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Caracterização petrográfica estrutural e metamorfica das rochas da região de Indiara (GO)

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(1)

“JULIO DE MESQUITA FILHO”

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS E CIÊNCIAS EXATAS

Trabalho de Formatura Curso de Graduação em Geologia

CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA, ESTRUTURAL E METAMORFICA DAS ROCHAS DA REGIÃO DE INDIARA(GO)

Regiane Andrade Fumes

Prof.Dr. Guillermo Rafael Beltran Navarro

(2)

Instituto de Geociências e Ciências Exatas

Câmpus

de Rio Claro

Regiane Andrade Fumes

CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA

ESTRUTURAL E METAMORFICA DAS ROCHAS DA

REGIÃO DE INDIARA(GO)

Trabalho de Formatura apresentado ao

Instituto de Geociências e Ciências

Exatas - Câmpus de Rio Claro, da

Universidade Estadual Paulista Júlio de

Mesquita Filho, para obtenção do grau

de Geólogo.

(3)

litotipos da região de Indiara (GO) / Regiane Andrade Fumes. - Rio Claro, 2014

96 f. : il., figs., tabs. + mapa

Trabalho de conclusão de curso (Geologia) - Universidade Estadual Paulista, Instituto de Geociências e Ciências Exatas Orientador: Guillermo Rafael Beltran Navarro

1. Geologia estrutural. 2. Arco magmático de Goiás. 3. Geoquímica de rochas metamáficas. 4. Petrografia. I. Título.

(4)

REGIANE ANDRADE FUMES

CARACTERIZAÇÃO PETROGRÁFICA ESTRUTURAL E

METAMORFICA DAS ROCHAS DA REGIÃO DE INDIARA(GO)

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto de Geociências e Ciências Exatas - Câmpus de Rio Claro, da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, para obtenção do grau de Bacharel ou Licenciado em Geologia.

Comissão Examinadora

Prof. Dr. Guillermo Rafael Beltran Navarro Prof. Dr.Marcos Aurélio Farias de Oliveira Prof. Dr.George Luiz Luvizotto

Rio Claro, 4 de Julho de 2014.

(5)

AGRADECIMENTOS

Gostaria de aqui agradecer a todos que colaboraram diretamente ou indiretamente na elaboração desse trabalho.

Primeiramente gostaria de agradecer a minha família pelo apoio educacional a emocional. Em especial os meus pais, meu irmão, meus avós e minha tia;

Aos professores que me acompanharam durante a graduação, em especial ao Prof. Dr. Guillermo Rafael Beltran Navarro, responsável pela realização deste trabalho;

Aos colegas de geologia da turma Alcool’n geo e Geobosta e demais turmas da geologia. Especialmente ao Cabrito pela ajuda com o ArcGis e ao Filipe (Sujo) pela ajuda com a geoquímica;

Aos membros da banca, por aceitarem participar da defesa e contribuir pela melhoria dessa monografia;

Aos funcionários, bibliotecárias, secretárias, técnicos de laboratório e colegas da UNESP Rio Claro;

A Catharina e demais proprietários da Fazendo Bom Jesus de Varginha; Aos demais amigos fora da faculdade;

(6)

RESUMO

A região de Indiara (GO) situa-se no sudoeste do Cráton São Francisco na Zona Interna da Faixa Brasília, porção ocidental da Província do Tocantins. Nesta localidade aflora o Arco Magmático de Goiás que é representado pelas seguintes rochas: muscovita gnaisse com biotita, muscovita gnaisse, biotita gnaisse com muscovita e granada, biotita-muscovita gnaisse e biotita-muscovita gnaisse porfiroclástico, biotita gnaisse porfiroclástico, muscovita-quartzo xisto e granada-quartzo xisto, além de rocha metamáfica (hornblenda xisto). Os gnaisses possuem composição granodoirítca, textura granoblástica, com algumas porções com textura lepidoblástica, constituíndo um bandamento descontínuo, centimétrico a milimétrico; a estrutura é anisotrópica, marcada pela orientação preferencial dos minerais constituintes das rochas. Os gnaisses são leucocráticos, geralmente inequigranulares, de granulação fina a média O hornblenda xisto apresenta textura nematoblástica, inequigranular e granulação fina a média, a estrutura é anisotrópica dada por uma xistosidade, marcada por uma forte orientação preferencial dos cristais de anfibólio e dos demais minerais presentes na rocha. Os gnaisses da área são compostos por plagioclásio (oligoclásio/andesina), quartzo, microclínio, muscovita, biotita, epidoto, apatita, zircão, granada, cianita, óxidos e hidróxidos de ferro e minerais opacos. Já as rochas metamáficas da região de Indiara são compostas por anfibólio, plagioclásio (oligoclásio a andesina), quartzo, titanita, biotita, allanita, granada, óxidos e hidróxidos de ferro, apatita, epidoto, rutilo, muscovita e minerais opacos. Ao menos três fases deformacionais foram observadas nas rochas da área (Dn-1, Dn e Dn+1). A fase Dn é

representada por uma foliação bem marcada Sn que possui baixo ângulo de mergulho

(mergulho médio de 20º) e caimento para SW (210/21) e para NE (18/20); já a fase Dn-1 é

representada por um bandamento composicional (Sn-1) que geralmente é paralelo a Sn e as

estruturas de fases Dn+1 são dobras suaves métricas a decamétricas que dobram o bandamento

(7)
(8)

ABSTRACT

The region Indiara (GO) is located in southwestern of São Francisco Craton in the Internal Zone of the Brasília Belt, western part of the Tocantins Province. In this locality outcrop rocks of the Goiás Magmatic Arc. These rocks are muscovite gneiss with biotite, muscovite-biotite gneiss, biotite gneiss with muscovite and garnet, biotite-muscovite gneiss, muscovite porfiroclastic gneiss, biotite porfiroclastic gneiss, muscovite-quartz schists, garnet-quartz schists, and metamafic rock (hornblende schists) as metric or kilometric lenses. The gneisses have granodioritic composition, granoblastic texture, with some portions with lepidoblastic texture, constituting a discontinuous centimeter to millimeter banding; the structure is anisotropic, marked by the preferred orientation of all the minerals. These gneisses are leucocratic, generally are inequigranular and fine to medium grained. The hornblende schists have nematoblastic texture, are inequigranular and fine to medium grained and have anisotropic structure that is given by a foliation, marked by a strong preferential orientation of the crystals of amphibole and other minerals present in the rock. The gneisses of the area are composed of plagioclase (oligoclase/andesine), quartz, microcline, muscovite, biotite, epidote, apatite, zircon, garnet, kyanite, oxides and hydroxides of iron and opaque minerals. And the metamafic rocks of Indiara region are composed mainly of amphibole, plagioclase (oligoclase/andesine), quartz, titanite, biotite, allanite, garnet, oxides and hydroxides of iron, apatite, epidote, rutile, muscovite and opaque minerals. At least three phases of deformation were observed in the rocks of area of study (Dn-1, Dn and Dn +1). The Dn phase and represented

by a well-marked foliation Sn having low dip angle (average dip of 20 °) and dip direction to

SW (210/21) and to NE (18/20); the Dn-1 phase is represented by a compositional banding (S n-1), this banding is generally parallel to Sn. And Dn +1 phase are represented by metric to

decametric open folds that fold the banding and foliation Sn, with sub horizontal axes with

(9)

metamorphic peak is interpreted as syn or pre-Dn. The geochemistry of metamafic rocks demonstrated that the rocks are orthoderivative; show enrichment of LILE relative to HFSE; absence of significant abnormalities of Eu; enrichment of LREE relative to HREE; have tholeiitic subalkaline basalt composition; the rocks have affinity with the normal mid-ocean basalts or basalts of retroarc basins; besides affinity for basalts of destructive plate margin. These rocks show correlation with E-MORB basalts of active margin. All these characters are compatible with the rocks of the Goiás Magmatic Arc.

