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Análise da comunicação proxêmica com portadores de HIV/AIDS.

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Academic year: 2017

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ANÁLI SE DA COMUNI CAÇÃO PROXÊMI CA COM PORTADORES DE HI V/ AI DS

Mar li Ter esinha Gim eniz Galv ão1 Sim one de Sousa Paiv a2 Nam ie Ok ino Saw ada3 Lor it a Mar lena Fr eit ag Pagliuca4

Est e est u d o d escr it iv o e ex p lor at ór io an alisou os f at or es p r ox êm icos d a eq u ip e d e en f er m ag em e por t ador es de HI V/ AI DS em am bien t e h ospit alar em For t aleza - CE, en t r e ou t u br o e n ov em br o de 2 0 0 4 . A colet a de dados foi pela obser vação não par t icipant e. Analisou- se 41 int er ações e não foi obser vado influência do sexo. A posição do profissional em relação ao pacient e foi de pé, a dist ância ínt im a ocorreu em 21,95% das int er ações e est avam r elacionadas a pr ocedim ent os t écnicos na m aior ia delas, a dist ância pessoal pr edom inou em 63,41% relacionadas à assist ência t écnica, a dist ância social ocorreu em 14,64% e foram para conversação; em 1 5 in t er ações h ou v e pr esen ça de obst ácu los, o t oqu e localizado f oi o com por t am en t o de con t at o m ais freqüent e; o cont at o visual est eve present e em onze int erações com a função de regular o fluxo da conversação; o t om de v oz foi sem pr e adequado. Consider am os que a pr ox em ia per m it e ident ificar fat or es im por t ant es na com unicação com o pacient e por t ador de HI V/ AI DS.

DESCRI TORES: com u n icação; sín dr om e de im u n odeficiên cia adqu ir ida; HI V- 1 ; r elações en fer m eir o- pacien t e

ANALYSI S OF PROXEMI C COMMUNI CATI ON W I TH HI V/ AI DS PATI ENTS

This descr ipt iv e and ex plor at or y st udy analy zed t he pr ox em ic fact or s of t he nur sing t eam and HI V/ AI DS pat ient s in a hospit al env ir onm ent in For t aleza - CE, bet w een Oct ober and Nov em ber 2004. Dat a w er e collect ed t hrough non- part icipant observat ion. Fort y- one int eract ions were analyzed, in which no gender influence w as obser ved. The pr ofessional’s posit ion t ow ar ds t he pat ient w as m ainly st anding; int im at e dist ance occur r ed in 21.95% of int er act ions, w hich w er e m ost ly r elat ed t o t echnical pr ocedur es; per sonal dist ance pr edom inat ed in 63.41% of cases, w hich w er e r elat ed t o t echnical car e; social dist ance occur r ed in 14.64% of int er act ions, which were aim ed at conservat ion; obst acles were present in 15 int eract ions; local t ouch was t he m ost frequent cont act behavior; visual cont act was present in 11 int eract ions, wit h a view t o regulat ing t he conversat ion flow; t h e t on e of v oice w as f ou n d alw ay s ad eq u at e. Th r ou g h p r ox em ics, w e can id en t if y im p or t an t f act or s in com m unicat ion w it h HI V/ AI DS pat ient s.

DESCRI PTORS: com m unicat ion; acquir ed im m unodeficiency sy ndr om e; HI V- 1 ; nur se- pat ient r elat ions

ANÁLI SI S DE COMUNI CACI ÓN PROXÉMI CA CON PACI ENTES CON VI H/ SI DA

Est udio descript ivo y explorat orio en que fueron analizados fact ores proxém icos del equipo de enferm ería y port adores del VI H/ SI DA en un am bient e hospit alario en Fort aleza - CE, ent re oct ubre y noviem bre de 2004. Los dat os fuer on r ecopilados m ediant e obser v ación no par t icipant e. El análisis de 41 int er acciones no r ev eló ninguna influencia del sexo. La posición del pr ofesional ant e el pacient e fue en pie; la dist ancia ínt im a ocur r ió en el 21,95% de las int eracciones y, en la m ayoría de los casos, est aba relacionada a procedim ient os t écnicos; la dist ancia per sonal pr edom inó en el 6 3 , 4 1 % de los casos, r elacionados a la at ención t écnica; la dist ancia social ocur r ió en el 14, 64% , con obj et o de conv er sar ; en 15 int er acciones hubo pr esencia de obst áculos; el t oque localizado fue el com port am ient o de cont act o m ás frecuent e; el cont act o visual est uvo present e en once int er acciones par a r egular el fluj o de la conv er sación; el t ono de la v oz fue siem pr e adecuado. Consider am os que la pr oxem ia per m it e ident ificar fact or es im por t ant es en la com unicación con el pacient e por t ador del VI H/ AI DS.

