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Análise da microfenda axial em cavidades classe V restauradas com resina composta e polimerizadas com diferentes fontes de luz. Estudo pela microscopia eletrônica de varredura

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Academic year: 2017

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(1)

RESSALVA

Alertamos para ausência da Revisão da

Literatura e Referências Bibliográficas não

(2)

Dissertação apresentada à Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, para obtenção do título de Mestre em Dentística Restauradora.

Orientador: Prof. Dr. Sizenando de Toledo Porto Neto

Co-Orientador: Prof. Dr. Vanderlei Salvador Bagnato

ARARAQU ARA

(3)

DADOS CURRICULARES

Cristina M agnani

NASCIMENTO 03.08.1976 – Araraquara/SP.

FILIAÇÃO Romeu Magnani

Diná Nogueira Colin Magnani

1995/1998 Curso de Graduação em Odontologia

Faculdade de Odontologia de Araraquara – UNESP

(4)

1 INTRODUÇÃO... 1

2 REVISÃO DA LITERATURA... 9

3 PROPOSIÇÃO... 65

4 MATERIAL E MÉTODO... 66

5 RESULTADO... 85

6 DISCUSSÃO... 91

7 CONCLUSÃO... 110

8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS... 111

9 APÊNDICE... 121

10 ANEXOS ... 123

11 RESUMO... 125

(5)

As restaurações adesivas constituem, atualmente, um dos tópicos

mais importantes e estudados na área de Dentística e mesmo na Odontologia. O

avanço tecnológico apresenta novos materiais e melhorias nos já existentes em uma

dinâmica bastante acentuada, ampliando as possibilidades de tratamentos

restauradores. As resinas compostas, surgidas nos anos 70, foram recebidas como um

material revolucionário, pois seriam capazes de restaurar as porções perdidas da

estrutura dental da forma mais natural possível. A partir daí, muitos esforços têm sido

dirigidos para se tentar eliminar ou reduzir as características indesejáveis

apresentadas por esse material, tais como: descoloração, microinfiltração, problemas

pulpares, porosidade, falta de polimento adequado, grande contração durante a

polimerização, além de outras.

As resinas compostas fotoativadas oferecem muitas vantagens

clínicas quando comparadas com as resinas ativadas quimicamente: maior e melhor

tempo de trabalho, fácil manipulação e inserção na cavidade, maior grau de

polimerização, melhor estética, além de apresentarem uma evolução nas

características de dureza9. Esses materiais utilizam substâncias fotossensíveis que necessitam de intensidade luminosa suficiente para reagir com o agente redutor. O

resultado dessa combinação é a formação de radicais livres para iniciar e promover

(6)

somente ocorre em locais onde há incidência de luz apresentando um comprimento de

onda na faixa de 450 nm a 500 nm, o que é considerado ideal para promover a

excitação do componente fotossensível canforoquinona presente nas resinas

compostas9,20,45,59,61. Além disso, uma intensidade de energia adequada é necessária para polimerizar todo material restaurador fotoativado2,7,16,20,25.

Um dos maiores problemas associados à utilização da resina

composta é a contração que esse material sofre durante a sua polimerização, sendo

um grande número de fracassos clínicos atribuídos a essa sua característica2,37,83. Os materiais resinosos contraem-se demasiadamente durante a transformação de

monômero em polímero, que é o processo de endurecimento das resinas compostas,

que sofrem uma alteração volumétrica21. Ainda que essa contração possa ser parcialmente compensada pela expansão higroscópica, o resultado será a formação de

uma fenda entre o dente e a restauração se as forças de contração excederem a força

adesiva do material às paredes cavitárias15,67,83. Segundo estudos realizados22,46,88, o estresse provocado pela contração de polimerização das resinas compostas é capaz de

diminuir drasticamente a força dos adesivos dentinários. Apesar da evolução dos

sistemas adesivos, eles não são capazes de evitar completamente a formação de

fendas14,17,52.

A fenda resultante dessa contração, por permitir a passagem de

fluidos e bactérias, pode provocar uma série de reações indesejáveis como

sensibilidade pós-operatória, manchamento marginal, cáries recorrentes e injúrias

(7)

dente/material restaurador é a principal causa de irritação pulpar após a confecção das

restaurações67. Por isso, a infecção da cavidade deve ser evitada, não só pela remoção dos tecidos infectados e utilização de antissépticos, mas principalmente através de

uma perfeita adaptação do material às paredes do preparo cavitário realizado sob

isolamento absoluto.

Uma das formas de se avaliar a contração de polimerização da

resina composta é através da análise, por meio da microscopia eletrônica de

varredura, das fendas formadas entre o material restaurador e as paredes da

cavidade14,52. Entretanto, uma vez que a desidratação das amostras é necessária para a análise em microscopia eletrônica de varredura, fendas entre a superfície dental e o

material restaurador poderiam ser criadas, acompanhadas de mudanças volumétricas

como resultado de artefato de técnica73. Isto se torna ainda mais crítico para a dentina

devido ao seu alto conteúdo de água, na qual poderiam ocorrer alterações

volumétricas significantes após a desidratação24. Com o objetivo de tentar eliminar os artefatos causados pelos procedimentos utilizados no preparo das amostras para

análise, a avaliação por microscopia eletrônica de varredura pode ser realizada

através da técnica da réplica24,32,36,81,85. Esta técnica consiste em se realizar uma moldagem da superfície a ser observada e na posterior obtenção de uma réplica,

normalmente confeccionada em resina epóxica, a qual é analisada ao microscópio

eletrônico de varredura.

A adaptação da resina composta na superfície dental é resultado de

(8)

polimerização e viscosidade no período de polimerização, da sua adaptabilidade e

adesão ao tecido dentário circundante e da resistência à tensão desse tecido. A

ocorrência de fendas marginais ao redor de restaurações de resina composta resultante

da tensão provocada pela contração da resina composta, também é determinada pelo

tipo e pelas dimensões da cavidade15,17,22,31,80,92.

Portanto, para aumentar a longevidade da restauração, maior

esforço tem sido direcionado na tentativa de melhorar as propriedades de adesão e

selamento dos materiais restauradores, como modificações na composição das resinas

compostas. Sabendo-se que a grande responsável pela contração de polimerização é a

matriz resinosa, monômeros com alto peso molecular têm sido introduzidos nessa

matriz na tentativa de diminuir a contração de polimerização do material6,60,62. Outra alteração na composição da resina composta, cujo objetivo é a diminuição da

contração de polimerização, é a incorporação de maior quantidade de partículas de

carga. O acréscimo dessas partículas proporciona uma redução na quantidade de

matriz orgânica, que é a parte tecnicamente sensível das resinas compostas. Com isso,

além da redução da contração, haverá aumento da resistência ao desgaste62.

Apesar da contração de polimerização da resina composta poder

criar forças de contração capazes de romper a adesão nas paredes cavitárias, existem

várias maneiras de se interferir na competição entre a força de adesão da resina na

cavidade e a força de contração de polimerização. A utilização da técnica incremental

para restaurar as cavidades, inserindo incrementos de no máximo 2 mm de espessura,

(9)

paredes cavitárias7,8,15,16,30,46,69,72,80,83. Alguns autores15,44,46,74,78,80,83,92 recomendam a aplicação de materiais com baixa viscosidade na primeira camada da cavidade, por

serem capazes de aliviar a tensão de contração durante a polimerização, devido à sua

capacidade de escoamento e adaptação nas paredes da cavidade, preservando a

integridade marginal e axial das restaurações.

Outra maneira de minimizar a contração de polimerização é

prolongar o período de escoamento da resina composta, utilizando polimerização

controlada. Isto pode ser feito através de uma pré-polimerização com luz de baixa

intensidade seguida por uma polimerização final com luz de alta intensidade. Alguns

estudos19,26,36,54,71,83 têm demonstrado que esse procedimento pode resultar em menores fendas na interface dente/restauração. Além disso, o desenvolvimento de

sistemas adesivos capazes de apresentar uma força de adesão na dentina maior que a

força de contração, e equivalente àquela obtida no esmalte condicionado, também

possibilita a redução do estresse de polimerização15,78.

