• Nenhum resultado encontrado

O perfil de potenciais doadores de órgãos e tecidos.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "O perfil de potenciais doadores de órgãos e tecidos."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

O PERFI L DE POTENCI AI S DOADORES DE ÓRGÃOS E TECI DOS

Edvaldo Leal de Moraes¹ Leonardo Borges de Barros e Silva² Tat iana Crist ine de Moraes³ Nair Cordeiro dos Sant os da Paixão³ Nelly Miyuki Shinohara I zum i³ Aparecida de Jesus Guarino4

Obj et ivou- se caract erizar os doadores, segundo o sexo, faixa et ária, causa de m ort e encefálica, quant ificar os doador es que apr esent ar am hiper nat r em ia, hiper pot assem ia e hipopot assem ia e conhecer quais os ór gãos m ais u t ilizados par a t r an splan t e. Tr at a- se de est u do de car át er qu an t it at iv o, descr it iv o, ex plor at ór io e r et r ospect iv o. A pesquisa foi r ealizada na Or ganização de Pr ocur a de Ór gãos do Hospit al das Clínicas da Faculdade de Medicina da Univ er sidade de São Paulo. For am analisados os dados dos pr ont uár ios de 187 potenciais doadores. O acidente vascular cerebral representou 53,48% de todas as causas de m orte encefálica, os dist úrbios de sódio e pot ássio ocorreram em 82,36% dos casos e 45,46% dos pot enciais doadores t inham de 41 a 60 anos. Os result ados obt idos evidenciaram que as causas nat urais de m ort e superaram as m ort es t raum át icas e a m aioria dos doadores apresent ou alt erações de sódio e pot ássio provavelm ent e relacionadas à m anut enção inadequada.

DESCRI TORES: t ransplant e de órgãos; m ort e encefálica; unidades de t erapia int ensiva

THE PROFI LE OF POTENTI AL ORGAN AND TI SSUE DONORS

This study aim ed to characterize donors according to gender, age group, cause of brain death; quantify donors with hypernatrem ia, hyperpotassem ia and hypopotassem ia; and get to know which organs were the m ost used in t ransplant at ions. This quant it at ive, descript ive, explorat ory and ret rospect ive st udy was perform ed at t he Organ Procurem ent Organization of the University of São Paulo Medical School Hospital das Clínicas. Data from t he m edical records of 187 pot ent ial donors were analyzed. Cerebrovascular accident s represent ed 53.48% of all br ain deat h causes, sodium and pot assium disor der s occur r ed in 82. 36% of cases and 45. 46% of t he potential donors were between 41 and 60 years old. The results evidenced that natural death causes exceeded t r aum at ic deat hs, and t hat m ost donor s pr esent ed sodium and pot assium alt er at ions, lik ely associat ed t o inappr opr iat e m aint enance.

DESCRI PTORS: organ t ransplant at ion; brain deat h; int ensive care unit s

EL PERFI L DE PROBABLES DONADORES DE ÓRGANOS Y TEJI DOS

Se tuvo com o obj etivos determ inar las características de los donadores según el sexo, el intervalo de edad, y, l as cau sas p o r m u er t e en cef ál i ca; d et er m i n ar el n ú m er o d o n ad o r es q u e p r esen t ab an h i p er n at r em i a, hiper pot asem ia y hipopot asem ia; conocer los ór ganos que fuer on m ás ut ilizados par a el t r asplant e. Es un est udio de t ipo cuant it at ivo, descript ivo, explorat orio y ret rospect ivo. La invest igación fue realizada en una I nst it ución de donación de Órganos pert enecient e al Hospit al de las Clínicas de Sao Paulo. Fueron analizados los dat os de 187 probables donadores. Ent re las causas de m uert e encefálica el 53,48% fueron por accident e cerebro vascular, en 82,36% de los casos se produj eron alt eraciones en los valores de sodio y pot asio y los donadores se encont raban ent re 41 y 60 años de edad. Los result ados m uest ran que las causas nat urales de m uer t e super ar on a las m uer t es por t r aum at ism o. La m ay or ía de los donador es t uv o alt er aciones en los niveles de sodio y pot asio, est ando posiblem ent e relacionadas a m edidas de conservación inadecuadas.

