• Nenhum resultado encontrado

Sobre a multideterminação da resposta projetiva: uma revisão critica

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Sobre a multideterminação da resposta projetiva: uma revisão critica"

Copied!
257
0
0

Texto

(1)

~

1

1

J

I

I

I

1

I

J J

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS

CENTRO DE PÓS-GRADUACÃO EM PSICOLOGIA

Sobre a multideterminação da resposta projetiva: uma revisão critica

·Por

Guenio Bunchafl

Dissertação submetida como requisito parcial paro obtenção do . grau de

MESTRE EM PSICOLOGIA

Rio de Janeiro', Dezembro de 1984

(2)

CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

/ Sobre a multideterminação da resposta projetiva:

uma revisão critica

Guenio Bunchofl

FGV/ISOP/CPGP

Praia de Botafo go I 190 - sala 1108

(3)

à m~nha mae, que eom amon e

ded~eaç~o e~t~mula todo~ o~ meu~ empneendimento~ .

(4)

e pela ViQe-Reito~ia Comunit~~ia da Unive~~idade Santa Q~~ula,

pela Fundação ~túlio Va~ga~ e pelo Con~elho NaQional de

(5)

à Professora EVA NICK, pelo apoio e entusiasmo com que

aceitou o tema e a orientação deste estudo.

Ao Professor FRANCO LO PRESTI SE~rrNtRIO, pelo estímulo

e sugestões durante a elaboração deste trabalho.

Ao Professor ELIEZER SCHNEIVER, por sua inestimivel

co-laboração.

à Professora SHEILAH RUBINO VE OLIVEIRA KELLNER, pelo

inter.esse e solidariedade em discutir. alguns aspectos teóricos.

à ~~RIA VA CONCEIÇÁO V. AZEVEVO ESTEVÁO, pela paciente

datilografia desta dissertação.

À grande amiga LUI SA HE LENA }.t)R G\VO VA HORA, que se

em-penhou nesta tarefa às custas de muitos sacrifícios pessoais, sen

do minha colaboradora e interlocutora permanente.

À AUGUSTO VE MJRAES, que não poupou esforços para me

a-judar, demonstrando amizade, paciência e tolerância.

Aos meus tios, pela amizade demonstrada.

Aos demais amigos e colegas que me apoiaram e encoraj aram.

A todos, minha sincera gratidão.

(6)

No presente estudo são abordados dois dentre os

aspec-tos essenciais dos testes projetivos: o conceito de projeção e os

determinantes inerentes â situação de testagem ou seja, as

pro-priedades estimuladoras do instrumento, o examinador e o contexto

situacional. O conceito de projeção ~ analisado conforme as

con-ceituações formuladas por diversos autores, questionando-se a

a-dequação do termo teste "projetivo". Em relação às propriedades

do estímulo, ~ discutida a hipotese usual segundo a qual o teste

"projetivo" ~ ambíguo e carece de significação objetiva. No que

diz respeito dO examinador e ao contexto situacional, e

ressalta-do o fato de que o processo de testagem implica em uma interação

entre o examinador e o sujeito dentro do contexto em que o

ins-trumento é aplicado. Esta dissertação se restringe ao Psicodiafl

nostico de Rorschach, ao Teste de Apercepção Temática e ao

Dese-nho da Figura Humana, por serem os mais utilizados no processo de

diagnostico psicologico.

~ focalizado o conceito de projeçao em sua conotaçao

múltipla, que se presta a interpretações distorcidas acerca dos

mecanismos psicologicos envolvidos durante a testagem projetiva.

Busca-se tambem oferecer suporte ã afirmação de que a resposta

projetiva é multideterminada, sendo essencial ã sua interpretação

que seja considerada como resultante da interação entre estímulo,

contexto e variáveis do sujeito.

(7)

The present study reviews, critically, the extensive

literature already written ando discussed, with regard to the

Rorschach, Thematic Apperception and Draw-a-Person Test, which

belong to the more commonly used psychodiagnostic instrumentso

The author's main purpose is directed towards an exarnination of

two essential features of projective testing: the "projection"

construct and the major testing situation's determinants, e. go,

the instrument's stimulus properties, the examiner's influence

and the situational contexto After a thorough analysis of the

definit10ns offered by various authors, the adequacy of the

expression "projective test" is questioned, emphasizing the

multiple connotations of this concept. Hence, the ease with which

i t falls prey to distorted interpretations directed towards the

defence mechanisms imbued in the testing situationo The usual

hypothesis - commonly assurned and wide spread-that the "projective

test" is ambiguous for the subject and lacks objective meaning is

closely, scrutinized as well as the projective testing process,

since i t implies an interaction (frequently ignored) between

examiner and subject, only fully unclerstoocl within the special

context where the several devices to which the author refers are

employedo

Finally, this study tries to present a more solid foundation

for the statement that the projective response is the outcome

(8)

projective devices not as psychodiagnostic tools with objective

meaning, but as a resultant of. many vectors, among which stimulus,

situational context and ~ubject variables receive special

emphasis.

(9)

L'auteur de ce travail a par but, en procedant a un

etude critique de la litterature technique versant sur les so~­

disants tests projectifs) dont les plus usuels: le Rorschach,

le Teste d'Apperception Thematique et le Test de Machover sont

choisis en fonction de l'importance qu'ils jouissent, jusqu'au

present moment, dans le domaine des proces psychodiagnostic,

faire un examen du propre concept de projection, dont l'adequation

est mise en questione Deux aspects fondamentaux sent investigues

en profondeur: le construct dejã mentionne et les"detérminants

inherents ã la situation dans laquelle le sujet est soumis a d~s

epreuve~ projectives, c'est-ã-dire, l'influence de l'examinateur,

les proprietes d'estimulation del'instrument et tout qui fait

part du contexte reeI de la praxis de l'examen psychologique.

L'hypothese três repandue de l'ambiguite inherente aux tests

projectifs du point de vue du sujet et la possibilite d'extraire,

de ceux-ci, une signification objective est questionnee. L'auteur

considere que le proces psychodiagnostic projectif seulement

peut être compris en envisageant l'interaction examinateur-sujet,

sans oublier la dimension du contexte dans lequel i l se deroule.

On peut considerer que la projection merite d'être

conçue ã partir d'une perspectivemultiple sans laquelle on

risque d'aboutir ã des interpretations deformees des mechanismes

(10)

appui ã l'afirmations selon laquelle la reponse projeetive est

surdeterminee; done une interpretation plus exaete et moins

tendaneieuse exige qu'elle soit envisagee eomme une resultante

de divers veeteurs, dont les essentiels sont l'interaetion

entre stimulus, eontexte et variables appartenant au sujet.

(11)

1. INTRODUÇÃO

Agradecimentos

Resumo ••• ' • • • • • • • • • • • • •

Abstract

...

Resume

...

iv

v

vi e vii

viii e ix

...

002

2. O CONCEITO DE PROJEÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS TESTES

PRO-3.

JETIVOS • . . . • . . • . • • • . . • • • . • • • • • • • • • • . . • . . . • . • • . . . 011

PROPRIEDADES ESTIMULADORAS

ros

~ESTES PROJETIVOS . . . • . . . 059

061 3. 1. Psicodiagn~stico de Rorschach . . • • . • . • . • . . . • . . •

3.1.1. Estudos envolvendo a manipulação

experimen-tal do e s t í m u l o . . . 062

3.1.2. Estudos lidando com correlatos

fisiol~gi-c os . . . . 072

3.1.3. Efeitos da seqUência e da ordem de

apresen-taçao . . . ' . . . 073

3.1.4. Significado simb~lico das lâminas . . . • . . 076

3.1.5. "Card-pull" 084

3.2. Teste de Apercepção Tematica 086

3.2.1. I1Card-pull" . . . : . . . 088

3.2.2. Ordem de aplicação das lâminas . . . 093

3.2.3. AmbigUidade . . . 094

(12)

material-estí-4. INFLUÊNCIA DO EXAl1INADOR NA RESPOSTA AOS TESTES

PRO-JETIVOS . . . • . . . • . . . lo . . . .. 114

4. 1. Efeito genérico do examinador

Características físicas do examinador 115

4.3. Reforço fornecido pelo examinador . . . • . . . . 120

4.4. Influência da personalidade do examinador . . . ; .. 122

4 . 5 • Interação examinador-sujeito ..

