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Administração pública e participação social em Boa Esperança (ES): análise crítica de uma experiência

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Academic year: 2017

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1199000517wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

111111111111111111111111"111111111" 111zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM BOA ESPERANÇA

(ES) - ANÁLISE CRÍTICA DE UMA EXPERIÊNCIAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

EAESP - FGVzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA SEC< - ~;-;:'i ESC'::,l.II,R DCS CPGzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Banca Examinadora:

Prof. Orientador: Fernando cláudio Pres~es Motta Professor:

(2)

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO DA

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGASzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Gelson silva Junquilho

ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM BOA

ESPERANÇA

(ES) - ANÁLISE CRÍTICA DE UMA EXPERIÊNCI~

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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1111111111/1111111111111

1199000517

Dissertação apresentada ao cu~ so de Mestrado da EAESP/FGV-Área de concentração: Admini~

tração e Planejamento Urbano, como requisito para obtenção do ritulo de Mestre em Adminis

tração.

Orientador: Prof. Dr. Fernando Cláudio

Prestes Motta.

(3)
(4)

ÀzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAchegadazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAao nosso conviviazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(5)

JUNQUILHO, Gelson Silva. Administração Pública e Participa-ção Social em Boa Esperança (ES) - análise crítica de uma experi~ncia. são Paulo, EAESP/FGV, 198~ 1~p. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação daEAESP/ FGV, área de concentração: Administração e Planejamento Urbano).

Resumo:. Levanta a discussão acerca do processo de Parti-cipação Social desenvolvido no Município de Boa Esperança (ES) no período de 1977 a 1,982. Aborda as formas sobre as quais a experiência de Governo Municipal foi desenvolvida, tecendo considerações a respeito das práticas que enseja-ram a Participação Social, inaugurando uma nova relação entre as Sociedades política e Civil locais.

Palavras-Chaves: Participação - Poder - Administração Pú-blica - Estado - Comunidade - Democracia

Participativo - etc ...

(6)

AGRADECIMENTOSzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Aos amigos Cleide Lúcia Gomes GreccozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe Arabel.o do Rosário pelo apoiozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

e esforço empreendidos para que eu pudesse viabilizar meus estudos na EAESP/FGV.

À CAPESzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe FAPESP pelas bolsas liberadas, sem as quais seria impossível

a minha continuação no curso de Mestrado.

Ao meu Mestre de muitos anos Antonio Carlos de Medeiros pela importân-. cia decisiva à minha incursão na vida acadêmica; pela atenção, pelo cari-nho, pela amizade e pela contribuição à esta dissertação.

À Flora Othake pelas primeiras discussões sobre o papel do Estado. A todos os mestres da EAESP/FGV pelo incentivo, em especial ao meu

orien-tador Fernando Motta que através dos seus ensinamentos abriu para a elaboração desta dissertação.

caminhos

Aos companheiros do Núcleo de Estudos Regionais e Urbanos - NERU e da revista Espaço & Debates, em especial a Pedro Jacobi e Denise Anto-nucci Capelo pelo aprendizado e carinho imprescindíveis.

A todos aqueles que repartiram comigo as incertezas e angústias deste trabalho, em especial a Ricardo Dalla, Márcia Siqueira, Ana Doimo, Isis Dessaune, Moacyr C. Mendonça e Luiz Lorenzoni.

Às memor~as de Júlio Junquilho e Yayá, avô e tia queridos, que, atra-vés dos seus ensinamentos e cuidados, me permitiram chegar ao cumprimento

(7)

Aos companheiros daMLKJIHGFEDCBASecretariaaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAde Estado"zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAda Administração e dos Recursos

Humanos - SEAR, em especial, a .Hônica Furtado, Dicléia Barroso Vargas,

Edinaldo Loureiro Ferraz, Hauricio Faria, Vera Rodrigues e Eunice S~

Baumann, pelas emoções repartidas na fase final desta dissertação.

Ao apoio da Secretaria de Estado da Administração e dos Recursos

Huma-nos - SEARjES, em especial ao datilógrafo Georson da Silva Leitão.

FinalmentezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà Harluce Hartins de Aguiar, Marz Adelaide Silva e Gizelia Huniz Junquilho por me agOentarem respectivamente enquanto marido, filho

e sobrinho.

(8)

6aZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

íNDICE PÁGINA

INTRODUÇÃO 10

CAPíTULO 1 - ESTADO CAPITALISTA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL 13

1. BOA ESPERANÇA, ESTADO E PARTICIPAÇÃO SOCIAL 14

2. ESTADO CAPITALISTA E A QUESTÃO DO PODER LOCAL - REFLEXÕESzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA18

2.1 Estado Enquanto Pacto de Dominação - Poder de Estado 18

2.2 Estado Enquanto Organização Burocr~ticawvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

r 27

2.3 Estado Enquanto Dominação e Organização 34zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

~

2.4 Estado Capitalista e a Questão do Poder local 35

3. O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL 39

3.1 Os Precursores do Particionismo 39

3.2 Participação Social 43

3.3 Quest6e~ Chave a um Processo de Participação Social 47

4. PARTICIPAÇÃO SOCIAL E DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADE 50

5. O PROCESSO DE PLA~EJAMENTO PARTICIPATIVO 54

6. DEMOCRACIA E PARTICIPAÇÃO SOCIAL 57

CAPíTULO 2 - CARACTERIZAÇÃO DO MUNICíPIO DE BOA ESPERANÇA 65

1. ALGUNS ASPECTOS FíSICOS E NATURAIS 66

2. ALGUNS ASPECTOS DEMOGRÁFICOS 67

(9)

7zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

4. ALGUNS ASPECTOS ECONÔMICOS

75 4.1 Estrutura Fundiária

75 4.2 Agricultura

78 4.3 Pecuária e Avicultura

81 4.4 Indústrias

85 4.5 Comércio e Serviços

86

5. BENS E SERVIÇOS PÚBLICOS

86 5.1 Habitação

86 5.2 Educação

88 5.3 Saúde e Assistência Social

88

5.4 Saneamento Básico 89

5.5 Energia e Iluminação Pública

90

5.6 Comunicações 91

CAPíTULO 3 - OS PRINCIPAIS ASPECTOS DO TRABALHO COMUNITÁRIO

NA ADMINISTRAÇÃO COVRE - 1977zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAa 1982 92

1. A EXPERIÊNCIA DE ADMINISTRAÇÃO PARTICIPATIVA EM BOA

ES-PERANÇA 93

1.1 Os primeiros passos (1971/1972)

1.2 A continuação do processo (1977/1982)

1.3 A Formação das Comunidades de Base e dos Centros de Irradiação para o Funcionamento do Trabalho Comuni-tário

93 94

1.4 O Conselho Municipal de Desenvolvimento 1.5 A Dinâmica do Trabalho Comunitário: a

95 96 Integração

entre Comunidades de Base, Centros de Irradiação e

(10)

8zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1.6 Estratégia e Instâncias Básicas do Trabalho

Comu-nitário 100

101

1.7 A Implantação do Trabalho Comunitário

1.8 O Planejamento Participativo da Economia do Mu-nicípio e da Infra-Estrutura necessária a esta

Economia 103aZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2. PRINCIPAIS AÇÕES IMPLEMENTADAS COM BASE NO PlANEJAMEN- .

