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A cultura carnavalesca em Porto Alegre: o espetáculo, a retórica e a organização da festa.

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Academic year: 2017

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A C

ULTURA

C

ARNAVALESCA EM

P

ORTO

A

LEGRE

:

O ESPETÁCULO

,

A RETÓRICA E A ORGANIZAÇÃO

DA FESTA

Ulisse s Cor r ê a D u a r t e*

Resumo

O

est udo pr et ende com pr eender a pr odução car navalesca no sul do Brasil, com enfoque na et nografi a r ealizada nas Escolas de Sam bas e nos r ecent es car navais de Por t o Alegr e. Analisa- se um ciclo de t ransfor m ações m at er iais e sim bólicas das ent idades pr odut oras da fest a e de seus gr upos dir et ivos, com pr oj et os volt ados às t ransfor m ações dos sig-nifi cados, das for m as de apr eensão e da cult ura car navalesca nest a cidade, cont ext ualizando com a for m ação sociohist ór ica da fest a. Os pr ocessos de t ransfor m ações m at er iais e o fabr ico do conceit o de espet áculo das Escolas de Sam ba de Por t o Alegr e com pr eendem est rat égias m obilizadas pelas inst it uições e gr upos car navalescos, no int uit o de desenvolver um m odelo de car naval que busque seus conceit os e valor es num a lógica m er cant il que o per passa e o t rans-for m a, pr oduzindo um a r et ór ica do espet áculo densam ent e explorada. Cot ej ar em os, no t ext o, um a análise de com o est a pr odução de sent idos engendrada no pr ocesso de espet acular ização em cur so est á for t em ent e r elacionada à possibilidade de superação do est igm a e à obt enção de pr est ígio social que per passam o car naval hist or icam ent e, em que as quest ões ét nicas e raciais, t am bém , fazem par t e do cont ext o de m udanças e dos debat es at uais na cidade.

Pa la v r a s- ch a v e : Car naval. Escola de sam ba. Cult ura car navalesca. Espet áculo. I dent idades;

Carnival culture in Porto Alegre: the spectacle, the rhetoric and the

organization of the party

Abstract

T

he aim of t his st udy is t o under st and t he pr oduct ion of Brazilian car nival in t he Sout h, focusing on et hnography r efl ect ed by t he Sam ba Schools in r ecent car nival parades in t he cit y of Por t o Alegr e. I t analyses a cycle of m at er ials and sym bolic changes in t he pr oducing ent it ies and t heir dir ect ive gr oups, w it h pr oj ect s aim ed t o change t he m eanings, for m s of appr ehension and of car nival cult ur e in t he cit y, cont ext ualizing it w it h t he socio- hist or ical for m a-t ion of a-t his evena-t . The pr ocesses of m aa-t er ial a-t ransfor m aa-t ion and a-t he consa-t r uca-t ion of a-t he concepa-t of t he spect acle of t he Sam ba Schools include st rat egies used inst it ut ions and car nival gr oups t o develop a car nival m odel t hat seeks concept s and values w it h a m er cant ile logic, pr oducing a densely explor ed r het or ic of t he spect acle. We analyze how t his pr oduct ion of m eaning engen-der ed in t he pr ocess of spect acular izat ion is st r ongly r elat ed t o t he possibilit y of over com ing t he st igm a and t he need for social pr est ige t hat per vade car nival hist or ically, w her e et hnic and racial issues ar e also par t of t he cont ext changes and of t he cur r ent debat es in t he cit y.

Ke y w or ds: Car nival. Schools of sam ba. Car nival Cult ur e. Spect acle. I dent it ies.

* Dou t or an d o em An t r op olog ia Social p elo Pr og r am a d e Pós- Gr ad u ação em An t r op olog ia

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Introdução

N

est e t rabalho, pr et ende- se enfocar as Escolas de Sam ba enquant o inst it uições sociais pr odut oras de noções e pr át icas volt adas à cult ura car navalesca no cot i-diano da cidade, e engaj adas na pr odução de um espet áculo segundo cr it ér ios próprios. O cont ext o das relações ent re as associações prom ot oras do carnaval de Port o Alegre será obj et o de m inhas preocupações. A part ir de um a abordagem ancorada na ant r opologia, ent endem os que os est udos volt ados às expr essões de um a cult ura carnavalesca não devem se rest ringir a um a delim it ação dos fenôm enos, reduzindo- os a um t ipo de análise r est r it a: sej a cult ural, econôm ica, or ganizacional, ent r e out ras. Mais do que ist o, ao analisar m os no t rabalho as t ransfor m ações na est r ut ura or ga-nizacional da fest a, est ar em os per cebendo um a r edefi nição do r eper t ór io conceit ual, dos signifi cados do car naval para os gr upos que o pr om ovem , e um a at ualização das disput as e dos consensos em t or no do que se considera legít im o para a pr odução de um a grande fest a. Considerar em os na análise, o desfi le anual das Escolas de Sam ba e os event os que o pr ecedem no calendár io car navalesco.

Analisar com r igor o desfi le de um a Escola de Sam ba dem anda a não separação e r edução das esferas de análise a apenas um a das possibilidades de enfoque. A pr o-dução da cult ura car navalesca que ser á apr esent ada est á com plexam ent e int r incada com as for m as de or ganização, de t r ocas m onet ár ias e sim bólicas, das for m as de ad-m inist ração das associações, e das análises de pot encial econôad-m ico e polít ico no seio dessas ent idades e ent r e os indivíduos ligados às esferas adm inist rat ivas do car naval. Est e t ext o t em com o base um a et nografi a produzida, para o m est rado em ant ro-pologia social1, em algum as associações car navalescas da cidade de Por t o Alegr e nos

anos de 2010 e 2011 ( as Escolas de Sam ba2) e na Associação das Escolas de Sam ba

de Por t o Alegr e e do Rio Grande do Sul ( Aecpar s) , inst it uição que t em por obj et ivo a or ganização e adm inist ração dos pr incipais event os dessas ent idades. Tam bém ser á analisada com o a inauguração de um local exclusivam ent e dest inado aos bar racões e aos desfi les das Escolas de Sam ba de Por t o Alegr e em 2004, o Com plexo Cult ural Por t o Seco, se const it uiu com o um m ar co nas t ransfor m ações do car naval da cidade, na pr át ica e no discur so.

As noções e cat egor ias m ais r elevant es at ualm ent e, r elacionadas a um pr oj et o de carnaval baseado na valorização e na busca por um a at ualização da organização das associações, no que cham o de r et ór ica do espet áculo, ser ão apr esent adas. Par t indo de um a análise de com o esses indivíduos envolvidos na pr odução car navalesca com -pr eendem e -pr oduzem t ais cat egor ias, sensos e sent idos sobr e a fest a, analisar em os o ciclo de dem andas e r eor denações do car naval. Qual o signifi cado da fest a e das ações para os indivíduos ligados à Associação das Escolas de Sam ba, nos esfor ços para o est abelecim ent o dos cr it ér ios encont rados na im posição dest a lógica em pr e-sar ial acionada? Com o se est abelece a afi r m ação da cat egor ia densam ent e explorada de espet áculo?

No fi nal do capít ulo, ent enderem os com o a produção carnavalesca port o alegren-se, for t em ent e at ent a às novidades e ao r eper t ór io sim bólico das pr est igiadas Escolas de Sam ba do Rio de Janeir o, est abelece at ualizações de conceit os e apr opr iações das pr át icas t ranslocais no cot idiano dessas ent idades, consolidando a ideia da exist ência do que cham o de par adigm a car ioca. Dest acar em os, nas considerações fi nais, com o o pr ocesso de espet acular ização est á for t em ent e engaj ado nas polít icas para a su-peração do est igm a social da fest a na cidade. O car naval com o event o associado à ident idade ét nica local per m it ir á novas per spect ivas e abor dagens nas suas ar enas de discussões, a par t ir das r edefi nições sobr e o espet áculo apr esent adas nest e t rabalho.

1 DUARTE, 2012.

2 Minha et nogr afi a t eve com o base o t r abalho de cam po em duas Escolas de Sam ba em Por t o Alegr e:

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O Carnaval Porto Alegrense na História e a

Atual Economia do Espetáculo

A fest a car navalesca das Escolas de Sam ba de Por t o Alegr e vem se m ost rando duradoura no t em po, com longa t radição de desfi les e de ent idades – algum as delas chegam a um a m arca de m ais de 60 anos de fundação – prom ovendo int ensas t rocas e r edes de r elações sociais num cir cuit o bast ant e m ovim ent ado, que se est ende durant e boa par t e do calendár io anual, com seu ápice ent r e os m eses de out ubr o a m ar ço.

