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AVALIAÇÃO DE DOIS CRITÉRIOS DO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE 1999,
PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E RESULTADOS,
NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NACIONAIS DE AUTOPEÇAS DO SETOR
DE BORRACHA DA GRANDE SÃO PAULO
Estes dois critérios podem ser aplicados diretamente em empresas com processos de gestão desestruturados?
Uma vez aplicados nestas empresas,
existe correlação positiva entre as avaliações feitas por estes dois critérios?
Banca Examinadora
Prof Orientador: João Mário Csillag Prof. José Roberto Heloani
FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO
PAULO KNÔRICH ZUFFO
I
AVALIAÇÃO DE DOIS CRITÉRIOS DO PRÊMIO NACIONAL DA QUALIDADE 1999, PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO E RESULTADOS,
NAS PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS NACIONAIS DE AUTOPEÇAS DO SETOR DE BORRACHA DA GRANDE SÃO PAULO
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Estes dois critérios podem ser aplicados diretamente em empresas com processos de gestão desestruturados?
Uma vez aplicados nestas empresas,
existe correlação positiva entre as avaliações feitas por estes dois critérios?
Fundação Gétulio Vargas Escola de-'AdministraçAo de Emprew de SiloPftulo
Blb~ioteca
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1
Dissertação apresentada ao Curso de Pós-Graduação da FGV/EAESPÁrea de Concentração: Produção como requisito para obtenção de titulo de mestre em Administração.
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17846-6ZUFFO, Paulo Knõrich. Avaliação de dois critérios do Prêmio Nacional da Qualidade 1999. Planejamento Estratégico e Resultados. nas pequenas e médias empresas nacionais de autopeças do setor de borracha da Grande São Paulo: Estes dois critérios podem ser aplicados diretamente em empresas com processos de gestão desestruturados? Uma vez aplicados nestas empresas, existe correlação positiva entre as avaliações feitas por estes dois critérios? São Paulo: EAESP/FGV, 2000. 191p. (Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Pós-Graduação da EAESP/FGV, Área de Concentração:Produção).
Resumo: Verificação da aplicabilidade de dois dos sete critérios de excelência do PNQ, os critérios Planejamento Estratégico e Resultados, a empresas com processos de gestão desestruturados. Verificação também da correlação entre as avaliações destas empresas baseada nos dois critérios.
Apresentação
..
a) Objetivos da Pesquisa
o
Prêmio Nacional da Qualidade - PNQ, um prêmio dereconhecimento à excelência na Gestão das Organizações sediadas no
Brasil, foi introduzido no país em 1992 e, apesar de ter uma categoria
específica para as pequenas e médias empresas, somente grandes
empresas foram até agora premiadas (1999). São elas:
- PNQ 1992: IBM - Unidade Sumaré;
- PNQ 1993: Xerox do Brasil;
- PNQ 1994: Citibank- Unidade Golbal Consumer Bank;
- PNQ 1995: Serasa Centralização de Serviços dos Bancos;
- PNQ 1996: Alcoa - Unidade Poços de Caldas;
- PNQ 1997: Citibank - Unidade Corporate Banking;
Copesul Companhia Petroquímica do Sul e
Weg - Unidade Motores;
- PNQ 1998: Siemens - Unidade Telecomunicações;
- PNQ 1999: Caterpillar Brasil e Cetrel.
Apesar do fato de as pequenas e médias empresas nunca terem
ganhado o PNQ, elas representam grande importância na economia, na
formação de profissionais e na geração de empregos para o país. Como
exemplo, um estudo da Fiesp - Federação das Indústrias do Estado de São
Paulo relativo ao ano de 1991 (Gonçalves e Koprowski, 1995, p.56) mostra
que as micro, pequenas e médias empresas foram responsáveis por 60%
Surgem, então, algumas perguntas que deverão ser aqui
respondidas:
1) Será que o modelo do PNQ pode ser aplicado para uma
pequena ou média empresa, na maioria dos casos
desestruturada em sua gestão? Esta resposta pode ser
balizada por dois dos sete critérios do PNQ, o
Planejamento Estratégico e os Resultados, dividindo-se
assim, em duas outras:
1.1) Os tópicos e metodologia de avaliação referentes ao
critério Planejamento Estratégico são plenamente
aplicáveis para as empresas em questão?
1.2) Os tópicos e a metodologia referentes aos critérios
Resultados são plenamente aplicáveis para avaliar as
empresas em questão?
2) O modelo utiliza para avaliação da gestão das empresas a
somatória dos pontos obtidos pela empresa em cada um de
seus sete critérios. Mas será que o modelo abriga uma
forte correlação interna entre apenas dois de seus critérios,
o Planejamento Estratégico e os Resultados?
Será objeto deste presente trabalho responder às questões acima
para tomar facilitada a avaliação das pequenas e médias empresas, que
raramente possuem corpo técnico capacitado e recursos para contratação
de consultoria externa, e estimulá-Ias a trabalhar no seu planejamento
b) Relevância do Tema
o
Planejamento Estratégico influi na formulação das estratégias deforma a direcionar e fortalecer o desempenho das empresas e sua posição
competitiva, melhorando seus produtos e serviços. O seu desdobramento
em planos de ação e metas para todos os setores e suas unidades é
fundamental para atingir esta posição competitiva.
As pequenas e médias empresas brasileiras estão vivenciando a
turbulência do ambiente de negócios causada pela globalização: são
produtos similares que estão vindo de fora com preços finais mais baixos e
qualidades físicas muitas vezes superiores; são novas empresas nacionais
que estão melhor sintonizadas com a mudança; são concorrentes externos
trazendo toda sua tecnologia gerencial e de processos de fora e recebendo
apoio do governo local, através de incentivos fiscais e empréstimos a taxas
baixas de juros; são novos produtos que atendem à mesma necessidade do
cliente de forma muito mais eficiente (exemplo da Internet tomando espaço
da biblioteca e do correio tradicional).
Há mudanças no perfil do mercado, que de demanda passa a ser de
oferta. Os clientes estão mais informados e conseqüentemente mais
exigentes. Alguns exigem certificação de qualidade, entregas "just-in-time",
garantias maiores e preços menores. Na insatisfação buscam outros
fornecedores nacionais ou externos.
Internamente às empresas, a tecnologia da informação está
enriquecendo o ambiente com diversos dados sobre o processo, clientes e
custos envolvidos. E é esta mesma tecnologia da informação que está
em contato com o mercado. Está forçando a estrutura organizacional a
repensar sua hierarquia, suas competências, sua forma de trabalho e suas
relações trabalhistas (NOLAN e CROSON, 1996, p. 1-19).
As empresas situadas no território nacional, quer sejam nacionais ou
estrangeiras, que estavam acostumadas à proteção do mercado, quase
cativo e delimitado, que consumindo o que existia sem reclamar muito e
pagando alto preço, relaxaram nas técnicas gerenciais, de processo e
estratégia, ao invés de se prepararem antecipadamente à abertura de
mercado.
Particularmente no setor automobilístico, onde as montadoras estão
cada vez mais reduzindo o número de fornecedores, buscando parcerias de
longo prazo para desenvolvimento e fornecimento global, as pequenas e
médias empresas nacionais de autopeças já estão perdendo seu mercado
mais lucrativo, comprometendo sua sobrevivência. Desta forma, situa-se o
planejamento estratégico como prioridade a ser abordada.
c)Metodologia da Pesquisa
Baseado nas perguntas formuladas nos Objetivos da Pesquisa,
estruturou-se o trabalho respeitando-se os seguintes pontos:
1) Seleção da Amostra: escolha de pequenas e médias empresas,
conforme o objetivo da pesquisa, sendo estas, empresas de "
autopeças que utilizam a borracha como principal matéria-prima,
que se encontrem na região da Grande São Paulo e que sejam
Componentes para Veículos Automotores) e SINDIBOR
(Sindicato da Indústria de Artefatos de Borracha no Estado de
São Paulo), principais sindicatos das respectivas categorias.
As empresas de autopeças com ênfase no uso da borracha
como matéria-prima foram escolhidas por terem processos
produtivos estabilizados, onde o mercado não exige velocidade
de atualização tecnológica e organizacional rápida.
Limitou-se a pesquisa às empresas da Grande São Paulo,
uma vez que a região concentra a maioria das autopeças,
segundo o SINDIPEÇAS e SINDIBOR, facilitando o
deslocamento para as entrevistas da pesquisa de campo.
