estado brasileiro interagir

com outros países em investigações e procedimentos judiciais em matéria penal. Nesse

sentido, há pouco mais de uma década, o fenômeno da internacionalização do direito penal

tem impulsionado a incorporação de novos mecanismos e institutos voltados a permitir ou

aprimorar o diálogo entre o nosso ordenamento jurídico e os demais.

Nesse período, as disposições constantes no Estatuto de Roma que cria o Tribunal Penal

Internacional, nas convenções internacionais da ONU sobre o tráfico de drogas, a

criminalidade transnacional, o financiamento do terrorismo, bem como no sistema

antilavagem de dinheiro elaborado pelo GAFI/OCDE, têm pautado as propostas de

construção de um quadro normativo para regulamentar a cooperação penal internacional no

Brasil. Na falta de um regramento unificado sobre conteúdo e procedimento, a tramitação

de pedidos de cooperação internacional subordina-se às regras constantes na Constituição

Federal, em tratados internacionais e acordos bi e multilaterais, em normas internas

espalhadas por diferentes Códigos, além de regimentos internos e portarias.

Enquanto as propostas estão sendo elaboradas e debatidas, é possível notar modificações

pontuais, mas de extrema relevância, no cenário prevalecente até então. A principal delas é

1

Bacharel e doutora em Direito pela Universidade de São Paulo, pesquisadora do Núcleo Direito e

Democracia do Cebrap e professora da Direito-GV.

(8)

a mudança de competência para julgar e processar cartas rogatórias e homologações de

sentença estrangeira do Supremo Tribunal Federal (STF) para o Superior Tribunal de

Justiça (STJ). Esta alteração ocorreu com a Reforma do Judiciário, promulgada pela

Emenda Constitucional 45/2004, de 08.12.2004, e incorporada em março do ano seguinte

pela Resolução 09, de 04.05.2005, da presidência do STJ. Outra alteração de suma

importância é a estruturação de uma “autoridade central” brasileira, responsável por

tramitarem diretamente pedidos de cooperação internacional, além de propor e negociar

acordos internacionais com este fim, papel desempenhado pelo Departamento de

Recuperação e Ativos Ilícitos do Ministério da Justiça (DRCI-MJ).

Nesse quadro insere-se o projeto de pesquisa “Cooperação penal internacional no Brasil”,

iniciado em julho de 2004, no marco de um convênio de cooperação científica firmado

entre a Direito-GV e o Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e Cooperação

Internacional do Ministério da Justiça. Nesta primeira etapa da pesquisa, o foco foi a

atuação do Poder Judiciário em pedidos de cooperação penal internacional recebidos pelo

Brasil na última década. Especificamente, o objeto de análise foram cartas rogatórias,

homologações de sentenças estrangeiras e extradições que tramitaram no STF entre 1994 e

2004.

A pesquisa buscou cumprir dois objetivos. Em primeiro lugar, desenvolver um método de

sistematização e estudo de decisões judiciais, procurando dar o máximo aproveitamento às

informações disponibilizadas na Internet, no caso, pelo STF. Em segundo lugar, conhecer a

demanda por cooperação internacional que chega ao País e a forma como respondemos a

elas.

Para tanto, foi construída uma base de dados, de acordo com diferentes critérios conforme

se explicitará adiante, que compreende 400 cartas rogatórias, 151 homologações de

sentença estrangeira e 203 acórdãos referentes a pedidos de extradição julgados pelo STF

entre 1994 e 2004. Extraídos da página do STF na Internet, as decisões e os acórdãos foram

compilados e suas informações sistematizadas em tabela formato Excel.

(9)

quadro da cooperação internacional no Brasil, no que diz respeito, por exemplo, aos países

e aos tipos de diligências solicitadas, aos crimes sobre os quais versam as decisões, ao

tempo de tramitação e aos fundamentos apresentados para concessão e denegação dos

pedidos.

Ao lado dos resultados quantitativos, a compilação de informações completas sobre cada

um dos acórdãos facilita a identificação e a reconstituição da formação de entendimentos

jurisprudenciais relativos a questões específicas.

O presente relatório limita-se a apresentar a metodologia utilizada para selecionar as

decisões e construir a tabela, a descrição da tramitação dos pedidos e os resultados

quantitativos obtidos, em relação a cada um dos pedidos de cooperação internacional

analisados aqui: carta rogatória (I), homologação de sentença estrangeira (II) e extradição

(III).

(10)

1. CARTA ROGATÓRIA

Convivem hoje no Brasil dois sistemas de cooperação internacional em matéria penal. Um

tradicional, consolidado e centralizado na carta rogatória, e outro que começa a se formar

por intermédio da assinatura de acordos bilaterais e multilaterais de cooperação. Nesse

último sistema, a cooperação realiza-se por meio de uma “autoridade central”.

3

Trata-se de

um órgão que concentra a tramitação dos pedidos de assistência e cooperação tanto

ativos

de órgãos do sistema de justiça brasileiro destinado ao exterior – quanto

passivos

oriundos de autoridades estrangeiras para cumprimento no Brasil. Sua função é verificar o

preenchimento dos requisitos legais, conforme a legislação brasileira e o direito

internacional, e encaminhar a solicitação ao destinatário. A utilização deste sistema de

cooperação direta, via “autoridades centrais”, depende da existência de acordos

internacionais ou do oferecimento de garantia de reciprocidade. Atualmente este sistema é

utilizado na cooperação penal entre o Brasil e os países do Mercosul, além da Colômbia,

Estados Unidos da América, França, Itália, Peru e Portugal, entre outros.

Nos demais casos, a cooperação realiza-se por carta rogatória. Denominam-se “ativas” as

cartas rogatórias que o Judiciário brasileiro envia ao exterior e “passivas”, as que

recebemos de outros países. Estas últimas, objeto deste relatório, são encaminhadas ao

Brasil por autoridades estrangeiras e recebidas pela via diplomática no Ministério das

Relações Exteriores. Até dezembro de 2004, as cartas eram então remetidas ao presidente

do STF para a concessão do

exequatur

. Com a reforma do Judiciário, como explicitado

anteriormente, o STJ passou a exercer esta competência.

