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O uso de filmagem em pesquisas qualitativas

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Academic year: 2017

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O USO DE FI LMAGEM EM PESQUI SAS QUALI TATI VAS

Eliana Mor eir a Pinheir o1 Ter eza Yosh ik o Kak eh ash i2 Mar gar et h An gelo3

Pinheiro EM, Kakehashi TY, Angelo M. O uso de film agem em pesquisas qualitativas. Rev Latino-am Enferm agem 2005 set em bro- out ubro; 13( 5) : 717- 22.

Consider ando o aper feiçoam ent o dos m ét odos de colet a de dados, abor da- se a ut ilização da film agem em p esq u isas q u alit at iv as. Est e est u d o b ib liog r áf ico t em com o ob j et iv os d esen v olv er r ef lex ões sob r e as possibilidades do uso de vídeo na pesquisa e fornecer subsídios para pesquisadores. O vídeo é abordado com o inst rum ent o de colet a e de geração de dados. Há alusões aos aspect os t écnicos, com o o uso de câm eras m óvel e fixa. Nessa últ im a, relat a- se a experiência vivenciada pelas aut oras, dest acando- se a observação ao princípio da n eu t r alidade e o r ecu r so da edição das im agen s obt idas com o m eio de ger ar n ov os dados. As au t or as dest acam a possibilidade de det ect ar cont radições ent re o discurso e o com port am ent o, que podem ser capt adas por m eio de film agem e ent revist as. Faz- se discussões sobre os princípios ét icos previst os pela Resolução CNS 196/ 96 e out ras quest ões ét icas cuj as soluções devem se basear em acordo ent re o pesquisador e os suj eit os.

DESCRI TORES: pesquisa qualit at iv a; pesquisa em enfer m agem ; colet a de dados; gr av ação em v ídeo

THE USE OF VI DEOTAPI NG I N QUALI TATI VE RESEARCH

Considering advancem ent s in dat a collect ion m et hods, w e explore t he use of videot aping in qualit at ive r esear ch. This bibliogr aphical st udy aim s at dev eloping r eflect ions on t he possibilit ies of using v ideot apes in r esear ch and at pr ov iding m at er ial t o r esear cher s. The v ideo is used as an inst r um ent of dat a collect ion and generat ion. We m ent ion t echnical aspect s, such as t he ut ilizat ion of a m obile or fixed cam era. By m eans of t he lat t er, t he aut hors report t heir experience, em phasizing com pliance wit h t he neut ralit y principle and t he possibilit y of edit ing t he im ages obt ained as a m eans of generat ing new dat a. The aut hors highlight t hat it was possible t o d et ect con t r ad ict ion s b et w een d iscou r se an d b eh av ior t h r ou gh t h e u se of v id eot ap in g an d in t er v iew s. Th e aut hor s also discuss t he et hical pr inciples set by CNS Resolut ion 196/ 96 and ot her et hical quest ions, w hose solut ions should be based on t he agr eem ent bet w een r esear cher s and subj ect s.

DESCRI PTRORS: qualit at iv e r esear ch; nur sing r esear ch; dat a collect ion; v ideo r ecor ding

EL USO DE LA FI LMACI ÓN EN I NVESTI GACI ONES CUALI TATI VAS

Consider ando el per feccionam ient o de los m ét odos de r ecolección de dat os, se t r at a de la ut ilización de cám ar as de video en invest igaciones cualit at ivas. Est e est udio bibliogr áfico t iene com o obj et ivos desar r ollar reflexiones sobre las posibilidades del uso de videos en invest igaciones y fornecer subsidios para invest igadores. El v ideo es discut ido com o inst r um ent o de r ecolección y gener ación de dat os. Se hace alusiones a aspect os t écnicos, t ales com o el uso de cám ar as m óv iles y fij as. En est a últ im a se r elat a ex per iencias v iv idas por las aut oras, dest acándose la observación al principio de la neut ralidad y el recurso de edición de im ágenes obt enidas com o m edio de generar nuevos dat os. Las aut oras dest acan la posibilidad de det ect ar cont radicciones ent re el discur so y el com por t am ient o, que pueden ser capt adas por m edio de la film ación y ent r ev ist as. Se discut e pr incipios ét icos pr ev ist os por la Resolución CNS 196/ 96 y ot r as cuest iones ét icas, cuy as soluciones se deben basar en acuer dos ent r e los inv est igador es y los par t icipant es.