2) Conhecimento do Setor: estudo bibliográfico das
particularidades da população a ser entrevistada;
3) Operacionalização dos Conceitos e Variáveis: uso de todos
os itens contidos nos critérios Planejamento Estratégico e
Resultados do Modelo de Excelência do Prêmio Nacional da
Qualidade 1999, na elaboração do formulário de pesquisa;
4) Elaboracão da Estrutura da Pesquisa de Campo: pesquisa
exploratória em profundidade, uma vez que cada empresa pode
apresentar diferentes formas de abordagem para o planejamento
estratégico e diferentes indicadores para avaliar seus resultados.
Entrevistas realizadas com o auxílio de um gravador, sendo
pré-elaborados para a etapa de Avaliação e Análise (ver anexo 1
para Planejamento Estratégico e anexo3para Resultados);
5) Avaliação e Análise: padronização das informações coletadas
com o auxílio de dois quadros pré-elaborados, um para cada
critério, cujas dimensões avaliadas derivam do Modelo de
Excelência do PNQ 1999, a saber: adequação aos requisitos do
item considerado, pró-atividade, aprendizado (avaliação e
melhoria), exemplaridade (inovação quando comparado à
amostra), disseminacão das ações avaliadas nos processos e na
empresa, e continuidade da utilização do item considerado. A
avaliação dos resultados se baseia nas dimensões (derivadas do
Modelo): correlação (correlação dos resultados apresentados
com os processos desenvolvidos), desempenho, relevância
(relevância do indicador para a empresa) e tendência (como o
indicador se comporta no tempo) .
As informações tabuladas devem passar por um processo de
conferência dos parâmetros de tabulação, considerando-se, para
isso, cada conjunto de indicadores juntamente com o
apresentado pelas demais empresas, a fim de se verificar a
correta padronização das informações. Após a tabulação,
procede-seà pontuação, seguindo as instruções fornecidas pelo
Modelo de Excelência do PNQ 1999 (anexo4).
De posse da pontuação, procede-se ao levantamento da
curva de correlação entre a avaliação do planejamento
índice
Capítulo I: As pequenas e médias empresas de autopeças do 1
setor de borracha
Í.1) História 1
i.1.1) As origens da indústria de autopeças no Brasil 2
i.1.2} Da fundação da Associação Profissional·da Indústria de AutoPeças 4
até o final do governo de Juscelino Kubitschek
i.1.3) A fase de consolidação da indústria brasileira de automóveis 9
i.2) Introduçãoàestrutura e dinâmica do setor de autopeçasdo setor 17 de borracha
i.2.1} Mercado
i.2.1.1} Fornecimento para as montadoras
i.2.1.2) Fornecimento para montadores de conjuntos i.2.1.3} Mercado de reposição
i.2.1.4} Outros nichos de mercado - o mercado de exportação
18
22
26 28
31
i.2.2} O impacto da tecnologia no setor i.2.2.1} A mudança do ambiente competitivo
i.2.2.2) A transferência e o desenvolvimento tecnológico i.2.2.3) Investimentos em tecnologia
37 37
43 45
i.2.3) As pequenas e médias empresas de autopeças nacionais i.2.3.1} As pequenas e médias empresas nacionais
i.2.3.2) As pequenas e médias empresas de autopeças nacionais i.2.3.2.1) Estatísticas
i.2.3.2.2) O perfil das PMEs de autopeças
49 49 54 54 56
i.2.4) Particularidades sobre o uso da borracha como matéria-prima i.2.4.1) Algumas considerações técnicas
Capítulo 11:Base teórica - O Planejamento Estratégico e o PNQ 65
ii.1)O planejamentoestratégico 65
ii.1.1)Introdução 65
ii.1.2)Fatoresque levaramao descréditodo planejamentoestratégico 67
ii.1.3)O planejamentocomoparceiroda criação 69
ii.1.4)A estratégia 72
ii.1.4.1)A estratégiae o posicionamentopelabuscada vantagemcompetitiva 73
ii.1.4.2)A fonnulaçãoda estratégia 74
~O~Q 00
ii.2.1)Principaisfundamentos 81
ii.2.2)Os critérios 83
ii.2.3)O planejamentoestratégicosegundoo PNQ 88
Capítulo 111:Sobre a Pesquisa de campo 91
iii.1) Principaiscaracterísticasda pesquisa 91
iii.2)Observaçõessobrea amostra 94
iii.2.1)Consideraçõesgerais 94
;;i.2.2)Consideraçõessobreo faturamento 95
iii.2.3)Consideraçõessobreos funcionários 96
iii.2.4)Outrasconsiderações 97
Capítulo IV: Avaliação das Empresas 99
iv.3)A pontuaçãoobtidapelasempresas 99
iv.3.1)Introdução 99 ,"
iv.3.2)Avaliaçãoda Fonnulaçãoe OperacionalizaçãoEstratégica iv.3.2.1)Conceitos
iv.3.2.2)Cálculos
iv.3.3) Avaliação dos ResuHados: Clientes/Mercado, Financeiros, Pessoas e 107 Produtos/Processos
iv.3.3.1) Conceitos 107
iv.3.3.2) Cálculos 110
iv.3.4) Consolidação das avaliações 114
iv.3.5) Comparativo entre as avaliações de Planejamento Estratégico e 117 ResuHados
iv.3.5.1) Comparativo: Planejamento Estratégico X ResuHados Gerais 117 iv.3.5.2) Comparativo parcial: Planejamento Estratégico X Resultados relativos a 119 Clientes/Mercado
iv.3.5.3) Comparativo parcial: Planejamento Estratégico X Resultados Financeiros 121 iv.3.5.4) Comparativo parcial: Planejamento Estratégico X Resultados relativos a 123 Pessoas
iv.3.5.5) Comparativo parcial: Planejamento Estratégico X Resultados relativos a 125 Produtos/Processos
iv.3.5.6) Consolidação dos valores de correlação das avaliações entre Planejamento Estratégico e Resultados
127
Capítulo V: Finalizações
v.1) Notas sobre a pesquisa de campo
v.1.1)Fatos relevantes observados
v.1.2) Comentários gerais sobre a pesquisa de campo
v.1.2)Dificuldades encontradas no decorrer da pesquisa
128
128 128 131 • 133
v.2) Comentãrios finais 135
Anexos 140 Anexo 1) Informações coletadas nas entrevistas sobre a formulação e 140 operacionalização estratégica das empresas pesquisadas
Anexo 2) Quadros de avaliação da formulação e da operacionalização das 158 estratégias das empresas pesquisadas
Ane~o 3) Quadros de avaliação dos resultados (clientes/mercado, 171 financeiros, pessoas e produtos/processos) das empresas pesquisadas
Anexo 4) Quadro de pontuação de enfoque e aplicação 181
índice dos Gráficos
Gráfico Titulo Página
1 Produção brasileira de automóveis, jipes e caminhonetes (1961-1989) 11 2 Produção automobilística dos quatro maiores produtores mundiais de 14
veículos (EUA, Japão, Alemanha Ocidental e França) de 1973 a 1979
3 Salários mínimos necessários àcompra de um Chevette 16 4 Divisão do mercado de autopeças em 1995 (por faturamento) 19 5 Certificações ISO 9000 eas9000 em 1996 e 1997 24 6 Estrutura Piramidal de Fornecimento (exemplo de uma montadora 27
japonesa)
7 Distribuição por idade dos veículos em uso no Brasil 30 8 Importação e exportação de autopeças (1989 - 1996) 32 9 Destino das exportações brasileiras (1985-1996) 33 10 Investimento da indústria nacional de autopeças (1988-1996) 46 11 Relação faturamento/empregado (horistas e mensalistas) das empresas 48
nacionais de autopeças (1988 a 1996)
12 As PMEs e a geração de empregos (1991) 50
13 Distribuição do número de indústrias do Estado dé São Paulo em 1991 51 (classificação pelo número de funcionários)
14 Distribuição das empresas nacionais de autopeças, segundo o número de 55 empregados (1997)
15 Consumo e produção de borracha natural no mundo 63 16 Faturamento Mensal Médio das Empresas da Amostra - Jan a Set de 1998 95 17 Escolaridade e número de funcionários das empresas da amostra -0uU98 96
18 Idade das empresas entrevistadas 98
19 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 117 Resultados Gerais
20 Gráfico de dispersão entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 118 Resultados Gerais
Gráfico Título Página
22 Gráfico de dispersão entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 120
Resultados Cliente/Mercado
23 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 121
Resultados Financeiros
24- Gráfico de dispersão entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 122
Resultados Financeiros
25 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 123
Resultados relativos a Pessoas
26 Gráfico de dispersão entre as pontuações de Planejamento Estratégico e
124-Resultados relativos a Pessoas
27 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 125
Resultados relativos a Produtos e Processos
