ACI DENTES DE TRABALHO ENVOLVENDO OS OLHOS: AVALI AÇÃO DE RI SCOS
OCUPACI ONAI S COM TRABALHADORES DE ENFERMAGEM
1Cr ist iana Br asil de Alm eida2 Lor it a Mar lena Fr eit ag Pagliuca3 Ana Lour des Alm eida e Silv a Leit e4
Alm eida CB, Pagliu ca LMF, Leit e ALAS. Aciden t es de t r abalh o env olv en do os olh os: avaliação de r iscos ocu p acion ais com t r ab alh ad or es d e en f er m ag em . Rev Lat in o- am En f er m ag em 2 0 0 5 set em b r o- ou t u b r o; 13( 5) : 708- 16.
Obj et iv ou - se iden t if icar t r abalh ador es de en f er m agem qu e sof r er am aciden t es ocu lar es e o t ipo de acident e; descrever as providências t om adas e propor m et odologias de Educação em Saúde. Est udo descrit ivo, ex plor at ór io, r ealizado em m at er nidade pública, de set em br o de 2002 a j aneir o de 2003. A colet a de dados ocor r eu por m eio de obser vação dir et a do am bient e e ent r evist a com os t r abalhador es. Os suj eit os for am dez p r of ission ais d e en f er m ag em ( u m a en f er m eir a, d u as t écn icas e set e au x iliar es) q u e sof r er am acid en t e d e t rabalho envolvendo o olho. Os acident es agruparam - se de acordo com o t ipo de m at erial causador do t raum a: com subst ância quím ica ( 4) , com m edicações ( 3) , por t raum a m ecânico ( 1) , escalpe ( 1) e urina ( 1) . Diant e dos r esult ados encont r ados, é int er essant e enfat izar que t r abalhador es hospit alar es est ão pr opícios a acident es de t r abalho por que o am bient e ofer ece r iscos biológicos, quím icos e físicos. Um a im por t ant e m edida par a im pedir a ocor r ên cia d e n ov os acid en t es ser ia a p r ev en ção d os er r os h u m an os, m ed ian t e ad oção d e t r ein am en t o cont ínuo dos pr ofissionais e uso de óculos de pr ot eção.
DESCRI TORES: saú de ocu lar ; t r abalh ador es; r iscos ocu pacion ais; en fer m agem
LABOR ACCI DENTS I NVOLVI NG THE EYES: ASSESSMENT OF
OCCUPATI ONAL RI SKS I NVOLVI NG NURSI NG W ORKERS
Th e st u dy aim ed at iden t ify in g n u r sin g w or k er s w h o w er e v ict im s of ey e acciden t s an d t h e t y pe of accident ; describing t he m easures t aken and proposing Healt h Educat ion m et hods. A descript ive and explorat ory st udy was carried out at a public m at ernit y hospit al from Sept em ber 2002 t o January 2003. Dat a were collect ed t hr ough dir ect obser v at ion of t he env ir onm ent and int er v iew s w it h w or k er s. Subj ect s w er e t en pr ofessionals ( one nur se, t w o t echnicians and sev en nur sing aux iliar ies) w ho w er e v ict im s of w or k accident s inv olv ing t he eye. The accident s were grouped according t o t he t ype of m at erial t hat caused t he t raum a: chem ical subst ances ( 4) , m edicat ion ( 3) , m echanical t r aum a ( 1) , scalp ( 1) and ur ine ( 1) . The r esult s r ev eal t hat hospit al w or ker s ar e vulner able t o labor accident s because t he envir onm ent pr esent s biological, chem ical and physical r isks. An im port ant st ep t o prevent t he occurrence of new accident s would be t he prevent ion of hum an m ist akes t hrough per m anent t r aining and t he use of pr ot ect ion glasses.
DESCRI PTORS: ey e healt h; w or k er s; occupat ional r isk s; nur sing
ACCI DENTES DE TRABAJO I NVOLUCRANDO LOS OJOS: EVALUACI ÓN DE
RI ESGOS LABORALES CON TRABAJADORES DE ENFERMERÍ A
El obj et ivo fue ident ificar a los t r abaj ador es de enfer m er ía que sufr ier on accident es ocular es y el t ipo de accident e, describir las m edidas t om adas y proponer m et odologías de Educación en Salud. Est udio descript ivo, ex plor at or io, r ealizado en una m at er nidad pública, de sept iem br e/ 2 0 0 2 a ener o/ 2 0 0 3 . Se r ecopiló los dat os m ediant e obser vación dir ect a del am bient e y ent r evist a con los t r abaj ador es. Diez pr ofesionales del equipo de en f er m er ía ( u n a en f er m er a, dos t écn icas y siet e au x iliar es) su f r ier on acciden t es de t r abaj o in v olu cr an do el oj o. Se agrupó los accident es según el t ipo de m at erial causador del t raum a: sust ancia quím ica ( 4) ; rem edios ( 3) ; t r aum a m ecánico ( 1) ; escalpe ( 1) y or ina ( 1) . Ant e los r esult ados encont r ados, es im por t ant e enfat izar que los t r abaj ador es de hospit ales est án pr opensos a accident es de t r abaj o por que el am bient e ofr ece r iesgos biológicos, qu ím icos y físicos. Un a m edida im por t an t e par a im pedir qu e ocu r r an n u ev os acciden t es ser ía la pr ev ención de er r or es hum anos, adopt ando ent r enam ient o cont inuado de los pr ofesionales, y uso de gafas de p r ot ección .