DESCRI PTORES: in v est igación cu alit at iv a; in v est igación en en f er m er ía; r ecolección de dat os; gr abación en v i d eo

1 Dout or em Enferm agem , Professor Adj unto da Universidade Federal de São Paulo, e- m ail: elianapinheiro@hot m ail.com ; 2 Doutor em Enferm agem , Docente

da Universidade do Grande ABC, e- m ail: t erezayk@ig.com .br; 3 Professor Tit ular da Escola de Enferm agem da Universidade de São Paulo, e- m ail:

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I NTRODUÇÃO

C

o m a e v o l u çã o d a p e sq u i sa e m en f er m ag em , e a con seq ü en t e d iv er sif icação d os o b j e t o s e r e f e r e n ci a i s t e ó r i co s a d o t a d o s, aper feiçoar am - se t am bém os m ét odos de colet a de dados, não m ais se r est r ingindo aos inst r um ent os t radicionais com o o quest ionário e form ulário. Out ros m ét odos vêm sendo em pregados principalm ent e nas p e sq u i sa s q u a l i t a t i v a s e m v i r t u d e d o cr e sce n t e aprim oram ento dos recursos tecnológicos de captação de im agens e sons.

Assi m , n e st e t r a b a l h o b i b l i o g r á f i co , descr ev em - se v ár ios aspect os do uso da film agem em pesquisas qualitativas, com os seguintes obj etivos: desenvolver reflexões sobre as possibilidades do uso do vídeo ( film agem ) na pesquisa qualitativa; fornecer subsídios para pesquisadores sobre aspect os t écnicos éticos que envolvem a utilização do vídeo na pesquisa. Nas ex per iências v iv enciadas pelas aut or as com o uso de film e, percebeu- se que o m esm o não se resum e ao aspecto puram ente técnico de captação d e i m a g e n s e so n s, m a s i m p l i ca e m p l a n e j a r ad eq u ad am en t e t od as as et ap as d a p esq u isa, n o sent ido de ut ilizar- se da m elhor m aneira possível os dados colhidos, aprofundar ent revist as para conhecer m elhor o univ er so de est udo. O v ídeo const it ui- se em m ét od o d e ob ser v ação in d ir et a d e colet a d e dados.

A obser vação em pesquisa não é só olhar, significa um olhar específico sobre o fenôm eno que se q u e r co n h e ce r( 1 ) . “ Pa r a q u e se t o r n e u m

i n st r u m e n t o v á l i d o e f i d e d i g n o d e i n v e st i g a çã o cient ífica, a obser v ação pr ecisa ser ant es de t udo controlada e sistem ática. I sso im plica a existência de u m p l a n ej a m en t o cu i d a d o so d o t r a b a l h o e u m a pr epar ação r igor osa do obser vador ”( 2).

O m étodo de observação perm ite a obtenção de m uit os dados que não são possív eis por out r os m é t o d o s co m o a e n t r e v i st a o u a a p l i ca çã o d e quest ionários. Há m uit os elem ent os que não podem ser apr eendidos por m eio da fala e da escr it a. “ O am bient e, os com port am ent os individuais e grupais, a linguagem não- verbal, a seqüência, a tem poralidade em que ocor r em os ev ent os são fundam ent ais não apenas com o dados em si, m as com o subsídios para int erpret ação post erior dos m esm os”( 3).

O v ídeo ( film agem ) é indicado par a est udo d e a çõ es h u m a n a s co m p l ex a s d i f ícei s d e ser em in t eg r alm en t e cap t ad as e d escr it as p or u m ú n ico

observador( 4), m inim izando a quest ão da selet ividade

do pesquisador, um a vez que a possibilidade de rever v á r i a s v e ze s a s i m a g e n s g r a v a d a s d i r e ci o n a a at en ção d o ob ser v ad or p ar a asp ect os q u e t er iam p assad o d esp er ceb i d os, p od en d o i m p r i m i r m ai or credibilidade ao estudo. Por outro lado, o vídeo pode aux iliar t am bém o pesquisador a despr ender - se de seu s v a l o r es, sen t i m en t o s, a t i t u d es q u e p o d em confer ir t ons subj et iv os ao seu olhar, influenciando a s n o t a s d e ca m p o r e a l i za d a s n o d e co r r e r d a obser v ação par t icipant e( 5).

