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Ensino de enfermagem médico-cirúrgica: uma abordagem por alterações fisiológicas.

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Academic year: 2017

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A R T I G O D E ATUA L I ZA ÇÃO

E NS I NO D E E N F E RMA G E M M E D I CO-C I R Ú R G I CA : UMA ABO R DAGEM POR . ALTE RAÇÕES F I SI O LÓG I CAS

Maria S u m i e Koizumi

1

Ana Maria Kazue M iyadah i ra2

M i a ko K i m u ra2

Vera Lucia Conceição de Gouvea Santos3

KOI ZUMI, M . S. et alii. Ensino de enfermagem médico-ci­ rún�ica: uma abordagem por alterações fisiológicas. Rev. Bras. En., Brasília, 38(3/4) : 355-35 8, jul./dez. 1 985 .

R ESUMO. O traba lho trata da metodologia em pregada pel a d i sciplina de enfermagem mé­ d ico-cirúrgica da Esco l a de E nfermagem da U n iversidade de São Pau lo no desenvolvi men­ to de seu conteúdo programático. Justifica a abordagem teórico-prática por categori as de alterações fisiológicas. A seguir, conce itua prob lemas de enfermagem e a sua uti l ização co­ mo base da assistência global prestada ao i n div íduo. F i n a l mente, discorre sobre as várias a lterações englobadas n o conteúdo programático e tece considerações f i nais sobre a etapa em que se encontra o e m prego desta metodologia a l ém de algumas recomendações espec í­ ficas para a sua i m plementação.

ABSTRACT. This study approaches the method ol ogy used i n med ical-su rgical n u rsing d i scipl i ne, E E USP, to teach the p rogramatic contents. The auth ors justify the theorical­ practical approach for phy siologia changes categories. After, they present the concept of nursing p roblems and theirs use to base the gl obal n u rs i ng care. F i na l l y they approach var­ ious changes i ncl uded i n the program atic contents, and p resent finais considerations about the stage of thi s methodol ogy and specific recomendations for its i mplementation . .

I NTRODUÇÃO

A partir do levantamento bibliográico reali­ zado em livros-textos de enfermagem médico-ci­ rúrgica publicados nos últimos dez anos, BELAND & PASSOS 1 , BRUNNER & SUDDARTH� , CMPBELL3 , DA VIDSON4 , FIELO & EDGEs , lNTZEL 7 , MASON9 , PHIPPS et alii I o , SHAFER et alii1 1 , SORENSEN & LUCKMANW

2

, verii­ cou-se que a grande maioria deles desenvolve o seu conteúdo baseado em patologias dos diferentes sis­ temas. Este fato leva a supor que o ensino de en­ fermagem médico-cirúrgica esteja, por conseguinte, vinculado a um conhecimento médico, em

detri-menta de um enfoque específico de enfermagem. Historicamente, o ensino e a prática da enfer­ magem mantêm-se vinculados à área de ciências biolóics , centrados na utilização do corpo de co­ nhecimentos médicos. Este fato é compreensível, uma vez que o enfermeiro e o médico integram, de forma constante, a equipe de saúde. Porém, a busca de um corpo de conhecimentos próprios de enfermagem deve ser uma preocupação básica dos proissionais desta área.

Na assistência â saúde, LEAVELL & CLAK8 preconizam três níveis de prevenção : primária, se­ cundária e terciária.

s

medidas de prevenção primária englobam a

1 Professor Assistente Doutor do Departamento de Enferagem Méd icocirúgica da Escola de

E

nfermagem da USP.

2

Professor Assistente do Departamen to de Enfermagem Médico.cirúrgica da Escola de Enfermagem da USP.

3

Auxiliar de Ensino do Departamento de Enfermagem Médicocirúgica da Escola de Enfermagem da USP.