DESCRI PTORES: com unicación; VI H- 1; síndr om e de inm unodeficiencia adquir ida; r elaciones enfer m er o- pacient e

1 Professor, e- m ail: m arligalvao@gm ail.com ; 2 Enferm eira, Mestranda. Universidade Federal do Ceará; 3 Professor Associado da Escola de Enferm agem de

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I NTRODUÇÃO

H

á t r ês décadas conv ive- se com a aids e, segundo obser vado, a doença t em apr esent ado um cr escim ent o desenfr eado, at ingindo cada v ez m ais indivíduos em plena vida reprodut iva.

At u a l m e n t e , o u so d e a n t i - r e t r o v i r a i s proporciona qualidade de vida e sobrevida sem elhante a ou t r as doen ças cr ôn icas( 1 ). Assim , a in t er n ação hospit alar é adot ada com o um recurso diferent e do usado na prim eira década da epidem ia, quando não se dispu n h a de ex am es ef icien t es n em de dr ogas ( ant i- ret rovirais) m ais específicas. Hoj e, os principais m otivos da internação decorrem do diagnóstico tardio, da int oler ância aos m edicam ent os ou das doenças opor t unist as.

Na h o sp i t al i zação , o i n d i v íd u o d ei x a seu am bien t e par a se adequ ar ao m u n do e às r ot in as pouco fam iliares. No caso de port adores do HI V, as int er nações r equer em per íodos m ais pr olongados e eles vivenciam um am biente hospitalar onde a solidão é co n st a n t e. Em f a ce d a p r eo cu p a çã o q u a n t o à ev olução da doença, os pacient es m uit as v ezes se isolam no próprio leit o.

Em v ir t ude das m edidas de biossegur ança ut ilizadas e do isolam ent o físico dos pacient es com aids, a assist ên cia de en f er m agem at r ibu i a essa assist ên cia car act er íst icas m u it o pecu liar es( 2 ). Por m edo de contágio durante tal assistência, esse cuidar m ost r a- se ex t r em am ent e t écnico e im pessoal. Nele predom ina a relação com coisas e obj etos e, portanto, a preocupação e o cuidado com as diferent es form as de com unicação.

O ato da com unicação com para- se ao ato de respirar: o ser hum ano não pára de se com unicar( 3). Ante sua im portância, a com unicação é indicada com o um instrum ento básico da assistência de enferm agem , p ois t or n a p ossív el o r elacion am en t o en f er m eir o-p a ci e n t e( 4 ). Se u e st u d o , p o r é m , r e q u e r a p r o f u n d a m e n t o co m v i st a s a se r d e v i d a m e n t e conhecido e ut ilizado pelo enferm eiro em sua prát ica diár ia.

A com unicação pode ser verbal e não- verbal. Co n f o r m e d e m o n st r a d o p o r e st u d o s, 3 5 % d o si g n i f i ca d o d a m e n sa g e m sã o t r a n sm i t i d a s v er b alm en t e, e 6 5 % são em it id os d e f or m a n ão-v e r b a l( 5 ). O e sp a ço é co n si d e r a d o u m m e i o d e com u n icação n ão– v er b al( 6 ). Desse m od o, u m d os aspectos a ser levado em conta na com unicação com o p aci en t e é o seu esp aço p esso al e t er r i t o r i al ,

denom inado de com unicação proxêm ica( 5- 6). O t erm o pr ox em ia é um neologism o cr iado por Eduar d Hall, para designar o conj unt o das observações e t eorias referentes ao uso que o hom em faz do seu espaço( 7). Assim , a com unicação proxêm ica estuda o significado social do espaço, ou sej a, est u da com o o h om em est rut ura inconscient em ent e o próprio espaço( 6- 7).