índice dos Quadros
Quadro Titulo Página
1 Veículos no mercado brasileiro em 1943 2
2 Principais importações do Brasil em 1950,1951 e 1952. Média Anual 4 3 Participação Porcentual da Produção Nacional em Peso - Planos Nacionais 7
Automobilísticos
4 Lançamentos de Veículos decorrentes do GElA - Governo de Juscelino 8 Kubitschek (1956-1960)
5 Distribuição de renda no Brasil (1960-1970) 12
6 Comparativo dos preços finais dos carros: Brasil, EUA e Europa 20 7 Produção acumulada entre 1986 e 1995 (principais modelos nacionais) 21 8 Maiores produtores mundiais de autopeças (1991) 23 9 As dez principais autopeças exportadas em 1995 35 10 As dez principais autopeças importadas em 1995 36 11 Investimento da indústria automobilística brasileira (1980 a 1993) 47 12 Distribuição das indústrias do Estado de São Paulo por número de 50
funcionários e empregos oferecidos - 1991
13 Pesquisa do SENAI - SP sobre as pequenas, médias e grandes indústrias 53 do Estado de São Paulo (Outubro de 1993)
14 A aplicação dos principais tipos de borracha 61 15 Formulação das estratégias - principais quesitos 89 16 Operacionalização das estratégias - principais quesitos 90
17 Características da metodologia da pesquisa 91
18 Características da população 92
19 Etapas da pesquisa 93
20 Posicionamento das empresas de autopeças do setor de borracha filiadas 94 ao Sindibor elou ao Sindipeças (Out 1998)
21 Critérios, itens e pontuações máximas 100
22 Dimensões do sistema de pontuação do PNQ 1999 101 23 Informações da entrevista sobre a formulação estratégica da empresa A 140 24 Informações da entrevista sobre a operacionalização estratégica da 142
empresa A
Quadro Título Página
26 Informações da entrevista sobre a operacionalização estratégica da 145 empresa B
27 Informações da entrevista sobre a formulação estratégica da empresa C 147 28 Informações da entrevista sobre a operacionalização estratégica da 148
empresa C
29 Informações da entrevista sobre a formulação estratégica da empresa D 150
30 Informações da entrevista sobre a operacionalização estratégica da 151
empresa D
31 Informações da entrevista sobre a formulação estratégica da empresa E 153 32 Informações da entrevista sobre a operacionalização estratégica da 154
empresa E
33 Informações da entrevista sobre a formulação estratégica da empresa F 156 34 Informações da entrevista sobre a operacionalização estratégica da 157
empresa F
35 Exemplo de Avaliação da Formulação das Estratégias - Empresa A 106 36 Avaliação da formulação das estratégias da empresa A 159 37 Avaliação da operacionalização das estratégias da empresa A 160 38 Avaliação da formulação das estratégias da empresa B 161 39 Avaliação da operacionalização das estratégias da empresa B 162 40 Avaliação da formulação das estratégias da empresa C 163 41 Avaliação da operacionalização das estratégias da empresa C 164 42 Avaliação da formulação das estratégias da empresa D 165 43 Avaliação da operacionalização das estratégias da empresa O 166 44 Avaliação da formulação das estratégias da empresa E 167 45 Avaliação da operacionalização das estratégias da empresa E 168 46 Avaliação da formulação das estratégias da empresa F 169 47 Avaliação da operacionalização das estratégias da empresa F 170 48 Pontuação devida relativa àtendência dos resultados apresentados pelas 110
empresas da amostra
49 Exemplo de quadro de avaliação dos resultados - Resultados relativos a 113
clientes
50 Exemplo de quadro de resultados - Resultados relativos a 113
Quadro Título Página
51 Avaliação dos resultados relativos a clientes 172 52 Avaliação dos resultados relativos a mercados 173 53 Pontuação da avaliação dos resultados relativos a clientes/mercados 174
54 Avaliação dos resultados financeiros 175
55 Pontuação da avaliação dos resultados financeiros 176 56 Avaliação dos resultados relativos a pessoas 177 57 Pontuação da avaliação dos resultados relativos a pessoas 178 58 Avaliação dos resultados relativos a produtos e processos 179 59 Pontuação da avaliação dos resultados relativos a produtos e processos 180 60 Consolidação das pontuações de planejamento estratégico 114
61 Consolidação das pontuações dos resultados 115
62 Consolidação das pontuações em planejamento estratégico e resultados 116
com o número de funcionários e faturamento de cada empresa
63 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e 117
Resultados Gerais
64 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e os 119
Resultados relativos a Clientes/Mercado
65 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e os 121
Resultados Financeiros
66 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e os 123
Resultados relativos a Pessoas
67 Comparativo entre as pontuações de Planejamento Estratégico e os 125
Resultados relativos a Produtos e Processos
68 Valores de correlação entre as pontuações dos critérios de Planejamento 127
Estratégico e Resultados
Capítulo I
As pequenas e médias empresas de autopeças do setor de borracha
i.1) História
A indústria brasileira de autopeças surgiu da necessidade de'
atender à carência de peças de reposição da frota nacional, que em 1943
já atingia mais de 213 mil veículos. O mercado dispunha basicamente de
duas opções: a compra de peças importadas com todos os problemas do
processo, como a descontinuidade do fornecimento na época das Grandes
Guerras ou a adaptação de algumas destas peças, difíceis de serem
conseguidas, por oficinas mecânicas.
Passou por várias incertezas, resultantes das diferentes diretrizes
que os governos adotavam em seus mandatos e por reflexo de
incongruentes interesses das classes sociais que detinham o poder
econômico e político.
Com a fundação da Associação Profissional da Indústria de Peças
para Automóveis e Similares em 12de outubro de 1951, criou-se um pólo
de convergência da categoria que ajudou a disseminar a idéia de que o
Brasil era capaz de ter a sua própria indústria. Até então, era difícil à
maioria da sociedade acreditar que o Brasil pudesse fabricar peças para/'.
automóveis, muito menos entendia o que eram as "auto-peças" (GATTÁZ, -,
1981). Mais tarde, desta associação surge o SINDIPEÇAS, sindicato da
categoria. r,~.,\"
i.1. 1)As origens da indústria de autopeças
no
BrasilNa virada do último século, começam a chegar ao território brasileiro
os primeiros automóveis, montados nos seus países de origem e
destinados na sua maioria aos ricos fazendeiros produtores de café e
comerciantes. No final da primeira década, é criada a primeira unidade de
montagem de veículos, que chegavam semimontados da matriz nos EUA
Era a Ford no bairro do Ipiranga.
As peças também eram importadas, apesar de já existirem suas
adaptações nacionais, principalmente para aquelas mais difíceis de se
encontrarem e de fabricação menos complexa.
Com a Segunda Guerra Mundial, estes problemas do fornecimento
de autopeças se acentuaram: havia dificuldade nos transportes e muitas
empresas que as forneciam foram transformadas em indústrias de
equipamentos militares. O mercado de reposição nacional já era
considerável para a época. Ao final deste período eram comercializados por
ano aproximadamente 13.000 carros e 11.000 caminhões, sendo que em
1943, existiam no total 213.460 veículos, incluindo aqui os ônibus.
QUADRO 1: VEicUlOS NO MERCADO BRASILEIRO EM1943
6234 86.426
Total 213460
Fonte: General Motors Overseas Operations: Economic Survey 01Braz;/ in GA 1981
Por outro lado, o Brasil possuía nesta época um contingente de
pessoas qualificadas tecnicamente nas modernas fábricas européias, e
com vontade de crescer economicamente: os imigrantes europeus. Não
querendo continuar dependentes, que eram dos fazendeiros, partem para
as cidades, alguns montando oficinas mecânicas. Estes, frente às
_dificuldades de fornecimento de autopeças, restringindo o conserto dos
veículos, começam a improvisá-Ias.