4

3

No Brasil, esta função é exercida pelo Departamento de Recuperação de Ativos Ilícitos e Cooperação

Internacional do Ministério da Justiça (DRCI-MJ), criado pelo Decreto 4.991, de 18.02.2004, que aprova a

estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão e das funções gratificadas do

Ministério da Justiça, Anexo 1, art. 13, IV. Outras informações sobre a autoridade central brasileira podem ser

encontradas em Maíra Rocha Machado. As novas estratégias de intervenção sobre crimes transnacionais e o

sistema de justiça criminal brasileiro. In: Catherine Slakmon, Maíra Machado e Pierpaolo Bottini (Org.).

Novas direções na governança da justiça e da segurança.

Brasília: Ministério da Justiça, 2006; e, da mesma

autora, O sistema antilavagem de dinheiro e a cooperação internacional no Brasil.

In: Alberto do Amaral

Júnior e Kathia Martin Chenut (Org.).

Globalização e internacionalização do direito penal

. No prelo.

4

Sobre a tramitação e as condições necessárias ao cumprimento das cartas rogatórias ativas e passivas ver,

além das informações constantes no

site

do Ministério da Justiça, Susan Kleebank.

Cooperação Judiciária

por via diplomática.

Avaliação e propostas de atualização do quadro normativo. Brasília: Instituto Rio

(11)

1.1. DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS

Para o levantamento dos dados sobre as cartas rogatórias, utilizamos a base de dados do site

do STF (www.stf.gov.br). A pesquisa foi feita pelo termo rogatória dentro do campo

“decisões monocráticas”. Foram encontradas 655 decisões, envolvendo cartas rogatórias

(CR), pedido de homologação de sentença estrangeira (SE) e pedido de extradição (EX).

Para a pesquisa, foram consideradas apenas as decisões denominadas “CR” pelo

distribuidor do STF, totalizando 400. Este conjunto de decisões, referentes ao período

compreendido entre 13.10.1994 a 20.03.2004, compõe nosso banco de dados.

Se considerarmos os números de distribuição da primeira e da última carta rogatória do

banco de dados, é possível identificar que, no decorrer deste mesmo período, entraram no

STF 3.890 cartas rogatórias. Não há, no entanto, como estabelecer qualquer tipo de relação

entre as 400 cartas do nosso banco e o total de cartas do período. Isto porque, ao contrário

dos acórdãos, que são disponibilizados no

site

a cada sexta-feira, as decisões monocráticas

passam por um processo de seleção manual, não baseado em critérios objetivos. De acordo

com as informações fornecidas pelo Sr. Alaor Assis Fernandes, tendo em vista o “enorme

volume” de decisões monocráticas proferidas semanalmente pelo Supremo, é necessário

fazer uma seleção. Responsável por grifar em vermelho em cópia impressa do

Diário

Oficial da União

as decisões monocráticas que vão para o

site

, Sr. Alaor explica que os

“critérios de seleção são subjetivos” e que procura “eliminar as decisões muito repetitivas,

sem muito interesse ao usuário do

site

”.

5

Isto significa que os resultados apresentados ao

final neste relatório não representam a totalidade de cartas rogatórias do período, mas

apenas o total de cartas rogatórias disponíveis no

site

.

Enfim, a partir das informações do

site

, foram copiadas para documentos de Word a página

principal (com o resumo da decisão e dos fatos), o

link

intitulado “detalhes” que continha

informações sobre o número do protocolo, data de entrada no STF, país de origem, data da

na Idade Média da Cooperação Internacional.

Revista Brasileira de Ciências Criminais

, n. 54, maio-jun.

2005; e Maíra Rocha Machado. Cooperação penal internacional no Brasil: as cartas rogatórias passivas.

Revista Brasileira de Ciências Criminais

, n. 53, p. 98-118, mar.-abr. 2005.

5

Agradecemos mais uma vez ao Sr. Alaor, chefe da coordenadoria de análise de jurisprudência da Secretaria

(12)

autuação, ramo do direito, assunto da carta (qual diligência solicitada) e identificação das

partes envolvidas. Também foram copiadas as informações presentes no

link

“andamentos”,

que contém todo o trâmite processual desde a chegada e registro do processo até sua

devolução ao juízo rogante.

O levantamento foi feito então com base nessas cópias e, para a classificação das decisões,

foi utilizado o número do protocolo de distribuição do cartório. Foi necessário reclassificar

algumas decisões quanto ao ramo do direito, visto que algumas delas indicavam tratar-se da

área civil quando o conteúdo da carta rogatória deixava claro que a solicitação dizia

respeito à matéria penal. Quanto às outras informações, o levantamento dos dados reproduz

o conteúdo da carta rogatória, por meio da cópia integral de partes do texto disponível no

site

. É importante destacar que no

site

do STF está disponibilizado para pesquisa somente o

relatório do Presidente do Tribunal que emitiu a decisão monocrática. Não constam,

portanto, informações que seriam de extrema importância para o desenvolvimento de

análises qualitativas, como o inteiro teor da carta encaminhada pelo país rogante, o parecer

da Procuradoria-Geral da República e ainda o voto do Ministro-presidente. Este fato nos

levou a encontrar, em 249 das 400 cartas rogatórias, situações em que o crime sobre o qual

versa o processo que originou o pedido de cooperação não pôde ser identificado.

6

O cadastro de todo o material –

download

e cópia das decisões do

site

– foi feito de uma só

vez, num período de 15 dias. Com isso, é possível dizer que não existem lacunas ou ainda

decisões que não estão abrangidas na pesquisa entre aquelas disponíveis no

site

.

Após o cadastro, iniciamos o preenchimento dos campos com as informações constantes

nos documentos. Definimos 28 campos, divididos em quatro grandes grupos:

(A) Procedimento: número da carta rogatória; procedência – país em que teve origem o

pedido de diligência; juízo rogante – órgão do país que emitiu a rogatória a ser cumprida no

Brasil; ramo do direito – classificação de acordo com a natureza da ação ou procedimento

no juízo rogante; partes – os interessados na carta rogatória, quando identificados. São

6

É o caso da CR 7126 que trata de quebra de sigilo bancário: as informações disponíveis para leitura não nos

permite dizer qual foi o crime cometido na Itália que originou o pedido de quebra de sigilo e seqüestro de

bens dos interessados no Brasil. A carta rogatória foi classificada pelo

site

como tratando de “assuntos

(13)

incluídos nessa classificação todos aqueles que terão relação com o cumprimento das

diligências; relator: presidente do STF à época do julgamento; objeto: tipificação penal

mencionada referente ao processo instaurado no juízo rogante; diligência solicitada:

utilizamos aqui a lista de possíveis diligências em cartas rogatórias elaborada pelo

DRCI-MJ (citação, intimação, inquirição de testemunhas, fornecimento de documentos,

fornecimento de informações, quebra de sigilo bancário e seqüestro de bens).