O carnaval de Port o Alegre rem et e suas origens à fundação da cidade, no longín-quo ano de 1772. Os casais de açor ianos fundador es do “ Por t o dos Casais” ( pr im eir o nom e do m unicípio) prat icavam as com em orações do ent r udo3 na dat a car navalesca

( KRAWCZYK; GERMANO; POSSAMAI , 1992) . Os ciclos que m ar caram as for m as de br incar o car naval, e as t ransfor m ações que o car naval de Por t o Alegr e passou, com o do ent r udo aos bailes nos salões e Grandes Sociedades, dos desfi les de pr ést it os aos cordões e blocos, são bast ant e sim ilares aos processos de t ransform ações que aut ores clássicos do carnaval carioca j á propuseram para analisar a fest a nessa cidade ( PEREI RA DE QUEI RÓZ, 1999) . Por t o Alegr e era um a das capit ais de pr ovíncias brasileiras com grande par t icipação da população nos fest ej os car navalescos.

Marcus Vinícius Rosa ( 2008) nos dem onst rou com o o carnaval popular da cidade foi est abelecido na fr ont eira sim bólica ent r e negr os e brancos. A fest a nas décadas de 1930 e 40 com punha um dos sím bolos disponíveis para a int egração das m assas à nação, nos processos polít icos de nacionalização do governo Vargas, apropriando- se do sam ba desenvolvido na capit al federal com o m arca diacrít ica do negro a ser valorizado no sul do país. As elit es da cidade, pr om ot oras do car naval dos séculos ant er ior es, se m ant iveram à par t e dest e pr ocesso e pr om overam um a for t e est igm at ização da fest a. Os espaços ur banos da pr át ica do car naval popular foram sendo det er iorados pelas sucessivas r efor m as ur banas ( nas r egiões das ext int as I lhot a e da Colônia Afr icana; e nos bair r os Cidade Baixa e Cent r o) , além da for t e r epr essão policial e de um a im -pr ensa vigilant e da or dem pública nos per íodos de r ealização da fest a car navalesca.

O carnaval popular de Port o Alegre, no desenrolar do século XX, foi desenvolvido, quase r est r it am ent e, por gr upos popular es e negr os, pr om ovendo um a associação duradoura dessas populações ao sam ba, suas inst it uições e seus desfi les no car na-val. I st o pr om oveu o dist anciam ent o e a desconfi ança aos olhos da m aior par t e das cam adas m édias da cidade. O car naval, com o fest a popular nacional, não se int egr ou efet ivam ent e ao cenár io cult ural hegem ônico da cidade com o sím bolo dest acado. Ainda nos dias de hoj e, é pouco valor izado ou explorado com o um pont o dest inado ao t ur ism o ou um sím bolo cult ural a ser conhecido e pr est igiado, per m anecendo com o r et rat o fi el do desconhecim ent o e pr econceit o de algum as cam adas da população.

At ualm ent e, são par t icipant es 16 Escolas de Sam ba de Por t o Alegr e e m ais nove Escolas de Sam ba da r egião m et r opolit ana4 na disput a com pet it iva. Apesar da

est im ulant e hist ór ia e da infl uent e adesão que se pode encont rar em nar rat ivas e do-cum ent os que cont am o car naval de Por t o Alegr e5, int r insecam ent e ligado à hist ór ia

3 Jogos de suj eir a pr ovenient e dos Açor es, Por t ugal. Br incadeir a que envolvia gr upos ou fam ílias, num a

‘guer r a’ car navalesca r egada a bebidas alcoólicas, cor r er ias, per seguições e, às vezes, algum t ipo de violência ( VALENÇA, 1996, p.13) .

4 As Escolas de Sam ba que, em 2012, par t icipar am de um a das t r ês divisões do car naval de Por t o

Alegr e, for am as seguint es ( quando a Escola não for sediada em Por t o Alegr e, indicar ei ent r e par ên-t eses o nom e da cidade da r egião m eên-t r opoliên-t ana) : no Gr upo Especial – Esên-t ado Maior da Resên-t inga; I m pér io da Zona Nor t e; I m per ador es do Sam ba; União da Vila do I api; I m per at r iz Dona Leopoldina; Vila I sabel ( Viam ão) ; Acadêm icos de Gr avat aí ( Gr avat aí) ; Em baixador es do Rit m o; Bam bas da Or gia; Academ ia de Sam ba Pr aiana. No Gr upo A – I m pér io do Sol ( São Leopoldo) ; I m per at r iz Leopoldense ( São Leopoldo) ; Unidos do Guaj uvir as ( Canoas) ; Pr ot egidos da Pr incesa I sabel ( Novo Ham bur go) ; Acadêm icos de Nit er ói ( Canoas) ; Unidos da Vila Mapa; Sam ba Pur o. No Gr upo de Acesso – Realeza; Filhos da Candinha; Apit o de Our o ( Tapes) ; União da Tinga; Copacabana; Acadêm icos da Or gia; Unidos do Capão ( Sapucaia do Sul) .

5 Um int er essant e livr o de nar r at ivas que cont am a hist ór ia do car naval por t o alegr ense nas m em ór ias

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da cidade desde sua fundação, a im por t ância do car naval passa desper cebida fora dos cir cuit os car navalescos.

Ent endem os a cult ura carnavalesca6 com o as form as de part icipação e

iden-t ifi cação dos indivíduos com a produção e o consum o do carnaval em Poriden-t o Alegre. Sabem os que cada ent idade se organiza de form a diferent e, que exist em os sím bolos part iculares em cada um a delas ( cores, bandeira, noções com part ilhadas) e, sobret u-do, a com pet ição ent re elas no carnaval, que infl am a as rivalidades, os confl it os e as crises ent re as Escolas. Mas há m ais do que ist o. Há m em órias em com um e grandes narrat ivas com part ilhadas por indivíduos que const roem colet ivam ent e o passado da fest a ( HALBWACHS, 2006) . Há um a fi delização das fam ílias e das redes de indivíduos que est ão, int rínseca e hist oricam ent e, ligadas ao carnaval e aos seus est ilos de vida. E há um a ínt im a relação na const rução da ident idade negra na cidade pelo e no carna-val, produzindo, assim , os frequent es discursos sobre a fest a enquant o cult ura negra.

Os indivíduos que part icipam at ivam ent e nas Escolas de Sam ba, m esm o apenas esporadicam ent e com o espect ador es no car naval, são conhecidos por car navalescos. O t er m o “ car navalesco”, na cidade de Por t o Alegr e, t em duas acepções ( GUTERRES, 1996) : t odo o indivíduo envolvido com o car naval, em qualquer nível de inser ção, desde dir igent es das Escolas aos dest aques, ou apenas os sim pat izant es e espect a-dor es da fest a. Por out r o lado, pode t am bém signifi car o pr ofi ssional r esponsável por t oda a idealização e o desenvolvim ent o do enr edo nos elem ent os plást icos fabr icados no bar racão, em sum a, as alegor ias e fant asias.

I nt er essant e r essalt ar que, nos car navais do cent r o do país, not avelm ent e no Rio de Janeir o, o t er m o car navalesco cor r esponde, exclusivam ent e, ao pr ofi ssional de bar racão, o pr ofi ssional r esponsável pela pr odução plást ica do desfi le da Escola ( alegor ias e fant asias) . Ent endo que ist o pode se desdobrar num a im por t ant e int er-pr et ação. O car naval car ioca, com o um event o com par t ilhado e elevado a ícone na cidade, é sim bolicam ent e represent ant e de um a cult ura local e que diz respeit o a t odos os indivíduos, par t icipant es ou não da fest a. Exist e out r o t er m o nat ivo para classifi car os gr upos dir et am ent e envolvidos num est ilo de vida a par t e, os “ sam bist as”, que não necessar iam ent e cor r espondem ao cir cuit o das agr em iações do car naval car ioca, que não possui um a cat egor ia que englobe as at ividades r est r it as às Escolas de Sam ba em específi co. Enquant o em Port o Alegre, gost ar ou part icipar do carnaval é um a form a de com par t ilhar e ident ifi car- se com um a for m a cult ural que expr essa pr át icas r est r it as a um univer so de pessoas em com um . Assim , “ ser car navalesco” é ent endido com o um a adesão a um dos gr upos sociais ur banos exist ent es, que desenvolve laços e r e-lações sociais delim it adas, com o m ar ca de dist inção a out r os gr upos e est ilos de vida. José Luís Azevedo, coor denador geral do car naval de Por t o Alegr e desde 2010, é pr ovenient e do Rio de Janeir o, onde desenvolveu t rabalhos em vár ias Escolas de Sam ba, em especial na Mocidade I ndependent e de Padr e Miguel. Trabalhou por anos a fi o na RioTur ( Em pr esa de Tur ism o do Município do Rio de Janeir o) , ór gão público que é copar t icipant e da or ganização e divulgação do car naval. Além dist o, t em na bagagem a exper iência de t er sido assessor de im pr ensa e o coor denador do car naval car ioca. Tam bém t eve passagens no car naval de São Paulo e Macapá, onde par t icipou do pr ocesso de const r ução do sam bódr om o no fi nal da década de 1990.