... ..

127

Influência da expectativa do examinador na

in-terpre t ação e f e t uada ... . 128

4.7. Efeito do viés do examinador • • • • o' . . . lo 130

4.8. Conclusão 134

5. INFLUÊNCIA DO CONTEXTO SITUACIONAL . . . 137

5.1. Instruções enfatizando um determinante, local i

zação especial ou extensão do protocolo 138

5.2. Definição da situação de testagem . . . • • . . . 145

5.3.' "S ets " resultantes de experiências anteriores

-a test-agem . . . . 149

5.4. "Stress" situacional

.

...

_,

. .

. .

. .

.

..

.

.. .

152

5 • 5 • Conclusão 155

(13)

6.1.1. Restrições generiricas . . . . • . • . • • . . • . . . • . • . 158

6.1.2. Restrições específicas ao Psicodiagnós~ tico de Rorschach . . . • . . • • • . . • . • • . . . • • 161

6.2. Anilise dos dados relativos is propri~dades e~ timuladoras dos testes projetivos 163 6.2.1. O Psicodiagnóstico de Rorschach . . . 167

6.2.1.1. Atributos bisicos - cor, som-breado, forma e contraste fi-gura-fundo

...

168

6.2.1.2. Correlatos fisiológicos is ca-ract~rísticas das liminas . . . • . • . . 171

6.2.1.3. Posição e seqUência na serle

-

.

de lâminas

...

171

6.2.1.4. Simbolismo das lâminas

...

174

6.2.1.5. "Card-pull" . • • . • . . . • • • . . . . • • . • . 179

6.2.2. Teste de Apercepção Temitica . . . . • . . . • . . . 181

6.2.2.1. "Card-pull" . . . • • • • . . . . • • • . . . . • . • . 181

6:2.2.2. Relação entre ambigUidade e pr()-jeção . . . 186

6.2.2.3. Semelhança figuraI... .•.•. . . • 188

6.3. "Anilise dos dados relativos i influência do e-xaminador . . . 194

6.3.1. Personalidade . . . 195

(14)

6.3.4. Características físicas do examinador

...

199

6.4. Análise da influincia do contexto situacional ..••. 203

6.4.1. Instruções fornecidas

...

203

6.4.2. Definição da situação de testagem •

...

206

6 • 4 . 3. " S e t s" r e s u"l t a n t e s d e e x p e r i i n c i a s a n -teriores ã testagem •..••••••••.•.••••.•••. 210

6.4.4. Efeito do "stress" situacional

· ... .

210

6 • 5 . Con(:lusão

.

... .

212

7 • CONCLUSÕES

.

... .

217

8. SUGESTÕES 225 8. L Relativas

-

a aplicação e interpretação

·

...

225

8.2. Relativas a linhas de pesquisa

... .

. . .

.

. .

.

.

227

8.3. Relativas

-

a combinação conteúdos-metodologia

...

228

(15)

ao en6~enta~-6e com 6ua inace66Zv~l 6ubjetividade ... p~e6~upoe

uma ve~dade, um objeto e um caminho".

(16)

1.

INTRODUÇAO

o

presente trabalho surgiu da tentativa de reflexão cri-tica sobre os testes projetivos no contexto dos testes

psicológi-cos em geral. Nesta introdução, busca-se situar as restriç~es aos

testes psicológicos, enfatizando os aspectos cruciais relativos aos

testes projetivos e ressaltando o que se acredita ser o ponto

fo-cal a partir do qual este estudo se desenvolve. As· problemãticas

suscitadas foram as seguintes:

a) Ponto de vista ideológico

b) Fundamentos econômicos, políticos e sociais

LJ Influência sócio-cultural

d) Dubiedade dos fundamentos teóricos

e) Comprovaç;o insuficiente dos pressupostos concernen-tes à teoria da medida e dos testes

f) Problemas éticos

g) Influência da situação de testagem

Do ponto de vista ideológico os testes psicológicos

fo-ram acusados de responder a uma demanda social que visa

reassegu-rar a ideologia dominante, selecionando, classificando, hiereassegu-rarqui-

hierarqui-zando e diferenciando os individuas de modo a manter e a

reprodu-zir as relações sociais de produção da sociedade capitalista. Nes

se sentido, os criticos dos testes argumentam que as diferenças

nas capacidades individuais servem de justificativa para as

desi-gualdades sociais e para a divisão da sociedade em classes. Assim,

(17)

e-videnciall (p. 7). Outros teóricos, como EYSENCK por exemplo,

con-trariam esse ponto de vista, alegando que os problemas sociais, co

mo as diferenças de classe, não são criados pelos testes que, ao

inves de produzir os problemas, os esclarecem atraves da

quantifi-cação; então os testes não criam as dificuldades sociai~ mas

mera-mente identificam algumas de suas origens. Muito a propósito,

EYSENCK lembra que mesmo as sociedades comunistas atuais, com sua

posição anti-testes e a suposta erradicação de desigualdades

cul-turais, educacionais e outras,"revelam divisões de classe no

mini-mo tão significativas quanto as observadas nas sociedades

capita-listas e, muitas vezes, ate mais"(1982, p. 100).

As criticas ideológicas se ,'efletem no questionamento dos

fundamentos econômicos, politicos e sociais das prãticas de

testa-gemo Então, o sistema capitalista com sua ênfase na seleção e na

diferenciação dos individuos, baseada nos testes e nas aptidões por

eles mensuradas, propõe a divisão dos alunos nas escolas em

nor-mais e deficientes, a avaliação da maturidade ~ara a

alfabetiza-çao, a classificação da deficiência mental, etc.; correspondem a

tais problemãticas, tecnicas corretivas especificas em que a

"di-mensão positiva do poder parece essencial" (COUTO, A.L.M.,

Anãli-se Critica dos Testes de Inteligência ou Aptidão Psicológica, 1981

p. 93). Os procedimentos seletivos são então encarados como uma ne

cessidade inerente ã divisão social, fundamentada nas diferenças

individuais, justificando uma serie de prãticas a nivel institucio

. nal. Segundo KAMIN, o teste de QI representa um papel importante

nos sistemas escolares americano e inglês, onde serve para a

"transferência de crianças de classe mais baixa e das minorias

(18)

mental educãvel (EUA)II (1982, p.109) ou para o sistema de

educa-ção seletivo, introduzido depois da Segunda Guerra Mundial

(Ingla-terra). Para TORT (1976), a ideologia da inteligência escolar leva

à divisão da escola capital ista em duas redes de escolarização: uma

destinada a formar os intelectuais (a rede secundãria-superior) e a

outra para formar os trabalhadores manuais (a rede

primãria-profis-sional). t possivel contra-argumentar com a observação de que a propo.!:,

ção de alunos da classe operãria que ingressa na universidade e

supe-rior na Inglaterra do que na Russia. Assim, "na Russia, 53% dos

estu-(1)

dantes universitãrios vem de origem clerical e profissional; na Ingl~

terra, a proporção e de apenas 44%. (EYSENCK, 1982,p.10l). Ainda

se-gundo EYSENCK, na França, Alemanha e Escandinãvia os numeros se assem~

lham aos da Inglaterra, sendo que os Estados Unidos apresentam um

nu-mero maior de estudantes universitãrios provenientes da classe

ope-rãria. Em suma, o aspecto ideológico com seus correlatos econômicos,

pOliticos e sociais permanece como um tema controvertido, merecendo

estudos mais aprofundados que focalizem argumentos favorãveis e

des-favorãveis aos testes psicológicos. Convem acrescentar em relação às

considerações acima referidas que, presumivelmente, não são os testes

a fonte dos problemas soc{ais, da divisão em classes e da transmissão

ideológica.