Se g u n d o d e st a ca e sse a u t o r, a a n á l i se p r ox êm i ca en v ol v e oi t o f at or es com p ost os p el as seguintes dim ensões: 1. postura- sexo: analisa o sexo dos participantes e a posição básica dos interlocutores, com o as posições: de pé, sent ado e deit ado; 2. eixo sociofugo- sociopet o: o eix o sociofugo dem onst r a o desencoraj am ento da interação, enquanto o sociopeto trata do inverso. Essa dim ensão analisa o ângulo dos int er locut or es, a saber : face a face, de cost as um p a r a o s o u t r o s, e n t r e o u t r a s a n g u l a çõ e s; 3 . cinest ésicos: cabe- lhes provocar a proxim idade ent re os in t er locu t or es. An alisa o con t at o f ísico a cu r t a d ist ân cia, com o o t oq u e ou o r oçar d a p ele e o p o si ci o n a m e n t o d a s p a r t e s d o co r p o ; 4 . com por t am ent o de cont at o: esse fat or r efer e- se às f or m as de r elações t át eis com o acar iciar, agar r ar, ap al p ar, seg u r ar d em o r ad am en t e, ap er t ar, t o car localizado, roçar acident al ou nenhum cont at o físico; 5. código v isual; v er ifica o m odo de cont at o v isual ocor r id o n as in t er ações com o o olh o n o olh o ou ausência de cont at o; 6. código t érm ico: diz respeit o ao calor per cebido pelos in t er locu t or es; 7 . código olfat ivo: analisa as caract eríst icas e o grau de odor p er ceb id o p elos in t er locu t or es; e, f in alm en t e, 8 . volum e de voz: avalia a percepção dos interlocutores em relação ao espaço int erpessoal.

Em d e co r r ê n ci a d a n o ssa e x p e r i ê n ci a assist encial e do desenvolvim ent o de pesquisas com portadores de HI V/ aids, j ulgam os oportuna a presente i n v e st i g a çã o , cu j o o b j e t i v o é a n a l i sa r f a t o r e s p r o x êm i co s d u r an t e as i n t er açõ es d a eq u i p e d e enferm agem e port adores de HI V/ aids em am bient e hospit alar.

METODOLOGI A

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equipe de enferm agem e pacientes hospitalizados que se e n co n t r a v a m n a u n i d a d e e q u e a ce i t a r a m part icipar da pesquisa.

Com o técnica, adotou- se a observação direta não participante e sistem ática das interações ocorridas n o p l a n t ã o e n t r e p r o f i ssi o n a l e p a ci e n t e . Er a m regist radas t odas as int erações realizadas durant e a obser v ação e iden t if icados os f at or es pr ox êm icos, seguindo um rot eiro de observações dividido em t rês part es. Na prim eira part e, anot avam - se os dados de identificação do paciente; na segunda, do profissional e, na t er ceir a par t e, descr ev iam - se as obser v ações d a i n t e r a çã o , co m o : si t u a çã o o u p r o ce d i m e n t o realizado, t em po de duração, posição e dist ância do p r of ission al, t om d e v oz, eix o d os in t er locu t or es, co m p o r t a m e n t o d e co n t a t o , co n t a t o v i su a l e obst áculos.

Para análise da com unicação, o pacient e era o b ser v ad o d u r an t e d o ze h o r as, p o r p esq u i sad o r p r e v i a m e n t e t r e i n a d o . As o b se r v a çõ e s e r a m realizadas no m áxim o por duas horas consecut ivas, no período da m anhã ou da t arde, no int ervalo das 7 : 0 0 às 1 9 : 0 0 h or as, d u r an t e t r ês ou m ais d ias. Encerrou- se a coleta de dados ao serem identificados t od os os f at or es p r ox êm icos en t r e p r of ission al e pacient e, ou sej a, por sat uração.

Os dados obtidos foram analisados à luz dos fatores proxêm icos( 7). Após estudadas e interpretadas por um prim eiro pesquisador as categorizações foram con fir m adas por ou t r os dois pesqu isador es, o qu e possibilit ou a descrição e discussão dos result ados.

O est u d o seg u i u t o d a s a s i n st r u çõ es d a Resolu ção no 1 9 6 , de 1 9 de ou t u br o de 1 9 9 6 , do Com it ê Nacional de Pesquisas, r efer ent e a est udos que envolvem seres hum anos. Todos os part icipant es r eceb er a m a s d ev i d a s i n f o r m a çõ es e a ssi n a r a m t erm o de consent im ent o livre e esclarecido.