Zé Luís, com o é cham ado, foi cont rat ado pela inst it uição m áxim a do car naval port o alegrense, a Aecpars7, responsável pela organização dos desfi les, do regulam

en-6 É im por t ant e colocar as devidas r essalvas à noção t r abalhada de cult ur a car navalesca. Cer t am ent e,

não a ent endem os com o cont endo pr opr iedades fechadas e fi xas, nem que r ecor t e um gr upo de pes-soas delim it adas em cont r apont o a out r as for m as de sociabilidades e ident idades. Acr edit am os que há indivíduos que com ela se relacionam e const it uem sist em as de signifi cados próprios aos seus cont ext os sociais e às for m as de par t icipação. Est a cat egor ia oper acional não pr et ende delim it ar as var iações de classe, et nias, dist âncias geogr áfi cas e out r as for m as de apr opr iação e adesão a est e per t encim ent o. Ut ilizam os est a cat egor ia com pr et ensões m ais fl uidas, no int uit o de t ecer e const r uir apr oxim ações de algum as singular idades ent r e o gr upo de pessoas que, de algum a for m a, par t icipa da fest a, e dela pr oduz suas pr incipais r elações de sociabilidade.

7 A Aecpar s é a pr incipal pr om ot or a do event o e sua dir eção é eleit a pelos pr esident es das Escolas de

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t o, do calendár io anual de event os, das negociações com a im pr ensa e com os ór gãos públicos. Ant es de ocupar o car go, Zé Luís acom panhava o car naval de Por t o Alegr e m esm o a dist ância, sem nunca t er est ado present e na cidade. Ele surpreendeu- se com a signifi cat iva quant idade de pessoas envolvidas diret a e indiret am ent e no carnaval da cidade, e consolida a ideia de que “ Por t o Alegr e t em m at er ial hum ano para o car naval. Têm sam bist as8. Além dist o, Zé Luís com em ora o bom cont ingent e de crianças e j ovens

nas quadras e nas posições de dest aque nas Escolas de Sam ba, com o os “ r it m ist as” da bat er ia, e as “ m ulat as”, nom e dado as alas fem ininas dest inadas à apr esent ação da dança do sam ba. I st o o faz r essalt ar, que haver á r enovação de par t icipant es e do público do car naval para os pr óxim os anos.

O sur pr eendent e “ m at er ial hum ano” vist o por pessoas de fora pode est ar liga-do às for m as com o os gr upos car navalescos de Por t o Alegr e vivenciam a fest a. Não apenas com o um m om ent o r it ual, m as com o um a adesão int egral ao est ilo de vida e às for m as de per t encim ent o ao m undo car navalesco. Ut ilizar em os o conceit o de m undo car navalesco a par t ir da t eor ia do cam po de Bour dieu ( 2010) . Ele pode ser explicado com o o espaço social r elat ivam ent e aut ônom o e com r egras pr ópr ias que o condicionam , e que nele com pr eendem as r elações ent r e posições sociais e os capit ais sim bólicos dos indivíduos nas r elações e nas disput as r elat ivas a esse espaço.

O car naval é vivenciado cot idianam ent e por um grande gr upo de pessoas que const r ói na fest a sua r elação com a cidade, suas r edes de am izade, com padr io e fam i-liares ( GUTERRES, 1996) . São fort es as front eiras sim bólicas const ruídas e a alt eridade cult ural dos gr upos car navalescos em r elação a out r os gr upos sociais, num am bient e ur bano que é inóspit o ao seu cult ivo e considerado não r epr esent at ivo da cult ura popular do Est ado, com o é, por exem plo, o t radicionalism o gaúcho. A invisibilidade e a r ej eição à fest a pr oduzem , com o cont rapont o, um efi caz com pr om et im ent o e um a for t e r eivindicação de sua legit im idade por seus par t icipant es.

Nos últ im os anos, Zé Luís considera que alguns passos foram dados para o apr endizado dos dir igent es das Escolas de Sam ba quant o à quest ão da “ qualifi cação da adm inist ração do espet áculo carnavalesco”. O que pôde ser vist o, ouvido e debat ido em cam po, com m uit a facilidade, sobr e o car naval at ual de Por t o Alegr e, faz par t e dest as páginas que analisam a angúst ia car navalesca pela “ evolução” da fest a. Com o quer Zé Luís, o car naval é pensado com o um a t ransfor m ação “ de ideias, de conceit os, de pr át icas e de qualifi cações”. I st o pode t razer um novo pat am ar para o car naval de Por t o Alegr e e, sucessivam ent e, o incr em ent o de um novo público? Um a quebra no pr econceit o, um a guinada para um novo m om ent o, de pr est ígio e r elevância social? Nist o ele é t axat ivo:

O car naval não é m ais aquele m ont e de cr iolinho que se j unt aram para fazer bar u-lho não. É um a out ra hist ór ia. Hoj e nós som os for m ador es de novos pr ofi ssionais e gerador es de r enda. Ent ão, eu vej o, a m inha expect at iva é que a gent e vai t er um cr escim ent o na m esm a pr ogr essão do de 2010. I st o signifi ca que 2010 não é m ais par âm et r o para 2011. E esper o que 2011 não sej a par âm et r o para 2012. ( José Luís Azevedo, coor denador geral, ent r evist a em 25/ 02/ 2011) .

Com o na fala r egist rada por Zé Luís acim a, podem os per ceber que o car naval de Por t o Alegr e passa, at ualm ent e, por um a pr ova, um m om ent o de r efl exão sobr e o que ele signifi ca e de que for m a ele deve ser ent endido. Ao r efor çar sua visão de que o car naval não possa ser m ais considerado com o um a fest a espont ânea, am adora e pouco planej ada, ele im põe a necessidade de se pensar a fest a enquant o um r ot eir o det alhado de ações e papéis a serem cum pridos num esquem a profi ssional, orquest ra-do de for m a or denada, com foco no apor t e econôm ico e adm inist rat ivo. Em sum a, o car naval, na fala desses int er locut or es, pr et ende se est abelecer com o um espet áculo, defi nição generalizável e polissêm ica que engloba t odas as iniciat ivas para a consoli-dação de um a fest a m oder na, que com por t a dim ensões m últ iplas int er r elacionadas: o público que os vê e aquele que com par t ilha a pr odução de um a ident idade em com um ligada a um a com unidade afet iva; os que fazem e aqueles que par t icipam com o es-pect ador es; a r ádio e a t ransm issão da t elevisão que o caract er iza com o um pr odut o

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cult ural; a dim ensão econôm ica ( por que com por t a pr odut os que vendem ) ; as r egras cada vez m ais racionalizáveis com o advent o de novas t ecnologias e de pr essões por pr ecisão no j ulgam ent o ( DAMO, 2005) .

Os desfi les e os event os pr om ovidos pelas Escolas de Sam ba nos per m it em pensar na busca que se apr esent a com o necessár ia e inadiável pelos seus dir igent es, de um pr oj et o que cont em ple um a t ransposição dos conceit os e m ét odos buscados nas ár eas da econom ia e da adm inist ração, para o for t alecim ent o de um pr odut o a ser m ais bem est abelecido socialm ent e, e m elhor explorado. Com o o car naval baiano, apr esent ado por Oliveira ( 1996) , que t eve seus ar ranj os inst it ucionais r enegociados nas últ im as décadas do século XX, num a confi guração que r eúne os ar t ist as e seus gr upos pr odut or es, o poder público e os visit ant es, am pliando as discussões em t or-no da dim ensão econôm ica e em pr esar ial da fest a, or-no que o aut or com pr eende por car naval- negócio. A fest a t or na- se um pr odut o a ser r epr oduzido t ecnicam ent e, e consum ido com o m ais um a dent r e as for m as de lazer ofer t adas e elencadas por um a indúst r ia cult ural m oder na9, em busca de um a padr onização est ét ica e um a m er

can-t ilização incessancan-t e ( ADORNO, 2002) .

Renat o Ort iz ( 1994) analisou o desenvolvim ent o da indúst ria cult ural no Brasil e de com o seu proj et o de m odernização est eve ligado à est rut ura social da época. No seu exem plo, o rádio enquant o m eio de com unicação e ápice de um a indúst ria cult ural em ergent e, na década de 1930, era produzido por um grupo de am adores com pouca especialização e expert ise t écnica, passando ent ão a ser reconfi gurado com o advent o da lei da propaganda e do cont role do t em po, com a especialização dos profi ssionais na divisão das t arefas e o cont role sobre o público e a audiência. I nt eressant e observar, no est udo de Ort iz ( 1994) , que a m odernização das rádios, assim com o dos j ornais e, m ais t arde, o advent o da t elevisão acont ecem num a sociedade ainda m arcada por inst it uições sociais não m odernas e de carát er fort em ent e t radicional; com os pilares da dem ocracia liberal assent ados t im idam ent e e num m ercado pouco desenvolvido para o set or da inform ação. Assim , a m odernização dos m eios de com unicação foi consolidada num a sociedade pouco m oderna, com censura prévia, baixos índices de acesso à com unica-ção, baixo poder aquisit ivo de m aior part e da população e baixo índice de escolaridade.