DESCRI PTORES: t rasplant e de órganos; m uert e encefálica; unidades de t erapia int ensiva

Hospit al da Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, Brasil: 1Mestre em Enferm agem , e- m ail: edvaldoleal@uol.com .br; 2Médico,

e-m ail: opo_hc@hcnet .usp.br; 3Enferm eiro, e- m ail: t at im arcondeli@hot m ail.com , nair_paixao@hot m ail.com , nellyizum i@gm ail.com ; 4Enferm eiro, Mestre

(2)

I NTRODUÇÃO

O

p r o ce sso d e d o a çã o e t r a n sp l a n t e é

co m p l e x o , i n i ci a n d o - se co m a i d e n t i f i ca çã o e m anut enção dos pot enciais doador es. Em seguida, os m édicos com unicam à fam ília a suspeita da m orte encefálica ( ME) , realizam os exam es com probat órios para o diagnóstico de ME, notificam o potencial doador à Cent ral de Capt ação, Not ificação e Dist ribuição de Ór g ã o s ( CNCD O) q u e, n o Est a d o d e Sã o Pa u l o , repassa a not ificação para a Organização de Procura de Órgãos ( OPO) , responsável pela área do hospit al not ificador. O profissional da OPO realiza a avaliação d a s co n d i çõ e s cl ín i ca s d o p o t e n ci a l d o a d o r, d a viabilidade dos órgãos e t ecidos a serem ext raídos e faz a entrevista para solicitar o consentim ento fam iliar sobre a doação. Nos casos de recusa, o processo é encerrado. Quando a fam ília autoriza a doação, a OPO r epassa as infor m ações sobr e o doador à CNCDO, que r ealiza a dist r ibuição dos ór gãos, indicando a equipe t r ansplant ador a r esponsáv el pela r et ir ada e im plant e do m esm o( 1).

Após a not ificação, várias ações devem ser r ealizad as p ar a a m an u t en ção ef et iv a d o d oad or, viabilizando a ut ilização dos órgãos para t ransplant e. D e ssa f o r m a , o co n h e ci m e n t o d o p r o ce sso e a ex ecu ção adequ ada de su as et apas possibilit am a obt enção de órgãos e t ecidos com segurança e com qualidade. Além de garant ir a qualidade dos órgãos, o conhecim ent o do processo de doação e t ransplant e evit a a inadequação em algum a das fases que pode se r m o t i v o d e q u e st i o n a m e n t o p o r p a r t e d o s fam iliares, ou at é recusa de doação dos órgãos( 1).

Um dos grandes problem as na m anut enção d o s p o t e n ci a i s d o a d o r e s co n si st e e m m a n t e r parâm etros hem odinâm icos estáveis, com o propósito de tornar os órgãos viáveis, pois, durante o processo de m ort e encefálica, ocorre um a série de alt erações fisiológicas que cont r ibuem par a a inst abilidade do doador, t ais com o: hipot ensão, diabet es in sipidu s, h i p o t e r m i a , h i p e r n a t r e m i a , a ci d o se m e t a b ó l i ca , e d e m a p u l m o n a r e co a g u l a çã o i n t r a v a scu l a r d i ssem i n ad a( 2 - 3 ). Par a m an t er o co n t r o l e d essas

funções o m ais próxim o do norm al, faz- se necessário o regist ro e cont role cont ínuo desses parâm et ros.

Assim , a assist ência prest ada ao doador de órgãos não deve ser diferente da assistência prestada ao pacient e em est ado crít ico e o cuidado deve ser realizado em um a Unidade de Terapia I ntensiva ( UTI ) , p ois r eq u er v ig ilân cia con st an t e p or p r of ission ais capacit ados no m anej o desses pacient es.