(B) Recursos: número – identificação da petição distribuída no STF; tipo – impugnação,

agravo regimental ou embargos de declaração à carta rogatória; objeto do recurso – síntese

das alegações da parte que interpôs o recurso; decisão – se o pedido foi negado, provido,

não conhecido ou ainda não foi julgado.

(C) Datas e prazos: entrada no STF (autuação) – data de registro da carta; citação do

interessado – refere-se à data de juntada aos autos do Aviso de Recebimento (AR), ou ao

término do prazo da citação por edital; parecer da Procuradoria-Geral da República –

refere-se à data em que o parecer é juntado aos autos; diligência necessária – se o pedido

não está completo, por qualquer motivo, ele pode ser transformado em diligências para

complementação da carta rogatória. Após a complementação, o processo retorna ao trâmite

normal; decisão – quando mescladas, as células referem-se às datas das decisões sobre os

recursos interpostos e à data da decisão que concede ou denega o

exequatur

; baixa dos

autos em diligência – ocorre apenas após a concessão do

exequatur

. Os autos são

encaminhados ao juízo rogado; retorno ao STF – depois de cumpridas as diligências, os

autos são encaminhados novamente ao Tribunal para envio ao juízo rogante; devolução ao

rogante – data em que o pedido cumprido é encaminhado ao juízo rogante.

(D)

Exequatur

: este grupo divide-se em sete campos. Os três primeiros dizem respeito à

decisão final do STF sobre a concessão ou não do

exequatur

(concedido, negado, parcial).

O quarto campo diz respeito à justificativa adotada pelo STF para conceder ou negar o

exequatur

. Neste campo, reproduzimos trechos da decisão que nos permite, pelo

(14)

1.2. RESULTADOS

No período analisado, exerceram a presidência e, logo, decidiram sobre a concessão de

cartas rogatórias os Ministros Marco Aurélio, em 201 casos, Maurício Corrêa, em 119,

Carlos Veloso em 44, Celso de Melo em 17, Sepúlveda Pertence em 15 e Nelson

Jobim em 4.

No tocante aos objetos, especificamente na área penal, foram identificados mais de 20 tipos

penais diferentes. Entre os quais estão: homicídio, roubo, furto, acidente de trânsito,

atentado terrorista, atentado violento ao pudor, perturbação da ordem, comércio

fraudulento, contrabando, corrupção, lavagem de dinheiro, evasão de divisas, falsificação

de moedas, seqüestro de crianças, tráfico de drogas e tráfico de mulheres.

Apresentamos, a seguir, tabelas referentes ao número de cartas rogatórias de acordo com o

país, o ramo do direito e o tipo de diligência solicitada.

Tabela 1 – Número de cartas rogatórias por país

TOTAL

Quant.

%

Penal

Quant.

% do total

% por país

Alemanha 31

7,8%

Alemanha 5 4,4%

16,1%

Argentina

130

32,5%

Argentina

30

26,3%

23,1%

Áustria 6

1,5%

Áustria

2

1,8%

33,3%

Bélgica 4

1,0%

Bélgica

3

2,6%

75,0%

Bolívia 2

0,5%

Bolívia

0

0,0%

0,0%

Chile

8

2,0%

Chile

4

3,5%

50,0%

China

1

0,3%

China

0

0,0%

0,0%

Colômbia 9

2,3%

Colômbia

6

5,3%

66,7%

Costa Rica

1

0,3%

Costa Rica

1

0,9%

100,0%

Dinamarca 3

0,8%

Dinamarca

2

1,8%

66.7%

El Salvador

1

0,3%

El Salvador

1

0,9%

100,0%

Espanha 16

4,0%

Espanha

2

1,8%

12,5%

EUA 31

7,8%

EUA

1

0,9%

3,2%

França 27

6,8%

França

10

8,8%

37,0%

Grécia 3

0,8%

Grécia

1

0,9%

33,3%

Holanda 2

0,5%

Holanda

1

0,9%

50,0%

Inglaterra /

Grã-Bretanha 7

1,8%

Inglaterra /

Grã-Bretanha 2 1,8% 28,6%

Itália 12

3,0%

Itália

7

6,1%

58,3%

(15)

México 2

0,5%

México

0

0,0%

0,0%

Noruega 1

0,3%

Noruega

0

0,0%

0,0%

Paraguai 3

0,8%

Paraguai

1

0,9%

33,3%

Peru

1

0,3%

Peru

0

0,0%

0,0%

Portugal

40

10,0%

Portugal

15

13,2%

37,5%

Suíça 18

4,5%

Suíça

11

9,6%

61,1%

Turquia 2

0,5%

Turquia

0

0,0%

0,0%

Uruguai 18

4,5%

Uruguai

8

7,0%

44,4%

Venezuela

1

0,3%

Venezuela

1

0,9%

100,0%

TOTAL 400

100,0%

TOTAL 114

100,0%

28,5%

Tabela 2 – Número de cartas rogatórias por ramo do direito

Ramo do direito

Quant.

%

Penal 114

28,5%

Civil 256

64%

Administrativo 1

0,25%

Comercial 21

5,25%

Financeiro 4

1%

Trabalhista 4

1%

TOTAL 400

100,0%

Tabela 3 – Número de cartas rogatórias por tipo de diligência

Todas as cartas

Total

%

Citação, intimação, inquirição de testemunhas

1

208 53%

Fornecimento de documentos e informações

2

164 42%

Quebra de sigilo bancário

20 5%

Seqüestro de bens

3 1%

TOTAL

395 100%

1

3 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

2

2 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

(16)

reagrupamos estas onze em quatro grandes categorias: (i) apenas pedidos comuns (citação,

intimação, inquirição de testemunhas); (ii) pedidos envolvendo, entre outros, entrega de

documentos e informações; (iii) pedidos envolvendo, entre outros, quebra de sigilo

bancário; e (iv) pedidos referentes a seqüestro de bens.