Além das propriedades dos materiais utilizados, do volume do

material a ser polimerizado, da configuração da cavidade e da técnica de restauração

realizada, o desenvolvimento de técnicas e aparelhos para fotoativação tem

desempenhado um papel fundamental no processo de polimerização das resinas

compostas. Porém, os aparelhos fotopolimerizadores devem apresentar algumas

características consideradas ideais para que possam desempenhar adequadamente as

funções a que se propõem, como comprimento de onda e intensidade de luz

(10)

também dependem do tipo de fonte de luz utilizada podem ser controlados pelo

profissional, como o tempo de irradiação e a distância da fonte de luz do material

restaurador.

Os aparelhos convencionais são os mais utilizados nos consultórios

odontológicos; no entanto, apresentam uma lâmpada halógena que, ao ser aquecida,

emite uma luz branca de alta intensidade, promovendo uma grande emissão de

radiação infravermelha. O resultado é o aquecimento do aparelho, facilmente

constatado durante a sua utilização, e conseqüente degradação de suas partes

constituintes. Por este motivo, há a necessidade de uma avaliação periódica desses

aparelhos quanto às condições do bulbo, do filtro, do refletor e do cabo de fibra

óptica, pois a deterioração de seus componentes pode levar a uma diminuição da

qualidade da luz emitida16,25,49,55.

Como uma inovação tecnológica bastante recente em aplicações em

Odontologia, o laser tem despertado muito o interesse dos profissionais da área. No

campo da Dentística, os lasers têm atuado tanto na remoção como na detecção e

prevenção de cáries, condicionamento do esmalte, na fotopolimerização de materiais

resinosos, no tratamento de hipersensibilidade dentinária, etc64. Um tipo de laser já bastante estudado e utilizado na odontologia é o laser de argônio. Dentre as suas

indicações, ele representa uma nova opção para fotopolimerização de resinas,

ionômeros e selantes10,33,64.

O laser de argônio emite um comprimento de onda específico (488

(11)

resinas compostas33,53, que possibilita a sua utilização na polimerização da resina composta. Alguns estudos relatam propriedades físicas superiores do material quando

polimerizados com laser de argônio: aumento da força de adesão, maior profundidade

de polimerização, melhor resistência à compressão, resistência à tensão diametral

aumentada e ótima resistência flexural18,33,42,87. Estes benefícios são alcançados

utilizando um tempo de polimerização consideravelmente menor, usualmente 10

segundos, comparados com 40 segundos para o aparelho convencional na

polimerização das resinas compostas2,11,18,33,42. Porém, o principal problema da utilização do laser de argônio como fonte de luz polimerizadora é o seu alto custo, o

que dificulta a sua aquisição2.

Ainda no campo da fotoativação, uma outra fonte alternativa de

polimerização, lançada recentemente no mercado, são os diodos emissores de luz

(LEDs) azul35,47,49,53,55,56,57,76,77,79,82,89. De acordo com relatos obtidos nos estudos sobre a eficiência dos LEDs na polimerização da resina composta comparada com a

do aparelho convencional, os dispositivos à base de LEDs permitem a emissão da luz

dentro de um intervalo de comprimento de onda adequado para a excitação da

canforoquinona, apresentando maior pureza espectral que o aparelho convencional53. Quando utilizados com parâmetros adequados, promovem uma dureza superficial

satisfatória da resina composta, minimizando a perda do material e o desgaste

(12)

Em virtude da variedade de equipamentos fotopolimerizadores,

com seus diferentes níveis de interações teciduais e potências disponíveis para

aplicações diversas, o campo de pesquisa é muito vasto. Pesquisadores vêm

desenvolvendo trabalhos científicos que comprovem a eficácia da utilização do laser

e dos LEDs em aplicações clínicas variadas, tentando ampliar as suas indicações e

estabelecer suas restrições de uso. Muitas descobertas foram feitas; contudo, existe a

necessidade de aprofundamento nas pesquisas, na tentativa de esclarecer aos

cirurgiões-dentistas e ao meio científico as vantagens e as restrições do emprego

desses aparelhos, além de avaliar o seu custo-benefício. Baseados nesses fatos e na

literatura, ressaltamos a importância de se realizar uma pesquisa que avaliasse a

influência da fonte de luz polimerizadora e da composição do material restaurador na

formação de fendas axiais em cavidades de classe V restauradas com resina

(13)

O objetivo deste trabalho foi comparar, in vitro, através da

microscopia eletrônica de varredura, a largura de microfendas na parede axial em

cavidades de classe V restauradas com dois tipos de resina composta, submetidas

à polimerização com diferentes fontes de luz: aparelho convencional, laser de

(14)

1. Seleção dos dentes

Neste trabalho, aprovado pelo Comitê de Ética CEP-FO/CAr. no 134/2001 (Anexo 1), foram utilizados 80 dentes molares humanos recentemente

extraídos e isentos de cárie. Os dentes foram colocados em uma solução de

glutaraldeído 2% por dez horas para então ser feita a profilaxia com pedra-pomes

e água14. Em seguida, eles foram armazenados em água destilada à temperatura ambiente, até o momento de serem preparadas as cavidades.

2. Preparo das cavidades

Em cada dente foram preparadas duas cavidades de classe V, uma

na superfície vestibular e outra na superfície lingual, resultando num total de 160

cavidades (20 cavidades para cada grupo), estando a parede cervical localizada 0,5

mm abaixo da junção cemento-esmalte. Os preparos foram realizados com fresas

de carbeto de tungstênio no245 (Densco Bur-USA), montadas em uma turbina

pneumática, tipo colchão de ar (Dabi-Atlante), com velocidade angular em giro

livre de 300.000 r.p.m., e refrigeração através de ar e água. A cada grupo de

quatro preparos cavitários, a fresa foi substituída por outra sem uso.

As cavidades foram padronizadas com o auxílio do "Aparelho de

Perfuração" preconizado por Sá & Gabrielli70 em 1979, composto de um

(15)

Figura 1. Aparelho perfurador para padronização dos preparos cavitários

A – Relógio comparador para controlar a pressão exercida na

turbina e medir a profundidade do preparo cavitário (2,0 mm).

B – Parafuso macrométrico para realização do ajuste inicial da

fresa na superfície do dente, através do correto posicionamento da turbina.

C – Parafuso macrométrico que permite a aplicação controlada da

pressão de corte para obter a profundidade desejada da cavidade.

A

B

C

D

E

F

G

(16)

D – Sistema de fixação do dente a ser preparado e acoplado à

platina móvel do aparelho.

E – Dispositivo de fixação da turbina, com parafusos de regulagem

para obter uma posição perpendicular da fresa sobre a superfície do dente a ser

preparado.

F e G – Parafusos com precisão de décimos de milímetro, para

movimentar os sistema de fixação e platina à direita/esquerda (F) e no sentido

ântero-posterior (G), com a finalidade de definir as dimensões da cavidade,

respectivamente, no sentido mésio-distal (2,0 mm) e no sentido ocluso-cervical

(2,0 mm).

H e I – Nônios que permitem a fixação de pontos de referência

para controle da dimensão das paredes mésio/distal e ocluso/cervical

respectivamente.

Todos os preparos cavitários foram realizados com as seguintes

dimensões (Figura 2):

♦ Profundidade: 2 mm

♦ Extensão ocluso-cervical: 2 mm

(17)

Figura 2. Preparo da cavidade realizado

As cavidades assim obtidas foram lavadas, secas e examinadas

em lupa estereoscópica ZEISS (10X), com a finalidade de detectar possíveis

trincas causadas durante a execução do preparo cavitário nas paredes de esmalte e

dentina. Caso isto fosse confirmado, o dente danificado seria desprezado e

substituído por outro, pois poderia influenciar no resultado da pesquisa.

