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Estimativa do total de horas abaixo de determinada temperatura-base através das medidas diárias da temperatura do ar.

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Academic year: 2017

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ESTIMATIVA DO TOTAL DE HORAS ABAIXO DE DETERMINADA TEMPERATURA-BASE ATRAVÉS DAS MEDIDAS DIÁRIAS

DA TEMPERATURA DO AR (1) Luiz R. ANGBLOCCI (2), MARCELO B. P. DE CAMARGO (2

) , M I B I O J . PEDRO J R . , AI/TINO A. ORTOLANI e R. REMO ALFONSI (2

) , Seção de Climatologia Agrícola, Inatituto Agronômico

(1) Recebido para publicação em 14 de junho de 1978. (') Com bolsa de suplementação do CNPq.

SINOPSE

São propostas equações matemáticas para estimar o total diário de horas abaixo de determinada temperatura-base, em certo período, utilizando-se somente dos valores diários das temperaturas máxima, minima e das 21 horas (hora local). A comparação entre os totais diários e mensais de "horas de frio" estimados pelas equações propostas e os observados através de termogramas, para várias localidades do Estado de São Paulo. mostrou boa concordância entre os métodos de cálculo.

O modelo proposto dispensa o uso de registros contínuos de temperatura. As vantagens de tal estimativa residem n a maior disponibilidade de registros de temperaturas máximas, mínimas e das 21 horas, permitindo maior densidade de pontos em trabalhos de zoneamento agroclimático e de cartografia, além da eliminação do processo de cotação de termogramas.

1. INTRODUÇÃO O conhecimento do período em

que a temperatura do ar permanece abaixo ou acima de certo valor é de interesse nos estudos sobre vernali-zação e desvernalivernali-zação em algumas espécies vegetais. Além disso, algu-mas espécies agrícolas perenes, como as frutíferas de clima temperado, têm

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do ar permanece abaixo de determi-nada temperatura-base. Embora a temperatura-base varie entre espécies e variedades, tem-se tomado valores como 7°C e 13°C em estudos de re-gionalização e adaptação de varie-dades de frutíferas de clima tempe-rado em diversas regiões (3, 9, 11).

Para o cálculo das "horas de frio", faz-se necessário o uso de ter-mogramas. Assim, em estudos sobre regionalização da fruticultura de clima temperado envolvendo áreas relativamente grandes, é ideal a exis-tência de uma rede ampla e bem dis-tribuída de postos meteorológicos equipados com termógrafos. Tem-se tentado substituir a cotação dos ter-mogramas por equações de regressão:

MARKUS (6), por exemplo, encon-trou uma correlação significativa entre temperatura mínima e duração do período de frio para Porto Alegre (RS), enquanto MOTA (7) obteve equações de regressão para estima-tiva do número de "horas de frio" em função da temperatura média mensal para Pelotas (RS). Procedimento idêntico foi usado por PASCALE & ASPIAZÚ (9), para Buenos Aires. DAMARIO (3) apresentou um ma-peamento de "horas de frio" para a Argentina, baseado em um método gráfico proposto pelo autor, com uti-lização das médias de temperaturas mínimas anuais e dos cinco meses mais frios do ano. FERREIRA (4) utilizou a equação de regressão pro-posta por MOTA (7) em estudo sobre regionalização da fruticultura de clima temperado no Estado de Minas Ge-rais. PEDRO JR. et alii (10) determi-naram equações 'de regressão para estimativa do número de horas com temperatura abaixo de 7°C e 13°C para o Estado de São Paulo, em função da temperatura média do mês

de julho, utilizando dados termográ-ficos de doze localidades.

Embora esses procedimentos vi-sem minimizar o problema da falta de registros termométricos contínuos,

observa-se que somente é possível o estabelecimento de equações de re-gressão a partir do uso dos próprios registros, de modo que o problema é superado apenas em parte. Com base nesse fato, o presente estudo tem por objetivo o desenvolvimento de equa-ções que permitam a estimativa do total de horas em que a temperatura

do ar permanece abaixo de certo valor base, fazendo uso de dados diários de temperatura, obtidos através de ter-mômetros colocados em abrigo me-teorológico padrão, em substituição ao uso de termógrafos.

2 . METODOLOGIA

Num levantamento dos dados termográficos de várias localidades do Estado de São Paulo, verificou-se que acima de 90¾ dos dias do ano apre-sentam um padrão de variação de temperatura do ar bastante próximo daquele mostrado em linha pontilhada na figura 1, no período compreendido entre as ocorrências das temperatu-ras máximas em dias consecutivos;

essa curva diária de temperatura do ar pode ser aproximada por uma série de segmentos de reta, de acordo com o mostrado em linha cheia na figu-ra 1.

