• Nenhum resultado encontrado

O bem-estar animal: como avaliá-lo e promovê-lo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O bem-estar animal: como avaliá-lo e promovê-lo"

Copied!
63
0
0

Texto

(1)

INSTITUTO DE BIOCIÊNCIAS - RIO CLARO

TATIANE NAOMI ABE

O Bem-estar Animal:

Como Avaliá-lo e Promovê-lo

Rio Claro 2012

(2)

TATIANE NAOMI ABE

O BEM-ESTAR ANIMAL: COMO AVALIÁ-LO E PROMOVÊ-LO

Orientadora: Dra. Olívia de Mendonça Furtado

Supervisor: Prof. Dr. Carlos Alberto Anaruma

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Biociências da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus de Rio Claro, para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Biológicas.

(3)

61 f. : il., tabs., quadros

Trabalho de conclusão de curso (Ciências Biológicas) -Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Rio Claro

Orientador: Olívia de Mendonça Furtado

1. Ecologia animal. 2. Bem-estar animal. 3.

Enriquecimento ambiental. 4. Revisão bibliográfica. I. Título.

(4)
(5)

Primeiramente à minha orientadora, Olívia de Mendonça Furtado, pela enorme paciência, e por compartilhar seu grande conhecimento sobre bem-estar animal e enriquecimento ambiental.

Ao meu supervisor, Carlos Alberto Anaruma, pela supervisão e por sempre encarar tudo com muito bom humor.

Aos bibliotecários e funcionários da Seção de Graduação, pelas inúmeras dúvidas esclarecidas.

À Fundação Parque Zoológico de São Paulo, em especial ao P.E.C.A.,

funcionários, estagiários e tratadores, pela oportunidade de entrar em contato com o Enriquecimento Ambiental em um mês de estágio muito prazeroso.

À Carmem Fontanetti, minha primeira orientadora, e seus orientados fofoletes, pela oportunidade de estágio, pela bolsa concedida, e pelo conhecimento

compartilhado.

À família Honma, por ter me acolhido durante o tempo em que estagiei no Zôo. Ao meu pai, Atsushi, e à minha madrasta, Mitie, pelo amor, sábios conselhos, caronas para a rodoviária ou até Rio Claro às segundas-feiras, mesmo após finais de semana de muito trabalho, e poucas horas de sono. E principalmente, por apoiar incondicionalmente os meus sonhos.

À minha mãe, Lucia, por todo o amor, carinho, tentativas de me acalmar entre um chilique e outro, e quitutes feitos especialmente aos finais de semana.

À minha irmã, Pita, por tornar minha vida mais divertida, seja com uma piadinha no Facebook, ou com uma crise de risos sem motivo.

Ao meu namorado e melhor amigo, Kimio, pelo amor, apoio, compreensão e paciência, mesmo estando do outro lado do mundo.

Aos meus avós, Yukie, Takao, Tie e Shiro, por serem meus exemplos de vida. À Cindy e à Milky, por entenderem a minha ausência, e sempre me

receberem de “patas abertas” a cada retorno para casa.

À minha sugar baby, irmã gêmea perdida, e amiga do coração: Thatá, pelas conversas divertidas, momentos desabafos, gordisses, crises de fangirl, entre outras

“babaquices” que são essenciais na minha vida!

À panela da varanda: Felipe, com seus bafos e pirações com enka; e Marcelo, pelas inúmeras madrugas boladonas, escutando pacientemente sobre os mais

diversos assuntos, desde os mais banais até os mais sérios.

À Karen, meu jacarezão favorito, por sempre ter uma palavra amiga pra me dizer, independente do quão longe estamos.

Às minhas meninas: Manda, minha sempre vizinha, por tantas parcerias em trabalhos e estudos, por compartilhar momentos de preguiça e estresse, e também de muitas risadas no corredor da kit; Flávia, companheira de festas e caminhadas, e por ser sempre tão preocupada em ajudar quem está próximo a ela; e Lá, por

compartilhar momentos de desespero antes das provas, e por ter se tornado uma grande amiga.

À Michelle, amiga de cursinho, faculdade e vizinha.

Ao Anderson Falcade, pelas caronas até a rodoviária, depois das aulas aos sábado de manhã.

Ao pessoal da minha sala, CBN08, com os quais muito aprendi!

(6)

O tráfico de animais silvestres pode ser apontado como a principal causa de encontrarmos animais cativos em centros de triagem e zoológicos brasileiros. A manutenção destes animais em cativeiro geralmente é justificada pela prevenção da perda total de indivíduos daquela espécie, caso ela entre em extinção na natureza, e também pela importância destes sujeitos em estudos da biologia básica da espécie. Manter animais em cativeiro traz consigo a necessidade de garantir o bem-estar dos mesmos. A alta densidade populacional e o espaço limitado são alguns dos possíveis estressores que estes sujeitos enfrentam no cativeiro. Até a baixa pressão de predação e os alimentos facilmente disponíveis podem ser estressores, uma vez que modificam o orçamento de atividades típico da espécie, levando o animal a um comportamento sedentário e algumas vezes a depressão. O ambiente de cativeiro e atividades relacionadas a ele (manejo, transporte, alteração social e isolamento social) são, portanto, capazes de comprometer o bem-estar animal. Redução na expectativa de vida, crescimento e reprodução comprometidos, danos corporais, doenças, imunossupressão, atividade adrenal exacerbada e comportamentos anormais, são eventos muitas vezes ligados ao comprometimento do bem-estar. Para proporcionar o bem-estar dos animais cativos, são realizadas métodos avaliadores e promotores do bem-estar. A avaliação pode ser feita através da mensuração hormonal e/ou comportamental. Ambas são de extrema importância, e geralmente utilizadas em conjunto, para resultados mais palpáveis sobre o estado do animal. A promoção do bem-estar animal pode ser realizada através do enriquecimento ambiental, uma técnica que visa fornecer um ambiente mais complexo e diverso, aumentando a possibilidade do animal expressar comportamentos mais naturais, ou seja, característicos da espécie. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi abordar a importância do bem-estar animal e as formas como este pode ser avaliado e promovido, enfocando majoritariamente o enriquecimento ambiental como forma de promoção do bem-estar, realizando uma revisão bibliográfica de trabalhos que abordaram o enriquecimento ambiental como forma de tentativa de promover a melhora do bem-estar do animal. Dos trabalhos pesquisados em bases de dados e analisados, 97,8% deles apresentaram algum resultado positivo proveniente do enriquecimento ambiental para o animal, em 2,2%, o enriquecimento não promoveu benefícios nem malefícios, e em 0% apresentou resultados negativos para os animais. Através dos resultados obtidos, podemos concluir que o enriquecimento ambiental é uma importante ferramenta para a promoção do bem-estar animal, mas que esta deve ser utilizada com cautela, sempre pensando muito bem se os artefatos utilizados não causarão alguma injúria ao animal.

(7)

The traffic of wild animals can be identified as the main cause of finding captive animals in zoos and sorting centers in Brazil. The maintenance of these animals in captivity is usually justified by the prevention of total loss of individuals of that specie, if it becomes extinct in the wild, and also, the importance of these subjects in studies of basic biology of the species. Keeping animals in captivity environment brings the need to ensure the welfare of them. The high population density and limited space are some of the possible stressors that these individuals face in captivity. Even the low pressure feeding and food easily available could be stressors, since they change the budget activities typical of the specie, causing sedentary behavior and sometimes depression. The captive environment and activities related to it (handling, transport, social change and social isolation) could compromise the animal welfare. Reduction in life expectancy, impaired growth and reproduction, personal injury, illness, immunosuppression, exacerbated adrenal activity and abnormal behavior, are events often linked to compromised welfare. Hence, assessment and promoter methods are used to provide the welfare to captive animals. The assessment can be made by hormonal and/or behavioral measures. Both are extremely important, and usually are used in combination, to provide more tangible results about the condition of the animal. The promotion of animal welfare can be accomplished through environmental enrichment, a technique which aims to provide a more complex and diverse environment, increasing the possibility of the animal express more natural behavior, or characteristic of the species. Thus, the objective of this dissertation is discuss the importance of animal welfare and the ways this can be evaluated and promoted, mainly focusing on the environmental enrichment as a form of promoting welfare, making a bibliographic review of papers that used environmental enrichment as a method to try to improve animal welfare. Among the papers searched in databases and analyzed, 97,8% of them had some positive outcome from environmental enrichment for the animals, in 2,2% the enrichment did not improve nor caused harm, and 0% showed negative results for animals. Through the results, we can conclude that environmental enrichment is an important tool for the promotion of animal welfare, but that this should be used with caution, always thinking if the artifacts used will not cause injury to the animal.