3. Materiais utilizados

As 160 cavidades preparadas foram restauradas utilizando-se um

sistema adesivo simplificado e duas resinas compostas, conforme mostra a Tabela

1, e fotopolimerizadas por três tipos diferentes de aparelhos fotopolimerizadores,

(18)

Tabela 1. Materiais Restauradores (Figuras 3 e 4)

MATERIAL MARCA COMERCIAL FABRICANTE CARACTERÍSTICA

Sistema Adesivo Prime Bond NT Dentsply Simplificado

Resina Composta FiltekTM A110 3 M Micropartículas, cor A3

Resina Composta FiltekTM P60 3 M Híbrida, cor A3

Figura 3. Sistema adesivo Prime & Bond NT – Dentisply

(19)

Tabela 2. Aparelhos fotopolimerizadores (Figuras 5, 6 e 7)

Aparelho Comprimento de

onda(nm)

Intensidade

(mW/cm2)

Potência

(mW)

Diâmetro do

feixe (mm)

Laser argônio Innova 100 -

Coherent 488 1000 500 8

Diodo emissor de luz

(LED) azul, LEC 470 -

M&M Optics - São Carlos

470 80 40 8

KM 200 R 460 500 250 8

(20)

Figura 6- Diodo emissor de luz (LED) azul, LEC 470 - M&M Optics - São Carlos

(21)

Foram variadas as fontes de luz e os tempos de polimerização,

totalizando oito grupos:

Grupo 1 (G1): resina Filtek A110 + fotopolimerização com aparelho

convencional por 40 segundos;

Grupo 2 (G2): resina Filtek P60 + fotopolimerização com aparelho

convencional por 40 segundos;

Grupo 3 (G3): resina Filtek A110 + fotopolimerização com laser argônio por

20 segundos;

Grupo 4 (G4): resina Filtek P60 + fotopolimerização com laser argônio por

20 segundos;

Grupo 5 (G5): resina Filtek A110 + fotopolimerização com LED azul por

40 segundos;

Grupo 6 (G6): resina Filtek P60 + fotopolimerização com LED azul por 40

segundos;

Grupo 7 (G7): resina Filtek A110 + fotopolimerização com LED azul por

60 segundos;

Grupo 8 (G8): resina Filtek P60 + fotopolimerização com LED azul por 60

segundos.

Todos os aparelhos fotopolimerizadores utilizados são

pertencentes ao Instituto de Física de São Carlos – USP, onde foi realizada a

confecção das restaurações dos oito grupos, com o qual a Faculdade de

(22)

4. Confecção das restaurações

As restaurações foram realizadas utilizando-se os materiais

mencionados na Tabela 1, utilizados conforme recomendações dos fabricantes.

Primeiramente as cavidades foram condicionadas com ácido fosfórico 37% em

esmalte e dentina por 20 segundos, lavadas em seguida com jatos de água por 20

segundos e secas com papel absorvente sem, no entanto, desidratá-las. Após isso,

o adesivo dentinário foi aplicado segundo instruções do fabricante. O tempo de

fotopolimerização do adesivo dentinário dependeu do aparelho fotopolimerizador

utilizado. Para o laser de argônio, o tempo foi de 5 segundos e para o LED e para

o aparelho convencional, 20 segundos.

Considerando-se o fator de configuração (Fator C) de uma

cavidade classe V, descrito por Feilzer et al.31, a acomodação da resina composta na cavidade foi baseada na técnica de inserção incremental proposta por Hansen37, na tentativa de minimizar o estresse gerado pela contração de polimerização da

resina composta nesse tipo de preparo cavitário. A inserção do material foi assim

realizada:

♦ o primeiro incremento foi acomodado de forma oblíqua, com o auxílio de uma

espátula Thompson e de um pincel, em contato com as paredes axial, cervical

e distal da cavidade, e depois fotopolimerizado;

♦ o segundo incremento também foi acomodado de forma oblíqua, com o

auxílio dos mesmos instrumentos, em contato com as paredes axial, oclusal e

(23)

♦ um terceiro incremento foi acomodado de forma a preencher com ligeiro

excesso toda a cavidade, também com o auxílio dos mesmos instrumentos,

tomando-se cuidado especial para o vedamento do ângulo cavo-superficial da

cavidade, sendo depois fotopolimerizado.

Concluídas as restaurações, os dentes foram armazenados em

água destilada no interior de recipientes fechados, à prova de luz, em estufa a

370C por 1 semana. Após este período, as amostras foram submetidas à técnica de acabamento e polimento, realizada com discos Sof Lex (3M) seqüenciais de óxido

de alumínio montados em mandril para contra-ângulo na seqüência indicada pelo

fabricante, até a obtenção de uma superfície regular e uniforme e sem excessos. A

cada três restaurações, os discos eram trocados por novos.

5. Execução da ciclagem térmica

Após o polimento, os dentes foram submetidos à ciclagem

térmica em água nas temperaturas de 80C e 550C39, com um tempo de permanência de 15 segundos em cada temperatura, realizando-se um total de 750

(24)

Figura 8. Máquina de ciclagem térmica

6. Preparo dos dentes para avaliação das medidas das fendas

Os dentes foram fixados com a face mesial ou distal em blocos

de madeira, com godiva verde de baixa fusão (Kerr), para serem realizados os

cortes com disco de diamante, sempre refrigerados com água (Figura 9).

O primeiro corte foi realizado no sentido mésio-distal, com o

intuito de individualizar as restaurações vestibular e lingual. As metades dos

corpos-de-prova obtidas foram novamente fixadas, pela superfície cortada,

deixando deste modo as restaurações totalmente expostas. Em seguida, foi

realizado o corte do dente partindo-se do centro da restauração em direção ao

longo eixo do dente, possibilitando observar longitudinalmente as paredes oclusal,

(25)

Figura 9. Montagem do dente para execução dos cortes

Figura 10. Corte no centro da face vestibular ou lingual

(26)

Para se remover os detritos oriundos do corte com o disco de

diamante na região a ser observada, as superfícies foram regularizadas com lixa

d`água com abrasividade decrescente (nos 80, 320, 600) e depois submetidas ao

condicionamento ácido com ácido fosfórico 37% sem presença de sílica

(UNI-ETCH – Bisco), por 20 segundos, na região da interface dente/restauração,

lavando-se em seguida por 20 segundos (Figura 11). Após este procedimento, as

superfícies foram moldadas para a confecção de um molde e obtenção das

réplicas.

Figura 11. Planificação da superfície a ser moldada para se obter a réplica

7. Obtenção das réplicas

Para a observação das amostras em microscopia eletrônica de

varredura, é necessário que se faça a desidratação das mesmas. Entretanto, este

(27)

dental devido ao seu alto conteúdo de água73. Sendo assim, na tentativa de eliminar os artefatos de técnica que poderiam provocar o surgimento ou mesmo

provocar o alargamento de fendas já existentes, utilizou-se a técnica da réplica,

que vem sendo empregada com muito sucesso em diversos

trabalhos13,23,24,32,34,36,44,54,73,80,81,84,85.

Foi realizada a moldagem das superfícies dos dentes com um

polivinilsiloxano (President – Vigodent), que possui melhor capacidade para

reproduzir detalhes microscópicos da estrutura a ser observada24,32,34,54,80,81,85

(Figura 12). Após o período de 1 hora (período recomendado pelo fabricante), a

resina epóxica Araldite-Brascola23,36,80 foi manipulada e inserida no interior da moldagem e deixada secar por 24 horas, obtendo-se assim as réplicas das amostras

(Figura 13).

(28)

Figura 13. Réplica em resina epóxica Araldite - Brascola

8. Estocagem e metalização das réplicas para avaliação

Para a observação por meio de microscopia eletrônica de

varredura, as réplicas foram submetidas à incorporação da metalização áurica. O

microscópio utilizado foi o JEOL-JSM, modelo T-330 A, acoplado a um

analisador de energia dispersiva espectroscópica e a uma câmara fotográfica,

pertencentes ao Instituto de Química de Araraquara – UNESP (Figura 14).

(29)

9. Critérios de avaliação

A última fase consistiu em colocar os espécimes de cada grupo no

microscópio, efetuando a visualização na interface entre a parede axial do preparo

e o material restaurador na região que apresentou maior largura da fenda. Após a

localização da área, esta foi fotografada com 500 vezes de aumento para medir-se

então a fenda entre o material restaurador e a parede cavitária com o auxílio de um

paquímetro eletrônico de três dígitos (marca SHINWA RULES CO., LTD.)