Surgem algumas empresas brasileiras produzindo algumas peças
de ferro fundido, "artefatos de borracha, caixas de acumuladores, correias
de ventilador, tubos para radiador", (GATTÃZ, 1981, p. 63) pneus e
câmaras de ar. Juntam-se a estes alguns capitalistas, ex-funcionários das
oficinas, comerciantes de autopeças e empresários querendo diversificar
suas linhas de produto.
o
cenário se completava com os recursos financeiros propiciadospela cultura do café, que além de permitir investimentos nas novas
empresas, geravam mercado consumidor. Isto explica porque quase 95%
destas novas empresas se encontravam, e se encontram, na região
i.1.2) Da fundação da Associação Profissional da Indústria de Auto-Peças até ofinal do governo de Juscelino Kubitschek
A fundação da Associação Profissional da Indústria de AutoPeças
.para Automóveis e Similares foi uma forma encontrada por alguns
empresários para fortalecer o setor, até então sem parâmetros legais de
longo prazo, sentindo o peso da concorrência externa e das lutas entre os
interesses de ruralistas e importadores versus a burguesia industrial.
Faltava a parcela de apoio do mercado consumidor, de políticos e
formadores de opinião, que não acreditavam que o país pudesse fazer
autopeças com a qualidade técnica das importadas.
o
Governo de Getúlio, preocupado com a balança comercial, cria aSubcomissão de Jipes, Tratores, Caminhões e Automóveis, ligada à
também recém-criada Comissão de Desenvolvimento Industrial - CDI.
Nesta época, os gastos com a importação de veículos e autopeças
ultrapassavam os gastos com a importação de petróleo e seus derivados e
a de trigo, chegando a 15% das compras do Brasil no exterior.
QUADRO 2: PRINCIPAIS IMPORTAÇÕES DO BRASIL EM1950, 1951 E1952. MÉDIA ANUAL
Compras do Brasil no Exterior (Cr$ mil)
Material automobilístico 4.613.141
Petróleo e derivados 3.576.366
Trigo 2.459.950
Muitas feiras foram realizadas para mostrar à população a força do
setor, que nesse momento já chegava a 320 indústrias, com um mercado
interno de 610 mil veículos. A primeira delas se, realizou em 20 de janeiro
de 1953 no aeroporto Santos Dumont, Rio de Janeiro, com a presença do
presidente Vargas.
Paralelamente, a associação começou a reunir informações do setor,
até então quase inexistentes, dando apoio à Subcomissão de Jipes,
Tratores, Caminhões e Automóveis na formulação de diretrizes econômicas
e alfandegárias para o setor, recebendo críticas dos incrédulos e dos
defensores de políticas contrárias à industrialização brasileira e se
defendendo de propagandas enganosas que prejudicariam sua missão
(GATTÁZ, 1981, p. 84).
Nos anos seguintes, estas empresas continuaram a viver na
incerteza em relação aos investimentos de longo prazo. Tiveram benefícios
e prejuízos com os diversos planos, leis, decretos e políticas econômicas.
Pode-se dizer que as adotadas por um governo, quase se opunham às do
governo anterior.
Com a morte de Getúlio, toma posse o vice-presidente Café Filho,
que adotando uma política monetarista, isto é, tentando resolver os
problemas da balança de pagamentos através de medidas cambiais, facilita
a entrada de produtos e investimentos estrangeiros, sufocando assim as
empresas nacionais de autopeças, que tentavam se firmar.
Com Juscelino Kubitschek, em 1956, inaugura-se uma nova fase da
industrialização, considerada a segunda revolução industrial brasileira.
Constituiu logo após a sua posse o Plano de Metas: 30 intenções que
intenções referentes à implantação da indústria automobilística no país.
Previa-se assim a produção de 110 mil veículos em 1959 e 170 mil em
1960. A indústria de autopeças, nas vésperas de sua posse, já conseguia
fundir seu primeiro motor diesel, na fábrica Sofunge, ligada à montadora
Mercedez-Benz.
Os estudos de apoioà viabilização da industria automobilística eram
realizados pelo recém-criado GElA, Grupo Executivo da Indústria
Automobilística. As resoluções do GElA "representavam decisões
simultâneas dos diversos órgãos que o integravam, a saber: o Ministério da
Viação e Obras Públicas, a Superintendência da Moeda e do Crédito
(SUMOC), a Carteira do Banco do Brasil S.A., a Carteira do Comércio
Exterior do Banco do Brasil (CACEX), o Ministério da Guerra, o Banco
Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE), e, posteriormente, o
Conselho da Política Aduaneira." (GATTÁZ, 1981, p. 201).
O GElA tinha como metas: proporcionar a nacionalização dos
veículos produzidos no Brasil; a nacionalização dos instrumentos de
produção utilizados de forma a estimular a engenharia e os fabricantes
locais destes equipamentos; restringir a importação de itens de difícil
obtenção; assegurar a escala através da restrição de abertura a novas
unidades industriais; e a possível integração ao Mercado Comum Latino
-Americano.
Após o GElA, tanto empresas já instaladas no país, como as novas
empresas, aumentaram o investimento em unidades montadoras de
veículos, ampliando ou construindo novas unidades. Elas precisariam
cumprir as determinações dos decretos, a respeito do progressivo aumento .,1'y~'
dos índices de nacionalização em peso dos veículos montados (quadro 3).
pessoas trabalhando para elas, conseguindo atingir, na maioria dos casos,
índices de nacionalização dos veículos montados superiores a 98%.
QUADRO 3: PARTICIPAÇÃO PORCENTUAL DA PRODUÇÃO NACIONAL EM PESO - PLANOS NACIONAIS AUTOMOBILíSTICOS
Porcentagem de Nacionalização
Veículos 31.12.56 1.7.57 1.7.58 1.7.59 1.7.60 Até 31/12/61
Caminhões 35% 40% 65% 75% 90% 98%
Jipes 50% 60% 75% 85% 95% 99%
Caminhonetas, 40% 50% 65% 75% 90% 98%
caminhões leves e furgões
Automóveis de
-
50% 65% 85% 95% 99%passageiros
QUADRO 4:LANÇAMENTOS DE VEicUlOS DECORRENTES DO GElA GOVERNO DE JUSCEUNO KUBITSCHEK (1956-1960)
Gov.Brasil FNM - Fábrica Nacional de a partir de Tratores Fiat 25 HP
Motores 1955 FNM - JK (Alfa Romeo) Itália (Alfa Romeo)
1958 Caminhão F-600 Caminhão F-350
Ford Motor do Brasi.1 EUA
Caminhão F100 1960 Trator Ford BR-Diesel
1957 Caminhão 6503
General Motors EUA
1958 Caminhão 3104
Intemational Harvester Máquinas
1958 Caminhão N-184 EUA
S.A.
Romi-Isetta
Máquinas Agrícolas Romi 1956 Brasil
(Iso-Motors)
1956
Perua DKW
(Auto-VemagS/A 1958 Union Alemã) Brasil
Candango Belcar
1957 Kombi
Volkswagen do Brasil Alemanha
1959 Fusca
1958
Dauphine - Renault Brasil 70% Willys Over1and do Brasil 1959
Pick-up Jipe EUA 30% 19E!0
Aero-Willys
Catterpillar Brasil S/A 1960 Motoniveladora EUA
1956 L-312
Mercedez-Benz
Ónibus OM-312
Alemanha
e
Simca do Brasil 1959 Simca-Chambord Empresários
brasileiros
Toyota do Brasil 1959 Jipe
i.1.3) A fase de consolidação da indústria brasileira de automóveis
Em 1961, tomava posse o presidente Jânio da Silva Quadros. O
Brasil estava com uma taxa de crescimento econômico que quase
alcançava 8% ao ano. A população chegava a 71 milhões de habitantes, com uma produção anual de automóveis passando de 133 mil unidades.
Com sua breve passagem pelo poder, a inflação passa de 24% para
próximo de 50% ao ano, paralelamente aumentando-se os custos
industriais. Novamente, a política econômica adotada foi a monetarista,
tendendo a sufocar as empresas nacionais em busca da estabilidade
econômica, através davariante cambial.
Em 1964, no início do governo militar, as 11 montadoras de veículos
de passageiros se juntavam a 15 fábricas de veículos diversos, absorvendo
50 mil empregados e dando força à existência de 1.600 empresas de
autopeças, que por suavez ofereciam outros 100 mil empregos. O total de
investimentos destas empresas foi de US$ 564 milhões, sem contar com a
economia de divisas que, com aproximadamente 1 milhão de veículos
produzidos, 196.954 no ano, alcançava US$ 2 bilhões.
No início da administração do governo militar foram tomadas
medidas recessivas que, sufocando as empresas nacionais, geraram
desempregos (taxa superior a 20%) e redução da produção. Buscava-se
neste período montar uma infra-estrutura de apoio ao investimento
estrangeiro no país, como as construções de hidroelétricas, sistemas de
transmissão de energia e estradas.