Adotando tal aproximação como válida, os seguintes casos podem ocorrer, considerando-se TB como a

temperatura-base, T21 a temperatura

das 21 horas, Tjn e TM2 as tempera-turas máximas e Tm a temperatura

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l.° CASO (figura 1):

Condições: TB > Tm; TB :¾ T2 t;

T B < TMi; T B <T TM2',

O número de horas abaixo da temperatura-base, representado por H, será:

Por semelhança de triângulos,

obtém-se:

Substituindo as equações (2) e (3) em (1), tem-se:

2.c CASO (figura 2):

Condições: TP, > Tm; TB ^

^ T-2i', Tu < TMi; TJH < TM2

O número de horas abaixo da temperatura-base será:

Por semelhança de triângulos, obtém-se:

(4)

e:

ou:

Substituindo as equações (6) e (7) em (5), tem-se:

3.° CASO (figura 3):

Condições:

O valor de H será:

Por semelhança de triângulos, tem-se:

ou:

Substituindo o valor de X na equação (9), tem-se: "

4.° CASO (figura 4):

(5)

Pela figura 4, tem-se:

Por semelhança de triângulos, tem-se:

ou:

Substituindo o valor de X em (12), obtém-se:

5.° CASO (figura 5):

Condições:

O número de horas abaixo da temperatura-base será igual a:

Por semelhança de triângulos, tem-se:

ou:

Substituindo o valor de X na equação (15), tem-se:

6.° CASO:

Condições:

Nesse caso, H = 24 horas.

7.° CASO:

Condição: TB < Tm

Nesse caso; H = 0

3 . RESULTADOS E CONCLU-SÕES

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meteoro-lógicas situadas em Campinas (lati-tude 22°54'S, longi(lati-tude 47°05'W e altitude 669m), Ribeirão Preto (lati-tude 21°11'S, longi(lati-tude 47°48'W e altitude 62lm), Ataliba Leonel (lati-tude 23°10'S, longi(lati-tude 49°20'W e altitude 589m), Pindamonhangaba (latitude 22°55'S, longitude 45°27'W e altitude 560m) e São Roque (lati-tude 23°32'S, longi(lati-tude 47°08'W e altitude 850m). Os dados foram es-colhidos ao acaso, dentro de uma série de doze anos.

A figura 6 (a e b) mostra a re-lação entre os valores diários estima-dos de "horas de frio", tomando-se como exemplo temperaturas-base de 13°C e 7°C* para as cinco localida-des estudadas. Observa-se que os pontos mostram uma tendência de seguir a linha 1:1, havendo pequenas

diferenças entre as localidades; os valores de coeficientes de correlação para as temperaturas-base de 13°C e 7°C foram, respectivamente: Cam-pinas, r = 0,97 e r = 0,91; Ribei-rão Preto, r = 0,96 e r = 0,93; Ataliba Leonel, r = 0,92 e r = 0,96; São Roque, r = 0,97 e r = 0,88, e Pindamonhangaba, r = 0,95 e r = 0,92, indicando que não houve dife-rença significativa entre os valores estimados e os observados. A figura

(7)

A figura 7 (a e b) mostra a re-lação entre os dados estimados e os observados, considerando-se cada

equação em separado. Para as equa-ções n.° 4 (1.° caso) e n.° 8 (2.° caso) foram utilizadas temperaturas-base de 13°C e 7°C; para as equa-ções n.° 11 (3.° caso), n.° 14 (4.°

caso), e n.° 17 (5.° caso), foi usada . temperatura-base de 17°C, devido à raridade de ocorrência, nas localida-des estudadas, das condições exigi-das nesses casos para temperaturas-base menores que a utilizada. Obser-va-se que a equação 4 responde por todos os casos do número estimado de "horas de frio" na faixa de 0 a 12 e de 0 a 10 para temperaturas-base de 13°C e de 7°C, respectiva-mente, enquanto as outras equações respondem pelos casos acima dessa faixa. Através dessas figuras,

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Independente dessas considera-ções, pode-se concluir que a estima-tiva do número diário de "horas de frio", através das equações propostas, apresenta precisão aceitável, a qual será maior ainda se a estimativa for feita para períodos mais longos, como pode ser visto na figura 8 (a e b), que mostra a relação entre o número mensal estimado e o número mensal observado de horas abaixo das tem-peraturas de 13°C e 7°C. Observa-Se que os pontos seguem estreita-mente a linha 1:1, com coeficientes de correlação iguais a 0,99.

Em vista do exposto, pode-se concluir que as equações propostas podem ser usadas na estimativa do número de "horas de frio" e em tra-balhos correlates, nos períodos de interesse.

