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ARTIGO
ORIGINAL
Hospital
survival
upon
discharge
of
ill-neonates
transported
by
ground
or
air
ambulance
to
a
tertiary
center
夽
Jorge
Luis
Alvarado-Socarras
a,b,∗,
Alvaro
Javier
Idrovo
ce
Anderson
Bermon
daUnidadedeNeonatologia,DepartamentodePediatria,FundaciónCardiovasculardeColombia,Floridablanca,Colômbia bOrganizaciónLatinoamericanaparaelFomentodelaInvestigaciónenSalud(Olfis),Bucaramanga,Colômbia
cDepartamentodeSaúdePública,FaculdadedeMedicina,UniversidadIndustrialdeSantander,Floridablanca,Colômbia dDepartamentodeEpidemiologia,FundaciónCardiovasculardeColombia,Floridablanca,Colômbia
Recebidoem30demarçode2015;aceitoem24dejulhode2015
KEYWORDS
Ambulance; Ground; Air; Transport; TRIPS
Abstract
Objective: Toevaluate thedifferences inhospitalsurvivalbetweenmodesoftransporttoa tertiarycenterinColombiaforcriticallyillneonates.
Methods: Observationalstudyofseriouslyillneonatestransportedviaairorground,who requi-redmedicalcareatacenter providinghighlycomplexservices.Dataonsociodemographic, clinical,theTransportRiskIndexofPhysiologicStability(TRIPS),andmodeoftransportwere collected.Patients weredescribed, followed by abivariateanalysis with condition(live or dead)attimeofdischargeasthedependentvariable.AmultiplePoissonregressionwithrobust variancemodelwasusedtoadjustassociations.
Results: A total of 176 neonates were transported by ambulance (10.22% by air) over six months.Thetransportdistanceswerelongerbyair(median:237.5km)thanbyground(median: 11.3km). Mortalitywas higheramong neonates transportedby air (33.33%) thanby ground (7.79%).Nodifferencesinsurvivalwerefoundbetweenthetwogroupswhenadjustedbythe multifactorialmodel.Aninteractionbetweenmode oftransportanddistancewasobserved. Livehospitaldischargewasfoundtobeassociatedwithclinicalseverityuponadmittance,birth weight,hemorrhagingduringthethirdtrimester,andserumpotassiumlevelswhenadmitted.
DOIserefereaoartigo:
http://dx.doi.org/10.1016/j.jped.2015.07.010
夽 Comocitaresteartigo:Alvarado-SocarrasJL,IdrovoAJ,BermonA.Hospitalsurvivalupondischargeofill-neonatestransportedbyground
orairambulancetoatertiarycenter.JPediatr(RioJ).2016;92:276---82.
∗Autorparacorrespondência.
E-mails:jorgealso2@yahoo.com,jorgealvarado@fcv.org(J.L.Alvarado-Socarras).
Conclusions: Modeoftransportwasnotassociatedwiththeoutcome.InColombia,accessto medicalservicesthroughairtransportisagoodoptionforneonatesincriticalcondition.Further studieswoulddeterminetheoptimumdistance(timeoftransportation)toobtaingoodclinical outcomesaccordingtypeofambulance.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublishedbyElsevierEditoraLtda.Thisisanopen accessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense(http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/
4.0/).
PALAVRAS-CHAVE
Ambulância; Terrestre; Aérea; Transporte; TRIPS
Sobrevidahospitalarapósaaltadeneonatosdoentestransportadosporambulância terrestreouaéreaparaumcentroterciário
Resumo
Objetivo: Avaliarasdiferenc¸asnasobrevidahospitalarentreosmodosdetransporteparaum centroterciárionaColômbiaparaneonatosgravementedoentes.
Métodos: Estudoobservacionaldeneonatosgravementedoentestransportadosporarouterra queprecisamdecuidadosmédicosemumcentroqueofereceservic¸osaltamentecomplexos. Foramcoletadosdadossociodemográficos,clínicos,sobreoÍndicedeRiscodaEstabilidade Fisi-ológicanoTransporte(TRIPS)eomeiodetransporte.Ospacientesforamdescritosesubmetidos aumaanálisebivariadaeavariáveldependentefoiacondic¸ão(vivooumorto)nomomentoda alta.UmaregressãomúltipladePoissoncommodelodevariânciarobustafoiusadaparaajustar asassociac¸ões.