Foram realizadas três medições com o paquímetro para se obter uma média entre

essas medidas, em milímetros (Figura 15). Na fotografia de cada corpo-de-prova

está contida uma escala em micrômetros, que serve para graduar um paquímetro

eletrônico, com a finalidade de medir o tamanho da fenda em micrômetros (Figura

16). Para facilitar o entendimento, exemplifica-se uma medição da seguinte

forma: coloca-se o paquímetro sobre a escala que está representando 50

micrômetros e observa-se que esta mede 23,35 milímetros; em seguida, mede-se a

fenda entre material restaurador e margem cavitária, a qual, no paquímetro,

registrou 8,52 milímetros. Por meio de uma simples regra de três matemática,

(30)

Figura 15. Medida da fenda.

(31)

10. Planejamento Estatístico

Neste trabalho, testou-se, através da análise de variância, o

efeito dos fatores tipo de resina e tipo de fonte de luz quanto à largura de fendas,

medidas em micrometros. O primeiro fator possui dois níveis, as resinas

compostas A110 e P60, e o segundo fator possui quatro níveis, as fontes de luz:

Convencional (F1), Laser de Argônio (F2) e LED aplicado em dois tempos de

exposição, 40 segundos (F3) e 60 segundos (F4). Há, portanto, oito grupos

experimentais formados pela combinação das duas resinas com as quatro fontes de

luz. Pelo teste F da análise de variância foram testadas três hipóteses: uma de que,

independentemente da fonte de luz, não há efeito do tipo de resina na média de

microfenda ou, em outras palavras, a hipótese de que não há diferença na

microfenda média entre os dois tipos de resinas; uma segunda hipótese de que,

independentemente da resina, não há efeito do tipo de luz sobre a microfenda;

uma terceira de que não há efeito de interação do tipo de resina e do tipo de luz

sobre a microfenda. Essas hipóteses foram testadas ao nível de 5% de

significância. Quando a análise de variância indicou a rejeição da hipótese sendo

testada, foram realizadas comparações múltiplas pelo teste de Tukey para

identificar as médias diferentes, também ao nível de 5% de significância.

A análise de variância pressupõe que os dados, em cada grupo

experimental, provêm de uma distribuição normal e que todas as distribuições têm

a mesma variância. Foram empregados os testes de Shapiro-Wilk e de Levene,

(32)

ambos ao nível de 5% de significância. Esses testes podem ser realizados sobre os

erros aleatórios associados às medidas de microfenda. No caso presente, o erro é

estimado pela diferença entre a medida de microfenda e a média de microfenda do

grupo ao qual a medida pertence. Essa estimativa do erro chama-se resíduo. A

pressuposição de homogeneidade de variância citada acima se refere agora aos

resíduos dos diversos grupos experimentais. Esses resíduos devem ser

(33)

Tabela 3. Medidas de microfendas, em micrômetros, obtidas em amostras de resinas compostas submetidas às fontes de luz: Convencional (F1), Laser de Argônio (F2) e LED em dois tempos de exposição, 40 (F3) e 60 (F4) segundos (médias com letras iguais não são significativamente diferentes ao nível de 5% pelo teste de Tukey)

Amostras Filtek A110 Filtek P60 F1 F2 F3 F4 F1 F2 F3 F4

{G1} {G3} {G5} {G7} {G2} {G4} {G6} {G8}

1 7,35 11,29 2,88 11,53 0,00 4,65 3,86 5,71 2 10,75 7,33 9,83 11,64 0,00 7,52 1,60 3,90 3 8,54 7,73 5,02 8,73 0,00 8,23 3,40 4,40 4 2,04 0,87 7,55 8,44 7,29 13,70 0,00 1,60 5 0,00 4,60 7,49 3,96 2,83 7,27 3,88 4,11 6 2,56 13,44 3,51 8,63 4,27 2,77 5,39 8,90 7 4,90 8,12 4,02 7,61 3,62 13,73 5,52 7,39 8 7,81 6,62 1,99 9,23 0,00 7,85 5,39 4,40 9 5,23 8,10 1,56 12,24 6,54 13,52 4,71 5,25 10 6,60 11,83 10,81 10,70 1,67 5,35 5,21 6,70 11 9,10 7,06 5,23 8,13 5,27 5,94 2,51 8,11 12 8,17 2,96 5,91 10,27 3,12 4,50 2,34 6,18 13 7,29 9,15 3,22 7,43 6,12 1,31 4,25 7,66 14 9,12 7,65 7,09 13,42 3,12 7,21 4,50 5,31 15 5,54 9,73 4,77 14,48 0,00 2,86 2,61 7,78 16 3,58 7,33 5,25 8,96 0,00 2,14 3,09 9,38 17 8,00 0,00 5,52 10,50 0,00 2,78 0,73 13,48 18 6,29 10,52 5,95 12,59 7,60 9,69 6,87 9,36 19 4,08 5,81 6,53 5,23 1,25 4,50 6,04 6,70 20 1,40 4,33 4,85 14,40 0,00 8,05 6,95 8,82 Média 5,92a 7,22b 5,45a 9,91b 2,64c 6,68d 3,94c 6,76d

(34)

Na Tabela 3 são apresentadas as medidas de microfendas, em

micrômetros, obtidas em amostras das resinas compostas Filtek A110 e Filtek

P60, as quais foram polimerizadas com as fontes de luz: Convencional (F1), Laser

de Argônio (F2) e LED, esta última em dois tempos de exposição, 40 (F3) e 60

(F4) segundos; são indicadas as combinações das resinas e as fontes de luz,

formando os oito grupos experimentais de G1 a G8; também, as médias das

medidas de microfendas e os desvios padrão. Essas médias estão representadas

graficamente na Figura 17.

0,0 2,0 4,0 6,0 8,0 10,0 12,0

F1 F2 F3 F4

microfendas (

m)

A110 P60

Figura 17. Representação gráfica das médias de microfendas, em micrômetros, obtidas em amostras de resinas submetidas às fontes de luz: Convencional (F1), Laser de Argônio (F2) e LED em dois tempos de exposição, 40 (F3) e 60 (F4) segundos.

A comparação das médias dos grupos experimentais foi

realizada pelo procedimento estatístico da análise de variância de dois fatores:

(35)

na Tabela A1 do Anexo B. Quando o valor-p é menor do que 0,05, aceita-se que

há evidência estatística suficiente para afirmar que o efeito correspondente é

significativo. Observa-se, então, que há efeito significativo de resina e de luz, não

sendo significativo o efeito da interação resina x luz. Portanto, a resina de

micropartículas Filtek A110 apresentou fendas médias significativamente maiores

do que a resina híbrida Filtek P60, independentemente do tipo de fonte de luz

polimerizadora utilizada.

Por outro lado, o efeito de luzes também foi significativo,

independentemente da resina. Então, para comparar as médias de microfendas

causadas pela luz, duas a duas, foi empregado o teste de Tukey ao nível de 5%. O

resultado deste teste pode ser visto na Tabela A2, do Apêndice A, onde são

apresentados os valores de probabilidade (valor-p). As médias comparadas são

aquelas de fonte de luz, juntando-se os dois grupos de resinas diferentes.

Observa-se que não há evidência de diferença entre as médias de microfendas das fontes F1

e F3 e entre as fontes F2 e F4. Deve-se considerar, de acordo com o parágrafo

anterior, que há diferença significativa nos resultados de uma resina composta

para outra.

Estes resultados estão resumidos na Tabela 3 representados por

letras sobre as médias. Letras iguais indicam que as médias correspondentes não

foram significativamente diferentes. Assim, pode-se estabelecer a seguinte

relação: a polimerização com o aparelho convencional por 40 segundos resultou

medidas de microfendas semelhantes às das amostras polimerizadas com o LED

(36)

amostras polimerizadas com o laser de argônio e com LED por 60 segundos, as

quais foram semelhantes. Portanto, pode-se concluir que a contração dos dois

tipos de resina composta foi menor quando se utilizou o aparelho convencional e o

LED por 40 segundos do que a contração que ocorreu nas amostras das resinas

polimerizadas com o laser de argônio e com o LED por 60 segundos.