Const at ando o int eresse crescent e pelo uso d o v íd eo em p esq u i sa s q u a l i t a t i v a s, a s a u t o r a s d e scr e v e m n e st e a r t i g o , a l g u n s a sp e ct o s q u e en v olv em a u t ilização d a f ilm ag em n esse t ip o d e pesquisa.

O USO DO FI LME COMO RECURSO PARA

G ER A R D A D O S EM P ES Q U I S A S

QUALI TATI VAS

Com o um recurso que possibilit a a geração dos dados, o film e pode ser ut ilizado de difer ent es m an eir as com o, p or ex em p lo, f ilm ar asp ect os d o f e n ô m e n o q u e se p r e t e n d e p e sq u i sa r, p a r a post eriorm ent e, realizar a análise( 6).

Ou t r a p o ssi b i l i d a d e é u sa r f i l m e s p r é -ex ist ent es, pr oduzidos pelo pr ópr io pesquisador, ou ou t r o au t or, p r op on d o q u e os su j eit os d o est u d o discut am ou opinem sobre o que foi apresent ado. A geração dos dados pode ser suscit ada ut ilizando- se de ent revist a individual, ou colet iva ( grupo focal) , ou de quest ionár io. Essa est r at égia foi em pr egada em um t rabalho, cuj os aut ores ut ilizaram um vídeo com a história de vida dos residentes em um a com unidade t erapêut ica de drogadit os. Após a proj eção do film e foi solicitado aos suj eitos do estudo que expressassem seus sent im ent os( 7).

Em um est udo com pacient es t acit urnos, os aut ores film aram várias sessões de aconselham ent o em saú de qu e for am r ealizadas pelos en fer m eir os com pacientes hospitalizados em diferentes unidades. Em seguida, os aut or es r ealizar am ent r evist as com os en f er m eir os e p acien t es, d u r an t e as q u ais os m e sm o s f o r a m e n co r a j a d o s a e x p r e ssa r su a s percepções sobre as sessões de aconselham ent o( 8).

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díade. Em seguida, os dois foram incent ivados pelos pesquisadores a conversarem sobre o tem a proposto, sendo que esse m om ent o foi film ado e apresent ado aos participantes, para que os m esm os expressassem seu s pensam ent os e sent im ent os n um a sessão de conversação que foi gravada em áudio, cuj os dados f o r a m co d i f i ca d o s e a n a l i sa d o s p e l o s a u t o r e s, const it uindo as n ar r at iv as dos adolescen t es e pais. No e n co n t r o , se g u i n t e , e ssa s n a r r a t i v a s f o r a m apresent adas separadam ent e a cada com ponent e da d ía d e e, em seg u i d a , a s d u a s n a r r a t i v a s f o r a m apresent adas aos m esm os para serem confront adas com a análise dos pesquisadores( 9).

Outra estratégia utilizada, consistiu em iniciar a colet a de dados pela film agem e, post eriorm ent e, a r e a l i za çã o d a s e n t r e v i st a s. Se n t i n d o - se a necessidade de com pr eender m elhor a ex per iência vivenciada pelos suj eitos de estudo, a autora realizou a edição de algum as sessões de film agens em um a única fit a de vídeocasset e, selecionando as im agens de acor do com os conceit os que ainda pr ecisav am ser com preendidos. A partir da análise desses dados, os suj eit os for am nov am ent e ent r ev ist ados, com o obj etivo de densificar as categorias j á identificadas( 10).