(10)

Sumário

1. INTRODUÇÃO ... 9

1 .2 Objetivos ... 9

1.3 Localização da área ... 10

1.4 - Aspectos Fisiográficos ... 10

2. MÉTODOS E ETAPAS DE TRABALHO ... 13

2.1 Levantamento bibliográfico ... 13

2.2 Aquisição e tratamento de dados ... 13

2.3 Interpretação dos dados ... 15

2.4 Elaboração das conclusões e confecção do relatório ... 15

3. GEOLOGIA REGIONAL ... 16

Geocronologia ... 31

4. GEOLOGIA LOCAL ... 34

Unidade A ... 34

Unidade B ... 37

Depósitos Quaternários... 39

5. PETROGRAFIA ... 41

Rochas Metamáficas ... 41

Hornblenda xisto (Lâminas: P 4, P 4-1, P 23, P 25, P 28, P 37, P 47, P 53, P 68, P 79, P 285 A e P 295) ... 41

Metamáfica retrometamorfizada (Lâmina P 302 c) ... 44

Gnaisses da Unidade A ... 46

Muscovita gnaisses com biotita e (granada) (Lâminas P 10 a, P 87, P 99-1, P 103, P 116, P 125, P 271, P 278, P 284, P 293, P 296, P 297, P 298 e P 302 A) ... 47

Biotita-muscovita Gnaisses (Lâminas P 42, P 68, P 85-1 e P 303) ... 50

Biotita gnaisses com muscovita e granada (Lâminas P 10, P 84-1, P 84-2 e P 299)... 51

(Biotita)-Muscovita Gnaisse com granada (P 84-1, P 287 A e P 293) ... 55

Biotita-muscovita gnaisse com cianita (Lâmina P 11) ... 57

Muscovita gnaisse porfiroclástico (Lâminas P 122) ... 59

Gnaisses da Unidade B ... 61

Gnaisse porfiroclástico com muscovita e biotita (P 45, P 283, P 287 D e P 288) ... 61

6. GEOLOGIA ESTRUTURAL ... 64

(11)

8. GEOQUÍMICA DAS ROCHAS METAMÁFICAS ... 75

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS E CONCLUSÕES ... 84

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 86

ANEXO 1 ... 94

ANEXO 2 ... 95

(12)

1. INTRODUÇÃO

A presente monografia intitulado “Caracterização Petrográfica, Estrutural e Metamórfica de litotipos da Região de Indiara (GO)”, foi realizado como Trabalho de Formatura do Curso de Geologia do Instituto de Geociências e Ciências Exatas (IGCE) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), campus de Rio Claro.

O presente trabalho teve como foco a caracterização petrográfica, metamórfica e estrutural das rochas da região de Indiara (GO), além da caracterização geoquímica das rochas metamáficas. Para isso foram empregados trabalhos de campo com coleta de amostras, triagem dessas amostras, descrições de lâminas delgadas, seguindo fichas padrão e análise de dados geoquímicos obtidos através de análises de ICP-EOS e ICP-MS.

Situada na Zona Interna da Faixa Brasília, a região de Indiara (GO) encontra-se inserida nos terrenos de idade neoproterozóica que ocorrem no sul/sudoeste do Estado de Goiás, próximo ao contato entre as rochas supracrustais da Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí e os terrenos gnáissicos associados ao Arco Magmático de Goiás. Ao longo do tempo, a área de estudo recebeu distintas interpretações tectonoestratigráficas e geocronológicas. Os primeiros estudos caracterizaram a área como pertencente ao embasamento de idade arqueana (Complexo Goiano). Atualmente a área é relacionada aos terrenos neoproterozóicos do Arco Magmático de Goiás e da Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí.

Inserido nos litotipos relacionados ao Arco Magmático de Goiás, ao sul do município de Indiara, está presente uma faixa onde ocorrem dezenas de lentes de rochas metamáficas de direção W-E que para E passa a ter direção NW-SE, com aproximadamente 2 km de espessura. As publicações existentes até o momento atestam que as ocorrências dessas rochas metamáficas e as suas encaixantes, carecem de estudos mais aprofundados que envolvam: detalhamento de campo, petrologia e geoquímica, pois existem apenas apenas levantamentos geológicos regionais (escalas 1:100.000 e 1:500.000). Estudos envolvendo detalhamento cartográfico, estrutural, metamórfico e geoquímico das ocorrências de rochas metamáficas poderão auxiliar na compreensão da origem dessas rochas e do seu significado na evolução geológica da área.

1 .2 Objetivos

(13)

acrescenta conhecimentos sobre a evolução geológica do Arco Magmático de Goiás. Para atingir esse objetivo foram utilizados os métodos apresentados no item 2.

1.3 Localização da área

A área de estudo está localizada a sudeste do município de Indiara a sudoeste de Goiânia, no estado de Goiás, no centro-oeste brasileiro. A área está situada na parte NW da folha topográfica de Edéia (Folha SE-22-X-C-III), na escala 1:100.000 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (1973) (Figura 1.1). A área possui forma retangular, com área de 55,95 km2, delimitado pelas coordenadas UTMs: 613.49/8095,98 e 620.68/8103,76.

Esse retângulo abrange parte dos municípios de Indiara e Edéia, situados cerca de 90 km a sudoeste da cidade de Goiânia (Figura 1.1), e abrange partes das terras da Fazenda Bom Jesus da Varginha, zona rural dos municípios supracitados.

Partindo de Goiânia, o acesso à área de pesquisa pode ser feito pela rodovia federal BR - 060, percorrendo cerca de 90 km, passando pelos municípios de Guapó e Cezarina, até o km 245 da rodovia, a cerca de 5 km da cidade de Indiara. A partir deste ponto o acesso é feito por estrada vicinal de terra (estrada municipal), percorrendo cerca de 10 km, no rumo geral sul-sudeste até a área de estudo (Figura 1.1).

1.4 - Aspectos Fisiográficos

A área pesquisada situa-se na porção centro-ocidental da subunidade geomorfológica denominada como Planalto Rebaixado de Goiânia, pertencente à unidade geomorfológica Planalto Central Goiano (MAMEDE, 1993, 1999; MAMEDE et al., 1983). As altitudes na região variam entre 550 m (vale do Rio Capivarí) e ~800 m (Serras da Barra Grande).

A subunidade do Planalto Rebaixado de Goiânia é caracterizada por relevo mediamente dissecado em formas convexas de topo plano, associadas a formas tabulares amplas com drenagens pouco entalhadas e vertentes com inclinações de 2o a 5o, formando uma extensa faixa de pediplano (pedimentação Pleistocênica e formações superficiais mais recentes). Atualmente este pediplano está sobre o processo de erosão. A área pesquisada corresponde ao divisor de águas entre os afluentes do Rio Capivari e Rio dos Bois.

(14)

Figura 1-1 Mapa mostrando o entrono a área de estudo e as principais vias de acesso a área de estudo. A) Folha Topográfica Nazário, B) Folha Topográfica Goiânia, C) Folha Topográfica Edéia, D) Folha

Topográfica Piracanjuba. Todas na escala 1:100.000 (IBGE, 1973).

No vale dos Rios Capivarí e dos Bois o relevo torna-se medianamente dissecado em formas convexas associadas a formas tabulares amplas, com drenagens pouco entalhadas. Nessas regiões onde o relevo é medianamente dissecado predominam as culturas de soja e de pastagens.

O padrão de dissecamento das drenagens é moderado. Os principais rios da região fluem no sentido geral N-S (Rios Capivari e dos Bois) e a maioria dos ribeirões fluem preferencialmente no sentido leste-oeste, sendo as menores drenagens no sentido norte-sul. Todas as drenagens da região fazem parte da Bacia Hidrográfica do Rio Paranaíba (MAMEDE et al. 1983). O mais importante rio é o Rio Capivarí tanto pela sua capacidade energética como por ser um fator importante para abastecimento, embora apresente certo grau de poluição.

As serras observadas na região apresentam alinhamento E-W (norte da área) e NW-SE (porção leste da área).

(15)

vermelho-amarelo eutróficos, horizonte A moderado; e chernozênico de texturas média/argilosa. Subordinadamente ocorrem cambissolos distróficos e eutróficos cascalhentos com textura média (relevo de formas tabulares, ondulados a fortemente ondulados). Nas serras os solos são distróficos cascalhentos e pedregosos com textura média, e cambissolos distróficos cascalhentos e pedregosos de textura média (NOVAES et al., 1983).

A vegetação mais abundante na região é do tipo de Floresta Estacional Decídua e Estacional Semidecídua nas áreas dos vales, no restante da área predomina a vegetação de Cerrado (ARAÚJO et al., 1980; MAGNAMO et al., 1983), embora na região não existam núcleos bem preservados. A retirada de vegetação nativa (desmatamento e/ou queimadas) para a ocupação da terra pela agricultura (principalmente cultivo de soja) e/ou pela agropecuária (formação de pastagens para gado de corte e/o leiteiro) praticamente extinguiu a cobertura vegetal nativa.

(16)

2. MÉTODOS E ETAPAS DE TRABALHO

Para atingir os objetivos propostos neste projeto, foram utilizados os métodos e materiais costumeiramente empregados na execução de pesquisas geológicas de caracterização geoquímica e petrográfica, envolvendo atividades de campo, laboratório e escritório, de acordo com as etapas abaixo.

