CONTROLE DE PLANTAS DANINHAS
NA CULTURA DO ARROZ DE
SEQUEIRO
(Oryza
sativa
L.)
R. VICTORIAFILHO*& J.B.CARVALHO**
* Prof. Assistente Doutor - Dep. de Agricultura e Horticultura — ESALQUSP. C.P. 9 13400 -Piracicaha - SP
** Ex-Estagiário da Fac. de Ciências Agrárias e Veterinárias - "Campus" de Jaboticabal.
RESUMO
Com o obje tivo de verificar o controle de plan-tas d aninhas com herbicidas na cultura do arro z de sequeiro, foi conduzido o presente expe rimen -to em um la-tossolo roxo , série Jabo ticabal com 4,82% de m.o, utilizando-se a variedade Pratão Precoce.
Fo ram ut il iz ados os se gu inte s trat amen tos com asrespectivas doses em kg do i.a/ha: pendi-methalin a 0,75, 1,00 e 1,50; AC-92390 a 1,00, 2,00 e 3,00; butachlor a 2,05; benthiocarb a 4,50; oxadia-zon a 1,0 todos em pré emergê ncia; e pro pan il a 4,32; propanil + 2,4-D amina a 2,88 + 0,36 e propa-nil + parathion metílico a 1,98 + 0,24, em pós-emergência aos 29 dias após o plantio.
As plantas daninhas que ocorreram em maior densidade foram: carrapicho-de -carneiro (A can-th o s p e r mum h is p i du m D . C . ) , t r a p o e r a b a (Commelina sp.), falsa-dormideira(Cassia patella-ria D.C.), anileira (Indigofera hirsuta L.), capim-carrapicho (Cenchrus echinatus L.), beldroega (Portulacca oleraceaL.) e guanxuma(Sida sp.).O carrapicho-de- carneiro só foi controlado pelos tra-tamentos em pós -emergência; a falsa - dormideira pelo butachlor e pelos tratamentos em pós -emer-gê nc ia . No co nt ro le ge ra l os me lh ore s in dic es foram obtidos com os tratamentos em pós -emer-gência. Os tratamentos em pré- emergência foram cap inado s aos 36 di as após o pl an tio devido ao baixo controle do carrapicho-de- carneiro, e os de pó s - eme rgê ncia ao s 54 di as devid o ao b aix o controle da trapoeraba. Quanto à fitotoxicidade à cultura o tratamento propanil + para thi on metfli-co at ingiu fi to to xi ci dade qu ase fo rte (not a 5, 8) pela escala E.W.R.C., todavia não houve diferença significativa entre os diferentes tratamentos com herbicida na produção de grãos.
PALAVRAS- CHAVE: he rbic idas, arroz de sequeiro, interação herbicida x inseticida.
SUMMARY
W E E D C O N T R O L I N U P L A N D R I C E (ORYZA SATIVA L.)
A field tria l was performed, on a oxisol (Latos -solic B) containing 4.82% organic matter, with the objetive to verify the weed control with pre and poste merge nce her bicid es in upland rice cv "Pra-tão Precoce".
The followin g trea tmen ts we re used (kg a.i/ h a ) : p e nd i me t h a l i n a t 0 , 7 5 , 1 , 0 0 a n d 1 , 5 0 ; AC-92390 at 1,00, 2,00 and 3,00; butachlor at 2,05; benthiocarb at 4,50; oxadiazon at 1,0; in preemergence and propanil at 4,32; propanil + 2,4 D ami ne at 2,88 + 0,36, and propanil + pa rathion me -thyl at 1,98 + 0,24. in postemergence 29 days after planting.
The pre domin ant wee ds were: Acanth osper-mu m hi sp id um D. C. , Co mm el ia sp , Ca ss ia patellaria D.C, Indigofera hirsuta L., Cenchrus echinatus L.,Portulacca oleraceaL. and Sida sp.
Only the postemergence tre atme nts control -led Acanthospermum hispidumD.C, but Cassia patell ari aD. 0 wa s co nt ro ll ed by bu tach lo r and th e po ste me rg enc e tr eatm en ts . Th e be st to ta l we ed contro l we re ob tai ne d b y the poste me r-gence tre atments. The pre eme rge nce tre atments were hoed at 36 days after planting and the post-emergence tre atments at 54 days. The tre atment with propanil + parathion methyl presented fito-toxicity 5,8 by the EWRC scale, but there wasn't si gnif ic at ive di fferenc e be twe en the trea tmen ts with herbicides in grain yield.