DESCRI PTORES: salu d ocu lar ; t r abaj ador es; r iesgos labor ales; en fer m er ía
1 Trabalho realizado no Proj eto Saúde Ocular, CNPq/ Universidade Federal do Ceará; 2 Enferm eira, Mestranda em Enferm agem , Bolsista Capes; 3 Enferm eira,
I NTRODUÇÃO
O
acident e de t r abalho car act er iza- se por um a int eração diret a, repent ina e involunt ária ent re a pessoa e o agent e agr essor em cur t o espaço de t em po. Esse t ipo de acident e est á r elacionado aos riscos ocupacionais, ou sej a, aos elem entos presentes no am biente de trabalho que podem causar danos ao co r p o d o t r a b a l h a d o r, o ca si o n a n d o d o e n ça s ocupacionais adquir idas em longo pr azo( 1). No casodos t rabalhadores hospit alares, ent re os riscos a que e st ã o e x p o st o s so b r e ssa e m : o s a g e n t e s f ísi co s am bientais ( calor, frio, ruído e radiações) ; os agentes quím icos ( det ergent es, desinfet ant es, m edicam ent os com o os ant ibiót icos de últ im a geração) ; os agent es biológicos ( vírus, bactérias) e as doenças do trabalho ( problem as de coluna, est resse, fadiga, hipert ensão, et c) . Tais r iscos ocupacionais podem afet ar a v isão desses profissionais( 2).
A e n f e r m a g e m co n st i t u i a m a i o r r epr esent at iv idade de pessoal dent r o do hospit al e sua prim ordial at ividade caract eriza- se na prom oção d a saú d e a u m n ú m er o el ev ad o d e p essoas. No desem penho dessas at ividades, ent ret ant o, im põem -se r o t i n a s, e l e v a d a ca r g a h o r á r i a -se m a n a l e pr ocedim ent os ex ecut ados com r eduzido quadr o de profissionais para cum prir essas funções( 3).
O est udo sobr e as condições de saúde dos profissionais de enferm agem da área hospit alar deve levar em consideração a com plexidade das relações entre saúde e trabalho, com o os acidentes de trabalho e as doenças de origem profissional. Nesse sent ido, as at ividades decorrent es do t rabalho são, às vezes, responsáveis por danos físicos em virtude da falta de conhecim ent o sobr e m edidas pr ev ent iv as e do uso i n co r r e t o d e e q u i p a m e n t o s d e p r o t e çã o . Especificam ente, os danos oculares ocorrem em razão da presença de part ículas em suspensão no ar, das m ás condições am bientais e do m anuseio inadequado de pr odut os agr essiv os ao apar elho v isual. A v isão per f eit a é o ideal par a t odas as pessoas. Mas os t r a b a l h a d o r es d e en f er m a g em , p a r t i cu l a r m en t e, necessitam de visão acurada para o exercício de suas a t i v i d a d e s p r o f i ssi o n a i s. Po r o u t r o l a d o , e st ã o ex post os a r iscos ocular es decor r ent es de agent es quím icos, físicos e biológicos. A equipe de enferm agem entra em contato com substâncias, produtos quím icos em geral ( soluções quím icas e fárm acos) ; com risco biológico ( m at er ial or gânico cont am inado) , esfor ço físico e visual ( leit ura das prescrições, graduação da
seringa, rót ulo da m edicação, got ej am ent o de soro) , com obj et os per fur ocor t ant es, post ur a inadequada, t r abalho not ur no, ar r anj o do am bient e, m at er iais e ilum inação inapr opr iados que se configur am font es de r isco per m anent e par a esses t r abalhador es( 4). O
cenár io hospit alar r epr esent a am bient e de int ensos r iscos ocu lar es, esp ecialm en t e p ar a o p essoal d a enferm agem . Diant e disso, obj et ivou- se caract erizar o a m b i e n t e ; i d e n t i f i ca r o s t r a b a l h a d o r e s d e enferm agem que sofreram acidentes oculares e o tipo de acidente; descrever as providências tom adas após o acident e e pr opor m et odologias de Educação em Saú d e.
MATERI AL E MÉTODO
Est u d o d escr it iv o, ex p lor at ór io, p ois v isa descr ev er os fen ôm en os pesqu isados por m eio da obser v ação, descr ição e classificação do obj et o de est udo, com o t am bém explorar as dim ensões desse f en ôm en o( 5 ). Desen v olv eu - se n o Set or d e Saú d e
Ocupacional de um a m aternidade pública de referência do Est ado do Ceará, um a das poucas inst it uições na ci d ad e a d i sp or d esse t i p o d e ser v i ço d i r i g i d o a t rabalhadores na área hospit alar.
A população com pôs- se de 224 trabalhadores de enferm agem que at uam nos diversos set ores da m at er n idade. Os pr of ission ais f or am qu est ion ados p r im eir am en t e se j á h av iam sof r id o acid en t e d e t rabalho com com prom et im ent o ocular. Do t ot al, dez profissionais de enferm agem inform aram t erem sido a co m et i d o s p o r esse t i p o d e a ci d en t e, o s q u a i s const it uíram a am ost ra est udada.
de t rabalho; que providências foram t om adas após o acident e e quais as conseqüências sofr idas após o acident e de t rabalho. Os dados foram apresent ados quanto à análise do am biente de trabalho e nos relatos d o s a ci d e n t e s d e t r a b a l h o d e scr i t o s p e l o s t r abalhador es. Fez- se esse agr upam ent o de acor do com o t ipo de m at erial que causou o acident e.
