REVISTA
BRASILEIRA
DE
ANESTESIOLOGIA
OfficialPublicationoftheBrazilianSocietyofAnesthesiologywww.sba.com.br
ARTIGO
DIVERSO
A
máscara
laríngea
supreme
TM
pode
ser
uma
opc
¸ão
para
a
intubac
¸ão
endotraqueal
em
cirurgia
laparoscópica?
Meltem
Turkay
Aydogmus
∗,
Hacer
Sebnem
Yeltepe
Turk,
Sibel
Oba,
Oya
Unsal
e
Sıtkı
Nadir
Sınıkoglu
DepartamentodeAnestesiologiaeReanimac¸ão,SisliEtfalTrainingandResearchHospital,Istambul,Turquia
Recebidoem16deoutubrode2012;aceitoem5dedezembrode2012
PALAVRAS-CHAVE
Cirurgia;
Videolaparoscópica; Equipamentos;
Máscaralaríngea;
Intubac¸ãotraqueal
Resumo
Justificativaeobjetivo:especialistasrecomendamaintubac¸ãotraquealparaomanejodasvias aéreasemprocedimentoscirúrgicoslaparoscópicos.Amáscaralaríngea(ML)podeserumaboa opc¸ãoàintubac¸ãoendotraqueal.Nestasériedecasos,onossoobjetivofoianalisarousoda máscaralaríngeaSupremeTM(MLS)napráticacirúrgicalaparoscópica.
Métodos: oestudofoi conduzidocom60pacientes,entre18e60anos, submetidosà cirur-gialaparoscópica.Osvaloresdesaturac¸ãoperiféricadeO2(SpO2)edióxidodecarbononofim
daexpirac¸ão(EtCO2)foramregistradosnosminutosum,15,30,45e60.Afrequênciacardíacae
apressãoarterialmédia(PAM)dospacientestambémforamregistradas.Consideramosotempo deinserc¸ãodaMLS;ataxadeaplicabilidadedasondagástrica;aocorrênciadenáusea,vômito, tosseedordegargantaumahoraapósacirurgia.
Resultados: amédiainicialdeEtCO2foimenordoqueaos15,30,45e60minutos(p<0,0001)e
amédiadeEtCO2aos15minutosfoimenordoquenosoutrostemposregistrados.Observamos
queafrequênciacardíacamédiainicialfoimaiordoqueassubsequentesàinserc¸ãodaMLSe asanterioreseposterioresàremoc¸ãodaMLS.Afrequênciacardíacamédiaapósainserc¸ãoda MLSfoiacentuadamentemenordoqueaanterioràremoc¸ãodaMLS(p=0,013).APAMapósa inserc¸ãodaMLSfoimenordoqueainicialetambémmenordoqueasanterioresàremoc¸ãoda MLS(p=0,0001).
Conclusão:aMLSpodeserumaopc¸ãoadequadaparaintubac¸ãoemprocedimentoscirúrgicos laparoscópicosemumgruposeletodepacientes.
©2013SociedadeBrasileiradeAnestesiologia.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Todosos direitosreservados.
DOIdoartigooriginal:
http://dx.doi.org/10.1016/j.bjane.2012.12.008
∗Autorparacorrespondência.
E-mail:meltem723@hotmail.com(M.T.Aydogmus).