ANÁLI SE E DI SCUSSÃO DOS DADOS

Descr ição dos suj eit os

Foram observados quinze m em bros da equipe de enferm agem e cinco pacient es. Dos m em bros da equipe de enferm agem , três eram enferm eiros, todos do sex o fem inino; seis, aux iliar es de enfer m agem , um do sex o m asculino, e seis er am est agiár ias do cur so t écnico de enfer m agem , pois se t r at a de um hospit al- escola que r ecebe acadêm icos de t odos os

níveis. As faixas et árias variaram da seguint e form a: dos 30- 39 anos ( 5) , dos 20- 29 anos ( 4) , dos 40- 49 an os ( 3 ) , idade in f er ior a 2 0 an os ( 2 ) e igu al ou su p er ior a 5 0 an os ( 1 ) . Oit o com p on en t es er am brancos, e set e eram m ulat os.

D o s ci n co p a ci en t es, d o i s er a m d o sex o fem inino e três do sexo m asculino; dois m ulatos, dois pardos e um branco, nas faixas etárias de 30- 39 anos ( 3) , 20- 29 anos ( 1) e acim a de 39 anos ( 1) . Todos pr ocediam de For t aleza. Sobr e a escolar idade, dois possuíam o equivalent e ao prim eiro grau incom plet o, um , o segundo grau incom pleto, um , o ensino superior com plet o, e um a pacient e sabia escr ev er apenas o pr ópr io nom e. O núm er o de int er ações obser v adas t ot alizou 41 sit uações.

Análise dos fat or es pr oxêm icos

Código sexo - post ura

I n i ci a l m e n t e , a n a l i so u - se o se x o d o s par t icipant es e a posição básica dos int er locut or es: de pé, sen t ado ou deit ado. Não f oi iden t if icada a i n f l u ê n ci a d o se x o n a p o st u r a a d o t a d a p e l o s interlocutores, por ter sido o núm ero de hom ens pouco r e p r e se n t a t i v o . Em e st u d o co m p a ci e n t e s laringect om izados, não se observou int erferência do sexo na post ura adot ada, at ribuindo- se esse fat o ao t ipo de int eração profissional t écnica( 6).

Além disso, discut ir as quest ões de gêner o n esse g r u p o d e p aci en t es é b ast an t e d el i cad o e co m p l e x o , p o i s se r e su m e a d i scu t i r a p e n a s a sig n if icação sex u al d e ser h om em ou m u lh er. As n or m as, v alor es, per cepções e r epr esen t ações n a sociedade acom panham esses suj eit os, os quais, de m od o g er al, n ão d esem p en h am os p ap éis q u e a sociedade deles esper a n o r ef er en t e à iden t idade sex u al.

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Em t o d a s a s si t u a çõ e s o b se r v a d a s, o profissional encontrava- se de pé. Quanto ao paciente, em som ente um a interação ele estava nessa posição. Nas dem ais sit uações, o pacient e est ava sent ado ou deitado. Quando se m antém a posição de pé, enquanto o out ro int erlocut or perm anece sent ado, a dist ância social, a im p r essão ev ocad a é d e d om in ação d o prim eiro sobre o segundo( 7). Por conseqüência, ao se sentir, de certa form a, inferior ao profissional que dele cu ida, par t icu lar m en t e qu an do se est á in t er n ado, subm et endo- se a ordens e rot inas hospit alares nem sem pr e agr adáv eis, o int er locut or pode bloquear o pr ocesso de com u n icação e ev it ar ex pr essar seu s v er dadeir os sen t im en t os, su as dú v idas ou m edos. Dessa for m a, cabe aos pr ofissionais da saúde ficar at ent os a esses aspect os par a ot im izar o pr ocesso de com unicação com esses pacient es.

Eixo sociofugo - sociopet o

Esse fat or refere- se à disposição ( sociopet o) ou in disposição ( sociof u go) dos in t er locu t or es em in t er agir u m com o ou t r o. Tal dim en são an alisa o ân gu lo dos om br os em r elação à ou t r a pessoa, a posição dos suj eit os: face a face, lat eralizado ou de cost as um para o out ro. Assim , quant o ao eixo dos i n t e r l o cu t o r e s, a co m u n i ca çã o f a ce a f a ce e a l a t e r a l i za d a f o r a m v e r i f i ca d a s, ca d a u m a , e m dezessete situações, enquanto a posição adotada pelo profissional em seis int erações foi de cost as para o pacient e, m esm o quando havia com unicação verbal, e, em u m a sit u ação, o pacien t e en con t r av a- se de cost as para o profissional.

