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O Distritão: benefícios e armadilhas da opção pela
simplicidade
há 1 ano
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Apresentamos no último post, em linhas gerais, os princípios e problemas do voto distrital. Mas há atualmente outra forma de sistema majoritário que ganha força como proposta para substituir a forma pela qual elegemos representantes para a Câmara dos Deputados: o Distritão. O chamado Distritão segue a mesma lógica do voto distrital: são eleitos os mais votados. A grande diferença é que, enquanto no distrital ocorrem disputas por um cargo, no distritão as eleições possuem mais de um cargo em disputa.
Comparado com a forma como elegemos deputados federais atualmente, a diferença é que abandonaríamos o princípio da proporcionalidade, usado para calcular a divisão das cadeiras de forma que os partidos recebam em cargos mais ou menos a proporção de votos que receberam. O distritão é conhecido pela sigla SNTV (Single Non-Transferable Vote). Uma busca no site do IDEA[1] mostra que esse sistema é adotado pelo Afeganistão, Kuwait, Ilhas Pitcairn e Vanuatu. O Japão adotava o sistema até 1994, quando fez uma reforma eleitoral instituindo um sistema misto. O diagnóstico no Japão a época era de que esse sistema eleitoral incentivava práticas de corrupção.
Simplicidade
Comparado com o Distrital, o Distritão mantém a qualidade da simplicidade, já que são eleitos os candidatos mais votados, mas perde a proximidade com o eleitor, porque são eleitos mais representantes em um território maior. Se por um lado há essa perda, por outro, existe maior chance de que minorias sejam representadas. O maior número de cargos em disputa diminui a parcela de votos que um grupo precisa obter para ser representado. Isso não significa que o sistema siga qualquer princípio de proporcionalidade entre votos e cargos. É matemática: se há um cargo em disputa, são precisos 50% dos votos mais um para assegurar a eleição de um candidato; mas se existem 5 cargos em disputa, com 20% garante-se um lugar no Parlamento.
A combinação de muitos cargos em disputa e a inexistência de qualquer transferência de votos pode gerar situações inusitadas. Por exemplo, um partido pode ser o mais votado e ter poucos ou nenhum representante, já que o acesso ao cargo depende apenas da posição final do candidato específico na votação. O exemplo que segue mostra bem a lógica do sistema.
Problemas
Um dos principais problemas para o sistema chamado distritão é que qualquer voto dado a um candidato além do mínimo que ele precisa para se eleger, ou ainda abaixo desse, será um voto descartado, pois não beneficia o partido e tampouco o próprio eleitor. Nesse cenário, ser o candidato mais votado da eleição pode ser bom para o político que se assegura no cargo, mas é ruim para o partido, que preferiria que o eleitor votasse em outro candidato, e ruim para o eleitor, cujo voto poderia ajudar a eleger outro candidato mais próximo da sua preferência – em vez de ser descartado. O mesmo ocorre com candidatos bem votados, mas que não entram na lista de eleitos. Nesse sistema, ainda mais que no atual, o deputado eleito depende do seu eleitorado cativo para se eleger, diminuindo o espaço para estratégias partidárias mais amplas.
Os sistemas majoritários têm seus pontos fortes e pontos fracos. A escolha por um desses caminhos depende dos incentivos que se quer criar. O distritão tem sua simplicidade, o distrital agrega a proximidade com o eleitor, os dois, no entanto, pagam seus preços na proporcionalidade entre o voto dado na urna e as cadeiras distribuídas. [1] International Institute for Democracy and Electoral Assistance –http://www.idea.int/
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