Tabela 4 – Resultado por país – matéria penal

País

Concedido

Negado

Parcial

julgado

Não

Total

Alemanha

4 80,0%

1 20,0%

0 0,0% 0

0,0% 5

Argentina

21 70,0%

6 20,0%

3 10,0% 0

0,0% 30

Áustria

1 50,0%

1 50,0%

0 0,0% 0

0,0% 2

Bélgica

1 33,3%

0 0,0%

1 33,3% 1

33,3% 3

Chile

1 25,0%

2 50,0%

1 25,0% 0

0,0% 4

Colômbia

4 66,7%

0 0,0%

2 33,3% 0

0,0% 6

Costa Rica

1 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

1

Dinamarca

2 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

2

El Salvador

0 0,0%

1

100,0%

0 0,0% 0

0,0% 1

Espanha

1 50,0%

0 0,0%

1 50,0% 0

0,0% 2

EUA

1 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

1

França

4 40,0%

2 20,0%

4 40,0% 0

0,0% 10

Grécia

0 0,0%

1

100,0%

0 0,0% 0

0,0% 1

Holanda

1 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

1

Inglaterra / Grã-Bretanha

2 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

2

Itália

3 42,9%

2 28,6%

1 14,3% 1

14,3% 7

Paraguai

1 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

1

Portugal

11 73,3%

4 26,7%

0 0,0% 0

0,0% 15

Suiça

5 45,5%

2 18,2%

4 36,4% 0

0,0% 11

Uruguai

5 62,5%

1 12,5%

2 25,0% 0

0,0% 8

Venezuela

1 100,0%

0 0,0%

0 0,0% 0

0,0%

1

(17)

Tabela 5 – Resultado por tipo de diligência e ramo do direito

T I P O D E D I L I G Ê N C I A P O R R A M O D O D I R E I T O

Penal

Concedidas

%

Negadas

%

Parcial

%

Total

%

Citação, intimação, inquirição

de testemunhas

1

23 74% 7 23% 1 3% 31 28%

Fornecimento de documentos e

informações

2

45 71% 10 16% 8 13% 63 56%

Quebra de sigilo bancário

2

11%

6

33%

10

56%

18

16%

TOTAL

70

63% 23 21% 19 17% 112 100%

1

1 carta não foi julgada

2

1 carta não foi julgada

Civil

Concedidas

%

Negadas

%

Parcial

%

Total

%

Citação, intimação, inquirição

de testemunhas¹

138 84% 24 15% 3

2%

165 65%

Fornecimento de documentos e

informações

62 73% 19

22%

4

5%

85 33%

Quebra de sigilo bancário²

1

50%

1

50%

0

0%

2

1%

Seqüestro de bens

0

0%

2

100%

0

0%

2

1%

TOTAL 201

79%

46

18%

7

3%

254

100%

¹ 2 cartas não julgadas.

² O pedido concedido refere-se à apreensão de valores depositados em conta corrente (CR 30905), a carta negada

refere-se à quebra de sigilo bancário (CR 100003).

Demais áreas

Concedidas

%

Negadas

%

Parcial

%

Total

%

Citação, intimação, inquirição

de testemunhas

11 92% 1 8% 0

0%

12 41%

Fornecimento de documentos e

informações

1

12 75% 3 19%

1

6%

16 55%

Seqüestro de bens

1

100%

0

0%

0

0%

1

3%

TOTAL 24

83%

4

14%

1

3%

29

100%

1

1 carta não julgada

Todas as cartas

Concedidas

%

Negadas

%

Parcial

%

Total

%

Citação, intimação, inquirição

de testemunhas

1

172 83% 32 15% 4

2%

208 53%

Fornecimento de documentos e

informações

2

119 73% 32 20%

13

8%

164 42%

Quebra de sigilo bancário

3

15%

7

35%

10

50%

20

5%

Seqüestro de bens

1

33%

2

67%

0

0%

3

1%

TOTAL 295

75%

73

18%

27

7%

395

100%

1

3 CRs que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

(18)

A tabela 4 realiza um cruzamento das informações relativas à área do direito, ao tipo de

diligência e ao número de concessões e denegações. Dessa forma, pode-se notar que,

considerando o conjunto total de cartas rogatórias, o Supremo concede muito mais que

denega (75% de concessões contra 18% de denegações). Esta relação modifica-se ao

considerarmos separadamente as cartas concernentes à matéria penal e à matéria civil.

Como se vê, na área penal o resultado da carta corresponde a 63% de concessões contra

21% de denegações, enquanto na área civil esta relação altera-se para 79% de concessões

contra 18% de denegações.

Vale lembrar que a alta taxa de concessões é fortemente influenciada pelas citações,

intimações e inquirições de testemunhas que, em todas as áreas, têm as taxas mais elevadas

de concessão. O mesmo não ocorre quando se trata de medidas relacionadas à quebra de

sigilo bancário. Especificamente relacionadas à área penal, havendo solicitação desta

natureza, o padrão de resultado das cartas inverte-se: 89% de denegações contra 11% de

concessões.

Tabela 6 – Resultado, de acordo com o objeto da carta – matéria penal

PENAL

Objeto

Concedido

Negado

Parcial

Total

Acidente de trânsito

1

0

0

1

Atentado terrorista

5

2

1

8

Atentado violento ao pudor

1

0

0

1

Perturbação à ordem pública

1

0

0

1

Comércio fraudulento

1

0

0

1

Confirmação sobre existência de ação penal

contra os interessados

0 1

0

1

Contrabando 1

0

0

1

Crimes contra a honra

0

1

0

1

Emissão de cheque sem cobertura

2

0

0

2

Extradição (dar ciência de processo)

1

0

0

1

Falsificação de moeda

0

1

0

1

Furto 1

0

1

2

Homicídio 3

1

3

7

Infração contra a ANAG (lei para

(19)

Não apurado

1

0

1

2

Não especificado¹

37

9

5

51

Operação Condor

1

0

0

1

Prisão decretada no exterior (intimação para

cumprimento de pena)

1 0

0

1

Remessas ilegais ao exterior

1

0

0

1

Roubo de bens patrimoniais

0

0

1

1

Roubo de veículo

1

2

0

3

Seqüestro 1

3

0

4

Tráfico de drogas

7

1

4

12

Tráfico de mulheres

0

0

1

1

Lavagem de dinheiro e outros (corrupção,

falência fraudulenta, estelionato)

