INTRODUÇÃO
Os argilitos provenientes da formação Corumbataí abastecem quase que a totalidade das indústrias integrantes do Pólo Cerâmico de Santa Gertrudes, SP. O referido arranjo produtivo local é responsável por cerca de 50% da fabricação nacional de pisos e revestimentos cerâmicos e vem buscando espaço no mercado internacional.
$IRUPDomR&RUXPEDWDtpXPDXQLGDGHOLWRHVWUDWLJUi¿FD da Bacia do Paraná, de idade permiana, descrita com base
Variação da cor e propriedades cerâmicas com o aumento
da temperatura de queima de uma argila proveniente
da formação Corumbataí, região de Piracicaba, SP)
Variation of color and ceramic properties with
WKHLQFUHDVHRIWHPSHUDWXUHRIFOD\V¿ULQJIURPWKH
&RUXPEDWDtIRUPDWLRQUHJLRQRI3LUDFLFDED63
C. D. Roveri , A. Zanardo, M. M. T. Moreno
Departamento de Petrologia e Metalogenia, Instituto de Geociências e Ciências Exatas
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, UNESP - Campus de Rio Claro
Av. 24A, 1515, Bairro Bela Vista, C.P. 178, Rio Claro, SP 13506-900
cdroveri@rc.unesp.br, azanardo@rc.unesp.br, mmoreno@rc.unesp.br
em exposições no vale do rio Corumbataí, com espessura máxima da ordem de 130 metros na região de Rio Claro, SP, composta predominantemente por sedimentos argilosos de coloração arroxeada ou avermelhada, com intercalações de OHQWHVGHDUHQLWRVPXLWR¿QRV>@(VWDXQLGDGHFRUUHVSRQGH ao prolongamento, para norte/nordeste das formações 7HUHVLQDH5LRGR5DVWUR>@DÀRUDQGRQRHVWDGRGH63DXOR ao norte do rio Tietê, com adelgaçamento da espessura para norte, apresentando espessuras da ordem de 60 metros nas imediações de Leme e Pirassununga e desaparecendo nas Resumo
2EMHWLYDQGRFRPSUHHQGHUDLQÀXrQFLDGRIHUURFRQWLGRQDLOOLWDSUHVHQWHQDIRUPDomR&RUXPEDWDtQDFRUGHTXHLPDGHSURGXWRV
cerâmicos selecionou-se uma amostra de cor cinza esverdeado claro, dominantemente illítica e com porcentagem de óxidos e
KLGUy[LGRVGHIHUURUHODWLYDPHQWHEDL[RFRPEDVHHPHVWXGRVSHWURJUi¿FRVPLQHUDOyJLFRVHTXtPLFRV3DUDRVWHVWHVFHUkPLFRVRV
corpos de prova foram queimados em forno de queima rápida de laboratório nas temperaturas de 900 ºC, 950 ºC, 1000 ºC, 1050 ºC, 1075 ºC e 1100 ºC, com taxa de aquecimento de 40 ºC/min, sendo um conjunto de corpos de prova queimado a 950 ºC, porém com
WD[DGHDTXHFLPHQWRGH&PLQFRPRLQWXLWRGHYHUL¿FDUDLQÀXrQFLDGRWHPSRGHTXHLPDQDFRORUDomRGDVSHoDVFHUkPLFDV2 WHPSRGHTXHLPDPRVWURXQmRLQWHUIHULUVLJQL¿FDWLYDPHQWHQDDOWHUDomRGDFRUHRVFRUSRVGHSURYDDSHQDVDSUHVHQWDUDPDOWHUDo}HV VLJQL¿FDWLYDVDSDUWLUGDWHPSHUDWXUDGH&DGTXLULQGRUHVSHFWLYDPHQWHRVPDWL]HVODUDQMDYHUPHOKRHPDUURPHVFXUR$
mudança de cor foi acompanhada em intensidade equivalente pela retração linear de queima, pela absorção de água e módulo de
UXSWXUDSRUÀH[mR
Palavras-chave: argila, mineralogia, cerâmica.