K E Y - W O R D S : h e r b i c i d e s , u p l a n d r i c e , interaction herbicide x inseticide.
INTRODUÇÃO
Paul o, cobrindo ampl a faixa geog ráfica. As pla nta s dan inh as cau sam pre juí zos n ão só pe la com pe t iç ão pr od uz in do que da na pro duç ão que pod e var iar de 35 a 74%, segundo Brandes (4), e de até 85% , seg und o Veg a (15), mas , tam bém por dificultarem muito as operações da colheita mecânica.
A utilização do controle químico na cultura do arroz de sequeiro tem sido pr ob le má ti co , de vi do pr in ci pa lm en te , ao custo que representa à cultura, que normalmente é de baixa rentabilidade. Diversos herbicidas são recomendados par a es sa cu lt ur a, e de nt re eles de st a -ca-se o propanil (7, 8 e 9), que muito embora apresente alguns sintomas de fitotoxicidade à cultura, esses danos parecem não se refletir na produção (5 e 6). Quando aplicado em mistura com alguns inseticidas, ou, a pequeno inter-valo de tempo destes, tem apresentado sint omas mais severos de fito toxicid ade (3 e 5). Smith (13) cita que danos têm oco rr ido qua nd o o propanil é apl icado com ins eti cidas car bam ato s ou fosfo ra -dos, ao passo que misturas com hidroca rb on et os cl or ad os nã o sã o pr ej ud i -ciais.
Oliveira (10) não observou efeito pr ej ud ic ia l ao ar ro z co m mi st ur a de propanil e o inseticida canfeno-clorado, n em com do ses de 4, 0 kg i . a/h a do propanil aplicado 2 a 4 dias após às ap li ca çõ es do s in se ti ci da s to xa fe no e endrin nas doses de 1,5 e 1,2 1/ha do pro-duto comercial respectivamente.
Revelo (11), na Colômbia, verificou inc omp ati bili dad e de apl ica ção con jun -ta de propanil com inseticidas organo-fosforados ou carbamatos, e que essa in-compatibilidade poderia ser eliminada mediante aplicações individuais com intervalos de uma semana.
Souza (14 ), at rav és de estudos em casa de vegetaçã o, utilizando diversas mi st ur as de pr op an il co m pa ra th io n metílico, chegou à conclusão de que a mis tur a de pro pan il + par ath ion met íli -co (60%) a 2,00 kg + 0,24 kg do ingredi-ente ativo por hectare pelo controle das plantas daninhas e pela tolerância das plan tas de arr oz foi con sid era da a mis -tura mais econômica.
Com relação às mistura s de propa -nil + 2,4-D, os resultados têm sido bons
(2 ),per mit ind o dim inu ição na dos e apl i-cada de propanil. O pendimethalin não tem apresentado injúrias à cultura de acordo com trabalho de Santos (12).
Po rt an to , o pr es en te ex pe ri me nt o foi conduzido procurando-se verificar o c o m p o r t a m e n t o e m c o n d i ç õ e s d e camp o de mist uras de propanil com 2,4D e co m pa ra th io n me tí li co ap li ca do s em pós-emergência, além de outros herbicidas aplicados em pré-emergência.
MATERIA IS E MÉTODOS
O experimento foi instalado na área experimental da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias "Campus" de J a b o t i c a b a l e m u m l a t o s s o l o r o x o , Séri e Ja boti ca ba l, co nt endo 56,2% de argila e 4,82% de matéria orgânica. A va ri ed ad e de ar ro z util izad a foi a "Pra-tão Pre coc e", sen do o pla nti o rea liz ado a 23 de outubro de 1973.
O de li ne am en to ex pe ri me nt al ad o -tado foi o de blocos ao acaso com 14 tratamentos e 5 repetições. As parcelas constituíam-se de 10 linhas de 5,0 m de c o m p r i m e n t o c o m e s p a ç a m e n t o d e 0,60 m. Os trat amen tos utilizados, com as respectivas doses do i.a e p.c./ha, encontram-se no quadro 1. O herbicida AC-92390 (N-sec-butil-2,6-dinitro-3,4-xyl idi ne) é ta mbé m uma din itr oan ili na com fór mul a est rut ura l bem sem elh an -te ao pendimethalin. Os herbicidas de pré-emergência foram aplicados no dia 25/10/73, com temperatura de 25,7°C e umidade relativa do ar de 66%. Os her-b i c i d a s d e p ó s - e m e r g ê n c i a f o r a m a p l i c a d o s 2 9 d i a s a p ó s o p l a n t i o , quando as plantas de arroz estavam em méd ia com dua s fol has , a te mpe rat ura er a de 24 °C e a um id ad e re la ti va de 53%. 0 equipamento utilizado foi um pulverizador à pressão constante (CO2) com três bic os Tee jet 80. 02, à pre ssã o de 2, 81 kg /c m" co m um co ns um o de calda de 400 1/ha.