No setor automobilístico, o GElA dá lugar ao GEIMEC, ou Grupo
Executivo das Indústrias Mecânicas. Além das semelhanças de propósitos
alcançados e evitar a proliferação de novas unidades industriais, que
gerariam capacidade ociosa e elevação de custos devido à redução de
escala de produção. No período, a indústria automobilística estava com
uma capacidade ociosa de 50% (ALMEIDA, 1972, p. 60).
Mas as diretrizes propostas pelo GEIMEC não foram seguidas à
risca. Junto com a crise econômica desencadeada pelo programa do
governo (1964 a 1966), estabeleceu-se a Lei n2 4.951 de 26/4/66, que
concedia isenções de tributos para a importação de bens de produção,
destinados ao re-equipamento e modernização das indústrias
automobilísticas, isenção aplicável também às empresas que resultaram da
fusão das já estabelecidas. Abriam-se as portas para a desnacionalização
do setor, sufocando as empresas menores e favorecendo a verticalização.
A crise, apesar da produção ter sido sempre ascendente na década
de 60 (gráfico 1), provocou algumas mudanças no cenário competitivo,
havendo muitas fusões e aquisições. As empresas menos preparadas e
com menos capacidade de investimentos próprios, de associações ou das
respectivas matrizes, foram as vítimas do processo. Este processo se
intensificou com a tática adotada pelo mercado automobilístico, que exigia o
rápido aumento de escala: induzir a troca de veículos, seja através de
projetos de modelos mais frágeis, como através de pequenas modificações
no "design", "diferenciando" um modelo novo do "velho". A Ford adquiriu a
Willys visando seu segmento de médios-grandes e grandes. A Chrysler
comprou a Intemational Harvester, que tinha participação minoritária na
Simca, para entrar no mercado nacional de automóveis de passageiros e
caminhões.A FNM foi vendida à Alfa Romeo. A Vemag foi comprada pela
Volkswagen, tentando eliminar o concorrente mais próximo de sua faixa de
GRÁFICO 1:PRODUÇÃO BRASILEIRA DE AUTOMÓVEIS, JIPES E CAMINHONETES
(1961 A1989)
40,00
30,00
.-
20,00I
:::..!!
~
o
-
cG> 10,00E .(3 0,00 1/1
e
o G> 'ti ftI >< -20,00 ftI I--30,00 -40,00 Ano Fonte: Anfavea 1000,00 900,00800,00 íii'
e
ftI 700,00 :5:§.
600,00 1/1ftI
'ti
500,00 N::s
'ti 400,00
e
Do 300,00 1/1 Q) 'ti200,00 'tiftI
C
100,00 ::J
0,00
Na década corrente, quase metade da renda do país se encontrava
nas mãos de 5% da população brasileira, acentuando-se a concentração
no final do período. Com o golpe militar de 1964, buscou-se ampliar a faixa
de renda da classe média urbana, sendo que de 60 a 70, estes 15% da
população tiveram um aumento na participação na renda nacional de 21 %
para 22,5%. O maior beneficiário acabou sendo a classe média alta (4% da
população), que de 16% passou para 20% (Quadro 5), justamente a classe
mais visada pelas montadoras, que de 1961 a 1967 lançaram 30 novos
modelos pequenos e os 4 modelos esportivos (FERRO, 1984, p.35). Indo
contra a tendência, a Volkswagen, através do "fusca", um carro pequeno,
mais acessível, de fácil manutenção e robusto para as estradas brasileiras
da época, conseguiu a liderança do mercado, obtendo 54% dele em 1965 e
68% em 1967.
QUADRO5: DISTRIBUiÇÃO DE RENDA NO BRASIL (1960-1970)
Grupos Porcentagem da Participação na Renda
População Total 1960 1970
Classe Alta e Burguesia 1% 28% 30%
Classe Média Alta 4% 16% 20%
Classe Média Urbana 15% 21% 22,5%
Classe Assalariada de 30% 20% 15%
Base
Trabalhadores Rurais e 50% 15% 12,5%
Independentes Urbanos
,
-Fonte: Tavares, M.C. e Serra,J.Alem da Estagnaçao, In FERRO, 1984.
Pelo gráfico 1 é possível notar que de 1968 a 1974, a produção
cresceu a taxas muito elevadas, acompanhando o crescimento da
economia brasileira. Ao mesmo tempo, aumentava a participação na renda
das classes média alta e urbana (quadro 5). A Chrysler lança o Polara e a
GM o Chevette, passando a concorrerem diretamente com a Volkswagen.
As empresas de autopeças também se movimentaram em busca do
desenvolvimento tecnológico para acompanhar as mudanças que estavam
ocorrendo, sendo muitas vezes comum a associação ou absorção destas
o
GEIMEC, que já vinha perdendo poder aos poucos, mudando de nome a cada governo que entrava, em 1970, no governo de Médici, passaa ser um grupo setorial subordinado ao GEP, Grupo de Estudos e
Projetos, se limitando "à tarefa de emissão de certificados relativos aos
_projetos aprovados pelo GEP e o acompanhamento da execução dos
mesmos" (GATTÁZ, 1981, p.431).
A indústria automobilística continuou seu ritmo de alto crescimento
até 1974, dois anos após o final do milagre econômico, desacelerando
rapidamente em 1975 e 1976 e chegando ao primeiro ano de produção
inferior ao do ano anterior em 1977. A dívida externa brasileira passou de
US$ 3,78 bilhões em 1968 para US$ 22 bilhões em 1975, com taxas
médias anuais superiores a 28% ao ano (RATTNER, 1985, p.69).
Para melhorar a situação da balança comercial, a partir de 1972,
foram sendo desenvolvidos programas conjugados de exportação e
importação pelo organismo recém-criado, BEFIEX (Comissão para
Concessão de Benefícios Fiscais a Programas Especiais de Exportação).
Mas devido a uma série de problemas, os objetivos do governo ficaram
aquém das expectativas. Estes problemas incluíam a saturação mundial de
carros nos países desenvolvidos (gráfico 2) e a falta de interesse de
determinadas montadoras dentro de suas estratégias mundiais de
produção, distribuição e de remessas de lucros, pagamento de assistências
técnicas e "royalties".
De outro lado, estes programas criados pelo BEFIEX acabaram
prejudicando as indústrias de autopeças, pois o índice de nacionalização
dos veículos das montadoras aprovadas poderia ser reduzido. As
poucas, eram aquelas que, fornecendo para as montadoras e não tendo
seus produtos substituídos, conseguiram aumentar o escoamento de seus
produtos indiretamente, através 'do aumento de exportações de veículos.
GRÁFICO 2 -PRODUÇÃO AUTOMOBILíSTICA DOS QUATRO MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE vEicULOS (EUA, JAPÃO, ALEMANHA OCIDENTAL E FRANÇA) DE1973A1979
35000
40000
-r---...,
i
30000"CJ t'CI
~ 25000
::2
~ 20000
o
g.
15000e
CL 10000
5000
O+---~--_4---_+---_+---~---~
1973 1974 1975 1976 1978 1979
Anos
1977
Fonte: GALL. Georges de,L'/ndustrie automoblle face au défi japona/s. In RATTNER. 1985.
Obs: Repare o efeito da crise do petróleo a partir de 1973.
As pequenas e as médias empresas acabaram ficando fora deste
negócio .por não alcançarem a competitividade necessária e pelas
dificuldades de conseguirem canais de distribuição para o exterior. A
reposição dos países latino-americanos, favorecidos pelos fatores
logísticos, políticos, econômicos e de projetos.
Esta falta de competitividade prejudicou-as também no mercado
interno. A baixa qualidade técnica e gerencial (gerando por exemplo custos
_e entregas irregulares) reforçou a tendência das montadoras a se
vertícalizarem, aproveitando a capacidade ociosa desta época de crise. Por
outro lado, as empresas de autopeças competitivas conseguiram vários
benefícios: participação nas exportações para os EUA, Itália e Alemanha
Ocidental (2/3 das exportações), com valores chegando a US$ 500 milhões
(FOB-1980) (SINDIPEÇAS), além dos contratos de fornecimento para as
montadoras e a participação no desenvolvimento de novos produtos (carro
mundial).