Abstract
7KHREMHFWLYHRIWKLVSDSHULVWRXQGHUVWDQGWKHLQÀXHQFHRIWKHLURQFRQWDLQHGLQWKHLOOLWHSUHVHQWLQWKH&RUXPEDWDtIRUPDWLRQLQ WKHFRORURI¿ULQJRIFHUDPLFSURGXFWV$VDPSOHZDVVHOHFWHGZLWKDJUD\FRORUFOHDUO\ZLWKLOOLWHGRPLQDWLRQK\GUR[LGHDQGR[LGH SHUFHQWDJHDQGUHODWLYHO\ORZLURQZLWKEDVLVRISHWURJUDSKLFVPLQHUDORJLFDODQGFKHPLFDOVWXGLHV)RUWKHFHUDPLFHVVD\VWKHWHVW ERGLHVZHUH¿UHGLQDIDVW¿ULQJNLOQRIODERUDWRU\LQWKHWHPSHUDWXUHVRI&&&&&DQG& ZLWKKHDWLQJUDWHRI&PLQDVHWRIERGLHVWHVWZDV¿UHGDW&KRZHYHUZLWKKHDWLQJUDWHRI&PLQIRUWKHFKHFNLQJRIWKH LQÀXHQFHRIWKHWLPHRI¿ULQJUDQJHLQWKHFRORUDWLRQRIWKHFHUDPLFSODWHV7KHWLPHRI¿ULQJUDQJHVKRZHGQRWWRLQWHUYHQHVLJQL¿FDQWO\ LQWKHDOWHUDWLRQRIWKHFRORUDQGWKHWHVWERGLHVSURGXFHGVLJQL¿FDQWDOWHUDWLRQVLQWKHWHPSHUDWXUHRI&DFTXLULQJUHVSHFWLYHO\ WKHVKDGHVRUDQJHUHGDQGGDUNEURZQ7KHFRORUFKDQJHZDVIROORZHGLQLQWHQVLW\HTXLYDOHQWIRUWKHOLQHDUUHWUDFWLRQRI¿ULQJIRU WKHZDWHUVDEVRUSWLRQDQGPHFKDQLFDOVWUHQJWKstrength..
proximidades do limite com o estado de Minas Gerais, na UHJLmRGH0RFRFD>@
O material explotado normalmente possui como constituinte maior a illita, seguida por feldspatos (autígenos e detríticos), quartzo, óxidos e hidróxidos de ferro, outros argilominerais (clorita, montmorillonitas, caulinita, biotita, LQWHUHVWUDWL¿FDGRV UHJXODUHV H LUUHJXODUHV H PXVFRYLWD FDUERQDWRV ]HyOLWDV HQWUH RXWURV PLQHUDLV >@ 6HJXQGR 6RX]D6DQWRV>@DVDUJLODVGDIRUPDomR&RUXPEDWDtVHULDP FODVVL¿FDGDVFRPR³VHGLPHQWDU\FOD\´D³FDOFDUHRXVFOD\´ em função do valor variável de carbonatos encontrados nos diversos estratos.
As peças cerâmicas constituídas por esse material apresentam cor de queima avermelhada a chocolate, aspecto DWULEXtGR j VLJQL¿FDWLYD SUHVHQoD GRV y[LGRV H KLGUy[LGRV de ferro, como hematita e goethita, que em média perfazer pouco mais de 5% do peso.
O objetivo deste trabalho foi caracterizar o comportamento de uma argila, proveniente dos arredores da cidade de Piracicaba, SP, do ponto de vista químico-mineralógico e físico, avaliando as propriedades cerâmicas do material em diferentes temperaturas, com o intuito de determinar se o IHUURFRQWLGRQDLOOLWDLQÀXHQFLDUiDFRORUDomRGHTXHLPD e demais propriedades cerâmicas dos pisos e revestimentos produzidos na região.