Introduc
¸ão
Parapacientescomriscodeaspirac¸ão,aintubac¸ão endotra-quealaindaéaceita comopadrão-ouro.Nos últimosanos, entretanto,dispositivos alternativosdeventilac¸ãocomo a máscaralaríngea (ML) estão sendousados nessegrupo de pacientes, tanto em procedimentos de rotina quanto na
Amáscaralaríngeasupreme :umaopc¸ãoparaaintubac¸ãoendotraqueal? 67
presenc¸adeviasaéreasdifíceis.1Aintubac¸ãoendotraqueal
tambémé sugerida paraabrir asvias aéreas em procedi-mentos cirúrgicos laparoscópicos. Além disso, em alguns estudosprospectivoseretrospectivos,ousodaMLclássica érecomendadocomoumaalternativa.2
MLvemsendousadacomsucessodesde1981nomanejo de vias aéreas difíceis previstas e imprevistas.3,4 Após o
pri- meiro modelo clássico de ML, alguns pesquisadores desenvol-veram submodelos.5 AmáscaralaríngeaProSeal
(MLPS), aocontrário domodelo clássico, temumtubo de drenagem que possibilita a passagem de sonda gástrica. A máscara laríngea SupremeTM (MLS) foi desenhada para
combinarascaracte-rísticasdesejadasdaFast-Track(ILMA) eMLPS.OfatodeaMLSterumasondasemirrígidaeforma anatômica elíptica permite que ela seja inserida rapida-mente.Alémdisso,aMLSpossuiumtuboparaapassagem desondagástrica.Quandocolocadacomprecisão,fornece protec¸ãocontraregurgitac¸ãoeevitadistensãogástrica.2,6,7
Nesteestudo,oobjetivofoicompartilharnossas experiên-ciasrelacionadasaousodaMLSemcirurgialaparoscópica.
Métodos
Apósobteraaprovac¸ãodoComitêdeÉticalocal eo con-sentimento informado assinado pelos pacientes, conduzi-mos este estudo em um período de seis meses. Sessenta pacientescomestadoASAI,idadesentre18e40anose pro-gramados para cirurgia laparoscópica foramselecionados. Oscritérios de exclusãoforam pacientes comvias aéreas anormais,históriadeviasaéreasreativas,doenc¸as cardía-casedotratorespiratóriograves,refluxogastroesofágico, históriadehérniahiataleaqueles queserecuperaramde infecc¸õesdotratorespiratórionasúltimasseissemanas.Os participantesforamsubmetidosaumperíododejejumde 8 horas antes do estudo. A pré-medicac¸ão foi aplicada por via intravenosa padrão com o uso de midazolam (0,05mg.kg−1).Nasaladeoperac¸ão,o monitoramentofoi
feito com pressão arterial sistêmica não invasiva, car-dioscópio na derivac¸ão DII e oxímetro de pulso (SpO2).
Realizamos induc¸ão padrãocom 2mg.kg−1 de propofol, 1
g.kg−1defentanile0,5mg.kg−1derocurônio.AMLSlubrifi
cada (Laryngeal Mask Company Limited, Le Rocher, Vic-toria, Mahe, Seychelles), de número 3 ou 4, foi inserida poranestesiologista commais decincoanos de experiên-cia. Nenhuma manipulac¸ãoou outrodispositivo digital foi utilizado enquanto a MLS estava sendo inserida. O man-guito foiinfladoatéovolumemáximoe confirmadoque não havia nenhum vazamento de fl uxo de gás fresco. O tamanhodaMLSfoideterminado deacordocom osexoe pesodopaciente.Apósainserc¸ão,aventilac¸ãofoiavaliada observando-seaexpansãodotóraxeauscultando-seos pul-mõescomestetoscópio.OsvaloresdaSpO2nosminutosum,
15,30,45e60apósainserc¸ãodaMLSforamregistrados.Os valoresdedióxidodecarbonoaofinaldaexpirac¸ão(EtCO2)
foram monitorados durante toda a operac¸ão com capno-gramae registradosnosminutosum,15, 30,45e60após aaplicac¸ãodaMLS.Umtubogástricofoiinseridoemtodos ospacientes.Amanutenc¸ãodaanestesiafoifeitacomuma misturadesevofluranoa2%ear/O2a40%.Administramos
bolusadicionaisderocurônio(0,1mg.kg−1),quando
neces-sário.Nãousamosóxidonitroso.Aventilac¸ãodospacientes
foi controlada para obter 8mL.kg−1 de volume corrente,
12.min−1 de frequênciarespiratória e 1:2 defl uxo
inspi-ratório:expiratório.Mantivemos apressão domanguito da MLSabaixo de 60cm H2O, usando ummanômetro digital.