O pr oj et o de pesqu isa f oi au t or izado pela in st it u ição e p elo Com it ê d e Ét ica e Pesq u isa d a Universidade Federal do Ceará. Depois de receberem in f or m ações acer ca d a p esq u isa, os p ar t icip an t es assinar am um t er m o de consent im ent o, sendo- lhes gar ant ido o dir eit o ao anonim at o e a se r et ir ar em quando achassem conv enient e.
RESULTADOS
A apr esent ação dos r esult ados descr ev e o am biente de trabalho; em seguida, agrupa os relatos dos t rabalhadores que sofreram acident e de t rabalho envolvendo a visão e, por fim , sugere m et odologias de Educação em Saúde. A am ostra foi constituída por dez pr ofissionais de enfer m agem : um a enfer m eir a, duas técnicas e sete auxiliares de enferm agem , todas do sexo fem inino e vítim as de algum tipo de acidente d e t r ab alh o com com p r om et im en t o d o olh o. Par a m elhor av aliação desses acident es, os casos for am agr u pados de acor do com o t ipo de m at er ial qu e causou o t raum a à saúde ocular do t rabalhador.
Descrição do am bient e de t rabalho
Os set ores avaliados foram : Enferm arias de Pu ér p er as e Par t u r i en t es, Al o j am en t o Co n j u n t o , Berçário de Baixo Risco, Em ergência e Sala de Parto. As En f e r m a r i a s d e Pu é r p e r a s e Pa r t u r i e n t e s localizam se no 1º andar da inst it uição e com põem -se de 17 unidades, no total de 88 leitos. As enferm arias estão dispostas nos dois lados de am plo corredor que m ede cer ca de 60 m et r os de com pr im ent o. Possui um post o de enferm agem que dispõe de ilum inação n a t u r a l e a r t i f i ci a l . A v e n t i l a çã o é n a t u r a l co m t e m p e r a t u r a v a r i a n d o e n t r e 2 3 º C e 2 6 º C. Os m at eriais usados são: agulhas, seringas, disposit ivos int r av enosos, esfignom anôm et r o e est et oscópio.
O Al o j a m e n t o Co n j u n t o é u m a sa l a d e aproxim adam ent e 20 m et ros de com prim ent o por 12 m etros de largura, onde ficam dispostos os prontuários dos recém - nascidos. Há um a pia e em baixo dela um
ar m ár io que é ut ilizado par a higiene e depósit o de m at er iais. Possui duas m esas, cinco car t eir as, t r ês cadeiras, um ventilador de teto, um a geladeira usada para arm azenar e conservar as vacinas e um balcão com out ro arm ário em baixo. A ilum inação é nat ural e ar t if icial e a v en t ilação é n at u r al, som en t e. A tem peratura é agradável, em torno de 24º C, variando com a do am bient e ext erno. Os m at eriais usados no setor são iguais aos do setor anterior, acrescentando-se as v acin as BCG e Hepat it e B, pr epar adas pela en f er m eir a.
O Ber çár io de Baix o Risco é u m a sala de aproxim adam ente 11 m etros de largura por 8 m etros de com prim ent o, com capacidade para 16 leit os de recém - nascidos em observação. Há um balcão onde são preparadas as m edicações e a alim ent ação dos bebês. Nele, encont r am - se t am bém duas pias com a r m á r i o s, o n d e sã o g u a r d a d o s o s m a t e r i a i s d e co n su m o co m o : se r i n g a s, a g u l h a s, f r a l d a s descar t áv eis et c. A ilu m in ação da sala é som en t e ar t ificial. O ar condicionado m ant ém a t em per at ur a do am biente em torno de 22º C. No setor, utilizam - se a g u l h a s e d i sp o si t i v o s i n t r a v e n o so s p a r a a d m i n i st r a çã o d a s m ed i ca çõ es. Os p r o f i ssi o n a i s ent ram em cont at o com as secreções fisiológicas dos r e cé m - n a sci d o s, f i ca n d o e x p o st o s a a g e n t e s biológicos que podem agredir o aparelho visual.
A Em er gência possui duas salas am plas, a prim eira reservada para a observação das pacient es, cont a com cinco leit os e m ede aproxim adam ent e 15 m et ros de com prim ent o por 6 m et ros de largura. A segunda sala é m aior, com dois leitos no corredor de ent rada e out ros quat ro leit os no segundo corredor. Os leitos são individualizados e fechados com cortinas, p a r a g a r a n t i r a p r i v a ci d a d e d a s p a ci e n t e s. A ilum inação é art ificial com lâm padas fluorescent es. A vent ilação é por m eio de condicionadores de ar, com t em perat ura em t orno de 20º C e 24º C. Os m at eriais utilizados no setor são agulhas, seringas e dispositivos in t r av en osos par a adm in ist r ar m edicações por v ia en d ov en osa. Nesse m om en t o, h á o con t at o com secr eções das pacient es.
com unicação com a últim a enferm aria, que tem cinco leitos e um banheiro. A ilum inação da Sala de Parto é nat ural e art ificial e a vent ilação é nat ural, variando a t em p er at u r a en t r e 2 4 º C e 2 7 º C. Os m at er i ai s u t i l i zad o s são o s m esm o s d a Em er g ên ci a, e h á, t am bém , o cont at o com secr eções ( sangue, líquido am n iót ico) e su bst ân cias or gân icas das pacien t es ant es, durant e e após o part o.
