REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
PublicaçãoOficialdaSociedadeBrasileiradeAnestesiologia www.sba.com.brARTIGO
CIENTÍFICO
Comparac
¸ão
de
duas
doses
diferentes
de
morfina
adicionadas
à
bupivacaína
em
raquianestesia
para
herniorrafia
inguinal
夽
Basak
Ceyda
Meco
a,∗,
Onat
Bermede
a,
Cagil
Vural
a,
Atil
Cakmak
b,
Zekeriyya
Alanoglu
ae
Neslihan
Alkis
aaDepartamentodeAnestesiologiaeTerapiaIntensiva,AnkaraUniversityMedicalFaculty,Ankara,Turquia
bDepartamentodeCirurgiaGeral,AnkaraUniversityMedicalFaculty„Ankara,Turquia
Recebidoem11deabrilde2014;aceitoem6deagostode2014 DisponívelnaInternetem2defevereirode2016
PALAVRAS-CHAVE Raquianestesia; Morfina; Analgesia pós-operatória; Vômito
Resumo
Justificativaeobjetivos: Compararosefeitosdeduasdosesdiferentesdemorfinaintratecal
(MIT)sobreaanalgesianopós-operatório,ostemposatéaprimeiramobilizac¸ãoemicc¸ãono
pós-operatórioeagravidadedosefeitoscolaterais.
Métodos: Apósaaprovac¸ãodoComitêdeÉtica Institucional,48pacientescomestadofísico
ASAI-IIforamincluídosnesteestudorandômicoeduplo-cego.A raquianestesiafoifeitacom
0,1mg(GrupoI,n=22)ou0,4mg(GrupoII,n=26)deMITadicionadosa7,5mgdebupivacaína
hiperbárica.Ostemposatéaprimeiranecessidadedeanalgésico,mobilizac¸ãoemicc¸ãoeos
efeitoscolateraisnopós-operatórioforamregistrados.Asanálisesestatísticasforamfeitascom
oprogramaSPSS15.0ep<0,05foiconsideradoestatisticamentesignificativo.Osdados
numé-ricosforamanalisadoscomotesteteexpressoscomomédia±DP.Osdadoscategóricosforam
analisadoscomotestedoqui-quadradoeexpressoscomonúmerodepacienteseporcentagem.
Resultados: Osdadosdemográficosforamsemelhantesentreosgrupos.Nãohouvediferenc¸as
emrelac¸ãoàdor,aostemposatéaprimeiranecessidadedeanalgésicos,àprimeiramobilizac¸ão
eprimeiramicc¸ão.Aúnicadiferenc¸aentreosdoisgruposfoiaincidênciavômito.NoGrupoII,
23%(n=6)daspacientesapresentaramvômitoduranteasprimeiras24horasdepós-operatório,
emcomparac¸ãocom0%noGrupoI(p=0,025).
Conclusão:Paraherniorrafiainguinal,adosede0,1mgdeMITforneceanalgesiacomparável
àdosede0,4mg,comumaincidênciadevômitosignificativamentemenorquandocombinada
comumadosebaixadebupivacaínahiperbárica.
©2014SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos
direitosreservados.
夽
Esteestudofoiapresentadono44◦CongressoNacionaldaAssociac¸ãoTurcadeAnestesiologiaeReanimac¸ão,Antalya,Turquia. ∗Autorparacorrespondência.
E-mail:basakceyda@hotmail.com(B.C.Meco). http://dx.doi.org/10.1016/j.bjan.2014.08.004
KEYWORDS Spinalanesthesia; Morphine; Postoperative analgesia; Vomiting
Acomparisonoftwodifferentdosesofmorphineaddedtospinalbupivacaine foringuinalherniarepair
Abstract
Backgroundandobjectives: Theaimofthisstudywastocomparetheeffectsoftwodifferent
dosesofintrathecalmorphineonpostoperativeanalgesia,postoperativefirstmobilizationand
urinationtimesandtheseverityofsideeffects.
Methods:AfterInstitutionalEthicalCommitteeapproval,48ASAI-IIpatientswereenrolledin
thisrandomizeddouble-blindedstudy.Spinalanesthesiawasperformedwith0.1mg(GroupI,
n=22)or0.4mg(GroupII,n=26)ITMinadditionto7.5mgheavybupivacaine.Thefirstanalgesic
requirement,firstmobilizationandvoidingtimes,andpostoperativesideeffectswererecorded.