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Coletou-se, em campo, amostra de rocha bruta, em ponto de coordenadas UTM, Datum Córrego Alegre, 1H(ORFDOL]DGRQDVSUR[LPLGDGHVGD Rodovia Piracicaba-Limeira. Dos diversos fragmentos que constituíam a amostra selecionou-se um, através de análise macroscópica (o mais representativo do conjunto), para a confecção de uma seção delgada objetivando a análise microscópica. Posteriormente, efetuou-se a fragmentação primária da amostra em britador de mandíbulas e a moagem em moinho de martelos, até granulometria passante na SHQHLUD$%17DEHUWXUDGHMm).
Com o material moído e adequadamente homogeneizado tomaram-se alíquotas para a realização da análise química e mineralógica. A análise química foi realizada por ÀXRUHVFrQFLD GH UDLRV ; HP DSDUHOKR 3KLOOLSV PRGHOR 3: SHUWHQFHQWH DR /$%2*(2'3081(63 SHOD metodologia de fusão, seguindo a metodologia adotada pelo laboratório >@. A análise mineralógica foi realizada em equipamento D5000 Siemens, medida com radiação Co (comprimento de ondacSDVVRGHo e tempo de H[SRVLomRGHVSRUSDVVRHLQWHUSUHWDGDVFRPRVRIWZDUH (9$
$ DQiOLVH SHWURJUi¿FD IRL IHLWD HP PLFURVFySLR ySWLFR de marca Leitz, com aumento máximo de 630 vezes. As imagens foram capturadas em microscópio Leica, com uso GRVRIWZDUH4:LQ)RLIHLWDDGHWHUPLQDomRGDSURSRUomR volumétrica de cada mineral através de contagem em seção delgada.
Como intuito de obter corpos de prova para analisar as
propriedades cerâmicas, a argila foi granulada com teor GHiJXDGHHHVWRFDGDHPHPEDODJHQVSOiVWLFDVSRU K SDUD KRPRJHQHL]DomR GD XPLGDGH 3RVWHULRUPHQWH IRUDP REWLGRV FRUSRV GH SURYD GH GLPHQV}HV [ [ 0,75 cm3 XWLOL]DQGR SUHVVmR GH NJIFP (densidade
geométrica média a seco 1,91 g/cm3), em prensa manual
de laboratório, que, posteriormente, foram secos em HVWXIDHOpWULFDSRUKD&
As queimas foram feitas em forno de queima rápida Maitec a 900 ºC, 950 ºC, 1000 ºC, 1050 ºC, 1075 ºC e 1100 ºC com taxa de aquecimento 40 ºC/min. Realizou-se ainda nova queima a 950 ºC, porém com taxa de aquecimento de 20 ºC/min para
YHULÀFDUDLQÁXrQFLDGDYHORFLGDGHGHTXHLPDQDFRORUDomRGDV SHoDVFHUkPLFDV
Com os corpos de prova foram realizados ensaios de PyGXORGHUXSWXUDDÀH[mRDVHFRDEVRUomRGHiJXDUHWUDomR OLQHDUSyVTXHLPDHPyGXORGHUXSWXUDDÀH[mRSyVTXHLPD
RESULTADOS E DISCUSSÃO
6mRDSUHVHQWDGRVRVUHVXOWDGRVGDVDQiOLVHVSHWURJUi¿FDV GH GLIUDomR H ÀXRUHVFrQFLD GH UDLRV ; H GRV HQVDLRV cerâmicos.
3HWURJUD¿D 0DFURVFRSLFDPHQWH D URFKD HP IRFR apresenta cor cinza esverdeado claro com leve matiz amarelado, textura lutítica (presença de argilominerais em grande quantidade, com granulometria dominante silte ¿QR D P H HVWUXWXUD DQLVRWUySLFD H KRPRJHQHLGDGH estrutural e textural, falta de bandamento e aspecto que aliado
)LJXUD )RWRPLFURJUD¿D PRVWUDQGR XPD ³PDVVD´ FRPSRVWD
dominantemente por cristais de illita orientados envolvendo grãos clásticos de quartzo e feldspato (grãos cinza), palhetas de micas e máculas formadas por películas intersticiais de óxidos/hidróxidos, normalmente com hematita ou magnetita no centro.