t

o seu uso pouco adequado que pode reforçar estes

aspec-tos, principalmente no que diz respeito às diferenças de ordem

inte-lec.tual, IIperpetuando privilegios sociais e protegendo

constituidall (IN~LIS,

1967).

uma elite

A influência cultural e social sobre o desempenho nos

testes psicológicos ê fato bastante conhecido, observando-se usual

mente que as categorias sociais economicamente desfavorecidas apr~

(19)

sentam sistematicamente resultados inferiores quando submetidas a

testes de inteligência. Ao se apelar para conhecimentos, simbolos,

experiências, situações e materiais pouco familiares às classes p~

bres, estã implicita uma motivação mais débil por parte destes

su-jeitos, favorecendo então os das classes mais elevadas. Mesmo os

testes cuZture-tree (equiculturais) não podem ser considerados co

mo isentos de influência cultural, visto que pressupoem informação

especifica, tarefas abstratas sem significação prãtica imediata e

utilização do modelo de teste lãpis-e-papel. Então, mesmo estes ti

pos de testes permanecem evidenciando as diferenças sociais

ante-riormente constatadas.

Em termos de seus fundamentos teóricos, os testes o~ico­

lógicos envolvem toda uma dubiedade que pode ser exemplificada

pe-las m~ltiplas definições dos constructos avaliadõs - inteligência,

criatividade, personalidade, etc. -,pelos efeitos relativos da

he-reditariedade e do ambiente sobre a inteligência humana e pela

am-plitude de teorias de inteligência e de personalidade elaboradas.

A controvérsia entre os que defendem a hereditariedade e os que d~

fendem o ambiente permanece acirrada; os dados de pesquisa aprese~

tados, distinguindo-se entre o que é geralmente aceito e o que e

ainda discutivel, não clarificam o quadro, que permanece confuso.

Em relação à teoria da medida e dos testes, observa-se

que alguns de seus pressupostos não estão suficientemente

compro-vados. A titulo de exemplo, um dos fundamentos inerentes ao proce~

so de elaboração dos testes de inteligência - a"hipótese da

norma-lidade da distribuição da inteligência - pode ser questionado. De

acordo com TORT, a curva normal pode ser constatada desde que "um

(20)

de causas independentes, de fraca intensidade, e cujos efeitos ten

dem a se anularll (p. 83). Seria o caso da altura dos franceses,que

atual~ente se aproxima de uma curva normal pelo fato da

escolari-dade obrigatória ter impedido o trabalho precoce, fator social

que gera forte diferenciação e cujos efeitos ao inves de se anular

se acumulam. "Segundo o mesmo autor porem, nenhuma caracteristica

biológica se distribui sempre de acordo com a curva normal, não ha

vendo razão para que a inteligência o faça. Alem disso, a variação

intelectual depende de uma serie de fatores tais como a origem de

classe, o tamanho da familia, a raça; estes fatores de

diferencia-ção levariam, de acordo com TORT, a uma rejeidiferencia-ção da "distribuição

norma 1 como adequada para a descri ção i ntel ectua 1 de uma popul ~ção.

A questão da preservação da intimidade e do carãter

con-fidencial" dos resultados, embora tenha sido mais dirigida aos

tes-tes de personalidade, pode ser aplicada a qualquer tipo de

instru-mento que revele limitações na habilidade e conheciinstru-mento do

indi-viduo. Mesmo em situações de testagem clinica, em que o cliente de

seja expor seus problemas e limitações, ele pode sentir sua

priva-cidade devassada; a descoberta de fatos considerados pessoais,

ge-raria então ressentimentos mais intensos quando a testagem e

rea-lizada com objetivos institucionais ou em menor grau em situações

de pesquisa.

A situação de testagem pressupoe a interação do

indivi-duo com o ambiente, abrangendo a interação social e situacional.

Cabe ao examinador estabelecer o ~appo~t com o sujeito,

despertan-do seu interesse e cooperaçao para que siga as instruções despertan-do

tes-te.

A

maior parte dos autores propoe que este procedimento, como

(21)

uniformi-dade essencial

ã

comparabilidade dos resultados. A influência do

examinador sobre o desempenho do sujeito será mais intensa

eviden-temente, em se tratando de testes de aplicação individual,

parti-cularmente os projetivos. A ansiedade inerente

ã

situação de testa

gem pode prejudicar a realização em testes de aptidão, desde que

excessiva,e distorcer os dados obtidos em testes de personalidade.

Segundo o objetivo da testagem o individuo pode tentar modificar de

modo amplo seus resultados, respondendo desonestamente de modo

de-liberado, visando fornecer ao examinador uma impressão favorável

ou desfavorável. A simulação ocorre com maior freqOência e

inten-sidade em situações avaliativas, tais como o alistamento militar,

a pericia criminal e a seleção de pessoal. Não obstante, pode

o-correr t~mbem, de forma insidiosa, nos contextos de

psicodiagnós-tico, ori~ntação vocacional e pesquisa, principalmente em relação

aos testes de personalidade.

Na abordagem dos testes projetivos em particular, sao ob

servados basicamente os mesmos problemas, alguns porem agravados: (a)

a situação de testagem, em que o contexto e o examinador influem

sobre o desempenho do sujeito muito mais intensamente do que nos

testes psicometricos; e (b) a dificuldade na fundamentação teórica

vinculada ao sentido múltiplo do constructo personalidade e do

me-canismo de projeção-termo utilizado para a denominação dos testes

em qúestão. Alguns problemas ligados especificamente aos testes

projetivos são: (l) o estabelecimento de uma relação entre a

ex-pressa0 da fantasia no teste projetivo e seu contraponto

comporta-mental, visto que a conduta manifesta e multideterminada; e (2)

a falta de evidências positivas a respeito de sua sensibilidade,

(22)

Tendo em vista a amplitude do tema relativo aos testes

projetivos e problemas que lhes estão associados, faz-se

necessa-ria a delimitação do campo de estudo, restringindo-se

ã

investiga-çao dos determinantes interpessoais e situacionais da resposta pr~

jetiva.

r

focalizada a plausibilidade da hipótese' impllcita

ã

utilização dos testes projetivos por seus especialistas, que co~

tumam avaliã-los como se os protocolos correspondentes fornecessem

um reflexo imparcial da personalidade do sujeito, penetrando em seu

interior e fixando a imagem de seu nucleo como uma espécie de

ra-diografia.

A situação projetiva nao pode ser concebida como ocorren

te no vacuo ou mesmo em um campo nell-t:i'O. Ao ponderar acerca do

as-sunto, observa-se que o individuo, de uma maneira geral, estã

sem-pre em interação com o ambiente no qual sem-presumivelmente, o fator

mais importante é o humano. Especificamente, a situação de

testa-gem projetiva

e

constituida por duas pessoas, examinador e

sujei-to, que interagem diante de uma tarefa. O examin~dor a propõe e a

define para o sujeito, derivando conclusões concernentes ao

desem-penho resultante, aspecto do qual o individuo estã ciente. Nesse

sentido, as caracteristicas da tarefa apresentada e o contexto, que

inclui o examinador', poderão afetar substancialmente a resposta

p r o j e t i va. A 1 é m di s s o, a ma n e i r a de p e r c e b e r a si tua ç ã o e v a r i ã v e 1 entre sujeitos, inclusive no mesmo individuo em momentos diversos.

