• Nenhum resultado encontrado

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Hydrocharitaceae.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Hydrocharitaceae."

Copied!
6
0
0

Texto

(1)

Resumo

Foram encontradas duas espécies de Hydrocharitaceae nas cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil:

Ottelia

cf.

brasiliensis

, primeiro registro do gênero para o Pará, e

Apalanthe granatensis.

São apresentadas descrições

detalhadas, comentários e ilustrações das espécies.

Palavras-chave:

Apalanthe

,

FLONA Carajás, novo registro,

Ottelia

, Pará

.

Abstract

Two species of Hydrocharitaceae were found in the

canga

formations of the Serra dos Carajás, Pará state,

Brazil:

Ottelia

cf.

brasiliensis

, the first record of the genus in the state of Pará, and

Apalanthe granatensis.

Detailed descriptions, comments, and illustrations of the species are presented.

Key words:

Apalanthe

,

FLONA Carajás, new record,

Ottelia

, Pará state

.

Flora das cangas da Serra dos Carajás, Pará, Brasil: Hydrocharitaceae

Flora of the cangas of the Serra dos Carajás, Pará, Brazil: Hydrocharitaceae

Climbiê Ferreira Hall

1,3

&

André dos Santos Bragança Gil

2

http://rodriguesia.jbrj.gov.br

DOI: 10.1590/2175-7860201667533

1 Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG, Campus de Pesquisa, Coordenação de Botânica - CBO, Prog. Capacitação Institucional, Av. Perimetral 1901, Terra

Firme, 66077-830, Belém, PA, Brasil.

2 Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG, Campus de Pesquisa, Coordenação de Botânica - CBO, Av. Perimetral 1901, Terra Firme, 66077-830, Belém, PA, Brasil. 3Autor para correspondência: climbiehall@yahoo.com.br

Hydrocharitaceae

Hydrocharitaceae Juss. possui distribuição cosmopolita, apresentando ca. 18 gêneros e 116 espécies (Stevens 2001). A exata delimitação genérica em Hydrocharitaceae não é consenso (e.g., Cook 1985; BFG 2015; Govaerts 2016; Ross et al. 2016). Assim, no presente estudo, optamos por seguir a circunscrição adotada na Flora do Brasil (BFG 2015). A família é constituída por ervas aquáticas, monoicas ou

dioicas, dulciaquícolas ou marinhas, anuais ou perenes; com inflorescências subtendidas por duas brácteas normalmente conatas (espatas), com flores entomófilas, anemófilas ou hidrófilas, de ovário ínfero e estigmas geralmente divididos (Stevens 2001; Les et al. 2006). No Brasil ocorrem 14 espécies distribuídas em seis gêneros (BFG 2015), dos quais dois foram registrados nas cangas da Serra dos Carajás: Ottelia Pers. e Apalanthe Planch.

Chave de identiicação dos gêneros de Hydrocharitaceae das cangas da Serra dos Carajás 1. Caule lexuoso; folhas sésseis, verticiladas; espatas sésseis ...1. Apalanthe 1’. Caule cormiforme; folhas completas, alternas espiraladas; espatas longo pedunculadas... 2. Ottelia

1. ApalanthePlanch.

A p a l a n t h e P l a n c h . é u m g ê n e r o monoespecífico que ocorre na região tropical da América do Sul (Cook 1985; Govaerts 2016). No Brasil, ocorre em quase todas as regiões (exceto Sul) e domínios fitogeográficos (exceto

(2)

Planch., Ann. Mag. Nat. Hist., sér. 2, 1: 87. 1848. Figs. 1a-c; 2a-b Erva submersa fixa, ramificada, até 40,5 cm compr., monoica. Caule flexuoso, cilíndrico, costulado, 0,5–1 mm diâm. Folhas sésseis, membranáceas, glabras, 6–26 × 0,9–1,1 mm, estreito-lanceoladas a lineares, 3–7-verticiladas, margem minutamente espinescente, base atenuada, ápice pungente. Flores alvas, solitárias, sésseis; bractéola verde-vinácea, 4–5 mm compr., cilíndrica, ápice bifurcado; hipanto verde se tornando alvo no ápice, 13–44 mm compr.; sépalas 3, alvas com grande mácula vinácea no ápice, 1,8–2 × 1,1–1,2 mm, ovadas, naviculares, reflexas, ápice arredondado; pétalas 3, alvas, 2,1–2,9 × 1,7–1,8 mm, largo-obovadas, ápice arredondado; estames 3, antessépalos, ca. 1,2–1,3 mm compr., filetes pilosos, anteras 0,3–0,4 mm compr., amareladas, ovoides a elipsoides; ovário ca. 4 × 1,1 mm, glabro, protegido pela bractéola; estilete 3, antepétalos, estigma bífido, 1–1,2 mm, achatado, piloso a papiloso, com nectário na base. Fruto tipo cápsula, ca. 5 × 1,5 mm, lanceoloide, glabro. Semente ca. 3 × 0,7 mm, fusiforme, densamente pilosa.