Sendo assim , as m edidas em pregadas para a m anut enção adequada dos órgãos para t ransplant e

incluem : a m anutenção da pressão arterial m edia em 7 0 m m Hg, diur ese de 0 , 5 a 3 m l/ k g/ hor a, pr essão venosa cent ral ( PVC) ent re 8 e 12m m Hg, frequência ca r d ía ca d e 6 0 a 1 2 0 b a t i m en t o s p o r m i n u t o e hem oglobina m aior que 10g/ dl. Além disso, é de sum a im por t ância a infusão de cr ist alóides e/ ou colóides aquecidos e dr ogas vasopr essor as( 2).

As a l t e r a çõ e s d e f l u i d o s, e l e t r ó l i t o s e m e t a b o l i sm o sã o co m u m e n t e e n co n t r a d a s n o s d o ad o r es. Esses d i st ú r b i o s p o d em o co r r er co m o co n se q u ê n ci a d o t r a t a m e n t o d o p a ci e n t e , d a n o neurológico ou em decorrência dos efeit os da m ort e e n ce f á l i ca . As a l t e r a çõ e s m a i s f r e q u e n t e s n o s doador es são a hiper nat r em ia em 59% dos casos, h i p o n a t r e m i a ( 3 8 % ) , h i p e r ca l e m i a ( 3 9 % ) ,

hipopot assem ia ( 66% ) e diabet es insipidus de 9 a

87%( 4).

A h ip er n at r em ia d ev e ser cor r i g i d a, p oi s n ív e i s d e só d i o m a i o r q u e 1 5 5 m m o l / L e st ã o relacionados à disfunção hepática e perda do enxerto no recept or. Associada à correção do sódio, deve- se proceder à norm alização sérica dos níveis de cálcio, fósforo, pot ássio e m agnésio( 4).

Assi m , o b j e t i v o u - se co m e st e e st u d o caracterizar os doadores de órgãos e tecidos, segundo o sex o, f aix a et ár ia, cau sa d a m or t e en cef álica, q u a n t i f i ca r o s d o a d o r e s q u e a p r e se n t a r a m h iper n at r em ia, h iper pot assem ia, h ipopot assem ia e conhecer quais os órgãos m ais ut ilizados.

MÉTODO

Trat a- se de est udo de car át er quant it at iv o, descr it ivo, explor at ór io e r et r ospect ivo. A descr ição dos dados foi feita por m eio do m étodo de análise da frequência absolut a e relat iva( 5). A am ost ra est udada

(3)

essa fase, os dados colet ados for am t r ansfor m ados em gr áficos dispon ív eis em pr ogr am a do Wor d. O present e est udo foi aprovado pela Com issão de Ét ica em Pesq u isa d a Dir et or ia Clín ica d o Hosp it al d as Clínicas da Faculdade de Medicina da Univ er sidade de São Paulo.

RESULTADOS

A Or g an i zação d e Pr o cu r a d e Ór g ão s d o Hospit al das Clínicas da Faculdade de Medicina da Un i v er si d a d e d e Sã o Pa u l o ( OPO- HCFMUSP) , n o per íodo de j an eir o de 2 0 0 5 a dezem br o de 2 0 0 7 , disponibilizou 187 doadores de órgãos e t ecidos para o Sist em a Est adual de Transplant e de São Paulo. O per fil desses doador es foi discr im inado at r av és das figuras a seguir.

Na Figu r a 1 obser v a- se a dist r ibu ição dos d o a d o r e s se g u n d o o se x o , se n d o q u e , d o s 1 8 7 doador es not ificados pela OPO- HCFMUSP à Cent r al de Not ificação, Capt ação e Dist ribuição de Órgãos de Sã o Pa u l o ( CNCD O- SP) , 5 1 , 8 7 % e r a m d o se x o fem inino.

Figu r a 1 - Dist r ibu ição dos doador es de ór gãos e tecidos, segundo o sexo, OPO- HCFMUSP, 2005 - 2007

A Figura 2 m ostra que 45,46% dos doadores not ificados à CNCDO- SP est avam na faixa et ária de 41 a 60 anos de idade.