(8)
(9)

Tabela 1 - Distribuição dos documentos analisados por ano de publicação...27

Tabela 2 - Tipos de trabalhos utilizados...27

Tabela 3 - Quantificação de trabalhos encontrados em cada base de dados...28

Tabela 4 – Tipos de enriquecimento utilizados...43

(10)

HPA – Eixo Hipotálamo Hipófise Adrenal

ACTH – Hormônio Adrenocorticotrófico

GC – Hormônio Glicocorticóide

MGC – Metabólitos de Glicocorticóides

MFGC – Metabólitos Fecais de Glicocorticóides

GA Google Acadêmico S Scielo

WK Web of Knowledge SV SciVerse

C Portal da Capes

USP Biblioteca Digital da USP

UC Biblioteca Digital da UNICAMP

UE Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro BEA Bem estar animal

CAT Cativeiro AV Avaliação V Validação

E Estereotipia

CA Comportamento anormal EA Enriquecimento ambiental

FA Falha

P Problema N Negativo

AW Animal welfare CE Captive environment AS Assessment

VA Validation ST Stereotypy

AB Abnormal behavior

EE Environmental enrichment

FL Fail PR Problem N Negative

OM – Coleção pessoal de Olívia de Mendonça (orientadora)

A – Artigo

TCC – Trabalho de Conclusão de Curso

TM – Tese de mestrado

TD – Tese de doutorado

P – Painel

C – Enriquecimento Cognitivo

F – Enriquecimento Físico

S – Enriquecimento Social

A – Enriquecimento Alimentar

SE – Enriquecimento Sensorial

(11)

CP – Mensuração por Cortisol Plasmático

IP – Mensuração por Imunoglobulina Plasmática

MFC – Mensuração por Metabólitos Fecais de Cortisol

MFE – Mensuração por Metabólitos Fecais de Estradiol

D – Mensuração por Dopamina

AC – Mensuração por Acetilcolina

THA – Mensuração por Tirosina Hidroxilase Adrenal

PL – Mensuração por Perfil Lipídico

MC – Mensuração por Morfologia Cerebral

BDNF – Fator Neurotrófico Derivado do Encéfalo

AS – Mensuração por Álcool no sangue

DP – Mensuração por Desempenho produtivo

IM – Mensuração por Índice de Mortalidade

(12)

1 INTRODUÇÃO...11

1.1 Bem-estar animal...11

1.2 Estresse...13

1.3 Formas de avaliação do bem-estar animal...14

1.4 Formas de melhorar o bem-estar animal...20

2 OBJETIVOS...24

3 MATERIAIS E MÉTODOS...25

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO...27

5 CONCLUSÕES...47

(13)

1 INTRODUÇÃO

1.1 Bem-estar

O tráfico de animais silvestres pode ser apontado como a principal causa de encontrarmos animais cativos em centros de triagem e zoológicos brasileiros. A manutenção destes animais em cativeiro geralmente é justificada pela prevenção da perda total de indivíduos daquela espécie, caso ela entre em extinção na natureza, e também pela importância destes sujeitos em estudos da biologia básica da espécie (BALLOU et al., 2008). Manter animais em cativeiro traz consigo a necessidade de garantir o bem-estar dos mesmos.

Segundo Broom (1986), o bem-estar de um indivíduo é seu estado em relação às suas tentativas de adaptar-se ao seu ambiente. Esta definição refere-se a uma característica do indivíduo em um dado momento.

O termo bem-estar pode ser utilizado para pessoas, animais silvestres, animais cativos tanto de fazendas produtivas, quanto de zoológicos, animais de experimentação ou animais nos lares (BROOM; MOLENTO, 2004).

De acordo com Broom (1988a), o animal pode ser considerado estressado ou com bem-estar comprometido quando pode morrer, ou quando seu desenvolvimento é prejudicado ao ponto de prejudicar seu potencial de produzir filhotes, ou quando afeta diretamente sua habilidade reprodutiva; quando o animal encontra-se em tal situação, pode-se dizer que ele encontra-se com seu fitness reduzido.

A alta densidade populacional e o espaço limitado (NEWBERRY, 1993) são alguns dos possíveis estressores que estes sujeitos enfrentam no cativeiro. Até a baixa pressão de predação e os alimentos facilmente disponíveis podem ser estressores (NEWBERRY, op. cit), uma vez que modificam o orçamento de atividades típico da espécie, levando o animal a um comportamento sedentário e algumas vezes a depressão.

O ambiente de cativeiro e atividades relacionadas a ele (manejo, transporte, alteração social e isolamento social) são, portanto, capazes de comprometer o bem-estar animal (MASON, 1991; BROOM, 1988a).

(14)

convencional ou por engenharia genética, dificuldades de movimento, automutilação, canibalismo em suínos, bicar de penas em aves ou comportamento excessivamente agressivo podem indicar que o indivíduo em questão encontra-se em condições de baixo grau de bem-estar (BROOM; MOLENTO, 2004).

A dificuldade prolongada em se obter sucesso ao enfrentar uma dada situação, resulta em falência no crescimento, na reprodução e até em morte (BROOM; MOLENTO, 2004).

Muitos desses comportamentos apresentados quando o bem-estar do animal está comprometido, são chamados de comportamentos anormais, que parecem tomar o lugar dos comportamentos naturais observados na maioria dos animais de vida livre (SWAISGOOD et al., 2001).

De acordo com Dantzer (1986), os comportamentos anormais ou estereotipias são ações repetitivas que são fixos em forma e orientação, e realizadas sem motivo aparente. Geralmente estão associados ao tédio e a disfunções comportamentais do animal (DANTZER; MORMED, 1983). São normalmente desenvolvidas em situações de restrição física, medo, conflito, frustração, ou com introdução de poucos estímulos (MASON, 1991), e sua frequência pode aumentar de acordo com o tempo que o animal fica confinado (CRONIN; WIEPKEMA, 1984).

Erwin & Deni (1979) subdividem o comportamento anormal em dois tipos: as quantitativas e as qualitativas. As quantitativas ocorrem com maior frequência em animais de cativeiro do que em animais de vida livre. Já as qualitativas ocorrem somente em animais de cativeiro. As anormalidades quantitativas incluem apatia, depressão, comer incontrolavelmente, beber demasiadamente e agressividade em excesso. As anormalidades qualitativas não são realizadas por animais de vida livre, e abrangem: posturas bizarras, morder ou abraçar a si mesmo, jogar ou balançar a cabeça, manter os membros “flutuantes”, cuidado maternal anormal, distúrbios

alimentares, como a coprofagia, e anormalidades no comportamento sexual, como masturbação, disfunção sexual total e homosexualidade, e comportamentos estereotipados. Um exemplo de comportamento estereotipado é o pacing, que é o

caminhar repetitivo e sem objetivo.

(15)

em um ambiente estranho, aumentando a previsibilidade do ambiente ou tornando o indivíduo menos atento às condições adversas.

Existem trabalhos que apresentam resultados sobre a correlação positiva entre níveis hormonais e comportamentos anormais (HASHIMOTO, 2008; SGAI, 2007), porém, há controvérsias, já que Dantzer & Mormède (1981) afirmam que os indivíduos que não apresentam estereotipias geralmente têm os níveis de cortisol no sangue mais elevados, em relação aos indivíduos que apresentam estereotipias.

A frequência da estereotipia pode aumentar de acordo com o tempo que o animal fica confinado (CRONIN; WIEPKEMA, 1984).

1.2 Estresse

O termo “estresse” é empregado para descrever a parte do bem-estar pobre que

se refere à falência nas tentativas de enfrentar as dificuldades (BROOM; MOLENTO, 2004), e os efeitos deletérios sobre o indivíduo (BROOM; JOHNSON, 1993). Pode ainda ser definido como um estímulo ambiental que age sobre um indivíduo, sobrecarregando seus sistemas de controle e reduzindo sua adaptação, ou que tenha potencial para tanto (FRASER; BROOM, 1990; BROOM; JOHNSON, 1993; BROOM, 1993).

Tal definição não é compartilhada por todos, já que segundo Sapolsky (1990), a resposta do indivíduo ao estresse ambiental (resposta estressora) permite que o organismo resista a ameaças imediatas à homeostase. Ela pode ser observada tanto na presença de um estímulo real (estressor físico) quando apenas na expectativa (estressor psicológico) de que determinado estímulo vá ocorrer. Embora seja prejudicial se ativada cronicamente, poucos indivíduos chegariam a viver por muito tempo, se não dispusessem dessa resposta.

Quando a resposta estressora é ativada, uma cascata hormonal se desencadeia, liberando hormônios como o cortisol, principal glicocorticóide liberado no caso de primatas, mamíferos e ungulatos (TOUMA; PALME, 2005), e preparando

o corpo para “lutar ou fugir”. A ação dos hormônios libera a glicose armazenada no

(16)

redirecionamento do sangue é obtido pela constrição de algumas veias, dilatação de outras, e aumento do débito cardíaco. Este mesmo processo de redirecionamento sanguíneo promove o aguçamento da cognição (facilitando o processamento de informações), e reduz a percepção à dor. As atividades fisiológicas que não apresentam benefício imediato, como crescimento, reprodução, inflamação e digestão, são interrompidas (SAPOLSKY, 1990).

Esta resposta do organismo ao estresse ambiental é muito útil e adaptativa, já que prioriza a sobrevivência do animal, quando este se encontra em perigo de vida. Porém, a ativação crônica de respostas estressoras pode causar vários danos à saúde do animal, como a atrofia e fadiga dos tecidos, já que a glicose é constantemente mobilizada ao invés de armazenada. Com o tempo, mudanças cardiovasculares promovem hipertensão, podendo causar danos ao coração, veias e rins. Além disso, quando os processos construtivos são adiados indefinidamente, há comprometimento do crescimento e reparação dos tecidos, redução da fertilidade, diminuição da função imunológica, e aumento da suscetibilidade a úlceras pépticas (SAPOLSKY, 1990).

1.3 Formas de avaliação do bem-estar animal

O bem-estar deve ser medido de forma objetiva. Tal avaliação deve ser realizada de forma completamente separada de considerações éticas. Após terminada a avaliação, esta gera ao pesquisador as informações necessárias para que decisões éticas possam ser tomadas sobre a situação em questão (BROOM; MOLENTO, 2004)

O bem-estar é o termo utilizado para caracterizar o estado de um indivíduo em uma escala variando de muito bom a muito ruim. Quando se considera avaliar o bem-estar de um indivíduo, é preciso haver de início um bom conhecimento da biologia do animal a ser estudado. Além das mensurações diretas do estado do animal, tentativas de se medir os sentimentos inerentes ao estado do indivíduo também são necessárias (BROOM; MOLENTO, 2004).

(17)

o grau em que comportamentos fortemente preferidos podem ser apresentados, indicadores fisiológicos de prazer, expectativa de vida reduzida, taxas de crescimento ou reprodução reduzidas, danos corporais, doença, imunossupressão, tentativas fisiológicas de adaptação, tentativas comportamentais de adaptação, doenças comportamentais, auto-narcotização, grau de aversão comportamental, grau de supressão de comportamento normal e grau de prevenção de processos fisiológicos normais e de desenvolvimento anatômico (BROOM; JOHNSON, 1993).

Segundo Broom & Molento (2004), as mensurações fisiológicas que podem evidenciar alguns sinais de bem-estar comprometido, como por exemplo, aumento de freqüência cardíaca, atividade adrenal, atividade adrenal após desafio com hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) ou resposta imunológica reduzida após um desafio. A apresentação destes sinais pode ser uma indicação de que o bem-estar deste indivíduo está mais reduzido que em indivíduos que não mostrem tais alterações. Os resultados obtidos em mensurações fisiológicas devem ser interpretados com cuidado, assim como qualquer outro resultado obtido em outros tipos de avaliação. O impedimento da função do sistema imune, assim como algumas outras alterações fisiológicas podem indicar estado pré-patológico (MOBERG, 1985).

Coe et al. (1983) afirmam que são necessárias tanto medições comportamentais, quanto fisiológicas para avaliar o bem-estar de animais cativos, como a dos níveis de cortisol, já que este hormônio glicocorticóide (GC) é liberado em altas quantidades pela glândula adrenal durante situações de estresse (SAPOLSKY, 1990). Assim, muitos trabalhos vêm utilizando medidas de glicocorticóides para mensuração de bem-estar e validação de técnicas de enriquecimento ambiental (FRIEND et al., 1977; DANTZER, 1983; MEUNIER-SALAUN et al., 1987; TERLOUW et al., 1991; MENDONÇA-FURTADO, 2006; SGAI, 2007; PIZZUTTO et al., 2008a, PIZZUTTO et al., 2008b; VASCONCELLOS, 2009).

(18)

No entanto, as técnicas de monitoramento não-invasivo para avaliação da atividade adrenocortical devem ser utilizadas com cautela, já que o metabolismo e a excreção de metabólitos de glicocorticóides (MGC) variam de acordo com a espécie, indivíduo, sexo, idade, ritmo circadiano, estações do ano, efeitos do tempo, fase da vida, sensibilidade e habituação (MILLSPAUGH; WASHBURN, 2004; TOUMA; PALME, 2005; GOYMANN, 2005; WASSER; HUNT, 2005; FRIGERIO et al., 2004). Além disso, o que medimos nas fezes ou urina são metabólitos hormonais, ou seja, produtos gerados a partir da metabolização do hormônio pelo trato digestivo do animal. (PALME, 2005; TOUMA; PALME, 2005).

De acordo com Touma & Palme (2005), tal validação deve ser realizada cuidadosamente, para obter um monitoramento confiável da atividade adrenocortical. Problemas técnicos e de análise, como a preservação e estabilidade de amostras, procedimentos de extração, e os anticorpos utilizados nos ensaios devem ser considerados para cada espécie, incluindo ambos os sexos. Além disso, a importância de demonstrar a relevância biológica da técnica, ou seja, se o sistema teste pode detectar alterações biologicamente significativas no status do sistema endócrino dos animais, não pode ser superestimada. As experiências que lidam com a validade fisiológica e biológica das análises fecais de GC são essenciais e devem ser realizadas antes de aplicar a técnica em uma dada espécie (TOUMA; PALME, op. cit).

Apesar de existirem muitos artigos envolvendo metabólitos fecais de GCs com diversas espécies, poucos apresentam resultados convincentes. A importância da realização de validações aumenta ainda mais quando se trata de primatas, já que existem pouquíssimos trabalhos descrevendo desafios de ACTH para estes animais (TOUMA; PALME, 2005).

(19)

controle, minimizando as diferenças entre eles em relação aos níveis basais e os picos de metabólitos fecais de GCs (TOUMA; PALME, op. cit).

Tal recomendação se deve a muitos estudos mostrarem que há uma diferença muito grande entre os gêneros, em relação aos níveis basais de GCs, assim como a reatividade do eixo ipotálamo Hipófise Adrenal (HPA) ao estressor (VON HOLST, 1998; WINGFIELD; VLECK; MOORE, 1992; JONES, et al., 1998;

HANDA; BURGESS; KERR; O’KEEFE, 1994; BOONSTRA et al., 2001; KAISER;

KIRTZECK; HORNSCHUH; SACHSER, 2003; TURNER et al., 2002; ROMERO; REMAGE-HEALEY, 2000). Consequentemente, essas diferenças nas concentrações plasmáticas também afetam as concentrações de metabólitos fecais de GCs avaliados nas amostras fecais. Em estudos sobre os níveis de metabólitos fecais de GCs foram observadas maiores concentrações em fêmeas, em machos, ou nenhuma diferença entre os gêneros, dependendo da espécie estudada. (TOUMA; PALME, op. cit).

De acordo com Touma & Palme (2005, op. cit), tais diferenças entre gêneros podem se dar devido os maiores valores de plasma (observada principalmente em fêmeas) geralmente resultarem em maiores concentrações de metabólitos fecais de GCs. Este efeito, com fêmeas com níveis plasmáticos de GCs mais elevados do que os machos, provavelmente é provocado por uma maior capacidade de ligação de esteróides com globulinas que expressam certas afinidades para GCs. Pode ser por isso que a concentração de glicocorticóides varia significativamente entre ciclo estral da fêmea, assim como as mudanças nas concentrações de estrogênio e progesterona são conhecidas por influenciar a expressão e a ocupação da ligação esteróides com globulinas (TOUMA; PALME, op. cit).

Touma & Palme (2005) definem desafio hormonal como a administração de um hormônio em sujeitos experimentais. Em estudos de bem-estar animal, o desafio de hormônio adrenocorticotrófico (ACTH) (WASSER et al., 2000; TOUMA; PALME, 2005; GOYMANN, 2005), e o de dexametasona (TOUMA; PALME, 2005) são os métodos mais comumente utilizados para a validação de protocolos experimentais de extração e dosagem de GCs, e consistem na aplicação de uma injeção intramuscular destas substâncias.