Du r an t e as in t er ações h ou v e m u dan ça de p o si ção , p ar ci al m en t e d eco r r en t e d a p r essa d o s profissionais de enferm agem e de situações de “ fuga” de m om entos com o paciente, sobretudo quando este lhes quest ionava algo no m om ent o da int eração.

Em est udos ant er ior es, for am ident ificadas queixas dos pacient es sobre o pessoal da equipe de sa ú d e. Ta i s q u ei x a s r ef er i a m - se à i n d el i ca d eza , invasão de privacidade, dem onstração de indiferença, expressão facial desanim ada e andar apressado( 9- 10). Em bor a o núm er o de int er ações r ealizadas de cost as t enha sido inexpressivo, foram det ect adas d e ze n o v e si t u a çõ e s n a s q u a i s o p r o f i ssi o n a l ap r esen t av a- se d esen cor aj ad o a in t er ag ir com o pacient e, apesar de est e, por v ezes, dem onst r ar o cont rário. Essas sit uações eram observadas quando o p r of ission al assu m ia p osição d e cost as p ar a o

pacient e, durant e a realização de um procedim ent o ou até m esm o no repasse de inform ação ao paciente. O olhar do pr ofissional se v olt av a par a a t elev isão ligada, para o equipo de soro ou para os resquícios de sangue no extensor do j elco®. As respostas dadas aos quest ionam ent os do pacient e pelo com ponent e da equipe aos seus quest ionam ent os eram rápidas e evasivas. O paciente, por sua vez, olhava atentam ente o profissional que o at endia, cham ava- lhe a at enção p a r a a l g u m a a l t e r a çã o p e r ce b i d a o u e x p r i m i a verbalm ent e sua insat isfação. Para isso, dirigia- se ao profissional ou à pesquisadora, e queixava- se de que ninguém lhe dav a im por t ância, independent em ent e de pedirem sua opinião sobre o assunt o.

A dificuldade observada no profissional para a i n t e r a çã o co m o p a ci e n t e e a n e ce ssi d a d e d e m o n st r a d a p o r e st e d e a t e n çã o d e co r r e m , par cialm en t e, da sit u ação de u m por t ador qu e se encontrava em fase final de vida. Segundo referências, m uit os profissionais de saúde ainda não sabem lidar com a possibilidade de per da do pacient e por t ador d e u m a d o e n ça i n cu r á v e l e i n co n sci e n t e m e n t e , afast am se dele. Os pacient es t er m inais lem br am -lhes a fragilidade hum ana e os obrigam a pensar e ag ir sob r e a f in it u d e d o cor p o e a ex ist ên cia d a m or t e( 1 1 ). Em con t r apar t ida, o pacien t e bu sca u m suporte em ocional, geralm ente negado pela sociedade ou at é p or f am iliar es. Dessa f or m a, os p acien t es esperam apoio em ocional e psicológico daqueles com quem m ant êm os últ im os ou t alvez únicos cont at os: os profissionais que os acom panham .

Em q u a t o r ze i n t e r a çõ e s f o i o b se r v a d o com portam ento sociopeto pelo com ponente da equipe de enferm agem , m ediant e dem onst ração de at enção durant e at endim ent o ou em conversa sobre assunt os n ã o r e f e r e n t e s a o a t e n d i m e n t o . Re ssa l t a - se a i m p o r t â n ci a d e sse s co m p o r t a m e n t o s n o r elacionam ent o dos pr ofissionais da saúde com os pacient es, pois a com unicação é o m eio pelo qual os r elacionam ent os são est abelecidos. O pr est ador do cuidado deve desenvolver habilidades de com unicação p o r m ei o d a em p at i a, ab er t u r a, au t en t i ci d ad e e respeito, com a finalidade de estabelecer um a relação de aj uda, visando à m aior adaptação do paciente e a m elhores result ados no t rat am ent o( 12).

Fat or es cinest ésicos

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físico a curt a dist ância, com o o t oque e o roçar de pele, bem com o o posicionam ento das partes do corpo dos int erlocut ores.

Na Tabela 1, podem - se perceber as distâncias m a n t i d a s e n t r e o s i n t e r l o cu t o r e s e o t i p o d e int ervenção no m om ent o das int erações.