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promoção da saúde e a proteção específica, abran­ gendo o período pré-patogênico . Já no período pa­ togênico empregam-se medidas que visam o diag­ nóstico precoce e tratamento mediato , a limita­ ção da incapacidade e a reabilitação , que corres­ pondem aos níveis de prevenção secundária e ter­ ciária. Entretanto , como a abordagem de enferma­ geÍn médico-cirúrgica está centrada em pacientes com afecções clínicas ou cirúrgicas, automatica­ mente a assistência, segundo níveis de prevenção, reci predominantemente no período patogênico,

ou seja , na prevenção secundária e terciária. Segundo BELAND1 , "o foco do sistema atual de atendimento de saúde está primariamente no atendimento de doenças, sendo que o eu estudo tem sido enfaticamente incentivado". No nosso meio, VIEIRA I 3 também airma que o ensino e a prática de enfermagem ainda estão voltados para a área hospitalar, com ênfase no cuidado ao indiví­ duo doente , atingindo qualldo possível a família, mas com pouca extensão à comunidade como um todo .

Na Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo , o Curso de Graduação é desenvolvido em oito semestres letivos e o aluno gradua-se após a conclusão do Tronco Proissional Comum. A Dis­ ciplina Enfermagem Médico-Cirúrgica I (EMC-l) lo­ caliza-se no 49 semestre letivo. O aluno, pa ra ma­ tricular-se nesta disciplina, deve ter sido aprovado nas disciplinas da parte pré-proissional (Anatomia, Fisiologia, Microbiologia, Bioquímica e Parasitolo­ gia) mais duas disciplinas do Tronco Proissional Comum (Introdução à Enfermagem e Fundamen­ tos de Enfermagem 1).

A Disciplina EMC-I tem por inalidade prepa­ rar o aluno para prestar assistência integral de en­ fermagem a pacientes adultos hospitalizados, se­ gundo graus de complexidade dos cuidados.

Assim ao inal desta disciplina o aluno deverá, mediante o uo de

metodologia cientfica,

e r

ca­

paz de :

• identiicar problemas bio-psico-sócioespi­ ri tuais de pacientes adultos hospitalizados, com afecções médico-cirúrgicas ;

• correlacionar os problemas identiicados com a isiopatologia e elaborar a respectiva pres­ criçãO de enfermagem ;

• correlacionar os problemas identiicados e os cuidados de enfermagem prescritos com a tera­ pêuica medicamentosa instituída;

• correlacionar os problemas identiicados e

3 5 6 - Rev. Bras. Enl . Brasília , 38( 3/4) , jul./dez. 1985

os cuidados de enfermagem com os exames para­ clínicos solicitados;

• planejar , execu tar e avaliar a assistência de

enfermagem integral ao paciente adulto hospitali­ zado em unidades médico-cirúrgicas ;

• identiicar e analisar a assistência de enfer­

magem em reabilitação.

O conteúdo programático da disciplina é de­ senvolvido em um semestre letivo, dispondo de uma carga horária de 480 horas. Há predominância de atividades teórico-práticas que incluem trabalho de campo (estágios hospitalares sob supervisão) e estudos dirigidos.

CR ENÇAS EM QUE SE BASEIA A ABO R DAGEM DO CONTEÚDO PROG RAMÁTICO

Con forme exposto anteriormente , no âmbito da enfermagem médico-cirúrgica, o obje tivo da as­ sistência é a pessoa que tem uma doença, seja ela anifestada ou em potencial.

Alguns pressupostos básicos fundamentam a opção de se abordar o ensino teórico-prático da disciplina EMC I da EEUSP, em termos de altera­ ções isiológicas, ao invés de diagnósticos médicos. Sem deixar de admiir que o enfoque por diag­ nósticos médicos possa ter a sua imEortância, consi­ dera-se que essa forma de apresentação pode levar o estudante à tendência de valorizar o estudo da patologia, em detrimento de uma aproximação dos verdadeiros propósitos da enfermagem.

Neste sentido, acredita-se que , independente­ men te da patologia do paciente , a assistência de enfermagem deve ser prestada aos problemas de enfermagem por ele manifestados, de forma siste­ matizada e individulizada.

Assim, ao buscar nos próprios pacientes a identificação de alterações isiológicas, que repre­ sentam parte dos problemas sobre os quais a enfer­ magem deverá intervir, o aluno terá a oportunida­ de de veriicar que estas alterações podem ser co­ muns a pacientes com afecções clínicas ou cirúrgi­ cas.

Neste processo, o aluno poderá detectar as in­ fluências e as inter-relações das diferentes altera­ ções, ao mesmo tempo em que estará considerando a manifestação da individualidade do paciente frente ao processo patológico .

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modiicações em seu meio interno e externo. Este fato leva à crença de que as condutas de enferma­ gem devem ser individualizadas para cada paciente e não para o problema de enfermagem, isolada­ mente.

PROBLEMAS DE E N F ERMAG EM - A BASE PARA O ENSINO DA ASSIST�NCI A DE E N F E RMAGEM

A assistência de enfermagem fundamenta-se na correta identiicação dos problemas de enfer­ magem. Tais problemas devem abranger as esfe­ ras física, psíquica e espiritual. Dentro da esfera física, consideram-se comu problemas de enfer­ magem aqueles que acarretam ou decorrem das alterações de uma dada função.

De acordo, com HORTA6 , problema de en­ fermagem "é a condição ou situação apresentada pelo paciente, famma ou comunidade, na qual a enfermeira presta através de sua assistência, seus cuidados proissionais."

Deve-se ressaltar portanto que, para que exis­ ta um problema de enfennagem , é necessário que haja a identiicação clara de dois componentes: uma condição ou situação presente e uma atuação especíica da enfermagem.

Assim, na esfera física, uma disfunção orgâni­ ca pode ser equivalente a m problema de enfer­

magem, pois se trata de uma condição apresentada pelo paciente, claramente detectada como um des­ vio do padrão de normalidade esperado num indi­ víduo sadio. Outrossim, não basta somente que es­ ta condição seja identiicada pela enfermagem , mas que ela, através de suas competências, intervenha na resolução de$le problema. É evidente que esta intervenção, dependendo da qualiicação do pro­ blema de enfermagem, poderá ser efetivada por meio de ações independentes, dependentes ou in­ terdependentes da enfermagem.

Com base nestes conceitos, inicialmente, fo­ ram istados os problemas de enfermagem que com maior freqüência são identificados no ensino ou n a prática d a enfermagem. A partir desta listagem, os problemas foram agrupados em categorias de alte­ rações de funções. Por sua vez, uma categoria de alteração pode ser decorrente de disfunção que a­ tinge um ou mais órgãos ou sistemas.

No momento , encontram-se estruturadas e em desenvolvimento, as seguintes categorias de altera­ ções :

• dos sinais vitais;

• da coloração do tegumento cutâneo-muco-so ;

• das eliminações;

• da movimentação e locomoção;

• da sensibilidade e

• do metabolismo.

Para cada categoria da alteração, conceituam­ -se os parâmetros de nonnalidade, os quais são ex­ plicitados isiologicamente ; listam-se as diferentes possibilidades de disfunção egundo quantidade, discutindo-as por meio de correlações isiopatoló­ gicas ou exempliicando-as com as patologias co­ mumente observadas ; e estabelece-se a assistência de enfennagem a ser prestada.

