w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
Original
Importância
do
estudo
radiológico
por
meio
de
tomografia
computadorizada
no
manejo
das
fraturas
do
platô
tibial
夽
Clécio
de
Lima
Lopes
a,∗,
Carlos
Antônio
da
Rocha
Cândido
Filho
b,
Thiago
Almeida
de
Lima
e
Silva
c,
Marcelo
Carvalho
Krause
Gonc¸alves
a,
Ricardo
Lyra
de
Oliveira
ce
Paulo
Rogério
Gomes
de
Lima
caInstitutodeTraumatologiaeOrtopediaRomeuKrause,Recife,PE,Brasil
bCentrodeTratamentodoJoelho,Recife,PE,Brasil
cHospitalOtáviodeFreitas,Recife,PE,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem30denovembro de2013
Aceitoem6dejaneirode2014
On-lineem28dejulhode2014
Palavras-chave:
Fraturasdatíbia/classificac¸ão Fraturasdatíbia/radiografia Tomografiacomputadorizada Procedimentoscirúrgicos operatórios
r
e
s
u
m
o
Objetivos:Avaliaraconcordânciaentreespecialistasemcirurgiadejoelhocomrelac¸ãoà classificac¸ãoeàtécnicacirúrgicaindicadanasfraturasdoplatôtibialcomousodas radio-grafiasconvencionaisedatomografiacomputadorizada.
Métodos:Foramselecionados44pacientescomfraturasdeplatôtibialcomsuasimagens radiográficasetomográficas,asquaisforamavaliadasporespecialistasemdois momen-tosdistintos,comintervalodesetedias.Noprimeiromomentoosespecialistastiveram acesso apenasàsradiografiase nosegundoàsradiografiase àsimagensdetomografia computadorizada.Aconcordânciafoiavaliadapormeiodocoeficientekappa.
Resultados: Aconfiabilidadeinterobservadorparaaclassificac¸ãodeSchatzkernoprimeiro momentofoi0,36enosegundo0,35,consideradasdebaixareprodutibilidade.Naavaliac¸ão dareprodutibilidadeintraobservadordessaclassificac¸ão,amédiadoíndicefoide0,42, classificadacomomoderada.Aavaliac¸ãodaescolhadoacessocirúrgicoteveuma confiabi-lidadeinterobservadorde0,55numprimeiromomentoe0,50nosegundo,consideradas de reprodutibilidademoderada.Quandoavaliadooimplanteescolhido,a confiabilidade interobservadorfoide0,01noprimeiromomentoe-0,06nosegundo,consideradasruim ediscordante.Naavaliac¸ãodaclassificac¸ãodastrêscolunas,areprodutibilidade interob-servadorfoide0,47(p<0,0001),classificadacomoconcordânciamoderada.
Conclusão:Ousodatomografiacomputadorizadanãoapresentoumelhoriana concordân-ciainterobservadornaclassificac¸ãodeSchatzker,bemcomonãopromoveumudanc¸ano planejamentopré-operatório.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Todososdireitosreservados.
夽
TrabalhodesenvolvidonoServic¸odeOrtopediaeTraumatologia,HospitalOtáviodeFreitas,Recife,PE,Brasil. ∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:cleciolimopes@yahoo.com.br(C.deLimaLopes).
http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2014.01.022
totheradiographs,whileonthesecondoccasiontheyhadaccesstobothradiographsand computedtomographyimages.Theirconcordancewasevaluatedbymeansofthekappa coefficient.
Results:TheinterobserverreliabilityoftheSchatzkerclassificationonthefirstoccasionwas 0.36andonthesecondoccasion,0.35.Thiswasconsideredtopresentlowreproducibility. Inevaluatingtheintra-observerreproducibilityofthisclassification,themeankappaindex was0.42,whichwasclassifiedasmoderate.Fromevaluatingthechoiceofsurgicalaccess, theinter-observerreliabilitywas0.55onthefirstoccasionand0.50onthesecond,whichwas consideredtopresentmoderatereproducibility.Evaluationontheimplantchosenshowed thattheinterobserverreliabilitywas0.01onthefirstoccasionand-0.06onthesecond, whichwasconsideredtobepooranddiscordant.Inevaluatingtheclassificationofthe threecolumns,theinter-observerreproducibilitywas0.47(p<0.0001),whichwasclassified asmoderateconcordance.
Conclusion: Useofcomputedtomographydidnotpresentanyimprovementinthe inter--observerconcordance,usingtheSchatzkerclassification,anddidnotproduceanychange inthepreoperativeplanning.
©2014SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.Allrightsreserved.
Introduc¸ão
Asfraturas do platôtibial apresentam risco para afunc¸ão dojoelho,poissãofraturasarticularesdoterc¸oproximalda tíbia,ondeocorretransmissãodecarga.Sãodecorrentesde forc¸ascompressivasaxiais,combinadasounãocomestresse emvaroouvalgodaarticulac¸ãodojoelho.1Asfraturasdoplatô
tibialrespondemporcercade1,3%detodasasfraturasesão maiscomunsempacientesdosexomasculino.Essetipode lesãoacometeprincipalmentepacientesjovensoude meia--idadesubmetidosatraumadealtaenergiaeidososexpostos atraumadebaixaenergia.2Otratamentodessasfraturasvisa
àobtenc¸ão da reduc¸ão anatômicada superfíciearticular e deumaosteossínteseestávelparapermitirumamobilizac¸ão precoce,paraprevenircomplicac¸õescomorigidezarticulare artrosepós-traumática.3
Nessasfraturas o planejamentopré-operatório é funda-mental.Ahistóriaclínica,omecanismodetrauma,aidade eascomorbidadesassociadasinfluenciamnadecisãodo tra-tamento.Noexamefísico devem-seavaliaro envoltóriode partesmoles,afunc¸ãoneurovasculareoutraslesões associa-das,paraqueaintervenc¸ãosejaadequada.4
A avaliac¸ão radiográfica dessas fraturas envolve quatro incidências:anteroposterior,perfil,oblíquainternaeoblíqua externa (fig. 1). A tomografia computadorizada (TAC) é de grandevalorparadeterminaralocalizac¸ãoeamagnitudeda depressãoarticular.1
Omanejodessasfraturasconsistenousodesistemasde classificac¸ão abrangentes, de fácil reprodutibilidade e com valorprognóstico,oquetornamaiscompreensíveladefinic¸ão datáticaedoacessocirúrgicos.
Nas fraturas doplatô tibial, umaclassificac¸ão rotineira-menteusadanapráticaclínicaéacriadaporSchatzker(fig.2). Outraclassificac¸ão,recentementeintroduzidaporLuoetal.,5
ébaseadanosistemadetrês colunasqueusaaincidência tomográficaaxial(fig.3).Oplatôtibialédivididoemtrêsáreas, definidascomo colunaslateral,medialeposterior,quesão separadasportrêslinhas,denominadasOA,OCeOD.Oponto Oéocentrodojoelho(pontomédioentreasduasespinhas tibiais);opontoArepresentaatuberosidadeanteriordatíbia; opontoDéaarestaposteromedialdatíbiaproximal;eoponto
Céopontomaisanteriordacabec¸adafíbula.OpontoBéo sulcoposteriordoplatôtibial,quedivideacolunaposterior emduaspartes,amedialealateral(fig.1).Alémdaincidência axial,aacuráciadaclassificac¸ãofoiobtidacomoauxílioda incidênciaemAPedareconstruc¸ãoem3D.
Figura1–Incidênciasradiográficasparadiagnósticodefraturadoplatôtibial.(A)anteroposterior;(B)perfil;(C)oblíqua interna;(D)oblíquaexterna.1
édefinidacomo duas colunas(colunas lateral eposterior). Depressãoarticularnacolunaposteriorcomumafraturada corticalposteriorétambémdefinidacomofraturaumacoluna (colunaposterior),nãoincluídanaclassificac¸ãodeSchatzker.
Schatzker
Tipo I Fratura com cisalhamento Lateral
Tipo II Cisalhamento + depressão articular lateral
Tipo III Depressão articular pura
Tipo IV Fratura do platô medial
Tipo V Fratura bicondilar
Tipo VI Fratura bicondilar com extensão metafisária
Figura2–Classificac¸ãodeSchatzker.1
Aoutratípicafraturaduascolunaséaanteromedialcomum fragmentoposteromedialisolado(fraturadascolunas poste-rioremedial),quetradicionalmentepertenceaotipoIVde Schatzker(fraturacondilarmedial).Afraturatrêscolunasé definidaporpelomenosumfragmentoarticularindependente emcadacoluna.Afraturatrêscolunasmaiscomuméa tradi-cionalbicondilar(SchatzkertiposVeVI),combinadacomum fragmentoarticularposterolateralisolado.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a importância da TAC no manejo das fraturas do platôtibial e comparar as classificac¸ões, a abordagem cirúrgica e o tipo de implante usado.
Material
e
método
Foram selecionados, de forma não probabilística e conse-cutiva, 44 pacientes portadores de fraturas de platô tibial
Coluna medial Coluna lateral
A
O
C
B D
Coluna Posterior
emtraumanoestado.Tiveramseusexamesradiológicos(TAC eradiografiassimples)analisadospor10ortopedistas mem-bros da Sociedade Brasileira de Ortopedia eTraumatologia comexperiênciaemcirurgiadojoelho,sobmascaramentoe independênciaentreosespecialistas.
Osequipamentosusadosparaconfecc¸ãodosexames com-plementaresdoscasosforamaparelhoVMISiemenscompacto plus500eprocessadoraVisionLineLX2paraasradiografias simplesetomógrafomultislice16canaisGEparaas tomogra-fias.
Asimagensforamobtidasporcâmeracomresoluc¸ãode 5.0megapixels (SmartphoneiPhone 4), copiadasem mídia digital (formato.jpg) e exibidas a cada observador isolada-menteporapresentac¸ão emPowerPoint Office2007emum tablet(iPad2)comimagensemaltaresoluc¸ão(1.024×768).
Todososespecialistastiveramacessoàsmesmasimagens, sem a identificac¸ão dos pacientes, as quais foram avalia-das emduas etapas:tempo1etempo2, comintervalode sete dias entre as avaliac¸ões. Notempo 1, foram exibidas asimagensradiográficasnasincidênciasemanteroposterior, perfil, oblíquainterna e oblíqua externa dojoelho acome-tido. Os especialistas responderam questionário quanto à classificac¸ão Schatzker e à escolha da via de acesso e do implanteaserusado(tabela1).Emumsegundomomento, tempo2,forammostradas,alémdasradiografias,as tomogra-fiasefoirepetidooquestionárioacrescidodaclassificac¸ãodas colunas.Notempo2,asimagenstiveramsuaordemalterada. Todososdadosforamregistradosemfichas/questionários pre-viamentedistribuídos.
Antesde cada apresentac¸ão foi feita umabreve revisão da classificac¸ão de Schatzker e introduzido o conceito da classificac¸ãodetrêscolunas(figs.2e3).
Também foi entregue a todos os especialistas uma ilustrac¸ãolegendada comos doistipos declassificac¸ão em questão.
Análiseestatística
Osdadoscoletadosforamprocessadosemumbancodedados criadocomousodosoftwareSPSS19.0forWindows,noqual foramincluídasasvariáveisuniversaiseasanalisadas.Após essaetapaosdadosforamanalisadoscomousodocoeficiente .
O coeficiente avalia a concordância entre observado-respormeio deanálisepareada,quecomparaaproporc¸ão de concordância entre os observadores e leva em conta a percentagemde concordânciaporcausadoacaso. Osseus valoresvariamde-1(discordânciaabsoluta)a+1 (concordân-ciaperfeita).5–7
–0,5
Raio-X Raio-X e tomografia Schatzker
Coeficiente de concord
Figura4–Boxplotdareprodutibilidadeinterobservadorda classificac¸ãodeSchatzkeremrelac¸ãoaosdoismomentos deavaliac¸ão.
OprojetofoiaprovadopelaComissãodeÉticaemPesquisa doservic¸o,de acordocom aResoluc¸ão196/96doConselho NacionaldeSaúde(DiretrizeseNormasRegulamentadorasde PesquisaEnvolvendoSeresHumanos).Oestudofoiinformado paracadapacienteesolicitadoaeleumtermode consenti-mentolivreeesclarecido(TCLE),queeraassinadopelopróprio pacienteouparentepróximo,casofosseconsideradoincapaz defazê-lo.
Resultados
Durante operíododoestudoforam incluídos44pacientes, 28(64,0%)dosexomasculinoe16(36,0%)dofeminino.Amédia dasidadesfoide45,6±16,7anos,commínimode21emáximo de77.Noentanto,comoexisteumagrandevariac¸ãodas ida-des,observamosumamodanaquintadécadadevida.
No primeiro momento da avaliac¸ão, a confiabilidade interobservadordaclassificac¸ãodeSchatzkerfoide0,36, clas-sificada como baixa. Para avaliac¸ão da escolha do acesso cirúrgico, a confiabilidade interobservador foi de0,55,uma reprodutibilidade moderada. Quando avaliada a opc¸ão de implantesaseremusados,aconfiabilidade interobservador foide0,01,classificadacomoruim(tabela2).
Nosegundomomentodaavaliac¸ão,aconfiabilidade inte-robservadorcom relac¸ãoàclassificac¸ãodeSchatzkerfoide 0,35,classificadacomobaixa.Paraavaliac¸ãodaviadeacesso, aconfiabilidadeinterobservadorfoide0,50,uma reprodutibi-lidademoderada.Quandoavaliadaaescolhadoimplante,a confiabilidadeinterobservadorfoide-0,06,classificadacomo discordância(tabela3).
Tabela2–Índicekappainterobservadornoprimeiromomentoemrelac¸ãoàclassificac¸ãodeSchatzker,viadeacesso eimplante
Schatzker Acesso Implante
kappa(p-valor) kappa(p-valor) kappa(p-valor)
Observadores 0,36(<0,0001)a 0,55(<0,0001)a 0,01(0,676)
Observador1×Observador2 0,47(0,004)a 0,64(0,011)a –0,08(0,742)
Observador1×Observador3 0,39(0,008)a 0,84(<0,0001)a –0,10(0,679)
Observador1×Observador4 0,75(<0,0001)a 0,68(0,006)a –0,01(0,740)
Observador1×Observador5 0,54(<0,0001)a 0,52(0,015)a –0,10(0,511)
Observador1×Observador6 0,19(0,029)a 0,69(0,002)a 0,12(0,434)
Observador1×Observador7 0,16(0,123) 0,41(0,056) –0,13 (0,300)
Observador1×Observador8 0,11(0,378) 0,35(0,149) –0,02 (0,914)
Observador1×Observador9 0,36(0,031)a 0,64(0,010)a –0,19(0,193)
Observador1×Observador10 0,64(<0,0001)a 0,83(0,002)a 0,24(0,127)
Observador2×Observador3 0,59(0,001)a 0,50(0,033)a 0,50(0,033)a
Observador2×Observador4 0,36(0,027)a 0,64(0,010)a 0,00(1,000)
Observador2×Observador5 0,50(0,003)a 0,44(0,041)a –0,16(0,214)
Observador2×Observador6 0,37(<0,0001)a 0,66(0,003)a –0,19(0,125)
Observador2×Observador7 0,27(0,005)a 0,28(0,143) –0,02(0,898)
Observador2×Observador8 0,31(0,0255)a 0,64(0,010)a –0,12(0,338)
Observador2×Observador9 0,73(<0,0001)a 0,54(0,072) –0,12(0,338)
Observador2×Observador10 0,60(<0,0001)a 0,79(0,007)a 0,35(0,019)a
Observador3×Observador4 0,38(0,015)a 0,69(0,004)a –0,01(0,740)
Observador3×Observador5 0,50(0,003)a 0,55(0,006)a 0,15(0,251)
Observador3×Observador6 0,26(0,004)a 0,70(0,001)a 0,06(0,658)
Observador3×Observador7 0,32(0,012)a 0,37(0,104) 0,09(0,404)
Observador3×Observador8 0,03(0,822) 0,37(0,124) –0,04(0,740)
Observador3×Observador9 0,48(0,008)a 0,50(0,033)a 0,11(0,376)
Observador3×Observador10 0,47(0,011)a 0,67(0,009)a 0,23(0,154)
Observador4×Observador5 0,53(<0,0001)a 0,52(0,015)a 0,07(0,087)
Observador4×Observador6 0,16(0,091) 0,69(0,002)a 0,06(0,165)
Observador4×Observador7 0,04(0,731) 0,55(0,009)a 0,12(0,026)a
Observador4×Observador8 0,21(0,128) 0,68(0,006)a 0,08(0,026)a
Observador4×Observador9 0,25(0,134) 0,64(0,010)a –0,02(0,621)
Observador4×Observador10 0,40(0,011)a 0,83(0,002)a 0,05(0,428)
Observador5×Observador6 0,54(<0,0001)a 0,84(<0,0001)a 0,38(0,201)
Observador5×Observador7 0,35(0,003)a 0,35(0,035)a 0,29(0,091)
Observador5×Observador8 0,29(0,056) 0,52(0,015)a 0,74(0,011)a
Observador5×Observador9 0,40(0,007)a 0,44(0,041)a 0,23(0,425)
Observador5×Observador10 0,88(<0,0001)a 0,31(0,145) –0,13(0,072)
Observador6×Observador7 0,28(0,002)a 0,45(0,017)a 0,19(0,258)
Observador6×Observador8 0,31(0,022)a 0,69(0,002)a 0,12(0,658)
Observador6×Observador9 0,30(<0,0001)a 0,31(0,154) 0,12(0,658)
Observador6×Observador10 0,46(<0,0001)a 0,51(0,025)a –0,10(0,201)
Observador7×Observador8 0,09(0,493) 0,55(0,009)a 0,21(0,193)
Observador7×Observador9 0,25(0,023)b 0,28(0,143) 0,02(0,914)
Observador7×Observador10 0,45(<0,0001)a 0,39(0,071) –0,20(0,125)
Observador8×Observador9 0,21(0,081) 0,28(0,264) –0,22(0,461)
Observador8×Observador10 0,17(0,247) 0,48(0,068) –0,05(0,425)
Observador9×Observador10 0,49(0,003)a 0,79(0,007)a –0,17(0,011)a
a Estatisticamentesignificante.
Amédiadas concordânciasdeinterobservadorno pri-meiro momento na escolha do implante foi de 0,05(ruim) enosegundo momento de–0,03 (discordância). Não existe diferenc¸aemmédianaescolhadoimplanteemrelac¸ãoaos momentosdeavaliac¸ãop=0,055(fig.5).
Atabela4eafigura6mostramograude concordância
intraobservadornosdoismomentosdaavaliac¸ãoemrelac¸ãoà classificac¸ãodeSchatzker,àviadeacessoeaoimplanteusado. Naavaliac¸ãodaclassificac¸ãodastrêscolunasa reprodu-tibilidadeinterobservadorfoide0,47(p<0,0001),classificada comomoderada(tabela5efig.7).
AmédiadasconcordânciasdeSchatzkeréde0,36(baixa) eadetrêscolunasfoide0,48(moderada).Amédiadas con-cordânciasdeémaiornaclassificac¸ãodastrêscolunasem relac¸ão à classificac¸ão de Schatzker no segundo momento (p=0,003)(fig.8).
Discussão
Observador1×Observador8 0,32(0,014)a 0,49(0,058) 0,00(1,000)
Observador1×Observador9 0,49(<0,0001)a 0,49(0,058) –0,14(0,462)
Observador1×Observador10 0,22(0,192) 0,61(0,044)a –0,21(0,132)
Observador2×Observador3 0,40(0,004)a 0,21(0,477) –0,24(0,111)
Observador2×Observador4 0,48(0,006)a 0,49(0,058) –0,01(0,740)
Observador2×Observador5 0,71(<0,0001)a 0,50(0,049)a 0,00(0,740)
Observador2×Observador6 0,19(0,017)a 0,53(0,019)a 0,02(0,621)
Observador2×Observador7 0,27(0,046)a 0,38(0,201) 0,05(0,251)
Observador2×Observador8 0,43(<0,0001)a 0,49(0,058) 0,00(1,000)
Observador2×Observador9 0,61(<0,0001)a 0,49(0,058) –0,18(0,120)
Observador2×Observador10 0,60(0,001)a 0,61(0,044)a 0,58(0,002)a
Observador3×Observador4 0,42(0,003)a 0,49(0,058) –0,04(0,338)
Observador3×Observador5 0,52(<0,00001)a 0,50(0,049)a –0,08(0,251)
Observador3×Observador6 0,27(0,016)a 0,37(0,099) –0,01(0,887)
Observador3×Observador7 0,38(0,011)a 0,38(0,201) –0,03(0,740)
Observador3×Observador8 0,44(0,001)a 0,49(0,058) 0,00(1,000)
Observador3×Observador9 0,66(<0,0001)a 0,49(0,058) 0,43(0,033)a
Observador3×Observador10 0,52(<0,0001)a 0,21(0,477) –0,15(0,266)
Observador4×Observador5 0,49(0,005)a 0,67(0,008)a 0,09(0,064)
Observador4×Observador6 0,26(0,022)a 0,55(0,011)a –0,12(0,073)
Observador4×Observador7 0,28(0,043)a 0,35(0,125) –0,13(0,441)
Observador4×Observador8 0,32(0,019)a 1,00(<0,0001)a 0,00(1,000)
Observador4×Observador9 0,29(0,057) 1,00(<0,0001)a 0,13(0,137)
Observador4×Observador10 0,50(0,003)a 0,49(0,058) –0,06(0,402)
Observador5×Observador6 0,27(0,005)a 0,41(0,074) –0,14(0,621)
Observador5×Observador7 0,36(0,009)a 0,33(0,156) –0,08(0,251)
Observador5×Observador8 0,29(0,049)a 0,67(0,008)a 0,00(1,000)
Observador5×Observador9 0,63(<0,0001)a 0,67(0,008)a –0,08(0,165)
Observador5×Observador10 0,59(0,002)a 0,67(0,008)a 0,01(0,740)
Observador6×Observador7 0,39(<0,0001)a 0,20(0,338) 0,13(0,154)
Observador6×Observador8 0,09(0,480)a 0,55(0,011)a 0,00(1,000)
Observador6×Observador9 0,27(0,015)a 0,55(0,011)a –0,17(0,038)a
Observador6×Observador10 0,36(0,001)a 0,53(0,019)a 0,02(0,621)
Observador7×Observador8 0,10(0,371) 0,35(0,125) 0,00(1,000)
Observador7×Observador9 0,31(0,020)a 0,35(0,125) –0,24(0,106)
Observador7×Observador10 0,37(0,006)a –0,04(0,898) 0,15(0,087)
Observador8×Observador9 0,33(0,015)a 1,00(<0,0001)a 0,00(1,000)
Observador8×Observador10 0,40(0,013)a 0,49(0,058) 0,00(1,000)
Observador9×Observador10 0,28(0,077) 0,49(0,058) –0,18(0,183)
a Estatisticamentesignificante.
Oatendimentodo SistemaÚnicode Saúdeabrange um grandepercentualdenossapopulac¸ão.Examesdealta com-plexidade,comoaTACearessonânciamagnética,nãoestão disponíveisdeformarotineiraemalgunsservic¸os.Oaltocusto associadoàdificuldadedeacessovalorizaafeituradeestudos queenvolvamousodessesexames.
Areprodutibilidadeintraeinterobservadorécritério fun-damentalparaqueumaclassificac¸ãosejaamplamenteaceita epermitaquesériessejamcomparadas.Somadoaisso,deve orientartratamentoedeterminarprognóstico.1,8
Nos resultados de nossa pesquisa, a classificac¸ão de Schatzkerapresentou umbaixoíndicedereprodutibilidade geralinterobservador,tantonoprimeirotempo,quandoforam analisadasapenasasradiografias,quantonosegundo,quando foramanalisadas asradiografiaseastomografias computa-dorizadas.Naavaliac¸ãodareprodutibilidadeintraobservador oresultadoencontradofoiumamédiadeconcordância mode-rada.
Charalambous etal.,9 emestudoqueenvolveu50 casos
Tabela4–Índicekappaintraobservadornosdoismomentosemrelac¸ãoàclassificac¸ãodeSchatzker,viadeacesso eimplante
Schatzker Acesso Implante
Momento1×Momento2 kappa(p-valor) kappa(p-valor) kappa(p-valor)
Observador1 0,35(0,044)a 0,36(0,128) 0,36(0,128)
Observador2 0,85(<0,0001)a 0,35(0,125) –0,04(0,707)
Observador3 0,39(0,012)a 0,50(0,049)a 0,67(0,011)a
Observador4 0,28(0,075) 0,83(0,002)a 0,15(0,464)
Observador5 0,49(0,005)a 0,26(0,202) –0,16(0,521)
Observador6 0,28(0,043)a 0,44(0,037)a 0,12(0,658)
Observador7 0,28(0,071) 0,02(0,944) 0,11(0,573)
Observador8 0,31(0,037)a 0,48(0,067) 0,00(1,000)
Observador9 0,38(0,017)a 0,79(0,007)a –0,04(0,658)
Observador10 0,62(<0,0001)a 0,49(0,058) –0,10(0,512)
a Estatisticamentesignificante.
deSchatzkerapresentaumavariac¸ãoelevadanasua repro-dutibilidadeintra e interobservador. Concluíram que esses resultados devem ser consideradospara que os cirurgiões usemessaclassificac¸ãoparaguiartratamentoedeterminar prognóstico.
Waltonetal.,10aocomparar aclassificac¸ãodeSchatzker
comadoGrupoAO,concluíramqueaAOfoimaisreprodutível. Observaramaindaqueasduasclassificac¸õesforam original-mentebaseadasemestudosradiográficos,fatorquepoderia interferirnosresultados denossapesquisa, jáqueusamos tambémimagensdeTAC.
SegundoBrunneretal.,11aclassificac¸ãodeSchatzker
apre-sentou uma boa reprodutibilidade intra e interobservador quandofeitacomoauxíliodaTAC.
Raffiietal.12demonstraramqueaTACapresenta
superio-ridadeemrelac¸ãoàradiografiaconvencionalnomanejodas fraturasdeplatôtibialeéummétodoconfiávelparaavaliac¸ão eclassificac¸ãodessasfraturas.
Os trabalhos encontrados na literatura acerca da con-cordâncianareprodutibilidadedaclassificac¸ãodeSchatzker ainda apresentam resultados bastante divergentes, mas, como observado em nossa pesquisa, a maioria caracte-riza essa classificac¸ão como de reprodutibilidade fraca a moderada.9,13–15
Em alguns trabalhos a TAC não alterou a reprodutibili-dadedaclassificac¸ãodeSchatzkeremrelac¸ãoàsradiografias convencionais,14 como demonstraram os nossos
resulta-dos. Emoutros,esse exame torna-seimportante paraessa avaliac¸ão.11,12
Martijn et al.13 avaliaram oimpacto da TAC comparada
comasradiografiasplanas,sobreconcordânciaintere intra-observadornoplanejamentooperatórioenaclassificac¸ãode Schatzkerparafraturasdeplatôtibial.Concluíramqueouso da TAC em adic¸ão às radiografias planas não melhorou a reprodutibilidadeintraeinterobservadordaclassificac¸ãode Schatzkerequesuaaplicac¸ãorotineiraéquestionável.
EmcontrastecomWickyetal.16eMarkhardtetal.,17cujos
trabalhosafirmaramqueaTACdemonstroudeformamais acurada as fraturas doplatô tibial epermitiu um planeja-mentopré-operatóriomaispreciso,nopresentetrabalhonão houvealterac¸ãoestatisticamentesignificantecomrelac¸ãoao planejamentooperatórioapósavisualizac¸ãodatomografia.
Luoetal.5propuseramousodaclassificac¸ãoemtrês
colu-nasparafraturasdoplatôtibial,queenglobapadrõesdelesão difíceisde seremclassificadoscomosmétodosatualmente usados. Fraturas com fragmento posterior não são previs-tas naclassificac¸ão deSchatzker, oquepodedificultar seu diagnóstico eplanejamentooperatório.Quando analisamos
Tabela5–Reprodutibilidadeinterobservadoremrelac¸ãoàclassificac¸ãodastrêscolunas
Observadores kappa(p-valor) Observadores kappa(p-valor) Observadores kappa(p-valor)
1×2 0,29(0,118) 2×9 0,52(0,022)a 5×6 0,32(0,131)
1×3 0,21(0,249) 2×10 0,53(0,011)a 5×7 1,00(<0,0001)a
1×4 0,58(0,003)a 3×4 0,55(0,011)a 5×8 0,57(0,023)a
1×5 0,26(0,145) 3×5 0,53(0,009)a 5×9 0,66(0,002)a
1×6 0,17(0,394) 3×6 0,41(0,064) 5×10 0,67(0,001)a
1×7 0,26(0,145) 3×7 0,53(0,009)a 6×7 0,32(0,131)
1×8 0,12(0,460) 3×8 0,17(0,478) 6×8 0,31(0,154)
1×9 0,58(0,003)a 3×9 0,55(0,011)a 6×9 0,39(0,079)
1×10 0,44(0,028)a 3×10 0,30(0,129) 6×10 0,40(0,064)
2×3 0,37(0,104) 4×5 0,66(0,002)a 7×8 0,57(0,023)a
2×4 0,52(0,022)a 4×6 0,39(0,079) 7×9 0,66(0,001)a
2×5 0,43(0,064) 4×7 0,66(0,002)a 7×10 0,67(0,001)a
2×6 0,84(<0,0001)a 4×8 0,31(0,154) 8×9 0,31(0,154)
2×7 0,43(0,064) 4×9 1,00(<0,0001)a 8×10 0,34(0,066)
2×8 0,41(0,108) 4×10 0,70(0,001)a 9×10 0,70(0,001)a
p-valor = 5,055 –0,5
Raio-X Raio-X e tomografia Implante
Coeficiente de concord
Figura5–Boxplotdaconcordânciadekappa
interobservadordaescolhadoimplante.
nossoestudo,verificamosqueexisteumaconcordância inte-robservadormoderadanaclassificac¸ãodastrêscolunaseessa classificac¸ãopodeserumaopc¸ãoútilnomanejodasfraturas doplatôtibial.
Porcausadaindisponibilidadeemalgunsservic¸os,doalto custo desse exame e da elevada exposic¸ão à radiac¸ão, há necessidadedenovosestudosparaesclarecerorealvalorda TACnaclassificac¸ãoenomanejodasfraturasdeplatôtibial.
Estudoscomumaamostramaioreumaabordagemmais amplaprecisamserdesenvolvidosparaquepossamosjulgar demaneiramaissignificativaousorotineirodaTACeosatuais sistemasdeclassificac¸ãoparaomanejodasfraturasdoplatô tibial.
Observadores
2 4 6 8 10
–1,0 –0,5 –0,0 –0,5 –1,0
Coeficiente de concord
â
ncia
Schatzker Conduta de acesso Conduta de Implante
Figura6–Coeficientedeconcordânciaintraobservador emrelac¸ãoàclassificac¸ãoSchatzkereàescolhadavia deacessoedoimplante.
–0,5
1,0
10 20 30 40
0
Comparações entre observadores
Concordância de kappa
Figura7–Concordânciadekappainterobservador naclassificac¸ãodastrêscolunas.
–0,5 –0,0
0,5 1,0
p-valor = 0,003
Coeficiente de concord
â
ncia kappa
Schatzker Três colunas
Figura8–Boxplotdaconcordânciadekappa interobservadordaclassificac¸ãodeSchatzker edastrêscolunas.
Conclusão
OusodaTACnãopromoveuumaumentonaconcordância entreosavaliadorescomrelac¸ãoàclassificac¸ãodeSchatzker etambémnãocontribuiuparaamudanc¸anoplanejamento pré-operatórioemcomparac¸ãoàsradiografias.
Aclassificac¸ãodastrêscolunasapresentouuma concor-dânciainterobservadormoderadaepodeserumaopc¸ãoútil naabordagemdasfraturasdoplatôtibial.
Conflitos
de
interesse
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
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