StatisticalanalyseswereperformedusingSPSS15.0andp<0.05wasconsideredasstatistically
significant.Thenumericdatawereanalyzedbythet-testandpresentedasmean±SD.
Cate-goricaldatawereanalyzedwiththechi-squaretestandexpressedasnumberofpatientsand
percentage.
Results:Demographicdataweresimilaramonggroups.Therewerenodifferencesrelatedto
postoperativepain,firstanalgesicrequirements,andfirstmobilizationandfirstvoidingtimes.
Theonlydifferencebetweentwogroupswasthevomitingincidence.InGroupII23%(n=6)ofthe
patientshadvomitingduringthefirstpostoperative24hcomparedto0%inGroupI(p=0.025).
Conclusion: Foringuinalherniarepairs,thedoseof0.1mgofITMprovidescomparable
pos-toperativeanalgesiawithadoseof0.4mg,withsignificantlylowervomitingincidencewhen
combinedwithlowdoseheavybupivacaine.
© 2014SociedadeBrasileirade Anestesiologia.Publishedby ElsevierEditoraLtda.Allrights
reserved.
Introduc
¸ão
A dorapós acorrec¸ão cirúrgicade hérnia inguinal é des-critacomo demoderada aintensae podeestarassociada à internac¸ão prolongada. Além disso, alguns indícios na literatura sugerem que o manejo inadequado da dor no pós-operatório pode ser um fator de risco para a dor crônica persistente após a correc¸ão de hérnia inguinal.1
Acombinac¸ãodedosesbaixasdeanestésicoslocais
adminis-tradasporviaintratecalcomopiáceosébemconhecidapor
produzirumefeitosinérgicosemprolongarobloqueiomotor
e,portanto,retardaraaltahospitalar.2Aadministrac¸ãode
morfinaporviaintratecal(MIT)podeserumaboaopc¸ãopara
omanejodadornopós-operatóriodevidoàlongadurac¸ãode
suaanalgesiaespinhal.Contudo,osefeitoscolaterais,como
náusea,vômito,pruridoedepressãorespiratória,podemser
umarestric¸ãoasuaaplicac¸ão.Emváriosestudos,sugere-se
que doses mais baixas de MIT produzem analgesia
pós--operatória de boaqualidade e longa durac¸ão e reduzem
aincidênciadeefeitoscolaterais.3---5
Oobjetivoprimáriodesteestudofoicompararosefeitos
deduasdosesdiferentesdeMITem combinac¸ãocomdose
baixadebupivacaínahiperbáricanomanejodadorapósa
correc¸ãocirúrgicadehérniainguinal.Oobjetivosecundário
foi compararostempos atéa primeira mobilizac¸ãoe
pri-meiramicc¸ãoeosefeitossecundáriosentreosdoisgrupos.
Métodos
Após a aprovac¸ão do Comitê de Ética Institucional e
obtenc¸ão de consentimento informado assinado pelos
pacientes, 48 pacientes com estado físico ASA (American
Societyof Anesthesiologists)I-II,entre18-65anos,
subme-tidosà cirurgiaeletiva para correc¸ão unilateral dehérnia
inguinal foram prospectivamente incluídos neste estudo
duplo-cegoerandomizado.Oscritériosdeexclusãoforam:
contraindicac¸ão para raquianestesia, neuropatias centrais
ouperiféricas, doenc¸as respiratórias oucardíacas graves,
usocrônicodeanalgésicosehistóriadeabusodesubstância
oualergiaaanestésicoslocais.
O estudofoi registadonowww.clinicaltrials.gov com o
número02001948NCT.
Ospacientes foram randomicamente alocados em dois
grupos(IeII),comométododeenvelopeslacrados.NoGrupo
I(n=22), os pacientesreceberam 0,1mgde morfina com
7,5mgde bupivacaínahiperbárica porvia intratecal e no
GrupoII(n=26)0,4mgdemorfinacom7,5mgdebupivacaína
hiperbáricaporviaintratecal.
Após o monitoramento habitual (eletrocardiograma,
frequência cardíaca, oximetria de pulso e pressão
arte-rial não invasiva), umacânula intravenosa (IV) de calibre
18Gfoiinseridanoantebrac¸oopostoaoladocirúrgicoea
pré-medicac¸ãoderotinacommidazolam(0,03mg.kg−1)foi
administrada.
Araquianestesiafoifeitaporabordagemdalinhamédia.