A Década de 80
A crise econômica da década de 80 trouxe repercussões na
produção automobilística (gráfico 1). Em 1981, ela teve a maior queda de
sua história, quase 30%. Nos anos posteriores, a sua situação não
melhorou, sendo que até o final da década não conseguiu alcançar os
patamares de 1980. Não havia uma política de distribuição de renda e
diminuição dos impostos que pudesse aumentar a parcela da população
com acesso aos veículos O km. Mas não foram só os aspectos
macro-econômicos que contribuíram para esta situação.
As montadoras lançaram muito poucos modelos novos, quase
sempre para preencher um novo nicho de mercado, e seus preços relativos
ao salário mínimo estavam cada vez maiores (gráfico 3). A tecnologia
importações, em parte pela falta de concorrêncía interna e falta de
investimento. em tecnotcçía nacional (qoverno, empresas de autopeças, e
as próprias montadoras, seguindo políticas estratégicas de suas matrizes).
GRÁFICO 3 ••SALÁRIOS MíNIMOS NECESSÁRIOS ACOMPRA DE UM CHEVETTE
1980 1982 1984 1986 1988 1990
Anos
Fonte: A poeira erguida pelas carroças ainda não baixou. Revista Exame. 21/02190.
i.2) Introdução
à
estrutura e dinâmica do setor de autopeçasA seguir, serão apresentadas as principais características do atual
ambiente competitivo em que as empresas de autopeças se inserem e
_participam, focando logo após, as particularidades próprias das empresas
pequenas e médias do setor de borracha. Serão abordados os aspectos
mercadológicos, o impacto da tecnologia no setor, o perfil destas empresas
e algumas particularidades do uso da borracha como matéria-prima.
Evidente que muito faltará para esgotar o tema e muitos dos dados
apresentados poderão ser modificados em pouco tempo, dada a evolução
da tecnologia, dos interesses dos consumidores e do ambiente econômico.
É um cenário muito dinâmico, que leva até as empresas bem capacitadas a
cometerem graves erros estratégicos (Ex: Nissan insistindo em modelos
antigos e por isso tendo graves problemas de mercado; as marcas de alto
luxo do mercado americano, como a BMW e a Mercedez-Benz perdendo
muito espaço para as japonesas Toyota, com o Lexus, e a Honda com o
Acura; a Audi, na década passada, despencando de posição no mercado
por não entender as reclamações dos clientes; e o exemplo nacional
í.1) Mercado
As empresas de autopeças podem atuar nos seguintes mercados (figura 1):
FIGURA 1: PRINCIPAIS MERCADOS DAS EMPRESAS DE AUTOPEÇAS
EMPRESAS DE AUTOPEÇAS
8r\tjRReS~S~É;..
.A;tr:1C~;):'e··'E~,,,t6·
o
mercado de autopeças de 1995 foi avaliado em US$ 16,6 bilhões pelo Sindipeças, sendo majoritariamente do fornecimento às montadoras,seguido de longe pelo da reposição e da exportação. Outros fabricantes, ou
seja, os mercados de segundo nível em diante foram responsáveis apenas
por 6% do total (gráfico 4). Esta distribuição tem permanecido quase
constante ao longo dos últimos dez anos.
GRÁFICO 4: DIVISÃO 00 MERCADO DE AUTOPEÇAS EM1995
(POR FATURAMENTO)
Reposiçâo
20%
6%
. Fonte: Sindipeças. 1996.
Um dos grandes problemas do mercado de autopeças brasileiro é a
baixa demanda gerada pela falta de massificação do automóvel. Este
dos veículos (quadro 6), da falta de malha viária adequada às necessidades
das zonas metropolitanas, que causam muitos congestionamentos, e da
carência desta no resto do país.
QUADRO6:COMPARATIVO DOS PREÇOS FINAIS DOS CARROS: BRASIL, EUA E EUROPA
no 46,7% 42,8 57,0% 36,6 62,8%
atacado
Impostos 41,3 41,3% 12,3 16,4% 9,7 16,6%
Lucro da montadora 12,0 12,0 % 20,0 26,6% 12,0 20,6%
Total 100,0 100,0 % 75,1 100,0% 100,0 %
Fonte: ALMEIDA, 1996, p. 34
OBS:
1. Preço do carro para o consumidor final (base)
2. Preço do carro para o consumidor final em relação ao do Brasil
Segundo LUCKE (POSTHUMA, 1993, p. 31), estima-se que a escala
mínima para a produção de um modelo situa-se entre 200.000 e 250.000
unidades anuais, devendo cair para 150.000 nesta década, devido às
inovações tecnológicas e gerenciais (WOMACK et ai, 1992). Estes valores
dificilmente são conseguidos pelos modelos nacionais, o que deve explicar
parte de seu valor mais elevado e a falta de modelos novos, em um
mercado que até recentemente mantinha-se afastado da concorrência
automobilística externa (quadro 7). Percebe-se então, que somente as
QUADRO 7: PRODUÇÃO ACUMULADA ENTRE 1986E1995
(PRINCIPAIS MODELOS NAClONAS)
Kombi 51.530
1.378.587 VOlkswagen
Gol 226.468 287.443
Gol Furgão 974 1
Voyage 10.445 9.607
Parati 32.576 27.129
Saveiro 27.472 32.339
Total- Família Gol 297.935 356.579
27.665 226.298 308.255 205.402 2.146.207 43.308 273.722
Santana/Quantum 24.536 45.106 401.972
General Motors
Kadett 61.176 41.665 359.483
2.580 27.597 34.195
20.228 12.179 74.826
68.034 151.998 220.032
67.551 31.924 635.717
Vedra Omega Corsa Monza
Tempra 44.985 39.782 106.080
Uno 267.172 272.769
Prêmio 39.743 33.792
Elba 24.932 19.437
Total- Família Uno 331.847 325.998
Ford
Escort 89.340 101.158
Fonte: ANFAVEA,199411995.
1.351.627
432.235
186.598
1.970.460
i.2.1.1) Fornecimento para asmontadoras
Pelo gráfico 4 anterior, pode-se ver que o maior mercado é o das
montadoras. Mas para se entrar nele, há vários requisitos que devem ser
preenchidos, o que está levando as empresas mais preparadas
-tecnologicamente, financeiramente e gerencialmente a ocuparem boa parte
des'te espaço, pelo menos a dos produtos mais complexos e,
conseqüentemente, de maior valor agregado.
Até a pouco tempo atrás, quando as peças fornecidas não
conseguiam atender aos requisitos de custo, qualidade técnica, tecnologia
e prazos de entrega exigidos pelas montadoras, estas acabavam por
produzi-Ias, fato conhecido como verticalização. Mas, recentemente,
grandes empresas de autopeças estão alterando este cenário, sendo
responsáveis pela entrega pronta de subsistemas às montadoras,
formando para isso, parcerias que atravessam as fronteiras políticas e
geográficas ao redor do planeta. Algumas destas empresas chegam a ter
faturamento anual maior que as próprias montadoras (quadro 8).
Há também outras condições que devem ser preenchidas pelas
empresas deste grupo. Estas empresas, caso desenvolvam os carros
mundiais, conseguindo todos os benefícios deste fato, muitas vezes devem
se comprometer a seguir a montadora aonde ela for, tendo eventualmente
que se associar com empresas locais ("follow sourcing") e até mesmo, em
algumas vezes, em incorrer em prejuízos operacionais. Além disto, devem
seguir as táticas de produtos de suas clientes, tais como empregar certos
materiais e tecnologias, assim como a redução constante de seus custos: a
Ford, GM e a Chrysler colocaram esta redução de custos em 5% ao ano,
QUADRO 8:MAIORES PRODUTORES MUNDIAIS DE AUTOPEÇAS (1991)
EUA
2 Ford Automotive Comp. 13,5 EUA
3 Bosh* 10,6 Alemanha
4 Dana 4,9 EUA
5 Phillips* 4,8 Holanda
6 Valeo 3,9 França
Fonte: BLACK, 1993 in POSTHUMA, 1993.
• Somente para vendas na Europa
088: Note que em 1991 o faturamento do setor de autopeças no Brasil foi de US$ 9,8 bilhões.
As especificações necessárias
Mas é na variante qualidade que a exigência se toma mais sensível.
Como são necessários milhares de componentes integrados para a
montagem de um veículo, é necessário que estes componentes obedeçam
a um padrão técnico para que a somatória das imprecisões de cada um não
afete a montagem e o funcionamento perfeito dos subsistemas, que por sua
vez repercutiria no veículo pronto. Estes componentes também devem estar
presentes na hora exata da montagem, a fim de que o processo não seja
interrompido.