>)LJXUH 3KRWRPLFURJUDSK VKRZLQJ D ³PDVV´ FRPSRVHG GRPLQDQWIRURULHQWHGFU\VWDOVRILOOLWHLQYROYLQJFODVWLFJUDLQVRI TXDUW] DQG IHOGVSDU JUD\ JUDLQV YDQHV RI PXVFRYLWH DQG VSRWV IRUPHG E\ LQWHUVWLWLDO K\GUR[LGH DQG R[LGH ¿OPV QRUPDOO\ ZLWK
àJUDQXORPHWULDPXLWR¿QDJHUDDVSHFWRPDFLoRQmR¿FDQGR evidente a orientação dos constituintes sem uso de lupa ou PLFURVFySLR&RPDX[tOLRGHOXSDPDQXDOFRPDXPHQWRGH vezes foi possível reconhecer algumas palhetas de mica com dimensões submilimétricas e minúsculos clastos granulares envoltos por uma massa afanítica (minerais que não são YLVtYHLVDROKRQXRXOXSDFRPDWp[GHDXPHQWR
Ao microscópio observou-se boa orientação dos ¿ORVVLOLFDWRV JHUDQGR WH[WXUD FRP DVSHFWR GH FOLYDJHP ardosiana e estrutura sutilmente laminada/bandada, com clastos de quartzo e feldspatos exibindo baixo arredondamento e esfericidade, e máculas de coloração marrom avermelhado a amarelo-alaranjado. As máculas são geradas por películas intersticiais de óxidos e hidróxidos de ferro, que possuem no centro cristais micrométricos, normalmente menores que 40 MPGHy[LGRVGHIHUURKHPDWLWDHRXPDJQHWLWD)LJ
A análise microscópica possibilitou determinar que a rocha é composta dominantemente por illita (mais de 65%), quartzo e feldspatos detríticos, com predomínio do primeiro (10% a 15%), micas detríticas representadas, HP RUGHP GHFUHVFHQWH SRU PXVFRYLWD ELRWLWD H FORULWD a 3%), óxidos e hidróxidos de ferro (cerca de 1%). Além GHVVHV PLQHUDLV IRL SRVVtYHO REVHUYDU D SUHVHQoD GH minúsculos cristais granulares, com dimensões menores que 5 Mm dispostos intersticialmente aos cristais de illita, que aparentam serem representados dominantemente por DOELWD D H SRU TXDUW]R D ¿ORVVLOLFDWRV de dimensões micrométricas, birrefringência baixa e cor esverdeada que aparentam tratar-se de minerais do grupo GDFORULWDPHQRVGHDSUHVHQoDGHSHOtFXODVGHOJDGDV descontínuas, dispostas ao longo dos planos de acamamento, constituídas por argilo-minerais resultantes de alteração supérgena (minerais do grupo da montmorillonita e/ou LQWHUHVWUDWL¿FDGRVIUDJPHQWRVGHUHVWRVfósseis (menos de HUDURVFULVWDLVGHPLQHUDLVGHWUtWLFRVSHVDGRV
A illita constitui minúsculas palhetas de coloração levemente esverdeada, com comprimento médio da ordem 5 Mm, sendo que os cristais mais desenvolvidos atingem mais de 10 Mm, chegando a confundir-se com clastos de muscovita. Os clastos terrígenos, excetuando algumas palhetas de micas que atingem comprimento entre 150 Mm H Mm, apresentam dimensões normalmente inferiores a 100 Mm, com média ao redor de 50 MP (QFRQWUDPVH dispersos mais ou menos homogeneamente pela rocha e chegam a formar trilhas e difusas concentrações lenticulares orientadas segundo o plano de deposição.