2 2

2

6

TOTAL 70

23

19

112

¹ CRS que pediam esse tipo de diligência ainda não foram julgadas

Tabela 7 – Resultado, de acordo com o objeto da carta – matéria civil

Objeto

Concedido Negado Parcial

Total

Abandono de família

1

1

0

2

Ação de cobrança

4

0

0

4

Ação de indenização

12

0

0

12

Ação declaratória de nulidade de registro de imóveis

1

0

0

1

Averiguação adquirida de direitos de imagens

1

0

0

1

Coleta de sangue

1

0

0

1

Comparecimento em audiência

1

0

0

1

Débito de pensão alimentícia

0

1

0

1

Declaração testemunhal

0

1

0

1

Declarações falsas

1

0

0

1

Descumprimento de decisão judicial

0

1

0

1

Dívida* 0

1

0

1

Dívida de jogo

1

3

0

4

Dívida em pensão alimentícia

1

0

0

1

Dívida no exterior decorrente de sociedade

comercial

1 0

0

1

Divórcio 9

2

0

11

Embargo de bens

0

1

0

1

Guarda de menor e direito de visita

5

0

2

7

Liquidação de sociedade conjugal

1

0

0

1

(20)

Não especificado*

145

29

4

178

Nenhum 3

0

0

3

Pagamento de direitos autorais

1

0

0

1

Partilha 0

1

0

1

Paternidade 3

1

0

4

Penhora de imóvel

0

1

0

1

Pensão alimentícia

0

1

0

1

Perdas e danos

1

0

0

1

Prescrição aquisitiva de imóvel

1

0

0

1

Quebra de uma prótese mamária implantada

0

1

0

1

Reavaliação de bens

1

0

0

1

Regulação de honorários

0

0

1

1

Reparação de danos

1

0

0

1

Repatriamento de restos mortais

1

0

0

1

Resgate de títulos da dívida pública entre 1902 e

1911

0 1

0

1

Separação litigiosa

1

0

0

1

Transcrição e registro de direito de propriedade

1

0

0

1

Violação contratual e descumprimento de obrigações

1

0

0

1

TOTAL 201

46

7

254

* 1 CR ainda não foi julgada

Os levantamentos relacionados ao objeto da carta rogatória, isto é, ao tipo penal investigado

no país de origem, foram fortemente prejudicados pela falta de informações a este respeito.

7

Como se vê na tabela 6, em 51 de 112 (46%) dos casos relacionados à área penal, não há

indicação do objeto na folha de rosto da decisão (informações detalhadas), ou mesmo no

corpo da decisão. No tocante à esfera civil, este número é ainda maior: em 178 de 254

(70%) dos casos não há especificação do objeto do procedimento que tramita no juízo

rogante (tabela 7).

De qualquer forma, entre as cartas que indicam o crime relacionado ao pedido de

cooperação, é possível notar que “tráfico de drogas” lidera com doze pedidos, seguido de

“atentado terrorista” com oito solicitações, “homicídio” com sete e lavagem de dinheiro

com seis pedidos. Na esfera civil, o maior número de pedidos refere-se a “ações de

7

Para o levantamento destes dados foram consultados todos os documentos disponíveis na página do STF em

(21)

indenização”, em doze casos; seguido de “divórcios”, em onze; “guarda de menores” em

sete pedidos e, enfim, “dívida de jogo”, “paternidade” e “ação de cobrança” com quatro

pedidos cada.

Tabela 8 – Interposição de recursos, por tipo de diligência

PENAL

recurso

Sem

%

Com

um

recurso

%

Mais de

um

recurso

%

Total

Citação, intimação, inquirição de

testemunhas

19 59%

11 34%

2 6%

32

Fornecimento de documentos e

informações

59 92%

4 6% 1 2%

64

Quebra de sigilo bancário

12 67%

5 28%

1 6%

18

Seqüestro de bens

0 0% 0 0% 0 0%

0

TOTAL

90 79%

20 18%

4 4%

114

CIVIL

Sem

recurso

%

Com

um

recurso

%

Mais de

um

recurso

%

Total

Citação, intimação, inquirição de

testemunhas

110 66%

56 34%

1 1%

167

Fornecimento de documentos e

informações

75 88%

9 11%

1 1%

85

Quebra de sigilo bancário

2 0% 0 0% 0 0%

2

Seqüestro de bens

1 50%

1 50%

0 0%

2

TOTAL

188 73%

66 26%

2 1%

256

TODAS AS CARTAS

recurso

Sem

%

Com

um

recurso

%

Mais de

um

recurso

%

Total

Citação, intimação, inquirição de

testemunhas

135

64%

73

35%

3

1%

211

Fornecimento de documentos e

informações

148 89%

16 10%

2 1%

166

Quebra de sigilo bancário

14 70%

5 25%

1 5%

20

Seqüestro de bens

2 67%

1 33%

0 0%

3

TOTAL

299 75%

95 24%

6 2%

400

(22)

consolida as informações referentes à interposição de recurso, de acordo com a área do

direito e o tipo de diligência solicitada. Como se vê, há um padrão regular de interposição

de recursos: foram interpostos um ou mais recursos em 21% das cartas penais e em 26,5%

das cartas em matéria civil. A interposição reiterada de recurso em uma mesma carta

rogatória é, no entanto, mais freqüente na esfera penal (4% do total de cartas penais) que na

civil (1% do total de cartas cíveis).

No tocante ao tempo de tramitação, foram consideradas apenas as concluídas, isto é, as 309

cartas que já haviam sido devolvidas ao juízo rogante. Dentro deste grupo, calculamos o

tempo de tramitação levando em conta três variáveis: o ramo do direito, a eventual

existência de recurso e o resultado (concedidas e não-concedidas). No que concerne ao

ramo do direito, distinguimos entre cartas rogatórias “não-penais”, “apenas penais” e “todas

as cartas”. As duas outras variáveis são binárias: “com recurso” ou “sem recurso” e

“concedido” ou “negado”.

As estatísticas estão apresentadas em dias, pela média, desvio, mediana, número de casos

(N) e mínimo e máximo de dias contabilizados em cada categoria. Tendo em vista a

substancial variação entre o mínimo e o máximo em alguns casos, recomenda-se a

utilização da mediana, que não é afetada pelos valores extremos, para identificar o tempo

de tramitação dos procedimentos.