Para ilustrar esses resultados, as fotomicrografias da fenda axial

presente nas cavidades restauradas com os dois tipos de resina composta, para

cada fonte de luz, são apresentada nas figuras de 18 a 21, evidenciando mais uma

vez que a resina composta Filtek A110 apresentou fendas maiores do que a resina

composta Filtek P60 seja qual for a fonte de luz. Além disso, as fendas resultantes

da polimerização com as fontes F1 e F3 foram equivalentes e menores do que as

fendas resultantes da polimerização com as fontes F2 e F4.

A validade da análise de variância empregada neste trabalho é

apresentada no Apêndice A. A Tabela A3 e a Figura A1 contêm os valores de

probabilidade (p) correspondentes respectivamente aos testes de Shapiro Wilks e

de Levene. Ambos foram maiores que 0,05 comprovando que a análise foi

adequada.

Em razão das médias das fendas presentes nas amostras da

resina Filtek A110 serem sempre maiores do que as da resina Filtek P60,

independente da fonte de luz utilizada, a discussão dos resultados foi realizada

comparando-se primeiramente as diferenças encontradas entre os resultados

obtidos com as fontes de luz, duas a duas e, a diferença encontrada nos resultados

(37)

(a) (b)

Figura 18. Fotomicrografia da fenda axial presente na cavidade (a) restaurada com a resina Filtek A110 e (b) restaurada com a resina Filtek P60, polimerizadas pelo

aparelho convencional (F1)

(a) (b)

Figura 19. Fotomicrografia da fenda axial presente na cavidade (a) restaurada com a resina Filtek A110 e (b) restaurada com a resina Filtek P60, polimerizadas pelo

(38)

(a) (b)

Figura 20. Fotomicrografia da fenda axial presente na cavidade (a) restaurada com a resina Filtek A110 e (b) restaurada com a resina Filtek P60, polimerizadas pelo

LED durante 40 segundos (F3)

(a) (b)

Figura 21. Fotomicrografia da fenda axial presente na cavidade (a) restaurada com a resina Filtek A110 e (b) restaurada com a resina Filtek P60, polimerizadas pelo

(39)

Um dos aspectos mais importantes que deve ser avaliado em

restaurações de resina composta direta é a formação de fendas na interface

dente/restauração, que pode ocorrer em virtude do estresse provocado pela

contração da resina composta durante a polimerização21,46,83. Essas fendas podem provocar uma série de reações indesejáveis, como sensibilidade pós-operatória,

manchamento marginal, cáries recorrentes e injúrias pulpares17,67, o que justifica a importância em pesquisar a formação de fendas axiais em cavidades classe V

restauradas com resina composta.

As fendas podem estar presentes nas margens das restaurações

ou ao nível da parede axial e pulpar. Qualquer espaço formado no interior do

material restaurador ou entre o material restaurador e a estrutura dental é

considerado prejudicial mecanicamente, pois permite a deformação do material

durante a aplicação das forças oclusais. Esse espaço é preenchido por fluidos

dentinários ou fluidos provenientes do meio externo através da infiltração

marginal. A ação das forças mastigatórias promove uma movimentação desses

fluidos no interior dos túbulos dentinários em direção à polpa, provocando

sensibilidade pós-operatória17,30. Além disso, no interior das fendas e nos fluidos dentinários pode haver a presença de bactérias, e com isso a possibilidade de

ocorrer inflamação e até mesmo necrose pulpar17.

A formação de fendas resultantes da contração de polimerização

(40)

negativas desse material e um desafio a ser vencido por profissionais e

fabricantes. Existem vários fatores que podem interferir na capacidade de adesão

entre o material restaurador e as paredes da cavidade, como: a técnica de inserção

do material, o tamanho e a forma da cavidade, a utilização ou não de materiais

forradores ou de base, a expansão higroscópica do material e as características

relacionadas à fonte de luz polimerizadora e ao material restaurador.

Uma das alternativas mais viáveis para a redução do estresse

gerado pela contração de polimerização é a inserção da resina composta na

cavidade pela técnica incremental, com pequenos incrementos, oblíquos ou

horizontais, de no máximo 2mm de espessura. Estes achados são confirmados por

muitas pesquisas7,8,15,16,17,28,30,36,46,69,80,81, e por este motivo foi a técnica de inserção empregada em nosso estudo, embora existam trabalhos41,93, em que não houve diferenças estatísticas significantes utilizando-se a técnica de inserção em

único incremento ou a técnica incremental.

O estresse gerado pela contração de polimerização também está

intimamente relacionado com a configuração da cavidade ou fator

C15,21,22,31,60,80,88. Segundo Feilzer et al.31, o fator C é definido como sendo a razão entre o número de superfícies aderidas e o número de superfícies livres (não

aderidas). Quanto maior o número de superfícies aderidas, ou seja, quanto maior o

número de paredes dentinárias nas quais a resina é inserida, maior a tensão gerada

pela contração nas paredes da cavidade, porque há uma diminuição da capacidade

de escoamento do material. O ideal seria que os valores do fator C fossem os

(41)

clinicamente, podem apresentar os maiores valores do fator C.

Outro aspecto relacionado com o sucesso clínico das

restaurações de resina composta é a polimerização adequada do material

restaurador20,45. O grau de polimerização de uma resina composta fotoativada depende, principalmente, da intensidade de luz, do tempo de exposição e do

comprimento de onda da luz incidente7,20,23,45,59, portanto algumas considerações devem ser feitas relacionadas a esses fatores.

O processo de polimerização das resinas atuais ocorre através da

absorção da luz visível pela molécula fotoiniciadora, que, na maior parte das

resinas compostas, é a canforoquinona presente na matriz orgânica. A excitação

desse fotoiniciador ocorre através da luz azul nos comprimentos de onda entre 450

nm e 500 nm, com o pico de absorção em 468 nm2,20,45,59,61. Quando a canforoquinona é excitada, uma reação em cadeia é estabelecida e ocorre o

endurecimento do material. Existem diferentes fontes de luz que podem ser

utilizadas para a polimerização das resinas compostas como os aparelhos

convencionais, o laser de argônio e o diodo emissor de luz (LED) azul.

Os aparelhos convencionais que utilizam lâmpada halógena são

os mais utilizados nos consultórios odontológicos. Entretanto, a lâmpada

halógena, ao ser aquecida, emite uma luz branca de alta intensidade, e, apesar

dessa luz passar por um filtro, muitos comprimentos de onda indesejáveis ainda

estão presentes na luz que chega no material16,25,49,55. O laser difere da luz comum por suas propriedades de monocromaticidade, coerência e colimação. Isto

(42)

onda, e este fator é muito importante quando se considera a interação da luz com o

material e, conseqüentemente a fotoativação33,53. Os LEDs produzem uma luz divergente e não coerente, assim como o aparelho convencional; no entanto,

apresentam um estreito espectro de emissão49,53.

Os espectros de emissão das três fontes de luz utilizadas neste

trabalho - aparelho convencional, laser de argônio e LED azul - foram obtidos

através da leitura em um espectrofotômetro constituído por um monocromador e

uma fotomultiplicadora para coleta do sinal e estão apresentados na Figura 22.

Podemos observar que a emissão do laser de argônio é de 488 nm, o pico de

emissão do LED azul apresenta-se ao redor de 470 nm e o do aparelho

convencional em torno de 460 nm. A região hachurada no gráfico corresponde à

faixa do comprimento de onda de absorção do principal fotiniciador presente nas

resinas compostas, a canforoquinona. As regiões do espectro que não estão nesse

intervalo de interesse para a polimerização da resina composta servirão apenas

para elevar a temperatura da estrutura dental e do material restaurador, além de

(43)

Figura 22. Comparação dos espectros de emissão das três fontes de luz utilizadas para a fotopolimerização da resina composta. A região hachurada corresponde à região do espectro eletromagnético adequada de polimerização e seta ao pico de absorção da canforoquinona.