Difração de raios X$DQiOLVHPLQHUDOyJLFDDWUDYpVGH GLIUDomRGHUDLRV;)LJGHPRQVWUDTXHDPDWpULDSULPDp formada essencialmente por illita, quartzo, albita, existindo evidências da presença de minerais do grupo da clorita,
PRQWPRULOORQLWDHLQWHUHVWUDWL¿FDGRV1mRVmRREVHUYDGRVRV picos de ocorrência dos minerais de ferro, como hematita, apesar do alto teor de óxido de ferro, relativamente elevado, DFXVDGRSHODDQiOLVHTXtPLFDDSUHVHQWDGDDEDL[R1DHVFDOD QQDIDL[DGHDVmRREVHUYDGRVGLYHUVRVSLFRVGH SHTXHQD PDJQLWXGH (VWHV SRGHP UHODFLRQDUVH D UXtGRV GHOHLWXUDRXjSUHVHQoDGHLQWHUHVWUDWL¿FDGRVPLQHUDLVGR grupo da clorita e/ou da montmorillonita, em porcentagens próximas a 5%.
&RPSRVLomR TXtPLFD 2 UHVXOWDGR GD DQiOLVH TXtPLFD UHODWLYR DRV HOHPHQWRV PDLRUHV REWLGR SRU ÀXRUHVFrQFLD GH UDLRV;7DEHOD,HVWiGHDFRUGRFRPDPLQHUDORJLDGHWHUPLQDGD e respectivas porcentagens estimadas por microscopia. O teor relativamente elevado de K2 HP SHVR HVWi de acordo com grande quantidade de illita detectada pelos HVWXGRVPLFURVFySLFRVHQTXDQWRTXHRWHRUGH1DO (1,46%) está condizente com o teor de albita aventado pelo estudo microscópico. Por outro lado, a perda ao fogo relativamente EDL[D 3) FRQGL] FRP D DXVrQFLD GH FDUERQDWRV DVSHFWRFRQFRUGDQWHFRPREDL[RWHRUGH&D2HGHVWD IRUPDRWHRUGH0J2UHODWLYDPHQWHDOWRUHVXOWDGD composição da illita e secundariamente da clorita e minerais LQWHUHVWUDWL¿FDGRV HP IXQomR GHVWD ~OWLPD DSDUHFHU HP diminutas quantidades, como demonstram os estudos ópticos HGHGLIUDomRGHUDLRV;
$SRUFHQWDJHPHPSHVRGHIHUURWRWDO)H3O3=4,74%), de acordo com os estudos microscópicos, não pode ser explicada pela presença de óxidos/hidróxidos, que ocorrem apenas em
SiO TiO AlO3 )HO3 0Q2 0J2 &D2 1DO KO PO5 3) 6RPD
)LJXUD'LIUDWRJUDPDGHUDLRV;GDDPRVWUDGHURFKD,0LOOLWD PRQWPRULOORQLWD4TXDUW]R,Q&OLQWHUHVWUDWL¿FDGRVHRXFORULWD $EDOELWD
>)LJXUH ;UD\ GLIIUDWLRQ SDWWHUQ RI WKH RI URFN VDPSOH , 0 LOOLWHPRQWPRULOORQLWH 4 TXDUW] ,Q&/ LQWHUVWUDWHV DQGRU
chlorite; Ab: albite.]
7DEHOD,$QiOLVHTXtPLFDGDDUJLOD >7DEOH,&KHPLFDODQDO\VLVRIWKHFOD\@
2Q (grau)
SRUFHQWDJHPYROXPpWULFDDRUHGRUGH1Dausência de outras possibilidades, também tem que estar presente na illita HVHFXQGDULDPHQWHQDFORULWD¿ORVVLOLFDWRVLQWHUHVWUDWL¿FDGRV e/ou minerais do grupo da montmorillonita, onde o ferro ELYDOHQWH)H++) ocorre em solução sólida com o magnésio,
em sítios de coordenação octaédrica, gerando coloração esverdeada para estes minerais, explicando a coloração da DPRVWUDHPTXHVWmR&DEHUHVVDOWDUTXHR)H3+também pode
estar presente na illita, talvez em quantidade superior ao do )H, nos sítios de coordenação octaédrica, no local do Al.