Fica portanto evidente, que a influência entre examinador e

sujei-·to é reciproca e que este ultimo também é, em parte, responsãvel

pela configuração do contexto.

Esta dissertação, com base em uma pesquisa

(23)

em contraposição

ã

hipõtese de que os instrumentos em questão sao

uma função unica e exclusiva das variãveis personalõgicas por eles

avaliadas. Pretende-se tamb~m averiguar o significado conceitual do

termo teste projetivo em conexao com os mecanismos por ele

desper-tados, verificando assim a adequação da denominação a ele

(24)

um pnoce~o ~ubyacente al 6uncionamento cneadon de la vida

p6Zqu-<_ca" .

(25)

2. o

CONCEITO DE PROJEÇÃO E SUA RELAÇÃO COM OS TESTES PROJETIVOS

Segundo BELL (1978), o primeiro a utilizar o termo

pro-jeção em seu sentido psico16gico foi SIGMUND FREUD, que procurou

explicar atrav~s desse mecanismo tanto manifestaç5es normais qua~

to patológicas. Em seu trabalho de 1894 La neurastenia y ~a neu-rosis de angúDtia, procurou separar a neurastenia propriamente

di

ta de um complexo de perturbaç5es neur6ticas cujos sintomas

inti-mamente 1 igados, etiologia e mecanismos correspondentes são

fun-damentalmente distintos. Denominou·este complexo de neurose de

angustia, de~encadeada sempre que a excitação sexual somãtica se

acumula, desviando-se por outros caminhos ao inv~s de se transfor

mar em uma excitação ps;qu;ca. (Seria o caso, por exemplo, do

coitus interruptus, sendo o fator decisivo a satisfação

incomple-ta) .

. .. a p~ique ~ invadida pelo a6e~o

de angú~tia quando ~e ~ente incapaz

de ~upnimin ponmeio de uma neaçao

adequada um penigo pnoveniente do

extenion e cai na neuno~e de angú~­

tia q uando ~ e ~ ente incapaz de 6az e.n

ce~~an a excitação (~exual), endog!

namente na~cida. Conduz-~e,

pontan-to, como ~e pnojeta~~e e~~a

excita-ção pana o extenion (p.196).

Em sua obra Nuevas observaciones sobre ~as

(26)

jeção, aplicando-o ã anãlise de um caso de paranóia crônica.

Se-gundo FREUD, nessa enfermidade ocorreria a repressão de um fato

sexual infantil; as idéias delirantes de desconfiança e persegui

çao decorreriam de uma projeção das auto-repreensões do paciente.

Na pa~an5ia a6 auto-aeu6aç~e6 640

~eealeada6 po~ um p~ocedimento que

podemo6 denomina~ p~ojeç~o,

t~an6-6e~indo-6e a de6eon6iança pa~a a6

out~a6 pe66oa~ (p.298).

Ao tratar, nesse primeiro texto, da projeção na

para-nóia, este processo é concebido como um mecanismo de defesa prim~

rio, ~m que hã um recalcamento da recordação patog~nica e o sinto

ma primãrio de defesa e a desconfiança em relação ao outro.

En-quanto na neurose obsessiva as auto-acusações referentes a acont~

cimentos sexuais infantis são desvinculadas do material original,

passando a se referir a situações comezinhas, na paranóia

auto-acusações são projetadas em outras pessoas.

essas

Uma formulação bastante .diversa começa a ser

desenvol-vida por FREUD no ultimo capitulo de Psicopatologia de la vida co

tidiana - Determinismo~ creencia en la causalidad y en la

supers-tición (1901). Em seus trabalhos anteriores a projeção e situada

como um mecanismo de defesa, em que ocorre a atribuição de

impul-sos, sentimentos e afetos indesejãveis a outras pessoas ou fatos

do mundo exterior, numa manifestação portanto de aspectos

ps;qui-cos patológips;qui-cos; nessa obra principia a vislumbrar que esse

meca-nismo também pode ser observado em condutas ditas normais.

(27)

uma projeçio de motivaç6es inconscientes:

A di6enença entne o ~upen~ticio~o e

eu ~e mani6e~ta em doi~ a~pecto~.

Pnimeinamente,o 6upen~ticio~0

pno-jeta paha o extenion uma motivaç~o

que eu bu~co no intenion e, em ~e­

gundo lugah, intenpneta o aca~o

co-mo um acontecimento ao pa~~o que eu

pnocuno ~ua~ ohigen~ em um pen~ame~

to. Ma~ no ~upen~ticio~o o elemento

que lhe ~ oculto conne~ponde ao que

pana mim ~ incon~ciente e a ambo~

no~ ~ comum a compul~~o a n~o

dei-xan pa~~an o ca~ual como tal, a

in-tenpnetã-lo (p.918).

Assim, na superstição, os atos do acaso que, em

reali-dade, obedecem a um determinismo psiquico inconsciente (e

portan-to não são casuais) são deslocados para o mundo exterior. Cita co

mo ilustração um caso relatado por N.OSSIPOW (1922), em seu

tra-balho Psicaná~ise e superstição. Este, no dia de seu casamento,

empreendeu uma viagem de trem mas o perdeu ao descer em uma

esta-ção, afastando-se assim de sua esposa. A ocorrência foi

interpre-tada por uma serviçal como um pressãgio de que o casamento não da

ria certo, o que ele não levou a s~rio. No entanto, cinco meses

depois, estava divorciado. Uma anãlise pSicanalitica desse fato

demonstra um IIprotesto inconscientell contra o casamento. Deduz-se

então que as casualidades das quais o supersticioso obt~m

(28)

çao de processos ps;quicos inconscientes. Como os motivos

subja-centes â superstição são muitas vezes impulsos agressivos e

des-trutivos, grande parte das superstições se referem a

acontecimen-tos desagradãveis: o individuo teme que, como castigo para sua

maldade, ocorram desgraças provenientes do mundo exterior ..

D~ acordo com esse posicionamento os mitos, assim como a superstição, resultariam da projeção em tefmos de uma

interpre-ta ç ã o a n t r o p o m õ r f i ca dom u n d o e x t e r i o r .

Na mesma obra, FREUD procura estabelecer uma analogia

entre o comportamento do paranõico e o do supersticioso, na

medi-da em que ambos dispõem de um conhecimento inconsciente medi-das

moti-vações subjacentes aos atos falhos casuais. Para o paranõico, em

sua exagerada atenção aos detalhes da conduta dos que o rodeiam,

nada ~. acidental ou imotivado. Os erros que consideramos normais

adquirem significado para o paranõico, através de uma sensibilida

de para captar as motivações inconscientes dos outros.

P~ovav~lm~ntt aqu~, como ~m mu~to~

out~o~ ca~o~ análogo~ I p~oj~:ta na v~

da p~Zqu~ca do~ d~ma~~ o qu~ ~x~~t~

na ~ua ~ncon~c~~nt~m~nt~. Na pa~a­

nõ~a 6az ~m -~ ~ co n~ c~~n:t~~ mu~ta-6 co~

~a-6 qu~ no~ ~nd~vZduo~ no~ma~~ ou

no~ n~u~õt~CO-6 p~~man~c~m no ~ncon-6

c~~nt~ . .. A-6-6~m, o pa~anõ~co t~m ~a

zão ~m c~~to ~~nt~do. P~~c~b~ algo

qu~ ~~capa ao ~nd~vZduo no~mal

(29)

ve~dade (p.916-9171.

Em 1910, FREUD retoma o estudo da projeção paranóica em

Observaciones psicoanaZiticas sobre un caso de paranóia

auto-bio-graficamente descripto - eZ Caso SCHREBER. Baseou-se para tal nas

Memorias de un neurotico publicadas pelo magistrado SCHREBER em

1903, em que este relata a história clinica de sua enfermidade.