Material examinado: Canaã dos Carajás, S11-A, 6°19’06’’S, 50°27’09’’W, 21.III.2012, fl. e fr., A.J. Arruda et al.761 (BHCB); Parauapebas, FLONA Carajás, Serra dos Carajás, lagoa da mata, acesso próximo a portaria do N5, no fim da passarela, 6°02’25”S, 50°05’17”W, 30.IV.2015, fl. e fr., A. Gil et al. 490 (MG).

Apalanthe granatensis possui histórico taxonômico complexo. Seu posicionamento como pertencente ao gênero Elodea Michx. ou em um gênero monoespecífico a parte já foi discutido em alguns estudos envolvendo Hydrocharitaceae (e.g., St. John 1963; Cook 1985). Filogenias morfológicas e moleculares mostram Apalanthe como grupo irmão do clado formado por Elodea e Egeria Planch. (e.g., Les et al. 2006; Li & Zhou 2009; Ross et al. 2016). Assim, combinar A. granatensis em Elodea, como tratado por alguns autores (e.g.,St. John 1963; Govaerts 2016), sem fazer o mesmo com as espécies de Egeria não estabelece um grupo monofilético. Dessa maneira, o presente estudo adota o nome A. granatensis, assim como na Flora do Brasil (BFG 2015).

Espécie sul-americana, ocorrente na Argentina, Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Guiana Francesa, Paraguai, Peru, Suriname e Venezuela (Cook 1985; Govaerts

Amazonas, Bahia, Ceará, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Roraima, São Paulo, Sergipe e Tocantins (BFG 2015). Na Serra dos Carajás ocorre na Serra Norte: N5 e na Serra Sul: S11-A. Encontrada em flor e fruto nos meses de março e abril, em lagoas sobre canga, próximas a buritizais e a campos graminosos.

2. Ottelia Pers.

Ottelia possui ca. 20 espécies e distribuição cosmopolita, com apenas uma espécie nas Américas (Cook et al. 1984; Govaerts 2016). No Brasil, o gênero está distribuído nos estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo (BFG 2015), sendo registrado pela primeira vez no estado do Pará. Ottelia é constituído por ervas dulciaquícolas, submersas fixas; com caule cormiforme; folhas completas, alternas espiraladas e congestas; espatas longo pedunculadas; e flores entomófilas, vistosas, com nectários e ovário 3–∞-carpelar (adaptado de Cook et al. 1984). Um único espécime de Ottelia da Serra dos Carajás foi encontrado e examinado [Costa et al. 633 (BHCB)], apresentando apenas um fruto imaturo e folhas pouco desenvolvidas.

2.1. Ottelia cf. brasiliensis (Planch.) Walp., Ann. Bot. Syst. 3: 510. 1852. Fig. 1d-e

Erva submersa fixa, não ramificada, até 25 cm compr. Caule críptico, cormiforme. Folhas, glabras, 5–9,5 cm compr.; pecíolo 15–23 × 0,1–1,5 mm, contínuo com bainha hialina invaginante; limbo membranáceo, 3,5–6,5 × 0,3–0,5 cm, estreito-elíptico a linear, margem inteira, base cuneada, ápice agudo. Pedúnculo 12,5–21 × 0,1–0,15 cm, costelado. Flores não vistas. Fruto tipo cápsula, 2,2–0,4 cm, oblanceoloide.

Material examinado: Parauapebas, N1, 6°00’45”S, 50°18’10”W, 13.X.2008, fr., L.V. Costa et al. 633

(BHCB).

(3)

Figura 1

a-c.

Apalanthe granatensis

– a. hábito; b. porção apical da folha; c. flor. d-e.

Ottelia

cf.

brasiliensis

– d.

hábito (incluindo detalhe do pedúnculo); e. folha (a–c.

A. Gil 490

, ilustração: Alex Pinheiro; d-e.

L.V. Costa 633

,

ilustração: João Silveira).

Figure 1

a-c.

Apalanthe granatensis

– a. habit; b. apical portion of the leaf ; c. flower. d-e.

Ottelia

cf.

brasiliensis

– d. Habit (including detail of

the peduncle); e. leaf (a–c.

A. Gil 490

, illustration: Alex Pinheiro; d-e.

L.V. Costa 633

, illustration: João Silveira).

1 cm

1 mm 3 cm

5 mm

1 mm

a

c

(4)

espécime examinado apresenta folhas pequenas (5–9,5 cm) se comparadas com materiais de outras localidades e citações na literatura (maior que 40 cm; e.g., Cook & Urmi-König 1984), e pedúnculos costelados, causando dúvidas sobre sua real identidade.

Ottelia brasiliensis é uma espécie sul-americana, ocorrendo no Brasil, Argentina e Paraguai (Cook & Urmi-König 1984; Govaerts 2016). No Brasil, foi registrada para os estados da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná e São Paulo (BFG 2015). Ottelia cf. brasiliensis foi coletada na Serra dos Carajás na Serra Norte: N1. Encontrada na área de estudo em lagoa permanente sobre formação de canga, em fruto no mês de outubro.