Figura 2 - Distribuição dos doadores de órgãos e tecidos, segundo a faixa etária, OPO-HCFMUSP, 2005-2007

Na Fi g u r a 3 , o b ser v a - se q u e o a ci d en t e vascular cerebral ( AVC) represent ou m ais da m et ade de t odas as causas de m ort e encefálica ( 53,48% ) , o t r au m at ism o cr an ioen cef álico ( TCE) f oi a segu n da cau sa com 3 2 , 0 9 % e as ou t r as cau sas ( t u m or do sistem a nervoso central, ferim ento por arm a de fogo, encefalopat ia após hipóxia cerebral, m eningit e, crise convulsiva) cor r esponder am a 14,43% do t ot al dos doador es.

Figu r a 3 - Dist r ibu ição dos doador es de ór gãos e t ecidos, segundo a causa de m ort e encefálica, OPO-HCFMUSP, 2005- 2007

A Figura 4 revela que 54,01% dos doadores not ificados à CNCDO- SP apresent aram hipernat rem ia, sendo que, desse t ot al, 35,29% est avam com sódio m aior ou igual a 155m Eq/ L ( o m aior valor encontrado f o i d e 2 0 0 m Eq / L) , 1 7 , 6 5 % a p r e se n t a r a m hipopot assem ia e 10,70% hiperpot assem ia.

Figu r a 4 - Dist r ibu ição dos doador es de ór gãos e t ecidos, segundo as alt erações de sódio e pot ássio, OPO- HCFMUSP, 2005- 2007

D o s 1 8 7 p o t e n ci a i s d o a d o r e s, d e 1 5 2 d oad or es ( 8 1 , 2 8 % ) f or am ex t r aíd os os r in s p ar a t r a n sp l a n t e , f íg a d o 8 0 , 2 1 % , có r n e a s 6 1 , 5 0 % , 24

54

85

24

0 10 20 30 40 50 60 70 80 90

0-20 21-40 41-60 60 ou +

100

60

27

0 20 40 60 80 100 120

CVA TBI Outras causas

101

33

20

0 20 40 60 80 100 120

Hipernatremia Hipopotassemia Hiperpotassemia

97

90

86 88 90 92 94 96 98

(4)

pân cr eas 2 9 , 2 5 % , cor ação 1 8 , 7 2 % e pu lm ão com apenas 2,14% de utilização, com o m ostra a Figura 5.

doadores selecionados de form a m enos criteriosa são ch am ad os m ar g in ais, lim ít r of es ou com cr it ér ios ex pan didos. En t r et an t o, a u t ilização de ór gãos de doadores com critérios expandidos suscita im portante dilem a ét ico, porque esses órgãos podem aum ent ar a chance de insucesso do transplante. O uso de órgão m ar ginal aum ent a a m or t alidade no t r ansplant e de f íg ad o, p r in cip alm en t e n os r ecep t or es em est ad o m ais grave( 10).

A u t i l i za çã o d e ó r g ã o s l i m ít r o f e s o co r r e por qu e o n ú m er o de doador es n o Br asil ( seis por m ilhão de população por ano – pm p/ ano) é insuficiente p ar a at en d er a d em an d a d e r ecep t o r es, q u an d o com par ado ao de países m ais desen v olv idos, qu e at ingem núm eros superiores a 22 doadores efet ivos p m p / a n o . O p r o b l e m a d a ca p t a çã o , a l o ca çã o e qualidade dos órgãos para t ransplant e se deve, em parte, aos próprios profissionais de saúde que m antêm p o t e n ci a i s d o a d o r e s d e ó r g ã o s e t e ci d o s so b t r at am ent o clínico por v ezes inadequado e ineficaz p ar a a m an u t en ção d o d oen t e. Ocor r e, ain d a, a om issão e não not ificação da ocor r ência de m or t e

encefálica às Organizações de Procura de Órgãos( 11).

Se n d o a ssi m , a e d u ca çã o p e r m a n e n t e , r ef er en t e ao p r o cesso d e d o ação e t r an sp l an t e, direcionada ao profissional da saúde, possivelm ent e represent a alt ernat iva para m elhorar a qualidade dos ór gãos ofer t ados.