8

As três próximas tabelas, separadas de acordo com o ramo do direito, indicam o tempo total

de tramitação da carta rogatória, da data do primeiro registro no cartório do STF até a data

de devolução da carta ao juízo rogante.

(23)

Tabelas 9, 10 e 11 – Tempo total de tramitação, em dias

(da entrada até a devolução ao rogante)

Tabela 9 – Estatísticas por ramo do direito: “não-penal”

Estatísticas

Existência de

recurso

Resultado Média Desvio

Mediana N

Mínimo

Máximo

Parcial 408,5

136,5

408,5

2

312 505

Concedido 456,5 255,1 385,0 129 88

2121

Negado 185,7

155,2

135,0

31

35 820

Não

Total 404,1

260,2

361,0

162

35

2121

Parcial 321,0 . 321,0

1

321 321

Concedido 581,9 740,0 394,5 44 168 5005

Negado 359,6

258,6

274,0

14

86 1097

Sim

Total 524,7

656,3

370,0

59

86

5005

Tabela 10 – Estatísticas por ramo do direito: “penal”

Estatísticas

Existência de

recurso

Resultado Média Desvio

Mediana N Mínimo

Máximo

Parcial . . .

0

. .

Concedido 511,7 390,5 372,0 55 148 2345

Negado 259,4

152,4

208,0 19 46 629

Não

Total 446,9

361,7

349,0

74

46

2345

Parcial 691,0 . 691,0

1

691

691

Concedido 552,1 312,0 454,0 11 302 1336

Negado 592,0

111,7

592,0 2 513 671

Sim

Total 567,7

278,0

494,5

14

302

1336

Tabela 11 – Estatísticas por ramo do direito: “todas”

Estatísticas

Existência de

recurso

Resultado Média Desvio

Mediana N Mínimo

Máximo

Parcial 408,5

136,5

408,5 2

312

505

Concedido 473,0 301,9 381,5 184 88 2345

Negado 213,7

156,8

178,5 50

35 820

Não

Total 417,5

295,7

357,0

236

35

2345

Parcial 506,0

261,6

506,0 2

321

691

Concedido 575,9 674,0 398,0 55 168 5005

Negado 388,7

255,1

304,0 16

86 1097

Sim

(24)

As três tabelas seguintes referem-se ao tempo de tramitação das cartas rogatórias no interior

do STF. O objetivo aqui é medir o tempo que este leva para decidir pela concessão ou não

da carta rogatória. Tendo em vista que este marco temporal exclui o período de eventual

cumprimento das cartas rogatórias concedidas, eliminamos a variável relativa ao resultado

(“concedido” ou “negado”).

Tabelas 12, 13 e 14 – Tempo de tramitação no STF

(da entrada até a decisão)

Tabela 12 – Ramo do direito: “não-penal”

Existência de recurso

Média Desvio Mediana

N

Mínimo Máximo

Não 160,0

81,6

155,5

162

5

493

Sim 242,5

221,6

195,0

59

28

1381

Total 182,0

138,4

164,0

221

5

1381

Tabela 13 – Ramo do direito: “penal”

Existência de recurso

Média Desvio Mediana N Mínimo Máximo

Não 173,4

207,2

123,0

74

10

1317

Sim 353,8

251,8

257,0

14

98

972

Total 202,1

223,4

139,5

88

10

1317

Tabela 14 – Ramo do direito: “todas”

Existência de recurso

Média Desvio Mediana

N

Mínimo Máximo

Não 164,2

133,9

146,5

236

5

1317

Sim 263,9

230,1

199,0

73

28

1381

Total 187,7

166,9

156,0

309

5

1381

Tabela 15 – Tempo de tramitação consolidado

Da entrada à devolução ao

rogante

Ramo do direito

Da entrada à decisão do

STF

sem recurso

com recurso

dias

10 – 1317

46 – 2345

302 – 1336

“penal”

média

139

349 494,5

dias

5 – 1381

35 – 2121

86 – 5005

“não-penal”

média

164

361 370

dias

5 – 1381

35 – 2345

86 – 5005

“todas”

(25)

2.

HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇA ESTRANGEIRA

Ainda sob a égide do Império, o Decreto 6.982, de 27.07.1878, foi o primeiro a disciplinar

a execução das sentenças civis e comerciais estrangeiras. Mesmo sem regular

especificamente o procedimento de homologação de sentença estrangeira, os princípios

norteadores do instituto já se encontram presentes: reciprocidade, atendimento a

formalidades externas destinadas à execução da sentença, trânsito em julgado da sentença,

autenticação pelo consulado brasileiro, tradução por intérprete juramentado. Deste

conjunto, apenas a “reciprocidade” não migrou para a legislação posterior, pois a idéia de

garantia mútua de interesses dos Estados, sobrepondo-se à proteção dos direitos

individuais, revelou-se inadequada ao instituto.

9

O reforço ao sistema federativo impulsionado pelo advento da República revela-se, entre

outros fatores, pela atribuição de poder ao STF. Nessa linha, a Lei 221, de 1894, atribui a

competência para homologar sentenças estrangeiras ao STF, ouvidas as partes interessadas

e o Procurador-Geral da República. De acordo com o procedimento estabelecido no art. 12,

§ 4.º, o executado deve ser citado para oferecer sua “oposição”, podendo o exeqüente

contestá-la com base em fundamentos específicos. São eles: (i) a autenticidade do

documento e a inteligência da sentença; (ii) não ter a sentença passado em julgado; (iii) não

ter sido a sentença proferida por juiz ou tribunal competente; (iv) não terem sido

devidamente citadas as partes ou não se ter legalmente verificado a sua revelia, quando

deixarem de comparecer; (v) conter a sentença disposição contrária à ordem pública ou ao

direito público interno da União. Em nenhum caso é admissível a produção de provas sobre

as questões de fundo relacionadas à sentença (Lei 221/1894, art. 12, § 4.º, b).

O instituto não foi objeto de regulamentação constitucional até 1934, quando a Constituição

da República dos Estados Unidos do Brasil estabeleceu a competência da Corte Suprema

para processar e julgar originariamente, além da “extradição de criminosos, requisitada por

9

Ver, nesse sentido, Carlos Eduardo de Abreu Boucault.