TO PARTICIPATIVO POR SETORES ESPECíFICOS 106

CAPíTULO 4 - O TRABALHO COMUNiTÁRIO E AS RELAÇÕES DE

PO-DER EM BOA ESPE ANÇA 116

1. AS CARACTERíSTICAS HEGEMÔNICAS DO PODER DE ESTADO NíVEL MUNICIPAL

A

117

2. AS BASES E A ESSÊNCIA DO "PODER lOCAL" EM BOA

ESPE-RANÇA 121

CAPíTULO 5 - O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO E O PROCESSO

DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL EM BOA ESPERANÇA 124

1. O DESENVOLVIMENTO COMUNITÁRIO - DC 125

2. OS RESULTADOS ALCANÇADOS E O PROCESSO DE PARTICIPAÇÃO SOCIAL

2.1 Produção, Gestão e Usufruto de Bens e Serviços

2.2 As Características do Processo. de Participação Social

127 127

(11)

9zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

CAPíTULO 6 - CONCLUSÕES GERAISzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA135

ANEXO 1 - DIVISÃO REGIONAL DO MUNICíPIO DE BOA ESPERANÇA

-CENTROS DE IRRADIAÇÃO E COMUNIDADES DE BASE 141

(12)
(13)

11zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

objetivo central deste trabalhozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé o de levantar a discussão acerca da Participação Social, ou seja, a forma sob a qual este processo permite

,

as diversas camadas sociais tomarem parte na produção, gestão e usufru-to de bens e serviços de uma determinada sociedade.

o

interesse pelo tema foi despertado a partir da experiência do Gover-no do Sr.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAmaro Covre à frente da Administração Municipal de Boa

Es-perança (ES), no período de 1977 a 1982, desenvolvendo, a partir de um processo participativo, tendo como base o trabalho comunitário, uma gestão administrativa caracterizada pela co-gestão.

Todo o trabalho comunitário foi definido e desenvolvido a partir da iniciativa do então Prefeito Amaro.Covre, tornando-se, dessa forma,

uma fonte de informações para uma pesquIsa acadêmica, no que diz res-peito às indagações sobre as bases através das quais se estabeleceu o consenso em torno das propostas de Governo, definidas por meio da pro-moçao da Participação Comunitária.

Dito de outra forma, o processo de Participação Social desenvolvido no Município, capitaneado pelo Poder Público Municipal, suscitou a curIO-sidade sobre o conhecimento das estratégias inerentes a todas as prá-ticas metodológicas empregadas no trabalho comunitário, buscando-se in-ferir, a partir daí, o grau ou parcela em que as comunidades efetiva-mente se fizeram presentes na experiência, ou seja, a investigação so-bre ti ocorrência de algum tipo de transformação na base das relações de produção, como também de uma redefinição da estrutura de Poder de Esta-do a nível local, bem como a possibilidade de maior acesso ao usufru-to de bens e servIços gerados na Sociedade de Boa Esperança.

Assim, o estudo de caso visou à identificação dos interesses

cos e Políticos que se fizeram presentes como pano deMLKJIHGFEDCBAfundo

desenvolvimento de todo o processo de Participação, além da resultados alcançados pelo mesmo, permitindo chegar-se a um menta acerca de suas especificidades, tornando possíveis as

Econômi-para o análise dos detalha-análises alicerça-relações conclusivas a seu respeito, no que tange, especificamente, ao

(14)

12zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

inauguradas entre o Poder Público e a Comunidade Local puderam trazer saldos positivos quanto a possíveis avanços em prol de uma

.

sociedade maIS justa e equilibrada.

Dada à complexidade de todo o processo, necessário se fez, no capítulo 1, entender algumas questões teóricas, envolvendo o Estado Capitalista, a Participação Social, o Desenvolvimento. de Comunidade, a Democracia e o Planejamento Participativo, visando identificar a forma como as mes-mas se apresentaram empÍricamente.

Tem-se claro que esses referenciais teóricos foram aqui tratados de for-ma geral, sem qualquer pretensão de se constituírem em revisão abran-gente e aprofundada sobre os temas, objetivando-se unicamente deter-minar um marco que permitisse um balizamento sistemático necessário às reflexões, análises e conclusões, quando do estudo de caso.

Os capítUlOS 2 e 3 caracterizam o Município de Boa Esperança e os prIn-cipais aspectos do trabalho comunitário, respectivamente, permitindo a observação das ações desenvolvidas e dos resultados alcançados através do processo de Participação Social.

Alguns elementos não foram apresentados devido a falta de informações fidedignas de fontes oficiais. O levantamento dos dados foi desenvol-vido através de pesquisas em órgãos como a Fundação Instituto Brasilei-ro de Geografia e Estatística - FIBGE, Departamento Estadual de Esta-tística - DEE, Coordenação Estadual do Planejamento - COPLAN/ES, além de entrevistas ao Sr. Àmaro Covre, aos Ex-Integrantes de sua equipe de

Governo e a Líderes Comunitários locais a partir de visita feita ao Mu-nICIpIO.

Os capítUlOS 4 e 5 são as análises da experiência à luz das referências teóricas e das informações observadas nos capítulOS 2 e 3. Permitem a

(15)

CAPÍTULO 1

(16)

14aZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1. BOA ESPERANÇA, ESTADO E PARTICIPAÇÃO SOCIALzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A experIencIa de gestão administrativa voltadazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà participação, vivida pelo Município de Boa Esperança, tendo à frente do Executivo Municipal

o então PrefeitozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAmaro Covre, foi uma iniciativa que partiu da pessoa

do Ex-Prefeito, ou seja, dos seus ideais e de seu carisma junto aos

Mu-A Prefeitura Municipal, enquanto aparelho de Estado, foi a base a tir da qual emanaram e foram concretizadas todas as propostas de

par

-açao do Governo. Sendo o Executivo Municipal uma organização burocrática estatal, para entendê-lo, faz-se mister a compreensão do conceito de Estado, conceito este ligado a uma Sociedade Capitalista.