Ospacientes foramposicionados em decúbitolateralcom
oladoaseroperadoparabaixo.Apósinfiltrac¸ãolocalcom
lidocaínaa2%,umaagulhaespinhalQuinckedecalibre25G
(Spinocan®, BBraunMelsungen Ag,D-Melsungen)foi
inse-ridanointerespac¸oemL2-3ouL3-4.Naaspirac¸ãodolíquido
cefalorraquidiano incolor, 7,5mg de bupivacaína
hiperbá-rica a 0,5% foram administrados em combinac¸ão com a
dose designada de morfina. Os fármacos foram
anestesiologista,cegado paraa designac¸ão dos grupos de
pacientes,administrouaraquianestesia.Ospacientesforam
mantidosnamesmaposic¸ãopor15mine,emseguida,
posi-cionadosemdecúbitodorsalparaacirurgia.
Apósainjec¸ãoespinhal,umobservadortambémcegado
acompanhouaevoluc¸ãodaraquianestesia.Obloqueio
sen-sorial foi avaliado com o teste da picada de agulha e o
bloqueiomotorcomaescaladeBromagemodificadade
qua-tropontos(0=sembloqueiomotor;1=bloqueiodoquadril;
2=bloqueiodoquadrilejoelho;3=bloqueiodoquadril,
joe-lhoetornozelo).Oiníciodaanestesiacirúrgicafoidefinido
comoaperdadesensac¸ãoaotestedapicadadeagulhaem
≥ T10 com umescore de Bromage ≥ 2. A não obtenc¸ão
deumbloqueio sensorialemT10 dentrode30min apósa
injec¸ão espinhal foi considerada como falha debloqueio.
Hipotensão (queda da pressão arterial sistólica≥30% do
valorbasal) foi tratadacom 200mL desoluc¸ão salinapor
10min e, caso não fosse suficiente, 5mg de efedrina IV
eramadministrados.Bradicardia(quedadafrequência
car-díacaabaixode45bpm)foitratadacom0,5mgdeatropina
IV.6
Osparâmetroshemodinâmicos duranteo procedimento
também foram registrados. No período pós-operatório, a
dorfoiavaliadacom umaescalavisual analógica(EVA)de
0-10 e um escore EVA > 3 foi tratado com o analgésico
deresgate tramadolIV (25mg), repetido caso necessário.
Subsequentemente, quando estavam prontos para a alta
hospitalar,ospacientesreceberamumaprescric¸ãodeAINE
e foram solicitados a registrar o uso dos analgésicos em
casa, caso necessário. Durante a permanência na salade
recuperac¸ãopós-anestésica(SRPA),naenfermariaenas
pri-meiras24hdepós-operatório,osefeitoscolaterais(náusea,
vômito,prurido, tontura)foramobservadose registrados.
Alémdisso,ostemposatéaprimeiramobilizac¸ão,micc¸ão
e necessidade de analgésico foram registrados. Aqueles
comqueixaderetenc¸ãourinária foramcateterizadoscom
cateter simples deborracha e registrados como retenc¸ão
urinária.
Umtelefonema deacompanhamentofoi feitotrêsdias
após a cirurgiapara avaliar a dor e a incidência de
efei-toscolateraisnopós-operatório,incluindotontura,náusea
evômito.
Análiseestatística
Osdadosforamanalisadosestatisticamentecomoprograma
SPSSversão15.0(SPSSInc.,Chicago,IL).Umestudopiloto
foifeitoantesdoiníciodoestudoeamédiaedesvio-padrão
dotempoatéaprimeira necessidadedeanalgésicoforam
identificadoscomo5±2h comerro-␣de0,05 eerro-de
0,2.Odesfechoprimáriodoestudofoideterminadocomo
umaumentode25% dotempoatéaprimeiranecessidade
deanalgésico e umtamanho deamostra de44 pacientes
divididosemdoisgrupos (GrupoI,n=22 eGrupoII,n=22)
foicalculado.Osdadosnuméricosforamanalisadoscomo
testete expressos em média ±DP. Osdados categóricos
foramanalisadoscomotestedoqui-quadradoe expressos
emnúmerodepacientese porcentagem.Umvalor-p
infe-riora0,05foiconsideradocomoindicativodesignificância
estatística.