Para subsidiar a atuaçãO do estudante no tra­ balho de campo e para fornecer uma visão globali­ zada dos problemas de enfermagem, utiliza-se co­ mo estratégia de ensino uma apresentação inicial em sala de aula, concentrada num período de cer­ ca de uma semana (bloco teórico). O objetivo, nes­ ta fase , é transmitir ao aluno como a enfermagem atua a partir da identiicação dos problemas de en­ fermagem. A seguir, esta forma de abordagem é se­ dimentada no trabalho de cmpo, quando o aluno, ao assistir um indivíduo adulto hospitalizado, tem a oportunidade de aplicar seus conhecimentos e habilidades na identiicação e resolução destes pro­ blemas. É importante enfatizar que durante esta atividade ele é constantemente orientado para indi­ vidualizar o paciente, por meio da detecção dos problemas de enfermagem, os quais, nesta fase, en­ globam não apenas os da esfera física mas também , os da psíquica e espiritual.

CONSI DE RAÇÕES G E RAIS

Ó

processo de construção de uma nova abor­ dagem é lento e trabalhoso. Para sua realização é

preciso que o grupo esteja conscientizado quanto a sua necessidade , adequação e , principalmente , mo­ tivado para concl e tizá-l o .

É oportuno mencionar que essas premissas es­ tavam ausentes quando o grupo decidiu reformu­ lar o conteúdo programático da disciplina EMC-1.

O ensino por meio de uma abordagem por al­ terações fisiológicas foi iniciado em 1 982. Desde então, discussões amplas e avaliações sobre seu conteúdo vêm sendo efetuadas, no início e no tér­ mino de cada curso. Concomitantemente, tem-se estudado a necessidade ou a possibilidade de acres­ centar outras categorias de alterações. Desta

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ma, julgamos que tem sido possível aperfeiçoar tanto o conteúdo como a metodologia de ensino que vêm sendo utiizados.

KOlZUMI , M . S . et alii. Teaching of medical-surgical-an

approach of physiological changes. R ev. Bras. En. , Brasia, 38(3/4) ; 3 55-358, July/Dec. 1 985. .

R E F E R ÊNC IAS B I B L IOGRÁF ICAS

1. BELAND, I. L. & PASSOS , J. Y . Enfermagem clíni­ ca : aspectos fisiopatolóicos e psicossociais. São Paul?, EPU/EDUSP, 1 978-1 979. 3v.

2. BRUNNER, L. S. & S UDDARTH, D. S. Tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 4. ed . Rio de Ja­ neiro, Interamericana, 1 982, 1 5 84 p. il.

3. CAMPBELL, C. Nursing diagnosis and intervention in nursing practice. New York, Jonh Wiley, 1 97 8 . 1 928 p .

3 5 8 -Rev. Bras. En. , Brasília, 38(3/4),jul./dez. 1 985

4. DAVIDSON , S. V. et alii. Nursing care evolution : concu"en t and rerospective review citera.

Saint Louis, Mosby , 1977 . 420p.

5. FIELO, S. B . & EDGE, S. C. Technial nursing of the adu/t: medicaI, surical and psychatric approaches. New York, Macmillan , 1 974. 698 r · 6. HORTA, W. A. rocesso de enfermagem. São Paulo,­

EPU/EDUSP, 1 979. 99 p.

7. KINTZEL, K. C. Advanced conceptsin clinicai

nursing. 2. ed. Philadelphia, Lippincott, 1977. 7 84 p.

8 . LEAVELL, H. R. & CLARK, E. G . Medicina preven­

tiva. São Paulo, Mc Graw-Hill do Brasil, 1 977, p. 1 1 -36 .

9. MASON , M. A. Enfermagem médico-cirúrica. 3. ed. Rio de Janero, Intcramericana, 1 976. 5 08 p. il. 1 0. PHIPPS, W. J. et alii. MedicaI surgical nursing: concepts and clinicai practice. St. Louis, Mosby,

1 979. 163 p.

1 1 . SHAFER , K. N . et alii. MedicaI surgical nursing. St.

Louis, Mosby, 1 975. 1 032 p.

12. SORENSEN , K. C . & Luckmann, J . Medical sugial nursing: a pychophysiologic approach. Philadel­

phia, Saunders, 1974, 634 p.

Referências

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