2.1 Levantamento bibliográfico

Nesta etapa inicial foi efetuado levantamento da bibliografia sobre trabalhos anteriores que abrangem a área de estudo, assim como também a bibliografia referente aos temas Província Tocantins, Faixa Brasília, Arco Magmático de Goiás, Sequência Metavulvanossedimentar Anicuns-Itaberaí, geoquímica e metamáficas. Para a realização do levantamento bibliográfico foram utilizados as bases de dados do Catálogo Athena (Bibliotecas UNESP), portais de periódicos Capes e Sciencedirect, a Biblioteca Virtual da CPRM, além de textos, artigos e documentos fornecidos pelo orientador e participantes do Grupo de Pesquisa “Evolução de Terrenos Metamórficos” do Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP de Rio Claro.

2.2 Aquisição e tratamento de dados

Essa etapa foi dividida em 4 sub etapas, sendo elas: - Atividade de Campo

Foi realizada uma atividade de campo com duração de cinco dias na região da área de estudo, no município da Indiara-GO. Durante o trabalho de campo foram descritos afloramentos de rochas, levantados dados estruturais e metamórficos, coletadas amostras para confecção de lâminas delgadas e análise geoquímica. Os dados obtidos no campo foram integrados aos dados de outros levantamentos anteriores realizados na área (em especial OLIVEIRA e BITTAR, 1971; ARAÚJO et al., 1980; IANHEZ et al., 1983; LACERDA FILHO et al., 1999; SIMÕES, 2005; MOREIRA et al., 2008; NAVARRO et al., 2013). Além dos dados dessa atividade de campo, também foram utilizados dados de campos anteriores realizados apenas pelo orientador.

(17)

Nessa etapa foi efetuada a triagem das amostras, já previamente georeferênciadas e descritas mesoscopicamente, coletadas nos trabalhos de campo, além da triagem das amostras já coletadas por campos anteriores efetuadas pelo orientador na área de estudo. Para essa triagem de amostras foram utilizados como critério:

 As rochas mais representativas dentre os litotipos da área;

 Amostras de rochas metamáficas e de suas encaixantes não alteradas ou pouco alteradas para a confecção de lâminas.

As amostras selecionadas foram destinadas para a confecção de lâminas delgadas e a análise química.

-Laminação das amostras e descrição petrográfica

As amostras selecionadas foram encaminhadas ao Laboratório de Laminação do Departamento de Petrologia e Metalgonia da UNESP de Rio Claro.

A descrição das lâminas (totalizando 44 lâminas) foi efetuada visando caracterizar a mineralogia, texturas e estruturas (primárias ou não), relações microtectônicas e cinemáticas, além do grau metamórfico. Os números de identificação das lâminas descritas (no item e/ou capítulo 4) correspondem ao número do afloramento onde as amostras foram coletadas (Anexo I – Mapa de Pontos).

As seções foram marcadas de preferência perpendiculares às estruturas planares, paralelas ou perpendiculares ao eixo X, de acordo com a estrutura da rocha com a finalidade de observar as foliações e indicadores cinemáticos. As seções delgadas foram confeccionadas com comprimento de 3 cm, largura de 2 a 2,5 cm e espessura de aproximadamente 30 µm. Os estudos microscópicos foram efetuados a luz transmitida com o microscópio petrográfico da marca Olympus, modelo BX40 com aumentos de 4, 10 e 50 vezes. As descrições das seções delgadas foram efetuadas seguindo ficha-padrão utilizada em projetos de mapeamento executados pelo grupo de pesquisa “Evolução de Terrenos Metamórficos”.

(18)

Com base nas características petrográficas das amostras, 20 amostras de rochas metamáficas foram selecionadas para estudos geoquímicos. As amostras selecionadas foram encaminhadas para a análise química, realizadas pelo Laboratório Acme (Analytical Laboratories LTD, Vancouver, Canadá). Seguindo a rotina convencional de preparação de amostras para análises químicas, as amostras selecionadas foram britadas e moídas no Laboratório Acme. Os elementos maiores (SiO2, TiO2, Al2O3, Fe2O3T (ferro total), MnO,

MgO, CaO, Na2O, K2O, P2O5 e Cr2O3) foram obtidos por Espectrômetro de Emissão em

Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-OES), após fusão utilizando metaborato/tetraborado de lítio e digestão em ácido nítrico diluído, sendo a perda ao fogo (LOI) determinada pela diferença de peso das amostras antes e depois do aquecimento a 1.000ºC por quatro horas.

Os elementos-traços e menores (Ba, Co, Cr, Cs, Ga, Hf, Nb, Rb, Sc, Sr, Ta, Th, U, V, Y e Zr) e elementos terras-raras (La, Ce, Pr, Nd, Sm, Eu, Gd, Tb, Dy, Ho, Er, Tm, Yb e Lu) foram analisados no Espectrômetro de Massa em Plasma Indutivamente Acoplado (ICP-MS), após fusão utilizando metaborato/tetraborado de lítio e digestão em ácido nítrico, sendo que para os metais base (Cu, Ni, Pb e Zn) a digestão foi por água régia.

2.3 Interpretação dos dados

Após a aquisição dos dados petrográficos, geoquímicos, estruturais e metamórficos estes foram tratados e interpretados. Para o tratamento dos dados geoquímicos foram utilizados cálculos de correção, conversões de medidas (porcentagem para ppm), cálculo de parâmetros relevantes (parâmetros de Niggli (1954)), afim de uma interpretação mais apropriada. Além disso, também foram utilizados os softwares Microsoft Excel, MINPET

versão 2.02 (RICHARD, 1995) e CorelDraw (X6) para a confecção de diagramas binários e

ternários com os dados geoquímicos. E o software OpenStereo foi utilizado para a confecção

de estereogramas.

Na interpretação foram utilizados os livros, artigos científicos e teses com os temas petrografia e geoquímica, com destaque para as seguintes obras: HEINRICH (1956),

Wilson

(1989), Fujimori (1990), Rollinson (1993), Yardley (1989), Pimentel (1991), Pearce (2014), Furnes (2013), dentre outros.

2.4 Elaboração das conclusões e confecção do relatório

(19)

3. GEOLOGIA REGIONAL

A área de estudo situa-se na porção centro-oeste do estado de Goiás, e está inserida na Província Tocantins (ALMEIDA et al., 1981). A Província Tocantins é um cinturão tectono-metamórfico estruturado durante o neoproterozóico, formado pelas Faixas Paraguai, Araguaia, Brasília, pelo Arco Magmático de Goiás e pelo Maciço de Goiás. A Província Tocantins foi estruturada no contexto dos eventos colisionais que culminaram na amalgamação do supercontinente Gondwana no final do Neoproterozóico (VALERIANO et al., 2004), durante a convergência de três importantes blocos continentais: o Cráton Amazônico a oeste-noroeste, o Cráton do São Francisco a leste e o Bloco Paranapanema a sul-sudoeste, que se encontra sob os sedimentos e rochas vulcânicas da Bacia do Paraná. Informações geológicas disponíveis demonstram que o riftiamento continental do paleocontinente São Francisco-Congo e a construção de uma margem passiva começou em ca. 1,0 Ga e o fechamento dessa bacia oceânica e a colisão continental ocorreu em ca. 0,64 Ga (PIMENTEL et al., 2008). A Faixa Brasília na porção meridional (na porção sul do estado de Goiás) é dividida em três segmentos que de leste para oeste são representados por: i) Zona Externa da Faixa Brasília: porção mais externa constituída por metassedimentos dos Grupos Paranoá, Canastra e Ibiá. ii) Zona Interna da Faixa Brasília: constituída pelos metassedimentos do Grupo Araxá, pelos granulitos de ultra/alta temperatura relacionados ao Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu, e por porções do seu embasamento (Sequência Silvânia, Granito Jurubatuba). iii) Arco Magmático de Goiás: composto por ortognaisses e sequências metavulcanossedimentares (Figura 4.1).

A área de estudo localiza-se próximo ao contato entre os metassedimentos da Zona Interna da Faixa Brasília e os terrenos gnáissicos e metavulcanossedimentares associados ao Arco Magmático de Goiás e a Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí, porção meridional da Província Tocantins.

(20)

Figura 3-1: (A) Mapa esquemático da Província Tocantins (modificado de Fuck, 1990). (B) Mapa geológico regional esquemático de parte da Província Tocantins na porção sul de Goiás (modificado de

Lacerda Filho et al., 1999) mostrando a localização da área de estudo.