Resultados: Foramtransportados176neonatosporambulância(10,22%peloar)aolongodeseis meses. Asdistânciasforammaiorespeloar(mediana:237,5km)doqueporterra(mediana: 11,3km).Amortalidadefoimaisaltaentreneonatostransportadospeloar(33,33%)doquepor terra(7,79%).Nãoforamencontradasdiferenc¸asnasobrevidaentreosdoisgruposapósoajuste comomodelomúltiplo.Foiobservadaumainterac¸ãoentreomeiodetransporteeadistância. Aaltahospitalarcomvidafoiassociadaàgravidadeclínicanainternac¸ão,aopesoaonascer,à hemorragiaduranteoterceirotrimestreeaosníveisdepotássiosériconainternac¸ão.
Conclusões: Omeio detransportenão foi associadoao resultado. NaColômbia,oacesso a servic¸os médicos portransporteaéreo é uma boaopc¸ão para neonatos em condic¸ões críti-cas.Estudosadicionaisdeterminariamadistânciaideal(tempodetransporte)paraobterbons resultadosclínicosdeacordocomotipodeambulância.
©2016SociedadeBrasileiradePediatria.PublicadoporElsevierEditoraLtda.Este ´eumartigo OpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-NDlicense(
http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc
¸ão
Otransporteéumimportantefatornagarantiadecuidados médicosdequalidadeparapacientesneonataisquenãotêm aoportunidadedeobterumcuidadoidealoucujapatologia écomplexa.1Issoocorreporqueainfraestruturanecessária
paratrataressespacientesnemsempreestádisponívelnas áreasemquenasceram.Paraumsistemadesaúde,servic¸os eficazesdeambulância(terrestreeaérea)poderão forne-cerummeiodemelhoraroacessoaservic¸osdesaúde.Isso éimportanteporque,segundoCampbelletal.,oacesso a cuidadosclínicosesuaeficáciasãoosfatoresrelacionados àqualidadedosservic¸os.2
Emtodoomundo,otransporteporambulânciaséa pri-meira linhade resposta de traslado de pacientescríticos entrehospitais.Muitosdesses pacientessãotransportados por terra, ao passo que os servic¸os de transporte aéreo médicotêmsidousadosporpacientescríticosqueexigem cuidadoimediatoouquandoasdificuldadesgeográficas limi-tam o acesso por terra.3 Vários estudos sobre transporte
aéreoforamfeitosempaísesdesenvolvidos,principalmente nos Estados Unidos, no Canadá e nos da Europa. Mesmo
assim, as evidências sobre esse assunto são escassas em países em desenvolvimento.4 Nesses países, as
dificulda-dessociaisestãorelacionadasagrandesdesigualdadesnos servic¸osde saúde. Além disso, características geográficas poderiamlimitaraprestac¸ãodeservic¸osdesaúde,incluindo cuidadosprimários.5
Para abordar esses problemas de acessibilidade geo-gráfica, países como os Estados Unidos têm políticas desenvolvidasdirigidas a esforc¸ospara melhoraro acesso e eliminar as disparidades na assistência médica, com a eficiênciacomo prioridade.6Exemploscomoessesnãosão
adequadosparaaColômbia.Trêscadeiasmontanhosas cor-tamopaísetornamasdistânciasentreasregiõesmaiores doqueemoutrospaísesnoquedizrespeitoaotransporte terrestre.Alémdisso,umestudorecentesobreascondic¸ões dasrodoviasdaColômbiarelatouaexistênciade128.000km nopaís(75%pavimentadas)eapenas35%delasestavamem boascondic¸ões.7Alémdisso,duranteaestac¸ãodaschuvas,
precisavamdecuidadosmédicos especializadosem hospi-taismaiscomplexos.Todosessesmotivosfavorecemaopc¸ão de transporte aéreo. Em servic¸osde saúde, o transporte aéreo de pacientes para as principais cidades (Bogotá e Medellín)érelativamentefrequenteemcompanhiasaéreas comerciais,9 porém as ambulâncias aéreas especializadas
sãoescassas.
Paramelhorarosindicadoresdesaúde,omodode trans-porteeaexperiênciadaequipedetransporteprecisamser consideradosmeiosparaencurtarotempodetransportee manteraestabilidadeclínicados pacientes.NaColômbia, nomomentodesteestudo, o transporteaéreo e o terres-tre não apresentavam relac¸ões contratuais com hospitais dedestinoeosmédicoseenfermeirosespecializados esta-vamdisponíveisexclusivamenteparaotransporteaéreo.O mododetransporte é maisrelevanteparapacientes neo-nataiscríticosenviadosparaoshospitaiscomaltonívelde complexidade.Ademais,osdadosdetodoomundoindicam queamortalidadeneonatalreduziumaislentamentedoque amortalidadedemãesecrianc¸asentreummêsecincoanos eéaindamaisproblemáticaempaísescommaiorcargade doenc¸a. Assim,a avaliac¸ão de fatores que determinam a sobrevivência,comoomododetransporte,éumavariável quedeveserexploradaempaísesemdesenvolvimento.