Tabela1 Dadosdemográficos
Grupo I(n=22) II(n=26)
Idade(anos) 51±15 52±14
Sexo(M/F) 20/0 24/2
Peso(kg) 76,9±12 74,8±6,8
Altura(cm) 171,9±5,6 168,5±5,7
Valoresexpressosemmédia±DP.
Tabela 2 Recuperac¸ão anestésica e analgesia no pós--operatório
Grupo I(n=22) II(n=26) p
Tempoatéprimeira
mobilizac¸ão(h)
5,5±2 5,9±3 NS
Tempoatéprimeira
micc¸ão(h)
7±2 7,6±4,6 NS
Retenc¸ãourinária(%) 15% 11,5% NS
Tempoatéprimeira
analgesia(h)
5(4---12) 4(0,3---24) NS
h,hora.
Valoresexpressosemmédia±DP,mediana(mínimo---máximo)e porcentagem.
Resultados
Os dados demográficos foram semelhantes entre os gru-pos (tabela1).A anestesiacirúrgicafoifeitaem todosos
pacientesenenhumafalhadebloqueiofoiobservada.Não
houvediferenc¸aestatisticamentesignificativanos
parâme-tros hemodinâmicos e nas mensurac¸ões de oximetria de
pulso. Não houve hipotensão oubradicardia clinicamente
relevanteemambososgruposqueexigisseintervenc¸ão.
Atabela2mostraostemposatéaprimeiramobilizac¸ão,
primeiramicc¸ão,incidênciadaretenc¸ãourináriaeprimeira
necessidadedeanalgésicoparaospacientesque
apresenta-ram dor.Nãohouvediferenc¸asignificativaentreosgrupos
emrelac¸ãoaessesparâmetros.Ousohospitalarde
analgé-sicoderesgate(25mgdetramadolIV)foisemelhanteentre
osgrupos.Nenhumpacienteprecisoudeanalgésicode
res-gateduranteapermanêncianaSRPAeapenasdoispacientes
doGrupoIetrêspacientesdoGrupoIIprecisaramde
analgé-sicoderesgateduranteasprimeiras24hdepós-operatório.
Nenhumpacientefezusodequalqueranalgésicoemcasa.
Os efeitos colaterais no pós-operatório relacionados à
morfinatambémforamavaliados.Aúnica diferenc¸aentre
osdoisgrupos foiaincidênciadevômito.NoGrupoII,23%
dos pacientes(n=6)apresentaramumepisódiodevômito
duranteasprimeiras24hdepós-operatório,emcomparac¸ão
comnenhumcasonoGrupoI(p=0,025)(tabela3).
Nenhumdospacientesemambososgruposdesenvolveu
sinaisclínicosdedepressãorespiratóriagraveemqualquer
time.
Discussão
Osresultadosdesteestudoprospectivo,randômicoe
duplo--cego mostraram que 0,1mg de MIT apresentou efeito
Tabela3 Efeitoscolateraisrelacionadosaousodemorfina
intratecalduranteasprimeiras24hdepós-operatório
Grupo I(n=22) II(n=26) p
Náusea(n/%) 4/20% 8/30,7% NS
Vômito(n/%) 0/0% 6/23% 0,025
Prurido(n/%) 6/30% 7/26,9% NS
Tontura(n/%) 2/10% 5/19,2% NS
Necessidadede
analgésico(n/%)
2/10% 3/11,5% NS
Valoresexpressosemnúmeroeporcentagem.
comparado com 0,4mg de MIT. Porém, a incidência de vômitofoimaiorcom0,4mgdemorfina.
A escolha datécnica anestésica paraa correc¸ão cirúr-gicadehérniainguinaldependedeváriosfatores,incluindo as escolhas do paciente e do cirurgião, o manejo da dor nopós-operatório, o tempo derecuperac¸ão e a mor-bidade nopós-operatório.7 Contudo,a raquianestesia é a
técnicamaispreferidaeamplamenteusadaparaacorrec¸ão
dehérniainguinal,proporcionaumrápidoiníciodeac¸ãoe
bloqueiosensório-motoreficaz.8
Manejodadornopós-operatório
Ador após acorrec¸ãode hérnia inguinal édefinida como
moderada a intensa e pode estar associada ao
prolonga-mentodainternac¸ão.Alémdisso,otratamentoinsuficiente
dadornopós-operatórioprecocepodecausardorcrônicae
persistente.1Estudosanterioresmostraramqueaadic¸ãode
opioideintratecalaanestésicolocalemraquianestesiapode
melhorarocontrole dador nopós-operatório decorrec¸ão
de hérnia inguinal ambulatorial.2,9,10 Em seu estudo,
Gir-ginetal.compararamacombinac¸ãodefentanilintratecal
(25g)eumadosebaixadelevobupivacaínacomumadose
maiselevadadelevobupivacaínaisolada.Oescorededorno
pós-operatórioimediatofoimenornogrupofentanil
intra-tecal.Nesseestudo,aadic¸ãodefentanildiminuiuotempo
depreparac¸ãoparaaaltadospacientesemelhorouo
con-troledadornopós-operatório.Emoutroestudo,Guptaetal.
relataramqueaincidênciadedornaSRPAfoide20-25%e
queaincidênciadedornopós-operatórioimediato
(primei-ras24h)foide50%comacombinac¸ãode25gdefentanil
intratecal e bupivacaína.10 De formasemelhante,asduas
dosesdiferentesdeMITemnossoestudoforneceram
anal-gesia satisfatórianopós-operatório. Além disso,em nosso
estudo,apenas10,0-11,5%dospacientesprecisaramdeum
analgésicoderesgate duranteasprimeiras24he nenhum
delesprecisoudequalqueranalgésiconaSRPA.Oefeito
pro-longadodaMITpodeserumaboaopc¸ãoparaomanejoda
dornopós-operatórioemcorrec¸ãodehérniainguinal.
Acorrec¸ãodehérniainguinaléumprocedimento
cirúr-gicocomdordemoderadaaintensanopós-operatórioque
precisaserbemcontroladaparaprevenirodesenvolvimento
dedorcrônica.Portanto,aadministrac¸ãodeumopioidede
ac¸ãoprolongadaporviaintratecalpodeserumaboaopc¸ão.
Em nosso estudo, a adic¸ão de duas doses diferentes de
MIT nãoalterou a incidência de dor nopós-operatório ou
anecessidadedeanalgésico.Portanto,umadosede0,1mg
demorfinapodeserumaboaopc¸ãoparaomanejodador
nopós-operatórioparacorrec¸õesdehérnia.
Efeitoscolaterais
Osefeitoscolateraisdeopiáceosintratecaissãodiscutidos
em vários estudos.No estudo deGirgin et al., diferentes
dosesdeMIT foramcomparadasparacesarianae asdoses
maiselevadasdeMITresultaramemumamaiorincidência
deprurido(15,5%vs.39,5%).11Emoutroestudo,Guptaetal.
usaramumacombinac¸ãodefentanilintratecalcom
bupiva-caínae relataramumaincidência deprurido de50-60%.10
Em nosso estudo, a incidência de prurido foi semelhante
aos estudos anteriores. No entanto, não houve diferenc¸a
entreasduasdosesdiferentesdeMIT.Alémdisso,emnosso
estudo,afrequênciadenáuseaevômitofoimaiselevadado
quenosestudospreviamentemencionados(20-30%e0-23%,
respectivamente).Além disso, a incidência de vômito foi
significativamentemaiselevadacomumadosemaiordeMIT
(0,4mgvs.0,1mg).Esseefeitocolateralpodelimitarouso
dedosesmaioresdeMITemcorrec¸õesdehérniainguinal.
Recuperac¸ãonopós-operatório
Emnossoestudo,todosospacientesconseguiramselevantar
ecaminharsemajudaapósaproximadamente340mine
uri-narapós440min.Essestemposforammaislongosdoqueos
deestudoscomfentanil.Essademoranarecuperac¸ão
pós--operatóriapoderetardara altahospitalar dospacientes.
Oretardodaaltahospitalarpodeserumproblemasérioe
diminuirasatisfac¸ãodopaciente.
Umalimitac¸ãodesteestudoéqueomanejodelíquidos
noperíodo intraoperatório e a retenc¸ão urinária avaliada
comvarredura dabexiga nãoforam acompanhados.Além
disso,asatisfac¸ãodospacienteseostemposatéaaltasão
dadosimportantesquenão foramavaliadosnesteestudo.
Essesdadospodem sercruciais paraa escolha detécnica
anestésicaparaprocedimentosdecorrec¸ãodehérnia
ingui-nal.
Aadic¸ãode0,1mgdeMITa7,5mgdebupivacaína
hiper-báricapararaquianestesiaproduzanalgesiapós-operatória
comparávelàquelaproduzidacom0,4mgdeMIT,mascom
umaincidênciamenordenáusea.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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