A reflexão sobre o Estado Capitalista, no âmbito geral, permitirá a discussão do conceito de Poder e uma de suas formas de manifestação - a dominação burocrática - característica das Sociedades Modernas, basea-das em organizações burocráticas. Esse tipo específico de Poder faz-se presente nas organizações Burocráticas Estatais.

o

Estado Moderno, enquanto Organização Formal Burocrática, corresponde ao império da dominação burocrática, conforme os moldes Weberianos. As-SIm, o Estado é Poder no sentido Weberiano e também no sentido Marxis-ta, sendo que nesse último a discussão passa pelo conceito de Estado Integral, elaborado por Gramsci, possibilitando a visualização dos

possíveis pactos de dominação que podem configurar o Poder de Estado, através do embate entre as instâncias da Sociedade política e da Socie-dade Civil: à medida em que o Estado não é unicamente uma estrutura distanciada desta última, mas, em sentido amplo, a engloba.

(17)

15

ou menor grau de influência que setores da Sociedade Civil co~quistam na arena política.

Entendida a questão do pacto de dominação que configura o Poder de Es-tado, e, sendo o Executivo Municipal um aparelho Estatal - Governo Sub-Central em Miliband, torna-se possível analisar as relações de Poder que determinam as ações do Governo Municipal em Boa Esperança, no que tangezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

à

sua não apresentação como exclusivo representante de interes-ses das clasinteres-ses dominantes, mas, sim, como reflexo de um jogo de For-ças políticas conflitantes e contraditórias no seio da Sociedade lo-cal.

Essa construção permite visualizar os componentes que estruturam o Po-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA der Local, isto é, O conjunto de Forças pOlíticas divergentes em Boa

Esperança, que, através de seu embate na Arena política, a Ação Estatal voltada para a Participação Social.

determinaram

Já a discussão sobre a participação tem o "objetivo prnnezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAiro de conce

i-tuar esse termo que passou a ser utilizado, a partir das experiênGias de Boa Esperança e também do Município de Lages em Santa Catarina*, pe-la grande maioria dos políticos e seus partidos, em discursos muitas vezes demagógico em que a participação pode referir-se às mais diver-sas propostas, determinando graus ideologicamente distintos "de envolvi-mento das camadas populares.

o

modelo proposto por Ammann, e discutido no item 3 deste capítulo, não só desmistifica o conceito de participação, bem como acrescenta o ter-mo social, referindo-se à participação das camadas majoritárias, além das dominantes, na construção da Sociedade. Optou-se, a partir dessa colocação, por utilizar-se o termo Participação Social em detrimento

de Participação Popular, inicialm~nte usado quando da elaboração do

projeto da presente dissertação.

.~

(18)

16zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A Participação Social ficou entendida como um processo no qual se pos-sibilita às diversas camadas sociais tomarem parte na produção, gestão e usufruto de bens e serviços de uma dada Sociedade.

A partir desse conceito, o processo de Participação Social em Boa Espe-rança tem seus horizontes definidos em termos de análise, ou seja, em relação à produção,

é

permitido visualizar como foi criada a rIqueza, bem como sua distribuição na Sociedade Local. Dito de outro modo, a riqueza pode ter crescido, em termos quantitativos, mas, por outro la-do, ter se apresentado concentrada em mãos de poucos, demonstrando que a maioria da população não tomou parte na renda gerada pela produção e que continuou pobre, por exemplo.

Quanto à gestão, pretende-se mostrar a identificação, no contexto lo-cal, da organização da Sociedade Civil, seja de forma direta ou indire-ta, e em que graus essas formas chegaram a influir no processo decisó-rio, orientando, controlando e oferecendo subsídios às ações de Governo.

o

usufruto de bens e serviços refere-se especificamente ao nível em que as camadas sociais têm acesso ao consumo de bens e serviços básicos ne-cessários à subsistência, tais como: educação, saúde, saneamento bási-co, energIa, habitação, etc.

Empíricamente, seguindo esse modelo, a Participação SociQl, em Boa Es-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

, .

perança, sera detectada em maIor ou menor grau a partir do momento em que, nos três níveis - produção, gestão e usufruto de bens e serVI-ços - forem confirmadas possibilidades efetivas às camadas SOCIaIS de tomarem parte nos mesmos.

Todo esse processo de Participação Social, para ser levado na prática, tendo como .Animador o Executivo Municipal, não pode prescindir do

chamado Planejamento Participativo, onde as definições sobre o emprego dos recursos disponíveis pelo Poder Público sejam determinadas segundo prioridades estabelecidas em comum acordo com as reais necessidades da população, permitindo-se a esta o direito de voz e voto no processo

de-. , .

ClsorlO.

(19)

17zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Está implícito que o processo de Participação Social, tendo no Planeja-mento Participativo o instrumento pOlítico de tomada de decisão, ocorre em uma conjuntura Democrática, em um contexto onde seja permitido à po-pulação não só escolher representantes, mas, igualmente, influir

Polí-ticamente nas ações Governamentais via Delegados, Assembléias ouzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA.Refe-vutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

rendus·.

Logo, os itens seguintes do presente capítulo abrangerão questões com-plexas possíveis de serem percebidas empÍricamente no estudo de caso em Boa Esperança, procurando oferecer subsídios à compreensão do Governo

Covre, mais especificamente no que tange a responder às indagações

(20)

18zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2. ESTADO CAPITALISTA E A QUESTÃO DO "PODER LOCAL" - REFLEXÕESzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2.1 ESTADO ENQUANTO PACTO DE DOMINAÇÃO PODER DE ESTADO

Para o entendimento das ações práticas desenvolvidas pela administração do Sr. Amaro Covre,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà frente da Administração Pública Municipal em Boa Esperança, faz-se necessário o entendimento de questões relaciona-das ao Estado Capitalista.