A S P ECT O S T ÉCN I CO S D O U S O D A

FI LMAGEM NA COLETA DE DADOS

O prim eiro passo do pesquisador é a escolha d o eq u ip am en t o a ser u t ilizad o, con sid er an d o os r ecur sos e as lim it ações de cada equipam ent o em relação ao fenôm eno que se quer capt ar. Esse pode ser um a câm era m óvel m anipulada por um operador, qu e pode, ou n ão, ser o pr ópr io pesqu isador ; ou , ainda, a câm era fixa que, por sua vez, pode constituir-se em um sist em a de circuit o int erno, com post o de várias câm eras que possibilit am apreender im agens do m esm o obj et o sob div er sos ângulos. Quando o equipam ent o dispõe de m icrofone, t orna- se possível t am bém capt ar o som .

O uso da câm era m óvel é m ais recom endado para apreensão de event os cuj a ocorrência pode ser p r o g r a m a d a , co m o n a s p e sq u i sa s q u e f i l m a r a m sessõ es d e b r i n q u ed o t er ap êu t i co , co m cr i an ças port adoras de câncer( 11) e asm a( 12).

O uso da câm era fixa, pela sua possibilidade de deix ar o equipam ent o oper ando por um t em po m ais longo, é m ais recom endado para apreensão de im agens e sons de fenôm enos de ocorrência nat ural,

qu e n ão são pr ogr am áv eis. O sist em a de cir cu it o interno, acoplado ao vídeo, possibilita que as câm eras film em o am bient e sim ult ânea ou seqüencialm ent e e, para essa últ im a condição, o t em po de film agem da câm era pode ser pré- program ado no m onit or, ou com an d ad o m an u alm en t e p or u m op er ad or. Essa técnica foi utilizada em um a pesquisa que desvelou o significado da com unicação verbal e não- verbal das p r of ission ais d e en f er m ag em n a in t er ação com o recém - nascido e fam ília, na assist ência prest ada em um a unidade neonat al( 10).

Nest e est udo, realizou- se a film agem com 4 câm eras fixas, sendo que, ao início de cada sessão, as câm er as f or am pr é- pr ogr am adas par a f ilm ar a seqüência em intervalo de tem po de 20 segundos de duração. Assim , as interações entre as pessoas foram film adas at é seu t érm ino, ou quando as m esm as se d e sl o ca v a m d o f o co d a câ m e r a q u e a s e st a v a f ilm an do. O u so dessa est r at égia per m it iu qu e as im ag en s f ossem cap t ad as d en t r o d o p r in cíp io d e neutralidade( 10). Convém salientar que, para assegurar

m aior n eu t r alidade possív el, r ecom en da- se qu e o m onitor sej a m anej ado por um operador que não sej a part icipant e do est udo com o universo em est udo.

Por outro lado, as autoras recom endam que, na opção de ut ilizar a câm er a fix a, o m onit or sej a colocado em um local não acessível aos suj eit os da pesquisa, para evit ar que os m esm os alt erem a sua condut a por se visualizarem na t ela.

Em bor a a qualidade da im agem e do som est ej am d ir et am en t e r elacion ad as à q u alid ad e d o eq u ip am en t o, d ev em ser con sid er ad os, t am b ém , aspectos com o a habilidade do operador, a disposição d as câm er as e d os m ob iliár ios n o am b ien t e, su a ilum inação, a adequação do núm ero de câm eras ao t am anho do recint o, ent re out ros.

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podem ser pertinentes ou não ao estudo. Nesse caso, p o d e r á r e a l i za r a e d i çã o d a s i m a g e n s o b t i d a s, sel eci o n an d o - as, seg u i n d o cr i t ér i o s p r ev i am en t e est abelecidos com base na nat ureza do fenôm eno e referencial t eórico adot ado( 4- 10).