Homologação de sentença estrangeira e seus efeitos

perante o STF.

São Paulo: Juarez Oliveira, 1999. p. 4-5. Em suas palavras: “A reciprocidade, prática correlata

(26)

outras nações”, a homologação de sentenças estrangeiras (art. 76). Da mesma forma, dispõe

a Constituição de 1937 e todas as seguintes.

10

Ao contrário da esfera civil em que não há especificação relativa à natureza da sentença, na

esfera penal apenas podem ser homologadas aquelas que obrigam uma pessoa condenada à

reparação do dano, a restituições e outros efeitos civis ou que a sujeitam a medida de

segurança (art. 7.º do Código Penal).

11

Desta limitação decorre a baixíssima utilização do

procedimento na esfera penal.

A necessidade de homologação por parte do STF como requisito fundamental à eficácia das

sentenças estrangeiras é enfatizada, posteriormente, no art. 16 da Lei de Introdução ao

Código Civil, de 1942, e no Código de Processo Civil, de 1973. A Lei de Introdução repete,

na forma de requisitos à execução da sentença estrangeira, os “fundamentos à oposição” da

Lei de 1894.

12

E acrescenta, para as leis, atos e sentenças de outro país, a impossibilidade

de obtenção de eficácia quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons

costumes (art. 17). O Código de Processo Civil, por seu turno, indica que cabe ao

Regimento Interno do STF regulamentar o procedimento homologatório (art. 483) e ainda

que, uma vez homologada a sentença, sua execução obedecerá às regras estabelecidas para

a execução de sentença nacional da mesma natureza (art. 484).

Enfim, com estas características e sob estes requisitos eram homologadas sentenças

estrangeiras no Brasil até a mais recente “reforma do Poder Judiciário”. Como indicado

anteriormente, a homologação de sentenças estrangeiras passou à competência do STJ que

estabeleceu novas regras ao seu processamento. Essas mudanças extrapolam, no entanto, os

10

Constituição de 1934, art. 76, I, alínea

g

; Constituição de 1937, art. 101, I, alínea

f

; Constituição de 1946,

art. 101, I, alínea

g

; Constituição de 1967, art. 114, I, alínea

g

; Emenda Constitucional de 1969, art. 119, I,

alínea

g

; Constituição de 1988, 102, I, alínea

h

. Em todas essas regulamentações, a competência para

conceder a homologação se manteve no STF.

11

A descrição do procedimento a ser seguido nestes casos encontra-se no Código de Processo Penal, arts. 788

a 790.

12

Os requisitos para execução de sentenças estrangeiras no Brasil são: a) haver sido proferida por juiz

(27)

limites do presente relatório, tendo em vista que a pesquisa realizada restringe-se às

decisões proferidas sob a competência do STF.

2.1.

DESCRIÇÃO DA COLETA DE DADOS

A pesquisa teve como base material as informações disponíveis no

site

do Supremo

Tribunal Federal (STF) – <www.stf.gov.br>. No campo “pesquisa de jurisprudência”,

realizamos uma pesquisa livre pela expressão “homologação de sentença estrangeira” no

campo “decisões monocráticas”. Foram encontrados 196 registros envolvendo cartas

rogatórias (CR), homologação de sentença estrangeira (SE) e

habeas corpus

(HC). Desses

registros, foram considerados 151 documentos denominados “SE” pelo distribuidor do

Tribunal.

A homologação de sentença estrangeira tem numeração seqüencial e própria e, por

conseguinte, é possível determinar o intervalo de tempo analisado e quantos pedidos foram

homologados ao longo desse período. A presente pesquisa refere-se ao período situado

entre 15.04.1996 e 02.08.2004, intervalo em que foram distribuídos 3.466 pedidos de

homologação de sentença estrangeira no STF. Deste total, apenas 151 decisões foram

disponibilizadas no

site

do STF, de acordo com critérios não objetivos.

13

As 151 decisões de homologação foram copiadas para documento de Word compreendendo

o relatório (com o resumo dos fatos e a última decisão), os “detalhes” do processo,

disponíveis em

link

separado que continham informações sobre data de entrada,

procedência, partes envolvidas, ramo do direito e ainda o assunto da sentença. Foi copiado

também o

link

intitulado “andamentos”, com toda a tramitação do processo, desde a entrada

ao arquivamento. Os documentos foram então classificados cronologicamente pela data da

autuação para facilitar a leitura e o acompanhamento de possíveis vertentes de

13

Como explicitado anteriormente no que diz respeito às cartas rogatórias, não há como estabelecer qualquer

(28)

interpretação, identificar entendimentos mais consolidados e posições do Tribunal a

respeito do tema. Vale destacar que a organização do

site

é feita a partir da data da decisão.

Com base neste material, passou-se à sistematização dos dados em planilha de Excel. A

planilha conta com 19 campos e foi dividida em quatro grandes áreas: (A) procedimentos,

(B) recursos, (C) datas e prazos, (D) fundamentação e ainda um último em que coletamos

observações relevantes à pesquisa.

(A) Procedimentos: número de identificação do distribuidor do STF; procedência – partes

envolvidas no processo que tramitou na Justiça estrangeira; relator – presidente responsável

pela homologação da sentença estrangeira; ramo do direito – classificação de acordo com a

natureza da sentença estrangeira (civil ou penal); objeto – conteúdo da sentença.

(B) Recursos: número de distribuição do recurso no cartório do STF; classificação do

recurso interposto; decisão do Pleno do Tribunal sobre a procedência ou não do recurso

interposto;

(C) Datas e prazos: entrada STF – data em que o processo é autuado; citação – quando

necessária, a data da citação das partes envolvidas na decisão a ser homologada; nomeação

de curador – quando uma das partes não contesta o pedido, ou não é devidamente citada, há

a nomeação de um curador especial que se pronunciará sobre o cabimento ou não da

homologação; parecer da Procuradoria Geral da República (PGR) – datas em que foi dada

vista à PGR para opinar sobre o pedido de homologação; despachos e decisões – datas em

que foram proferidas decisões; extração da carta de sentença – momento em que o

interessado retira a carta de sentença no STF; baixa ao arquivo – depois de julgado, data em

que o processo é encaminhado ao arquivo do STF.

(29)

2.2.