Agradecimentos

Agradecemos ao Museu Paraense Emílio Goeldi e ao Instituto Tecnológico Vale, a estrutura e o apoio. Ao CNPq, a bolsa do Programa de Capacitação Institucional (MPEG/MCTI) concedida a CFH. Aos curadores dos herbários BHCB, IAN, HCJS, MG e RB, a disponibilização de material para a análise. Ao Dr. Pedro Viana e à Dra. Ana Maria Giulietti, coordenadores do projeto “Flora de Carajás”, o convite. Ao projeto objeto do convênio MPEG/ITV/ FADESP (01205.000250/2014-10) e ao projeto aprovado pelo CNPq (processo 455505/2014-4),

o financiamento. Ao ICMBio, especialmente a Frederico Drumond Martins, a licença de coleta concedida e suporte nos trabalhos de campo. A Alex Pinheiro e ao Me. João Silveira, a confecção das ilustrações. À Dra. Nara Mota, o auxílio em etapas importantes do projeto.

Referências

BFG. 2015. Growing knowledge: an overview of seed plant diversity in Brazil. Rodriguésia 66: 1085

-1113.

Cook, C.D.K. 1985. A revision of the genus Apalanthe

(Hvdrocharitaceae). Aquatic Botany 21: 157-164. Cook, C.D.K.; Symoens, J.-J. & Urmi-König, K. 1984. A revision of the genus Ottelia (Hydrocharitaceae) 1. Generic considerations. Aquatic Botany 18: 263-274.

Cook, C.D.K. & Urmi-König, K. 1984. A revision of the genus Ottelia (Hydrocharitaceae). 2. The species of Eurasia, Australasia and America. Aquatic Botany 20: 131-177.

Govaerts, R. 2016. World checklist of Hydrocharitaceae. Facilitated by the Royal Botanic Gardens, Kew. Publicado na Internet. Disponível em <http://apps. kew.org/wcsp/>. Acesso em 20 março 2016. Les, D.H.; Moody, M. & Soros, C.L. 2006. A reappraisal

of phylogenetic relationships in the monocotyledon family Hydrocharitaceae (Alismatidae). Aliso 22: 211-230.

Li, X. & Zhou, Z. 2009. Phylogenetic studies of the core Alismatales inferred from morphology and

Figura 2

Apalanthe granatensis

– a. ramo com flor em vista lateral; b. ramo com flor em vista frontal (a-b.

A. Gil 490

).

Figure 2

Apalanthe granatensis

– a. branch with flower in lateral view; b. branch with flower in front view (a-b.

A. Gil 490

).

(5)

rbcL sequences. Progress in Natural Science 19: 931-945.

Ross, T.G.; Barrett, C.F.; Gomez, M.S.; Lam, V.K.Y.; Henriquez, C.L.; Les, D.H.; Davis, J.I.; Cuenca, A.; Petersen, G.; Seberg, O.; Thadeo, M.; Givnish, T.J.; Conran, J.; Stevenson, D.W. & Graham, S.W. 2016. Plastid phylogenomics and molecular evolution of Alismatales. Cladistics 32: 160-178.

St. John, H. 1963. Monograph of the genus Elodea

(Hydrocharitaceae) Part 3. The species found in northern and eastern South America. Darwiniana 12: 639-652.

Stevens, P.F. 2001 [onwards]. Angiosperm Phylogeny Website. Version 9, June 2008 [and more or less continuously updated since]. Disponível em <http:// www.mobot.org/MOBOT/research/APweb/>. Acesso em 12 março 2016.

Lista de exsicatas

Arruda, A.J.

761 (1.1);

Costa, L.V.

633 (2.1);

Gil,

A.

490 (1.1).

(6)

Referências

Documentos relacionados

• utilizar um outro método numérico, possivelmente elementos finitos, para gerar os dados de entrada do estudo, de modo a verificar se o mesmo efeito de distorção relacionado

Para alcançar, porém a qualidade de vida e garantir a permanência dos serviços ambientais são necessários que: • ocorra um intercâmbio coordenado entre gestão e planejamento; •

Lâminas 5,5–13,5 × 2,5–6,2 cm, cartáceas a coriáceas, ovais a oblongas, ápice acuminado a agudo, base arredondada a cuneada, verde-escuras na face adaxial, abaxial acinzentadas

Apresenta-se um tratamento taxonômico para a família Marcgraviaceae na vegetação de canga da Serra dos Carajás, representada por uma duas espécies, Norantea guianensis Aubl.. O

Folhas opostas ou sub-opostas, pares geralmente iguais; pecíolo 0,9–2 cm compr.; lâminas 12–19 × 5,4–9 cm, elípticas a obovadas, base aguda a obtusa, ápice agudo a

Ximenia é um gênero que reúne espécies arbustivas a arbóreas, às vezes parasitas de raiz; ramos aculeados; folhas com pecíolos inteiros, decíduas na estação seca,

mucronulata , também encontrada na Serra de Carajás, pelas folhas igualmente distribuídas ao longo dos ramos, pedúnculo 2,2–4,7 cm compr., lacínios da corola róseos e

Folhas cartáceas, elípticas, ápice cuspidado a acuminado, base aguda a atenuada; pecíolo 0,8–2 cm compr., canaliculados, com tricomas escamosos; nervura principal proeminente