No presente estudo, a Figura 4 m ostra que a m ai o r i a d o s d o ad o r es ap r esen t o u al g u m t i p o d e dist úr bio de sódio e pot ássio, sendo que, dos 187 doador es, m ais da m et ade t inha hiper nat r em ia. Tal f a t o r e v e l a q u e a a ssi st ê n ci a e / o u m a n u t e n çã o o f er eci d a a esses d o a d o r es, p r o v a v el m en t e, f o i realizada de form a inadequada.

É im port ant e que a equipe m ult iprofissional de saúde valorize a m anut enção dos doadores, pois, est udo realizado na universidade de Pit t sburgh, nos Est a d o s Un i d o s d a Am é r i ca , e v i d e n ci o u q u e a h i p er n at r em i a em d o ad o r es m o st r av a i n ci d ên ci a sig n if icat iv am en t e m aior d e p er d a d o t r an sp lan t e h ep át ico, q u an d o com p ar ad a aos r ecep t or es q u e receberam o fígado de doadores com níveis norm ais de sódio. No ent ant o, as diferenças de sobrevida do e n x e r t o f o r a m m e l h o r a d a s co m a co r r e çã o d a h iper n at r em ia n os doador es an t es da ex t r ação do órgão e im plant e do m esm o( 12).

Os cu id ad os in t en siv os com os p ot en ciais d o a d o r e s sã o e sse n ci a i s, p o i s co n t r i b u i p a r a a m elhoria da qualidade do órgão para t ransplant e( 3- 6).

Fig u r a 5 - Dist r ib u ição d os d oad or es, seg u n d o a ex t ração de ór gão e t ecido, OPO HCFMUSP, 2 0 0 5 -2007

DI SCUSSÃO

As pat ologias qu e, com m aior f r equ ên cia, conduzem ao diagnóst ico de m or t e encefálica ( ME) são: o aciden t e v ascu lar cer ebr al h em or r ágico ou isq u êm ico ( AVC) , o t r au m at ism o cr an ioen cef álico ( TCE) , t um or cerebral, encefalopat ia após hipóxia e o u t r a s( 6 ). Est e e st u d o e v i d e n ci o u q u e o AVC

represent ou m ais da m et ade de t odas as causas de m or t e en cef álica ( ME) , sen d o q u e a m aior ia d os doadores era do sexo fem inino e a faixa et ária que p r ed om in ou f oi d e 4 1 a 6 0 an os d e id ad e, com o m ost r am as Fig u r as 1 , 2 e 3 . Dois est u d os, u m realizado na Cost a Rica e out ro no Brasil, revelaram que o AVC represent ou m ais da m et ade de t odas as causas de ME, e 50% dos potenciais doadores estavam na faixa etária de 40 a 59 anos de idade, corroborando os achados dest a pesquisa( 7- 8).

Os dados cit ados ant eriorm ent e evidenciam que o perfil do doador de órgãos est á m udando, as causas t raum át icas est ão cedendo lugar ao acident e v ascu lar en cef álico, b em com o a id ad e q u e v em a u m e n t a n d o , p o ssi v e l m e n t e co m o r e su l t a d o d o processo de envelhecim ent o da população brasileira. As causas de não efet iv ação da doação de ó r g ã o s sã o m ú l t i p l a s e e st ã o r e l a ci o n a d a s à i n st a b i l i d a d e h e m o d i n â m i ca e m e t a b ó l i ca d o s d o a d o r es, a o n ã o r eco n h eci m en t o o u a t r a so n a det erm inação da m ort e encefálica e devido à recusa do consent im ent o fam iliar da doação dos ór gãos e tecidos para transplante( 9). Essas causas podem estar

d ir et am en t e r elacion ad as à f alt a d e ór g ãos p ar a transplante e, devido a essa escassez, os critérios de seleção de doador es t êm sido m ais flex ív eis. Esses

152 150

115

56

35

4

0 20 40 60 80 100 120 140 160

(5)

Po r o u t r o l a d o , o cu i d a d o i n a d e q u a d o p o d e r epr esent ar um obst áculo à doação, ocasionando a perda do doador por parada cardíaca, com o, tam bém , os d ist ú r b ios h id r oelet r olít icos e m et ab ólicos q u e int erferem na qualidade do enxert o t ransplant ado.