Com isto, foram criadas várias formalidades que as empresas devem
cumprir, entre elas as certificações de qualidade. Quem fornece para as
deve ter a certificação OS 9000 (cada montadora tem o seu cronograma de
exigência). Para as fornecedoras alemãs, a certificação VDA 6.1; para as
italianas a AnfialAVSO 94; e para as francesas a EAOF. Para os próximos
dois anos está prevista a unificação destes certificados (DRECHSEL, 1997,
p.48), com o nome de AOS 2000 (Automotive Ouality Systems), eliminando
os custos e esforços redundantes das fornecedoras que trabalham ou
pretendem trabalhar para várias montadoras simultaneamente.
As empresas brasileiras estão se movimentando neste sentido. Um
estudo do Sindipeças feito com base em 1996 e 1997, mostrou que mais de
70% da amostra escolhida dentro de suas associadas utilizavam ou
estavam implantando a ISO 9000, e mais de 38%, o sistema
as
9000(gráfico 5).
GRÁFICO 5: CERTIFICAÇÕES ISO 9000 EQS 9000 EM1996 E1997
(%)das
empresas 80
associadas que 60
possuem ou 40
estão em 7
20 ~
processo de
certificação O
1509000 QS9000
Fonte: adaptado de SINDIPEÇAS, 1996 e 1997.
~ i I
Mas, mesmo assim, as empresas nacionais estão longe de suas
competidoras estrangeiras. Na Europa, o setor de autopeças trabalha com
um nível de rejeição de peças de 300 partes por milhão (ppm), enquanto no
Brasil este índice é de 2.000 ppm (LEON, 1997, p.54). Estes e outros
fatores que levamà perda de competitividade dos veículos nacionais frente
aos estrangeiros, acabam resultando em: de cada 100 veículos produzidos
no Brasil, 92,5 apresentaram defeitos, enquanto que os mexicanos
chegaram próximo a 80 e os japoneses a 60 (ALMEIDA, 1996, p.131).
Vantagens
Em contrapartida, uma vez fornecendo para as montadoras, os
benefícios gerais são grandes. Estas empresas são beneficiadas com a
participação das montadoras no desenvolvimento de programas de
Qualidade Total, "JIT", "Supply Chain", Celulização e "Kanban", entre
outros, deixando-as claramente mais competitivas. Podem se beneficiar de
canais de distribuição em outros países, e, no extremo, caso participem de
um projeto de veículo mundial, podem receber encomendas significativas,
na casa de milhões de unidades, aumentando a economia de escala, que
se reflete em barateamento do investimento em novas tecnologias e
capacitação, como também em esforços de "marketing" e negociação com
i.2.1.2) Fornecimento para montadores de conjuntos
As empresas que fornecem componentes ou subsistemas prontos
para as montadoras são chamadas de empresas do primeiro nível. As
demais, fornecedoras destas, são consideradas do segundo nível. Vale o
raciocínio para as demais fornecedoras: terceiro, quarto nível e assim por
diante. Conforme se avança no sub-fornecimento, o valor agregado das
peças e materiais vai diminuindo, até se chegar à matéria-prima bruta.
As empresas que ocupam estas posições intermediárias tendem a
ser menos desenvolvidas em tecnologia de produto e sofrem mais com a
concorrência de empresas novas e de veteranas que, além de reduzirem a
receita por unidade produzida do segmento, fazem a escala de produção
individual se reduzir, aumentando-se os custos. Em épocas de crise,
sofrem ainda mais com o problema da verticalização, onde a
empresa-cliente, aproveitando-se da capacidade ociosa gerada com a redução da
produção, parte para a fabricação destes componentes.
Pelo gráfico 4, nota-se que a participação neste mercado é
reduzida, em torno de 6% em 1995, ou US$ 1 bilhão dentre os US$ 16,6
bilhões totais. Deve-se lembrar que este valor de 6% é dividido entre todos
os níveis de sub-fornecimento, e o número de empresas nesta
classificação é muitíssimo maior que na de primeiro nível.
Para se ter uma noção deste tamanho, pode-se tomar o exemplo do
Japão: existem 300 fornecedores de montadoras que contratam o serviço
de mais de 10.000 PMEs; ou ainda mais: para se montar um motor neste
país, a montadora comprava peças de "25 fornecedores primários, que
subcontratavam 912, as quais eram abastecidas por 4.960 fornecedoresde
\
terceiro nível" (POSTHUMA, 1993,p.4). No Ocidente, apesar da
quantidade de fornecedores primários ser maior, tudo indica (modelo
mundial, redução dos custos administrativos de se comprar de várias
empresas, a dificuldade de controlar a qualidade, tempo despendido, etc.)
que será seguido o modelo japonês. Segundo o ESTUDO DA
COMPETITIVIDADE BRASILEIRA (POSTHUMA, 1993, p.4) já há
evidências deste comportamento: a Ford da América do Norte, reduziu os
fornecedores primários em 70%; a Ford Europa, 64%; Renault, 36,4%;
Peugeout, 22,7% e Austin Rover, 41,7%.
GRÁFICO 6:ESTRUTURA PIRAMIDAL DE FORNECIMENTO (EXEMPLO DE UMA MONTADORA JAPONESA)
Empresas (Je1" nível:: 25
Empresas de 2' nível;: 912
Fonte: Adaptado de POSTHUMA, 1993, p. 4
Nesta tendência de se reduzir a participação de fornecedores de 1º
nível, muitas empresas deverão imigrar para o sub-fornecimento, \
Com a chegada de novas montadoras ao Brasil, localizando-se de
maneira mais espalhada, as empresas de segundo nível em diante também
serão obrigadas a se re-posicionar geograficamente. Desta maneira, terão
que se submeter a vários desafios administrativos: gastos com as novas
instalações, dificuldades para atender a outros nichos de mercado e o
_distanciamento dos fornecedores de matéria-prima. Um lado positivo é a
menor densidade de concorrência, e portanto, a possibilidade de se
aproximar mais de sua cliente.
i.2.1.3) Mercado de reposição
A disputa pelo mercado de reposição é ainda mais acirrada que a do
mercado de sub-fornecimento. Podemos citar alguns fatores que
contribuem para isto:
~ Ocupa parcela importante da distribuição do mercado: 20% do mercado
em 1995, (US$ 3,3 bilhões);
~ A frota nacional de veículos é bem antiga (vide gráfico 7);
~ Não são formalmente cobradas as certificações de qualidade, nem
tampouco exigidas técnicas gerenciais, se compararmos com os demais
nichos de mercado. Este fato faz diminuir as barreiras de entrada a
novas empresas;
~ Sofrem a concorrência de fornecedores mais qualificados. Estas
• escoarem os lotes não aceitos pelas montadoras ou por
fornecedores de primeiro nível;
• tornarem-se mais independentes das montadoras, através de
novos canais de distribuição;
• aproveitar a capacidade ociosa em épocas de crises ou mesmo
aumentar o ganho de escala.
Espera-se que este mercado aumente nos próximos anos, dada a
possível inspeção veicular obrigatória trazida pelo Código Nacional de
Trânsito, que irá verificar itens de segurança e de poluição. Logo na fase
inicial de implantação do CNT, ainda sem a inspeção obrigatória, foram
notados picos de venda em alguns itens (matéria publicada na GAZETA
MERCANTIL de 15 de maio de 1998): "De meados de Dezembro até o final
de Fevereiro, a loja Koga Koga, com três lojas de autopeças na Zona Leste
de São Paulo, comercializou 20 mil cintos de segurança. Até Novembro, a
média mensal de vendas era de 1,5 mil exemplares. As vendas de
extintores também dispararam 85% entre Dezembro e Março, enquanto a
de faróis e lanternas cresceram 15% ... vendeu ainda 3.090 triângulos de
segurança, sendo que até Novembro comercializava 900 por mês, 'só não
vendemos mais por falta de estoque, já que o crescimento da demanda
coincidiu justamente com as férias coletivas dos fabricantes"'. E também:
"O mercado de reposição da TRW Automotive Brasil, ... , que antes
participava com 1% a 2% das vendas de cintos da empresa, hoje
corresponde a 5%".