Acident e de t rabalho envolvendo subst ância quím ica
Do t ot al das ent revist adas, quat ro auxiliares de enfer m agem sofr er am acident e de t r abalho com o m esm o tipo de substância quím ica: o hipoclorito de sódio.
1. Ocorrência do acident e de t rabalho
A pr im eir a indagação feit a às pr ofissionais f o i co m o o co r r eu o aci d en t e d e t r ab al h o. To d as m encionar am que est av am m anuseando o pr odut o, quando respingou no olho.
O hipoclor it o est av a na m esinha de base. Quando
coloquei no out ro lugar, pingou no m eu olho ( A1) .
Ao virar o balde... com m at erial cont am inado, na pia,
respingou no m eu olho esquerdo ( A2) .
... Fui colocar o m at erial ut ilizado, cont am inado, na
solução de hipoclorit o, pingou no m eu olho ( A3) .
Eu trabalhava na sala de parto. Aí fui colocar o hipoclorito
na m esa e caiu no m eu olho esquerdo ( A4) .
Os r e l a t o s f o r a m se m e l h a n t e s, p o i s o s acid en t es f or am cau sad os in v olu n t ar iam en t e p elo p r of ission al. As au x iliar es A1 e A4 p od er iam t er evitado o acidente ao colocar a substância de m aneira m ais lenta sobre a m esa. Já A2 poderia ter retirado o m at er ial u m p or u m com lu v as. Se A3 h ou v esse d ep osit ad o o m at er ial in d iv id u alm en t e d en t r o d a solução t eria evit ado que caísse no olho. Adem ais, o u so d e e q u i p a m e n t o d e p r o t e çã o i n d i v i d u a l é indispensável a fim de evitar que substâncias quím icas e/ ou secreções at inj am m ucosas do profissional. 2. A resolução do problem a
Out ro quest ionam ent o feit o às part icipant es f o i co m r e l a çã o à s p r o v i d ê n ci a s t o m a d a s im ediat am ent e após sofr er em o acident e. Disser am o seguint e:
Lavei com soro fisiológico ( A1) .
Lav ei com água abundant e e, em casa, com sor o
fisiológico por vários dias para não causar infecção ( A2) .
Lavei com água corrent e. Procurei logo o m édico de
plant ão e ele m andou lavar com soro fisiológico ( A3) .
Não fiz nada no m om ent o ( A4) .
Tr ês pr ofissionais lavaram o olho confor m e indicado. Um a procurou um m édico do serviço, m as esse não era especialist a em oft alm ologia. E A4 não t om ou nenhum a pr ov idência im ediat am ent e após o t r aum a.
3. As conseqüências
E, p or f im , ao ser em in d ag ad as sob r e as conseqüências sofridas após o acident e de t rabalho, r espon der am :
... Depois disso m eu olho ficou bast ant e em baçado.
Não procurei o m édico e m eu olho ficou irrit ado ( A1) .
Com 15 dias depois do acident e pensei que est ivesse
com conj unt ivit e, pois m eu olho ficou bast ant e verm elho e irrit ado.
Aí procurei um m édico e ele passou o colírio Ocufen para eu usar
(A2).
... Ficou verm elho e ardendo por uns dois dias, aí usei
o colírio Moura Brasil por cont a própria ( A3) .
... Sent i m uit a coceira no m eu olho por alguns dias.
Fiquei lavando com soro fisiológico ( A4) .
To d a s e l a s so f r e r a m co n si d e r á v e i s co n se q ü ê n ci a s d e co r r e n t e s d o a ci d e n t e , co m o : irrit ação, prurido, hiperem ia ocular, vist a em baçada, ar dor.
Acident es de t rabalho envolvendo m at erial biológico e m edicações
Um a enferm eira, um a t écnica e um a auxiliar de enfer m agem sofr er am acident e de t r abalho por cont at o diret o de m edicações com o olho.
1. Ocorrência do acident e de t rabalho
A enferm eira relatou a queda de vacina BCG dentro do seu olho quando estava aplicando a vacina em um r ecém - nascido.
Quando eu est ava aplicando a vacina no bebê, ele puxou
o bracinho e o líquido caiu no m eu olho ( E1) .
A t é cn i ca i n f o r m o u q u e a o p r e p a r a r a m edicação, leucovorimR, essa respingou no olho.
Eu estava preparando a m edicação para ser adm inistrada
e, por descuido, caiu no m eu olho direit o ( T1) .
A au x iliar de en f er m agem t am bém sof r eu acident e com um t ipo de m edicação: a heparina.
A m oça do laborat ório veio colher um a gasom et ria e
quando ela estava preparando o escalpe com a seringa com heparina,
na hora que ela inj et ou um pouco da heparina dent ro do escalpe,
caiu no m eu olho ( A5) .