A estimativa da proporção mineralógica com base na análise química é prejudicada pela complexidade da fórmula TXtPLFDGDLOOLWDQDTXDORVVtWLRVGHFRRUGHQDomRHVWmR parcialmente preenchidos por potássio, fazendo com que a substituição do Si por Al no tetraedro também seja parcial, DOpPGHQmRVHUHVWLPiYHODVXEVWLWXLomRGR$OSRU)HH0J no octaedro a partir da análise química, em especial pela SUHVHQoD GH PXVFRYLWD ELRWLWD FORULWD LQWHUHVWUDWL¿FDGRV e/ou minerais do grupo da montmorillonita. Por outro lado DTXDQWL¿FDomRGHVVDVIDVHVDWUDYpVGDPLFURVFRSLDySWLFDp impossível, em função da granulometria e textura da rocha.
Apesar das incertezas expostas no parágrafo anterior, considera-se que a fase amplamente dominante é a illita, que quartzo e albita aparecem em proporções subordinadas e que as outras fases minerais (feldspatos potássicos GHWUtWLFRV PLFDV FORULWDV H RXWURV ¿ORVVLOLFDWRV RFRUUHP HPTXDQWLGDGHVEHPLQIHULRUHV)RLSRVVtYHOHVWLPDUDSDUWLU da análise química, baseando-se em composições químicas minerais contidas em '((5et al. (1966), que a illita deve corresponder a um teor mínimo de 50% e máximo de 65%, RTXDUW]RGHDHDDOELWDDRUHGRUGH0HVPR considerando os teores mais baixos de illita obtidos por esta estimativa, que aparenta estar subestimando essa fase e superestimando o quartzo, em função dos aspectos colocados DFLPDDSHUGDDRIRJR3)GDDQiOLVH7DEHOD,HVWiDEDL[R GRHVWLPDGR(VWHIDWRSRGHVHUH[SOLFDGRSHODR[LGDomRGR )H++ presente na illita durante a calcinação da amostra por
TXDWURKRUDVD&WHPSHUDWXUDHPTXHR)H começa
DVHUOLEHUDGRHR[LGDGRSHODDWPRVIHUDR[LGDQWHGDPXÀD JHUDQGR)H3+)H
O3).
2WHRUUHODWLYDPHQWHDOWRGHiOFDOLV1DO + KO = 4,69% H0J&D2 HPSDUDOHORFRPRWHRUGH$OO3 UHODWLYDPHQWHEDL[RHVSHFLDOPHQWHFRQVLGHUDQGR as fases minerais presentes, garantem a baixa refratariedade desta argila.
Queimas e ensaios cerâmicos 2V FRUSRV GH SURYD foram queimados em diversas temperaturas (900 ºC, 950 ºC, 1000 ºC, 1050 ºC, 1075 ºC e 1100 ºC), escolhidas com base na temperatura de início de fusão das argilas da formação Corumbataí da região, dominantemente illíticas, com o intuito SULQFLSDO GH YHUL¿FDU VH RFRUUH DOWHUDomR QD FRU GH TXHLPD com o incremento da temperatura, em matéria-prima de cor clara, porém com teor relativamente elevado de ferro.
As massas cerâmicas, oriundas da formação Corumbataí, preparadas pelo processo de via seca, no Polo de Santa Gertrudes, bem como as estudadas pelo Grupo de Pesquisa ³4XDOLGDGHHP&HUkPLFD´GR,*&(81(63DWpRSUHVHQWH
momento, são de cor vermelha a arroxeada, com várias tonalidades e matizes e geram cor de queima vermelha a marrom avermelhado escuro, desde os primeiros estágios de VLQWHUL]DomRDSDUWLUGH&HPIXQomRGDVLJQL¿FDWLYD presença de hematita e/ou goethita, com média pouco superior a 5%.
Os corpos de prova queimados a 900 ºC apresentaram FRULGrQWLFDDRVQmRTXHLPDGRVD&SHUGHUDPRPDWL] esverdeado, acentuando o matiz amarelo pálido, a 1000 ºC SDVVDUDPDDSUHVHQWDUFRORUDomRDPDUHODDODUDQMDGRFODUDD &DGTXLULUDPFRUDODUDQMDGDD&FRUYHUPHOKD HD&FRUPDUURPHVFXUR)LJ1RWDVHTXHDSHQDV RFRUUHXVLJQL¿FDWLYDPXGDQoDGHFRUDWHPSHUDWXUDVXSHULRU a 1000 ºC, temperatura em que iniciou a liberação de ferro bivalente, que por oxidação passa a ferro trivalente responsável pela cor vermelha. A temperaturas da ordem de 1100 ºC, temperatura que começa a ocorrer a super queima o ferro trivalente começa a reduzir gerando a cor marrom avermelhado escuro a preto.