Em qualquer m eio de coleta de dados realiza-se o p r é- t est e d os in st r u m en t os( 1 3 ). Na f ilm ag em

tam bém é necessário investir o t em po de aquecim ent o

no sent ido de perm it ir a fam iliarização do operador com o am biente e o equipam ento. O pesquisador, por sua vez, pode aguçar o seu olhar em relação ao obj eto da pesquisa, dent ro do referencial adot ado, podendo orientar o operador para a captação de im agens m ais elucidat ivas. Além disso, convém lem brar que, para obt er im agens e sons de qualidade, o equipam ent o deve ser aj ustado e testado a cada início de film agem , para que os dados possam ser efetivam ente utilizados n a p esq u i sa . É p r eci so l em b r a r t a m b ém q u e a s p essoas t en d em a m od if icar seu com p or t am en t o diant e das câm er as ou quando são obser v adas. Os part icipant es podem agir de acordo com o que eles j ulgam que sej am as ex pect at iv as do inv est igador n o est u do, ou podem apr esen t ar com por t am en t os m u i t o f o r m ai s, p r ej u d i can d o o d esv el am en t o d o f e n ô m e n o( 5 ). Po r é m , o s a m b i e n t e s so ci a i s sã o

relat ivam ent e est áveis, de m odo que a presença de u m o b se r v a d o r d i f i ci l m e n t e p r o v o ca r á t a n t a s alt er ações a p on t o d e d ist or cer o f en ôm en o( 2 ). A

lit er at u r a r ecom en d a q u e o op er ad or d a câm er a perm aneça pelo m enos 10 m inutos no am biente antes d e com eçar a f ilm ag em . Acost u m an d o- se com o o b se r v a d o r, o u co m a s câ m e r a s, o s su j e i t o s observados voltarão a apresentar seu com portam ento usual( 14).

ANÁLI SE DOS DADOS

Para efetuar a análise do m aterial film ado, é necessário, em prim eiro lugar, selecionar as im agens e os discursos que são relevant es. I sso im plica em escolh as e decisões qu e dev em ser baseadas n os obj etivos do estudo e no referencial teórico escolhido. É preciso lem brar que “ os m eios audiovisuais são um am álgam a com plex o de sent idos, im agens, t écnicas, com posição de cenas, seqüência de cenas e m uit o m ais. É, port ant o, indispensável levar essa co m p l e x i d a d e e m co n si d e r a çã o , q u a n d o se e m p r e e n d e u m a a n á l i se d e se u co n t e ú d o e est rut ura”( 15).

A se l e çã o e a n á l i se p o r t a n t o , d e v e m considerar tanto a parte de áudio com o de vídeo. Os pesqu isador es t r abalh ar am at é r ecen t em en t e com m ét odos qu e pr iv ilegiav am o discu r so do su j eit o, co m o a u t i l i za çã o d a e n t r e v i st a , f o r m u l á r i o e quest ionário, em pregando as várias linhas de análise do cont eúdo e de discurso para a com preensão dos dados.

A ut ilização sim ult ânea de áudio e de vídeo p or m eio d e f ilm ag em em p esq u isas q u alit at iv as co n st i t u i e sco l h a m e t o d o l ó g i ca , n o se n t i d o d e apreender o fenôm eno com plexo em que os discursos e as im agens são suas part es inerent es.

A ex pr essão do pen sam en t o do in div ídu o, co m o d e st a ca d o n a l i t e r a t u r a , se f a z 7 % co m palavras, 38% com ent onação de voz, velocidade da pronúncia, ent re out ros, e 55% por m eio dos sinais do corpo( 16).

O significado social de qualquer int eração é dado pelas palavras pronunciadas, na proporção de 3 5 % , p o i s o h o m e m é co n si d e r a d o u m se r m ultissensorial, em que a verbalização é apenas um a das form as de expressão, ent re out ras( 17).

Pa r a o u so d e f i l m a g e m n a s p e sq u i sa s qu alit at iv as, por t an t o, pode- se f azer n ecessár io o pesquisador desenvolver habilidades para apreender e decodificar os sinais não- verbais, baseando- se em referencial teórico adequado para a com preensão dos aspect os n ão- v er bais qu e en v olv em as in t er ações hum anas. Ressalt a- se que, na film agem , o verbal e o não- ver bal devem ser analisados com o par t es de um único fenôm eno.

É recom endável que o pesquisador revej a o f i l m e a l g u m a s v e ze s, n a su a t o t a l i d a d e , p a r a post er ior m ent e t r anscr evê- lo, e ext r air as unidades de análise. Essas, em conj unt o com as que for am o b t i d a s p o r o u t r o s m e i o s d e co l e t a d e d a d o s, const it uirão as cat egorias.