2. A resolução do problem a
Se g u n d o r e l a t o d a s d e p o e n t e s, a s providências t om adas após o acident e foram :
... Não tom ei nenhum a providência. Só procurei o m édico
Lavei m eu olho com bast ant e água e soro fisiológico.
Não procurei o m édico ( T1) .
Só fiz lavar com soro fisiológico e falei im ediat am ent e
com a m édica que est ava com igo no plant ão ( A5) .
A enferm eira não lavou o olho nem procurou o m édico im ediat am ent e. A t écnica só lavou o olho com água e soro e não buscou o auxílio m édico. Por últ im o, a auxiliar lavou o olho e procurou a m édica q u e e st a v a n o p l a n t ã o , m a s e ssa n ã o e r a oft alm ologist a. Nesses t rês casos, T1 e A5 lavaram corret am ent e os olhos com água e soro fisiológico e som ent e a enferm eira não o fez.
3. As conseqüências
As part icipant es quando quest ionadas acerca das conseqüências sofridas após o acident e referiram o seguint e:
Após alguns dias apareceu um edem a nas pálpebras
dos m eus olhos ( E1) .
Ficou bast ant e irrit ado, hiperem iado por uns dois ou
t rês dias ( T1) .
Não, não sofri nenhum a conseqüência e não apareceu
nada no m eu olho ( A5) .
As co n seq ü ên ci a s su r g i d a s p el a f a l t a d e a co m p a n h a m e n t o m é d i co i m e d i a t o p o d e m se r percebidas nas alt erações oculares m anifest adas na enferm eira e na técnica, com o o edem a de pálpebras ca u sa d o p e l a BCG e a i r r i t a çã o e h i p e r e m i a ocasionadas pela m edicação leucov or imR.
Out ros t ipos de acident es
Acont eceram ainda out ros t rês acident es de t rabalho que não puderam ser agrupados em virt ude da disparidade do agent e causador. As vít im as foram d u a s a u x i l i a r e s e u m a t é cn i ca d e e n f e r m a g e m e x p o st a s a t r a u m a s v i su a i s, ca u sa d o s r e sp e ct i v a m e n t e p o r : a g e n t e m e câ n i co , sa n g u e m ist urado com soro fisiológico, que est ava dent ro do escalpe da pacient e, e urina.
1. Ocorrência do acident e de t rabalho
Abaix o segu e o r elat o de com o ocor r eu o acident e de t rabalho dest e grupo.
Fui colocar o suport e de soro em out ro lugar ... e bat i
com o m eu olho esquerdo no suport e ( A6) .
Fui ret irar o escalpe da pacient e, aí ela m exeu o braço
porque disse que est ava doendo, e o rest o de soro que fica ret ido
no escalpe em cont at o com a pacient e caiu no m eu olho ( A7) .
Eu est ava desprezando a urina da pacient e no expurgo,
e caiu dent ro do m eu olho ( T2) .
Pode- se perceber claram ent e que A6 sofreu
o acident e com o suport e de soro involunt ariam ent e p r o v o cad o p o r el a m esm a. Já o aci d en t e d e A7 acont eceu pelo fat o da pacient e t er puxado o braço no m om ento em que era retirado o escalpe, ou sej a, t am bém in v olu n t ar iam en t e pela pr of ission al. E T2 t am bém se descuidou e a ur ina caiu no seu olho, t alvez porque na hora em que est ava desprezando o m at er ial, a alt u r a en t r e o san it ár io e o d ep ósit o con t en do a u r in a fosse elev ada, fazen do com qu e respingasse no seu olho.
2. A resolução do problem a
Segu n do as pr of ission ais, as pr ov idên cias t om adas após a ocorrência foram as seguint es:
Não t om ei nenhum a providência no m om ent o ( A6) .
Fui na pia rapidam ente lavar m eu olho com água corrente
(A7).
Lavei com água abundant em ent e ( T2) .
3. As conseqüências
Quant o às conseqüências obser v adas após a exposição, elas assim se m anifest aram :
Ainda hoj e sint o dor no m eu olho esquerdo ( A6) .
Não sent i nenhum a diferença não. Para m im eu est ou
enxergando do m esm o j eit o. O m eu único receio foi com relação ao
HI V, m as não fiz nenhum exam e. Após o acident e o m eu olho ficou
só um pouco verm elho ( A7) .
Ficou irrit ado e inflam ado. Procurei um m édico e ele
disse t inha m anchas no fundo do m eu olho ( T2) .
Ne st e g r u p o t a m b é m se p e r ce b e m co n se q ü ê n ci a s co m o : d o r n o o l h o , co n j u n t i v a s hiperem iadas, irrit ação e inflam ação.