A ret órica do espet áculo arquit et ada pelos carnavalescos, assim com o as recent es t ransform ações da fest a podem ser pensadas analogam ent e ao est udo de Ort iz ( 1994) , considerando os difer ent es pr ocessos e épocas; com o t ent at ivas de m oder nização da fest a ant es m esm o da valor ização da cult ura car navalesca com o opor t unidade de um m er cado at raent e no cam po da econom ia e do t ur ism o na cidade, ist o aos olhos do poder público e das classes m édias, cont rapost os à cr ença dos car navalescos. A m anut enção de um m er cado de bens cult urais e de t r ocas econôm icas no car naval, ainda não se dem onst ra consolidado e aut osufi cient e sem os subsídios m unicipais para as Escolas de Sam ba, garant idos por lei m unicipal10. As r elações inst it ucionais de

pat r ocínio e r et or no ent r e Escolas de Sam ba e em pr esas pr ivadas ainda é incipient e. Ent endem os que est udar o car naval de Por t o Alegr e é pr ocurar est abelecer e r efl et ir sobr e os paradoxos de um a fest a que t em ót im os índices de audiência na t elevisão, por ém pouco valor izada por par t e da população. Fest a que necessit a de pat r ocínio público, ao m esm o t em po em que dem anda um a pr odução discur siva, en-t r e seus dir igenen-t es, de valor ização de conceien-t os ar en-t iculados e en-t ransposen-t os do m undo dos negócios, at r elados aos discur sos baseados na im por t ância hist ór ico cult ural do car naval para a cidade.

No cont ext o car navalesco at ual, se consolida o apr endizado e as m obilizações do que podem os cham ar de a econom ia do espet áculo, ou sej a, a confi guração das ações e pr át icas dos gr upos sociais em disput a, num a ar ena de r elações coexist ent es ( econôm icas, polít icas, cult urais e sociais) int r incadas em r edes de sent idos, valor es

9 O car naval de Por t o Alegr e é t r ansm it ido ao vivo e na ínt egr a par a t odo o Rio Gr ande do Sul na

sext a- feir a e no sábado de car naval pela RBS TV ( sucur sal da Rede Globo de t elevisão nest e Est ado) . Segundo a ger ent e de pr odução da em issor a, Alice Ur bim , o car naval de Por t o Alegr e super a t odas as expect at ivas de audiência e se const it uiu num dos r ecor des da pr ogr am ação r egional anual da em pr esa ( ver em os adiant e) .

10 Lei Municipal 6.619 de 1990 t or na ofi cial o car naval de Por t o Alegr e com a gar ant ia de pat r ocínio

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e t r ocas num det er m inado cont ext o, e num dado per íodo abor dado, para a pr odução do que se ent ende por um espet áculo m oder no ent r e seus pr incipais idealizador es. Nas pr óxim as páginas, analisar em os com o a inauguração de um Com plexo Cult ural dest inado à produção carnavalesca, possibilit ou um a reconfi guração do carnaval com o fest a por t o alegr ense a ser valor izada e legit im ada.

A Era “Porto Seco” nos Desfiles das Escolas

de Samba e a Retórica do Espetáculo

É com cert a frequência que ouvim os, no m undo carnavalesco port o alegrense, a ideia de que a fest a passa por profundas alt erações na est rut ura física e sim bólica do event o e nas organizações int ernas das Escolas de Sam ba. A m udança m ais signifi cat iva após a virada do século XXI foi a do local dos desfi les em 2004. Est a m udança alavancou t odo um processo de nova form at ação do carnaval de Port o Alegre. At é o ano de 2003, o carnaval era realizado na Avenida August o de Carvalho, nos lim it es do Cent ro da ci-dade com o bairro Praia de Belas. As arquibancadas eram const ruídas provisoriam ent e ano a ano, e o m ais im port ant e, não havia os espaços sedes para as Escolas de Sam ba ut ilizarem com o barracões nas m ont agens das alegorias e no fabrico das fant asias e adereços. I st o correspondia a um a série de difi culdades para as Escolas, desde o alu-guel de usinas ou galpões em regiões longínquas e com pouca est rut ura física para o t rabalho dos cont rat ados ( falt a de água, banheiro e cozinha) , at é a difi cult osa logíst ica de t ransport e das alegorias arm adas nos dias ant eriores ao desfi le. Não raro, eram m ais de 10 quilôm et ros de deslocam ent o, dependendo do local alugado. I st o correspondia a sérios problem as t écnicos no desfi le, com o avariações ou quebras das alegorias devido aos percalços no t raj et o de t ransport e – devido à fi ação pública dos post es e às ruas est reit as – a possível chuva, danosa aos m at eriais aplicados, e a falt a de segurança para as alegorias ao ar livre, am eaçadas por furt os e sabot agens.

A dem anda por um sam bódr om o que at endesse à exigência de um lugar com -pat ível e confor t ável para at ender ao público, além de um espaço que garant isse a possibilidade de cada Escola de Sam ba t er seu pr ópr io bar racão, era dem anda ant iga do car naval de Por t o Alegr e. Foram inúm eras m obilizações na década de 1990 pela const r ução do sam bódr om o no Par que Mar inha, pr óxim o ao local dos desfi les na épo-ca ( na or la do Rio Guaíba) . Durant e a defi nição do loépo-cal disponível para a const r ução do sam bódr om o, exist iu um a cont enda j udicial com a “Associação de Morador es do Bair r o Menino Deus11”, que não aceit ava a possibilidade da const r ução do Com plexo

nest e espaço, devido a supost os pr oblem as com bar ulho, depr edações e aum ent o da violência, segundo a ver são com par t ilhada por m uit os car navalescos envolvidos na disput a. Out r o local possível para const r ução do sam bódr om o era o bair r o Hum ait á, num a ár ea pr óxim a à BR- 101, que hoj e é ocupada pelas obras do novo est ádio do clube de fut ebol Gr êm io Foot - Ball Por t o Alegr ense. Com o apont a um a m at ér ia no j or nal “ Cor r eio do Povo” em 2002:

( ...) os carnavalescos da Capit al prot est aram cont ra as indefi nições em t orno da fut ura pist a de event os, int erpret ada com o a ‘vizinha indesej ável’ por m uit as com unidades. No bair r o Hum ait á, a divisão de opiniões é expr essa pelos m orador es e apar ece em faixas e cart azes nas ent radas de prédios residenciais e est abelecim ent os com erciais. Para os car navalescos, t rat a- se de pr econceit o. Já as com unidades que se opõem ao pr oj et o alegam necessidades m aior es, com o equipam ent os de saúde, segurança e educação. A r esist ência t em vár ias j ust ifi cat ivas, que passam pelo m edo de ar r uaças at é a r e-pulsa pelo som dos cavaquinhos e caixet as. Em razão das indefi nições, a secr et ár ia subst it ut a do Planej am ent o Municipal, Cláudia Dam asio, pr efer e não ar r iscar qualquer opinião sobr e o início do pr ocesso de const r ução do sam bódr om o por t o- alegr ense. Afi nal, o local de inst alação é ainda um a incógnit a. Novos est udos ser ão r ealizados. É possível que, em m ar ço, o Conselho Municipal de Desenvolvim ent o Ur bano Am bien-t al possa ‘babien-t er o m ar bien-t elo’ em bien-t or no dessa quesbien-t ão polêm ica. ‘A falbien-t a de aceibien-t ação

11 O “ Menino Deus” é um conhecido bair r o de cam adas m édias e alt as de Por t o Alegr e, sit uado pr óxim o

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da com unidade r esident e no ent or no das ár eas analisadas é o pior ent rave’, j ust ifi ca Cláudia. ( CORREI O DO POVO, 2002) .

No ano seguint e, a pist a de event os com eçou a ser const r uída, não no cent r o da cidade com o esperado pelos carnavalescos, m as no ext rem o nort e do m unicípio, num a ár ea conhecida com o “ Por t o Seco” , devido à localização num a r egião de incont áveis em presas de t ransport e de cargas. A const rução do Com plexo Cult ural Port o Seco surgiu com o um pont o de discussão em r elação a um a pr et ensa m ar ginalização do car naval, devido a sua t ransfer ência para r egiões r em ot as e subur banas da cidade ( a cer ca de 15 quilôm et r os do Cent r o Hist ór ico) , o que r efor çar ia o ar gum ent o da est igm at ização da fest a pelas cam adas m édias e alt as por t o alegr enses, j á bast ant e discut ido por diver sos aut or es ( GERMANO, 2010; GUTERRES, 1996; ROSA, 2008; SI LVA, 1993) .