Quadro 1. Tratamentos utilizados com as respectivas doses do Ingrediente ativo (i.a.) e produto comercial (p.c) por hectare, e época da aplicação.
pla ntio e uma avalia ção vis ual atr avés da Escala do Conselho Europeu de Pes-q u i s a s s o b r e P l a n t a s D a n i n h a s (EWRC), aos 47 dias após o plantio. No fi nal do ci cl o fora m co lh id as as oit o li nhas centrais de quatro metros de com primento par a av aliação da produ-ção.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os dados do número das plantas daninhas que ocorreram em maior den-sidade, assim como as porcentagens de controle em relação à testemunha sem capina encontram-se no Quadro 2. No nú me ro to ta l es tã o in cl uí da s ou tr as pl an ta s da ni nh as qu e oc or re ra m na área experimental.
Com relação ao carrapicho-de-car-neiro, somente os tratamentos em pós-emergência apresentaram um controle aceitável (77,5%). Por outro lado com relação à falsa-dormideira, além dos t r a t a m e n t o s e m p ó s - e m e r g ê n c i a , ta mb ém o tr at am en to co m bu ta ch lo r em pré-emergência apresentou controle acima de 90%. A beldroega foi melhor controlada pelos tratamentos em pré-emergência.
No con tr ole total das plantas dan i -nhas presentes verifica-se que os
índi-ces de controle são baix os, com exceç ão dos tratament os pós -emergentes que controlar am bem o carr apicho-de-car-neir o e a falsa-dormi deira , que foram as plantas daninhas que ocorr eram em maior densidade.
Os dados do controle de plantas da-ninh as e fitot oxici dade à cultura aos 47 dias após o plantio, através da escal a EWRC, encon tram -se no Quadr o 3.
Verif ica -se por essa avaliação visual aos 47 dias que, conc ordan do com os dados de percenta gem de contr ole, os melhores trata mento s foram aquel es aplic ados em pós -emergência. Salie nta-se a .fito toxic idade entre média e quanta-se forte causa da pelo trat ament o de pro-panil + parathion metíl ico, fato tam bém obser vado por SOUZA (14) em condi ções
de casa -de-vege tação. Já a
fitot oxici dade causa da pelos tratamen -tos de propa nil e propa nil + 2,4-D f oram leve s, conco rdando com resultados de Hudgi ns (6), French e Gay (5), Leider-man et al. (8), Bhan et al. (2) e Mango-ensoe kardj o e Kadnan (9).
-Quadro 2. Porcentagem de controle das plantas daninhas que ocorreram em maior densidade na área experi mental
gindo a nota 5,8 pela escala E W RC aos 18 dias após a aplicação, apresentou recuperação de tal modo que não apre-se nt ou di fe re nç a si gn if ic at iv a co m os outros tratamentos com herbicidas e também com a testemunha capinada, concordando com os resultados obtidos por Souza (14) em casa-de-vegetação. Tod avi a os sin tom as fit otó xic os pod em se agravar, dependendo das condições ambientais, de tal modo que seria difícil u m a r e c o m e n d a ç ã o d e s s e t i p o d e
m i s t u r a , p o i s d i v e r s o s a u t o r e s j á co ns ta ta ra m si nt om as fi to tó xi co s às plantas de arroz com as aplicações em misturas (3 e 5), mas muitos deles não av al ia ra m os re fl ex os na pr od uç ão . French e Gay (5) citam que inseticidas, fungicidas, fertilizantes líquidos não de-vem ser aplicados dentro de dez dias
pro-Quadro 4. Produção de arroz em grãos nas oito linhas centrals de quatro metros de comprimento
curando diminuir os custos, vem sendo usada no Japão em aplicações dirigidas em pomare s de citr os (1) , pod endo ser um a mi st ura de util id ad e par a ap li ca-çã o di ri gi da s em de te rm in ad as cu lt u-ras.