Tabela 1 - Distâncias m antidas entre os interlocutores e t ipo de int ervenção realizada no m om ent o das 41 in t er ações

a i c n â t s i D a m i t n

Í Pessoal Social N %

) % 5 9 , 1 2 (

9 26(63,41%) 6(14,64%) 41 100

e d o p i T o ã ç n e v r e t n

i N % N % N % N %

o t n e m i d e c o r P o c i n c é

t 7 77,78 19 73,08 2 33,33 28 68,30

o ã ç a s r e v n o

C 2 22,22 7 22,92 4 66,67 13 31,70

l a t o

T 9 100 26 100 6 100 41 100

A dist ância ínt im a ocorreu em pouco m enos de 2 1 , 9 5 % das in t er ações, r elacion ada com m ais freqüência a procedim ent os t écnicos ( 77,78% ) . Essa dist ância é a do reconfort o e da prot eção; o olfat o e a percepção do calor irradiado se int ensificam , nessa sit uação, e os m úsculos e a pele podem ent rar em contato. Ao contato estranho, a tática de base consiste em perm anecer im óvel ou esquivar- se( 7). Durant e a assist ência t écnica de enferm agem , os profissionais p o d em i n v ad i r o esp aço p esso al d o p aci en t e ao m ant er essa dist ância, causando r eações negat iv as e bloqueando a com unicação e o est abelecim ent o da r elação t er ap êu t ica en t r e p acien t e e p r of ission al. Tor na- se necessár io pr eser var o m áx im o possível o espaço pessoal do por t ador h ospit alizado do HI V, quase sem pr e dom inado por sent im ent os div er sos, deprim ido, revoltado ou frustrado com a possibilidade de m ort e im inent e.

A distância pessoal foi verificada em m ais da m et ade das sit uações observadas ( 63,41% ) , dest as, em t or n o d e 7 3 , 0 8 % con st it u ía- se d e assist ên cia t écnica. Na dist ância pessoal, não ex ist e dist or ção v isual dos t r aços do out r o, o calor cor por al não é per cept ív el, é possív el os int er essados se t ocar em por suas ext rem idades superiores. A essa dist ância, podem - se discut ir assunt os pessoais( 7), recom endável nos processos de ensino dos pacient es( 6).

Na m in or ia d as in t er ações, f oi ob ser v ad a d ist ân cia social. A essa d ist ân cia, a m aior ia d as i n t e r a çõ e s e r a d e co n v e r sa çã o co m p a ci e n t e ( 66,67% ) , m ediante repasse de inform ação ou quando ocor r ia ev olu ção. A essa dist ân cia, os sin ais n

ão-ver bais dificilm ent e são per cebidos. Eles se t or nam im pr ópr ios par a a sit uação de com unicação v er bal com o pacient e, m ais freqüent em ent e observada na int eração em dist ância social.

Os o b st ácu l o s ex i st en t es n o d eco r r er d a interação são aqui estudados em virtude de influenciar a dist ância adot ada, bem com o dificult ar o cont at o f ísi co . Ho u v e q u i n ze si t u a çõ e s n a s q u a i s predom inaram obstáculos à com unicação. Entre estes, os m ais com uns foram o uso de m áscara, em bora o pacien t e n ão apr esent asse doença de t r ansm issão por via aérea; suporte de soro entre os interlocutores e t elev isão ligada, dist r aindo os suj eit os. Em duas sit uações o ex t ensor do j elco® encont r av a- se com r esq u ícios d e san g u e em seu p er cu r so, m ot iv o a d e sv i a r a a t e n çã o d o p r o f i ssi o n a l d u r a n t e a com u n icação com o pacien t e. For am con sider ados a i n d a co m o o b st á cu l o s a e sca d i n h a e n t r e o s int erlocut ores e a realização de out ra at ividade pelo pr ofissional.

Os o b st á cu l o s e n co n t r a d o s, d e m o d o par t icular a ut ilização da m áscar a e a at enção do pr ofissional v olt ada par a o sangue no ex t ensor do j elco® durant e a fala do pacient e, podem significar o receio desses profissionais que cuidam de pacient es com HI V/ aids quant o à infecção e às doenças dela d e co r r e n t e s. Em u m h o sp i t a l d e d o e n ça s infectocontagiosas, o índice de insalubridade da equipe de saúde é alt o, e r epr esent a r isco ao pr ofissional dessa área. É preciso identificar quando há risco real e com o se deve proceder de m aneira que o pacient e não se sint a ignorado em decorrência da doença.

Com por t am ent o de cont at o

Cl a ssi f i ca a s f o r m a s d e r e l a çõ e s t á t e i s ocor r i d as, d a seg u i n t e f or m a: acar i ci ar, ag ar r ar, ap al p ar, seg u r ar d em o r ad am en t e, ap er t ar, t o car localizado, roçar acident al ou nenhum cont at o físico. Não se obser v ou sit uação em que houv e r oçar de pele ent r e os int er locut or es. O t oque foi v er ificado em m et ade das int erações em dist ância ínt im a, e o rest ant e, em dist ância pessoal m odo próxim o.

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ent r e equipe de enfer m agem e pacient e at endidos, q u er sej a d u r a n t e h o sp i t a l i za çã o , q u er sej a em con su lt as am bu lat or iais( 1 3 - 1 4 ). Na m aior p ar t e d as interações não houve com portam ento de contato, em face das dificuldades encontradas, tanto no profissional quanto no portador do HI V/ aids, de interagir um com o out ro.

Codigo v isual

Por m eio desse fat or, verifica- se o m odo de cont at o v isual ocor r ido nas int er ações com o o olho no olho ou ausência de cont at o. Est eve present e em onze int er ações, t odas r elacionadas à com unicação verbal, provavelm ent e para ident ificar os sinais não– verbais da linguagem , pois a visão é o sent ido m ais especializado do hom em e faculta ao sistem a nervoso um a quant idade de inform ações m uit o m aior que o t at o e a audição. Pode- se, pelos olhos, ident ificar as em o çõ es d o i n d i v íd u o , co m o si n a i s d e su r p r esa ( aber t ur a ocular m aior ) , alegr ia ( br ilho) ou t r ist eza ( aber t ur a ocular m enor )( 7). O olhar t am bém t em a função de regular o fluxo da conversação. Port ant o, esse f a t o r é i m p r esci n d ív el n a i n t er a çã o co m o pacient e.

As dim ensões relacionadas ao código térm ico e olfat iv o, r espect iv am ent e descr it as com o fat or es proxêm icos 6 e 7, não foram analisadas pelo fato de o m étodo de análise dos dados não perm itir detectar essas infor m ações.

Volum e de voz

Analisa a per cepção dos int er locut or es em r e l a çã o a o e sp a ço i n t e r p e sso a l , m e d i a n t e classif icação d o v olu m e e d a in t en sid ad e d a f ala durant e a int eração: sussurro, grit o ou t om norm al. Em nenhum a sit uação not ou- se t om de voz alt o. Na m aior ia das in t er ações, o t om de v oz er a n or m al ( audív el) ; em apenas cinco int er ações, houv e t om b a i x o . D e st a s, a d i st â n ci a e m q u e se d e u a com unicação era ínt im a ou pessoal, de m odo que o pacient e podia escut ar, em bora a pesquisadora não soubesse o que estava sendo dito. Em cinco interações não ocor r eu com unicação ver bal.

Em t o d a s a s i n t e r a çõ e s, o v e n t i l a d o r apr esent av se bar ulhent o, o t elev isor encont r av a-se ligado em 22 m om entos, e, em a-sete, o volum e do aparelho era alto. Em quatro interações havia barulho de construções. O ruído am biental é considerado um a

inv asão de espaço pessoal e t er r it or ial do pacient e hospit alizado, acar r et ando um a sér ie de r espost as hum anas em form a de sentim entos, atitudes, valores, expect at ivas e desej os( 10). Cabe ao profissional ficar at en t o a esses r u íd o s p assív ei s d e i n t er f er i r n a com unicação com o pacient e. Conform e se percebeu u m a p a ci e n t e a p r e se n t a v a t o sse p r o d u t i v a e freqüent e, dificult ando a verbalização.

CONSI DERAÇÕES

Seg u n d o se ob ser v ou , a p ost u r a ad ot ad a p el o s p r o f i ssi o n ai s t r ad u z i d éi a d e d o m i n ação e supr em acia deles sobr e o pacient e, r efor çada pela organização institucional do am biente proxêm ico. Nem t odos os procedim ent os perm it em opt ar por um a ou out ra posição. Recom enda- se, no ent ant o, que, pelo m e n o s d u r a n t e co n v e r sa co m o p a ci e n t e , o com ponente da equipe perm aneça sentado na m esm a a l t u r a d o p a ci e n t e e f a ce a f a ce co m e l e , pr incipalm ent e na com unicação com os por t ador es de HI V/ aids, m arcados, freqüentem ente, pelo estigm a da doença e da m ort e.