O Com plexo Cult ural Port o Seco com preende um a grande área m unicipal de Port o Alegre, no bairro Rubem Bert a, com post o por um conj unt o de quinze barracões dest ina-dos à const rução de carros alegóricos e um a pist a de desfi le de cerca de quat rocent os m et ros. O proj et o inicial com preendia a const rução de arquibancadas fi xas para a pist a de desfi le, com a capacidade de inst alar, aproxim adam ent e, quarent a m il espect adores nos event os ofi ciais do calendário m unicipal e est adual. Os t rês event os m ais im por-t anpor-t es da cidade seriam lá sediados: o carnaval, o desfi le m ilipor-t ar de sepor-t e de sepor-t em bro ( independência do Brasil) , e o desfi le da Sem ana Farroupilha, de 20 de set em bro, fest a t radicionalist a regional. Com o os desfi les dos m ilit ares e t radicionalist as nunca saíram do Cent ro da cidade, o Com plexo Cult ural const ruído para os m ais variados event os se t ransform ou no local específi co e exclusivo do carnaval de Port o Alegre, o sam bódrom o. Por out r o lado, o Por t o Seco pr opor ciona um a est r ut ura física saudada por par t e dos car navalescos, pr incipalm ent e ent r e os t rabalhador es dos bar racões, com o um local desej ável às condições de t rabalho e com pat ível ao t ão esperado “ cr escim ent o” do espet áculo. O Com plexo Cult ural de Por t o Alegr e é considerado, por m uit os visi-t anvisi-t es de ouvisi-t r os Esvisi-t ados, um dos m elhor es com plexos de bar racões do Brasil, devido a sua condição de t er os bar racões e a pist a de event os localizados na m esm a ár ea.

O fat o é que o Por t o Seco t ransfor m ou as pr oduções dos desfi les das Escolas de Sam ba da cidade e, t am bém , o r egulam ent o, as for m as de desfi le e as dim ensões das alegor ias e fant asias. Junt o com o Por t o Seco, veio um a nova expect at iva de m u-dança do car naval de Por t o Alegr e, de fest a r ej eit ada e for t em ent e invisibilizada por m uit os gr upos da cidade, para um pr oj et o de grande espet áculo, com possibilidades de ar r ebat ar pr est ígio e r eper cussão pública. O Com plexo t r ouxe a per spect iva de m udanças paulat inas, a possibilidade de um a nova era para as Escolas de Sam ba. I st o pode ser const at ado num a cr escent e m udança de r eper t ór io nas noções sobr e a cult ura car navalesca nas esferas adm inist rat ivas das ent idades. Foram incor porados nos discur sos e nos debat es a r espeit o da fest a t er m os ant es pouco ut ilizados, com o “ m oder nização”, “ planej am ent o”, “ com er cialização”, “ or ganização”, “ pr odut o”, “ espe-t áculo”, “ pr ofi ssionalização” eespe-t c. Conceiespe-t os esespe-t es que hoj e fazem par espe-t e do r eper espe-t ór io dos gr upos dir et ivos das Escolas de Sam ba, com o vim os na fala de Zé Luís.

Cer t am ent e, no m undo car navalesco, m uit os dos conceit os m obilizados fazem par t e de um ar senal r et ór ico ut ilizado com o est rat égia discur siva, pr incipalm ent e pelos dir igent es das ent idades. E m ais do que ist o, m uit o do que é incor porado ao r eper t ór io discur sivo não é possível de ser m edido nas ações pr oduzidas pelas esfe-ras de or ganização e adm inist ração das Escolas, apesar de não ser o obj et ivo dest e t rabalho, a avaliação dir et a das ações e pr át icas dos gr upos est udados12. Se há um a

12 O int uit o do t r abalho não é de r efut ar ou avaliar em que gr au de espet acular ização se encont r a a

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for t e pr odução sim bólica, há um int er essant e cam po de pr át icas passíveis de ser em analisadas. Est a t ransfor m ação discur siva que opera no cam po car navalesco é, indis-cut ivelm ent e, m uit o r elevant e para se ent ender a pr odução m at er ial e sim bólica do at ual car naval de Por t o Alegr e.

A pr odução de um a fest a que super e a t ão conhecida t ese no m undo car nava-lesco de que “ se faz car naval de nós para nós m esm os” par ece que se est abelece na per spect iva de um a t ransfor m ação da fest a num espet áculo para ser vist o, vivenciado e com er cializado para além de seus pr om ot or es.

Font e: fot o do aut or, em 04/ 03/ 2011.

I m a ge m 1 – V isã o in t e r n a do ba r r a cã o da Un iã o da V ila do I a pi, n o Com ple x o Cu lt u r a l do Por t o Se co,

n a s v é spe r a s do de sfi le de ca r n a v a l de 2 0 1 1

I m a ge m 2 – Abr e a la s n o in ício do de sfi le da Est a do M a ior da Re st in ga ,

n o ca r n a v a l de 2 0 1 1 . A Escola se sa gr ou ca m pe ã h om e n a ge a n do a

Áfr ica do Su l de M a n de la

Font e: fot o do aut or, em 25/ 02/ 2011.

Est udar as cat egor ias sociais car navalescas abrangidas pelo pr ocesso de

espe-t acular ização do car naval nos possibiliespe-t a lidar com conj unespe-t os de sím bolos que vão ser

ut ilizados pelos indivíduos em suas int erações e pr át icas cot idianas nesses event os. Tais cat egor ias ar t iculam exper iências com uns em t radições e valor es j á consolidados, m as em const ant e at ualização. No per íodo dest acado por nosso est udo, a pr odução do car naval de 2011, m enos de um a década após o advent o do Por t o Seco, vem os em const r ução um pr oj et o de t ransfor m ação pr ofunda por par t e dos dir igent es das m aior es Escolas de Sam ba.

O pr oj et o de consolidação do car naval espet áculo, segundo cr it ér ios nat ivos, pode ser analisado nas ações pr om ovidas pela Associação das Escolas, na or gani-zação e r efl exão sobr e o car naval da cidade, e na r et ór ica dos seus dir igent es – na elaboração de conj unt os sim bólicos que os expr essem e os posicionem nest e espaço social em disput a. Kuper ( 2002, p. 133) , em análise do t rabalho de Geer t z em Bali, discut iu a r elação ent r e as for m as sim bólicas e a ação, dem onst rando que os sím bolos são “ veículos de concepções”, os quais for necem “ ingr edient e int elect ual do pr ocesso social”. O aut or nos indica que: “ pr oposições cult urais sim bólicas fazem m ais do que ar t icular com o é o m undo, elas t am bém ofer ecem dir et r izes sobr e com o agir nele.” ( KUPER, 2002, p. 133) .

Cham o de r et ór ica do espet áculo, exat am ent e, a or ganização e m anipulação da linguagem e do discur so, que t or na o pr oj et o conscient e, público e com possibilidade de com unicação para a m udança e t ransfor m ação ( VELHO, 2004) . Ele possui um a dim ensão polít ica, por ser elaborado dent r o de cont ext os em que difer ent es indivídu-os são pindivídu-ost indivídu-os em r elação e em const ant e negociação, apesar da sua for m ação num supost o int er esse em com um . Tais ações e r et ór icas são or ient adas dent r o de um

cam po de possibilidades, no qual se possui um r eper t ór io de escolhas e alt er nat ivas

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e da r et ór ica são seguidas por m uit os pr oblem as de adapt ação, const rangim ent os, confl it os int er pessoais e r eviravolt as.

A dicot om ização ent r e o que é ou não é espet áculo faz sent ido no cam po car na-valesco, nos esforços produzidos por um proj et o que condiciona as ações a um a ret órica para além de um a fest a est igm at izada, com o vim os. É m uit o com um encont rar m os ent r e os car navalescos as noções de “ evolução do car naval”, “ pr ogr esso”, “ desenvol-vim ent o das Escolas de Sam ba” em com paração aos car navais passados. Espera- se que a cada ano se super e a qualidade dos desfi les apr esent ados no ano ant er ior ; para t ant o, é frequent e se usar, para com paração, dados com o pat rocínio obt ido, orçam ent o das Escolas, pr ofi ssionais cont rat ados do cent r o do país e núm er o de t rabalhador es em pr egados dir et am ent e pelo car naval. Cit o, com o exem plo, a coluna assinada pelo pr esident e Moraes, conhecido com o Ur so, na r evist a da Associação:

O Car naval de Por t o Alegr e, inegavelm ent e, est á cr escendo. E t em os m uit a felicidade de est ar m os à fr ent e dest e pr ocesso. Além disso, as pessoas est ão ent endendo de que só há um a m aneira de cr escim ent o: a pr ofi ssionalização.

Pr ova disso é que o Gr upo RBS assinou cont rat o de exclusividade com o car naval por m ais cinco anos. Por que o car naval de Por t o Alegr e ult rapassou o m er o perfi l de um a fest a. Hoj e é um pr odut o cult ur al. ( MORAES, 2010, p. 3, gr ifo nosso) .

Essas form as de produzir os j uízos e avaliações da fest a se confi guram em est ra-t égias de produção de signifi cados do que é ou não espera-t áculo, com o vim os nas palavras de Ur so. Um a dessas noções é que o aum ent o da ar r ecadação e do invest im ent o nas Escolas faz com que elas sej am m ais luxuosas, sendo assim , m ais im ponent es e m ais legít im as de se apr esent ar em para o público. O luxo que valor iza o pr oj et o visual das Escolas é o esquem a volt ado para o público ext er no a elas, em que o visual supera o sam ba, e que se avalia a legit im idade e a pr odução da fest a por um sim ples olhar sobr e as alegor ias e fant asias, os elem ent os que são m ais valor izados pelas cam adas m édias. “Ader ir ao luxo signifi ca evoluir, no sent ido de adequar- se aos t em pos, e é t am bém um a m et áfora de ascensão social” ( CAVALCANTI , 1999, p.72) . O luxo e o pr ofi ssionalism o são per cebidos com o valor es com plem ent ar es e int er dependent es. A ext r em a valor ização dos r ecur sos em pr egados na fest a é índice de sua pr ogr essão para o espet áculo, t er m o r eifi cado nas ar enas de debat e.