O nódulo do conflito na paranóia, observado neste e e~ outros

ca-sos da afecção, seria uma defesa contra o desejo homossexual que

é reprimido, sendo seu conteudo deformado e projetado no mundo ex

terior. No caso do deliriopersecutõrio a deformação consiste na

transformação do afeto. O amor homossexual é convertido em seu

o-posto, o ódio, mas como essa percepção interne. também

e

conside-rada censurãvel, é projetada sob a forma de uma percepção

exter-na. Assim, fica justificado o sentimento inconsciente como uma

conseqUência do ódio procedente do exterior. Em outro tipo de

pa-ranóia, a erotomania, a distorção incide sobre o objeto do amor

que se torna heterossexual, sendo depois impulsionado para o

ex-terior. Deriva a observação de que em muitos casos de erotomania

"o apaixonamento nao se inicia com a percepção interna de amar

mas com a de ser amado, procedente do exterior" (p.15l8). No

ca-so dos ciumes delirantes dos alcoólatras e das mulheres o mecanis

mo

e

similar. O homem (ou mulher), cujo narcisismo predisponente

e homossexualidade estão intensificados, acusa a esposa (ou o

ma-rido) de infidelidade com todos que ele (a) mesmo (a) se sente i~

clinado a amar. Cabe ressaltar nesse texto de FREUD a colocação

da projeção como mecanismo de "formação do sintoma" e não mais co

mo um mecanismo de defesa primãrio, conforme tinha assinalado em

(30)

(1970), a comparaçao dos dois enfoques relacionados a paranóia

nessas duas obras - Nuevas observaciones sobre las neuropsicosis

de defensa e Observaciones psicoanaliticas sobre un caso de

para-noia autobiograficamente descripto - permite por em relevo duas

acepções da projeção em que hã uma contraposição entre um retorno

secundãrio do recalcado inconsciente e uma verdadeira rejeição

i-mediata para o exterior.

a) Num ~entido compa~~vel ao hentido

cinematogll.~nico: o indivIduo envia PE!:

~a no~a a imagem do que nele exihte

de 6o~ma incon~ciel1te. Aqui a p~oje­

ç~o ~e de6ine como um modo de

dehco-nhecimento, tendo como cont~apa~tida

o conhecimento em out~em p~eci~amen­

te do que o indivIduo dehconhece em

h1. me.~mo;

bl Como um p~ocehho de expulh~O

qua-he ~eal: o indivIduo lança pa~a 6o~a

de hi aquilo que n~o que~ e

~eencon-t~a-o ulte~io~mente no mundo

e.xte-••• a p~imei~a pe~hpeetiva ~econduz

a p~ojeç~o a uma ilu~~o e. a ~egunda

en~aiza numa bipa~tiç~o o~igin~~-!-a do

indivIduo e do mundo exte~io~. (p. 484 l.

A projeção tomada neste ultimo sentido foi

inicialmen-te proposta por FREUD como o fator propulsor essencial da psicose

I

!

~

!

!

I

I

~.

I

,

(31)

enquanto que da primeira acepção decorre uma aproximação com as

neuroses. No entanto, FREUD limita o papel da projeção na

produ-ção dos sintomas da paran5ia, al~m de ampliar seu uso como um

me-canismo normal do funcionamento psiquico ji que observa-se

em pnimeino lugan Que a

pnoje-çao nao de~emp~nha o me~mo papel em

toda~ 6onma~ de~~a a6ecção e em

~e-..

-gundo lugan, nao ~o ~unge na

pana-n~ia ma~ tamb~m em outna~

cincun~-panticipa negulanmente na detenmina

ção de no~~a atitude com nelação ao

mundo extenion. O pnoce~~o nonmal

em que não bu~camo~ em no~~o eu a~

cau~a~ de centa~ impne~~~e~

~en~o-niai~, ma~ a~ de~locamo~ pana o

ex-te~ion me~ece também o nome de

pno-jeção (p.1520J.

Em sua obra Toten y Tabu (1912-3) FREUD desenvolve esse

enfoque com maior abrangência, a partir do estudo de alguns

fenô-menos mentais normais, próprios do homem primitivo, estabelecendo

uma analogia com os mecanismos psico15gicos neuróticos,

especifi-camente os envolvidos na neurose obsessiva. Na anilise do tabu dos

mortos observa-se que a pessoa querida, quando morre, se transfor

ma em um demônio que ~ temido pelos sobreviventes, do qual só

po-dem esperar hostilidade e mesmo a morte. A investigação pSicanall

(32)

pessoa amada, que se acusam de ter sido negl igentes para com esta,

demonstra uma forte ambivalência afetiva, uma oposição entre a

dor consciente e a satisfação inconsciente ocasionadas com essa

morte. Os primitivos apresentam o mesmo conflito entre dois senti

mentos opostos; mas neles a hostilidade inconsciente não se mani

festa por repreensões obsessivas, ê exteriorizada e atribuida ao

pr5prio morto cuja alma ê que abriga sentimentos hostis para com o i n d i v i duo . As sim, 11 os d em Ô n i os são p r o j e ç õ e s do s s e n t i me n to s

hostis que os sobreviventes abrigam para com os mortos" (p.1787).

A hostilidade ê projetada da percepção interna para o mundo

exte-rior: a repressão interna e trocada por uma coerçao de origem

ex-terna. A interpretação dada por FREUD ê de que a tendênsia d

pro-jetar aó exterior fica acentuada quando implica a vantagem de um

alivio psiquico.

Ma~ a p~ojeçio nio 6o~ c~~ada pa~a

de6e.6a. Tambê.m ocoJt..Jt..e em ca.6O~ em que

nio há con6iLto~. A pJt..oj eç.ão ao

exte-~~o~ de pe~cepçõe.6 ~nteJt..na.6 e um meca

n~~mo pJt..~m~t~vo ao quai tambê.m .6e

acham .6ubmet~da.6 nO.6~a~ pe~cepçoe.6

.6 en.6 o~~a~.6 e que de.6 empenha I po~tan­

to, um papei cap~tai em no~.6O modo de

Íl.ep~e.6 enta~ o mundo exteJt..~oJt... Em co!!:.

d~çõe.6 que a~nda não e.6tão .6u6~c~e!!:.

temente dete~m~nada.6, nO.6.6a.6 pe~ce­

pçoe.6 ~nteJt..na.6 de pJt..oce.6.6O.6 a6et~­

vo~ e i.nte.tectua~.6 .6io, c.omo a.6 pe..~­

(33)

dentno pana 60na e ut~l~zada~ pana

eon6igu~an o mundo extenno, ao pa~­

~o que deven~am penmanecen em no~~o

mundo ~nten~on (p.1788).

A partir deste trecho observamos que a projeção e vista

nao so como um mecanismo de defesa despertado por conflitos, mas

tambem como uma forma de funcionamento mental que possibilita a

estruturação do mundo externo a" partir do mundo interno,

intima-mente ligada ao processo perceptivo. Nessa obra, FREUD explicou

outros fen6menos normais da vida do primitivo, que o~orrem também

na criança e no neurótico, tais como a concepção animista do

mun-do, a feitiçaria e a magia, a onipot~ncia de idéias, t~uos

basea-dos em uma projeção basea-dos processos pSlquicos primãrios sobre o mun

do externo.