Analisar o Estado Capitalista, segundo Abranches,

WImp1ica em concebê-lo simultaneamente como dominação e como

organização, isto é, como expressão de interesses

socialmen-te desocialmen-terminados, como uma correlação de forças e como um apa-rato burocrático permanente. A operação concreta do estado, enquanto formu1ador de pOliticas, resultaria de determinaçQes

a dois niveis distintos. Em primeiro lugar, das relações

en-tre Estado e Sociedade Civil, isto e, de relações econômicas, sociais e pOliticas complexas, que se originam no movimento geral da sociedade e se expressam no interior do aparelho do

Estado. Em segundo lugar, da própria dinâmica interna dos aparelhos de Estado, movidos por conjuntos diversos de inte-resses e objetivosW (Abranches, 1979, p. 47).

A partir da concepção de Abranches, é importante resgatar-se dois con-ceitos fundamentais para o desenvolvimento, posterior, das reflexões sobre o Estado Capitalista. O Primeiro deles é o conceito de Poder.

Conforme a definição clássica de Max Weber,

WPoder significa la probabi1idad de imponer la propria volun-tad, dentro de una re1ación social, aun contra toda resisten-ciawvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAy cualquiera que sea e1 fundamento de esa probabilidadW

(21)

19

Trabalhando, a partir de questões centrais elaboradas por (Poulantzas, 1977), José Henrique de Faria escreve:

Poulantzas

PoderzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBArefere-sezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà capacidade de uma classe, ou fração ou segmento de classe, de definir e realizar seus interesses

ob-jetivos especificos, mesmo contra a resistência que possa

existir contrazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAo exercicio desta capacidade e a despeito dos niveis estruturais em que tal capacidade esteja

princip~lmen-te fundamentada. Nestes termos, o poder somente será con-tinuo e importante se resultar do acesso da classe (fração de classe ou segmento) social ao comando das principais estrutu-ras objetivas (econômica, juridico-po1itico e ideológica) da sociedade, de maneira a pôr em prática os seus interesses re-lativamente autônomos" (Faria, 1985, p. 15).

Mais adiante, o mesmo autor afirma:

"Dada a maneira como o Poder é concebido, ou seja, como capa-cidade de definir e realizar interesses relativamente autô-nomos, as relações de poder não são relações entre indivi-duos, pois o lugar de constituição do conceito de poder e o campo das práticas de classe. Isto não significa '.:.que as classes estejam estabelecidas em relações de poder ou que de-rivem destas relações, mas que as relações de poder, tendo como campo as relações sociais, são relações de Classes" (Fa-ria, 1985, p. 17).

(22)

20

Max Weber argumentou o conceito de poder, a partir de uma formulação

(tipologia) de um tipo particular de Poder, a dominação, definindo-a:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"Entendemos aqui por 'Dominación'>t un estado de cosas por

e1 cua1 una vo1untad manifiesta('mandato'>t) de1 'dominador'

o de los 'dominadores'>t inf1uye sobre los actos de otros

(de1 'dominado'>t o de los 'dominados'>t), de tal suerte que en un grado socialmente relevante estos actos tienen lugar como si los dominados hubieraa adoptado por si mismos y como máxima de su obrar e1 contenido de1 mandato, ('obediencia'>t)

(Weber, 1984, p. 699).

Fernando Motta observa:

"Na dominação, quezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé um tipo de autoridade estabelecida, ~

tem sempre principioszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAou crenças que tornam legitimo aos olhos do Governante e dos Governados o exercicio do poder.

Esses principios e crenças são muito importantes para a domi-naçao, porque lhe conferem estabilidade" (Motta, 1985, p.

27) .

Weber os define:

"Existen tres tipos puros de dominación legitima. El funda-mento primario de su legitimidad puede ser:

1. De carácter racional: que descansa en la creencia en la

1ega1idad de ordenaciones estatuidas y de los derechos de

mando de los 1lamados por esas ordenaciones a ejercer la

autoridad (autoridad legal).

(23)

21zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2. De carácter tradicional: que descansa enzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAla creencia

co-tidiana en la santidad de las tradiciones que rigieron

desde 1ejanos tiemposwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAy en la 1egitimidad de los sena1a-zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

.\

dos por esa tradición para ejercer la autoridad (autori-dad tradicional).

3. De carácter carismático: que descansa en la entrega ex-tracotidiana a la santidad, heroismo o ejemplaridad de

uma personavutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAy a las ordenaciones por el1a creadas o

reve-ladas (llamada) (autoridad carismática)..'(Weher, 1984, p :

172)" •

Esses três tipos não ocorrem de forma pura na realidade histórica, po-dendo SIm, aparecerem combinados na prática, em graus variados. Para este trabalho, interessará mais de perto a dominação de caráter racio-nal*.

o

segundo conceito necessário

à

análise do Estado Capitalista é o de Classes Sociais. Seguindo Poulantzas, "as Classes Sociais sao

conjun-tos de agentes sociais determinados principalmente, mas não exclusiva-mente, por seu lugar no processo de produção, isto é, na esfera eco-nômica" (Poulantzas, 1975, pp. 13-4). As classes sociais, conforme o

mesmo autor, são indicadas por efeitos do conjunto de estruturas ou ma-triz de um modo de produção** sobre os seus agentes, no domínio das

re-lações sociais - práticas de classe.

*Para uma discussão aprofundada sobre a dominação racional ver: Weber, 1984.

**Por estruturas ou níveis estruturais - matriz de um MP - entendem-se as instâncias do político: Estrutura Jurídico-Política; do Econômi-co: Sistemas de relações de produção e de forças produtivas; do

(24)

22

Vale ressaltar que o campo das relações SOCIaIS configura-se enquanto nível no qual se concretizam as contradições de uma determinada Forma-ção Social*, onde se dão, portanto, as lutas de classe.

Outro termo a ser apreendido aquizyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé o de fração de classe como sendo, utilizando-se Poulantzas, o conjunto social capaz de constituir-se fra-ção autônoma, configurando-se a essênéia de possível força social.

Dados esses conceitos, retoma-se a discussão iniciada a partir das co-locações de Sergio Abranches. Seu ponto de vista b~sico sobre o Estado CapitalistazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé o fruto de construção de uma visão antinômica ou

rela-cional em contraposição às visõs dicotômicas cl~ssicas sobre o Estado.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

WForam as influências de Hegel, do Liberalismo e do Leninismo que levaram o Estado a ser predominantemente compreendido da-quela forma dicotômica. O Liberalismo via no conjunto de instituições neutras e exteriores à sociedade que, exatamente por ser neutro e exterior, podia arbitrar interesses e prefe-rências de uma forma plural e democrática. O Leninismo por sua vez, via no Estado uma essência burguesa que deveria ser

tomada e substituida por outra essência, a proletária. A

so-ciedade deveria se organizar fora do

.