Os Fóruns de Discussões e as

Ideias sobre o Espetáculo

Para nor t ear a Associação e as Escolas de Sam ba em busca de um a “ evolução” da fest a, em j unho de 2010, veio a Por t o Alegr e a dir eção execut iva da Liesa ( Liga I ndependent e das Escolas de Sam ba do Rio de Janeir o) , num sem inár io or ganizado pela Associação das Escolas de Sam ba, denom inado “ Car naval, Novos Rum os”13.

Nes-se event o, foram expost as as for m as consideradas m ais “ m oder nas” de or ganização car navalesca ( subent ende- se que a fest a car ioca é a de m aior sucesso e pr est ígio no Brasil) , com a explanação segm ent ada de vár ios níveis de pr odução da fest a pelos r esponsáveis de cada past a14.

A dir et or ia da Liesa expôs um pr oj et o de passos a ser em seguidos para a t rans-for m ação do espet áculo num “ pr odut o cult ural”, com as devidas noções e conceit os de sua ideologia do espet áculo car navalesco. Ut ilizar em os a noção de ideologia adot ada por Velho ( 1989) : com o o sist em a de r epr esent ações sociais r et idos de um gr upo de pessoas que pode ser sist em at izado, for m ando um t odo sim bólico r elat ivam ent e

13 Da Liga car ioca, vier am a Por t o Alegr e na época: o pr esident e Jor ge Cast anheir a, o dir et or de car

na-val da Liga, Elm o José dos Sant os; o coor denador da cent r al de ingr essos do car nana-val car ioca, Her on Schneider ; e o dir et or r esponsável pela m ont agem da est r ut ur a m óvel do sam bódr om o, Luís Dias.

14 For am expost os det alhes sobr e a venda de ingr essos online, o m er chandising em vár ios pont os

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coeso, sem a r edução a um a dim ensão polít ica, ou t ent at iva de um a hom ogeneização dos discur sos dos indivíduos. A pr eocupação é de const at ar as cat egor ias e as noções m obilizadas com m ais fr equência e vigent es no car naval at ual.

Jor ge Cast anheira, o pr esident e da Liga car ioca, nesse sem inár io, falou com ent usiasm o a r espeit o de sua visit a no dia ant er ior ao Por t o Seco. Elogiou a est r ut ura física dos bar racões e a pr oxim idade com a pist a de event os, o que per m it e que a “ logíst ica” de t ranspor t e das alegor ias e fant asias sej a m uit o facilit ada. Pensa que o Com plexo Cult ural do Por t o Seco pode ser um dos m elhor es sam bódr om os do Brasil, com a const r ução das ar quibancadas fi xas para m elhor acom odação do público e um novo incent ivo para at rair m ais visit ant es e pat r ocinador es. Cast anheira ent ende que o negócio car navalesco só pode ser r epr oduzido na cidade com a conquist a da cr edibilidade j unt o aos apoiador es. Para ist o, é necessár ia um a pr ofi ssionalização do negócio, a cont rat ação de indivíduos pr eparados para adm inist rar em as Escolas de Sam ba, não m ais ent endidas com o inst it uições m anej adas por am ador es, m as sim com o em pr esas lucrat ivas que dependem de um a boa gest ão dos r ecur sos. “Adm i-nist rar com o um a em pr esa de negócios” ser ia a r eceit a do sucesso e do cr escim ent o da fest a ( CASTANHEI RA, 2010, gravado no event o) .

O Pr esident e da Liga fr isou, ainda, após assist ir no dia ant er ior a alguns desfi les das Escolas de Sam ba da cidade em vídeo: “ o carnaval de Port o Alegre est á no cam inho cer t o, num fut ur o pr óxim o poder á est ar num pat am ar elevado de espet áculo com o o Rio e São Paulo” ( CASTANHEI RA, 2010) . Sem pr e quando ele falava do “ planej am ent o” que possuía a Liesa em r elação ao que ainda não t er ia no car naval de Por t o Alegr e, t rat ava t ais lacunas com o “ cor r eções” a ser em feit as, ut ilizando a or ganização do car naval car ioca com o par âm et r o de com paração.

No m esm o event o, est eve pr esent e a dir et ora de pr ogram ação da RBS TV, sucur sal da r ede Globo no Est ado e det ent ora dos dir eit os exclusivos de t ransm issão do car naval de Por t o Alegr e at é 2016. Alice Ur bim falou do pr est ígio que o car naval j á possui dent r o da em issora, t endo em vist a os núm er os da “ fant ást ica audiência” na TV15. E aler t a: “ os pr ópr ios car navalescos não se deram cont a do ‘pr odut o’ que é

o car naval. Os car navalescos de Por t o Alegr e não sabem do canhão que eles t êm na m ão. Ele j á é a m aior cober t ura da ár ea de ent r et enim ent o r ealizada pela em issora” ( URBI M, 2010, gravado no event o) . Para o car naval de 2011, foram inser idos 117 clipes das Escolas de Sam ba de 45 segundos cada, nos int er valos da pr ogram ação da r ede, que t ot alizam m ais de 10 m ilhões de espect ador es em núm er os absolut os. Só no sit e especializado em car naval da RBS, foram 410 m il acessos som ent e em fever eir o de 2010.

Quant o aos núm er os de audiência no Est ado do Rio Grande do Sul r egist rados pelo I bope16, em 2010, foram os seguint es: nos desfi les de sext a- feira em Por t o

Ale-gr e, foi r egist rada um a m édia de 14 pont os de audiência absolut a, para 57 pont os per cent uais de shar e17. Num dia de pr ogram ação nor m al da em issora, são 10 pont os

de audiência em m édia e 51 pont os de shar e. A em issora que det inha o segundo lugar t inha um a audiência de 1,7 pont o per cent ual. Nos desfi les de sábado. foram 15,5 pont os de audiência em m édia para 59,9 de shar e. Em sábados nor m ais, sem a pr ogram ação do car naval, são 12,4 pont os de audiência para 53,7 de shar e.

Para se t er um a boa com paração, no Rio Grande do Sul, a audiência da t ransm is-são dos desfi les do Rio de Janeiro foi de 11,1 pont os percent uais de m édia no dom ingo, e 12 pont os per cent uais na segunda- feira. O shar e cai em r elação aos dias nor m ais de pr ogram ação. Ou sej a, segundo a RBS TV, a audiência com parat iva da t ransm issão

15 O car naval de Por t o Alegr e passa na ínt egr a par a t odo o Rio Gr ande do Sul nos dois dias de desfi les

do Gr upo Especial: sext a- feir a e sábado de car naval. Por est a r azão, não é t r ansm it ido o car naval de São Paulo, que passa par a o r est ant e do país. O car naval car ioca é t r ansm it ido, nor m alm ent e, no dom ingo, e na segunda- feir a de car naval na t r ansm issão da Rede Globo de Televisão.

16 I bope ( I nst it ut o Br asileir o de Opinião Pública e Est at íst ica) é a em pr esa r esponsável pela m edição

da audiência de t elevisão.

17 Exist em duas m edições: a audiência absolut a ( a porcent agem dos t elevisores da am ost ra de pesquisa

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dos desfi les do car naval de Por t o Alegr e no Est ado é m aior do que a audiência do car naval car ioca nos dois dias subsequent es. Para Alice Ur bim ( 2010) , o pr odut o est á aí, pr ont o para ser com er cializado, bast a com pr eendê- lo e “ fazer o bom uso” dele.

Se o cam inho para a com plet a exploração com er cial da fest a é considerado sinuoso, os j or nalist as e os dir igent es da Associação concor davam int egralm ent e num pont o. O car naval de Por t o Alegr e “ evolui”, e j unt o a ele, o sur gim ent o de um a nova apr opr iação de cont eúdos sim bólicos sobr e o pot encial da fest a, ao se const r uir nos discur sos pr oduzidos a ideia de um a geração de em pr egos. Sabe- se que durant e o ano m uit as at ividades são, a part ir do carnaval, produzidas: fest as, event os, produção de fant asias e alegor ias. Mesm o que não ofi ciais, os núm er os r elat ivos aos em pr e-gos do car naval são ut ilizados com o um a espécie de cont rapar t ida à sociedade por t o alegr ense. É fest a, m as t am bém é t rabalho, r efer ência acionada sem pr e quando se quer dar um a boa r espost a aos det rat or es do car naval. Nas palavras do pr efeit o José For t unat i ( 2011) , quando ent r evist ado pelo r epór t er César Fabr is em set em br o de 2011, na quadra dos “ Bam bas da Or gia” :

( ...) o car naval de Por t o Alegr e vem a cada ano se consolidando. Um a m anifest ação cult ural fant ást ica. Por t o Alegr e há m uit o t em po vem const r uindo um car naval com m uit a qualidade, as Escolas vêm cada vez m ais or ganizadas, m ais pr ofi ssionalizadas, ger am em pr egos dur ant e o ano t odo. São m ais de 2 m il pessoas que acabam t r a-balhando em t or no das Escolas, dur ant e t odo o ano. Geração de r enda, geração de em pr ego, e depois, o car naval, est a m anifest ação cult ural ext r em am ent e im por t ant e. ( FORTUNATI , 2011, gr ifo nosso) .