Pode-se observar na mesma fonte uma elaboração da idéia

jã aventada anteriormente pelo autor de que a criação artistica

evidenciaria uma projeção do artista em sua obra. Em Un recuerdo

infantil de Leonardo da Vinci argumenta que lia bondosa Natureza

deu ao artista a faculdade de exteriorizar, por meio de criações,"

seus mais secretos sentimentos animicos, ignorados inclusive por

ele mesmo" (FREUD, 1910, p.1603), enquanto que em Toten y Tabu

(1912-13) coloca a arte como o dominio em que a onipotência de

ideias e o pensamento mágico são projetados, proporcionando ao ar

tista a satisfação de seus desejos. A propósito da projeção nas

criações artisticas, FREUD (1927) realizou uma anãlise

psicológi-ca de DOSTOIEVSKY, procurando estabelecer uma relação entre dete~

minadas viv~ncias deste autor e suas respectivas projeções em Os

(34)

acen-tuada pelo temperamento dif;cil e violento de seu pai, culminou

aos dezoitas anos com a realização de seus desejos parricidas

re-primidos - seu pai foi assassinado por camponeses revoltados com

os maus-tratos que lhes eram infligidos. Esse tema é projetado na

obra acima citada em qu~ o parricida, ~eio-irmão do protagonista

da estõria "é epilético, como OOSTOIEVSKY era. Observa-se uma cl~

ra atribuição das caracterlsticas do autor, não ao personagem pri~

cipal com o qual a identificação se tornaria demasiado chocante

para ele mesmo, mas com alguém que se achava na mesma relação

fi-lial que o protagonista.

Em Lo inconsciente (1915) FREUD descrevf; a e"laboração da

fobia a partir do processo de repressão, ocorrendo a ~~ojeção do

impulso erõtico reprimido para a realidade externa

o

ego ~e ~onduz ~omo ~e o penigo de

de~envoivimento da angú~tia não pn~

cede~~e de moçõe~ pui~ionai~ ma~ de

uma pen~epçao e pode, pontanto, nea

gin ~ontna e~~a ameaça extenion

pe-ia~ tentat~va~ de 6uga. da~

evita-ç.õe~ 6õbi~a~ (p.20711.

Dessa forma, as zoofobias das crianças resultam da àmbi

valincia afetiva direcionada ao pai na fase do CompZexo de tdipo

Positivo, em que coexistem o õdio, nascido da rivalidade com o

pai, e a admiração e o carinho nutridos para cqm ele. A libido

desligada do material patõgeno, no caso hostilidade para com o

pai, fica livre sob a forma de angustia que é posteriormente pr~

(35)

ao qual sao deslocados os sentimentos hostis despertados pelo pr~

genitor. Origina-se dai o temor de ser agredido pelo objeto

fõbi-co, que na verdade é um castigo para a hostilidade dirigida a esse

objeto como representante do pai.

FREUD (1915) atribuiu um papel primordial a projeção

que, juntamente com a introjeção, contribui ~ara a oposição suje!

to-mundo exterior e para o desenvolvimento do ego. Em uma etapa

inicial, de narcisismo, o ego se basta a si mesmo e IIcoincide com

o que

e

agradãvel e o mundo exterior com o que é indiferentell

(p.

2409); o sujeito é então qualificado de Ego Realidade3 que

dife-rencia o interno do externo de acordo com sinais objetivos

exa-tos. Na segunda etapa o ego,a::::::.im como o mundo exterior, estã

cindido'numa parte agradãvel e numa parte desagradãvel. O

sujei-to, obedecendo ao principio do prazer

... aeolhe O~ objeto~ que lhe ~~o

o6e~e~ido~ na medida em que ~~o 6o~

te de p~aze~, int~ojeta-o~ e po~ o~

t~o lado expul~a de ~i aquilo que em

~eu p~õp~io inte~io~ eon~tituiu

mo-tivo de de~p~aze~ (meeani~mo de p~~

j eç~o) (p. 2 049) •

A

essa etapa se denomina Ego prazer purificado3

tudo que é desagradãvel estã fora do sujeito, resultando

jã que

um ego

prazer e um mundo exterior desprazeroso. Posteriormente, em La

Negación3 FREUD (1925) volta a se referir a esses mecanismos de

introjeção e projeção, através dos quais começa a se constituir o

(36)

mos de moçoes pu1s;ona;s orais os processos de introjeção e proj~

ção se exprimem na oposição ingerir-cuspir ... "isto eu comerei ou

isto eu cuspirei ... o ego prazer primitivo quer introjetar tudo

que

e

bom e expulsar de si tudo que

e

mau" (p.2885). Nessa obra

retorna

ã

acepção de que a projeção visa defender o ego

daansie-dade~ do conflito, do desprazer de maneira geral, colocando no ex

terior percepções internas. LAPLANCHE (1970) questiona se a obser

vação cronológica dessas concepções relativas ao movimento

proje-ção-introjeção "pressupõe a diferenciação do dentro e do fora ou

se a constitui" (p.482). A primeira concepção corresponderia ã P.2.

sição de ANNA FREUD: "Pensamos que a introjeção e a projeção

apa-recem n3 e~0ca que se segue

ã

diferenciação do ego relativamente

ao mundó exterior" (APUD LAPLANCHE, 1970, p.482), em oposição ã e~

cola KZeiniana segundo a qual a dialética da introjeção - projeção

do objeto bom e mau

e

o próprio fundamento da diferenciação

inte-rior-exterior.

Em Mas aZZá deZ principio deZ pZacer~ FREUD (1920)

re-toma o ponto de vista econômico para os processos animicos

cuj o cun.6o ê. -i-mpu.t.6-i-onado pon uma te.n

.6ao de..6pnaze.no.6a e. toma uma ta.t d-i-ne. ção que. .6e.u ne..6u.ttado 6-i-na.t co-i-nc-i-de.

com uma d-i-m-i-nu-i-ção de..6ta te.n.6ão e.

pontanto com uma e.v-i-tação de.

de..6pna-z e.n e. uma pnodução de. pnaz e.n. (p.

Z5071 •

A partir de uma tend~ncia do aparelho psiquico para co~

(37)

,

ou pelo menos constante, o organismo se prove de um dispositivo

protetor contra as excitações provenientes do exterior, que sao

atenuadas antes de atuar. Mas, contra as excitações provenientes

do interior não hã defesa: elas se propagam no sistema

sem sofrer a menor diminuição. Quando essas excitações

.... .

pSlqU1CO

internas

trazem consigo um aumento demasiadamente grande de desprazer

~io t~atada~ como ~e nio agi~~em a

de modo que ~e pode utiliza~ cont~a

ela~ O~ meio~ de de6e~a da p~oteçio

cont~a a e~timulaçio. E e~~a a

o~i-gem da p~ojeção (p.2520).

FREUD (192l) assinala que dois tipos ~e ci~mes

extre-mamente intensos, os projetados e os delirantes, apresentam em

comum a projeção de fantasias de infidelidade, de tal forma que

o infiel

e

a pessoa a quem se deve, sem o conseguir, ser fiel.

O que distingue um caso do outro

e

o objeto das fantasias incons

cientes de infidelidade que, enquanto no primeiro caso tem

carã-ter hecarã-terossexual, no segundo se refere a componentes

homosse-xuais da libido. Este n~cleo homossexual latente subjacente aos

ci~mes delirantes permite sua classificação nas formas clãssicas

da paranõia. Uma observação de interesse no texto de FREUD sobre

los celos, la p~ranoia y la homosexualidade se refere i

para-nõia, quando assinala que sua alegação de que nessa afecção o

paranõico "projeta para o exterior, sobre outras pessoas,

aqui-lo que não quer perceber em seu prõprio interior" (p.26l3)

e

de-masiado simplista e insuficiente. Segundo ele, em verdade a

(38)

uma valorização excessiva de indicios minimos reveladores do

in-consciente dos demais. O paranóico "desloca sobre o inin-consciente

dos demais a atenção que desvia do seu próprio" (p.2613).

Ao tratar das representações rel igiosas em EZ porvenir

de una iZusión, FREUD (1927) argumenta que tais elementos nascem

de uma necessidade inerente ao homem de se defender contra os as

pectos ameaçadores da natureza; a partir da projeção ocorre uma

personificação das forças da natureza, oque jã havia observado

no animismo. Assim, ante a necessidade de proteção e sentimento

de vulnerabilidade do homem acorrem deuses (ou D~us ~o

monoteis-mo), projeção do nódulo paternal de acordo com um protótipo

in-fantil em que o pai, ao mesmo tempo que inspira profunóo temor,

assegura proteção contra os perigos.

Deve-se observar que. no desenrolar de sua obra FREUD

defendeu vãrias acepções vinculadas ao termo projeção, cujas

ca-racteristicas essenciais se expõem a seguir.

O termo projeção foi inicialmente conceituado como um

mecanismo de defesa inconsciente que estã envolvido nos

proces-sos neuróticos e psicóticos, consistindo na atribuição de

dese-jos e ideias inconscientes e inaceitãveis para o ego sobre o mun

do externo. Atua, portanto,' na redução de tensão psicológica, r~

solução de conflito e conservação da auto-estima, resultando o

que se denomina delusão (falsa percepção). MURRAY (1967)

assina-la a propósito ... o paciente realmente acredita em alguma

coi-sa sobre outra pessoa que nao e verdade, não sendo justificado

pelos fatos observados" (p.14). Nos estudos iniciais de FREUD re

(39)

delirantes de desconfiança e perseguição na paranóia, tanto

LA-PLANCHE (1970) como ANZIEU (1980) observaram um carãter de expul

sao real de desejos e emoções repreensiveis. Mais tarde, ao est~

dar o Caso ~hreber, hã uma mudança de enfoque: a projeção ê co~

siderada como um desconhecimento de desejos inconscientes

repri-midos e não como uma descarga imerliata destes elementos. O

pro-prio FREUD eliminou ulteriormente a idéia de que a projeção

re-sultaria de uma distorção perceptiva bastante acentuada, em sua

observação do mecanismo projetivo paranóico na obra Casualidad

y superstici6n, assim como na anãlise dos processos envolvidos

nos ciúmes delirantes e projetivos. Segundo ele. a interpretação

da conduta paranóica não evidenci~ propriamente uma deformação,

mas um exagero perceptivo. Assim, para o paranóico não ocorre o

acidental, o imotivado; todos atos casuais e falhos sao

signifi-cativos e interpretãveis, evidentemente a partir de uma projeção

de Sua vida psiquica inconsciente na das demais pessoas. O impo.!:

tante a relevar é que a projeção não é co10cad~ sobre o

indife-rente, mas deriva da observação de sinais imperceptiveis para

ou t r a p e s s o a e r e v e 1 a d o r e s d o i n c o n s c i e n t e dos ou t r os. As sim, h ã

alguma base de verdade para a projeção conforme ocorre na

para-nóia, o mesmo se áp1icando aos ciúmes delirantes e projetivos.

A utilização psicanalitica desse termo segue o

concei-to da projeção como um mecanismo de defesa, posição com a qual

concordam vãrios autores, dentre os quais HEALY, BRONNER e

BO-WERS (1930), WARREN (1934), NOYES (1934), KLEIN (1974) eA. FREUD

(1978). HEALY, BRONNER e BOWERS (1930) definem a projeção como

11 • • • um processo de defesa dominado pelo principio do prazer,

(40)

i-deias inconscientes que lhe resultariam penosos se fosse permiti

da sua penetração na consciência" (APUD BELLAK, 1978, p.25-26).

Outro aspecto importante a assinalar e que para FREUD

a projeção não esti envolvida" apenas em processos considerados

patológicos. Pode ocorrer tambem em fenômenos ditos normais como

a superstição, a fornlação dos tabus dos primitivos, o animismo e

o desenvolvimento de crenças religiosas. Mas", mesmo nesse contex

to, a projeção continua funcionando como um processo

frente à ansiedade, cujo conteudo

e

inconsciente.

defe~sivo

O pensamento de FREUD que" se considera mais importante

quanto às implicações do conceito de projeção para a

fundamenta-ção das, tecnicas projetivas de acordo com suas caracter;sticas

essenciais, foi pouco explorado e geralmente deixado de lado.

BELLAK (1978) foi um dos poucos autores a elabori-lo desde o

mo-mento em que se deu conta da relevância desse enfoque. Partindo

de uma serie de investigações experimentais, chegou a um

profun-do questionamento profun-do termo Técnica projetiva desde que baseado na

acepção freudiana da projeção como mecanismo de defesa. Em seus

experimentos utilizou o Teste de Apercepção Temática (TAT) de

MURRAY, fornecendo aos sujeitos uma ordem pós-hipnótica no senti

do de vivenciar sentimentos de agressão, depressão e

infelicida-de, constatando nos relatos uma projeção dos mesmos. Mas, uma vez

que a ordem pós-hipnótica foi modificada em termos de

sentimen-tos de euforia, estes tambem foram projetados nas estórias do

TAT, o que se torna incoerente se concebida a projeção como um

mecanismo de defesa ji que " ... obviamente não havia necessidade

de que o ego se protegesse contra os efeitos desorganizadores da

(41)

eufo-ria pode suscitar um mecanismo de defesa, como seeufo-ria o caso do

conflito frente

ã

morte de uma pessoa querida e odiada, mas essa

não era a situação observada. Procurando analisar os processos

subjacentes aos fenômenos projetivos, encontra a resposta em

al-gumas citações feitas pelo próprio FREUD em Toten y tabu. Nes-sas, é colocado que a projeção não e apenas uma defesa frente a

ansiedade, uma maneira de resolver conflitos atribuindo para o

mundo externo percepções i nternas i nconsci entes e i nacei távei s.

t

também uma maneira de configurar o mundo externo, necessária ao

homem para compreender a realidade. A projeção, segundo FREUD

(1912-3), IInão foi criada com o propósito de defesa" (p. 1788),

e sua manifestação como um mecanismo de defesa é apenas :)m caso

particu1ar de um processo mais amplo que abrange conteudos

cons-cientes 'e inconscons-cientes, inaceitáveis e valorizados, reprimidos

e nao reprimidos, etc. Conforme frisa BELL (1978):

. .. o me.can.L6mo de. pitO j e.ç.ão I tal

co-mo de6inido pelo~ p~icanali~ta~, ~e.

aplica e.m celtta~ ciltcun~tancia~ ...

ma~ a gltande. maioltia do~ lte.cult~O~

pltojetivo~ não implica ne.ce.~~altia­

mente apena~. um pltoce.~~o incon~ci­

ente (p. 16).

Após essa revisão das várias conceituações alocadas

por FREUD ao mecanismo de projeção, assim como de algumas das di~

cussoes a que elas deram margem, cabe evidenciar o pensamento de

outros autores em relação a esse processo e as proposições

bási-cas adotadas para a fundamentação dos testes projetivos. Estes

(42)

timulo ambiguo, implicando em uma liberdade de pensamento e ação,

tentando-se abolir os critérios externos sobre o valor das

res-postas que o sujeito venha a dar a partir das instruções fornecl

das. Os critérios de valor, de desempenho e de utilização do te~

po são fixados pelo prEprio examinando.

r

importante averiguar

quais os recursos psicolEgicos utilizados pe~o sujeito em sua ten

tativa de se adaptar i situação de liberdade, estruturando o ma-terial da prova. Deve-se verifica~ se a projeção esti realmente

envolvida, em qual dentre os sentidos correntes, se é o unico ou

o principal processo eliciado ou um dentre virias. A partir de

uma revisão critica pretende-se complementar a anilise do dese~

volvimento do conceito freudia.r.0 Gct projeção. A principio são

exa-minadas' as colocações de MELANIE KLEIN e colaboradoras em

rela-ção ao mecanismo de projerela-ção, na medida em que pretenderam

am-pliar e enriquecer a teoria psicanalitica de FREUD, estudando a

vid~ emocional da criança e buscando nas experi~ncias mais

pre-coces desta uma explicação para todo o desenvolvimento do ser hu

mano. Em seguida é estudado o enfoque de autores de orientação

nio-psicanalitica, desde JUNG - dissidente de FREUD.

KLEIN observou que nas primeiras fases da vida mental

operam mecanismos muito similares aos transtornos psicEticos. Os

pontos de fixação destas perturbações se formam na primeira

in-fância e, desde que reativados, apresentam-se as mesmas

ansie-dades e defesas dessa etapa anterior. Assim, certos processos

psiquicos que tomam parte no desenvolvimento precoce normal, ao

serem revividos pela regressao constituem a enfermídade

psicEti-ca e neurEtipsicEti-ca; esta regressao se refere a fases do

(43)

pa-tolõgicas.

KLEIN teceu algumas considerações sobre o processo evo

lutivo da criança ate os cinco anos de idade, enfatizando os

me-canismos ocorrentes durante o primeiro ano de vida em Algunas con

clusiones te6ricas sobre la vida emocional del lactante. Segundo

a autora, o' bebê ao nascer experimenta ansiedade proveniente de

uma fonte interna - o instinto de morte - e fontes externas

nascimento e demais situações deprivadoras ocorrentes. A

ansie-dade persecutõria aumenta em decorrência da luta entre o

instin-to de vida e o de morte. Face a esseconfl iinstin-to os mecanismos de pr~

jeçio e introjeçio começam a atuar; o instinto de morte ~ em par

te p !"Q j e t a d o p a r a o o b j e t o e x t e r n o o r i g i n a 1 - o s e i o e em p a r te

preservado sob a forma de agressividade, enquanto que o de vida

(libido) segue o mesmo padrio de projeçio e preservaçio.

Resul-tam assim um ego cindido e um objeto externo dividido em duas

partes: o seio mau, perseguidor e frustrante e o seio bom, tran

qUilizador e gratificante. Como ressalva LAPLANCHE (1970), essas

qualidades de bom e mau "nio sio atribuidas apenas em funçio do

seu carãter gratificante ou frustrante mas sobretudo da projeçio

neles das pulsões libidinais ou destruidoras do individuo" (p.

90). KLEIN denominou essa fase de posiçio esquizo-paranõide jã

que a ansiedade predominante

e

paranõide e tanto ego quanto seus

objetos estio divididos - ,mecanismo esquizõide. Observa-se que

para a autora nao ocorre apenas a introjeçio de objetos

prazero-sos e projeçio de desprazeroprazero-sos, posiçio adotada por FREUD para

explicar o desenvolvimento do ego. Pelo contrãrio, ambos

aspec-tos sio introjetados e projetados. Nessa fase lia projeçio e a in

(44)

ideais afastados o máximo possivel uns dos outros, mantendo-os

sob co n t r o 1 e 11 ( S E G A L, 1 97 5, p. 38 ) .

Desde que haja uma predominância das experiências boas

e um manejo bem sucedido das ansiedades persecutórias e da

des-trutividade dos 3 - 4 primeiros meses de vida do bebê, tanto a

divisão quanto a projeção diminuem, decorrendo um processo

inte-grativo do ego e do objeto. Na posição depressiva há um

direcio-namento para uma relação do ego integrado com o objeto total, de

modo que os aspectos bons e maus se aproximam. Alem do gradual

desenvolvimento do ego, consideram como já formado o. nucleo do

superego, a partir da introjeção dos dois aspectos do seio mater

no. Assim como o ego, tambem o superego resulta da ação

combina-da combina-da introjeção e combina-da projeção, como serã visto d~tidamente ao

ana-l i sar a i nfana-l uênci a desses doi s processos na formação das duas i n~

tâncias psiquicas. O aperfeiçoamento das funções do ego perc~

pção, memória - permite uma integração do seio amado e do seio

odiado em uma mãe total. Do momento em que nao se pode manter se

parados estes dois aspectos, resulta ambivalência assim como se~

timentos de ansiedade e ctilpa depressiva. Apesar de ainda haver

predominância dos impulsos orais, as tendências uretrais, anais

e genitais ganham terreno. Os processos introjetivos são intensi

fic~dos, em parte devido i diminuição dos mecanismos projetivos,

em parte devido' i dependência do bebê em relação i mãe, percebi-da como independente e com possibilipercebi-dade de se afastar. Em

con-seqOência, resulta uma forte identificação com ela. Todas essas

ocorrências levam o bebê a se tornar consci.ente de si mesmo e de

seus objetos não mais como prolongamentos dele, mas como

(45)

senvolvido, começando a ser diferenciados mundo interno e

ex-terno. O desejo de reparação e a elaboração da posição depressi

va concorrem para o fortalecimento do ego e o desenvolvimento do

superego, estabelecendo-se a relação com a realidade. O superego

se torna menos rtgido, aproximando-se da imagem dos pais bons e

amados. Não é mais apenas fonte de culpa, mas também objeto de

amor, auxiliando a criança na luta contra seus impulsos

destru-tivos. Conforme assinala HANNA ·SEGAL (1975) 110 ponto de fixação

da doença pSicõtica estã na posição esquizo-paranõide e no

ini-cio da posição depressivall

(p.66). A regressão a essas fases pr~

coces leva o indivtduo a desenvolver uma psicose, com perda do

sentido de realidade, ao passo que desde que a posição d~p~cssi­

va tenha sido alcançada e parcialmente elaborada, as

dificulda-d e s p o s fe r i o r e s dificulda-d o i n dificulda-d i v t dificulda-duo são dificulda-d e n a t u r e z a n e u r õ t i c a e não m a i s psicõtica.

De acordo com KLEIN as ratzes primitivas do Complexo

de tdipo remontam

ã

posição depressiva, quando a mãe e

percebi-da como um objeto total que se relaciona com o pai. Mas o

vtncu-lo libidinal entre os pais

e

distorcido a partir da projeção das

gratificações que ele próprio deseja - orais, uretrais, anais e

genitais. Esta situação desencadeia sentimentos de aguda

depri-vação, ciume e inveja, levando a um ataque e destruição dos pais

na fantasia. O 'casal destrutdo e logo introjetado, passando a fa

zer parte do mundo interno da criança que, nesse momento, IInão

lida apenas com um seio e uma mãe internos destrutdos mas também

com o casal de pais internos destrutdo da situação edipiana

pri-mitivall

CSEGAL, 1975, p.1l8). Essa fase precoce do Complexo de

Referências

Documentos relacionados

dois gestores, pelo fato deles serem os mais indicados para avaliarem administrativamente a articulação entre o ensino médio e a educação profissional, bem como a estruturação

O presente trabalho foi realizado em duas regiões da bacia do Rio Cubango, Cusseque e Caiúndo, no âmbito do projeto TFO (The Future Okavango 2010-2015, TFO 2010) e

Figure 8 shows the X-ray diffraction pattern of a well-passivated metallic powder and a partially oxidized uranium metallic powder.. Figure 7 - X-ray diffraction pattern of

VI - notificação compulsória: comunicação obrigatória à autoridade de saúde, realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de

Acrescenta que “a ‘fonte do direito’ é o próprio direito em sua passagem de um estado de fluidez e invisibilidade subterrânea ao estado de segurança e clareza” (Montoro, 2016,

Para casos específicos, os contadores são procurados, como por exemplo a declaração do imposto de renda no qual muitos alegaram se tornar o período de maior contato, pois os

Da relação entre o Conselho e Associação dos Plantadores de Darjeeling (Darjeeling Planters Association) nasceram as diretrizes básicas para a comercialização do

Dentre as principais conclusões tiradas deste trabalho, destacam-se: a seqüência de mobilidade obtida para os metais pesados estudados: Mn2+>Zn2+>Cd2+>Cu2+>Pb2+>Cr3+; apesar dos