Estado, para

(Medeiros, 1986, p. 1). I I

Avançando, a partir da análise Marxista, foi Gramsci que abriu caminho para esta interpretação antinômica ou relacional, quando constrói o conceito de WEstado

Integral":-"Permanecemos sempre na identificação de Estado e Governo, identificação que não passa de uma representação da forma

corporativa econômica, isto e, da confusão entre Sociedade

(25)

23zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

civilzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe Sociedade pOlitica, pois deve-se notar que na noçao geral do Estado entram elementos que, também são.comuns a no~ ção de Sociedade Civil (neste sentido, poder-se-ia dizer que

EstadozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA= Sociedade politica mais Sociedade Civil, isto é, he-gemonia revestida de coerção)- (Gramsci, 1984, p. l49).

Escrevendo sobre esse conceito, Barbara Freitag afirma:

·Uma contribuição importante de Gramsci à teoria do pensamen-to Marxista consiste na revisão do conceito de Estado. Se Marx o considerava momento exclusivo da coação e da violên-cia, Gramsci propõe sua subdivisão em duas esferas: A

Socie-dadevutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAPolitica, na qual e concentra o poder repressivo da classe dirigente (Governo, Tribunais Exército, policia) e a Sociedade Civil, constituida pelas associações ditas privadas

(Igreja, Escolas, Sindicatos, Clubes, meios de comunicação de massa), na qual essa classe busca obter o consentimento dos governados, através da difusão de uma ideologia unificadora, destinada a funcionar como cimento da formação social~

(Frei-tag, 1980, 37).

Carlos Nelson Coutinho faz um pequeno sumarIO do Estado Integral, escre-vendo sobre a obra de Gramsci:

"Ele distingue duas esferas no interior das zsupe restxu tuxas :

o que ele chama de 'Sociedade civil'~ e 'Sociedade Politi-ca'~ essa última expressão designa precisamente o conjunto

de aparelhos através dos quais a classe dominante detém e exerce o monopólio legal ou de fato da violência; trata-se

as-sim dos aparelhos coercitivos do Estado, encarnados nos gru-pos burocráticos ligados às forças armadas e policiais e a

(26)

24zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

aplicação das Leis. são os aparelhos nos quais Marx e Engels em 1848-1850 e, depois deles, Lenin concentraram a atenção. A real originalidade de Gramsci sua 'aplicação'~ do

conceito Marxista de Estado - aparece, portanto,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAna definição de 'Sociedade Civil'~ em Marx e Engels, que nisso seguem

essencialmente Hegel, 'Sociedade Civil'~ designa sempre o

conjunto das relações Econômicas Capitalista~ o que eles~ mam de 'base material'~ ou 'infra-estrutura'~. Em Grams-ci, ao contrário, o termo 'Sociedade Civil'~, designa um mo-mento ou esfera da 'Superestrutura'~. Designa o

das instituições responsáveis pela elaboração e/ou

conjunto difusão de valores simbólicos, de ideologias, co~preendendo o sistema escolar, as igrejas, os partidos pOliticos, as organizações profissionais, os sindicatos, os meios de comunicação, as instituições de caráter cientifico e artistico, etc"

(Cou-tinho, 1985, pp. 60-61).

Esse conceito ampliado do Estado tem no termo hegemonia uma

lmpor-tância crucial no esquema Gramsciano:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

I

80 conceito Gramsciano de hegemonia tem dois significados principais: O primeiro é um processo na sociedade civil pelo qual uma parte da classe dominante exerce o controle, através

de sua liderança moral e intelectual, sobre outras frações aliadas da classe dominante. A fração dirigente detém o Po-der e a capacidade para articular os interesses

frações" (Carnoy, 1986, p. 95)

de outras

80 segundo é a relação entre as classes dominantes e as domi-nadas. A hegemonia compreende as tentativas bem sucedidas

da classe dominante em usar sua liderança politica, Moral e

(27)

25zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Intelectual para impor sua visão de mundozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAcomo inteiramente abrangente e universal, e para os interesses e as

necessida-des dos grupos subordinados" (Carnoy, 1986, p. 95).

Carnoy diz ainda que a hegemonia nao significa um pólo de consentimento em relação ao pólo da coerção, mas sim, uma síntese entre o consenti-mento e a repressão.

Coutinho (1985, p. 63) elabora um esquema gráfico, ajudandO a visuali-zação do esquema teórico Gramsciano:aZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

ESTADO

=

SOCIEDADE POLíTICAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA+ SOCIEDADE CIVIL

FUNÇÕES: DITADURA + HEGEMONIA

COERÇÃO + CONSENSO

DOMINAÇÃO +" DIREÇÃO

BASE

MATERIAL: APARELHOS APARELHOS

COERCITIVOS + PRIVADOS

E REPRESSIVOS DE HEGEMONIA

Observa-se nessa conceituação que os aparelhos privados de hegemonia,

(28)

26

Seguindo a teorização Gramsciana, Medeiros conclui:

-ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBApacto de dominação (o Estado) resulta da correlação entre classes, frações de classes, grupos de interesses e

movimen-tos sociais que conseguem se constituir em forças sociais em

decorrência do papel - fundamental ou não - que desempenham seja na base prOdutiva da sociedade, seja nas insti tuições pOliticas e sociais, seja, ainda nos meios de difusão e re-produção ideológica. QuandO estas forças sociais têm, por assim dizer, capacidade hegemônica pa!a construirem alianças

com grupos subordinados através de mecanismos consensuais de

exercicio da liderança, o pacto baseia-se mais em consenso do

que em coerção - ezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé, portanto, muitó mais enraizado na so-ciedade. Do contrário, quando apenas capacidade de

domi-nio/dominação, mas não de gegemonia, o pacto refletirá mais

coerçao e menos consenso - e será, portanto, mais enraizado

no Estado e mais baseado em mecanismos de cooptação poli

ti-ca ",zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

'.