A busca por apoiador es de em pr esas pr ivadas para invest ir nas Escolas de Sam ba e nos espet áculos car navalescos é pr eocupação da Associação e de suas en-t idades. Com os desfi les cada vez m ais car os, há um consenso em en-t or no da ur gência de se buscar a iniciat iva pr ivada para dar apoio à pr odução da fest a. O pr esident e da Associação, o Ur so, ent ende que m uit os em pr esár ios locais ainda não r econhecem o car naval com o um a fest a popular que poder ia garant ir um r et or no em visibilidade, pr incipalm ent e enquant o um a opor t unidade de associar a im agem da em pr esa a um event o cult ural im por t ant e na cidade. Ele se r essent e de que out r os t ipos de event os r ecebem m aior at enção por par t e das grandes em pr esas locais, que pr efer em asso-ciar as suas m ar cas ao t eat r o, às or quest ras, aos espet áculos m usicais et c.; o que pode suger ir um ranço ainda exist ent e no t rat o com o, cham ado por ele, “ segm ent o car naval”, que é deixado de lado e não t rat ado com o um a ar t e popular.

Moraes, o Urso, escreveu, na sua coluna na revist a da Associação de 2011, sobre o “ desr espeit o” e o ent endim ent o de que o car naval ainda era t rat ado com o “ cult ura m enor ” pelo em pr esar iado; se r efer iu ao pr et enso pr econceit o racial ligado à fest a:

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As Modificações para o Carnaval

de 2011 na “Evolução” da Festa

No dia 17 de fever eir o de 2011, falt ando apenas 15 dias para o car naval, foi m arcada um a “ reunião t écnica” ent re os carnavalescos, a im prensa e os órgãos públicos para defi nir alguns det alhes para os desfi les. O event o r ealizou- se no bar racão da As-sociação no Port o Seco18. O president e Urso se dizia apreensivo e bast ant e incom odado

com alguns bar racões de Escolas que se m ost ravam m uit o at rasados com a pr odução car navalesca. Ur so ent endia que essas Escolas ainda não est avam “ or ganizadas” da m aneira que “ eles ( da Associação) ent endiam que dever ia ser t rat ado o espet áculo”, “ com m ais com pr om isso”. Enfat izou: “ Há um a m eia dúzia de dir igent es que ainda não est ão pr eparados” ( MORAES, 2011b) .

Depois do desabafo de Ur so, Valdinei, o engenheir o da Associação r esponsável pelo pr oj et o do car naval/ 2011, com eçou a m ost rar as m udanças na plant a baixa do com plexo para aquele ano. Rest r ingir iam o acesso de veículos, para cada Escola na área int erna do com plexo, a apenas 10 aut om óveis credenciados por barracão. Seriam alugadas duas lanças guinchos para a colocação dos com ponent es nos car r os alegó-r icos, e m ais duas em pilhadeialegó-ras na concent alegó-ração ( núm ealegó-r o m aioalegó-r que em 2010) . Na concent ração das Escolas no pr é- desfi le, t am bém ser ia r est r ingido o acesso de não cr edenciados com o t rabalho do gr upo de seguranças, a cham ada equipe de cont r ole, evit ando a ent rada de penet ras na área de m ont agem das Escolas, que t ant o “ at rapalha-ram o t rabalho dos coor denador es de alas” nos car navais ant er ior es ( Diár io de cam po, 17 fever eir o de 2011) . Ser iam t r ês por t ões nest a ár ea: um para a cir culação dos dois car r os de som , out r o para ent rada dos com ponent es da Escola e os car r os alegór icos, e out r o para a im pr ensa e os ór gãos públicos. Dois car r os de som ( am plifi cação da voz e dos inst r um ent os de cor das para a avenida) ser iam ut ilizados, com o em 2010, um para a passagem da Escola em desfi le e o out r o se pr eparando na concent ração com a pr óxim a, evit ando at rasos por cont a de aj ust es t écnicos da sonor ização.

Ser ia inst alada um a t or r e de som de 10 m et r os, na concent ração, virada para a ár ea de ar m ação das Escolas, para que o gr it o de guer ra e os sam bas de esquen-t a19 da Escola fossem ouvidos por t odos com ponent es que est ivessem se pr eparando

para o desfi le. Pela pr im eira vez, ser ia aj ust ado um equilíbr io de dist ância ent r e as t r ês cabines de j urados no int uit o de “ equilibrar o j ulgam ent o”. A ár ea vip t er ia seu espaço aum ent ado, o cam ar ot e bar com capacidade para 200 pessoas e cada Escola r eceber ia 10 cr edenciais para dist r ibuir aos seus dest aques. E, por fi m , o r ecuo da bat er ia com um t ablado inclinado para a ent rada dos r it m ist as ( de 80 cent ím et r os de aclive no pont o m ais alt o) , e um a ilum inação cênica t ransfor m ando- o num palco que dar ia um color ido especial para cada bat er ia, com um t elhado de som . O palco do r ecuo da bat er ia foi pr oduzido pela RBS TV que, com consent im ent o da Associação, r epr oduziu no car naval da cidade os r ecuos de bat er ia que a Globo j á pat r ocinou no sam bódr om o car ioca.

Est as foram algum as das t ransfor m ações pr opost as nest a r eunião ent r e dir i-gent es, que poder iam ser com plem ent adas com out ras ações im por t ant es, com o: a t ransm issão e cober t ura dos event os pr incipais do pr é- car naval pela RBS TV, com o o “ Rainha do Car naval” e a “ Most ra de Sam bas Enr edos”, ant es não t ransm it idos, agora com program as especiais pela TV Com20. Out ra ação de m édio prazo j á est abelecida é a

dim inuição do núm ero de Escolas do Grupo Especial para 10 em 2012, com o descenso das t r ês últ im as do Gr upo Especial em 2011 para o Gr upo I nt er m ediár io, e o acesso de apenas um a dest e gr upo. A m edida visava o aum ent o do cachê no rat eio ent r e as Escolas do Especial em 2012, e a dim inuição da difer ença de por t e e da qualidade dos desfi les ent r e as Escolas em com pet ição. Em 2008, quando eram 16 Escolas no

18 Um dos quinze bar r acões do Com plexo Cult ur al é cedido à Associação que o usa com o sede do seu

escr it ór io e par a event os pr om ovidos pela ent idade, com o show s, palest r as, r euniões e apoio t écnico.

19 Sam bas de esquent a são aqueles t ocados na concent r ação, par a em polgar os com ponent es das alas

ant es do início do desfi le e do sam ba enr edo do ano. Podem ser sam bas ant igos da Escola, sam bas de exalt ação, ou at é m úsicas popular es.

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pr im eir o gr upo, os car navalescos das m aior es Escolas ent endiam que as difer enças de pr oj et os visuais ent r e as ent idades se faziam m uit o not áveis. Subent endia- se que dim inuindo o núm er o de Escolas, podia se aum ent ar a qualidade dos desfi les. São pr ocedim ent os, na visão da Associação, para m elhorar a “ qualidade do espet áculo”.

Muit as das t ransfor m ações pr opost as no car naval por t o alegr ense t êm com o par âm et r o ações j á sacram ent adas no car naval car ioca. O “ nível at ual de espet áculo” , m uit as vezes discut ido nos bast idor es das ent idades com os t er m os “ evolução” ou “ cr escim ent o” do car naval, at ingido pelas Escolas por t o alegr enses, é t em a cent ral e com um de int er esse e discussão nos fór uns do car naval, nos ensaios, nos t rabalhos de bar racão e nas conver sas infor m ais ent r e os car navalescos.

A const r ução do Com plexo Cult ural e o deslocam ent o dos t rabalhos dos car na-valescos para o Por t o Seco, em Por t o Alegr e, vieram com a pr om essa da Pr efeit ura Municipal de const r uir ar quibancadas fi xas de concr et o em poucos anos. Mais de 8 anos após a t ransfer ência e não se t em ainda nenhum a defi nição em r elação ao co-m eço das obras. Todo car naval que passa, a Pr efeit ura indica o início das obras para o m esm o ano, sem o cum pr im ent o da pr om essa. O pr oj et o inicial das ar quibancadas de concr et o pr evê capacidade para 40 m il pessoas.

Font e: fot o do aut or, em 11/ 02/ 2011.

I m a ge m 3 - Ar qu iba n ca da s Pr ovisór ia s no Por t o Se co, a e st r ut ur a ofe r e cida n a a t u a lida de

Font e: fot o do aut or, em 05/ 02/ 2010.