RegistramosafrequênciacardíacaeaPAMdospacientesno momentodachegadaaocentrocirúrgico,antesedurantea inserc¸ãoe após a remoc¸ão daMLS.Para analgesia, admi-nistramos aos pacientes no pré-operatório 30mg.kg−1 de
paracetamol por via intravenosa. Depois de os pacientes retomarem a respirac¸ão espontânea, eles foram descura-rizados com 0,01mg.kg−1 de atropina e 0,03mg.kg−1 de
neostigmina.Quandoa respirac¸ão foi normalizada, remo-vemos a MLS. Registramos o tempo de inserc¸ão da MLS. Registramostambémataxadeaplicabilidadedasonda gás-trica,aocorrênciadenáuseas,vômitos,aspirac¸ão,tossee seospacientessentiramdordegargantaumahoraapóso procedimento.
Análise
estatística
Usamososmétodosdescritivosdeestatística(média,desvio padrão,distribuic¸ãodefrequência)paraavaliar osdados. Aanálisedevariânciasimplesfoiusadaparamedidas repe-tidasdemúltiplosgruposeotestedecomparac¸õesmúltiplas deNewman-Keulsparacompararsubgrupos.Para significân-ciaestatística,consideramosp<0,05.
Resultados
A idade média dos pacientes incluídos no estudo era de 25,9±5,8 anos, peso médio de 60± 8kg, tempo médio de cirurgia de 53,17±12 minutos, e tempo de inserc¸ão da MLS de 11,93±1,67 segundos (tabela 1). A tabela 2 mostra a lista dos pro- cedimentos cirúrgicos. A tabela 3 mostraadistribuic¸ãodos pacientesdeacordocomosexo etamanhodaMLS.Houveocorrênciadenáuseasevômitos em 11,7% dos pacientes. O tubo gástrico não pode ser colocadoem6,7%dospacientes.Houveocorrênciadetosse edoresdegargantaem8,3%dospacientes(tabela4).
Não houve diferenc¸a estatisticamente significante nas médiasdosvaloresdeSpO2nosminutos1,15,30,45e60
(tabela5).
Tabela1 Idade,PesodosPacientes,TemposdeCirurgiae Inserc¸ãodeMáscaraLaríngea
Min Max Média±DP
Idade(anos) 18 37 25,9±5,8
Peso(kg) 45 77 60±8,73
Tempodecirurgia(min.) 35 90 53,17±12,11 Tempodeinserc¸ão(min.) 8 16 11,93±1,67
DP,desviopadrão.
Tabela2 ProcedimentosCirúrgicos
n %
Tabela3 NúmeroePorcentagemdePacientesdeAcordo comoGêneroeoTamanhodaMáscaraLaríngea
N %
Gênero
Masculino 29 48,3
Feminino 31 51,7
Máscaralaríngea/tamanho
3 28 46,7
4 32 53,3
Tabela4 NúmeroePorcentagemdePacientesdeAcordo comIncidênciadeNáuseaeVômito,Inserc¸ãodeSonda Gás-trica,DordeGargantaeTosse
N %
Náusea
Não 53 88,3
Sim 7 11,7
Vômito
Não 53 88,3
Sim 7 11,7
Sondagástrica/inserc¸ão
Não 4 6,7
Sim 56 93,3
Dordegarganta
Não 55 91,7
Sim 5 8,3
Tosse
Não 55 91,7
Sim 5 8,3
Houve diferenc¸a estatisticamente signifi cante nas
médiasdeEtCO2 nosminutos1,15, 30,45e 60(p<0.05,
Newman-Keuls). As médias de EtCO2 no primeiro minuto
foramsignifi-cativamentemenoresdoquenosminutos15,
30,45e 60(p<0.0001,Newman-Keuls)eestatisticamente
bemmenoresaos15minutosdoqueaos30,45e60minutos
(p<0.0001,Newman-Keuls).Nãohouvediferenc¸a
estatisti-camentesignificativaentreosoutrostempos(tabelas5e6).
Houve diferenc¸a significativa entre a média inicial de frequênciacardíacaeasmédiasapósainserc¸ãoeantesda remoc¸ãodaMLS.Amédiadafrequênciacardíacainicialfoi
Tabela5 ValoresdeSpO2eEtCO2nosTemposRegistrados
Minutos SpO2 EtCO2
1 98,47±1,35 33,4±4,05
15 98,82±0,98 35,02±4,55
30 98,83±1,06 36,58±5,03
45 98,62±0,97 36,48±4,59
60 98,7±0,87 36,62±4,41
P 0,396 0,0001a
SpO2,saturac¸ãoperiféricaO2;EtCO2,dióxidodecarbononofim
daexpirac¸ão.
ap<0,05(média±desviopadrão).
Tabela6 Diferenc¸aEstatísticaentreosValoresdeEtCO2
deAcordocomoTemposRegistrados
Testedecomparac¸ãomúltipladeNewman-Keuls valorp
Inicial/15minutos 0,001a
Inicial/30minutos 0,0001a
Inicial/45minutos 0,0001a
Inicial/60minutos 0,0001a
15/30minutos 0,003a
15/45minutos 0,001a
15/60minutos 0.0001a
30/45minutos 0,751
30/60minutos 0,919
45/60minutos 0,481
a p<0,05.
superior à médiadataxa de pulso após a inserc¸ão,antes eapósaremoc¸ãodaNLS;enquantoamédiadafrequência cardíacaapósainserc¸ãodaMLSfoiestatisticamentemuito menordoqueaanteriorasuaremoc¸ão.Nãohouvediferenc¸a estatisticamentesignificanteentreosoutrostempos (valo-resde‘‘p’’nastabelas7e8).
Umadiferenc¸aacentuadafoi observadana PAMinicial, após ainserc¸ão daMLSe antese depois deseremover a MLS(p=0.0001,Newman-Keuls).APAMapósainserc¸ãoda MLSfoiestatisticamentemuitomenordoqueaPAMinicial, antes daremoc¸ão e após a remoc¸ão da MLS (p=0,0001).
Tabela7 MédiadeFrequênciaCardíacaePressãoArterial MédiadosPacientes
FC PAM
Inicial 98,38±17 84,43±14,31 Apósinserc¸ãodeML 91,4±15,36 68,35±13,03 Antesdaremoc¸ãodeML 95,53±12,55 85,13±12,35 Apósremoc¸ãodeML 93,02±14,91 83,9±13,09
p 0,001a 0,0001a
FC,frequênciacardíaca;PAM,pressãoarterialmédia,ML, más-caralaríngea.
a p<0,05(Media
±DP).
Tabela 8 Diferenc¸a Estatística entre os Valores de FrequênciaCardíacaePressãoArterialMédiadeAcordocom osTemposRegistrados
Testedecomparac¸ãomúltipla deNewman-Keuls
FCvalorp PAMvalorp
Inicial/apósinserc¸ãodeML 0,0001a 0,0001a Inicial/antesdaremoc¸ãodeML 0,199 0,719
Inicial/apósremoc¸ãodeML 0,019a 0,776
Apósinserc¸ãodeML/antesda remoc¸ãodeML
0,013a 0,0001a
Apósinserc¸ãodeML/após remoc¸ãodeML
0,383 0,0001a
Antesdaremoc¸ãodeML/após emoc¸ãodeML
0,120 0,424
FC,frequênciacardíaca;PAM,pressãoarterialmédia,ML, más-caralaríngea.
Amáscaralaríngeasupreme :umaopc¸ãoparaaintubac¸ãoendotraqueal? 69
Nãohouvediferenc¸aestatisticamentesignificativaentreos outrostempos(tabelas7e8).
Nãofoipossívelfornecerventilac¸ãoadequadaemapenas umpaciente;porisso,optamospelaintubac¸ãotraqueal.
Discussão
A associac¸ão de hipoventilac¸ão, distensão gástrica e aspirac¸ãoaousodeML nãoémaisfrequenteemcirurgias laparoscópi- cas do que em intubac¸ões endotraqueais.8
Emsuarevisãodaliteratura,Viiraecol.9descobriramque
a incidência de aspi- rac¸ão e a frequênciade morbidade graveassociadasà MLsãomuitobaixas.Em cirurgia lapa-roscópica,oriscodeaspirac¸ãopodesermaior,dependendo da posic¸ão de Trendelenburg, da estimulac¸ão peritoneal duranteacirurgiaedoaumentodapressãointra-abdominal resultante da pressão sobre a parede abdominal.8 Alguns
autores relataram que, junto com o aumento dapressão intra-abdominal,apossibilidadederefluxogastroesofágico também aumenta em cirurgia lapa- roscópica.8 Contudo,
em laparoscopia ginecológica, estudos que investigam o riscoderefluxogastroesofágicocomousodeventilac¸ãode pressão positiva via tubo traqueal e ML não encontraram evidência de que o risco de refluxo gastroeso- fágico aumentoucomML.10,11
OusodeMLemcasosdeapendicectomiadeemergênciaé controverso.AMLPSpodesersuperioraoutrosdispositivos supraglóticosporque incluiumcanalgástrico. Adistensão gástricaobservadaemprocedimentoscirúrgicos laparoscó-picos que usam a MLPS nãoé maior do que a observada com tubo traqueal. O ponto mais importante a ser con-siderado quando se usa umaMLPS em apendicectomias é a experiência do profi ssional e a cuidadosa selec¸ão dos casos.Oriscodeaspirac¸ãoemapendicectomiassem fato-resderiscoadicionaisébastantebaixo.Com basenofato dequeaMLPSémenosinvasivadoqueaintubac¸ãoe ofe-recemelhorprotec¸ãodoqueaMLclássica,MLPSfoiusada em apendicectomiascommanejo segurodas viasaéreas.7
Nosso estudo foi planejado considerandoo fato deque a MLSémaisadequadaàestruturaanatômicadoqueaMLPS eocasionamenospressãodevazamentoorofaríngeo.7
Sele-cionamoscuidadosamenteospacientese,particularmente, nãoenvolvemosnoestudopacientescomdiagnósticos duvi-dosos.ApósinseriraMLS,noscertificamosdequetodosos pacientesrecebiamventilac¸ãoadequada.
Em colecistectomia laparoscópica, estudos sugerem a intubac¸ãoendotraqueal---umdosprocedimentosdecirurgia geralmaiscomumenteaplicados---paraomanejodasvias aé-reas.Noentanto,umestudoretrospectivoetrês pros-pectivosafirmamqueaMLclássicaéumaopc¸ãoadequada. AMLPS,porsuavez,étidacomomaiseficaz doqueaML clássica porque tem umtubo gástrico.12 Um estudo
rela-tou que não houvedistensão gástrica em colecistectomia laparoscópicacomousodeMLPSdevidamenteposicionada, o que fornece venti- lac¸ão com eficácia igual à do tubo endotraqueal.13 Carron e col.14 descreveram umpaciente
comfibrosepulmonargravesubmetidoauma colecistecto-mialaparoscópicaeletiva;osautoresgarantiramomanejo das vias aéreas com MLS e re- lataram que houve menos resistênciadasviasaéreas.
Em vários estudos com pacientes submetidos à cirur-gia la- paroscópica ginecológica os autores descobriram que a MLPS foi superior à ML clássica e à intubac¸ão endotraqueal.15,16Alémdisso,Leeecol.17compararamMLS
e MLPS em cirurgia laparoscópica ginecológica e desco-briramque,embora seusíndicesde complicac¸õestenham sidosemelhantes,houvemenospressãodevazamento oro-faríngea com o uso de MLS em comparac¸ão com MLPS. Em um estudo que comparou MLS e intubac¸ão endotra-queal, os pesquisadores descobriram que o controle das vias aéreas foi obtido com a mesma eficácia em cirur-giaslaparoscópicasginecológicas e que aMLSoca- sionou menosmorbidadelaringofaríngea.18 Em outro estudo,Yao
e col.19 relataram que em laparoscopia ginecológica MLS
garanteventilac¸ãocomamesmaseguranc¸aeeficáciaquea intubac¸ãoendotraqueal.Osautorestambémdeclaramque aMLScausamenosefeitoscolateraiserespostaaoestresse. Ademais,alémde prevenir odano ao tecidomole associ-adoà laringoscopia, evitar aintubac¸ão endotraqueal tem vanta- gens,como reduzir a resistênciadas vias aéreas e os riscos de intubac¸ão brônquica e esofágica.7 Em nosso
estudo,osvaloresdaPAMedosbatimentoscardíacosapós ainserc¸ãodaMLSforamconsideravelmenteinferioresaos valores iniciais. Não detectamos aumento da PAM e das taxasdepulsoapósasextubac¸ões.Relacionamosessefato àfalta derespostaaoestressehemodinâmicoassociado à MLS.
Em cirurgialaparoscópica, comoresultado doaumento dapressãointra-abdominal,ofechamentoprecocedasvias eoaumentodopicodepressãodasviasaéreaspodemser observados.Nessecaso,umaumentodeEtCO2pode
acon-tecersemvariac¸ãonaSpO2.8Nossosachadosconfirmaram
isso.Emboranãotenhahavidoumadiferenc¸aconsiderável entreosvalores da SpO2 em nossos pacientes, osvalores
deEtCO2foramacentuadamentemaiselevadosaos15,30,
45e 60minutosdoque osvalores iniciais.Além disso, os valoresdeEtCO2aos30,45e60minutosforamsignifi
cati-vamentesuperioresàquelesregistradosaos15minutos.Por essarazão,sugerimosqueosvaloresdeEtCO2sejam cuida-dosamentemonitoradosnospacientes.
Em seuprimeiro estudo, Eschertzhubere col.20
relata-ram uma taxa de sucesso de92% para inserc¸ão de sonda gástrica com MLS. Natalini e col.16 demonstraram que a
inserc¸ãodesondagástricanãogaranteadrenagemcompleta doconteúdodoestômagoequeem10%dospacientescom MLPSasondagástricaédobradasemsintomasdevazamento orofarín-geo.Nossoobjetivoerainserirumasonda nasogás-tricaemtodosospacientes.Porém,issonãofoipossívelem quatropacientes(6,7%).
Acirurgialaparoscópicaéumaltofatorderiscoassociado anáuseasevômitos.21Ospacientessubmetidosàanestesia
geral para colecistectomia laparoscópica apresentam alto riscodenáuseasevômitos,comincidênciadeaté75%.22Em
nossoestudo,astaxasdeocorrênciadenáuseasevômitos foramconsideravelmentemenores.Poressa razão,a más-caralaríngeaSupremeTMpodeserpreferívelparaessegrupo
depacientes.
Aocorrênciadedordegargantapós-intubac¸ãotraqueal écomum,comumaincidênciade30-70%.23Emnosso
Emconclusão,emboranossoestudotenhalimitac¸ãopor causadapequenaamostradepacientesheterogêneos, suge-rimosquea MLSpodeserumaboaopc¸ãoàintubac¸ão em gruposselecionadosdepacientesparaprocedimentos cirúr-gicos laparoscópicos feitos por profissionais experientes, quando devidamente colocada e com seu posicionamento estabilizado.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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