Trabalhos regionais elaborados por Barbosa et al. (1966), Almeida (1967), Almeida (1968), Barbosa et al. (1970), Oliveira & Bittar (1971), Schobbenhaus et al. (1975a, 1975b), Marini et al. (1978, 1984a, 1984b), Danni e Fuck (1981), Ianhez et al. (1983), Valente (1986), Lacerda Filho et al. (1995), Rezende et al. (1999) relacionam a extensa área de rochas gnáissicas, que ocorrem na região, ao embasamento da Faixa Brasília de idade arqueana e/ou

16 So

52 So

BRASIL Arenópolis A) Limite estadual do Estado de Goiás

FAIXA PARAGUAI E ARAGUAIA

Goiânia Trindade Varjão Aloândia Mairipotaba Edéia Edealina Área de Estudo 600.000 600.000 650.000 650.000

0 km 50 km

BACIA DO PARANÁ

Zona Inerna FAIXA BRASÍLIA

Arco Magmático de Goiás

Seqüência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí. Grupo Araxá Complexo Anápolis-Itauçu Escala 0 km Escala 200 km

20 So

46 So

12 So

46 Wo

16 So

52 So

FAIXA BRASÍLIA Arco Magmático de Goiás Zona Externa

(21)

paleoproterozóica. Já Costa Neto (2003), Simões (2005), Moreira et al., (2008) e Navarro et al. (2013) relacionaram essas rochas ao Arco Magmático de Goiás.

Oliveira e Bittar (1971), durante os trabalhos do Projeto Bandeirantes, associam o conjunto de gnaisses que afloram na região ao Complexo Basal, sob a denominação de Conjunto Gnáissico (Figura 4.2). Essa unidade ocupa a base da coluna tectonoestratigráfica dos autores, possuindo idades pré-cambrinanas inferiores a médias. Segundo estes autores o Conjunto Gnáissico é constituído por um conjunto de gnaisses variados, com predomínio de biotita gnaisse, hornblenda gnaisse, migmatito heterogêneo e granito gnaisse, aos quais se associam leptinitos e granulitos com granada e sillimanita e intercalações de lentes de quartzito, anfibolitos e epidoto anfibolitos. Na região de Edéia-Indiara, estes autores, descrevem uma sequência de biotita gnaisses cinza-escuros, anisotrópicos, exibindo um bandamento fino e regular, constituídos principalmente por biotita, muscovita, quartzo, plagioclásio e microclínio, com granada e epidoto. Oliveira e Bittar (1971) agrupam no Grupo Araxá as rochas metassedimentares e metamáficas/metaultramáficas que ocorrem sob esta unidade. Segundo estes autores o Grupo Araxá na região é dividido em duas unidades, uma com predomínio de metacálcários e mármores e outra unidade com predomínio de xistos (granada-biotita xisto, granada-quartzo-biotita xisto, biotita-muscovita-quartzo xisto, muscovita xisto, grafita xisto e muscovita-biotita xisto feldspático).

Araújo et al. (1980), no levantamento geológico realizado na região sudeste de Goiás (Projeto Pontalina), mapearam gnaisses que afloram entre as cidades de Aloândia-Morrinhos-Pontalina-Edéia-Indiara e os relacionam ao embasamento sob a denominação de Conjunto Migmatítico, de idade pré-cambriana superior. O Conjunto Migmatítico, segundo esses autores, é dividido em rochas metamórficas-migmatíticas que abrangem metatexitos e diatexitos. Os metatexitos são constituídos por biotita gnaisses, biotita-muscovita gnaisses, muscovita gnaisses, etc., com estruturas do tipo schollen, ptigmáticas, agmáticas e

principalmente estromáticas, apresentando normalmente paleossomas de anfibolitos, de hornblenda gnaisses, de granada-biotita xistos, e de biotita gnaisses. Já os diatexitos, segundo Araújo et al. (1980), correspondem a corpos isolados associados a metatexitos, com os quais estão intimamente relacionados. São constituídos por rochas homogêneas, apresentando estruturas do tipo nebulítica a schlieren, apresentando composição granodiorítica a granítica,

(22)

sub circular, de composição granítica e quartzo-monzonítica, com enclaves de rochas básicas (anfibolitos) e gnaisses granulíticos, que representariam resistatos à ação granitizante de rochas do embasamento.

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(24)

A leste da área de estudo, Araújo et al. (1980), associam as ocorrência de metassedimentos e metamáficas/metaultramáficas, ao Grupo Araxá, o qual subdividem em duas seqüências: i) Sequência Rítimica Carbonática constituída por metassedimentos (quartzitos, metacalcários, xistos grafitosos, xistos ferruginososo, quartzo xistos granatíferos, itabiritos, mármores calcíticos, calco xistos, etc.) e metamáficas (anfibolitos)/metaultramáficas (serpentinitos, talco xistos, clorita xistos, tremolita/actinolita xistos); ii) Sequência Quartzosa constituída por quartzo xistos granatíferos, com intercalações de quartzitos micáceos, quartzitos micáceos granatíferos (Figura 4.3).

Ianhez et al. (1983), em sua síntese geológica regional, descreve as rochas da área de estudo como sendo pertencentes ao Complexo Goiano que está em contato tectônico a E-NE com a rochas do Grupo Araxá, sendo essas rochas cobertas em algumas porções por coberturas detrítico-lateríticas pleitocênicas. Mais distante, à SW da área de estudo ocorrem as rochas da Bacia do Paraná, do Grupo São Bento pertencentes a Formação Serra Geral que é constituída por uma sucessão de derrames de composição predominantemente básica. (Figura 4.4).

O Complexo Goiano, segundo Ianhez et al. (1983), é descrito como uma extensa unidade composta por hornblenda gnaisses, blastomilonitos, migmatitos, granulitos, granitos, anfibolitos e quartzitos de idade arqeuana. O complexo nas proximidades da área de estudo ocorre em contato, frequentemente por falhas, com rochas do Grupo Araxá. O complexo em algumas localidades, especialmente a SW da área de estudo, encontra-se encoberto por depósitos cenozóicos, representados por depósitos lateríticos. Os litotipos presentes são abundades, econtrando-se expostas as seguintes rochas: granada gnaisses, granulitos, anfibolitos, granitos, metaquartzo dioritos, granito-gnaisses e migmatitos. Esses mesmos autores descrevem uma faixa bem individualizada na região de Varjão e a leste do Rio dos Bois, onde é encontrada uma sequência de granada-muscovita-biotita-feldspato-quartzo gnaisses e anfibolitos anisotópicos bem definidos.

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Figura 3-4 Mapa esquemático geológico regional do entorno da área de estudo segundo Ianhez et al. (1983).

Ianhez et al. (1983) também descrevem a sul da serra do Paraíso, a leste da área de estudo na região de Mairipotaba - Cromínia, uma falha que marca o contato entre o Grupo Araxá e o Complexo Goiano com afloramentos de migmatitos, anfibolitos, granito gnaisses e gnaisses. Nessa região da quadrícula os autores descrevem os anfibolitos da área como sendo de granulação fina a média, bem escuros, com pequena quantidade de plagioclásio, e textura nematoblástica, formando corpos definidos que passam gradativa ou bruscamente aos gnaisses.

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Gnáissico, de idade arquena. Essas rochas, segundo os autores, distribuiem-se amplamente, como faixas mais ou menos contínuas, na região centro-oeste do estado de Goiás. Nas proximidades da área de estudo, as rochas desse complexo estão com contato tectônico com as rochas da Sequência Metavulcano-sedimentar Anicuns-Itaberai e com granitos sin a tarditectônicos, neoproterozóicos, tipo Rio Piracanjuba a leste/nordeste da área de estudo. A Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberai (anteriormente relacionada ao Grupo Araxá por OLIVEIRA e BITTAR, 1971; ARAÚJO et al., 1980; IANHEZ et al., 1983, entre outros), segundo Lacerda Filho et al. (1995, 1999), é composta por uma seqüência de rochas metavulcânicas básicas a intermediárias (anfibolito, anfibólio xisto, epidoto anfibolito, clorita xisto e quartzo-clorita xisto com intercalações centimétricas a métricas de metachert piritoso),

rochas químico-exalativas/mistas (metachert, metachert piritoso, formação ferrífera que

ocorrem como lentes em quartzo- clorita xisto, quartzo-clorita-sericita-plagioclásio xisto, muscovita xisto e cianita-muscovita xisto de provável origem tufácea) e, rochas metassedimentares (biotita-clorita-muscovita xisto, biotita calcixisto, biotita xisto grafitoso, granada-muscovita-biotita xisto, quartzito, quartzito ferruginoso, cianita-muscovita-sericita-cloritóide xisto e sericita-clorita-quartzo xistos. Ocorrem ainda nesta unidade lentes de calcário (metacalcário dolomítico com lentes de calcário silicoso) e mármores (mármore magnesiano e dolomítico com lentes decimétricas de metacalcário silicoso) e, intercalações de rochas ultrabásicas (serpentinito, talco xisto, talco-tremolita xisto, tremolitito e actinolita xisto), milonitizadas e metamorfizadas na fácies xisto verde baixo a anfibolito. Os granitos sin a tarditectônicos são do tipo Piracanju, granito porfirítico, tonalito e granodiorito. Já a sudoeste da área ocorre o Grupo São Bento, da Formação Serra Geral, sendo representados por basaltos mesozócos, toleíticos com intertrapes areníticas (Figura 4.5).