Emumestudoanterior,exploramosasvariáveisclínicas associadasàmortalidadeintra-hospitalar,masnãoosfatores relacionadosaoacesso.10Esteestudoexploraahipótesedeo
transporteaéreoouterrestreeadistânciapercorridaentre olocaldeorigemeohospitalespecializadoestarem associa-dosàsobrevidahospitalardeneonatosgravementedoentes nonordeste daColômbia. Considerando suas característi-casgeográficas, essaregião éumbomexemplo deacesso limitado.11
Métodos
Umestudoobservacionalfoifeitoparacompararasobrevida hospitalardetodososneonatosdoentestransportadospara a Fundación Cardiovascular de Colombia (FCV) por trans-porteterrestreeaéreoemseismeses.Essafoiumaamostra deconveniênciaadequadaparaexplorargrandesdiferenc¸as entretipos detransporte por ambulância.Os dados cole-tados e incluídos no estudo foram obtidos de registros institucionaiseletrônicos e umarquivocom variáveis adi-cionais específico. Todos os neonatos participantes foram hospitalizadosnaUnidadedeTerapiaIntensivaNeonatal.A FCVéumainstituic¸ãoprivadaqueprestaservic¸osaltamente complexosapacientescomdoenc¸ascardiovasculares, neu-rológicas e perinataisouque precisam detransplantes. A instituic¸ãoé certificada pelaJointCommission Internatio-nal.OestudofoiaprovadopeloComitêdeÉticadaFCV.
Variáveis
A variável de resultado foi a alta do hospital com vida (sim/não). As variáveis independentes incluíram dados e informac¸ões clínicos e sociodemográficos relacionados ao município do qual os neonatos foram enviados. As variá-veisclínicasforam:idadegestacional(semanas),peso (g), sexo(masculino/feminino),índicedeApgar,frequência car-díaca(batidas/minuto), pressãoarterial (mmHg)e estado
ácido-básico (pH) no momento da internac¸ão. Outras variáveis avaliadas foram defeitos congênitos (sim/não), cardiopatias (sim/não), hemorragia cerebral (sim/não), falênciarenal(sim/não,≥1,5mg/dL)egraudegravidade apósotransportedeacordocomoÍndicedeRiscoda Estabi-lidadeFisiológicanoTransporte(TRIPS).12Essesdadosforam
obtidosdasanálisesfeitasnohospital.
Também foram obtidas informac¸ões sobre o tipo de previdência social (contributiva, subsidiada ou não segu-rado), recursos humanos na ambulância (clínico geral, médicorural,especialista,enfermeirocredenciado, enfer-meiro auxiliar ou outro), tipo de suporte de ventilac¸ão (câmara laminar, cânula nasal, ventilador ou não neces-sário), uso de vasopressores na ambulância durante o transporte (sim/não), eventos adversos durante o trans-porte (sim/não, tipo de evento) e município de origem. O município de origem foi usado para calcular a dis-tância de carro (km) para o hospital com a ferramenta gratuita http://distancescalculator.com/. Também foram obtidosdadosrelacionadosaidade,históricoclínicoe con-trolematernopré-natal.
Modelosestatísticos
Primeiramente, asvariáveis foram descritas com percen-tuais ou tendência central e dispersão, de acordo com a distribuic¸ão observada com relac¸ão a cada variável. Então,paracadaumadasvariáveisindependentes,oteste qui-quadrado, o teste exato de Fisher ou o teste de Mann-Whitney foramusados para compararpacientes que receberamaltahospitalarcomvidacomaquelesque fale-ceram.Oefeitodamodificac¸ãodainterac¸ãoentreotipode ambulância (terrestre/aérea)e a distânciado hospitalde origematéaFCVfoiavaliadoelevaram-seemconsiderac¸ão valores de p<0,15 como estatisticamente significativos.13
Porfim,aregressãodePoissoncomvariânciarobusta14 foi
usadaparaestimaraassociac¸ão(taxasdeprevalência)entre variáveis independentes e a situac¸ão (vivo/morto) ao ser liberadodaFCV.Todasasanálisesforamfeitascomo soft-ware de estatística Stata 13 (Stata Corporation, College Station,TX,USA).