I m a ge m 4 - Com ple x o Cu lt u r a l Por t o Se co: ba n n e r do pr oj e t o fi n a l com a s

a r qu iba n ca da s de con cr e t o

Zé Luís, o coor denador geral do car naval da cidade, sabe que a const r ução do sam bódr om o de Por t o Alegr e se dar á com a m udança de escala das pr oduções das Escolas. Ele ent ende, segundo ent r evist a r ealizada em 2011, que o m ais im por t ant e do seu t rabalho na at ualidade é que a at uação da Associação, em cur t o prazo, sej a volt ada para a r ealização de exper iências e t est es na est r ut ura física do Com plexo Cult ural. Tudo ist o para que não sej am r epet idos os m esm os er r os que out r os sam -bódr om os do Brasil com et eram em sua const r ução: “ Ent ão, quando o sam -bódr om o chegar a Por t o Alegr e, na est r ut ura que nós est am os fazendo de m ont a e desm ont a, nós j á est am os prat icando algum as ações, j á se adapt ando a um a r ealidade fut ura”.

Sua exper iência nos per íodos de adapt ação ao sam bódr om o em out ras cidades indica que esse espaço é m uit o im por t ant e, não só por que se m udam os par âm et r os dos desfi les das Escolas, com o inaugura um novo m om ent o de at enção e de int er esse da população aos desfi les. Ao per gunt ar sobr e quais alt er nat ivas que o car naval t er ia para at rair um a nova dem anda de espect ador es, ele concluiu:

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m udança se dá com o sam bódr om o. É a hor a que um socialit e quer est ar do lado de um neguinho, por que ali é que ele vai apar ecer na capa da r evist a. ( ...) No Rio, foi assim . Apar ecia um a m adam e ou out ra na quadra do Salgueir o, na Mangueira quando t inha um a fest a. Agora só ganham convit es, elas quer em est ar. As m odelos quer em est ar em t odas as Escolas. Por que? Dá visibilidade. Ent ão, est a classe, a gent e fazia car naval no Rio de classe m édia para baixo. Agora, é classe m édia, é em er gent e, é classe alt a. É super alt a. Todos m ist urados no m esm o balaio. I st o é pós sam bódr om o. I st o o sam bódr om o t rar á, por que foi assim em São Paulo, foi assim em Macapá, e ser á assim aqui com cer t eza absolut a. ( José Luís Azevedo, coor denador geral, ent r evist a em 25 de fever eir o de 2011, gr ifos nossos) .

Conclui- se, assim , o cir cuit o das int er pr et ações car navalescas das t ransfor m a-ções para um a fest a de grandes pr opor a-ções. A pr odução dos desfi les e das Escolas de Sam ba, com a expect at iva do cr escim ent o da qualidade das Escolas, e com o incr em ent o de público e ar r ecadação, passa por um pr oj et o de t ransfor m ações m at e-r iais nos quesit os plást icos, pe-r ofi ssionalização dos indivíduos e ape-r endizado e-r et óe-r ico por par t e dos seus pr oponent es. Sendo que nenhum deles é causa e efeit o do out r o, ent ende- se que o cr escim ent o da fest a se dar á com o m anej o sim bólico das ideias associadas à espet acular ização da fest a e à pr át ica adm inist rat iva or ient ada para sua execução; com o se a est rut ura sim bólica carnavalesca e a prát ica das ações cot idianas est ivessem cont idas num j ogo indefi nido de r elações, um a sínt ese r elacional em que a est rut ura é um obj et o hist órico cont ido em cada ação sit uacional. A cult ura carnavalesca ser ia, assim , um a r epr odução e alt eração da est r ut ura sim bólica na ação, com o na

est r ut ur a da conj unt ur a de Sahlins ( 1997) , que r eivindica a dest r uição da dicot om ia

ent r e a est r ut ura social ( sincr onia) e a hist ór ia ( diacr onia) , pr oduzindo o event o com o a r elação insepar ável do acont ecim ent o e da est r ut ura, a m udança pela e na or dem sim bólica, nos signifi cados pr oduzidos por det er m inados gr upos.

Est as ações quase sem pr e são avaliadas e est abelecidas t endo com o par âm et r o o car naval car ioca, a for m a ideal de pr odução car navalesca, um par adigm a fest ivo. Nest e caso, os sem inár ios e as r euniões t écnicas são t ão im por t ant es quant o as t ransform ações ofert adas na est rut ura da passarela, ou as m udanças do regulam ent o. Pr et ende- se que a era Por t o Seco, que t ransfor m ou os desfi les não só pela m udança de local, m as pela inauguração de um conj unt o de bar racões que pr opor cionaram um espaço adequado à pr odução pr é- car navalesca, sej a r enovada com a const r ução das ar quibancadas fi xas. Com elas, ent ende- se que um novo capít ulo/ m it o car navalesco ser á cont ado, um novo ciclo de ideias e t ransfor m ações que pode im pulsionar o car na-val de Por t o Alegr e para um novo pat am ar : a possibilidade de r elacionar a “ socialit e” com o “ neguinho” no car naval, com o pr evê Zé Luís.

Considerações Finais

Em Port o Alegre, a espet acularização do carnaval e sua ret órica recent e est ariam associadas à história do carnaval da cidade num a estratégia de produção de um a “ cultura” que poderia se inst it uir com o legít im a e prest igiada para além dos grupos negros, seus principais prot agonist as. Um a nova gam a de consum idores provenient e das cam adas m édias da população seria exigida, e não só rest rit a aos carnavalescos at uais, os pro-t agonispro-t as da fespro-t a predom inanpro-t em enpro-t e perpro-t encenpro-t es às cam adas populares. Aconpro-t ece que, hist oricam ent e, o carnaval de Port o Alegre se const rói com o um sím bolo ét nico das populações negras da cidade, e não com o algo que pert ença à t ot alidade da população. Com o j á ent endia Fry ( 2005) , no Brasil, vivem os um a t ensão const ant e ent re os ideais de m ist ura e não racialização cont ra as velhas hierarquias raciais.

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fot os, o quant o o car naval de Por t o Alegr e se const it uía com o um dos pr incipais sím -bolos da população negra da cidade.

Seguindo est a ideia, ent endem os que o Brasil, at ualm ent e, principalm ent e após a r edem ocrat ização da década de 1980, passa por um per íodo de for t e discussão pú-blica, na ar ena polít ica, sobr e os dir eit os e a afi r m ação de m inor ias ét nicas. Podem os pr essupor que esse m ovim ent o de afi r m ação do negr o e de sua posição social t am -bém r esult ar á num a nova per spect iva sobr e sua pr odução car navelesca – sim bólica e m at er ial – , o que necessar iam ent e deve abar car novas r elações do car naval com a cult ura local, r egional e ét nica. A discussão sobr e a falt a de conclusão das obras do Com plexo Cult ural Por t o Seco, ainda sem as ar quibancadas defi nit ivas ( apenas os bar racões concluídos) , e a necessidade de um a posição m ais at iva da Pr efeit ura na im plant ação de novos pr oj et os, com a m aior par t icipação dos polít icos locais, são quest ões que j á m ovim ent am os bast idor es do car naval.

O pr incipal foco de int er esses e de discussões do car naval de Por t o Alegr e na at ualidade são os debat es acer ca da r ecr udescent e cont rat ação de m ão de obra do car naval car ioca. A r elação do pr ocesso de espet acular ização com a “ im por t ação” da m ão de obra – com o se cham a pej orat ivam ent e – parece orient ar- se de form a coerent e, ao se considerar um part icular cont ext o. A ret órica do espet áculo pret ende dem onst rar que o car naval das Escolas de Sam ba dever ia ser t rat ado com o um “ pr odut o com er-cial”. Acr edit a- se que a “ evolução” da fest a só se dar á com a “ pr ofi ssionalização” e com o apr im oram ent o da pr odução visual das Escolas. A cont rat ação de m ão de obra especializada de out ras cidades brasileiras e, por vezes, a com pra e r eut ilização de fant asias dos car navais do cent r o do país ser iam opções para o aper feiçoam ent o do event o, m esm o que m uit as vezes for t em ent e r epr eendidas.

Em sínt ese, a superação do est igm a social decorrent e de um olhar negat ivo sobre o carnaval, por grande part e das cam adas m édias em Port o Alegre, t em com o cont rapont o e apelo um esforço pela busca de valores ligados às noções dadas à espet acularização. A const rução dos valores do carnaval espet áculo por part e dos carnavalescos pode ser ent endida com o um a alt ernat iva às defi nições que dem arcam e inibem o crescim ent o da fest a frent e aos grupos sociais não part icipant es. Est a at ualização dos valores e das cat egorias nos discursos carnavalescos, dem onst rada no t ext o, pode ser ent endida com o um a t ent at iva de est abelecer a ascensão social do carnaval – assim com o de seus sím bolos e suas inst it uições envolvidas – na cidade de Port o Alegre, na busca por m ais recursos econôm icos, visibilidade social, poder polít ico e prest ígio público.

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