A unidade Granitos-gnaisses Indiferenciados corresponde a granitóides homogêneos e/ou gnaissificados, caracterizados como rochas do embasamento arqueano, representadas por ortognaisses graníticos, tonalíticos e granodioríticos, as vezes milonitizados e contendo restitos de rochas básicas a ultrabásicas, com frequentes diques e stocks, máfico-ultramáficos.

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Figura 3-5 Mapa esquemático geológico regional do entorno da área de estudo segundo Lacerda Filho et al. (1995).

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rochas metassedimentares da Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí (Figura 4.6) a nordeste da área de estudo.

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Os gnaisses da área de estudo, segundo Costa Neto (2003), são do tipo Aragoiânia e possuem natureza sin-tectônica, coloração esbranquiçada, granulometria média, possuindo textura lepidoblástica a protomilonítica, sendo a matriz composta basicamente por microclínio, quartzo, muscovita, plagioclásio e subordinadamente ocorre a biotita, epidoto e granada. O autor também descreve no entorno de Cezarina e no limite com o município de Indirara dois corpos desses granitoides. Esses corpos são encurvados, tendo os flancos alinhados às direções noroeste e nordeste, sendo miloníticas as bordas NS desses corpos.

Simões (2005) em sua compartimentação crustal do domínio interno da Faixa Brasília no Sul de Goiás descreve a área de estudo como pertencente ao Domínio de Edéia (Figura 4.7), que é composto essencialmente por um conjunto de biotita gnaisse, cuja homogeneidade sugere que sejam ortoderivados. O Domínio Edéia segundo o autor foi dividido em duas unidades: i) Associaçao de Ortognaisses composta por granito-gnaisses indiferenciados, ortognaisses graníticos, tonalíticos e granodioríticos que são geralmente ricos em biotita, às vezes miloníticos e ii) Sequência Metassedimentar composto por granada xistos associados à rochas calciossilicáticas, gonditos e localmente anfibolitos. O Domínio Edéia foi individualizado das demais porções, segundo Simões (2005) por apresentar uma assembleia metamórfica de fácies granulito, caracterizada pela paragênese granada-cinopiroxênio-plagioclásio-quartzo, o que implica que esse segmento crustal foi submetido a condições mais rigorosas de temperatura e posteriormente foi justaposto ao Domínio Edealina, que apresenta metamorfismo de fácies anfibolito e encontra-se a leste do Domínio de Edéia. Já o Domino Edealina que corresponde a Sequência Anicuns-Itaberaí, ocorre em contato tectônico, a leste da área de estudo e é compostos por: (i) sequência metapelítica a metapsamítica constituída por biotita-clorita-muscovita xisto, muscovita-quartzo xisto, biotita xisto grafitoso, granada-muscovita-biotita xisto, cianita-muscovita-sericita-cloritóide xisto, quartzitos, metacherts, formações ferríferas e lentes de ultramáficas e anfibolitos, ii) lentes métricas a quilométricas de mármores magnesianos a dolimíticos e iii) associações de ortognaisses e granada-biotita xisto.

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Figura 3-8 Mapa esquemático geológico do entorno da área de estudo segundo Moreira et al. (2008).

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constituídas por aluviões (na porção central da área de estudo) e coberturas detrítico-lateríticas ferruginosas (a sul da área de estudo) cenozóicas. Ainda segundo Moreira et al., (2008) o Arco Magmático de Goiás na área de estudo (Ortognaisses do Oeste de Goiás - Complexo Plutônico do Arco Magmático de Goiás) é constituído por ortognaisses tonalíticos a granodioríticos bandados, com coloração cinza a róseos, granulação média a grossa, por vezes cisalhados e com textura protomilonítica até ultramilonítica, sendo encontrados migmatitos localmente. As características geoquímicas e isotópicas desses gnaisses são de crosta juvenil de ambiente de arco de ilhas ou margem continental ativa. Essas rochas formam, juntamente com sequências de rochas supracrustais, granitóides sin a tardi-orogênicos, um segmento de crosta juvenil com ampla variação cronológica, derivado de colagem de diversos arcos neoproterozóicos. Já Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí (Barbosa, 1987), segundo os mesmos autores, engloba rochas de origem vulcânica, química e sedimentar metamorfizadas nas fácies anfibolito.

Navarro et al. (2013) associam as rochas da região com as litologias da Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí e os terrenos gnáissicos associados ao Arco Magmático de Goiás. Os principais litotipos encontrados na área, segundo os mesmos autores, são biotita-muscovita ortognaisse, muscovita-biotita ortognaisse e biotita ortognaisse porfiroclástico e localmente ocorrem intercalados nessas rochas granada-biotita-muscovita xisto e/ou paragnaisses porfiroblásticos, metacalcários, porções pegmatíticas (com muscovita e turmalina) e rochas metamáficas (anfibolitos). Navarro et al. (2013) também descrevem que os ortognaisses da região possuem características geoquímicas semelhantes a rochas geradas em ambientes de arcos magmáticos. Esses ortognaisses exibem enriquecimento em ETR e LILE em relação à HFSE, anomalias negativas de Nb, Ta, P e Ti e baixos conteúdos de Y e Yb.

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O Arco Magmático de Goiás é constituído pelas seguintes rochas: ortognaisses cálcicos a cálcio-alcalinos (sendo o litotipo mais abundante); granitos miloníticos; metabasaltos, metatufos intermediários a félsicos, metagrauvacas finas, granada micaxistos, metacherts, formações

ferríferas, quartzitos e metaultramáficas (que correspondem a sequências vulcano-sedimentares); além de rochas intrusivas graníticas e máficas-ultramáficas que representam um magmatismo tardi a pós orogênicas (PIMENTEL et al., 2004).

A Sequência Vulcano-sedimentar Anicuns-Itabera foi definida por Barbosa (1987) na região de Mossâmedes-Anicuns (GO), localizada a norte da área de estudo. Inicalmente essa sequência foi interpretada por Barbosa (1987), como sendo uma continuação do greenstone belt Serra de Santa Rita. A sequência vulcano-sedimentar Anicuns-Itabera é dividida, segundo

Nunes (1990) em: (i) Sequência Corrego da Boa Esperança composta por metabasaltos cálcio-alcalinos, metatufos andesíticos/dacíticos, metapelitos e formações ferríferas; (ii) Sequência Anicuns-Itaberaí que compreende rochas máfica/ultramáficas, metacherts, metaritmitos e

lentes de mármore. Posteriormente Laux et al. (2004), através de datações de Sm-Nd e U-Pb (SHRIMP), e Laux et al. (2010) de Nd-Sr, demonstraram que as rochas igneas de ambas as sequências possuim a mesma idade das rochas supracrustais do Arco Magmático de Goiás, formadas entre 890 a 630 Ma.

Sobre algumas porções da área, principalmente a SW, ocorrem coberturas de idades terciária-quaternária. Araújo et al. (1980) relacionam as coberturas terciárias/quaternárias detrítico-lateríticas ao Ciclo das Velhas, definido por King (1956). Esses autores descrevem a unidade como paleossolos de espessuras variáveis, ocorrendo na forma de coberturas lateríticas e depósitos detríticos sobre topos de superfícies aplainadas, constituindo extensas chapadas e chapadões. O material dessa unidade é argiloso, contendo detritos quartzosos finos a grossos, fragmentos de óxidos de ferro e manganês. Além disso, os autores observam que a variação litológica é relevante quanto ao produto apresentado, apesar dos processos intempéricos de formação serem semelhantes.

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predominam sedimentos de granulação fina, compostos por areia fina a média, mal classificada. Sendo encontrados em alguns locais areia grossa e pequenos seixos de quartzo. Geocronologia

Os dados geocronológicos disponíveis apontam que os ortognaisses e sequências metavulcanossedimentares que ocorrem na porção SW-W do estado de Goiás (anteriormente relacionados ao embasamento arqueano/paleoproterozóico e atualmente ao Arco Magmático de Goiás) formaram-se durante dois episódios principais de cristalização: um variando entre

ca. 890 e 800 Ma sendo o mais antigo e um variando entre 670 e 620 Ma (Figura 2.9; LAUX

et al., 2004).

Idades de modelo TDM do Arco Magmático de Goiás em sua grande maioria variam

entre 0,9 a 1,22 Ga, com valores isotópicos ԐNd(T) variando entre -15,1 e + 6,9, predominante

valores positivos. Sendo também encontradas idades que chegam a atingir 2,2 Ga, sendo interpretados como contaminação de crosta siálica mais antiga paleoproterozóica existente em algumas regiões. (RODRIGUES et al., 1999; PIMENTEL et al., 2000a e 2000b, 2003)

Nas proximidades da área de estudo, os dados geocronológicos de Simões (2005) indicaram idades U-Pb (diluição isotópica) de 691-677±24 Ma e, dados isotópicos Sm/Nd indicam idade modelo TDM de aproximadamente 1,02. Porém nas proximidades de Edéia (a S

da área de estudo) os dados de isotópicos Sm/Nd indicam idades paleoproterozóicas com idade de modelo TDM entre 2.04 e 1.89 Ga, essas idades mais antigas indicam envolvimento

de crosta siálica mais antiga (RODRIGUES et al., 1999; PIMENTEL et al., 2000b, 2003). A norte da área de estudo (ca. 40 km) na região de Anicuns as rochas pertencentes a

Sequência Metavulcanossedimentar Anicuns-Itaberaí e Córrego da Boa Esperança (Grupo Araxá) possuem idades semelhantes às do Arco Magmático de Goiás (ca. 890 – 830 Ma)

(LAUX et al., 2004). Também a norte da área de estudo, na região de Firminópolis (ca. 80

km) as rochas do Arco Magmático Goiás possuem idades de U/Pb de 634 ± 8 e idades modelo TDM 1,1 – 1,40 (RODRIGUES et al., 1999; LAUX et al., 2005).

A sul da área de estudo nas proximidades de Pontalina (ca. 60 km), Navarro et al.

(2013) mostram que a idade de cristalização desses ortognaisses é neoproterozoica (681,5 ± 7,7 Ma). Os dados isotópicos εNd(T) são fracamente negativos a positivos (+3,2 e -0,1), com

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Idades Modelo

(Ga) Ԑ (T) Idade U/Pb (Ma) (cristalização) Idade Rb/Sr (Ma) (cristalização)

ORTOGNAISSES

Arenópolis 1 1,07-1,16 +1,9 - +3,2 899 ± 57

Matrinxã 1,5 0,85 - 1,04 +4,1 - +6,3 669 ± 3 895 ±290

Sanclerlândia 1 0,9 – 1,08 +4,1 - +6,3 856 ± 13 940 ± 150

Mara Rosa2,11 0,9 – 1,0 +4,6 792±8; 638 ± 4; 811±7; 856 ±13

Firminópolis3,5 1,1 – 1,40 -4,6 634 ± 8

Iporá 3,5 1,01 – 1,18 +0,3 804 ± 6 673 ± 75

Fazenda Nova-Maiporá3 0,88 – 0,95

Anicuns4 1,42 – 1,60

Turviânia5,6 0,9 – 1,11 +0,9 - +1,9 630 ± 5

Choupana5,6 1,06 – 1,07 +1,7 - +2,8 662 ± 12

Palminópolis5,6 0,98 – 2,27 -15,1 - +2,6 637 ± 20

Pontalina6,12 0,91 – 2,0 -0,1 - +3,2 681,5 ±7,7

GRANITOS MILONÍTICOS

JHL 065 0,91 +5,1 810 ± 10

JLH105 1,47 -1,8 790 ± 12

JHL 27d5 1,36 -1,7 8,21 ± 10

Lavrinha5 0,89 +4,8 748 ± 14

Creoulo5 1,07 +3,6 782 ± 14

Fazendinha5 1,24 – 1,29 -3,7 614 ± 5

São João5 1,05 +3,8 792 ± 5

Mina da Pose9 1,0 – 1,1 +3,7 862 ± 8

Santa Tereza9 1,5 -0,5 605 ± 33

Mara Rosa9 1,1 +2,9 635 ± 12

SEQUÊNCIAS METAVULCANOSSEDIMENTARES (METAVULCÂNICAS)

Arenópolis1,8 0,94 – 1,40 +2,5 - +6,9 929 ± 8 933 ± 60

Fazenda Nova1 0,93 – 1,13 +0,2 - +2,4 608 ± 48

Jaupaci1 0,92 – 0,97 +3,2 - +4,7 764 ± 14 587 ± 45

Mara Rosa2 1,0 862 ± 8

Iporá3 0,77 – 1,01 636 ± 6

Anicuns-Itaberaí4 0,91 – 1,12 +4,4 - +5,5 815 ± 10

COMPLEXOS MÁFICO E

MÁFICO-ULTRAMÁFICO

Seq Anicuns St. Bárbara9 1,1 – 1,26 +2,2 - +2,5 598 ± 8

Córrego Seco9 1,07 – 1,13 -1,8 - +2,6 622 ± 6

Complexo A. do Brasil9 0,9 – 1,1 +2,4 626 ± 8

Mara Rosa9 603 ± 6

Diorito Iporá9 672 ± 6

MAGMATISMO BIMODAL PÓS- TARDI- OROGÊNICO

Gran. Rio Caipó10 0,93 – 1,24 -4,2 - +2,1 587 ± 17

Gran. Serra do Iran10 0,93 – 1,40 -2,7 - +2,0 588 ± 19

Gran. Serra Negra10 1,3 – 1,58 -3,0 - -3,4 508 ± 18

Gran. Iporá10 0,89 – 1,23 -3,3 - +2,1 490 ± 24

Gran. Impertinente10 0,92 – 2,65 -4,6 - +1,1 485 ± 18

Gran. Israelândia10 0,84 – 0,92 -2,3 - +3,0 579 ± 4 554 ± 20

Diorito sub vulcânico (Mara Rosa)10 1,0 – 1,2 -2,1 - +1,9 630 ± 3

Gabro Rio Caiapó10 1,0 -0,5 - +2,4 598 ± 19

Diorito Serra do Iran10 1,0 -0,5 - +2,4 623 ± 16

Granito Faina10 ±5

1. Pimentel e Fuck (1992), 2. Viana et al., (2005) 3. Rodrigues et al. (1999), 4. Laux et al. (2001), 5. Laux et al. (2005) 6. Pimentel et al. (2000b), 7. Laux et al. (2004), 8. Pimentel et al. (2003), 9. Pimentel et al. (2004),

10. Pimentel et al. (1996), 11. Matteini et al. (2010), 12. Navarro et al. (2013).

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Segundo Pimentel et al. (2004), a síntese da evolução tectônica do Arco Magmático de Goiás é o seguinte:

(i) ca. 890-800 Ma - Formação de sistemas de arcos de ilhas intraoceânicos, caracterizados por vulcânicas cálcioalcalinas, e corpos plutônicos tonalíticos e dioríticos;

(ii) ca. 800 Ma - Intrusão das séries inferiores dos complexos acamadados de Niquelândia, Barro Alto e Cana Brava, possivelmente em ambiente de rifte continental

localizado em uma situação de “back arc”;

(iii) 770 - 760 Ma - Metamorfismo de alto grau registrado especialmente nos três grandes complexos acamadados e, menos fortemente, em rochas do Arco de Arenópolis. Colisão entre a porção norte do Arco de Goiás e a borda oeste do continente São Francisco;

(iv) 760 - 680 Ma - Período de quiescência ígnea – a pequena intensidade da atividade ígnea cálcio-alcalina pode representar inclinação rasa da zona de subducção e limitada fusão da cunha de manto sobreposta;

(v) 670 - 600 Ma - Período de intensa atividade ígnea e tectônica com o alojamento de inúmeros corpos tonalíticos, granodioríticos, graníticos e de muitos corpos máfico-ultramáficos diferenciados, no Arco Magmático de Goiás e no Complexo Granulítico Anápolis-Itauçu.

(vi) 630-600 Ma - Pico do metamorfismo Brasiliano registrado em todas as rochas da Faixa Brasília;

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4. GEOLOGIA LOCAL

As rochas que ocorrem na área de estudo, foram relacionadas, como descrito no capítulo anterior, a princípio como parte do embasamento (Complexo Basal), no Conjunto Migmatítico por Araújo et al. (1980); nos Terrenos Granito-Gnaisses Indiferenciados por Lacerda Filho (1995) e Resende et al. (1999) e mais recentemente ao Arco Magmático de Goiás (PIMENTEL, 2000a, 2000b; MOREIRA et al. 2008). Sendo adotado a proposta mais recente.