A hipernatrem ia em doador de órgão é o m ais im port ant e fat or de risco que pode provocar a perda prim ária do enxert o, após o t ransplant e hepát ico( 13).

Al é m d a h i p e r n a t r e m i a , e x i st e m o u t r o s fat ores relacionados ao pot encial doador que afet am a qualidade dos órgãos para t ransplant e t ais com o: idade, história de etilism o, tabagism o, causa de m orte encefálica, tem po de isquem ia fria ( tem po que o órgão fica fora do corpo do doador sob refrigeração) m aior que 12 horas, tem po de isquem ia quente ( tem po entre o início da anast om ose da veia cava e a reperfusão da veia por t a no r ecept or de fígado) m aior que 45 m inut os( 14).

No pr esent e est udo, com o m ost r a a Figur a 5, do total de 187 potenciais doadores, os rins foram os órgãos m ais utilizados, em com paração aos dem ais órgãos, com o fígado, pâncreas, coração e pulm ões. Tal fat o est á relacionado a cert as vant agens que os rins possuem para sua utilização com o, por exem plo: n ão h á lim it e de idade se o v alor labor at or ial da creat inina for norm al, possuem t em po prolongado de

isquem ia fria ( o órgão fora do corpo sob refrigeração pode ser utilizado para transplante por até 36 horas) e podem ser ret irados de doadores sem bat im ent os ca r d ía co s( 1 5 ). As có r n ea s f o r a m o s t eci d o s m a i s

u t ilizados. É im por t an t e dest acar qu e a legislação br asileir a r equer a aut or ização por par t e da fam ília para a doação de cada órgão e t ecido.

CONCLUSÃO

Em con clu são, o t r ab alh o m ost r ou q u e o a ci d en t e v a scu l a r cer eb r a l r ep r esen t o u m a i s d a m et ade de t odas as causas de m ort e encefálica, que a m aioria dos doadores era do sexo fem inino, a faixa etária predom inante foi de 41 a 60 anos de idade, os rins foram os órgãos m ais utilizados para transplante em com par ação aos dem ais ór gãos, com o f ígado, pâncr eas, cor ação e pulm ões, as cór neas for am os t e ci d o s m a i s u t i l i za d o s e a g r a n d e m a i o r i a d o s doadores apresent ou alt erações de sódio e pot ássio, evidenciando que, provavelm ent e, a m anut enção foi r e a l i za d a d e f o r m a i n a p r o p r i a d a . A i n a d e q u a d a m a n u t e n çã o d o s d o a d o r e s d e ó r g ã o s é f a t o r d et er m in an t e n os d ist ú r b ios d e sód io e p ot ássio, p o d en d o i n t er f er i r n a q u a l i d a d e d o ó r g ã o a ser t r ansplant ado.

REFERÊNCI AS

1 . Mor aes EL, Massar ollo MCKB. A r ecusa fam iliar par a a doação de órgãos e t ecidos para t ransplant e. Rev Lat ino- am En fer m agem 2 0 0 8 ; 1 6 ( 3 ) : 4 5 8 - 6 4 .

2. Mascia L, Mast rom auro I , Vibert i S, Vincenzi M, Zanello M. Managem ent t o opt im ize or gan pr ocur em ent in br ain dead donor s. Miner v a Anest esiol 2008; 74: 1- 8.

3 . Sh ah VR. Agr essiv e m an agem en t of m u lt ior gan don or. Tr an splan t Pr oc 2 0 0 8 ; 4 0 : 1 0 8 7 - 9 0 .