DI SCUSSÃO
Am bient e de t rabalho
No am biente de trabalho hospitalar os fatores ecológicos e de am bient ação que se podem dest acar são a ilum inação, a vent ilação, a t em perat ura ent re ou t r os. A h igien e do t r abalh o en v olv e o est u do e cont role das condições de t rabalho, que influenciarão diretam ente na sua qualidade, na saúde física e bem -est ar do t rabalhador no seu local de t rabalho( 6).
car act er íst icas da luz solar( 7). Quant o à ilum inação
das en f er m ar ias dos clien t es, são qu at r o os t ipos recom endados: ilum inação geral em posição que não incom ode o client e deit ado; ilum inação de cabeceira p ar a l ei t u r a; i l u m i n ação d e ex am e n o l ei t o co m lâm pada fluorescent e, que t am bém pode ser obt ida por m eio de foco de luz portátil; e ilum inação de vigília na parede ( a 50 cm do piso)( 8). Conform e se observa,
a qualidade de ilum inação e a distribuição inadequada das lâm padas dificult am a visualização. I sso im plica est r esse pelo desgast e v isual da equipe, e, ainda, p o ssi b i l i t a o a u m e n t o d e e r r o s h u m a n o s o u acident es( 9). Além disso, est udos realizados m ost ram
que as pessoas que trabalham constantem ente sob a lu z ar t if icial est ão m ais su j eit as às ag r essões d e m icr or ganism os que as dem ais, em bor a nem t odos o s m e ca n i sm o s d e sse e n f r a q u e ci m e n t o se j a m exatam ente conhecidos( 7). A tem peratura e a um idade
am bient al influem dir et am ent e no desem penho do t r abalho hum ano. A sensação t ér m ica depende não só da tem peratura externa, m as tam bém do grau de um idade do ar e da velocidade do vento. Geralm ente não se per cebe um clim a confor t áv el no am bient e, m a s se n t e - se i m e d i a t a m e n t e u m cl i m a n ã o co n f o r t áv el . Qu an d o o t r ab al h ad o r é o b r i g ad o a supor t ar alt as t em per at ur as, seu r endim ent o cai, a velocidade do t rabalho dim inui, as pausas se t ornam m aiores e m ais freqüent es, o grau de concent ração dim inui e a freqüência de erros e acident es t ende a aum ent ar significat ivam ent e, principalm ent e a part ir d e 3 0 º C( 9 ). Am b i e n t e s h o sp i t a l a r e s i n t e r n o s,
con d icion ad os ar t if icialm en t e, ap r esen t am cu r v as ex pon en ciais de cr escim en t o de m icr oor gan ism os. Apesar de indeterm inada, há real participação do m eio am bient e nos processos de infecção hospit alar, e são num er osas as v ar iáv eis de agr essão aos usuár ios. Os agentes causais são diversos, e podem ter origem b i o l ó g i ca , q u ím i ca , i n e r t e e f u n ci o n a l , cu j o s m e ca n i sm o s d e a çã o se d e se n v o l v e m m e d i a n t e p r ocessos ir r it at iv o, aler g izan t e ou in f ect an t e, e co n st i t u e m f a t o r o u co - f a t o r n a i n st a l a çã o d o pr ocesso( 10).
Quant o aos t ipos de m at eriais ut ilizados nos se t o r e s, o s p r i n ci p a i s sã o a g u l h a s, se r i n g a s e d isp osit iv os in t r av en osos u sad os p ar a p r ep ar ar e ad m in ist r ar m ed icações p or v ia en d ov en osa; h á, t am bém , o con t at o com secr eções das pacien t es. Espera- se da enferm eira, dos técnicos e dos auxiliares de enfer m agem a habilidade de acesso ao sist em a v enoso par a ser em adm inist r ados sor os, líquidos e
m edicam ent os( 11). Para t ant o, é necessário selecionar
o local ad eq u ad o e o m at er ial ap r op r iad o p ar a a punção venosa. Out ro fat or im port ant e na realização d esse p r oced im en t o é a p r ot eção d o p r of ission al durant e t odo o processo, com o a lavagem das m ãos antes e após a técnica e o uso de luvas descartáveis. A proteção e o cuidado do profissional consigo m esm o são f u n dam en t ais e com o t odos os pacien t es são potenciais portadores de hepatite B, do vírus HI V, ou out ros pat ógenos, os t rabalhadores devem exercit ar-se inint er r upt am ent e no uso dos equipam ent os de pr ot eção indiv idual ( EPI ) . É essencial par a o bem -est ar e a saúde do t rabalhador, adot ar m edidas de prot eção e barreira no caso de exposições de pele e m u cosas ao san gu e, ou ou t r os líqu idos cor por ais. Tam b ém d u r an t e p r oced im en t os in v asiv os, f az- se necessário o uso de prot et ores para os olhos, rost o, cabeça e m em bros( 12).
Acident es de t rabalho
O h ip oclor it o d e sód io é ob t id o m ed ian t e processos quím icos do cloro em solução de hidróxido d e sód io. Tem p r op r ied ad es d esin f et an t es, en t r e out ras, e serve para inúm eras aplicações t ais com o: desinfecção de água pot ável, desinfecção hospit alar et c. É apropriado para a desinfecção de superfícies e am bient es. O hipoclorit o pode ocasionar queim aduras ocu lar es q u e p r ov ocam sér ios d an os à su p er f ície ocular, córnea e segm ento anterior do olho e, m uitas vezes, result am em redução perm anent e da visão. A vacina BCG protege o indivíduo contra a tuberculose. Sua com posição é de vírus vivos atenuados. Não pode ser expost a à luz solar diret a, ou difusa, m esm o por curto período de tem po. Após a diluição, a vacina só poder á ser ut ilizada dent r o de um per íodo de seis h o r a s. A l e u co v o r i n a cá l ci ca , d e n o m i n a d a com ercialm ent e leucovorimR, é um derivado do ácido
fonílico, usado para reduzir a atividade do ácido fólico, au m en t ar a sín t ese da n u cleopr ot eín a e m an t er a er it r opoiese nor m al( 13). Já a hepar ina pode causar
efeitos oculares quando está diretam ente na corrente sangüínea. Alguns desses efeit os são: visão t urva e d iscr om at op sia, aler g ia, ed em a e at é n ecr ose d e pálpebras e conj unt iva, lacrim ej am ent o e hifem a( 14).