A área de estudo foi dividida em três unidades litoestratigráficas, denominadas informalmente de: i) Unidade A, ii) Unidade B e iii) Depósitos Detrito-Lateríticos e Coberturas Aluvionares. As Unidades A e B são constituídas principalmente por gnaisses variados, pertencentes ao Arco Magmático de Goiás, com intercalações de lentes de rochas metamáficas e mais raramente lentes de metassedimentos. Os Depósitos Detrito-Lateríticos e Coberturas Aluvionares são constituídos por depósitos quaternários.

Espacialmente as rochas gnássicas da Unidade A perfaz cerca de 72% da área mapeada. Já os ganisses da Unidade B constituem cerca de 3% da área mapeada. Os Depósitos Detrito-Lateríticos e Coberturas Aluvionares correspondem a 25% da área de estudo.

Unidade A

A Unidade A é predominante na área de estudo e em algumas porções está coberta pelos materiais mais recentes. Geomorfologicamente a área de abrangência dessa unidade é moderadamente acidentada, possuindo topos arredondados, encostas convexas e declividade média. Afloramentos e blocos de rochas (Figura 4.2 A) são relativamente frequentes de serem observados, quando as coberturas recentes não estão presentes. Lajedos métricos foram descritos (Figura 4.2 B), estando geralmente associados às drenagens e os blocos de rochas com dimensões centimétricas a métricas são geralmente observados nas áreas de pastagens e de vegetação nativa.

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aspectos mineralógicos e texturais, com exceção de alguns xistos observados em poucos pontos. A composição dos gnaisses é granodiorítica (Figura 4.1).

Figura 4-1 Diagrama de QAP (STRECKEISEN, 1976) para os gnaisses da Unidade A (círculos vermelhos). Observa-se que os gnaisses possuem composição de granodiorito.

Em geral os gnaisses dessa unidade possuem textura granoblástica, com algumas porções onde a textura lepidoblástica é predominante, constituíndo um bandamento, em geral descontínuo e centimétrico a milimétrico. Os gnaisses são leucocráticos, localmente mesocráticos, inequigranulares, de granulação fina a média (Figura 4.2 B, C). A coloração desses gnaisses é cinza esbranquizados e encontram-se em grau de alteração fraco a moderado.

Esses gnaisses possuem estrutura anisotrópica, com forte xistosidade, paralela à foliação principal (Sn). Nessas rochas também foi observado um bandamento composicional,

que é paralelo a essa foliação principal.

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individualizar cada litotipo. Porém na porção leste da área de estudo ocorre uma maior ocorrência do litotipo muscovita gnaisse, quando comparado com as demais porções.

Em alguns pontos da Unidade A foram observados biotita gnaisse e muscovita gnaisse porfiroclástico (Figura 4.2 E), geralmente mais presentes na porção sudoeste da área. Nesses gnaisses os porfiroclastos de feldspato podem chegar a atingir 4 cm de comprimento, com formas sub-retangulares a ovaladas, orientados segundo a foliação principal, em meio a matriz granoblástica, de granulação média a fina.

Rochas metamáficas foram observadas na forma de blocos centimétricos. Esse litotipo possui textura nematoblástica, granulação média a fina e estrutura fortemente anisotrópica, formando um aspecto xistoso (Figura 4.2 G e H). Por toda a unidade observou-se essas rochas, que ocorrem sob a forma de lentes, inseridas seguindo a direção da foliação das rochas da Unidade A. Devido a escala de mapeamento, foi possível individualizar apenas algumas dessas lentes (porção N da área).

Além dos litotipos descritos acima, rochas metassedimentares também foram observadas na Unidade A. Essas rochas paraderivadas ocorrem intercaladas entre os demais litotipos da área e são representados por granada-quartzo xisto (Figura 4.2 F) e muscovita-biotita xisto. Os granada-quartzo xisto é composto por muscovita-biotita, muscovita, quartzo, granada e plagicolásio, sendo que a granada ocorre sob a forma de profiroblástos subarredondados, com dimensões média em torno de 0,2 mm. Já o muscovita-biotita xisto é composto essencialmente por muscovita, biotita e quartzo. Ambos esses litotipos possuem textura lepidoblástica, com porções onde a textura é granoblástica. A sua estrutura é fortemente anisotrópica, formando uma xistosidade e a sua granulação é de média a fina.

A relação entre as rochas ortoderivadas e paraderivadas nesse trabalho não foi completamente interpretado. Porém é possível elencar três hipóteses distintas para essa interpretação: (i) a deposição sedimentos tardiamente acima da rochas ortoderivadas, em uma relação de discordância; (ii) intrusão das rochas ortoderivadas em rochas sedimentares ou sedimentos e (iii) devido aos processos tectônos-estruturais as diferentes rochas seriam agrupadas.

(40)

centimétricas e geralmente são concordantes com a estruturação dos gnaisses e demais rochas. Associado à esses veios de quartzo podem ser observadas a turmalina.

Porções pegmatíticas ocorrem em alguns locais, intercaladas paralelamente ao bandamento composicional, esses veios possuem espessura centimétrica, podendo em alguns casos atingir alguns metros de espessura. São constituídos por muscovita de granulação grossa a pegmatóide, por plagioclásio, por feldspato potássico (microclínio) que pode atingir até 5 cm de comprimento e por quartzo branco a transparente. A turmalina (schorlita) ocorre associada em alguns desses pegmatitos, podendo em alguns casos atingir prismas de até 6 cm de comprimento.

Unidade B

A Unidade B está presente a nordeste da área de estudo. A geomorfologia da área de ocorrência da Unidade B é composta por baixa declividade, encostas convêxas e topos arredondados. Frequentemente foram observados blocos com dimensões métricas (matacões) das rochas dessa unidade, além de lajedos, sempre estando associados às drenagens.

Essa unidade é composta essencialmente por biotita gnaisse porfiroclástico (Figura 4.3), ademais ocorrem, em menor volume, os litotipos: metamáficas, biotita-muscovita gnaisses e muscovita gnaisses.

Os biotita gnaisses porfiroclásticos apresentam coloração bege acinzentada e textura porfiroclástica (Figura 4.3), com algumas porções da matriz a sua textura é lepidoblástica. A matriz é composta essencialmente por quartzo, plagioclásio (oligoclásio/andesia), biotita, muscovita e subordinadamento apatita, zircão, rutilo, titanita e minerais opacos e os porfiroclástos são compostos por feldspato potássico. A granulação da matriz é fina, geralmente em torno de 0,2 mm. Os porfiroclástos de feldspato potássico possuem dimensões geralmente em torno de 6 mm e forma subarredonda, geralmente estão orientados, segundo a foliação principal da rocha e possuem coloração esbranquiçada levemente acizentada. A estrutura da rocha é anisotrópica, marcada pela orientação dos minerais presentes.

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(anisotrópica), formando uma xistosidade. As rochas metamáficas são representadas por hornblenda xistos, que possuem coloração cinza escuro esverdeado.

Figura 4-2 Fotografias da Unidade A. A) Fotografia dos blocos métricos encontrados nessa unidade, o liotipo é o muscovita gnaisse (Ponto 291). B) Fotografia do lajedo de rocha, associado a drenagem, o litotipo é o biotita-muscovita gnaisse. (Ponto 292). C) Amostra do biotita-muscovita gnaisse, com textura

granoblástica e estrutura anisotópica. (Amostra 278 A). D) Amostra do muscovita-biotita gnaisse com textura granoblástica e estrutura fortemente anisotrópica (Amostra 298). E) Amostra do

muscovita-biotita gnaisse porfiroclástico. (Amostra 293). F) Amostra de granada-quartzo xisto, anisotrópico, estrutura xistosa e textura lepidoblástica. (Amostra 293). G) Amostra da rocha metamáfica. Essa amostra

é bandada, sendo bandas mais ricas em anfibólio e bandas mais ricas em quartzo. A sua textura é nematoblástica e a estrutura é anisotrópica. (Amostra 289). H) Amostra da rocha metamáfica (hornblenda

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O biotita-muscovita gnaisse e muscovita gnaisse ocorrem intercalados dentre as outras rochas, em menor quantidade na unidade. Esses litotipos possuem textura granoblástica, com alguns domínios lepidoblásticos. A granulação dessas rochas é média a fina e a estrutura é anisotrópica, com aspecto xistoso. A sua coloração é cinza claro.

Figura 4-3: Amostras do biotita gnaisse porfiroclástico, com textura porfiroclástica e estrutura anisotrópica. (A) Amostra P 283. (B) Amostra 294.

