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Proteinograma do líquido cefalorraqueano na esquistossomose mansoni.

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Academic year: 2017

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PROTEINOGRAMA DO LÍQUIDO CEFALORRAQUEANO NA ESQUISTOSSOMOSE MANSONI

IVANILTON GALHARDO*; NAIDE GALHARDO**; A . SPINA-FRANÇA***

Scaff, Riva & Spina-França4

, mediante análise de casos de meningo-mielorradiculopatia esquistossomótica puderam atribuir papel importante à vasculite na gênese dos quadros observados, confirmando achados de Maciel Coelho & Abath 3

. Os fenômenos de vasculite resultam geralmente da disse-minação hematogênica de produtos oriundos da desintegração do parasita. O comprometimento da parede vascular pela reação inflamatória pode deter-minar modificações locais nas trocas entre o sangue e estruturas circunvizinhas.

Assim sendo, é de supor que as trocas entre o sangue e o líquido cefalor-raqueano (LCR) possam ser alteradas em decorrência de fenômenos vasculí-ticos que venham a ocorrer ao nível dos vasos da piaracnóide. Em conse-qüência, poderiam ocorrer modificações na composição do LCR por compro-metimento da barreira hêmato-liquórica.

Como podem ocorrer, na esquistossomose mansoni, modificações profundas do proteinograma do soro, suficientemente descritas a partir dos estudos de Fiorillo2

e de Cardoso 1

, e como são definidas as relações entre o proteino-grama do LCR e do soro em condições normais5

, foi testada, no presente estudo, a possibilidade de haver modificações do proteinograma do LCR na esquistossomose mansoni passíveis de ser atribuídas a comprometimento da barreira hêmato-liquórica.

M A T E R I A L E M É T O D O S

O p r o t e i n o g r a m a do L C R e do soro de 2 0 pacientes, c o n s e c u t i v a m e n t e observados com formas clínicas diversas de esquistossomose mansoni, sem sintomatologia patente de afecção do sistema nervoso foram estudados c o m p a r a t i v a m e n t e e na m e s m a ocasião.

T r a b a l h o d a C l í n i c a N e u r o l ó g i c a d a F a c . M e d i c i n a d a U n i v . d e S ã o P a u l o ( P r o f . H . M . C a n e l a s ) a p r e s e n t a d o a o I V C o n g r e s s o B r a s i l e i r o d e N e u r o l o g i a ( P o r t o A l e g r e , j u l h o - 1 9 7 0 ) : * m é d i c o - e s t a g i á r i o ; ** f a r m a c ê u t i c o e s t a g i á r i o ; * * * d o c e n t e .

Nota dos autores — P a r t e d a a p a r e l h a g e m u t i l i z a d a f o i c u s t e a r i a m e d i a n t e b o l s a

(2)

A concentração proteica total e o perfil proteico (eletroforese em papel) f o r a m

estudado s mediante técnicas anteriormente descritas e interpertados em relação aos valores normais registrados p a r a elas •' (*)

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N o p r o t e i n o g r a m a do soro foram o b s e r v a d a s as modificações classicamente des-critas: hiperproteinemia (13 casos) e h i p e r g a m a g l o b u l i n e m i a ( 1 9 c a s o s ) .

N o p r o t e i n o g r a m a do L C R f o r a m o b s e r v a d a s : hiperproteinorraquia (dois casos) e alterações do perfil proteico, dentre as quais sobressaia o a u m e n t o da globulina g a m a e m 1 0 casos (teores a c i m a de 1 4 % ) .

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alterada em 5 casos ( n o r m a l 0,8 — 1 , 2 ) ; para globulina beta relação alterada e m 8 casos, h a v e n d o diminuição e m 4 ( n o r m a l 1,4 — 2 , 1 ) ; para g l o b u l i n a g a m a relação alterada em 8 casos, h a v e n d o a u m e n t o em 4 ( n o r m a l 0,4 — 0 , 6 ) .

C O M E N T Á R I O S

Na caracterização de alterações do proteinograma do LCR devidas a mo-dificações da barreira hêmato-liquórica são bem definidos o aumento da rela-ção LCR/sôro de albumina (perfil tipo estase) e o aumento da relarela-ção L C R / soro para globulina gama. O aumento, neste último caso, osciía entre 0,6 e 1,0. Valores maiores são encontrados quando há produção local dessas globulinas como resultado de reações inflamatórias crônicas próprias ao sistema conti-nente do LCR. Para as globulinas alfa e beta a menor atividade da barreira hêmato-liquórica não pode ser suficientemente definida ainda, levando-se em conta os dados reunidos até o presente.