D e a co r d o co m a Or g a n i za çã o Pa n -Am er ican a de Saú de( 1 5 ), os cu idados pr im ár ios de
v isu al. Além d isso, ex ist em os cu id ad os q u e são tam bém de responsabilidade da instituição: prom over a saúde e higiene dos olhos; pr ev enir acident es e doenças oculares; m edir e registrar a acuidade visual dos t r abalhador es e encam inhar os casos de v isão subnorm al e cegueira; det ect ar doenças oculares no estágio inicial; colaborar nas atividades de saúde para a pr ev enção da cegueir a e par t icipar na educação para a saúde do t rabalho. Os acident es de t rabalho co m sa n g u e e o u t r o s f l u i d o s p o t e n ci a l m e n t e con t am in ados dev em ser t r at ados com o casos de em er gência m édica, pois, par a sua m aior eficácia, as int ervenções para profilaxia da infecção pelo HI V e h ep at it e B p r ecisam ser in iciad as log o ap ós a ocorrência do acident e. O risco m édio de se adquirir o HI V é de, aproxim adam ent e, 0,3% após exposição p e r cu t â n e a , e d e 0 , 0 9 % a p ó s e x p o si çã o m ucocut ânea. Esse r isco foi av aliado em sit uações de exposição ao sangue. Quanto ao risco de infecção, associado a out r os m at er iais biológicos, é infer ior, em b o r a ai n d a n ão est ej a d ef i n i d o. Tai s d o en ças infecciosas são ocasionadas pela cont am inação por m eio de acidentes com obj etos perfurocortantes, m as não se pode descart ar a cont am inação por m eio de respingos desses fluidos em m ucosas, especialm ent e a m u cosa ocu lar. Acid en t es p or ex p osição ocu lar ocu p am o t er ceir o lu g ar em n ú m er o. Ver if ica- se, por ém , a insuficiência de est udos nessa ár ea( 16). O
m ais corret o e indicado pelos oft alm ologist as é lavar im ediat am ent e o olho com água cor r ent e, ou sor o fisiológico e procurar um serviço de em ergência para pr ev enir alt er ações ocular es.
Con for m e obser v ado, ex ist e con h ecim en t o desses profissionais sobre os cuidados prim ários com a visão. Após a ocorrência de acident e de t rabalho, en v olv en d o os olh os, f or am t om ad as as d ev id as pr ov idên cias por set e pr of ission ais n o r ef er en t e à lav ag em d os olh os com ág u a ou sor o f isiológ ico. Apenas três trabalhadoras não adotaram essa conduta adequadam ent e. Out ra m edida im port ant e, m as que n ã o a co n t e ce u , se r i a o co m p a r e ci m e n t o d o profissional ao set or de saúde ocupacional para ser av aliado pelo m édico, par a n ot if icar o aciden t e e encam inhá- lo ao ser v iço especializado. Ent r et ant o, e m n e n h u m d o s ca so s, a i n st i t u i çã o t o m o u conhecim ento dos acidentes e dos prej uízos causados à saúde do t rabalhador.
D i a n t e d e t o d a e ssa e x p o si çã o , n o sso q u est i o n a m en t o é: ser á q u e o t r a b a l h a d o r est á realm ent e preocupado com sua saúde ocular? E, de
m aneira geral, com sua int egridade física para bem d e se m p e n h a r su a f u n çã o n o t r a b a l h o ? O q u e a in st it u ição of er ece p ar a p r ev en ir os acid en t es d e t r abalho?
A Saúde ocupacional e a educação em saúde
A Saúde Ocupacional surgiu em m eados do século XVI I I com a Rev olução I ndust r ial, à m edida q u e o s a ci d e n t e s d e t r a b a l h o co m e ça r a m a se m u lt ip licar. No Br asil, os p r ob lem as ocu p acion ais tornaram - se m otivo de preocupação a partir de 1940, com o sur gim ent o da Associação de Pr ev enção de Acident es de Trabalho e, em 1943, foram incluídos na Consolidação das Leis Trabalhistas ( CLT)( 17). Dentro
d e sse co n t e x t o , a sa ú d e d o s t r a b a l h a d o r e s hospit alares m erece at enção em virt ude de est arem ex p o st o s a r i sco s b i o l ó g i co s, q u ím i co s e f ísi co s, passíveis de com prom et er o bem - est ar geral, com o se pode per ceber n os r elat os dos pr ofission ais de enferm agem suj eitos a esse estudo sobre a ocorrência dos acident es que, de algum a for m a, ocasionar am danos à saúde ocular.