Uma série de vantagens resulta desse procedimento, podendo-se citar: a) possibilidade de estimativa do número de horas abaixo ou acima de determinada temperatura, para

localidades sem registro termométrico contínuo, mas que possuam observa-ções diárias de temperaturas máxima, mínima e das 21 horas locais. Esses dados são mais comuns e de obtenção mais fácil que os termográficos;

b) possibilidade de aumento da densidade de pontos em estudos de regionalização de culturas e em tra-balhos cartográficos;

c) dispensa da operosa cotação de termogramas em tais tipos de tra-balho, além da facilidade do proces-samento dos dados em computador,

através de entrada direta das tempe-raturas exigidas num programa.

Comparado com as estimativas de "horas de frio" através de análise de regressão, o modelo proposto apre-senta-se vantajoso por dispensar os dados termográficos, que são exigidos no estabelecimento das equações de regressão.

(9)

de São Paulo, mas pode-se esperar que o modelo seja aplicável a outras localidades paulistas, pelo fato de se basear no padrão de variação diária de temperatura. Embora haja

neces-sidade de confirmação, o mesmo se pode dizer com relação a outras lo-calidades do país, principalmente aquelas situadas no mesmo fuso ho-rário do Estado de São Paulo.

NUMBER OF HOURS BELOW ANY BASE TEMPERATURE ESTIMATED BY DAILY MEASUREMENTS OF AIR TEMPERATURE

SUMMARY

M a t h e m a t i c a l e q u a t i o n s a r e proposed t o e s t i m a t e t h e daily n u m b e r of hours in w h i c h t h e air t e m p e r a t u r e r e m a i n s below a determined treshold value. T h e equations require only daily values of m a x i m u m , m i n i m u m a n d 9 p.m. local t i m e temperature, m e a s u r e d inside t h e meteorological shelter. This technique is suitable for machine c o m p u t a t i o n t h u s avoiding t h e t r e m e n d o u s task of quantifying a large n u m b e r of t h e r m o -g r a m s . This fact permits t h e utilization of a -greater n u m b e r of stations i n studies of crop zonation a n d c a r t o g r a p h y .

Good correlations were obtained between e s t i m a t e d a n d observed d a t a of t h e daily a n d m o n t h l y total n u m b e r of h o u r s below 7°C, 13°C a n d 17°C, for five stations i n t h e S t a t e of São Paulo, Brazil, showing relative accuracy of t h e proposed equations.

LITERATURA CITADA

1. CHANDLER, W. H.; KIMBALL, M. H.; T U F T , G. L. P . & WELDON, P . Chilling requirements for opening of buds on deciduous o r c h a r d trees a n d some p l a n t s i n California. Berkeley, Calif. Agric. Exp. Sta., 1937. 63p. (Bulletin, 611)

2 . COWART, P . P . & SAVAGE, E. F . I m p o r t a n t factors affecting peache a n d tree longevity in Georgia. Proc. Am. Soc. h o r t . Sci., 39:173, 1941.

3 . DAMARIO, E. A. C a r t a e s t i m a d a de horas de frio de la Republica Argentina. R. F a c . Agron. Vet. B . Aires, 17(2):25-38, 1969.

4. F E R R E I R A , A. A. E s t u d o da viabilidade técnico-econômica da fruticultura de clima t e m p e r a d o no Estado de Minas Gerais. Viçosa, Universidade Federal, 1975. 128p.

(Tese de Mestrado)

5. LEDESMA, N. R. Consecuencias del frio invernal insuficiente en los arboles de follaje caduco. R. F a c . Agron. La Plata, 27:181-196, 1950.

6. M A R K U S , R. U m estudo estatístico dos invernos de Porto Alegre e m relação às exigências de frio das frutíferas de clima t e m p e r a d o . R. Agronômica, Porto Alegre, 16(187):231-248, 1952.

7. MOTA, F. S. Os invernos de Pelotas (RS) em relação à s exigências das árvores frutíferas de folha caduca. Pelotas, Inst. Agron. Sul, 1957. 31p. (Boletim t é c -nico, 18)

(10)

9. PASCALE, A. J. & ASPIAZÚ, C. Régimen de horas de frio durante el invierno en Buenos Aires. R. Fac. Agron. Vet. Univ. B. Aires, 16(2):63, 1965.

10. PEDRO JR., M. J.; ORTOLANI, A. A.; RIGITANO, O.; ALPONSI, R. R.; PINTO, H. S. & BRUNINI, O. Estimativa de horas de frio abaixo de 7 e 13°C para regionalização da fruticultura de clima temperado no Estado de São Paulo. Bra¬ gantia, Campinas, 38:123-130, 1979.

Referências

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