Em nosso estudo, comparando-se a polimerização com o

aparelho convencional que apresenta uma intensidade de 500 mW/cm2 (Figura 18) com a polimerização com o LED que apresenta uma intensidade de 80 mW/cm2 (Figura 20), ambos com 40 segundos de exposição, verificamos que não houve

diferença estatística significante nos valores das medidas das fendas axiais. Na

Figura 22, a comparação dos espectros de emissão dos LEDs com os do aparelho

convencional mostra que para o aparelho convencional, grande parte da energia é

entregue em comprimentos de onda na região do espectro fora do intervalo de 450

nm a 500 nm, os quais não são comprimentos de onda capazes de excitar o

300 400 500 600 700

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 LED Lâmpada halógena Laser de argônio canforquinona

(banda de absorção)

Intensidade normalizada

(unid. arbitrárias)

(44)

iniciador da resina composta. No entanto, quando se avalia o laser de argônio e o

aparelho à base de LEDs azuis, toda a energia luminosa entregue está na região

do espectro de absorção da canforoquinona53,55. Em razão da maior seletividade

espectral dos LEDs atuando somente nesse intervalo de comprimento de onda, é

possível utilizar uma intensidade luminosa inferior à do aparelho convencional e

mesmo assim obter resultados semelhantes entre as duas fontes de luz40,57,76,77, como foi verificado nesta pesquisa.

Um estudo importante que ilustra bem essas informações é o de

Medeiros53, que realizou uma decomposição da curva do espectro de emissão do aparelho convencional em sete curvas gaussianas (Figura 23). Observa-se que

uma das curvas gaussianas (gaussiana 5) corresponde à região de emissão do

dispositivo à base de LEDs. Através do cálculo da área das curvas, obteve-se a

porcentagem de energia emitida nesta região do espectro que foi equivalente a

aproximadamente 21,4% da energia total. O restante (78,6%), pouco contribui de

fato para o processo de polimerização. Se aplicarmos essa porcentagem na

potência emitida pelo aparelho convencional utilizado em nossa pesquisa,

constataremos que somente 53,5 mW da potência total emitida (250 mW) é

utilizada no processo de polimerização, a qual se aproxima da potência utilizada

(45)

350 400 450 500 550 600 650 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0 gaussiana 5 pico: 469nm área: 21,44%

largura das gaussianas: 30nm área da gaus. 1: 1,83% área da gaus. 2: 9,85% área da gaus. 3: 12,76% área da gaus. 4: 17,42% área da gaus. 5: 21,44% área da gaus. 6: 26,39% área da gaus. 7: 10,33%

espectro do fotopolimerizador (lâmpada com filtro)

dado experimental gausssiana 1 (392,62nm) gaussiana 7 (502,88) gaussiana 6 (489nm) gaussiana 4 (450nm) gaussiana 3 (430nm) gaussiana 2 (410nm) gaussiana 5 (469nm) soma das gaussianas

intensidade (u.a.)

comprimento de onda

Figura 23. Gráfico mostrando o espectro de emissão do fotopolimerizador convencional e sua decomposição em gaussianas.

Por causa dessa diferença espectral entre os aparelhos

fotopolimerizadores, existe divergência na literatura quanto à intensidade de luz

necessária para a polimerização das resinas compostas. Por exemplo, Caughman

et al.16 recomendam a utilização de aparelhos fotopolimerizadores convencionais

com intensidade luminosa entre 280 mW/cm2 e 300 mW/cm2; Rueggeberg et al.69, de 400 mW/cm2, enquanto Araújo et al.3 indicam serem apropriadas as intensidades de luz entre 180 mW/cm2 e no máximo 600 mW/cm2. No entanto, a intensidade luminosa que pode ser recomendada para o laser é de 100 mW/cm2, de acordo com Blankenau et al.11. Os LEDs vêm sendo empregado com

intensidades luminosas que variam de 80 mW/cm2 até 350mW/cm2 nos trabalhos

(46)

encontrados na literatura40,50,53,56,58,68,77,89.

Apesar das diversas pesquisas que vêm sendo realizadas

utilizando os LEDs azuis para a polimerização de resinas

compostas33,35,40,47,49,50,53,55,56,57,58,68,76,77,79,82,89, poucos trabalhos relacionados à contração de polimerização são encontrados na literatura, uma vez que se trata de

uma tecnologia relativamente nova. Whitters et al.89, utilizando parâmetros semelhantes aos aplicados neste estudo, avaliaram a contração linear de resinas

compostas polimerizadas com LEDs e com aparelho convencional e também não

encontraram diferenças significantes entre os resultados. Em nossa pesquisa e no

trabalho de Whitters89, a utilização dos LEDs com 40 segundos de exposição apresentou resultados favoráveis com relação à contração de polimerização das

resinas compostas. Entretanto, Medeiros53 e Kurachi49 utilizando os LEDs como fonte de luz polimerizadora, com intensidade luminosa de 100 mW/cm2 e 80

mW/cm2, respectivamente, verificaram que o tempo de exposição de 40 segundos não foi suficiente para promover uma adequada polimerização da resina composta

com 2 mm de espessura. Estes autores observaram que foram necessários 60

segundos de exposição com os LEDs para a obtenção de valores de microdureza

equivalentes aos obtidos com o aparelho convencional por 40 segundos de

polimerização.

Além disso, segundo Rastelli68, que utilizou o mesmo dispositivo à base de LEDs empregado em nossa pesquisa, a indicação desse

aparelho ainda é limitada. O autor recomendou que esse dispositivo não deve ser

(47)

dental remanescente com espessura igual ou superior a 2 mm, pois, independente

do tempo de exposição utilizado, ele não promove uma adequada polimerização,

verificada através da microdureza da resina.

Os aparelhos utilizados em nosso estudo operam em condições

distintas de potência de luz. Enquanto o aparelho convencional opera com 250

mW de potência (F1), o aparelho à base de LEDs opera com 40 mW (F3 e F4) e o

laser de argônio com 500 mW (F2). Segundo Kurachi50, o laser de argônio utilizado com esta potência em uma área de 8mm, durante 10 ou 20 segundos de

exposição, promove um aumento de temperatura intrapulpar semelhante ao do

aparelho convencional. Powell et al.65 também encontraram um aumento de temperatura intrapulpar muito pequeno utilizando o laser de argônio. A potência

do laser utilizada neste estudo encontra respaldo na literatura, evidenciando

segurança quanto ao seu uso com relação ao tecido pulpar.

Toda a energia fornecida pelo laser de argônio está em único

comprimento de onda (488 nm) que se encontra na região de absorção da

canforoquinona33,49,53. Assim, a polimerização das resinas compostas com a utilização do laser de argônio pode ser obtida em um tempo de exposição menor

do que o do aparelho convencional, tendo em vista maior eficiência na

fotoativação do agente iniciador da reação de polimerização, obtendo-se

propriedades semelhantes ou até superiores quando comparados os dois aparelhos

de polimerização49. Essa característica do laser de argônio permitiu que o tempo de polimerização empregado por este aparelho, nesta pesquisa, fosse de 20

(48)

Vários trabalhos têm demonstrado a utilização do laser de

argônio na Odontologia e, em especial, a sua utilização para a polimerização de

resinas compostas2,5,8,10,11,18,27,33,38,42,43,49,63,64,65,66,72,86,87. De acordo com os

resultados de várias pesquisas, o laser de argônio pode melhorar as propriedades

físicas e mecânicas das resinas compostas, como resistência flexural e resistência

diametral18,42, módulo de flexão42, grau de conversão11,33,87, força adesiva38,63,72, profundidade de polimerização2,33,86, utilizando-se apenas um quarto (10 segundos)2,11,42,64,72 ou metade (20 segundos)18,63,86 do tempo utilizado pela

ativação com o aparelho convencional (40 segundos). Entretanto, alguns autores

relatam não haver diferença significativa entre essas propriedades, quando da

utilização do laser de argônio ou do aparelho convencional5,27,49. A principal desvantagem do laser de argônio é o seu alto custo2.