-Isto significa reconhecer que o Estado expressa uma situação permanente de equilibrio instável e que o seu papel principal

é, exatamente, o de procurar, enquanto pacto de dominação, manter este equilibrio instável entre os interesses

cónfli-tantes da arena politica de ÚIDasociedade socialmente rarquizada e diferenciada-.

hie--Para isto, ele assume várias faces diferentes, ém diferentes momentos e conjunturas históricas - mantendo, sempre, a sua caracteristica fundamental de Estado-Capitalista. Ele pode assumir a face de comitê executivo para representar os inte-resses de todas as frações do bloco no poder. Pode assumir outra face, de mediar interesses de algumas frações do bloco

no poder e, também, de algumas frações das camadas subordi-vutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

l

! nadas e da elite governamental (burocracia civil e militar). E pode, ainda, representar/mediar apenas os interesses da

elite governamental- (Medeiros, 1986. pp. 3-4) •

(29)

-.~.-27zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2.2 ESTADO ENQUANTO ORGANIZAÇÃO BUROCRÁTICAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Até aqui, foram caracterizadas as relações, entre Estado e Seguindo Abranches, deve-se, agora, partir para uma discussão dinâmica interna da organização Burocrática Estatal.

Sociedade. acerca da

Para isso, é preciso introduzir o processo de burocratização da socieda-de atrelada ao desenvolvimento do modo capitalista de produção.

Mudanças ligadas ao desenvolvimento capital.ista levaram a transformações complexas no que tange às articulações entre

"As esferas públicas e privada de ação, politizando a totali-dade resultante e 'privatiz~do'* a arena pública, na medida

em que esta internaliza uma nova 'lógica'·, orientada para o mercado. Esse movimento é um bom ponto de partida para uma

discussão sobre Estado e Capitàlismo. Caracteriza-se pela crescente burocratização da sociedade como um imperativo do

próprio crescimento Capitalista .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

'.

•0 desenvolvimento Capitalista está associado a "burocracias,pÚ-blicas ou privadas, e à crescente intervenção estatal na

eco-nomia, seja através do planejamento e de pOliticas de

regula-ção, seja por meio de atividades estatais diretamente tivas· (Abrancbes, 1979, p. 48).

produ-Max Weber, estudioso da burocracia, foi um dos autores"que estabeleceu essa associação entre desenvolvimento Capitalista e Burocratização da Sociedade.

( /

*Grifos no original

(30)

28zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Para entender-se esse processo de burocratização, necessarIO se faz,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

priori, situar a burocracia enquanto forma de dominação e instrumento

a serviço de interesses dominantes nas diversas fases do desenvolviemnto da sociedade, desde os seus primórdios até os dias atuais.

~ possível perceber-se, através do processo histórico de evolução da hu-manidade, que a burocracia se modificoU, adequou-se e modernizou-se, po-rém sem perder algumas de suas características essenciais como a hierar-quia de poderes e o monopólio da racionalidade e conhecimento técnico.

Maurício Tragtenberg, a partir da obra de Webe~, afirma:MLKJIHGFEDCBA

-A administração, enquanto organização formal burocrática, rea-liza-se plen~ente no Estado, antecedendo de séculos ao seu surgimento na área da empresa privada- (Tragtenberg, 1980, p. 21).

Essas orIgens remontam-se a aproximadamente 2.000 anos A.C., em locais como o Egito, antiga Mesopotânia, China - onde foi desenvolvido o chama-do Mochama-do de Produção Asiático, a partir do surgimento do excedente eco-nômico na sociedade. Esse excedente determinou uma maior divisão do trabalho que separou mais rapidamente agricultura e artesanato, refor-çando a economia natural e não lucrativa. Apropriação do excedente eco-nômico passou a dar-se por uma minoria de indivíduos, sobrepondo-se· à economia o poder dos chefes supremos ou assembléias de chefes de

famí-lia (Medeiros, 1978).

,

A teoria da burocracia, segundo Weber, coloca que, desde a epoca do Modo de produção Asiático, os traços mais marcantes do modelo de organização burocrática - a hierarquia e a autoridade - caracterizavam a emergência da burocracia:

.Contudo, estas eram ainda, relativamente falando, formas de

burocracia altamente irracionais: 'burocracias patrimoniais'~ .

.

..

..

.

...

...

.

.

.

.

.

.

.

.

..

.

.

..

.

.

..

•0 manda rim chinês não era um especialista, mas sim um 'gentil

(31)

r

rzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

29zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

homem'. dotado de educação literária e humanistica. O fun-cionário egipcio, o funcionário romano do império dos úl timos ...•. tempos e o funcionário bizantino eram mais burocratas em nosso sentido da palavra. Mas, comparadas às tarefas modernas, as

deles eram infinitamentes simp1es.~ 1imi~adas; suas atitudes

eram em parte presas à tradição, em parte orientadas

patriar-calmente, istozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé, irracionalmente" (Weber, 1980, p. 24).

Fernando Motta, igualmente colocando o surgimento de formas de Adminis-tração Burocrática, ainda que assistemáticas, a partir do Modo de Produ-ção Asiático, explica a crescente burocratização da socied~de, a partir de então, tendo como referência o desenvolvimento histórico das forças produtivas**:

.Na base de qualquer modo de produção estão intimamente rela-cionadas as relações sociais de produção e as forças produti-vas. Entre estas últimas estão as formas de cooperação, cujo estudo é p~rticularmente necessário para o entendimento das organizações, porque criam a função administrativa e,'

portan-to, o ordenamento social que caracteriza essas ins ti tuições . Harx estudou sistematicamente as formas de cooperação. Para

ele chama-se cooperação a forma de trabalho em que muitos tra-balham juntos, de acordo com um plano, no mesmo processo de

produção ou em processos de produção diferentes mas conexos. A cooperação varia com os modos de produção e seu estudo 'es-clarece as instituições 'administrativas diversas desses

mo-dos de produção. ~sim, no decurso da História, podemos de-tectar a cooperação simp.lee , a cooperação manufatureira e a

cooperação industrial como base das unidades econômicas de

sistemas diversos. Ao Capitalismo correspondem as duas últi-mas formas· (Motta, 1981, p. 11).

*Grifos no original

(32)

30zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Se a cooperação simples é característica do modo de produção onde a divisão entre o trabalho manual e intelectual é mínima, vendo a divisão de tarefas entre trabalhadores especializados,

asiático, nao

ha-a

raçao manufature ira inaugura a relação autoritária entre capital e

coope- tra-balho, bem como sua subordinação àquele, através da apropriação priva-da dos meios de produção nas mãos dos donos do capital; a separação en-tre os trabalhadores e os meios de produção, bem como da pressão para a venda de sua força de trabalho no mercado.

Toda a produção manufatureira é realizada s~b um processo de coordenação e comando de funções, coordenação esta que é imposta, via racionalização do trabalho, pelas necessidades da maxjmização dos ganhos do capital.