Dentro dos limites impostos por essas considerações verifica-se que dos 20 casos estudados, 6 apresentavam modificações do proteincgrama do LCR passíveis de ser interpretadas como secundárias a comprometimento da bar-reira hêmato-liquórica: três em que esta se caracterizava por aumento da relação albumina LCR/sôro (casos 2, 7 e 8); três em que se caracterizava por aumento da relação gama LCR/sôro (casos 6, 19 e 20).

Os dados apresentados permitem admitir, portanto, a hipótese de que na esquistossomose mansoni podem ocorrer modificações da barreira hêmato-li-quórica que podem levar a modificações do proteinograma do LCR.

Aceitando-se esta hipótese com base nos dados descritos verifica-se que nem sempre o aumento da gamaglobulinorraquia pode ser indicativo da vigên-cia de reação inflamatória leptomeningea desencadeada pela presença de ovos do Schistosoma mansoni. Favorável a esse ponto de vista é a mesma casuís-tica apresentada: dos 10 casos em que havia aumento do teor de globuli-nas gama no LCR a relação gama LCR/sôro era normal em 6. Nesses casos o comportamento da globulina gama não permite admitir a vigência de pro-cesso inflamatório leptomeníngeo nem de modificações da barreira hêmato--liquórica pois o aumento no LCR se encontrava dentro da proporção esperada para o aumento existente no soro (relação LCR/sôro entre 0,4 e 0,6). Dos restantes, em três (casos 6, 19 e 20) o aumento do teor de globulina gama no LCR pode resultar de modificações da barreira hêmato-liquórica. Em um paciente apenas (caso 17) é possível admitir a hipótese de haver reação infla-matória leptomeningea relacionada à forma nervosa da esquistossomose man-soni, pois nesse caso a relação gama LCR/sôro se encontrava acima da unidade.

R E S U M O

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últimas foram caracterizadas em 6 casos. Reações inflamatórias da parede vascular, passíveis de ser observadas na doença são apontadas como a possível causa de alterações da barreira hêmato-liquórica, por acometimento de vasos da leptomeninge.

O comportamento do teor de globulina gama no LCR encontrava-se au-mentado em 10 pacientes: em 6 o aumento era secundário ao aumento do teor no sangue; em três decorria de modificações da barreira hêmato-liquórica; em um era sugestiva de haver reação inflamatória leptomeníngea na possível dependência da esquistossomose mansoni.

S U M M A R Y

The cerebrospinal fluid proteins in schistosomiasis mansoni

The proteins of cerebrospinal fluid and blood sera were studied in 20 un¬ selected cases of schistosomiasis mansoni. It was found that the changes in the CSF protein fractions are secondary to the changes in the protein fractions of blood sera or result from damage of the blood — CSF barrier. This me-chanism explained the changes in protein fractions of CSF in 6 patients. The changes in the blood — CSF barrier were atributed to the impairment of leptomeningeal vessels due to vasculitis that may occur in schistosomiasis.

The gamma globulin content in the CSF was elevated in ten cases: in six it depended of high gamma globulin content in blood sera; in three it depended on changes in the blood — CSF barrier. In one patient the CSF gamma globulin content was suggestive of local inflammatory changes in the lepto¬ meninges, possibly dependent on schistosomiasis mansoni.

R E F E R Ê N C I A S

1 . C A R D O S O , W . — A s p r o t e í n a s s é r i c a s n a e s q u i s t o s s o m o s e f o r m a h e p a t o e s p l ê ¬ n i c a . M e d . C i r . F a r m . 2 4 9 : 2 7 , 1 9 5 7 .

2 . F I O R I L L O , A . M . — E s t u d o e l e t r o f o r é t i c o d a s p r o t e í n a s s é r i c a s n a e s q u i s t o s -s o m í a -s e m a n -s o n i f o r m a h e p a t o - e -s p l ê n i c a . T e -s e . S ã o P a u l o , 1 9 5 7 .

3 . M A C I E L , Z . ; C O E L H O , B . & A B A T H , G . — M i e l i t e e s q u i s t o s s o m ó t i c a ( S c h i s t o ¬

soma mansoni). E s t u d o c l í n i c o - p a t o l ó g i c o . A n . F a c . M e d . U n i v . R e c i f e 1 4 : 2 0 7 ,

1 9 5 4 .

4 . S C A F F , M . ; R I V A , D . & S P I N A - F R A N Ç A , A . — M e n i n g o m i e l o r r a d i c u l o p a t i a e s q u i s t o s s o m ó t i c a . A r q . N e u r o - P s i q u i a t . ( S ã o P a u l o ) 2 9 : 2 2 7 , 1 9 7 1 .

5 . S P I N A - F R A N Ç A , A . — E l e t r o f o r e s e e m p a p e l d a s p r o t e í n a s d o l í q u i d o c e f a l o r ¬ r a q u e a n o . R e v . p a u l i s t a M e d . 5 9 : 4 2 0 , 1 9 6 1 .

Referências

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