Nesta pesquisa, comparando-se a polimerização convencional

por 40 segundos (Figura 18) com polimerização com laser de argônio por 20

segundos (Figura 19), podemos observar que houve um aumento nas medidas das

fendas nos grupos em que se utilizou o laser de argônio. Este fato pode ser

explicado pela alta intensidade de luz emitida pelo laser em comparação ao

aparelho convencional. Nossos resultados são concordantes com os de Fleming &

Maillet33 e Puppala et al.66. Porém, Aw & Nicholls5 e Kurachi49 não observaram diferenças significativas nos valores de contração da resina obtidos com a

polimerização com laser de argônio e aparelho convencional. Blankenau et al.10 verificaram uma menor microinfiltração entre o esmalte e o selante polimerizado

(49)

A intensidade de luz apresenta grande influência na contração de

polimerização das resinas compostas2,19,23,32,54,66,71,74,84,88. A utilização de aparelhos fotopolimerizadores com alta intensidade luminosa é recomendada

universalmente e geralmente essa recomendação é baseada na profundidade de

polimerização e nas propriedades mecânicas da resina composta9,38,69,86. No entanto, baseados em nossos resultados e na literatura2,3,19,20,23,26,32,33,48,54,66,71,78,84, somos levados a considerar a possibilidade de um efeito negativo de altas

intensidades de luz no desenvolvimento do estresse de contração.

A utilização do laser de argônio para a polimerização de resina

composta com alta intensidade luminosa, como foi a utilizada em nosso

estudo(1000 mW/cm2), faz com que a viscosidade da resina aumente muito rapidamente limitando seu escoamento e, conseqüentemente, aumentando as

tensões causada pela contração do material5,12,19,36,48,74. Na tentativa de diminuir

este estresse gerado pela contração, alguns autores têm recomendado o emprego

de menores intensidades de luz pelo aparelho fotopolimerizador32,48,69,71,74, ou a utilização da técnica de polimerização com aumento gradual da

intensidade20,23,26,36,48,54,66,92. De acordo com esses trabalhos, a aplicação de uma baixa intensidade para iniciar a reação de polimerização é capaz de prolongar o

período de escoamento do material. Durante este período, as ligações entre as

moléculas são relativamente fracas, e estas moléculas podem se movimentar em

diferentes posições e orientações, diminuindo a tensão produzida pela contração

da resina composta e favorecendo a sua adaptação nas paredes da cavidade, sem

(50)

restauração5,12,19,32,36,48,71,88. Outros trabalhos34,74,90,91 mostraram que a técnica de polimerização com aumento gradual da intensidade, não apresenta diferença no

grau de conversão e na tensão de contração quando comparada à técnica

convencional.

O desenvolvimento dos dispositivos à base de LEDs teve como

objetivo principal obter um aparelho que não produzisse calor, evitando danos aos

tecidos pulpares. Por ser uma fonte de luz atérmica, esses dispositivos são também

denominados de “luz fria”. No entanto, embora esta característica tenha trazido

benefícios no que diz respeito à polpa dental47,79,82, produziu efeitos negativos na restauração, o que veio a resultar em um aumento das medidas das fendas axiais,

verificado pelos resultados dos Grupos 7 e 8 deste estudo, realizado in vitro e à

temperatura ambiente (25oC).

As médias das medidas das fendas obtidas com a polimerização

pelo LED durante 60 segundos foram altas (9,91µm para grupo 7 e 6,76µm para o

Grupo8), utilizando-se uma baixa intensidade luminosa (80 mW/cm2). O resultado chega a ser surpreendente, pois era de se esperar uma menor contração de

polimerização e, conseqüentemente, menor largura das fendas axiais, comparado

ao resultado obtido pelo aparelho convencional. Porém, a contração de

polimerização envolve, além da intensidade de luz, a velocidade da reação e a

capacidade de escoamento da resina composta, que estão intimamente

relacionadas com o tempo de exposição e a temperatura de polimerização75. A presença do calor durante a reação de polimerização permite uma maior

(51)

caracteriza a capacidade de escoamento da resina nas paredes da cavidade e

diminuição na tensão de contração produzida na interface dente/restauração51. Os dispositivos à base de LEDs são atérmicos, e assim a ausência de calor diminuiu a

capacidade de escoamento das resinas compostas durante a polimerização,

causando fendas maiores entre o material restaurador e as paredes cavitárias,

quando utilizado o tempo de 60 segundos (Figura 21), que o aparelho

convencional (Figura 18), o qual gera calor durante a polimerização, em razão de

emitir comprimentos de onda infravermelhos em seu espectro de emissão.

Para um melhor entendimento da influência da variação de

temperatura na cinética da polimerização, executamos um teste complementar,

onde foram repetidos todos os procedimentos do Grupo 7, porém, a temperatura

dos espécimes foi fixada em 36oC, em um total de seis corpos-de-prova. A análise das fotomicrografias mostrou que houve ausência total de fendas na parede axial

das cavidades em todas as amostras (Figura 24). Estes resultados podem dar

indício de que a tensão gerada nas restaurações de resina composta polimerizada

com LED pode ser minimizada ou até nula com a introdução de algum mecanismo

nos aparelhos à base de LEDs que forneça uma controlada quantidade de calor

(52)

Figura 24. Fotomicrografia do Grupo 7 à temperatura de 36oC

Embora os dispositivos à base de LEDs possam polimerizar as

resinas fotoativadas, para se obter propriedades físicas e mecânicas semelhantes à

polimerização com o aparelho convencional, o tempo de irradiação deve ser

maior49,50,68. De acordo com alguns trabalhos49,50,53,68, o grau de conversão da resina composta aumenta à medida que se aumenta o tempo de irradiação de 40

para 60 segundos, o que foi verificado através da análise da microdureza

superficial. Porém, tem-se que aumentando-se o grau de conversão dos

monômeros, invariavelmente vai ocorrer um maior grau de contração do

material78. Portanto, quando aumentamos o tempo de polimerização, o grau de conversão da resina é maior, e conseqüentemente maior também será a contração

de polimerização75,78.

Esses achados foram observados em nossos resultados

(53)

60 segundos (Figura 20). Verificamos que, ao aumentar o tempo de exposição,

houve um aumento significativo nos valores das medidas das fendas encontradas.

Com a adição de 20 segundos de irradiação, os fótons que foram sendo entregues

possibilitaram a contínua excitação da canforoquinona e, conseqüentemente, um

maior número de ligações cruzadas entre as cadeias da matriz orgânica da resina

composta, resultando em maior contração de polimerização75.

Dois tipos diferentes de resina composta foram utilizados nesta

pesquisa, uma de micropartículas (FiltekA110) e uma híbrida (Filtek P60), pois a

composição desses materiais influencia a magnitude da contração de

polimerização6,60,62. A matriz resinosa presente nas resinas compostas é a grande responsável pela contração de polimerização destes materiais e conseqüente

formação de fendas. Por este motivo têm sido realizadas algumas modificações

nessa matriz ao longo do tempo, na tentativa de eliminar essa impropriedade6,62.

As diferentes partículas inorgânicas incorporadas na composição das resinas têm,

entre outras, a função de reduzir a contração de polimerização6,60,62.

As resinas compostas híbridas geralmente apresentam uma

maior quantidade de partículas de carga quando comparadas com as resinas de

micropartículas. O aumento no conteúdo de carga diminui a quantidade de matriz

orgânica, que é a parte tecnicamente sensível das resinas compostas, e

conseqüentemente ocorre diminuição da tensão na matriz resinosa1,6,60,62,87. Os resultados encontrados em nossa pesquisa são concordantes com esses achados,

pois, independente da fonte de luz utilizada na polimerização, a resina composta

(54)

medidas das fendas axiais quando comparada com a resina composta híbrida

(Filtek P60 – 3M-ESPE). Comparando-se os resultados obtidos com a

polimerização convencional entre as duas resinas, podemos observar na Tabela 3

que nove amostras confeccionadas com a resina híbrida não apresentaram fendas,

enquanto somente uma amostra de resina de micropartículas apresentou total

integridade axial.