A Cooperação da Ind~stria, já na fase mais avançada do Capitalismo1 é o

estágio onde, segundo Motta:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"MLKJIHGFEDCBA

-AzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAfunção diretiva torna-se mais complexa e mais çapaz de legi-timação pela efici~ncia. O saber especializado ganha seu

pri-mado, mas inclui o saber administrativo como condição de de-tenção de poder decisório. O conhecimento propriamente

técni-co dá lugar a um conhecimento mais pOlitico, na ·medida em que se aproxima dos cargos de direção. Vigiar e punir, ou

recom-pensar, constituem aspectos essenciais desse saber, que torna

mais sutil a dominação, quantb mais afastada de sua baseW•

-A empresa moderna e mecanizada intensifica, ao máximo, a he-terogestão, como forma de controle do capital, baseada no des-pojamento do trabalhador. Dai, a direção autoritária, o ex-cesso de regulamentações em beneficio daqueles que ficam com a

parte intelectual do bolo - os executivos, supervisores e ca-patazes. Esses devem mostrar aos operários que estes são pa-gos justamente pelo muito pouco que sabem fazer e pela sua fá-(cil substituição em um mercado de oferta abundante de

) obra não qualificada. A lógica da moderna organização

mão-de- buro-crática empresarial implica em concentração de saber na

admi-nistração e em concentração de ignorância na produção. NaswvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(33)

'""'t'".-~TzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

I~'

31zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

formas de cooperação na indústria, as funções de direção

trans-formam-se em normas de controle social e de repressão· (Motta;vutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1981,wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp. 16).

Pode-se então concluir que a Administra~ão, e~quanto organização formal burocrática, surge, no Estado, através do chamado Modo de Produção Asiá-tico, fluindo para a empresa privada via desenvolvimento das forças pro-dutivas, ondeMLKJIHGFEDCBA

-A expansão da forma monopolista de acumulação do capital e a

exacerbação do planejamento central e do 'coletivismo burocra-ticor;~ nos paises socialistas, faz com que a forma burocráti-ca de organização predomine em todas as instituições da socie-dade, e na própria sociedade; por conseguinte. Isso leva ao predominio da racionalidade burocrática, eliminando, por exem-pIo, a antiga dicotomia Administração .pública 'versus'

nistração privada- (Medeiros, 1978, p.8).

admi-Assim VIvemos em uma Sociedade de Organizações Burocráticas (Motta,

1985), onde a compreensão· do processo de crescimento das burocracias

públicas e privadas não são mais que resultante imperativa do própriozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

.

-desenvolvimento Capitalista. O Estado moderno, enquanto organIzaçao formal burocrática e, por conseguinte, uma estrutura de dominação, é

um

tendência do avanço do Capitalismo. Max Weber explica essa determina-çao~

-A 'separação'* do trabalhador do meio material de produção, de destruição, de administração, de pesquisa acadêmica, e de finanças, em geral, é a base comum do Estado Moderno, em suas esferas politica, cultural, militar, e da economia privada ca-pitalista. Em ambos os casos, a autoridade sobre estes meios

(34)

32zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-acha-se nas maos daquele poderzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAa quem o aparato burocrático (de juizes, funcionários, oficiais, supervisores, escrivães e

ofi-ciais sem patentes) obedece diretamente ou a quem está sempre disponivel, em caso de necessidade. Este aparato é hoje em

dia igualmente tipico de todas essas organizações; sua existên-cia e sua função são inseparavelmente causa e efeito desta

concentração dos meios de operação - de fato, o aparato é sua própria forma. O crescente dominio público na esfer~ econômi~

ca, hoje, significa um inevitável aumento na burocratização-.aZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-O rprogressor~ em direção ao estado burocrático julgando e

administrando segundo o direito e'preceitos racionalmente es-tabelecidos tem hoje em dia estreitas relações com o desenvol-vimento Capitalista Moderno. ·A moderna empresa capi talista baseia-se fundamentalmente no cálculo e pressupoe um sistema .administrativo e legal cujo funcionamento pode ser

racionalmen-te predito, em principio pelo menos, em virtude de suas normas gerais fixas, exatamente como o desempenho de uma máquina- (We-ber, 1980, p. 17).zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"

,.

Abranches reafirma que o.crescimento. do Estado e de seus papeiS na eco-nomia e na sociedade são resultados da expansão das economias

capitalis-tas:MLKJIHGFEDCBA

-As atividades empresariais e de regulação do Estado correspon-dem à lógica da reprodução do sistema em seu estágio atual. A expansão das atividades estatais de planejamento e do investi-mento diretamente produtivo por parte do Estado, responde as

exigências de uma nova estrutura de mercado e à predominância de grandes unidades oligopólicas em seu interior. As mudanças

nas formas de competição inter-capitalista, que caracterizam awvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA I

)

./

~Grifos no original

(35)

33zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

expansãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAoligopolista determinam a queda progressiva da capa-cidade de auto-regulação do capital. A regulação torna-se uma

tarefa primordial dos aparelhos de estado, na medida em que a

concentração e a centralização se desenvolvem, gerando massas de capital cada vez maiores, e os arranjos oligopolistas

,ga-nham predominância.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAO Estado, portanto deve organizar os in-teresses das frações divergentes do capital, estabelecer

me-canismos para a seleção de interesses e criar e reproduzir as

condições favoráveis para expansao continua do Capital"

~ran-ches, 1979, p. 53).

'Entende-se aSSIm que o papel maIS ativ~ do Estado, no que tange aativi-dades diretamente produtivas e de regulação, são exigências de um teci-do social complexo'e do aumento da acumulação. Porém, essa constatação não autoriza a colocar o Estado unicamente enquanto instrumento das classes dominantes capitalistas, como preconiza a teoria marxista clás-sica.

o

desenvolvimento das forças produtiv~s carregou consigo um processo de burocratização da sociedade e daí do Estado, ou seja, o crescimento das burocracias públicas ou, ainda, os aparatos burocráticos de Estado. O fortalecimento dessas burocracias, sejam em seus papéis de ação

direta-mente produtivos ou de regulação, explicam e permitem afirmar-se queaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

"O Estado é então uma organização burocrática, e, portanto,

uma estrutura de dominação, constituida de uma elite dirigen-te, de uJiIfuncionalismo civil e de um funcionalismo militar, dotada de poder de legislar e de tributar" .

...

...

.

.

.

..

..

.

..

.

.

.