A Maternidade onde se desenvolveu o estudo conta com o Serviço de Saúde Ocupacional, com posto p o r u m m éd i co d o t r ab al h o , u m a en f er m ei r a d o t rabalho e um a auxiliar de enferm agem do t rabalho. Nesse ser v iço f icam ar qu iv ados os pr on t u ár ios de todos os trabalhadores da instituição onde se realizam os exam es periódicos de saúde desses profissionais. As Medidas de Precauções Universais ( MPUs) , at u alm en t e d en om in ad as Pr ecau ções Pad r ão, são form as de prevenção a serem utilizadas na assistência a t od os os p acien t es n a m an ip u lação d e san g u e, secreções e excreções e contato com m ucosas e pele n ão- ín t egr a. Tais m edidas in clu em a u t ilização de e q u i p a m e n t o s d e p r o t e çã o i n d i v i d u a i s, co m a finalidade de reduzir a exposição ao sangue ou fluidos cor pór eos, e os cuidados específicos r ecom endados p a r a m a n i p u l a çã o e d e sca r t e d e m a t e r i a i s cont am inados por m at er ial or gânico( 12,16). Um a das
f or m as d e ev it ar acid en t es é o u so d e EPI , q u e const it ui um a barreira prot et ora para o t rabalhador, pois reduz efetivam ente ( m as não elim ina) o risco de e x p o si çã o o cu p a ci o n a l( 1 8 ). Ma s o EPI só se r á
pr ofissionais par a ev it ar r espingos de m edicações, m at eriais biológicos e riscos m ecânicos seria uso de óculos de proteção. Para evitar acidentes de trabalho é pr eciso t am bém pr ev en ir as f alh as h u m an as. A p r ev en ção d essas f al h as se d á ex at am en t e p el o d ev id o t r ein am en t o d a eq u ip e, d em on st r ação d o funcionam ent o de aparelhos e equipam ent os novos, seleção e reciclagem adequada dos funcionários para as div er sas fu n ções, in for m ações com plet as sobr e com o execut ar det erm inadas t arefas, realizações de r euniões per iódicas com os funcionár ios, checagem d a co m p r e e n sã o d a i n f o r m a çã o t r a n sm i t i d a , acom panham ent o de funcionários novos, supervisão dos funcionários, fixação de cartazes com orientações n e ce ssá r i a s e n t r e o u t r o s( 1 8 ). Ma s a s m e d i d a s
p r o f i l á t i ca s p ó s- e x p o si çã o n ã o sã o t o t a l m e n t e eficazes. Por isso, dev e- se enfat izar a necessidade de se program ar ações educat ivas perm anent es que fam iliarizem os profissionais de enferm agem com as pr ecauções univ er sais e os conscient izem quant o a em p r eg á- las ad eq u ad am en t e, com o m ed id a m ais indicada par a a r edução do r isco de infecção pelo HI V, ou hepat it e, em am bient e ocupacional.
CONSI DERAÇÕES FI NAI S
Os riscos ocupacionais foram avaliados pela o b se r v a çã o d o s a m b i e n t e s d o h o sp i t a l , co m o : En f er m ar ia de Par t u r ien t es, Aloj am en t o Con j u n t o, Berçário de Baixo Risco, Em ergência e Sala de Parto. Desses, som en t e o Ber çár io e a Em er g ên cia n ão possuem ilum inação nat ur al. Quant o aos m at er iais usados, foram prat icam ent e os m esm os em t odos os
locais. Os profissionais de enferm agem que j á haviam sofrido acidente de trabalho, envolvendo o olho, foram in t er r ogados e t ot alizar am dez f u n cion ár ias ( u m a en f er m eir a, d u as t écn icas e set e au x iliar es) . Os aci d en t es d e t r ab al h o f o r am ag r u p ad o s em t r ês categorias, de acordo com o tipo de m aterial causador do t r au m a. Qu at r o au x iliar es se aciden t ar am com substância quím ica: o hipoclorito de sódio. Outras três funcionárias, das quais um a enferm eira, um a t écnica e um a auxiliar, sofreram o traum a ocular com m aterial b i o l ó g i co e m e d i ca çõ e s. A ú l t i m a ca t e g o r i a f o i denom inada de out ros t ipos de acident es, por haver diferença do agent e causador.
D i a n t e d o s r e su l t a d o s e n co n t r a d o s, é i n t e r e ssa n t e e n f a t i za r q u e o s t r a b a l h a d o r e s hospitalares estão suj eitos aos acidentes de trabalho, pelo fat o de o am bient e hospit alar ofer ecer r iscos biológicos, quím icos e físicos entre outros. Para serem m inim izados esses t ipos de acident es, pr opôs- se a adoção, por part e dos t rabalhadores, das Medidas de Pr ecau ções Padr ão m edian t e o u so de EPI , n esse caso, os óculos prot et ores. Os EPI s t êm a finalidade de reduzir a exposição dos funcionários aos m ateriais biológicos, às secreções dos pacientes e aos produtos quím icos hospit alares. E, por part e da Mat ernidade, a a q u i si çã o d e sse s e q u i p a m e n t o s q u e i m p l i ca m a l o ca çã o d e r e cu r so s, t a n t o p a r a se r e m im plem en t ados com o par a ser em m an t idos. Ou t r a i m p o r t an t e m ed i d a ser i a a p r ev en ção d o s er r o s h u m a n o s, m e d i a n t e t r e i n a m e n t o co n t ín u o d o s pr ofissionais sobr e a r ealização de pr ocedim ent os, r euniões per iódicas par a dir ecionam ent o da equipe, fix ação de car t azes ex plicat iv os e com as dev idas orient ações ent re out ros.
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