4. Shem ie SD, Ross H, Pagliar ello J, Bak er AJ, Gr eig PD, Br a n d T, e t a l . Or g a n d o n o r m a n a g e m e n t i n ca n a d a : r ecom m endat ion of t he for um on m edical m anagem ent t o opt im ize donor organ pot ent ial. CMAJ 2006; 174( 6) : 13- 30. 5. Gil AC. Com o elabor ar pr oj et o de pesquisa. 4a. ed. São Paulo ( SP) : At heneu; 2007.

6. DuBose J, Salim A. Agressive organ donor m anagem ent pr ot ocol. J I nt ensiv e car e Med 2008; 23( 6) : 367- 75. 7. Rodríguez AS, Arist a JCR. Det ección de donant es en m uert e encefálica. Act a Pediát r Cost ar r ic 2 0 0 2 ; 1 6 ( 3 ) : 8 3 - 9 1 . 8. Medina- Pest ana JO, Sam paio EM, Sant os THF, Aoqui CM, Am m ir at i AL, Car on D, et al. Deceased or gan donat ion in Br a zi l : h o w ca n w e i m p r o v e ? Tr a n sp l a n t Pr o c 2 0 0 7 ; 3 9 ( 2 ) : 4 0 1 - 2 .

9. Arbour R. Clinical m anagem ent of t he organ donor. AACN Clin I ssu es 2 0 0 5 ; 1 6 ( 4 ) : 5 5 1 - 8 0 .

10. Bacchella T, Gavão FHF, Alm eida JLJ, Figueira ER, Moraes A, Machado MC. Marginal graft s increase early m ort alit y in liver t ransplant at ion. São Paulo Med J 2008; 126( 3) : 161- 5. 1 1 . Galv ão FHF, Caír es RA, Azev ed o- Net o RS, Mor y EK, Figueir a ERR, Ot suk i TS et al. Conhecim ent o e opinião de estudantes de m edicina sobre doação e transplante de órgãos. Rev Assoc Med Br as 2 0 0 7 ; 5 3 ( 5 ) : 4 0 1 - 6 .

12. Tot suka E, Dodson F, Urakam i A, Moras N, I shii T, Lee MC, et al. I nfluence of high donor serum sodium levels on e a r l y p o st o p e r a t i v e g r a f t f u n ct i o n i n h u m a n l i v e r t ransplant at ion: effect of correct ion of donor hypernat rem ia. Liver Transpl Sur g 1999; 5( 5) : 421- 8.

13. Jawan B, Got o S, Lai CY, de Villa VH, Luk HN, Eng HL, et al. The effect of hy per nat r em ia on liv er allogr aft s in r at s. An est h An alg 2 0 0 2 ; 9 5 ( 5 ) : 1 1 6 9 - 7 2 .

14. Tot suka E, Fung U, Hakam ada K, Tanaka M, Takahashi K, Nak ai M et al. Analy sis of clinical v ar iables of donor s and recipient s wit h respect t o short - t erm graff out com e in hum an liver t r ansplant at ion. Transplant Pr oc 2004; 36: 2215- 8. 15. Moraes EL, Silva LBB, Glezer M, Paixão NCS, Moraes TC. Traum a e doação de órgãos e tecidos para transplante. J Bras Tr an spl 2 0 0 6 ; 9 ( 3 ) : 5 6 1 - 5 .

Referências

Documentos relacionados

Em 2008 foram iniciadas na Faculdade de Educação Física e Desportos (FAEFID) as obras para a reestruturação de seu espaço físico. Foram investidos 16 milhões

Não obstante a reconhecida necessidade desses serviços, tem-se observado graves falhas na gestão dos contratos de fornecimento de mão de obra terceirizada, bem

intitulado “O Plano de Desenvolvimento da Educação: razões, princípios e programas” (BRASIL, 2007d), o PDE tem a intenção de “ser mais do que a tradução..

Esta dissertação pretende explicar o processo de implementação da Diretoria de Pessoal (DIPE) na Superintendência Regional de Ensino de Ubá (SRE/Ubá) que

O capítulo I apresenta a política implantada pelo Choque de Gestão em Minas Gerais para a gestão do desempenho na Administração Pública estadual, descreve os tipos de

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento