SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
w w w . r b o . o r g . b r
Artigo
de
atualizac¸ão
Ligamento
cruzado
anterior
–
Artigo
de
atualizac¸ão
夽
Marcus
Vinicius
Malheiros
Luzo,
Carlos
Eduardo
da
Silveira
Franciozi
∗,
Fernando
Cury
Rezende,
Guilherme
Conforto
Gracitelli,
Pedro
Debieux
e
Moisés
Cohen
UniversidadeFederaldeSãoPaulo,EscolaPaulistadeMedicina,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,GrupodoJoelho, SãoPaulo,SP,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem30dejunhode2015 Aceitoem2dejulhode2015 On-lineem17dedezembrode2015
Palavras-chave:
Ligamentocruzadoanterior Ligamentopatelar
Instabilidadearticular Joelho
Procedimentoscirúrgicos reconstrutivos
r
e
s
u
m
o
Este artigo de atualizac¸ãosobre ligamentocruzado anterior (LCA) visaabordar alguns dos tópicosmaisinteressanteseatuaissobreotema.Dentrodessaabordagem estrati-ficadaincluem-se asseguintessec¸ões:remanescentedoLCA;ligamentoanterolaterale reconstruc¸õesextra-articularescombinadasaintra-articulares;dispositivosdefixac¸ão; téc-nicasdeconfecc¸ãodotúnelfemoral.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublicadoporElsevierEditora Ltda.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Anterior
cruciate
ligament
–
Updating
article
Keywords:
Anteriorcruciateligament Patellarligament
Jointinstability Knee
Reconstructivesurgicalprocedures
a
b
s
t
r
a
c
t
Thisupdatingarticleontheanteriorcruciateligament(ACL)hastheaimofaddressingsome ofthemostinterestingcurrenttopicsinthisfield.Withinthisstratifiedapproach,itcontains thefollowingsections:ACLremnant;anterolateralligamentandcombinedintraand extra--articularreconstruction;fixationdevices;andACLfemoraltunnelcreationtechniques.
©2015SociedadeBrasileiradeOrtopediaeTraumatologia.PublishedbyElsevierEditora Ltda.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http:// creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
夽
TrabalhodesenvolvidonaUniversidadeFederaldeSãoPaulo,EscolaPaulistadeMedicina,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia, GrupodoJoelho,SãoPaulo,SP,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:cacarlos66@hotmail.com(C.E.S.Franciozi). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2015.07.008
Introduc¸ão
O ligamento cruzado anterior (LCA) é um dos principais tópicos investigados na ortopedia atual. Devido a novas tendências, como o conceito da chamada reconstruc¸ão anatômicareforc¸adonaúltimadécada,novoímpetofoidado aos estudos desse ligamento com importantes avanc¸os e novidades. Apoiado na ciência básica, o remanescente do LCAvemtendocadavezmaisdestaquenacirurgia recons-trutiva,porém,aindafaltaumconsensosobreasdiferentes reconstruc¸ões com sua preservac¸ão, tópico esse que será abordadonesteartigo.Otãofaladonovoligamentodojoelho, oligamento anterolateral, recentementerecebe destaquee explicaantigosconceitoseteoriasquejustificamseumaior efeitorestritivo aopivôdevido aomaiorbrac¸ode alavanca emrelac¸ãoàposic¸ãocentraldoLCA.Elucidacomissoparte da biomecânica das reconstruc¸ões e dos reforc¸os extra--articulares.Aortopediaacompanhaoavanc¸odamedicinae umamiríadededispositivosdefixac¸ãoencontra-seaoalcance docirurgião,que,frenteatamanhadiversidade,deve traba-lharseu conhecimento sobreaspeculiaridades, vantagens, desvantagensecomparac¸õesentrecadaum.Porfim, impul-sionadastambémpeloredescobrimentodaanatomiadoLCA, diferentestécnicasdeconfecc¸ãodotúnelfemoralvêmsendo desenvolvidas,cadaqualcomsuascaracterísticas,fazendo-se misterumaanálisedetalhadadasopc¸õesmaisusadas.
Com isso, este artigo sobre o LCA visa a abordar alguns dos tópicos mais interessantes e atuais sobre o tema. Dentrodessa abordagem estratificada,incluem-seas seguintessec¸ões: remanescente doLCA;ligamento antero-lateralereconstruc¸õesextra-articularescombinadasa intra--articulares;dispositivosdefixac¸ão;técnicasdeconfecc¸ãodo túnelfemoral.
Remanescente
do
ligamento
cruzado
anterior
LesõesparciaisdoLCAsãofrequentes(5-38%)erecentemente tem sido dada mais importância às fibras remanescentes visando-sepreservá-laseincorporá-las nareconstruc¸ãodo LCA.Areconstruc¸ãodoLCAcom preservac¸ãodo remanes-centesupostamenteotimizaaligamentizac¸ão,jáqueasfibras remanescentes funcionais protegem biomecanicamente o enxerto,oenvelopesinovialvascularizadodoremanescente contribuiparaavascularizac¸ãodoenxerto,omecanismode válvula criado pelo tecido remanescente no túnel impede a entrada dolíquido sinovial e diminui o alargamento do túnel e os mecanorreceptores presentes no remanescente, conformedemonstraram estudos histológicos, auxiliam na propriocepc¸ão.1-12
Adefinic¸ãodecirurgiadereconstruc¸ãodoLCA(RLCA)com preservac¸ãodoremanescenteécontroversaporqueenvolve três procedimentos distintos agrupados sob a mesma ter-minologia: reconstruc¸ãoseletivade umaúnicabanda (SBA – selectivebundle augmentation: RLCA em umalesão parcial queenvolve somente abanda posterolateral ou anterome-dial);reforc¸o(AG–augmentation:RLCAemumalesãoparcial queenvolve umaouas duas bandascom tecido remanes-centefuncional);preservac¸ãodoremanescentenãofuncional
(NFRP–nonfunctionalremnantpreservation:RLCAemumalesão completa que envolve ambasas bandas com tecido rema-nescente não funcional). A definic¸ão de funcional ou não funcional, relativa às fibras remanescentes, deve ser feita artroscopicamenteporpalpac¸ãocomoprobe,comojoelhoem 90oflexãoetambémnaposic¸ãoem“figurado4”.1
Para a classificac¸ão artroscópica da lesão do LCA que envolve o remanescente, é recomendada uma abordagem estagiada que avalia a presenc¸a ou ausência de tecido remanescente, sua morfologia e sua funcionalidade. Essa abordagemestagiadaenvolve(fig.1):
1. Tecidoremanescente:ausente,presente.
2. Tipo morfológico do remanescente: coto tibial (I), cica-trizado noLCP(II),cicatrizado noteto intercondilar(III), padrão não identificável cicatrizado ao côndilo femoral lateral(IV),bandaanteromedial(V),bandaposterolateral (VI).
3. Funcionalidade doremanescente:funcional, não funcio-nal.
DepoisdaRLCA,ospassosde1a3devemserrepetidos, já que, durante a reconstruc¸ão, parte do tecido remanes-cente pode ser lesionada e alterar seu status inicial. Feito isso, édeterminadoo tipo dereconstruc¸ãoque preserva o remanescente: SBA, AGouNFRP.Feitaapassagem finaldo enxerto,deveserestimadaedocumentadaaporcentagemde coberturadoenxertopelotecidoremanescente.Éimportante essa documentac¸ãodaporcentagemestimada decobertura doenxertoparaavaliarseupossívelpapelnaestabilidadee func¸ãopós-operatória,vistoquealgunstrabalhosjá demons-tram que uma maior cobertura é relacionada a melhores resultados13(fig.2).
Quantoàpassagemdoenxertocompreservac¸ãodo rema-nescente,elapodeserfeitadeduasmaneirasprincipais.O enxertopodeserpassadopelaperiferiadofootprinttibial, pre-servandootecidoremanescenteesendopassadoladoalado comele.Mantêm-seassimasfibrasremanescentesfuncionais esuasinserc¸ões(fig.3AeB).Ouoenxertopodeserpassado pelocentrodofootprinttibialeserenvolvidopelotecido rema-nescente,quefuncionarácomouminvólucrobiológico(sleeve), sejatantopelabainhasinovial(synovialsheath)remanescente comopelotecidoligamentarremanescenteouambos(fig.3C eD).Dessaúltimamaneira,recomenda-se irgradualmente alargando-seotúneltibialcombrocassucessivamente maio-resatéodiâmetrofinalescolhido,comcuidadoparaparara progressãodasbrocasnomomentoemqueelasirrompemo platôtibial,parapermanecer,assim,nointeriordo remanes-cente.Quandoissoacontece,tem-seaimpressãodeotecido remanescente doLCA estar “sambando” devido à ac¸ão da brocadentrodoinvólucrodoremanescente.Feitoisso,cria-se umcaminhodentrodoinvólucroremanescentecomoshaver queoabreproximalmente,mantémtodootecidoda perife-riaecria-seapenasumtrajetocentral,parapoderpassaro enxerto.14
Passo 1
Tecido remanescente
Ausente
Presente Coto tibial (I)
Cicatrizado no LCP (II)
Cicatrizado no teto intercondilar (III)
Padrão não identificável cicatrizado ao côndilo femoral lateral (IV)
Banda anteromedial (V)
Banda posterolateral (VI) Passo 2
Tipo morfológico do remanescente
Figura1–Classificac¸ãoartroscópicadoremanescentedoLCA.
Aprotec¸ãobiomecânicadoenxertopelasfibras remanescen-tesfuncionaisintactaséumavantagemnaSBAeAG,masnão naNFRP.3,17Diversosestudosavaliamopotencialdemelhor estabilidadecompreservac¸ãodoremanescente,sejapormeio daprotec¸ãomecânicadiretapelasfibrasfuncionais,sejapor
meio da melhorvascularizac¸ão doenxerto e do aprimora-mentodoprocessodeligamentizac¸ão.Acredita-sequeaSBA proporcionemelhorestabilidade,seguidapelaAG,aNFRPestá emúltimolugarnessequesito.1-12Oalargamentodotúnelé causado porcitocinas eagentesinflamatóriospresentesno
Tecido remanescente
Tipo de reconstrução recomendada
Porcentagem de cobertura do enxerto pelo tecido remanescente
Porcentagem estimada
Porcentagem estimada Ausente
Banda simples funcional remanescente presente
Remanescente funcional presente
Remanescente não-funcional presente
Convencional
SBA
AG
NFRP
Figura3–Reconstruc¸õesLCAqueenvolvemconceitosatuaisdepreservac¸ãodotecidoremanescenteereforc¸o extra-articularcomfitadotratoiliotibial(monoloop)ereconstruc¸ãodoligamentoanterolateral.
líquidosinovialpós-operatórioeémaiscomumnatíbiadevido àgravidade.ARLCAquepreservaoremanescente comprova-damentediminuioalargamentodotúnelemrelac¸ãoàRLCA convencionalcomdesbridamentodoremanescente,em vir-tudedomecanismodeválvulacriadoqueimpedeoudiminui aentradadofluidosinovial.6,12Diversosestudosenfatizamo potencialdemelhorrevascularizac¸ãodoenxertoaose preser-varoremanescente.Umensaioclínicorandomizadoqueusou ressonânciamagnética demonstrourealmenteaacelerac¸ão desseprocesso,oquecertamenteaprimoraaligamentizac¸ão.8 Alguns estudos falam a favor do potencial benéfico da preservac¸ão do tecido remanescente no processo de ligamentizac¸ão,principalmentedasinóviadessetecidocomo potencial fonte de células mesenquimais. Esse potencial é inversamenteproporcionalàcronicidadeda lesão esugere melhoresresultadosquandoaRLCAquepreservao remanes-centeforrealizadanoscasosmaisagudos.18
Apesar da suposta vantagem da RLCA que preserva o remanescentedemonstradaemdiversosestudoscombaixo nível de evidência, quando se avaliam os ensaios clínicos randomizadososresultadosfuncionaisedeestabilidadesão semelhantes,sendosomenteporvezes,demonstrada supe-rioridade quando sepreserva o remanescente. Assim, são necessários novos estudos com maior amostragem, meto-dologia adequada e principalmente consenso na definic¸ão do tipo de RLCA que preserva o remanescente. São suge-ridas a terminologia SBA, AG, NFRP e a metodologia aqui descrita.2,4,5,10,11,13,15–17
Ligamento
anterolateral
e
reconstruc¸ão
combinada
intra
e
extra-articular
O controle da estabilidade rotacional é tópico que atrai a atenc¸ãodeexpertsdaáreadacirurgiadereconstruc¸ãodoLCA. Aindapermaneceincertoseastécnicasatuaisdereconstruc¸ão artroscópicadoLCAsãosuficientesparaproverestabilidade rotacionalemtodososcasosdelesãodesseligamento,assim comonãoécompletamentecompreendidocomose compor-tamosdiferentespadrõesdelesõesdoLCA.19,20
Instabilidade rotacional persistente pós-reconstruc¸ãodo LCAtemsidodescritaeparecesecorrelacionardiretamente comdiminuic¸ãonasatisfac¸ãoedéficitdeganhodefunc¸ãodo joelho nopós-operatório.21,22 Alémdisso,mostrou-sequea faltadecontrolerotacionaldojoelhopareceatuarcomofator causaldenovaslesõescondraisemeniscais.23
Essadiscussãoganhou forc¸aapós acrescentediscussão acercadoligamentoanterolateral(LAL)dojoelho,cujalesão pareceestarassociadaaalgunscasosdelesãodoLCA.Segond foiquemprimeirodescreveuesseligamento,em1879,como uma“bandafibrosaresistente”nocompartimento anterolate-raldojoelhocomumacaracterísticasingulardetensionarem rotac¸ãointernaforc¸ada.24
Posteriormente,algunsautoressugeriramqueessa estru-tura se tratava apenas de um espessamento capsular do compartimentoanterolateral.25Entretanto,algunstrabalhos jáchamavamaatenc¸ãoquantoàimportânciadessaporc¸ão
C:LesãodoLCAcomtecidoremanescentepresente.Tipomorfológico: padrãonãoidentificávelcicatrizadoaocôndilo femorallateral(IV).Funcionalidadedoremanescente(avaliada comprobe):nãofuncional.Criadoumcaminhodentrodo invólucroremanescentecomoshaverqueoabreproximalmente(pontadoshaverpodeservisualizadaprotruindopelo meiodoinvólucrodoremanescente).Mantém-setodootecidodaperiferiaecria-seapenasumtrajetocentral,parapoder passaroenxerto.
D:Reconstruc¸ãodoLCApreservandooremanescentetipopreservac¸ãodoremanescentenãofuncional. NFRP–
nonfunctionalremnantpreservation:RLCAemumalesãocompletaqueenvolveambasasbandascomtecidoremanescente nãofuncional.Enxertofoipassadopelocentrodofootprinttibialeenvolvidopelotecidoremanescente,quefuncionará comouminvólucrobiológico(sleeve),sejatantopelabainhasinovial(synovialsheath)remanescentecomopelotecido ligamentarremanescenteouambos.Porcentagemestimadadecoberturadoenxertopelotecidoremanescente:60%.Seta demonstrasaídadoenxertopordentrodoremanescente.
E:Reforc¸oextra-articulardoLCAcomfaixadotratoiliotibialisolada(monoloopderivadoesemelhanteàstécnicas
extra-articularesdeMacIntosheLemaire).Édissecadoo1/3centraldotratoiliotibialcom1-1,5cmespessura,mantidasua inserc¸ãodistaleliberadasuainserc¸ãoproximal.EssaépreparadacomsuturatipoKrackowcomfioEthbondnúmero5.A pinc¸akellyestápassadaprofundamenteaoligamentocolaterallateral(seta)parapassagemdafitacentraldotratoiliotibial apósliberac¸ãoproximalepreparodela.O1/3central dotratoiliotibialcom1-1,5cmespessurajáestáconfeccionado. F:Fitacentraldotratoiliotibialjápassadaprofundamenteaoligamentocolaterallateral(cabec¸adeseta)einseridana inserc¸ãodistaldo septointermuscularlateraldofêmurdemonstradonaseta(umdospontospreconizadosparainserc¸ão dosreforc¸osextra-articularesdasreconstruc¸õesLCA)apóstestedeisometriasatisfatório.Oreforc¸oéfixadocomparafuso deinterferênciaouâncoracomjoelhoa90oflexãoerotac¸ãoneutraapósreconstruc¸ãoefixac¸ãodoLCA.Nessecasofoifeita comenxertoquíntuplodeflexores,túnelfemoraloutside-in(objetivandoevitarconflitocomtúnelfemoralparafixac¸ãodo reforc¸oextra-articular)e fixac¸ãocom parafusointerferênciaabsorvívelnofêmurenatíbia.Casodemonstrareconstruc¸ão primáriaLCAefoiindicadoreforc¸oextra-articulardevidoàpresenc¸adepivôexplosivo.
G:Reconstruc¸ãoabertadoligamentoanterolateralcomenxertodográcilcombinadacomareconstruc¸ãodoLCAcom enxertotriplodosemitendíneo.Asetademonstraainserc¸ãofemoraldoligamentoanterolateral.
dotratoiliotibial.Onomeligamentoanterolateralfoi popu-larizado inicialmente em nosso meio e publicado nesta revista.26 Trabalhos maisrecentes trouxeram novamente à tona essa controvérsia ao definir essa estrutura como um ligamentodistinto.27-29Ademais,após testesbiomecânicos, foiestabelecidaumaestreitacorrelac¸ãoentresualesãoea pioradaestabilidaderotacional,definidaatravésdotestedo pivô positivo.25,30 A partir disso, defensores da associac¸ão entre lesões do LCA e LAL propuseram a necessidade da reconstruc¸ãocombinadaintraeextra-articulardoLCA,oque parecerazoáveldopontodevistabiomecâniconapromoc¸ão daestabilidadecombinadaanteroposteriorerotacional.28,31
Em uma metanálise de ensaios clínicos randomiza-dos publicada recentemente, comparamos técnicas de reconstruc¸ãoisoladadoLCA com técnicasde reconstruc¸ão combinada intra eextra-articular e, apesar dos resultados deescoresfuncionaissemelhantesqueforamobtidosentre os grupos, houve umamelhoria dosdesfechos de estabili-dadedojoelhoobservadosemambosostestesdopivôedo Lachman.32Taxasderigidezdojoelho,infecc¸ãoeartrosedo compartimentolateral,talcomosesugeriuaumentarem estu-dosprévios,nãotiveramdiferenc¸aentreosgruposdeestudo deacordocom otempodeseguimentoavaliado.32-34 Entre-tanto,pelaausênciademelhoriafuncionalcomassociac¸ãoda reconstruc¸ãoextra-articular,concluímos permanecerainda incerto se esse ganho de estabilidade sobrepuja a morbi-dadeassociadaaoincrementodesseprocedimentonoaspecto anterolateral do joelho. Por outro lado, em nossa meta-nálise também foram incluídos estudos com técnicas de reconstruc¸ãoextra-articularespossivelmentemaisobsoletas e a compreensão mais aprofundada do LAL pode aprimo-rarefornecer técnicasmaisanatômicasemenosinvasivas de reconstruc¸ão extra-articular e melhorar os resultados dessa cirurgia. Além disso, pudemos concluir ainda existir muitoespac¸opara pesquisanessecampodeassociac¸ãode reconstruc¸ão intra e extra-articular do LCA, em relac¸ão a nãosomenteamelhoriadatécnica,comotambémcom res-peitoaosgruposdeindivíduosquesebeneficiariamcomo procedimento combinado. De fato, em publicac¸ão recente, Sonnery-Cottet et al.35 recomendaram quais os grupos de indivíduosapresentam indicac¸ãode reconstruc¸ãopela téc-nicacombinada intraeextra-articularpercutâneapormeio da técnicadescritano seu artigo:pivô grau2 ou3,fratura de Segond, lesões crônicas do LCA, atividade esportiva de alto nível (ex: futebol, rúgbi, handebol e basquete) e radi-ografias que demonstram o notch sign no côndilo femoral lateral.Segundoessescritériosdescritospeloautor,asimples restaurac¸ãodoeixocentralpelareconstruc¸ãoisoladadoLCA nãoseriaosuficientepararestabelecerestabilidade rotacio-nalepassariaaexigirumreforc¸operiféricoàreconstruc¸ãodo pivôcentral.
Uma grandevariedade de técnicas édescrita na litera-turaparareconstruc¸ãocombinadaintraeextra-articulardo LCA.28Classicamente,tenodesecomousodeumabanda cen-traldafascialataéusadadesdeprimórdiosdareconstruc¸ão extra-articular isolada do LCA descrito por Lemaire36 em 1967.Outrosautoresusaramtécnicasmenosinvasivascom oprolongamentodoenxertodesemitendíneoquepassapela posic¸ão over the top ou também como um prolongamento dotúnel femoral da reconstruc¸ãointra-articular do LCA.31
Entretanto, tais técnicas baseiam-se mais no princípio de proverestabilizac¸ãoperiféricadoaspectoanterolateraldo joe-lho do que propriamenteem pontos anatômicos distintos quelevamemconsiderac¸ãoaestruturadoligamento ante-rolateral. Portanto, o estudo aprofundado da anatomia do compartimentoanterolateraldojoelhoédesuma importân-ciatendoemvistaomelhorentendimentodascaracterísticas anatômicasedeisometriadoLAL,alémdamelhoropc¸ãode enxertoparasuareconstruc¸ão.Dessamaneira,pode-se tor-narpossívelosurgimentodereconstruc¸õesquereproduzam a anatomia desse ligamento com menor morbidade cirúr-gica,possivelmentemelhorandoosresultados.Maisestudos clínicos também serão necessários para determinar a real necessidadedareconstruc¸ãocombinadadentrodapopulac¸ão geral de indivíduos com lesão de LCA ou sesomente gru-posespecíficosdeindivíduossebeneficiarãodessastécnicas, como, por exemplo, em casos de revisão de reconstruc¸ão doLCA,lesõescrônicasouquadroscomexcessiva instabili-daderotacionalevidenciadaporumtestedepivôexplosivo aoexamefísico(fig.3E,F,GeH).
Dispositivos
de
fixac¸ão
Posto que o sucesso da reconstruc¸ão depende inequivo-camente da posic¸ão do enxerto, o desenvolvimento de dispositivosde fixac¸ãoquemantenhamesse neoligamento naposic¸ãocorreta,apesardosmovimentosedastécnicasde reabilitac¸ãopós-operatórias,possibilitaqueessareabilitac¸ão possacomec¸arprecoceeintensamente,semperdadesse posi-cionamento,oque,porsuavez,reduzoriscodecomplicac¸ões comoartrofibrose,trombosevenosaprofunda,dentreoutras. Ummecanismodefixac¸ãoadequadodevemanteroenxerto firmenolugarobjetivadodurantepelomenosoitosemanas, paraqueeletenhaaoportunidadedeestabelecer continui-dadecomotecidoósseo.37Atualmente,astécnicasvigentes podem sersubdividasem: fixac¸õesintratúnel eextratúnel. Essas subdividem-se emtécnicas suspensórias, transfemo-raisacavaleiroetransfemoraistransfixantes.38Aquelassão representadas pelos dispositivos de fixac¸ão por compres-são/interferência junto à interface osso-enxerto.39 Fato é que não há padrão ouro para a fixac¸ão do enxerto nas reconstruc¸õesdoLCA.40
A fim de solucionar a questão, Colvin et al.40 produzi-ram uma metanálise (nível 1) que comparou métodos de fixac¸ãointratúnel(parafusosdeinterferência)versus extratú-nel(endobuttonepinostransversos)parafixac¸ãodeenxerto detendõesisquiotibiaisnareconstruc¸ãodoLCA.Assim,com asmetodologiasCochraneeQuorum,selecionaramoito estu-dos, cinco foram incluídos na metanálise, ensaios clínicos randomizados.Apósanálisededados,observaram quenão hádiferenc¸aentreosmétodosdefixac¸ãoparaosdesfechos referentes à func¸ão e qualidade de vida dentro do segui-mentoestipulado.Entretanto,quandoodesfechoanalisadofoi falhadetratamentoduranteacirurgia,adespeitoda ausên-cia de significância estatística (RR= 0,52; CI, 0,1794-1,3122; p=0,1542),observou-seclaratendênciaemfavordoparafuso deinterferência,oqual,emtodososestudoslevantados, apre-sentoumenornúmerodefalhas.40 Osautoressugeremque umafixac¸ãomaispróximada articulac¸ãopossaser biome-canicamentefavorável.45Saccomannoetal.,46analogamente, promoveramumarevisãosistemática(nível1)ecompararam afixac¸ãosuspensória(endobutton)comafixac¸ãoacavaleiro (pinotransverso).Cincoestudos(317pacientes)foram incluí-dos após busca que seguiu, mais uma vez, os protocolos Cochrane.Osmétodosdefixac¸ãonãoevidenciaramdiferenc¸a no Lysholm ou IKDC (únicos emque metanálise pôde ser executada).Emborahouvesseestatisticamentemenor alarga-mentodostúneiscomousodospinostransversos,nãohouve repercussãoclínica.46
Emrelac¸ãoaosdiferentes tiposdeparafusos de interfe-rência, Debieux et al.47 compararam os metálicos com os diferentes tipos de parafusos bioabsorvíveis. Embora não houvessediferenc¸a nos desfechos clínicos (Lysholm, IKDC, Tegner), o parafuso metálico apresentou estatisticamente menornúmero de falhasdoimplante emenornúmero de “falhasglobaisdetratamento”(quandosesomamtodas as falhasde tratamentoanalisadas).Assim,emboracom efici-ênciasemelhante,ometálicoapresenta-semaisseguro.Claro queessesdadosdevemseranalisadosàluzdaslimitac¸õesnão aferidas(interferênciaemexamesdeimagempós-operatórios emaiordificuldade emcirurgiasde revisãocom parafusos metálicos). Os autores encontraram ainda tendência (sem diferenc¸aestatística)demaioratividadeinflamatóriaquando omaterialbioabsorvívelfoioPGAemelhorLysholmquando foiusadoPLLA.
Faz-senecessáriamenc¸ãoqueafixac¸ãofemoralpodeser atingida de maneira apropriada sem qualquer método de fixac¸ão.IdealizadanaFranc¸anadécadade1980,afixac¸ãopor pressão(press-fit)consistenaconfecc¸ãodeumplugósseo ligei-ramentemaiordoqueotúnelfemoral.Esseplugéinserido notúnelsobpressãoeficapresoemseuinteriortalqualuma “rolhadechampagne”.SarzaeemMMetal.48promoveramum ensaioclínicorandomizadoquecomparouafixac¸ãopor pres-sãocomoparafusodeinterferência.Emumseguimentode 12meses,158pacientessubdivididosemdoisgruposnãose evidencioudiferenc¸asemqualquerdosdesfechosavaliados (Lysholm,IKDC,KT-1000,Lachman,pivô).
Enfim,adespeitodehaverpequenasdiferenc¸as biomecâ-nicasentreosmétodos,cadaumdossupracitadosevidenciou eficácia e eficiência na fixac¸ão do enxerto no período compreendido entre o pós-operatório e a ligamentizac¸ão. Não obstante, deve-se atentar não apenas para a fixac¸ão
individual,tibialefemoral,masparaarelac¸ãoentreelas,dado queumadiscrepânciamuitograndeentreosdoismodelosde fixac¸ãopodegerarumelofraconareconstruc¸ãoe, consequen-temente, asobreposic¸ãode umponto sobreoutroe,enfim, falha.49
Técnicas
de
confecc¸ão
do
túnel
femoral
Nosúltimosanos,houveumaumentodaindicac¸ãode técni-casindependentesparaperfurac¸ãodofêmurnareconstruc¸ão doLCA,representadaspelatécnicatransportalouinside-out (TP),outside-in(OI)eoutside-inretrógrado. Em2013,a Cana-dianOrthopaedicAssociationrelatouque68%doscirurgiões usamtécnicasindependentesparaperfurac¸ãodofêmureque somente31%usamatécnicatranstibial(TT).50Apesardessa mudanc¸adetécnicanareconstruc¸ãodoLCAnaúltimadécada, aindapersistedúvidasobreasuperioridadeclínicaobjetiva, subjetiva,bemcomoasvantagensbiomecânicasdas diferen-testécnicasempregadas.
Riboh et al.51 publicaram uma revisão sistemática que incluiuseisensaiosclínicosrandomizados(ECR).Quatro com-pararam OI versus TT e dois, TP versus TT. Nessa revisão, 26 estudosbiomecânicoseestudosqueanalisaramo posi-cionamento do enxerto em cadáveres e in vivo também foramincluídos.OsresultadosclínicosaferidosnosECRnão demonstraramdiferenc¸asentreastécnicasquandoavaliados aincidênciadefalha,oIKDCobjetivoeasescalasdeatividades físicas,comoTegner.QuandoavaliadopeloescoredeLysholm, discretasuperioridadefoidemonstradaafavordaTT.Porém, apesardediferenc¸aestatísticacomprovada,nãofoi conside-radaclinicamenterelevante(média:-0,62,IC95%:-1,09--0,15). OsECRdemonstrarammenorfrouxidãoanteriorafavordas técnicasindependentesquandoaferidosporartrômetrosem milímetros(média:0,33,IC95%:0,10-0,55).51
Na mesma revisão,os estudos biomecânicose de posi-cionamento do enxerto in vivo e em cadáveres incluídos demonstraram que a técnica independente, OI, também apresentou menor translac¸ão anteriorquando aferida pelo Lachman (média: 2,2, IC 95%: 0.34-4.07), menor translac¸ão anteriorcomforc¸ade134-N(média:1,0,IC95%:0.29-1.71)e maiorestabilidaderotacional(média:3,36,IC95%:1.88-4.85) quando comparadas com a TT. Astécnicas independentes tambémapresentaramtúnelfemoralmaisoblíquonoplano coronalesagital,oqueresultouemmaiorsemelhanc¸aentre asforc¸asoriginaisdoLCAnativo,porémapresentarammaior riscodeexplosãodaparedeposteriordocôndilofemoral late-ralduranteaperfurac¸ão.51
Recentemente,Robinetal.52publicaramumarevisão sis-temáticasemmetanálisequeincluiu10estudosclínicos,10 descric¸õesdetécnicacirúrgica,cincoestudosemcadáveres, umestudodecinemáticaeumarevisãodaliteratura.Arevisão identificouasvantagensedesvantagensdasdiferentes técni-casde reconstruc¸ãodoLCA.Osprincipaisresultados,além deoutrosapontadospelosautoresdopresenteestudo,estão sumarizadosnatabela1.
Tabela1–Vantagensedesvantagensdecadatécnicadeconfecc¸ãodotúnelfemoral
Técnicacirúrgica Transtibial Transportal Outside-in Outside-inretrógrado
Vantagens Incisãoúnica;menos invasivadoquedupla incisão
Permiteacessoao
footprintdasbandas anteromediale posterolateral
Posicionamentofemoral maisanatômicoe previsível
Posicionamentofemoral maisanatômicoeprevisível
Enxertocom funcionamentomais isométricoaolongo doADM
Túneissão independentes
Nãonecessita hiperflexãodojoelho
Nãonecessitahiperflexão dojoelho
Maioriadospacientes comLachmanestável
Colocac¸ãodoparafuso deinterferênciade maneiraparalela
Útilparatécnicas epifisáriasempacientes esqueleticamente imaturos
Útilparatécnicas epifisáriasempacientes esqueleticamenteimaturos
Eixosdostúneis femoraissemelhantes aodoLCAquelevama menorchancede impactoenxerto-orifício dotúnele
enxerto-intercôndilo
Reestabeleceforc¸as rotacionaisnaturaisda fasedeapoioebalanc¸o damarcha
Menorriscodeblow-out
daparedeposterior
Menorriscodeblow-out
daparedeposterior
Baixoriscocolisão túneisreconstruc¸ão posterolateralassociada
Permitepreservac¸ão debandasíntegrase reconstruc¸õesseletivas
Menorabsorc¸ãoóssea nainterface
osso-enxertodevido àpressãodecontato distribuídademaneira maishomogêneanas paredesanterior elateral
Incisãolateralmenor quandocomparacomo
outside-inclássico
Grandecomprimento dotúnel
Possívelusartécnicas
all-inside
Podeserfeitasemguias especiais
Comprimento intermediáriodotúnel
Desvantagens Otúneltibialé dependentedotúnel femoral
Dificuldadede visualizac¸ãoealterac¸ão dasreferências superior,inferior, superficialeprofundo comojoelhoem hiperflexão
Necessidadede 2incisõeseaumentoda morbidadecirúrgica
Tempocirúrgico aumentado
Túnelfemoralficamais anterioreverticaldo queoposicionamento anatômico,podegerar instabilidaderotacional
Maiorriscodelesões condraisiatrogênicas
Pequenocomprimento dotúnel
Custoaumentadodevidoa instrumentalespecial
Enxertoverticalizado gerarotac¸ãofemoral excessivanafasede apoiodamarcha
Maiorchancederotura daparedeposteriordo côndilolateral
Riscodelesão iatrogênicaorigem ligamentocolateral lateral
Túnelmuito horizontalizadopode desgastarmaisoenxerto
Sulcoplastiaporvezes necessáriapara visualizac¸ãodaorigem femoraldoLCA
Tecnicamentemais trabalhosa
Altoriscodecolisãode túneisdereconstruc¸ão posterolateralassociada
retrospectivo,1.945reconstruc¸õesTPe6.430reconstruc¸õesTT foramanalisadas,incluindocomodesfechoprimárioafalha determinadaporrevisãodoLCAedesfechossecundárioso testedopivôeosescoresfuncionais(KOOSeTegner).Risco significativamenteaumentadoderevisãodoLCApelaTPfoi registradocomriscorelativomédiode2,04(95%CI:1,39-2,99) quando comparado com a TT. Surpreendentemente, a TP também demonstrourisco relativo aumentado parao pivô comRRmédio=2,86(95%CI:2,40-3,41)eriscorelativo aumen-tadoparainstabilidadeanterior,comRRmédio3,70(95%CI: 3,09-4,43).Alémdisso,nãofoidemonstradadiferenc¸aentreas técnicasquandoavaliadososescoresfuncionais.Esseestudo apresentaalgumaslimitac¸ões,dentreelasestãoosviesesde qualquerestudoretrospectivoda coleta de dados,além da provávelcurvadeaprendizadodosmédicosdinamarqueses relacionadaàTPincluídanoperíododeavaliac¸ãodoestudo, devidoàrecenteimplantac¸ãonaquelepaís.53
OriscoaumentadoderevisãopelaTPtambémfoilevantado porumestudodecoorteprospectivoquecomparouatécnica TPversusTTcomenxertopatelar.54Outroartigodemonstrou queareconstruc¸ãodabandaAMdemaneiraanatômica sub-meteoenxertoamaiortensãodoqueabandaAMemposic¸ão maisaltasemelhanteàatingidapelatécnicaTT.Portanto,o enxertoposicionadodemaneiramaisanatômicadoque iso-métricaestariasujeitoamaiortensão emaissusceptível a rotura.NaTToenxerto estariasubmetido amenortensão, porémteoricamentedissipariaacargaporoutrasestruturas intrarticulares,comomeniscoecartilagem.Somenteestudos prospectivos de longoprazo e aleatorizadosserão capazes dedemonstrarseastécnicas independentes deperfurac¸ão femoral serãocapazes de evitara degenerac¸ão articular e aartrose.55 Entre outras possíveis explicac¸ões parao risco aumentadodererrupturapelastécnicasdeperfurac¸ão inde-pendente,OI,estãoostúneisfemoraismaiscurtos,quegeram menorintegrac¸ão entreo enxerto-ossoe casosde blow-out daparedeposteriordocôndilolateral quecomprometema integrac¸ãodoenxerto.56-58
Emsuma,areconstruc¸ãopelastécnicasindependentesOI pareceestarrelacionadaamaiorcontrolerotacionalemenor laxidão pós-operatória, apesar do maior índice de revisão descritonaliteratura.Noentanto,maisestudosclínicos con-troladosealeatorizadossãonecessáriosparasedeterminara superioridadedeumatécnicasobreaoutra.59,60
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
e
r
ê
n
c
i
a
s
1. daSilveiraFrancioziCE,InghamSJ,GracitelliGC,LuzoMV,Fu FH,AbdallaRJ.Updatesinbiologicaltherapiesforknee injuries:anteriorcruciateligament.CurrRevMusculoskelet Med.2014;7(3):228–38.
2. ColombetP,DejourD,PanissetJC,SieboldR.French ArthroscopySociety.Currentconceptofpartialanterior cruciateligamentruptures.OrthopTraumatolSurgRes. 2010;968Suppl:S109–18.
3.CrainEH,FithianDC,PaxtonEW,LuetzowWF.Variationin anteriorcruciateligamentscarpattern:doesthescarpattern affectanteriorlaxityinanteriorcruciateligament-deficient knees?Arthroscopy.2005;21(1):19–24.
4.BudaR,RuffilliA,ParmaA,PagliazziG,LucianiD,RamponiL, etal.PartialACLtears:anatomicreconstructionversus
nonanatomicaugmentationsurgery.Orthopedics. 2013;36(9):e1108–13.
5.DejourD,NtagiopoulosPG,SagginPR,PanissetJC.The diagnosticvalueofclinicaltests,magneticresonance imaging,andinstrumentedlaxityinthedifferentiation ofcompleteversuspartialanteriorcruciateligamenttears. Arthroscopy.2013;29(3):491–9.
6.Demira ˘gB,ErmutluC,AydemirF,DurakK.Acomparison ofclinicaloutcomeofaugmentationandstandard reconstructiontechniquesforpartialanteriorcruciate ligamenttears.EklemHastalikCerrahisi.2012;23(3):140–4. 7.DhillonMS,BaliK,VasisthaRK.Immunohistological
evaluationofproprioceptivepotentialoftheresidualstump ofinjuredanteriorcruciateligaments(ACL).IntOrthop. 2010;34(5):737–41.
8.GohilS,AnnearPO,BreidahlW.Anteriorcruciateligament reconstructionusingautologousdoublehamstrings: acomparisonofstandardversusminimaldebridement techniquesusingMRItoassessrevascularisation.A randomizedprospectivestudywithaone-yearfollow-up. JBoneJointSurgBr.2007;89(9):1165–71.
9.HongL,LiX,ZhangH,LiuX,ZhangJ,ShenJW,etal.Anterior cruciateligamentreconstructionwithremnantpreservation: aprospective,randomizedcontrolledstudy.AmJSportsMed. 2012;40(12):2747–55.
10.MunetaT,KogaH,JuYJ,HorieM,NakamuraT,SekiyaI. Remnantvolumeofanteriorcruciateligamentcorrelates preoperativepatients’statusandpostoperativeoutcome. KneeSurgSportsTraumatolArthrosc.201;21(4):
906-13.
11.PujolN,ColombetP,PotelJF,CucuruloT,GraveleauN,HuletC, etal.Anteriorcruciateligamentreconstructioninpartial tear:selectiveanteromedialbundlereconstruction
conservingtheposterolateralremnantversussingle-bundle anatomicACLreconstruction:preliminary1-yearresultsofa prospectiverandomizedstudy.OrthopTraumatolSurgRes. 2012;988Suppl:S171–7.
12.ZhangQ,ZhangS,CaoX,LiuL,LiuY,LiR.Theeffectof remnantpreservationontibialtunnelenlargementinACL reconstructionwithhamstringautograft:aprospective randomizedcontrolledtrial.KneeSurgSportsTraumatol Arthrosc.2014;22(1):166–73.
13.NakamaeA,OchiM,DeieM,AdachiN,ShibuyaH,OhkawaS, etal.Clinicaloutcomesofsecond-lookarthroscopic
evaluationafteranteriorcruciateligamentaugmentation: comparisonwithsingle-anddouble-bundlereconstruction. BoneJointJ.2014;96-B(10):1325–32.
14.Sonnery-CottetB,FreychetB,MurphyCG,PupimBH,Thaunat M.Anteriorcruciateligamentreconstructionand
preservation:theSingle-AnteromedialBundleBiological Augmentation(SAMBBA)technique.ArthroscTech. 2014;3(6):e689–93.
15.AbatF,GelberPE,ErquiciaJI,PelfortX,TeyM,MonllauJC. Promisingshort-termresultsfollowingselectivebundle reconstructioninpartialanteriorcruciateligamenttears. Knee.2013;20(5):332–8.
16.KazusaH,NakamaeA,OchiM.Augmentationtechniquefor anteriorcruciateligamentinjury.ClinSportsMed.
2013;32(1):127–40.
ligament:resultsinananimalmodel.AmJSportsMed. 2013;41(2):365–73.
18.LeeDH,NgJ,ChungJW,SonnCH,LeeKM,HanSB.Impact ofchronicityofinjuryontheproportionofmesenchymal stromalcellsderivedfromanteriorcruciateligaments. Cytotherapy.2014;16(5):586–98.
19.LoganMC,WilliamsA,LavelleJ,GedroycW,FreemanM. Tibiofemoralkinematicsfollowingsuccessfulanterior cruciateligamentreconstructionusingdynamicmultiple resonanceimaging.AmJSportsMed.2004;32(4):984–92. 20.RistanisS,StergiouN,PatrasK,VasiliadisHS,GiakasG,
GergoulisAD.Excessivetibialrotationduringhigh-demand activitiesisnotrestoredbyanteriorcruciateligament reconstruction.Arthroscopy.2005;21(11):1323–9.
21.ChouliarasV,RistanisS,MoraitiC,StergiouN,GeorgoulisAD. Effectivenessofreconstructionoftheanteriorcruciate ligamentwithquadrupledhamstringsandbone-patellar tendon-boneautografts:aninvivostudycomparingtibial internal-externalrotation.AmJSportsMed.
2007;35(2):189–96.
22.KocherMS,SteadmanJR,BriggsKK,SterettWI,HawkinsRJ. Relationshipsbetweenobjectiveassessmentofligament stabilityandsubjectiveassessmentofsymptomsand functionafteranteriorcruciateligamentreconstruction.AmJ SportsMed.2004;32(3):629–34.
23.StergiouN,RistanisS,MoraitiC,GeorgoulisAD.Tibial rotationinanteriorcruciateligament(ACL)-deficientand ACL-reconstructedknees:atheoreticalpropositionforthe developmentofosteoarthritis.SportsMed.2007;37(7): 601–13.
24.SegondP.Recherchescliniquesetexpérimentalessurles épanchementssanguinsdugenouparentorse.Paris: NationalLibraryofFrance,1879:1-85.Disponívelem: http://www.patrimoine. edilivre.com/recherches-cliniques- -et-experimentales-surles-epanchements-sanguins-du- -genou-par-entorse-parpaul-segond-segond-paul-ferdinand--dr-1879-ark-12148-bpt6k5712206r.html.
25.HugstonJC,AndrewsJR,CrossMJ,MoschiA.Classificationof kneeligamentinstabilities.PartII.Thelateralcompartment. JBoneJointSurgAm.1976;58(2):173–9.
26.CohenM,VieiraEA,SilvaRT,VieiraELC,BerlfeinPAS.Estudo anatômicodotratoiliotibial:revisãocríticadesua
importâncianaestabilidadedojoelho.RevBrasOrtop. 2002;37(8):328–35.
27.ClaesS,VereeckeE,MaesM,VictorJ,VerdonkP,BellemansJ. Anatomyoftheanterolateralligamentoftheknee.JAnat. 2013;223(4):321–8.
28.DoddsAL,HalewoodC,GupteCM,WilliamsA,AmisAA.The anterolateralligament:anatomy,lengthchanges,and associationwiththeSegondfracture.BoneJointJ. 2014;96(3):325–31.
29.HelitoCP,DemangeMK,BonadioMB,TíricoLE,GobbiRG, PécoraJR,etal.Anatomyandhistologyoftheknee anterolateralligament.OrthopJSportsMed.2013;1(7).DOI 2325967113513546.Disponívelem:http://ojs.sagepub.com/ content/1/7/2325967113513546.full.pdf+html.
30.MonacoE,FerrettiA,LabiancaL,MaestriB,SperanzaA,Kelly MJ,etal.NavigatedkneekinematicsaftercuttingoftheACL anditssecondaryrestraint.KneeSurgSportsTraumatol Arthrosc.2012;20(5):870–7.
31.MarcacciM,ZaffagniniS,GiordanoG,IaconoF,PrestiML. Anteriorcruciateligamentreconstructionassociatedwith extra-articulartenodesis:aprospectiveclinicaland radiographicevaluationwith10-to13-yearfollow-up.AmJ SportsMed.2009;37(4):707–14.
32.RezendeFC,deMoraesVY,MartimbiancoAL,LuzoMV,da SilveiraFrancioziCE,BellotiJC.Doescombinedintra-and extraarticularACLreconstructionimprovefunctionand
stability?Ameta-analysis.ClinOrthopRelatRes. 2015;473(8):2609–18.
33.AndersonAF,SnyderRB,LipscombABJr.Anteriorcruciate ligamentreconstruction:aprospectiverandomizedstudyof threesurgicalmethods.AmJSportsMed.2001;29(3): 272–9.
34.Sonnery-CottetB,ArchboldP,ZayniR,BortollettoJ,Thaunat M,ProstT,etal.Prevalenceofsepticarthritisafteranterior cruciateligamentreconstructionamongprofessional athletes.AmJSportsMed.2011;39(11):2371–6.
35.Sonnery-CottetB,ThaunatM,FreychetB,PupimBH,Murphy CG,ClaesS.Outcomeofacombinedanteriorcruciate ligamentandanterolateralligamentreconstruction techniquewithaminimum2-yearfollow-up.AmJSports Med.2015;43(7):1598–605.
36.LemaireM.Rupturesanciennesduligamentcroiseanterieur dugenou.JChir.1967;93:311–20.
37.SchefflerSU,SudkampNP,GockenjanA,HoffmanRF,Weiler A.Biomechanicalcomparisonofhamstringandpatellar tendongraftanteriorcruciateligamentreconstruction techniques:theimpactoffixationlevelandfixationmethod undercyclicloading.Arthroscopy.2002;18(3):304–15. 38.ClarkR,OlsenRE,LarsonBJ,GobleEM,FarrerRP.Cross-pin
femoralfixation:anewtechniqueforhamstringanterior cruciateligamentreconstructionoftheknee.Arthroscopy. 1998;14(3):258–67.
39.McGuireDA,BarberFA,ElrodBF,PaulosLE.Bioabsorbable interferencescrewsforgraftfixationinanteriorcruciate ligamentreconstruction.Arthroscopy.1999;15(5):463–73. 40.ColvinA,SharmaC,ParidesM,GlashowJ.Whatisthebest
femoralfixationofhamstringautograftsinanteriorcruciate ligamentreconstruction:ameta-analysis.ClinOrthopRelat Res.2011;469(4):1075–81.
41.MilanoG,MulasPD,ZiranuF,PirasS,ManuntaA,Fabbriciani C.Comparisonbetweendifferentfemoralfixationdevices forACLreconstructionwithdoubledhamstringtendongraft: abiomechanicalanalysis.Arthroscopy.2006;22(6):660–8. 42.AhmadCS,GardnerTR,GrohM,ArnoukJ,LevineWN.
Mechanicalpropertiesofsofttissuefemoralfixationdevices foranteriorcruciateligamentreconstruction.AmJSports Med.2004;32(3):635–40.
43.FuFH,BennettCH,LattermannC,MaCB.Currenttrends inanteriorcruciateligamentreconstruction.PartI:biology andbiomechanicsofreconstruction.AmJSportsMed. 1999;27(6):821–30.
44.KousaP,JarvinenTL,VihavainenM,KannusP,JarvinenM. Thefixationstrengthofsixhamstringtendongraftfixation devicesinanteriorcruciateligamentreconstruction.AmJ SportsMed.2003;31(2):174–81.
45.RodeoSA,KawamuraS,KimHJ,DynybilC,YingL.Tendon healinginabonetunneldiffersatthetunnelentranceversus thetunnelexit.AmJSportsMed.2006;34(11):1790–800. 46.SaccomannoMF,ShinJJ,MascarenhasR,HaroM,VermaNN,
ColeBJ,etal.Clinicalandfunctionaloutcomesafteranterior cruciateligamentreconstructionusingcorticalbutton fixationversustransfemoralsuspensoryfixation: asystematicreviewofrandomizedcontrolledtrials. Arthroscopy.2014;30(11):1491–8.
47.DebieuxP,FrancioziCE,LenzaM,FaloppaF,BellotiJC, TamaokiMJS.Bioabsorbableversusmetallicinterference screwsforgraftfixationinanteriorcruciateligament reconstruction.CochraneDatabaseSystRev.2012;4:1–5. 48.SarzaeemMM,NajafiF,RaziM,NajafiMA.ACLreconstruction
usingbone-patellatendon-boneautograft:press-fittechnique vs.interferencescrewfixation.ArchOrthopTraumaSurg. 2014;134(7):955–62.
anteriorcruciateligamentfixationtechniquesforhamstring graft.JOrthopSci.2010;15(1):125–31.
50.ChechikO,AmarE,KhashanM,LadorR,EyalG,GoldA.An internationalsurveyonanteriorcruciateligament reconstructionpractices.IntOrthop.2013;37(2):201–6. 51.RibohJC,HasselbladV,GodinJA,MatherRC3rd.Transtibial
versusindependentdrillingtechniquesforanteriorcruciate ligamentreconstruction:asystematicreview,meta-analysis, andmeta-regression.AmJSportsMed.2013;41(11):2693–702. 52.RobinBN,JaniSS,MarvilSC,ReidJB,SchillhammerCK,
LubowitzJH.Advantagesanddisadvantagesoftranstibial, anteromedialportal,andoutside-infemoraltunneldrillingin single-bundleanteriorcruciateligamentreconstruction:a systematicreview.Arthroscopy.2015;31(7):1412–7. 53.Rahr-WagnerL,ThillemannTM,PedersenAB,LindMC.
Increasedriskofrevisionafteranteromedialcomparedwith transtibialdrillingofthefemoraltunnelduringprimary anteriorcruciateligamentreconstruction:resultsfromthe DanishKneeLigamentReconstructionRegister.Arthroscopy. 2013;29(1):98–105.
54.Alentorn-GeliE,LajaraF,SamitierG,CugatR.Thetranstibial versustheanteromedialportaltechniqueinthearthroscopic bone-patellartendon-boneanteriorcruciateligament reconstruction.KneeSurgSportsTraumatolArthrosc. 2010;18(8):1013–37.
55.XuY,LiuJ,KramerS,MartinsC,KatoY,Linde-RosenM,etal. Comparisonofinsituforcesandkneekinematicsin anteromedialandhighanteromedialbundleaugmentation forpartiallyrupturedanteriorcruciateligament.AmJSports Med.2011;39(2):272–8.
56.GolishSR,BaumfeldJA,SchoderbekRJ,MillerMD.Theeffect offemoraltunnelstartingpositionontunnellengthin anteriorcruciateligamentreconstruction:acadavericstudy. Arthroscopy.2007;23(11):1187–92.
57.ChangCB,YooJH,ChungBJ,SeongSC,KimTK.Oblique femoraltunnelplacementcanincreaserisksofshortfemoral tunnelandcross-pinprotrusioninanteriorcruciateligament reconstruction.AmJSportsMed.2010;38(6):1237–45. 58.LubowitzJH.Anteromedialportaltechniquefortheanterior
cruciateligamentfemoralsocket:pitfallsandsolutions. Arthroscopy.2009;25(1):95–101.
59.LinkoE,HarilainenA,MalmivaaraA,SeitsaloS.Surgical versusconservativeinterventionsforanteriorcruciate ligamentrupturesinadults.CochraneDatabaseSystRev. 2005;18(2):CD001356.