RESULTADOS

No tocante aos países que, no período compreendido pela pesquisa, deram origem às

solicitações de homologação de sentença estrangeira no Brasil, é possível identificar forte

concentração de pedidos em três deles: Estados Unidos, com 29%; Alemanha, com 21%; e

Suíça, com 9%. Doze dos 28 países constantes da lista apresentada a seguir originaram

apenas uma solicitação.

Tabela 16 – Pedidos de homologação de sentença estrangeira por país

País

Decisões Porcentagem

EUA 44

29%

Alemanha 31

21%

Suíça 14

9%

França 8

5%

Itália 6

4%

Argentina 5

3%

Japão 5

3%

Portugal 5

3%

Reino Unido

4

3%

Áustria 3

2%

Israel 3

2%

Austrália 2

1%

Espanha 2

1%

Noruega 2

1%

Paraguai 2

1%

República Dominicana

2

1%

Albânia 1

1%

Bolívia 1

1%

Chile 1

1%

Cuba 1

1%

Finlândia 1

1%

Hungria 1

1%

México 1

1%

Não consta

1

1%

Peru 1

1%

República do Líbano

1

1%

Rússia 1

1%

Suécia 1

1%

Turquia 1

1%

(30)

A grande maioria das sentenças objeto do pedido de homologação versava sobre questões

relacionadas à anulação de casamento e divórcio. Somadas àquelas referentes a adoção,

alimentos, posse e guarda de menores, alcançam 89% do total de decisões analisadas. Ao

lado do direito de família, foram encontradas sentenças tratando a respeito de cobrança de

honorários advocatícios, decretação de prisão, execução de título extrajudicial, interdição,

laudo arbitral, nulidade de procuração especial e rescisão de contrato de empréstimo.

Tabela 17 – Objeto da sentença (consolidado)

Objeto da sentença

N.

%

Anulação de casamento e divórcio

119 79%

Adoção, alimentos, posse e guarda de menor

15 10%

Inventário e testamento

5 3%

Anulação de casamento, divórcio, guarda e adoção de menores e regulação

do pátrio poder

4 3%

Cobrança de honorários advocatícios

2 1%

Outros (decretação de prisão, execução de título extrajudicial, interdição,

laudo arbitral, nulidade de procuração especial, rescisão de contrato de

empréstimo)

6 4%

TOTAL

151 100%

A sistematização dos julgamentos dos pedidos de homologação permite observar que, em

face da possibilidade de complementação da petição inicial pelo requerente, em poucos

casos o Tribunal depara-se com a impossibilidade de concessão do pedido. Do conjunto de

decisões analisadas, 70% foram homologadas. As demais podem ser divididas em

“concedidas parcialmente”, “denegadas”, “arquivadas” e “não julgadas”. Estão

classificados como “arquivadas” as decisões que atestam a desistência da parte interessada,

manifestada explicitamente nos autos, ou tacitamente, em face, por exemplo, da inércia em

responder à intimação para complementar a petição inicial.

(31)

pedido,

14

pois há o entendimento de que o pedido de homologação “deve limitar-se,

estritamente, aos termos que emergem do conteúdo desse ato sentencial, não podendo

abranger e nem estender-se a tópicos, acordos ou cláusulas que não se achem formalmente

incorporados ao texto da decisão homologanda”.

15

Entre os casos de denegação, podemos mencionar o da sentença penal com origem nos

EUA em que se pede a decretação da prisão de pessoa domiciliada no Brasil. Nesse caso, o

STF entendeu que “a ação de homologação de sentença estrangeira não pode converter-se

em sucedâneo do processo de extradição passiva, que constitui, este sim, o meio

instrumental adequado à efetivação, no Brasil, da prisão de súditos estrangeiros reclamados

pela Justiça de outros países”.

16

Os dezoito pedidos “não julgados” foram assim classificados e obedecem à seguinte

divisão: sete deles foram novamente distribuídos, pois a parte apresentou agravo à decisão

do relator e os outros cinco, por serem recentes ou terem processo demorado, ainda não

cumpriram todo o trâmite interno legal e por isso não foram julgados.

17

Tabela 18 – Resultado do julgamento

D E C I S Ã O

Sim Não

Não

julgado

Arquivado Parcial

Total

105 13 18

11

4

151

70% 9% 12%

7%

3%

100%

14

São os casos das HSE 5590, HSE 5824, HSE 5861 e HSE 5908.

15

HSE 5908.

16

HSE 5705.

17

No primeiro caso classificam-se assim os pedidos: 5720, 6152, 6558, 6940, 7201, 7595 e 7841; já na

(32)

Tabela 19 – Resultado do julgamento por país

D E C I S Ã O

País

Sim

Não

julgado

Não

Arquivado Parcial

Total

Albânia 1

0

0

0

0

1

Alemanha 24

3

2

1

1

31

Argentina 4

0

1

0

0

5

Austrália 2

0

0

0

0

2

Áustria 1

0

2

0

0

3

Bolívia 1

0

0

0

0

1

Chile 0

1

0

0

0

1

Cuba 1

0

0

0

0

1

Espanha 2

0

0

0

0

2

EUA 29

3

8

4

0

44

Finlândia 0

1

0

0

0

1

França 3

1

3

0

1

8

Hungria 1

0

0

0

0

1

Israel 3

0

0

0

0

3

Itália 6

0

0

0

0

6

Japão 3

1

1

0

0

5

México 0

0

0

1

0

1

Não consta

0

1

0

0

0

1

Noruega 1

0

0

1

0

2

Paraguai 2

0

0

0

0

2

Peru 0

0

0

0

1

1

Portugal 4

0

0

0

1

5

Reino Unido

2

1

0

1

0

4

República do Líbano

1

0

0

0

0

1

República Dominicana

1

1

0

0

0

2

Rússia 0

0

0

1

0

1

Suécia 0

0

0

1

0

1

Suíça 12

0

1

1

0

14

Turquia 1

0

0

0

0

1

105 13 18

11

4 151

TOTAL

70%

9% 12% 7% 3% 100%

Imagem

Tabela 1 –  Número de cartas rogatórias por país
Tabela 3 – Número de cartas rogatórias por tipo de diligência
Tabela 4 – Resultado por país – matéria penal
Tabela 5 – Resultado por tipo de diligência e ramo do direito
+7

Referências

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