Isto mostra que com a entrada em vigor do CNT, os proprietários de
veículos irão precisar repor peças antes negligenciadas, além das
montadoras precisarem incluir mais itens de segurança e acessórios nos
1600 1400 1200 S' 1000 .5-CII !li 800 'C 1\1 :!2 600 t:: :) 400 200 O
GRÁFICO 7: DISTRIBUiÇÃO POR IDADE DOS VEicUlOS EM USO NO BRASil
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"C!! ,,0/ ,,'1)- "C/J ,,'1)- "C/J •••'I)- •••Ç) ~ "Ç) •••Ç) •••Ç) •••C/J •••'-Ir ,,'-Ir "C/J •••'-Ir •••'1)-
,,'1)-Ano
Fonte: Sindipeças, 1996.
085:
1. A idade média dos veículos é de 10 anos e nove meses.
Uma tendência premente neste mercado é a entrada de veículos
mais sofisticados, o que deverá acentuar a separação entre as empresas
mais competitivas das demais. É importante notar que, com a entrada de
veículos importados, surgem novas oportunidades de reposição, tanto para
-fabricantes iniciantes, como para o aumento da linha de produtos dos
veteranos.
i.2.1.4) Outros nichos de mercado - omercado de exportação
Responsável por 19% do faturamento de 1995, este mercado tem
sido tradicionalmente superavitário nos últimos anos (gráfico 8), embora, a
partir de 1991, com a abertura do mercado, as exportações cresceram a
um ritmo menor que as importações, chegando ao déficit no começo de
1997.
Neste mercado também predominam as empresas mais bem
preparadas. Segundo POSTHUMA (1993, p.7), 75% das exportações de
fabricantes independentes de 1992 foram feitas por somente 15 das 500
empresas filiadas ao Sindipeças, sendo que somente 5 destas empresas
eram de capital nacional. Isto representava US$ 1,725 bi. Foram
consideradas para os cálculos as exportações de peças avulsas
(exportação direta) e as peças incluídas nos veículos e subsistemas
GRÁFICO 8: IMPORTAÇÃO E EXPORTAÇÃO DEAUTOPEÇAS
(1989 -1996)
4000
3500
3000
111 <li I()
2500
:5 E
*CIl 2000 :::l
10 1500
O
u, 1000
500
O
1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Ano
mExportações • Importações
Fonte: Sindipeças, 1996. 1400,00
1200,00
(/) 1000,00 CD
-o :5
800,00
E ~
0 600,00
:;;;) 10
o 400,00
11..
200,00
GRÁFICO 9: DESTINO DAS EXPORTAÇÕES BRASILEIRAS
(1985 -1996)
0,00
~=+~~=:===+===~~--+-~--+---+-~
1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996
Ano
!--El.Là. --Argentina --México --Alemanha!
Os principais mercados compradores das peças brasileiras na
última década foram os EUA, a Argentina, o México e a Alemanha. Em
1996, os EUA continuaram nossos maiores importadores (36,83%),
seguidos bem de perto pela Argentina, com 28,3%, ou US$ 993 mi FOB.
As vendas para o México despencaram após 1994, de 8% para 2,7%,
devido à crise mexicana, crescendo em 1996 para 4,06%. O setor
automobilístico mexicano vem se reestruturando para atender ao mercado
norte-americano, precisando buscar autopeças no exterior. A China tem
autopeças brasileiras (3,08%, ou US$ 100,5 milhões, em 1995 e 2,94%, ou
US$ 103,1 milhões, em 1996).
AArgentina
e o
MercosulA Argentina se destaca a partir de 1991, tendo anualmente
aumentado sua participação, devido à efetivação do Mercosul. O Tratado
de Assunção para a constituição de um mercado comum entre o Brasil,
Argentina, Paraguai e Uruguai entrou em vigor em novembro daquele ano,
tendo como um de seus objetivos a facilitação da circulação de
mercadorias entre estes países.
Mas este tratado também tem suas contrapartidas às empresas
mais frágeis. Um mercado regional sem tarifas e tendo a necessidade de
equilíbrio na balança comercial, leva novamente as empresas que
oferecerem o melhor "mix" de produtos a saírem-se vencedoras, ganhando
as oportunidades diretas e indiretas dos ganhos de escala com o aumento
da produção.
Produtos
Quanto às autopeças exportadas, o quadro 9 apresenta as dez
principais de 1995, mostrando a evolução no ano seguinte. Já o quadro 1O,
apresenta as dez principais autopeças importadas, também com sua
evolução. Comparando-se os dois quadros, pode-se perceber que as
principais peças exportadas foram aquelas também importadas, indicando
que estas importações podem ter ocorrido devido à entrada repentina de
chegada de novas montadoras sem uma carteira de fornecedores completa
(caso da Honda em Sumaré, que até precisou montar uma fábrica de
motores).
QUADRO 9: As DEZ PRINCIPAIS AUTOPEÇAS EXPORTADAS EM1995
PRODUTO PARTICIPAÇAO (0/0)
1995 1996
Outras partes e acessórios para veículos 11,25 12,37
Auto-rádios, partes e peças 10,47 10,17
Motores de explosão e combustão interna 8,78 10,41 Blocos de cilindro, cabeçotes cárteres e 6,81 6,68 carcaças para motores
Bombas injetoras para motores de 5,16 4,96
combustão interna
Outros freios, servofreios e suas partes 5,01 4,72 Outras partes e peças para motores 3,33 3,22
Caixas de marchas 3,31 3,38
Pistões ou êmbolos para motores 3,31 2,82
Rodas 3,06 2,81
QUADRO 10: As DEZ PRINCIPAIS AUTOPEÇAS IMPORTADAS EM 1995
Caixas de marchas 18,00 14,06
Outras partes e acessórios para veículos 11,83 16,79 Motores de explosão e combustão interna 10,72 11,17 Outras partes e peças para motores 3,48 3,68
Rolamentos de esferas 3,39 2,77
Outros freios, servofreios e suas partes 3,13 2,65
Partes de bombas de combustível 2,99 2,50
Outras partes e acessórios de carroçarias 2,66 2,56 Blocos de cilindro, cabeçotes, cárteres e 2,17 3,10 carcaças para motores
Juntas, gaxetas e semelhantes de 2,05 1,98
borracha vulcanizada não endurecida
i.2.2)
o
impacto da tecnologia no setori.2. 2. 1) A mudança do ambiente competitivo
A tecnologia está adquirindo cada vez mais importância na criação
'do diferencial competitivo de uma empresa. Na sua grande velocidade de
desenvolvimento, confunde e mostra erros no planejamento estratégico das
organizações, levando ao sucateamento até empresas tradicionalmente
sólidas e com grande participação no mercado.
Assumindo um papel de interligação das várias dimensões que
atingem as organizações, e fornecendo informações de controle imediatas,
a tecnologia está afetando profundamente seus paradigmas e formas de
gestão. Separando-se algumas destas mudanças em áreas específicas,
têm-se:
Produção: redução dos custos e aumento da produtividade, levando
a um ganho de escala em Projetos e Desenvolvimento. através de:
• materiais mais baratos, leves e fáceis de utilizar. Ao
mesmo tempo, a maior conscientização da sociedade com
a qualidade de vida está exigindo das empresas o
comprometimento com materiais recicláveis e que não
agridam o meio ambiente. Ex: revestimentos dos
automóveis Mercedez-Benz com fibras de palmeiras
produzidas no Brasil;
• projetos mais ágeis e de menor custo de elaboração.
(atualmente vem se reduzindo drasticamente), os projetos auxiliados por computador (CAD, CAE, CAM) apresentam
inúmeras vantagens. Podem-se realizar projetos em
paralelo a partir de diversos ambientes, livrando-se dos ônus material e pessoal, como o deslocamento dos profissionais. Economiza-se testando o produto antes
mesmo dele ser produzido e tem-se acesso a projetos anteriores, pulverizando os conhecimentos adquiridos entre todos os interessados, evitando assim re-trabalhos e problemas decorrentes da informação estancada;
• substituição de controles elétricos e mecânicos por eletrônicos. Como benefícios têm-se: a redução de volume
e peso dos conjuntos, que com o aumento da escala de produção dos Cls, tendem a se tornar mais baratos; maior precisão da função (injeção de combustível, suspensão ativa, controle de funções do painel e de dispositivos de
segurança); e maior facilidade de testes individuais e substituição da peça, quando necessário.
• controle de processos e estoques em tempo real;
• possibilidade de integração de toda a cadeia produtiva, do fornecedor de matéria-prima até o cliente final, reduzindo-se custos com estoque, produtos não aceitos pelo mercado
e peças fora das especificações.
• obtenção de materiais, peças e informações mais
adequadas, permitindo acessos sincronizados aos novos desenvolvimentos de tecnologia de ponta ao redor do