(20)

cortisol na corrente sanguínea (DESBOROUGH, 2000), a aplicação deste acarretará em um aumento repentino na concentração plasmática de GCs, se os métodos de extração e dosagem estiverem mesmo medindo metabólitos fecais de GCs, será encontrado um aumento repentino nos valores destes compostos, nas amostras fecais obtidas após a administração do fármaco (TOUMA; PALME, op. cit). Já o de dexametasona (vendida comercialmente como Decadron), deve gerar o resultado inverso, uma queda repentina nos valores de Metabólitos Fecais de Glicocorticóides (MFGCs) nas fezes pós-injeção. Isso porque a dexametasona funciona inibindo o eixo HPA, e consequentemente a liberação de cortisol na corrente sanguínea (CARROLL et al., 1980). Espera-se, portanto, que não seja encontrado pico de MFGC após a injeção deste fármaco. (TOUMA; PALME, op. cit).

Mensurações do comportamento são tão importantes na avaliação do bem-estar quanto as mensurações fisiológicas. Quando um animal evita ou se esquiva de um objeto ou evento fornece informações sobre seus sentimentos e, consequentemente, sobre seu bem-estar (BROOM; MOLENTO, 2004). Quanto mais forte a reação de esquiva, mais pobre será o bem-estar durante a presença do objeto ou do fato. Pode-se dizer também que um indivíduo que se encontra impossibilitado de adotar uma postura preferida de repouso, apesar de repetidas tentativas, será considerado como tendo um bem-estar mais pobre em relação a outro, que se encontra em uma situação que permite a adoção da postura preferida (BROOM; MOLENTO, op. cit).

(21)

reprodução reduzidos, danos corporais, doenças, imunossupressão, tentativas fisiológicas de adaptação, tentativas comportamentais de adaptação, doenças comportamentais, auto-narcotização, grau de aversão comportamental, grau de supressão de comportamento normal, grau de prevenção de processos fisiológicos normais e de desenvolvimento anatômico. A avaliação propriamente dita é realizada pelo grau de pobreza, que é o grau de privação de desenvolvimento comportamental, fisiológico e anatômico normal. Isso é avaliado através do grau em que o animal têm de conviver com situações ou estímulos dos quais preferem esquivar-se, e do grau em que se encontra disponível aquilo que é fortemente preferido (BROOM; JOHNSON, op. cit).

Os testes de preferência são avaliados descobrindo quais custos o animal está disposto a suportar para expressar a preferência (BROOM, 1988a). São fornecidas ao animal mais de uma opção, e observa-se qual ele escolhe (DAWKINS, 1990).

Em qualquer avaliação de bem-estar, é preciso levar em conta as variações individuais ao se enfrentar adversidades, e os efeitos que estas adversidades exercem sobre os animais (BROOM; MOLENTO, 2004).

Outro método de se realizar mensurações comportamentais é através de observações. Normalmente no início do estudo são realizadas as observações ad libtum, que são registros livres do comportamento (HARE, 2000), e fora de intervalos

temporais (CASTRO, 2010). Estes registros serão utilizados para a montagem de um etograma, que é um catálogo exato de todas as formas de comportamento do animal, ou seja, um inventário do repertório comportamental da espécie estudada, contendo categorias comportamentais e suas respectivas descrições (EIBL-EIBESFELT, 1979; LEHNER, 1996).

Com o etograma pronto, o pesquisador pode optar por diferentes formas de amostragens e registros, escolhendo o mais coerente para o seu trabalho, dependendo da espécie e do número de indivíduos com os quais está trabalhando.

Os tipos de amostragem especificam quais indivíduos serão observados e quando; são eles: animal focal, scan, sendo o ad libtum incluso nessa categoria

também. O método animal focal consiste em amostrar os comportamentos de um ou dois indivíduos de cada vez, por um período padronizado de tempo. Já o scan

(22)

Os registros podem ser do tipo contínuo, instantâneo, ou um-zero. No contínuo, todas as ocorrências do padrão do comportamento são registradas, juntamente com o seu tempo de ocorrência. No instantâneo, a sessão de observação é dividida em intervalos curtos, sendo registrado o comportamento que está ocorrendo no instante de cada ponto, ou seja, a cada bip do cronômetro, determinado pelo pesquisador. E

o um-zero consiste em registrar a ocorrência (presença = 1) ou não (ausência = 0) de cada comportamento durante intervalos de tempo pré-selecionados (CASTRO, op. cit).

Tais observações são realizadas para mensurar o orçamento comportamental do animal, e posteriormente compará-lo com animais em condições distintas, como por exemplo, um animal cativo, com um de vida livre.

1.4 Formas de melhorar o bem-estar animal

Para tentar melhorar a qualidade de vida dos animais cativos, muitas vezes são realizados programas de enriquecimento ambiental, ferramenta que visa fornecer um ambiente mais complexo e diverso, aumentando a possibilidade do animal expressar comportamentos mais naturais, ou seja, característicos da espécie (CARLSTEAD, 1996). Na prática, pode ser um projeto de infraestrutura dos recintos, de atividades para animais, tamanho e composição dos grupos sociais, e quaisquer outros fatores que tenham potencial para influenciar a maneira como o animal cativo percebe seu ambiente (CELOTTI, 1995).

As tentativas de enriquecimento têm como objetivo melhorar um estado emocional negativo, que inclui medo e estresse associado à exposição de um estímulo novo (GRANDIN, 1989; NICOL, 1992; JONES & WADDINGTON, 1992; PEARCE & PATERSON, 1993), tédio e apatia devido os indivíduos se encontrarem em um ambiente sem estímulos (WOOD-GUSH & VESTERGAARD, 1989; WEMELSFELDER, 1991), e frustração ao não conseguir realizar comportamentos que os animais estão motivados a realizar (DUNCAN, 1970; GILLOUX et al., 1992).

(23)

medidos diretamente e também porque uma boa saúde é pré-requisito para o sucesso reprodutivo e aumento do fitness.

Para os animais de zoológico, tem se dado atenção ao “poder de exploração”

das exposições, o que é melhor, se o animal estiver ativamente atento a uma atividade considerada natural ao invés de estar descansando em um local em que o público não consegue observá-lo, ou realizando um comportamento considerado anormal ou desagradável pelo público (AKERS & SCHILDKRAUT, 1985; SHEPHERDSON et al., 1989, 1993).

Sendo o enriquecimento ambiental uma poderosa ferramenta para a promoção do bem-estar animal, é importante seguir uma abordagem científica rígida, com a parte de experimentação e mensuração de resultados realizados de forma séria e responsável, para que se possa avaliar e repensar sobre o enriquecimento em questão, adequadamente.

Para evitar causar qualquer dano ao animal por um descuido, é preciso pensar se os artefatos que serão utilizados não apresentam riscos aos animais, antes de disponibilizá-los em seu recinto. O trabalho de HAHN (2000), por exemplo, apresenta o caso de um indivíduo da espécie Macaca fascicularis que veio a óbito após ingerir o sisal que havia sido utilizado no enriquecimento em sua jaula. A publicação de trabalhos deste gênero (que mostram as possíveis falhas de um enriquecimento) são tão importantes quanto a publicação de dados que validam o enriquecimento.

Quanto aos tipos de enriquecimento, há uma grande variedade de métodos utilizados em diversos trabalhos. Hare (2000) classifica o enriquecimento ambiental em diferentes categorias: social, físico, cognitivo, sensorial e alimentar.

O enriquecimento social pode ser realizado com indivíduos da mesma espécie, deixando animais de espécies sociais interagirem entre si, ou animais de espécies solitárias enfrentarem interações com outros indivíduos de sua espécie. Pode-se também misturar diferentes espécies cativas. As interações com humanos também são válidas, podendo ser informal, com interações espontâneas com os visitantes e tratadores, ou formais, através de brincadeiras, alimentação ou sessões de treinamento com visitantes ou tratadores (HARE, 2000).

(24)

enriquecimentos. Pode ser feita a introdução de estruturas de escalada, patamares superiores, caixas de nidificação e tocas (HARE, 2000). Também são muito utilizados mangueiras de borracha, correntes, pedaços de tecido, pneus, barras de metal, objetos plásticos pendurados, entre outros (GRANDIN, 1989; SCHAEFER et al., 1990; HUBRECHT, 1993; PEARCE; PETERSON, 1993; GVARYAHU et al., 1994). Além disso, pode-se adicionar partições verticais para dividir o espaço em áreas com diferentes funções (FRASER et al., 1986; SIMONSEN, 1990), e também para que os animais possam se camuflar ou se esconder, aumentando a privacidade, e conseqüentemente a sensação de segurança, ou ainda facilitar a fuga de uma agressão de um companheiro de recinto (CLARK, 1990). O acesso à recintos alternativos, dentro, ou ao ar livre aumentam as oportunidades de exploração e escolha de companheiros sociais (RUMBAUGH et al., 1989; NEWBERRY, 1993). Outra mudança que pode ser realizada é em relação à temperatura, umidade e luz solar no recinto (HARE, 2000).

O enriquecimento cognitivo é baseado em oportunidades de aprendizagem, como quebra-cabeças alimentares, uso do habitat, interação com outros indivíduos, criação de jogos e exploração do ambiente (HARE, 2000).

O enriquecimento sensorial é realizado através do tato com brinquedos e texturas, olfato com diferentes odores, áudio através de reproduções e gravações, visual através da visão das atividades que ocorrem fora do recinto e paladar através de alimentos e odores (HARE, 2000). Diferentes tipos de alimentos são importantes, principalmente para espécies com dietas generalistas, já que em cativeiro, os animais recebem uma dieta mais limitada em relação à variedade de alimentos que eles têm acesso em vida livre.

(25)

(NEWBERRY, 1993), além de ajudar também no manejo de comportamento, melhorando a condição física do animal (NEWBERRY, 1995).

(26)

2 OBJETIVO

(27)

3 MATERIAIS E MÉTODOS

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica em bases de dados, reunindo artigos referentes a bem-estar animal, publicados em revistas indexadas. Tais bases foram

o Google Acadêmico (http://scholar.google.com.br/), Scielo (http://www.scielo.org/php/index.php), Web of Knowledge (http://sub3.webofknowledge.com), SciVerse (http://www.sciencedirect.com/), Periódicos da Capes (http://www.periodicos.capes.gov.br), Biblioteca Digital da USP

(http://www.teses.usp.br/), Biblioteca Digital da UNICAMP (http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/), na biblioteca da UNESP Campus de Rio

Claro (http://athena.biblioteca.unesp.br/), e na coleção pessoal da orientadora da aluna.

Para efetuar este levantamento bibliográfico, as palavras-chave utilizadas para a busca foram: bem-estar animal, enriquecimento ambiental, avaliação, validação, estereotipia, comportamento anormal, cativeiro, falha, problema, negativo, animal welfare, environmental enrichment, assessment, validation, stereotypy, abnormal behavior, captive environment, fail, problem, negative.

Para as pesquisas no Google Acadêmico foi feito o uso de aspas na palavra-chave, quando se tratava de uma busca de uma palavra-chave única, e a exclusão

de “Patentes” e “Citações”; não foram utilizadas aspas no caso de combinações de

mais de uma palavra-chave. As pesquisas na Scielo foram feitas através do método

por “Palavra”, “Regional”, e todas as palavras (“And”); as palavras com acentuação

foram escritas sem esta. No Web of Knowledge, especificamente na base de dados Web of Science, as palavras-chave foram colocadas no campo “Topic”. No

ScieVerse, as palavras-chave foram colocadas no campo de pesquisa “All Fields”.

No portal da Capes, a busca foi feita na forma “Todos os Termos”. Nesta base de

dados há limite de caracteres, portanto, não foi possível realizar algumas buscas, e estas foram identificadas com um traço na tabela 3. Na Biblioteca Digital da USP foi

feita uma busca simples, na forma “Todos os Resultados”; no caso de palavra-chave

única, foi feito o uso de aspas. Na Biblioteca Digital da UNICAMP foram feitas

buscas utilizando todas as palavras (“And”), na forma de procurar por todos os tipos

(28)

no “Índice geral de palavras”, sem palavras adjacentes, no catálogo do Campus de

(29)

4RESULTADOS E DISCUSSÃO

Foram analisados 45 trabalhos científicos que utilizaram o enriquecimento ambiental como forma de promover o bem-estar dos animais cativos. Deste total, 73,3% são trabalhos realizados a partir do ano 2000 (Tabela 1).

Tabela 1 - Distribuição dos documentos analisados por ano de publicação.

Ano Número de documentos

Até 1999 12

A partir de 2000 33

Fonte: Elaborado pela autora.

Quanto aos tipos de trabalhos utilizados, foram 71,1% de artigos científicos, 17,7% de teses de mestrado, 4,4% de teses de doutorado, 4,4% de trabalhos de conclusão de curso, e 2,2% de painéis apresentados em eventos (Tabela 2).

Tabela 2 - Tipos de trabalhos utilizados.

Tipo de trabalho Número de documentos

Artigos científicos 32

Teses de Mestrado 8

Teses de Doutorado 2

Trabalhos de Conclusão de Curso 2 Painel Apresentado em Evento 1 Fonte: Elaborado pela autora.

(30)

Tabela 3 - Quantificação de trabalhos encontrados em cada base de dados.

GA = Google Acadêmico; S = Scielo; WK = Web of Knowledge; SV = SciVerse; C = Portal da Capes; USP = Biblioteca Digital da USP; UC = Biblioteca Digital da UNICAMP; UE = Biblioteca da UNESP Campus de Rio Claro; BEA = Bem estar animal; CAT = Cativeiro; AV = Avaliação; V = Validação; E =

Estereotipia; CA = Comportamento anormal; EA = Enriquecimento ambiental; FA = Falha; P = Problema; N = Negativo; AW = Animal welfare; CE = Captive environment; AS = Assessment; VA = Validation; ST = Stereotypy; AB = Abnormal behavior; EE = Environmental enrichment; FL = Fail; PR

= Problem; N = Negative.

Palavras-chave GA S WK SV C USP UC EU

BEA 3.600 110 0 97 4 389 972 2

BEA + CAT 8.070 3 0 3 - 552 3 1

BEA + AV 52.600 3 0 34 - 8.220 194 0

BEA + V 18.400 3 0 1 - 1.840 8 0

BEA + E 1.480 0 0 0 - 127 0 0

BEA + CA 13.200 0 0 1 - 844 1 0

EA 388 27 0 7 - 375 6 4

EA + CAT 1.250 1 0 0 - 220 0 1

EA + FA 13.300 0 0 1 - 1.360 0 0

EA + P 24.600 0 0 4 - 4.010 1 0

EA + N 16.700 0 0 1 - 2.240 1 0

AW 190.000 131 9.063 68.286 0 587 12 2

AW + CE 29.700 0 119 1.978 - 35 0 0

AW + AS 292.000 6 1.081 26.441 - 123 0 0

AW + VA 51.900 3 196 6.201 - 42 1 0

AW + ST 13.100 0 181 1.235 - 25 0 0

AW + AB 53.000 0 176 5.950 - 19 0 0

EE 18.700 56 8.583 91.210 - 821 9 2

EE + CE 16.500 1 107 1.390 - 24 0 0

EE + FL 83.200 1 89 7.972 - 17 0 0

EE + PR 369.000 0 503 45.979 - 64 1 0

(31)
(32)

Quadro 1 - Resultados obtidos dos trabalhos analisados.

OM = Coleção pessoal de Olívia de Mendonça (orientadora); A = Artigo; TCC = Trabalho de conclusão de curso; TM = Tese de mestrado; TD = Tese de doutorado; P = Painel; C = Cognitivo; F = Físico; S = Social; A = Alimentar; SE = Sensorial; CO = Comportamental; MCU = Metabólitos de cortisol urinário; CP = Cortisol plasmático; IP = Imunoglobulina plasmática; MFC = Metabólitos fecais de cortisol; MFE = Metabólitos fecais de estradiol; D = Dopamina; AC =

Acetilcolina; THA = Tirosina hidroxilase adrenal; PL = Perfil lipídico; MC = Morfologia cerebral; BDNF = Fator neurotrófico derivado do encéfalo; AS = Álcool no sangue; DP = Desempenho produtivo; IM = Índice de mortalidade; + = Positivo; 0 = Indiferente.

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Animal welfare Environmental enrichment

Primates Puzzle feeder

WK A 48 Orangotango Gorila

Chimpanzé C Quebra-cabeça alimentar CO +

Diminuiu a taxa de comportamentos anormais. Callithrix penicillata Bem-estar Callitrichideos Cortisol urinário Enriquecimento ambiental

USP TM 99

Callithrix penicillata

(Sagüi-de-tufos-pretos) SE

A

Alimentos colocados em caixas Sorvetes de sucos de frutas

Insetos em tubos de PVC Quebra-cabeça alimentar

CO

MCU +

Aumentou o comportamento de brincadeira entre os indivíduos, alimentação e manipulação;

diminuiu inatividade. Callithrix Manejo Reprodução Enriquecimento ambiental

GA A 125

Callithrix aurita

(Sagüi-da-serra-escuro)

Callithrix penicillata

(Sagüi-de-tufos- pretos) Callithrix jacchus (Sagüi-de-tufos-brancos) Cebus apella (Macaco-prego) F S

Estratos verticais e horizontais fixos dispostos aleatoriamente

Trepadeiras atóxicas CO +

Aumentou o sucesso reprodutivo das espécies Callithrix jacchus e

Callithrix penicillata.

Environmental enrichment Cebus apella Psychological Well-being Stress Cortisol Capuchin

WK A 7 (Macaco prego) Cebus apella SE C

Tubos de PVC (cotovelo) Caixa de forrageamento

MFC CP

CO +

Diminuiu os comportamentos anormais e indesejados, e aumentou os comportamentos normais. Melhorou em relação ao

(33)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

- GA A 103

Cebus flavius (Macaco prego galego) F Troncos secos Tocos Galhos Cordas finas e grossas

Plantas e pedras

CO +

Não houve diferença na quantidade de estereotipias, mesmo após retirada da fêmea, o

que leva a crer que o enriquecimento teve um papel importante na supressão desses

comportamentos

- GA A 83 Pongo pygmaeus

(Orangotango) F Árvore artificial com cordas penduradas Vegetação

CO MFC

MFE +

Aumentou a frequência de comportamentos típicos da espécie, e reduziu a inatividade e

os comportamentos anormais. Bem-estar Enriquecimento ambiental Cativeiro Alouatta guariba clamitans Zoológico

GA A 75

Alouatta guariba clamitans

(Bugio-ruivo) F

Abrigo de alvenaria Vegetação viva

Galhos secos

Fonte artificial com água corrente Substrato parcialmente gramado

CO +

Melhorou o bem-estar físico dos animais; nascimento de um filhote, indicando incremento do

bem-estar psicológico dos animais. Callithrix penicillata Enriquecimento ambiental Estresse Primata Zoológico

GA A 9

Callithrix penicillata

(sagui-de-tufo-preto)

SE A

Bambus e pequenas caixas de papelão com 25g de cravo-da-índia, ou folhas secas de canela ou orégano, ou folhas de

erva-cidreira ou boldo-de-jardim ou salsa e cebola, ou bulbos de alho. Flores de hibisco com mel espalhados

pelo recinto

Frutas e carne crua moída, dentro de rodas de madeira perfuradas Garrafas PET transparentes de 600ml

contendo frutas no interior Ninhos artificiais feitos de casca de coco

e palha, com ovos crus de codorna.

CO +

Aumento em alguns comportamentos (exploratórios,

forrageio, sociais e territoriais). Estereotipias diminuíram. Durante e após o enriquecimento

houve exibição de comportamentos antes não expressos, principalmente os relacionados à reprodução e

socialização. Enriquecimento ambiental Macaco-aranha Ateles Comportamento Cativeiro

GA A 2 (Macaco-aranha)Ateles spp. SE F

A

Acréscimo de alguns itens na dieta, a forma como ela era oferecida também foi

modificada Cordas Troncos Vegetação Novos comedouros Fragrâncias

artificiais e naturais (canela em pó, cravo e essências

de frutas e baunilha)

CO +

Diminuiu as estereotipias. Os animais passaram a desenvolver mais comportamentos típicos da

espécie.

(34)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Comportamento Estresse

Oryctolagus cuniculus

Piso da gaiola Temperatura

Ambiente

WK A 103

Oryctolagus cuniculus

(Coelho) SE Cama de palha CO +

Comportamento lúdico mais frequente em gaiolas enriquecidas. Melhorou o

bem-estar de animais em sala resfriada. Environmental enrichment Gerbils Adolescent development Seizures Locomotor activity

GA A 29 Gerbilo F A

S

Substrato de areia e pedras Blocos de cimento Plantas de deserto Objetos para escalar Objetos para mastigar Presença de animais de outra espécie

CO +

Sem efeito sobre o comportamento motor, mas facilitou o desenvolvimento na

fase juvenil. Enriched/ impoverished environment Recovery Compensation Discrimination reversal Hemidecorticate rat

WK A 92 Camundongo F C Prateleiras Escadas

Brinquedos CO +

Benéfico após lesões cerebrais (mecanismos compensatórios) Recovery of function Compensation Environmental enrichment Cortex Lesion Water maze Rat

WK A 91 Camundongo C Brinquedos (labirinto aquático) CO + Benéfico nos tratamentos pré e pós-operatório.

(35)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Environmental enrichment Restricted daily exposure Appetitive-operant responding Exploration Uncontrollable stress

GA A 118 Camundongo S C Brinquedos CO +

Resultados positivos nos testes de exploração, mas não alterou o

efeito produzido pelo estresse incontrolável no teste

apetitivo-não-contingente. Environmental enrichment Stress Dopamine Acetylcholine Working memory Motor activity Prefrontal cortex Rat

WK A 39 Camundongo F C

Rodas de corrida Túneis plásticos rearranjáveis

Plataforma elevada Brinquedos

CO D

AC +

Diminuiu o estresse agudo, mudando a taxa de acetilcolina,

mas não as de dopamina.

Environmental enrichment Social isolation Appetitive conditioning Sucrose reward Anticipatory behavior Rats

WK A 121 Camundongo F C Brinquedos Túneis

Objetos interativos CO +

Diminuiu as respostas impulsivas, não afetou os níveis gerais de atividade durante a aquisição de

uma tarefa de reforço condicionado. Aggression Play Stress Animal welfare Corticosterone Adrenal tyrosine hydroxylase Adrenocortical system Adrenomedullar y system Immune system Immunoglobulin s

WK A 66 Camundongo F

Plataformas de plástico e madeira Escadas de plástico Cordas de cânhamo Árvore de escalada

CO CP IP THA

+

Apesar dos níveis elevados de hormônios de estresse sob ambas as formas de habitação

enriquecidas, os parâmetros comportamentais indicam efeitos

positivos do enriquecimento.

(36)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Prenatal ethanol Cortical depth Morris maze Occipital cortex Environmental enrichment Learning

WK A 114 Camundongo SE S

C

Brinquedos (bolas, rolos de papel higiênico, tiras de papelão, cotonetes,

blocos de madeira, pedras, tubo de PVC) CO +

Resultados inconsistentes, apesar de ter sido observado que

animais submetidos ao enriquecimento tiveram o aprendizado aprimorado. Dependência Sensibilização Comportamenta Etanol Enriquecimento ambiental BDNF TrkB Egr-1

GA TM 93 Camundongo SE C

Rodas de exercício Tubos de PVC

Casinhas Gangorras

Objetos de plástico em diferentes cores e texturas CO AS BDNF TrkB Egr-1 +

Reverteu efeitos da sensibilização comportamental, que está associada à fissura e a

episódios de recaídas nas dependências.

- USP TM 5 Rato F C

A

Brinquedos Escadas Pedaços de madeira

Esconderijos Correntes Cordas penduradas

Garrafas PET Caixas de papelão Pedaços de papel Plataformas de metal Chão coberto com maravalha

CO + enriquecido apresentaram maior Os animais de ambiente estabilidade no comportamento

Estresse crônico Estimulação tátil

Ansiedade Memória Anedonia

UC TM 32 Rato C S Labirinto em cruz CO CP

PL +

Diminuiu a ansiedade, aumentou aprendizado e memória; necessários mais estudos.

- GA TD 104 Rato S

F

Caixas-moradia maiores que as padrões Número de indivíduos maior por

ambiente enriquecido Objetos de exploração

Rodas Rampas

CO MC

BDNF +

Reverteu parcialmente o prejuízo: na memória espacial, no reconhecimento de ratas/ratos

adolescentes, na memória de trabalho em ratas adolescentes.

Reverteu também os níveis de BDNF induzidos pela

(37)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Gato doméstico Enriquecimento ambiental Odor Verificação olfativa

GA A 50

Felis silvestris catus (Gato

doméstico) SE

Caixa de odores

Caixa com granulado sanitário CO + Redução na taxa de comportamentos estereotipados.

- UE TCC 69 tigrinus Leopardus

(Gato-do-mato-pequeno) A SE

C

Condimentos variados utilizados em trilhas, sobre troncos, espalhados pelo

recinto, dentro dos enriquecimentos (canela, camomila, cravo-da-índia,

pimenta-do-reino, folhas de louro, páprica, orégano, açafrão, coentro,

alecrim)

Alimento vivo (pintinhos, camundongos, lagartixa)

Bola de tecido e espuma Roda de madeira com furos com comida

Sangue congelado Carne (bovina, frango, peixe) Bola de

cipó

Mangueira de bombeiro

CO +

Pouca interação com artefatos, mas houve melhora global no repertório comportamental do animal. Objetivo atingido.

- GA P 33 Puma concolor (Puma) SE A Carne escondida em arbustos Caixa de papelão com carne

Pêlos de camelo CO +

Aumentou a diversidadede de comportamentos e a capacidade

de interação. Diminuiu os comportamentos geralmente relacionados com a frustração,

desinteresse, estresse e agressividade.

- GA TM 105 Panthera tigris (Tigre) SE A

Sacos com alimento pendurados e enterrados

Blocos de gelo com alimento Recipiente com alimento escondido

CO +

Aumentou a realização de comportamentos típicos da espécie e não estereotipados. Aumentou o comportamento de

(38)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Etologia animal Jaguatirica (Leopardus pardalis) Animal em cativeiro Bem-estar animal Enriquecimento ambiental Corticosterona Variação sazonal

GA TM 56

Leopardus pardalis

(Jaguatirica)

F A

Alteração na posição dos poleiros,(com texturas diferentes)

Vegetação diferente (capim, grama, samambaia, palmeira) Relevo (pequeno morro de terra)

Mais opções de pontos de fuga Serrapilheira Toca artificial Feno nas caixas

Balanços Brinquedos (bolas e cordas) Alimentação mais de uma vez por dia, em horários aleatórios, diversificando a

forma do alimento (em pedaços, espalhados pelo recinto, ou escondidos)

Alimentos não usuais na dieta

CO

MFC +

Redução da frequência de comportamentos anormais, aumento do comportamento social não-agonista, redução da concentração de metabólitos de

glicocorticoides. Suínos Enriquecimento ambiental Bem estar animal Comportamento

USP TM 82 Porco F Pneu suspenso por uma corrente CO +

Os animais em baias enriquecidas apresentaram uma

frequência menor de comportamentos estereotipados.

Pig Housing Physiology Productivity

WK A 81 Porcos SE Brinquedos (correntes, barras, pedaços de tecido, pneus, etc) CO CP +

Não aliviou os efeitos de aglomeração, mas aumentou o

comportamento exploratório. Reduziu a capacidade de resposta dos animais a novos

estímulos (tanto os objetos e seres humanos) no final do

período de criação. Brinquedos

Creche

Suínos GA A 21 Porco

SE

S Brinquedos de garrafas PET CO +

O enriquecimento foi utilizado apenas no início, já que posteriormente tornou-se mais interessante interagir entre eles. Brinquedos Leitões Enriquecimento ambiental Desmame Bem-estar animal

GA A 87 Porco SE

Garrafas PET Pneus Correntes

Bolas

DP

CO +

Não melhorou o desempenho produtivo, mas diminuiu o período

de inatividade e estresse.

(39)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Bem estar animal Enriquecimento

ambiental Suínos

GA A 70 Porco SE Brinquedos de garrafas PET com sementes dentro CO DP

IM +

Os animais expostos ao enriquecimento e ao manejo de

bem-estar apresentaram maior desenvolvimento a desmama e à

saída da creche.

- UE TCC 22 Nasua nasua (Quati) SE F

A

Larvas de tenébrios vivas Frutas frescas e congeladas

Coração de boi Manjericão

Couro de boi em formato de osso Brinquedos (tubo de PVC com furos e

manjericão dentro) Essências atrativas Caixa de areia com minhocas e

diplópodos

CO +

Estereotipias não desapareceram, mas surgiram

novos comportamentos de marcação e locomoção.

(40)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

- GA A 95

Procyon cancrivorus (mão pelada) F A SE

Folhas e galhos secos Folhas de bananeira e bambu

Osso defumado Sorvete de frutas e

verduras Couro Cobertor

Bola Pedaços de material

emborrachado Frutas inteiras Caixa de papelão Coco verde com carne dentro Alimentos escondidos (em caixas

lacradas de vários tamanhos ou em sacos presos na tela ou abertos no

chão com folhas dentro)

Diferentes itens alimentares da sua dieta no zoológico (ovos crus, frutas inteiras com casca, como melão e tomate

e frutas da época como goiaba, jaca e manga)

CO + O enriquecimento diminuiu o estresse.

- SV A 108

Ailuropoda melanoleuca (Panda) C SE A

Objetos plásticos manipuláveis Saco de estopa com palha

Ramos de abeto Maçãs em um bloco de gelo

Quebra-cabeça alimentar

CO +

Redução significativa de estereotipias, e comportamentos

indicativos de antecipação à alimentação. Dog Housing Activity pattern Toys Laboratory Psychological well being

WK A 57 Cães S C Brinquedos (objetos mastigáveis, tubo de plástico reforçado) suspensos CO + comportamento, ajuda a prevenir Aprimorou a complexidade do comportamentos indesejáveis.

(41)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Lobo-guará Bem-estar animal Enriquecimento ambiental Estresse Comportamento de forrageamento animal

GA TD 112 Chrysocyon brachyurus

(Lobo-guará) A

Caixa de papelão com alimento Bolas de cipó com alimento Sacos de tecido com alimento

Tubo de PVC com alimento Alimento escondido na vegetação

CO

MFC +

Promoveu uma preferência pela busca dos alimentos, e aumento na frequência de forrageamento.

- GA A 59

Gallus gallus domesticus

(Galo) SE

Desenhos coloridos colados nas paredes Objetos coloridos (rolhas de borracha, tubos, bolas, contas, botões, bicos de

pipeta e dedais)

CO +

Diminuiu o freezing, e a esquiva

de objetos novos, e do medo de uma forma geral.

- SV A 78 Frango de corte SE

Música clássica Anéis de plástico coloridos Tampas de garrafas de leite

Pedaços de tecido Grama

CO +

As aves enriquecidas se apresentaram mais ativas antes e

após o transporte, quando comparadas com as que não

receberam enriquecimento. Chicken

Handling Fearful behavior

Housing

WK A 85 Galinha SE

Garrafas de plástico coloridas Bolas

Chocalhos

Exposição à voz humana pelo rádio

CO + Reduziu o risco de injúrias, além de reduzir o medo

Early experience Animal models Anxiety Depression Validation Endophenotypes Enrichment

WK A 62 Pintinho F

Espelhos Poleiros

Área com areia e alimentos Cordas nos topos das gaiolas

CO +

Taxas de vocalizações de agonia não foram afetadas, mas os pintos continuamente alojados

em ambientes enriquecidos e pintos alojados em ambientes enriquecidos em dias 4-6 mostraram um atraso no inicio da

fase de depressão. Recinto(s)

Enriquecimento ambiental Bem-estar Tucano-toco

GA A 106 Rhamphastos toco (Tucano

toco) A

Frutas (caqui, caju, carambola, pêssego, goiaba e maçã) cortadas em pedaços e

colocados em galhos de árvores frutíferas, presos em diferentes poleiros.

CO + Efeitos positivos, aumentou excitação.

- WK A 20

Gasterosteus aculeatus

(Esgana-gato) F

Plantas artificias

Vasos de plantas virados para cima CO 0

Os artefatos utilizados não geraram diferenças de comportamento em populações

(42)

Palavras-chave Base de dados

Tipo de

trabalho Referência Espécie Tipo de EA Artefato utilizado Mensuração Resultado do EA Resultados após EA

Boldness Anti-predatory

behavior Captive-breeding Maladaptation

Salmonid conservation Environmental

enrichment

WK A 89 Salmão F Ramos de cedro-de-oregon no fundo Larvas congeladas de Chironomidae CO +

Não influenciou no tamanho final ou nutricional dos peixes. No

entanto, as mudanças nas condições de criação tiveram efeitos rápidos e marcantes sobre

o comportamento de tomada de riscos.

(43)

Dos trabalhos analisados, 21 utilizaram o enriquecimento do tipo sensorial, 10 o tipo físico, 15 o tipo cognitivo, 14 o tipo alimentar, e oito o tipo social.

Nove trabalhos foram com primatas, um com a ordem Lagomorpha, 13 com roedores, cinco com felídeos, cinco com suínos, cinco da ordem Carnivora com excessão de felídeos, cinco com aves, e dois com peixes. Para cada grupo de animais, foram contabilizados os tipos de enriquecimentos utilizados nos trabalhos analisados (Tabela 4) e os resultados obtidos (Tabelas 5).

Com base na tabela 4, podemos afirmar que nos trabalhos com primatas foram utilizados o enriquecimento físico em 55,5% dos trabalhos analisados, sensorial em 44,4%, alimentar em 33,3%, cognitivo em 22,2%, e social em 11,1%.

No único trabalho com a ordem Lagomorpha foi utilizado o enriquecimento sensorial.

Em relação aos trabalhos com roedores foram utilizados o enriquecimento físico em 53,8% dos trabalhos analisados, social em 38,5%, alimentar em 15,4%, e sensorial em 15,4%.

No caso de felídeos, o enriquecimento alimentar e sensorial foram utilizados em 80% dos trabalhos analisados, e os cognitivo e físico em 20%.

Nos trabalhos com suínos, foram utilizados o enriquecimento sensorial em 80% dos trabalhos analisados, e social em 20%.

Em relação aos trabalhos com a ordem Carnivora, exceto felídeos, o enriquecimento alimentar foi utilizado em 80% dos trabalhos analisados, sensorial em 60%, cognitivo em 40%, físico em 40%, e social em 20%.

Nos trabalhos com aves, foram utilizados o enriquecimento sensorial em 60% dos trabalhos analisados, físico em 20%, e alimentar em 20%.

No caso dos trabalhos com peixes, foram utilizados o enriquecimento físico em 100% dos trabalhos analisados.

Com base na tabela 5, é possível afirmar que 55% dos trabalhos com primatas tiveram um aumento dos comportamentos típicos da espécie, 55% tiveram redução dos comportamentos anormais e/ou estresse, 33,3% tiveram um aumento no sucesso reprodutivo, e 22,2% tiveram uma redução da taxa de inatividade.

Em relação a ordem Lagomorpha, o único trabalho analisado teve como resultado um aumento dos comportamentos típicos da espécie.

(44)

anormais e/ou estresse, 23% tiveram um aumento dos comportamentos típicos da espécie, 15,4% tiveram uma melhora no aprendizado, e em 7,7% o enriquecimento ambiental facilitou o desenvolvimento.

Dos resultados dos trabalhos com felídeos, 80% tiveram um aumento dos comportamentos típicos da espécie, e 80% tiveram uma redução dos comportamentos anormais e/ou estresse.

Em relação aos trabalhos com suínos, 40% tiveram redução do comportamento anormal e/ou estresse, 20% tiveram um aumento dos comportamentos típicos da espécie, 20% tiveram redução da taxa de inatividade, e em 20% o enriquecimento ambiental facilitou o desenvolvimento.

Nos trabalhos com a ordem Carnívora, exceto felídeos, 60% tiveram um aumento dos comportamentos típicos da espécie, e 60% tiveram uma redução dos comportamentos anormais e/ou estresse.

Nos trabalhos com aves, 60% tiveram uma redução dos comportamentos anormais e/ou estresse, 20% tiveram um aumento dos comportamentos típicos da espécie, e 20% tiveram uma redução da taxa de inatividade.

(45)

Tabela 4 - Tipos de enriquecimento utilizados.

Tipo de EA

Número de trabalhos

Primatas Lagomorpha Roedores Felídeos Suínos Carnivora (exceto felídeos)

Aves Peixes

Cognitivo 2 0 0 1 0 2 0 0

Físico 5 0 7 1 0 2 1 2

Social 1 0 5 0 1 1 0 0

Alimentar 3 0 2 4 0 4 1 0

Sensorial 4 1 2 4 4 3 3 0

(46)

Tabela 5 – Resultados obtidos dos trabalhos analisados.

Resultados Primatas Lagomorpha Roedores Felídeos Suínos Carnivora (exceto felídeos)

Aves Peixes

Aumento dos comportamentos típicos da espécie

5 1 3 4 1 3 1 1

Redução da taxa de inatividade

2 0 0 0 1 0 1 0

Aumento do sucesso reprodutivo

3 0 0 0 0 0 0 0

Melhora no aprendizado

0 0 2 0 0 0 0 0

Redução do comportamento anormal/estresse

5 0 4 4 2 3 3 0

Facilitou desenvolvimento

0 0 1 0 1 0 0 0

Melhora em tratamento médico

0 0 5 0 0 0 0 0

(47)

Analisando as informações das tabelas 4 e 5, pode-se dizer que os resultados do tipo “aumento dos comportamentos típicos da espécie” e a “redução do

comportamento anormal” foram os mais presentes nos trabalhos analisados, já que

se encontram em todos os grupos, com exceção dos trabalhos com a ordem Lagomorpha e peixes, no caso da “redução do comportamento anormal”.

Pode-se dizer que os trabalhos com primatas, felídeos, e animais da ordem Carnivora exceto felídeos, foram os que apresentaram resultados mais expressivos, já que mais de 50% dos trabalhos com estes grupos apresentaram uma melhora tanto em relação aos resultados “aumento dos comportamentos típicos da espécie”,

e “redução dos comportamentos anormais”. Isso pode ser reflexo da quantidade e

diversidade de artefatos utilizados nos trabalhos com esses grupos apresentados no quadro 1, tendo sido apresentados vários tipos de enriquecimento ambiental (tabela 4) para os sujeitos experimentais, cobrindo uma vasta gama de estimulações benéficas.

Com relação apenas aos trabalhos com primatas, o tipo de enriquecimento mais utilizado foi o físico (55%), e o menos utilizado foi o social (11,1%) (Tabela 4). Tal resultado parece não ser o mais desejável, já que a vida social é de extrema importância nesse grupo de animais. Porém, é possível afirmar que o investimento em enriquecimento social foi baixo, pois na maioria dos trabalhos, os indivíduos já estavam alojados em grupo antes mesmo de se iniciarem o trabalho com enriquecimento ambiental. O enriquecimento físico foi o mais utilizado, uma vez que muitos recintos que abrigavam os animais destes trabalhos se encontravam em situações precárias, ou livres de qualquer tipo de estímulo, se tornando, então, uma prioridade.

Em relação aos trabalhos com roedores, foram utilizados vários tipos de enriquecimento e uma gama razoável de artefatos. 30,7% dos trabalhos analisados

apresentaram “aumento dos comportamentos típicos da espécie” e “redução dos

comportamentos anormais” (tabela 5). Além disso, este grupo apresenta resultados não descritos em outros grupos, tais como “melhora no aprendizado” e “melhora em

tratamento médico”.

(48)

“redução dos comportamentos anormais”, em 60% dos trabalhos apresentados

(tabela 5).

Imagem

Tabela 2 - Tipos de trabalhos utilizados.
Tabela 3 - Quantificação de trabalhos encontrados em cada base de dados.
Tabela 4 - Tipos de enriquecimento utilizados.
Tabela 5 – Resultados obtidos dos trabalhos analisados.

Referências

Documentos relacionados

Diante do exposto acima, tornou-se de fundamental importância avaliar o diâmetro efetivo e o coeficiente de uniformidade de quatro diferentes tipos de areia,

Com base nos fatores considerados durante a pesquisa, pôde-se observar que o grupo Algar (através da universidade corporativa – UniAlgar), em seus 20 anos de

Em pouco tempo, a tecnologia tomou proporções gigantescas e trouxe variações de realidade virtual e as mais diversas aplicações para todas as áreas possíveis, e

Estudo feito na Estação Ecológica de Juréia - Itatins (EEJI) - Núcleo Arpoador no município de Peruíbe/SP, que analisou uma informação etnoecológica de que a incidência

 Os números do cartão-resposta, de 01 (um) a 20 (vinte), correspondem rigorosamente à numeração sequencial atribuída às questões objetivas do Caderno de Prova. 

Entrando para a segunda me- tade do encontro com outra di- nâmica, a equipa de Eugénio Bartolomeu mostrou-se mais consistente nas saídas para o contra-ataque, fazendo alguns golos

Portanto, o objetivo principal deste estudo foi avaliar a intensidade e local da dor referida por pacientes que foram submetidos à cirurgia cardíaca e verificar a correlação da dor

O objetivo deste trabalho de conclusão de curso, é desenvolver um traço de concreto para a produção de placas pré-fabricadas cujo a função seja apenas de vedação, respeitando