Depósitos Quaternários

Os Depósitos Quaternários podem ser divididos em Depósitos Detrito-Lateríticas e nos Depósitos Aluvionares. As coberturas detrito lateríticas foram descritas por Moreira et al. (2008), como relacionadas as superfícies de aplainamento desenvolvidas sobre rochas de todas as unidades litoestratigráficas e, atualmente, está sob efeito de dissecação marginal por erosão. Estes sedimentos são formações superficiais que se desenvolveram em zonas de interflúvios.

Os Depósitos Aluvionares se associam à rede de drenagem que flui sobre o embasamento cristalino e as bacias sedimentares. Os depósitos são pouco extensos. Esses sedimentos são compreendidos em acumulações de sedimentos de calha e de planície de inundação, compostos por areias finas a grossas, cascalhos e lentes de material silto-argiloso e turfa. (MOREIRA et al., 2008).

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Quaternários ocorrem nas cotas baixas, em regiões aplainadas, sempre associadas às drenagens mais desenvolvidas. Foram observados com frequência afloramentos desses depósitos aluvionares, podendo ser centímétricos a métricos (Figura 4.4). Alguns afloramentos observados chegam a atingir, relativamente, grandes proporções, chegando a 6 metros de largura e 2 de altura.

Esses aluviões quaternários são compostos por sedimentos quartzosos com granulometria de areia média a grossa, podendo ocorrer seixos e também sedimentos de granulação mais fina, associadas aos córregos de menor porte.

Figura 4-4: Fotografia da unidade Aluvião Quaternários. Afloramento com cerca de 2 m de altura, sendo na base encontrado rochas da Unidade A coberta pelo aluvião quaternário de composição quartzosa e

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5. PETROGRAFIA

Nesse capítulo serão abordadas as características petrográficas das rochas coletadas na área de estudo. Foram analisadas 44 seções delgadas à luz transmitida, sendo 29 seções de muscovita e/ou biotita gnaisses e 15 de rochas metamáficas. As fichas completas das descrições petrográficas estão no Anexo 3 e a localização das amostras analisadas petrograficamente encontram-se no Anexo 1. A abreviação dos minerais nas ilustrações segue a nomenclatura de Whitney et al. (2010).

Rochas Metamáficas

As rochas metamáficas são representadas majoritariamente por hornblenda xistos. Estas rochas apresentam textura nematoblástica, inequigranular e granulação fina a média. Em geral a estrutura dessas rochas é anisotrópica dada por uma xistosidade, marcada pela forte orientação preferencial dos minerais presentes na rocha.

Hornblenda xisto (Lâminas: P 4, P 4-1, P 23, P 25, P 28, P 37, P 47, P 53, P 68, P 79, P

285 A e P 295)

Os hornblenda xisto apresentam textura nematoblástica, inequigranular, sendo que em algumas porções lenticulares a irregulares a textura é granoblástica (Figura 4.1 A, B, C e D). São rochas de granulação fina a média, com dimensões médias em torno de 400 m, com cristais de anfibólio chegando a atingir 4 mm em algumas seções delgadas (Figuras 4.1 E e F). A estrutura da rocha é anisotrópica, marcada por uma orientação moderada a forte dos cristais de anfibólios, de agregados lenticulares de quartzo e de plagioclásio e dos outros minerais presentes nas rochas, cuja trama define uma xistosidade.

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Figura 5-1 Fotomicrografias do hornblenda xisto a nicóis paralelos (A) e cruzados (B) mostrando o aspecto textural e estrutural da rocha, sendo a textura nematoblástica e a estrutura anisotrópica (Lâmina 4). C) e D) Fotomicrografias a nicóis paralelos (C) e cruzados (D) mostrando a variação textural, sendo ao

centro observado a textura granoblástica, formando aglomerado irregular de quartzo e plagioclásio e bordejando essa porção a textura é nematoblástica (Lâmina 25). E) e F) Fotomicrografias a nicóis paralelos (E) e cruzados (F) mostrando cristais de hornblenda com dimensões em torno de 500 m e ao

centro um domínio de textura granoblástica, sendo composta por cristais de quartzo, plagioclásio e de hornblenda com granulação fina. (Lâmina 295). H) e G) Fotomicrografias a nicóis paralelos mostrando a

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O plagioclásio (4 a 15%) é representado por oligoclásio/andesina. Ocorre em domínios granoblásticos, associado a cristais de quartzo (Figuras 5.1 A, B, C e D), constituindo manchas irregulares ou pequenas lentes intersticialmente ao anfibólio, definindo em alguns casos um bandamento composicional paralelo à foliação. Também ocorre na forma de cristais intersticiais aos cristais de anfibólios, provavelmente representando relictos de textura ígnea ofítica/subofítica. Os cristais de plagioclásio são submilimétricos (com dimensões médias de 250 a 300 m) e em algumas seções delgadas a granulação média do mineral é em torno de 500 m, com cristais chegando a atingir 1,8 mm. São anedrais, apresentam contatos lobulados a irregulares e, localmente, apresentam extinção ondulante e geminação lamelar (tipo albita) bem desenvolvida.

O quartzo (4 a 13%) ocorre sob a forma de cristais pequenos, com dimensões médias de 300 m, podendo atingir 600 m, anedrais, dispersos entre os cristais de plagioclásio, como inclusões arredondadas em plagioclásio e anfibólio e formando concentrações difusas (manchas irregulares), trilhas ou leitos descontínuos que ocorrem intersticialmente ao anfibólio. Os cristais normalmente apresentam extinção ondulante moderada à forte acompanhada de recuperação com subgrãos bem definidos e contatos lobulados, engrenados, localmente poligonais.

A titanita é um mineral acessório comum, podendo em alguns casos perfazer cerca de 2 a 4% do volume da lâmina. É anedral a subedral e ocorre dispersa pela lâmina e em alguns locais marcando trilhas e/ou agregados lenticulares descontínuos (Figura 5.1 H) paralelos a foliação, ou envolvendo rutilo e/ou minerais opacos (ilmentita); podendo em alguns casos formar aglomerados subarredondados (Figura 5.1 G). As dimensões médias deste mineral são da ordem de 200 m, podendo em algumas lâminas atingir até 400 m.

O rutilo é um mineral acessório e ocorre sob a forma de cristais subedrais a anedrais, dispersos pelas seções delgadas, apresentando dimensão em torno de 100 m.

A allanita ocorre sob a forma de pequenos cristais (com dimensões médias em torno de 50 m), subedrais, associada ao anfibólio. Esse mineral está presente em algumas lâminas como mineral acessório.

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A granada ocorre associada à hornblenda, sendo os cristais subedrais a anedrais, ocorrendo como mineral acessório. A distribuição desse mineral na seção delgada é irregular. A granulação média do mineral é em torno de 200 m. Os cristais de granada são poiquiloblásticos, ricos em inclusões de anfibólio e demais minerais.

A biotita ocorre associada ao anfibólio, sendo produto de alteração do mesmo. Esse mineral ocorre em forma de pequenos cristais, subedrais com dimensões médias em torno de 200 m, com cristais chegando a atingir 400 m. A biotita apresenta pleocroísmo alaranjado forte (), amarelo alaranjado () e bege claro () (< < ). O contato com os demais cristais é poligonal.

Os óxidos e hidróxidos de ferro ocorrem formando películas ou trilhas de alteração sob os cristais de anfibólio ou também sob a forma de aglomerado de cristais com granulação muito fina.

Os minerais opacos ocorrem dispersos pelas seções delgadas. Esses minerais ocorrem sob a forma de pequenos cristais subedrais a anedrais (com dimensões em torno de 80 m), sendo que também é frequente observar os minerais opacos formando aglomerados irregulares.

Metamáfica retrometamorfizada (Lâmina P 302 c)

O litotipo metamáfica retrometamorfizada foi observada em apenas uma seção delgada. Essa rocha apresenta textura lepidoblástica e equigranular. A granulação é fina e a dimensão média dos cristais é em torno de 500 m, com cristais de anfibólio chegando a atingir 4 mm. A estrutura é fortemente anisotrópica, marcada por uma única orientação preferencial de todos os minerais da lâmina, cuja trama define uma xistosidade.

O anfibólio (hornblenda) (± 40 %) ocorre geralmente associado à biotita, sendo substituído por esse mineral. Ocorre como cristais subedrais a eudrais com dimensão média do anfibólio é em torno de 300 m, com cristais chegando a atingir 4 mm. Esse mineral possui pleocroísmo nas cores verde amarronzado claro (), verde oliva claro () e verde claro () ( >  > ). O anfibólio ocorre em contato lobulado com os demais cristais, podendo em alguns locais apresentar contato poligonal.

Referências

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