A p a r t i r d e u m co n j u n t o d a s m e sm a s e basean do- se em r efer en ciais m et odológicos com o, p o r e x e m p l o , n a Fe n o m e n o l o g i a , Te o r i a Fu n d am en t ad a n os Dad os, Et n og r af ia, An álise d e D i scu r so e o u t r o s o b t é m - se o s co n ce i t o s q u e possibilitarão o pesquisador alcançar níveis de análise m ais consist ent es para desvelar o fenôm eno.

ASPECTOS ÉTI COS

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livre e esclarecido, deve estar acordado, com o suj eito d o e st u d o , o d i r e i t o d e u so d a i m a g e m p e l o pesquisador, pois, deve- se adm it ir a possibilidade de u t ilização das im agen s par a con f r on t ar os dados, ap r o f u n d ar a an ál i se co m o s p ar t i ci p an t es, sej a individualm ente, ou em grupos. Pois isso pode im plicar que no film e apareçam outras pessoas e assim infringir direit o do sigilo e do anonim at o. Por out ro lado, na co m u n i ca çã o d o s r e su l t a d o s d a p e sq u i sa , o in v est ig ad or d ev e asseg u r ar aos in t er locu t or es a possibilidade de v er as im agens, um a v ez que nas p esq u i sas q u al i t at i v as, ad m i t e- se cer t o g r au d e su b j e t i v i d a d e n a i n t e r p r e t a çã o d o s d a d o s. As im plicações ét icas da ut ilização do film e envolvem o questionam ento entre disponibilizar as im agens e sons gravados aos potenciais leitores e o direito dos suj eitos d a p e sq u i sa a o si g i l o d e su a i d e n t i d a d e , e d a s inform ações fornecidas individualm ent e. Em bora haj a recursos de colocação de t arj as para ocult ar a face, desfocar a im agem e tam bém distorcer a voz, m uitas v e ze s a s p e sso a s p o d e m se r r e co n h e ci d a s p e l a im agem cor por al. Por out r o lado, em det er m inadas pesquisas, a colocação de tarj as na face, assim com o a dist orção da voz, podem dificult ar a apreensão do p r ó p r i o f en ô m en o e n ão ser m et o d o l o g i cam en t e r ecom en dado.

Co n si d e r a n d o t a i s i m p l i ca çõ e s, e a possibilidade de h av er r ecu sa do par t icipan t e em

per m it ir a div u lgação das im agen s, r ecom en da- se que, desde o início do contato do investigador com o suj eit o, sej a solicit ado o direit o do uso das im agens p e l o p e sq u i sa d o r p a r a f u t u r a s p u b l i ca çõ e s, ex p l i ci t a n d o n o t er m o d e co n sen t i m en t o l i v r e e esclarecido( 19). Esses aspectos são questões éticas que

d ev em ser r esolv id as em com u m acor d o en t r e o pesquisador e os suj eitos da pesquisa, com o obj etivo de salvaguardar os direit os dos suj eit os e possibilit ar a com pr eensão do fenôm eno.

CONSI DERAÇÕES FI NAI S

O vídeo constitui um instrum ento valioso para a coleta e geração de dados em pesquisas qualitativas. No ent ant o, o m esm o deve ser ut ilizado de m aneira cr it er iosa, consider ando a indicação, o pr epar o do pesquisador que engloba, além dos aspectos técnicos, out ros requisit os de nat ureza pessoal. Para t al, deve h a v e r p l a n e j a m e n t o cu i d a d o so , p o n d e r a n d o - se q u est ões com o: t em p o d isp on ív el p ar a r ealizar a p e sq u i sa , cu st o , h a b i l i d a d e s d o p e sq u i sa d o r, t r einam ent o do oper ador par a m anej o da câm er a, ent re out ros. Além disso, at enção especial deve ser dada pelo pesquisador às quest ões ét icas do uso da f i l m a g em , v i sa n d o sa l v a g u a r d a r o s d i r ei t o s d o s suj eit os da pesquisa e do pesquisador.

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