Um aspecto que deve ser ressaltado é que, de acordo com as

informações do fabricante, a resina composta Filtek P60 (3M-ESPE) utilizada em

nosso trabalho, além de apresentar um pequeno aumento na porcentagem de carga

em sua constituição, apresenta uma modificação nos componentes da sua matriz

orgânica. A maioria das resinas compostas possui em sua composição Bis-GMA e

TEG-DMA. A adição do TEG-DMA, por ser um componente de baixo peso

molecular, proporciona um alto grau de conversão das duplas ligações durante a

polimerização, além de permitir maior incorporação de partículas de carga. No

entanto, uma alta concentração desse monômero produz um compósito rígido e

denso com alto nível de contração. Por ser relativamente hidrófilo, pode diminuir

o tempo de vida útil do compósito não polimerizado. Na resina composta Filtek

P60 – 3M, grande parte do monômero TEG-DMA foi substituído por uma mistura

de UDMA e bis-EMA, os quais apresentam alto peso molecular. Portanto, a resina

apresenta maior tempo de vida útil, uma matriz orgânica mais maleável e menor

contração de polimerização, independentemente da fonte de luz, como foi

(55)

Entretanto, Donly et al.29 não encontraram diferença significante na integridade axial de restaurações classe V em relação ao dois tipos de resina

utilizados (micropartículas e híbrida). Dennison et al.26 apresentaram resultados

contrários aos nossos, pois a contração observada para a resina híbrida foi maior

que aquela encontrada para a resina de micropartículas.

A avaliação da influência da composição do material

restaurador, nas propriedades finais das restaurações foi realizada por outros

autores. Alguns estudos compararam a polimerização de resinas compostas

híbridas e de compômeros e verificavam que os compômeros apresentaram

maiores valores de contração de polimerização89 e propriedades físicas inferiores aos das resinas compostas híbridas76. Mariotto50 observou fendas axiais menores nas restaurações de resina composta híbrida do que nas restaurações de cimento

de ionômero de vidro.

A evolução contínua dos materiais restauradores mostra a

necessidade de estudos que comprovem a sua eficiência, e vários trabalhos

avaliaram a capacidade de diferentes materiais em evitar a formação de fendas

entre o material restaurador e a estrutura dental. Campos et al.14 avaliaram, através da microscopia eletrônica de varredura, variando o sistema adesivo (One-Step,

Prime & Bond 2.0 e Scotchbond Multi-Purpose) a ocorrência e a largura de fendas

na parede axial de cavidades classe V restauradas com resina composta híbrida

(Prisma TPH). A análise dos resultados mostrou que nenhum dos sistemas

(56)

material restaurador. Nossos resultados são concordantes com esses trabalhos uma

vez que todos os grupos experimentais apresentaram fendas.

Kelsey et al.43 avaliaram o tempo e a potência que deveriam ser

empregados na polimerização com o laser de argônio e verificaram que existe

uma especificidade diferente de potência para cada material estudado (resina

composta Prisma TPH, Herculite, P-50 e Silux Plus), o mesmo acontecendo com

o tempo de exposição necessário. Os autores concluíram que esses parâmetros

dependem da composição química, do tipo e da quantidade de partículas de carga

de cada resina composta. Outras pesquisas concordam com estes achados18,27,86. No entanto, além dessas características da resina composta, Arikawa et al.4 ressaltaram que as propriedades de uma restauração de resina podem ser

prejudicadas pela hidrólise do agente de união presente entre a matriz resinosa e

as partículas de carga. Para os autores, quanto maior a quantidade de carga,

menores os valores de adesão entre seus componentes.

Os resultados apresentados na literatura quanto à profundidade

de polimerização mostram que as resinas compostas apresentam graus de

conversão diferentes entre si e que este fator afeta a intensidade de reação

provocando graus variáveis de polimerização na massa da resina composta7,16,86.

O coeficiente de transmissão é um indicador da intensidade de luz que atravessa o

composto. As partículas inorgânicas atuam como verdadeiros espelhos refletindo

a luz. É por este motivo que as resinas compostas de micropartículas, que

apresentam menor quantidade de carga inorgânica, possuem maior dispersão de

(57)

polimerização ocorre em menor profundidade quando comparadas às resinas

híbridas7,16,59.

Com base nos conceitos descritos, todas as técnicas que

favoreçam ou minimizem a contração de polimerização devem ser utilizadas

durante a restauração com resinas compostas e todos os fatores devem ser

aplicados em conjunto para se obter sucesso clínico com este material.

A avaliação da fonte de luz polimerizadora é de grande

relevância para a obtenção de melhores propriedades do material restaurador. O

aperfeiçoamento dos aparelhos de fotopolimerização pode trazer muitos

benefícios desde que aplicados de forma correta. A padronização dos parâmetros

utilizados nas fontes de luz ativadoras é importante, e novos experimentos devem

ser realizados, reproduzindo as condições clínicas, na tentativa de se aumentar

cada vez mais a longevidade das restaurações e ampliar o campo das indicações

clínicas da resina composta. A fonte de luz à base de LEDs é bastante promissora,

e novos estudos devem ser desenvolvidos, buscando otimizar essa nova

(58)

De acordo com a metodologia empregada e com os resultados obtidos

pudemos concluir que:

1) A resina composta híbrida Filtek P60 (3M) apresentou uma menor contração

de polimerização comparada com a resina de micropartículas Filtek A110

(3M), independente da fonte de luz polimerizadora utilizada;

2) A polimerização com o aparelho convencional e a com o dispositivo à base

de LEDs, com tempo de exposição de 40 segundos, apresentaram um melhor

desempenho por terem resultado na formação fendas axiais significativamente

menores, quando comparados ao laser de argônio e ao dispositivo à base de

(59)

Tabela A1. Sumário da análise de variância

Causa de variação

Graus de liberdade

Quadrado médio

F valor-p

Resinas 1 179,90 21,67 <0,0001 Fontes de luz 3 146,62 17,66 <0,0001

Interação 3 17,56 2,12 0,1006

Resíduo 152 8,30

Tabela A2. Valores de probabilidade (valor-p) do teste de Tukey para comparações múltiplas das médias de fonte de luz, independentes das resinas

Fonte de luz Média Fonte de luz

F1 F2 F3

F1 4,28

F2 6,95 0,0002

F3 4,70 0,9152 0,0026

(60)

Tabela A3. Valores de probabilidade (valor-p) dos testes de Shapiro-Wils e de Levene para avaliar, respectivamente, a normalidade e homogeneidade de variância.

Teste Estatística do teste valor-p Shapiro-Wilks W= 0,98 0,4307 Levene F= 1,48 0,1780

0 5 10 15 20 25 30 35

-7,2 -6,0 -4,8 -3,6 -2,4 -1,2 0,0 1,2 2,4 3,6 4,8 6,0 7,2

Resíduo

Frequência

(61)

residente na Av./Rua ________________________________________________ concordo voluntariamente em participar da pesquisa: "Análise da microfenda

axial em cavidades de classe V restauradas com resina composta e polimerizadas

com diferentes fontes de luz. Estudo pela microscopia eletrônica de varredura", e

declaro que fui esclarecido de maneira a não restarem quaisquer dúvidas sobre a minha participação no estudo, de acordo com os termos abaixo relacionados:

1. A referida pesquisa tem por objetivo, utilizar molares humanos extraídos recentemente, para avaliar materiais restauradores e aparelhos fotopolimerizadores quanto à sua efetividade na diminuição da contração de polimerização de resinas compostas, e consequentemente no aumento da longevidade destas restaurações. Portanto não receberei nenhuma forma de tratamento odontológico como parte do estudo.

2. Fui esclarecido que a realização da pesquisa não trará nenhum risco aos participantes, já que serão utilizados somente dentes extraídos, e que não receberei ressarcimento econômico, já que os dentes serão doados por livre vontade e gratuitamente.

3. Estou ciente que os dados e resultados obtidos na pesquisa serão utilizados para fins didáticos e de divulgação em revistas científicas brasileiras ou estrangeiras; porém, será garantido o sigilo de minha identidade, no que se refere à doação de meu(s) dente(s) para a pesquisa.

Desta forma, uma vez tendo lido e entendido tais esclarecimentos, aceito sem restrições doar meu(s) dente(s) extraído(s) - (__) -, para que seja possível a realização desta pesquisa.

Araraquara_____de______2001

Referências

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