.

...

.

.

..

.

..

nesses termos que se en~e a colocação de Hax Weber, quan-do afirma que o Estado dispõe do monopólio da violência"

(Hot-ta, 1985, p. 25).

(36)

34wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

2 .• 3 ESTADO ENQUANTO DOHINAÇ'AO E ORGANIZAÇ'AOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Conforme visto nos itens anteriores, o Estado Capitalista é mente concebido como uma relação de dominação e como uma o que não quer dizer que o mesmo represente ekclusivamente ses das classes dominantes.

simultanea-.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

-orgamzaçao, os

interes-Sérgio Abranches esclarece bem essa distinção ao escrever:MLKJIHGFEDCBA

-NazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAmedida em que o Estado tem que atuar como um mediador vi~-à-vis as frações divergentes do capital, a sua autonomia rela-tiva em relação aos interesses particulares das classes,

fra-ções de classes ou grupos, tende a aumentar. A dinâmica poli-tica que o Estado internaliza devido a seu duplo caráter -

sen-do ao mesmo tempo um aparato e uma relação social de

domina-ção - favorece o surgimento de fricções e contradições entre

suas ações concretas e os interesses de classe imediatos. É

esta ambigDidade estrutural, a qualpode ser solucionada em

última instância, que torna a burocracia estatal em expansao, seus diversos aparelhos e instrumentos, uma entidade dividida".

-As articulações complexas entre o Estado e a sociedade~ a in-ternalização pelos aparelhos do Estado de diferentes conjuntos

de interesses sociais competitivos, a aparente contradição en-tre seu papel geral como guardião politico do sistema capi~a-lista e seus pápeis mais especificos na mediação e seleção de

interesses compõem; em conjunto, a imagem de um 'leviatã di-vidido'*. Essa enorme burocracia, dividida em suas lealdades

e papéis, esse 'leviatã dividido'*, pode ser simultaneamente benevolente, arbitrário, liberal e intervencionista. A face que irá mostrar, dependerá da dinâmica social e pOlitica espe-cifica de cada conjuntura do processo de desenvolvimento glO-bal da sociedade- (Abranches, 1979, p. 54).

*Grifos no original

(37)

35zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Logo, o Estado Capitalista não está separado e nem acima da sociedade, pelo contrário, ele ~ uma condensação de forças 'sociais contradit6rias,

instincia de consenso e coerção~ representando um equilíbrio instável entre interesses conflitantes. Portanto, o Estado, enquanto dominação e organização, significa a caracterização de um pacto de dominação - Po-der de Estado - expressando interesses socialmente definidos atrav~s de correlação de forças sociais, bem como, de um conjunto de instituiç6es concretas e permanentes - os aparatos burocráticos de Estado que se mo-vem por certos interesses e objetivos - determinando-se então aç6es do

Estado em momentos hist6ricos definidos.wvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

J

Está claro que as consideraç6es ate aqui elaboradas oferecem subsídios muito gerais e abrangentes para a explicação das aç6es do Estado Capita-lista. De modo algum se tem a pretensão de que as mesmas sejam uma re-visão aprofundada sobre o assunto. Certamente cada formação SOCIo-eco-nômica específica apresenta padr6es diferentes de desenvolvimento capi-talista, exigindo investigaç6es particularizadas que venham explicar a

sua.influência sobre as aç6es e configuraç6es do Estado em cada caso.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

'.

A importincia da construção de um referencial geral e abrangente sobre o Estado Capitalista, a partir dos referenciais hist6ricos e estruturais apresentados anteriormente, deve-se à necessidade de se promover uma discussão sumária sobre quest6es de natureza centrais ao entendimento de suas aç6es, e, a partir daí, ter-se um parâmetro para, em estudo parti-cular de caso, em Boa Esperança, poder-se compreender as aç6es da admi-nistração do Sr.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAmaro Covre, levando-se em consideração os

condi-cionantes específicos da realidade local.

2.4 ESTADO CAPITALISTA E A QUESTÃO DO "PODER LOCAL"

Analisar uma experiência de Governo, a nível municipal, como em Boa

Es-perança, implica distinguir-se a ação do Estado Capitalista a nível 10-vutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA r

(38)

36

Ralph Miliband empresta uma significativa colaboração a questão, quando diz inicialmente que

·0zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA'Estado'· significa um numero de determinadas institui-ções que em seu conjunto constituem a sua realidade e que inte-ragem como partes daquilo que pode ser denominado o

Estatal· (Hiliband, 1982, p. 67).

Sistema

Esse Sistema Estatal é constituído, segundo o mesmo autor, dos

seguin-tes aparatos de Estado, cada qual com suas.Leis e autonomia própria:

GovernozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAou Executivo;

Burocracia Pública;

Forças Militares;

Judiciário;

Governos Subcentrais - EstadoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe Prefeituras; Assembléias Legislativas .

..Inerente ao sistema Estatal está a Elite Estatal, composta por

pes-soas que compõem os elementos do primeiro, ou seja: Presidentes, Pri-meiros-Ministros e seus colegiados ministeriais - Governo; altos funcio-' nários públicos e outros administradores Estatais - Burocracia Pública; alta cúpula militar - forças militares; Juízes de Cortes Supremas - Ju-diciário; Líderes Políticos e Administradores locais - Governos Subcen-trais; membros dirigentes de assembléias parlamentares - Assembléias Le-gislativas (Miliband, 1982).

Miliband afirma .que nas instituições do Sistema Estatal, que constituem o Estado, dá7se o conjunto de inter-relações que forma o sistema, bem como é aí que se apóia o Poder Estatal.

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TABELA 4 - - DISTRIBUIÇAO DA POPULAÇÃO ECONOMiCAMENTE ATIVA POR SETORES DE ATIVIDADE DO MUNICfPIO DEzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
TABELA 6 - UTILIZAÇÃO DAS TERRAS NO MUNICípIO DE BOA ESPERANÇA - PERíODO - 1970, 1975 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA e 1980.
TABELA 7 - QUANTIDADE PRODUZIDA E VALOR DA PRODUÇÃODOS PRINCIPAIS PRODUTOSAGRíCOLAS DO MUNICíPIO DE -BOA ESPERANÇA - PERíODO - 1977 a 1982
TABELA 8 - PARTICIPAÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS AGRíCOLAS DO MUNICípIO DE BOA ESPERANÇA EM RELAÇÃOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA À PRODUÇÃO ESTADUAL - PERÍODO - 1977 a 1982.
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