As d i st â n ci a s n ã o f o r a m a d e q u a d a s à s sit uações observadas. Procedim ent os t écnicos devem ser evit ados à dist ância ínt im a. Em bora nem sem pre sej a possível obedecer a essa regra, em virt ude da ex igência t écnica de inv asão do espaço pessoal do pacient e, podem os perceber o incôm odo causado por m eio d a lin g u ag em n ão- v er b al d esse p acien t e e, assim , revert er o m al- est ar provocado. Os processos d e e n si n o d o p a ci e n t e d e v e m se r r e a l i za d o s à dist ância pessoal, por não haver dist orção dos t raços dos interlocutores nem interferência do calor corporal na interação. A distância social não deve ocorrer nos m om ent os de conv er sação com o pacient e, pois os sinais não- verbais dificilm ent e são percebidos.

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REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

1 . Galv ão MTG, Cer q u eir a ATAR, Mar con d es- Mach ad o J. Av aliação da qualidade de v ida de m ulher es com HI V/ aids a t r a v és d o HAT Qo L. Ca d Sa ú d e Pú b l i ca 2 0 0 4 j a n ei r o -fev er eir o; 20( 2) : 430- 7.

2 . Sad al a MLA. Cu i d ar d e p aci en t es co m ai d s: o o l h ar fenom enológico. São Paulo ( SP) : Unesp; 2000.

3. Sant os RE. As t eorias da com unicação: Da fala a int ernet . São Paulo ( SP) : Paulinas; 2003.

4. Cianciarullo TI . I nst rum ent os básicos para o cuidar: Um desafio par a a qu alidade da assist ên cia. São Pau lo ( SP) : At h en eu ; 2 0 0 3 .

5. St efanelli MC. Com unicação com pacient e: Teoria e ensino. São Paulo( SP) : USP; 1992.

6. Sawada NO, Zago MM, Galvão CM, Ferreira E, Barichello E. An á l i se d o s f a t o r e s p r o x ê m i co s co m o p a ci e n t e laringect om izado. Rev Lat ino- am Enferm agem 2000 agost o; 8 ( 4 ) : 7 2 - 8 0 .

7. Hall ET. A dim ensão ocult a. Lisboa: Relógio D´ água; 1986. 8. Mota MP. Gênero e sexualidade: fragm entos de ident idade m ascu lin a n os t em pos da Aids. Cad Saú de Pú blica 1 9 9 8 j an eir o- m ar ço; 1 4 ( 1 ) : 1 4 5 - 5 5 .

9. Spit zer RB. Meet ing consum er expect at ions. Nurs Adm in Q 1 9 8 8 ; 1 2 ( 3 ) : 3 1 - 9 .

10. Sawada NO. O sent im ent o do pacient e hospit alizado frent e a invasão de seu espaço t errit orial e pessoal. [ dissert ação] . Ribeirão Pret o ( SP) : Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o/ USP; 1 9 9 5 .

1 1 . Ma i a CI B, Gu i m a r ã es LER, Ri b ei r o LHO. D i a n t e d o fenôm eno da m orte: um estudo sobre m ecanism os de defesa d e au x iliar es d e en f er m ag em I n : Nem e CMB, Rod r ig u es OMPR. Psicologia da saúde: per spect ivas int er disciplinar es. São Carlos ( SP) : Rim a; 2003. p.3- 22.

12. Kasch, CR I nt erpersonal com pet ence and com m unicat ion in t he delivery of nursing care. Adv Nurs Sci 1984 j aneiro; 6 ( 2 ) : 7 1 - 8 8 .

13. Silva MJP da, Dom ingues J. O t oque: percepção de idosos hospit alizados. Tex t o e Cont ex t o Enfer m agem 1997 m aio-agost o; 6 ( 2 ) : 2 9 1 - 9 .

14. Pinheir o EM, Rocha I F da, Silva MCM da. I dent ificação dos tipos de toque ocorridos no atendim ento de enferm agem de um serviço am bulat orial. Rev Esc Enferm agem USP 1998 out ubr o; 32( 3) : 192- 8.

Referências

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