&RP R REMHWLYR GH YHUL¿FDU D LQÀXrQFLD GR WHPSR GH queima na cor dos corpos de prova foram queimados três deles a 950 ºC, com o dobro do tempo, e o resultado foi idêntico, demonstrando que a taxa de aquecimento não )LJXUD&RUSRVGHSURYDVUHIHUHQWHVjVTXHLPDVUHDOL]DGDV >)LJXUH6DPSOHVDIWHU¿ULQJ@
)LJXUD &RUSRV GH SURYD VXEPHWLGRV D YHORFLGDGHV GH TXHLPD
diferentes.
LQÀXHQFLDGHIRUPDVLJQL¿FDWLYDDFRUGHTXHLPDSHORPHQRV no caso do forno de laboratório utilizado, sem que ocorra a OLEHUDomRGRIHUURGDHVWUXWXUDGRV¿ORVVLOLFDWRV)LJ
$DQiOLVHGDFXUYDGHJUHVL¿FDomR)LJTXHVHFRQVWLWXL QD UHSUHVHQWDomR JUi¿FD GR FRPSRUWDPHQWR GH TXHLPD GH determinado material, permite a visualização de resultados e acompanhamento da sinterização da matéria-prima em TXHVWmR2JUi¿FRSRVVLELOLWDYLVXDOL]DUTXHDVLQWHUL]DomR inicia-se de forma efetiva apenas a temperaturas próximas de 1050 ºC, uma vez que nas temperaturas inferiores a UHWUDomR OLQHDU GH TXHLPD p LQVLJQL¿FDQWH D DEVRUomR GH iJXD DOWD VXSHULRU D H D UHVLVWrQFLD j ÀH[mR EDL[D )LJ $ SDUWLU GH & D UHWUDomR OLQHDU GH TXHLPD 5/4DXPHQWDUDSLGDPHQWHGHYDORUHVGDRUGHPGHD WHPSHUDWXUDGHTXHLPD&HD& (VWDUHWUDomRpDFRPSDQKDGDGHFRUUHVSRQGHQWHGLPLQXLomR GD SRURVLGDGH DEHUWD UHÀHWLGD QD UiSLGD GLPLQXLomR GD absorção de água, chegando ao redor de 1% à temperatura de 1100 ºC. A sinterização com a formação de fase líquida aparenta ocorrer apenas a temperaturas superiores a 1050 ºC, quando ocorre a expressiva diminuição da absorção de água, pelo preenchimento dos poros e aumento da retração linear de queima, pela aproximação das partículas.
A cor de queima clara a temperaturas inferiores a 1050 °C e tempos de queima inferiores a três horas, associada à absorção GH iJXD LQIHULRU D FRUUHVSRQGHP D UHYHVWLPHQWRV SRURVRVGHFODVVH%,,,GHDFRUGRDVHVSHFL¿FDo}HVSURSRVWDV QDQRUPD,627RGDYLDRJUDXGHVLQWHUL]DomRpPXLWR baixo a estas temperaturas, resultando em baixa resistência mecânica, inviabilizando seu uso para a fabricação de telhas e outros produtos estruturais sem mistura com outra matéria-prima que possibilite uma maior resistência mecânica entre 900 ºC e 1050 ºC.
$UHVLVWrQFLDPHFkQLFDjÀH[mRDSUHVHQWDGDSHORVFRUSRV GHSURYDTXHLPDGRVQDVGLIHUHQWHVWHPSHUDWXUDVHVWiQD)LJ 6, que também contém o valor médio obtido para o módulo GHUXSWXUDDÀH[mRDVHFRD&GDDUJLODTXHpGH 03DDSUR[LPDGDPHQWHNJIFP).
Os corpos queimados a 900 ºC e 950 ºC apresentaram resistência semelhantes (cerca de 9,0 MPa), portanto pouco superior ao corpo seco, demonstrando que não houve VLQWHUL]DomR (VWD SURSULHGDGH PRVWUD TXH D VLQWHUL]DomR começou por volta de 1000 ºC, temperatura que reações químicas relativas à illita ou metaillita possibilitam o início de reação de sinterização, aparentemente sem envolvimento de fase de fusão.
As análises térmicas de matérias-primas domi-nantemente illíticas, em congruência com resultados GH LOOLWDV H[LVWHQWHV QD OLWHUDWXUD >@ PRVWUDP TXH D desestruturação da illita começa por volta de 530 ºC, porém os resultados obtidos mostram que somente ao redor de 1000 ºC o produto da quebra da illita possibilita a sinterização ao mesmo tempo que ocorre a liberação GH)H. A partir dessa temperatura a resistência aumenta
rapidamente e por volta de 1050 °C, ocorre o início de formação de fase líquida. Acima de 1075 ºC o material apresenta os valores mais elevados de resistência mecânica, em consonância com a absorção de água e retração linear de queima. Desta forma, como já era esperado, observa-se boa correlação entre a resistência mecânica pós queima com a sinterização discutida acima.
CONCLUSÕES
Com base nos procedimentos realizados pode-se concluir TXH
- a argila em estudo apresenta comportamento diferenciado frente às variações na temperatura e velocidade de queima, quando comparada a outros materiais, provenientes da mesma formação geológica (formação Corumbataí). As principais diferenças estariam relacionadas à natureza da illita, uma vez que este mineral apresenta quimismo bastante complexo e a forma de ocorrência do ferro, ocorrendo, nesta argila, em sua estrutura e não como óxidos e hidróxidos livres.
D DQiOLVH SHWURJUi¿FD PRVWURXVH XPD IHUUDPHQWD H¿FLHQWH QD GHWHUPLQDomR GH SDUkPHWURV UHODWLYRV j )LJXUD&XUYDGHJUHVL¿FDomRGDDUJLOD
)LJXUH6LQWHULQJFXUYHRIWKHFOD\
normalização mineral (cálculos de fases minerais com base nos resultados químico-mineralógicos).
- a sinterização tem início a 1000 ºC, quando material proveniente da illita, fase dominante, atinge atividade VX¿FLHQWHSDUDWDOVHPDSDUWLFLSDomRGDVIDVHVOtTXLGDV (VWDVSDVVDPDGHVHQYROYHUVHHPWHPSHUDWXUDVVXSHULRUHV a 1050 ºC.
- a mudança de coloração nos corpos de prova está UHODFLRQDGD j OLEHUDomR GH )H presente na illita, por
volta de 1000 ºC, conferindo a estes, coloração que varia GHODUDQMDDDYHUPHOKDGD$VVLPDLQÀXrQFLDGRIHUURp YHUL¿FDGDDFLPDGHVWDWHPSHUDWXUD
- para a determinação do potencial tecnológico das matérias-primas deve-se correlacionar suas propriedades químico-mineralógicas às cerâmicas, sempre buscando a adequação às normas vigentes.
- para utilizar-se a argila em estudo para a fabricação de telhas e outros produtos estruturais deve-se realizar a formulação por meio de mistura com outra matéria-prima que possibilite uma maior resistência mecânica entre 900 ºC e 1050 ºC ou aumentar VLJQL¿FDQWHPHQWHRWHPSRGHTXHLPD
AGRADECIMENTOS
¬ )$3(63 3URFHVVRV H H &13T 3URFHVVR H &RWD 3,%,&
REFERÊNCIAS
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>@36RX]D6DQWRV7HFQRORJLDGHDUJLODVDSOLFDGDjVDUJLODV EUDVLOHLUDV(G(GJDUG%OXFKHU63DXOR%UDVLOS >@$-51DUG\-(Q]ZHLOHU2%DKLD)0$)2OLYHLUD 0$ 9 3HQHUHLUR$QDLV GR 9, &RQJUHVVR %UDVLOHLUR GH *HRTXtPLFD6DOYDGRU%$S
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