Resultados
De176pacientesparticipantes,154(87,5%)receberamalta hospitalarcomvidae158(89,87%)foramtransportadospor terra,com92,21%quereceberamaltahospitalarcomvida. Dos18pacientestransportadospeloar, 66,67%receberam altahospitalarcomvida.Atabela1apresentaas caracterís-ticasdospacientesdeacordocomasdistânciaspercorridas deambulânciaeomododetransporte.Foiencontradauma diferenc¸a nas distânciaspercorridas do local deorigem à FCVentrepacientescomesemdoenc¸ascongênitas---179km (Q25=10,4eQ75=344)paraoprimeirogrupoe11,3km(Q25 = 10,4 e Q75=214) para o segundo. Não houve diferenc¸a
entrepacientes comcardiopatia congênita (p=0,19). Dis-tâncias maiores foram observadas entre neonatos com previdência socialsubsidiadae semo suporterespiratório necessário.
Tabela1 Principaiscaracterísticasdosneonatosincluídosnoestudodeacordocomomeiodetransporteeadistânciaentre ohospitaldeorigemeaFCV
Variáveis Distância Meiodetransporte ValordeP
Mediana Mín-Máx Valor
deP
Transporte terrestre
% Transporte
aéreo
%
Vivonaalta 62,00 0-1126 0,99 142 89,87 12 66,67 0,01
Sexo
Masculino 130,36 0-701 0,98 102 64,56 8 44,44 0,08
Feminino 134,33 0-1126 56 35,44 10 55,56
Idadegestacional
<28semanas 98,43 0-513 0,84 17 10,76 1 5,56 0,97
28a32semanas 117,17 0-506 15 9,49 1 5,56
32a35semanas 122,75 0-660 38 24,05 5 27,78
35a38semanas 127,46 0-701 30 18,99 4 22,22
>38semanas 153,00 0-1126 58 36,71 7 38,89
Pesoaonascer
Menosde1.000g 101,00 0-513 0,64 17 10,76 1 5,56 0,44
Entre1.000e1.500g 134,35 0-506 10 6,33 3 16,67
Entre1.500e2.500g 111,74 0-456 43 27,22 4 22,22
Maisde2.500g 146,85 0-1126 88 55,70 10 55,56
Previdênciasocial
Contributiva 57,5 0-513 <0,001 57 36,08 5 27,78 0,51
Subsidiada 184,3 0-1126 82 51,9 12 66,67
Outrotipo 116,1 0-456 19 12,03 1 5,56
Recursoshumanosnaambulância
Especialista 119 0-214 0,87 5 3,2 4 22,22 0,01
Outro 133 0-1126 152 96,8 14 77,78
Doenc¸acongênita 214,70 0-701 0,01 25 15,82 6 33,33 0,06
Doenc¸a
cardiopulmonar congênita
224,35 0-620 0,24 6 3,80 2 11,11 0,19
Suporterespiratório
Ventilador 268 10-589 <0,001 5 3,16 14 77,8 <0,001
Câmaralaminarou cânulanasal
91 0-660 130 82,3 2 11,1
Nãonecessário 247 0-1126 23 14,6 2 11,1
Doenc¸amaterna 115,23 0-620 0,44 35 22,15 6 33,33 0,29
Doenc¸anagravidez 110,37 0-620 0,09 49 31,01 4 22,22 0,43
Doenc¸auterina 137,00 10,4-456 0,59 9 5,70 0 0,00 0,60
Fatorderiscomaterno 131,62 0-589 0,55 43 27,22 6 33,33 0,59
Semcuidadopré-natal 170,16 0-589 0,14 12 7,59 4 22,22 0,06
Eventosadversos durantea transferênciaa
78,60 0-660 0,66 28 17,72% 2 11,11 0,74
TRIPS - - 13 (5-46)b 31 (5-58)b <0,001
Distânciaemkm - - 11,3 (10-179)b 237,5 (10-1126)b <0,001
TRIPS,ÍndicedeRiscodaEstabilidadeFisiológicanoTransporte.
a Faltadeacessointravenoso(n=17),deslocamentodotuboendotraqueal(n=4),extubac¸ãoacidentaldasviasaéreas(n=3),
neces-sidadedeintubac¸ão(n=2)eoutro,comopneumotóraxeparadacardíaca(n=5).
b QuartisQ
25-Q75.
em comparac¸ão comotransporte aéreo,commediana de 11,3km(Q25=10,4eQ75=174)paraoprimeirogrupoe237 (Q25=214eQ75=506)paraosegundo(fig.1).Essadiferenc¸a estava relacionada a problemas de acessibilidade geográ-ficasuperadosapenascomtransporteaéreo.Foiobservado
umTRIPS de 13 (Q25=6 e Q75 = 29) parapacientes
trans-portados porterra e 31(Q25=22 eQ75 = 39) paraaqueles
Figura1 Coberturadeambulânciasaéreasusadaspara trans-portarneonatosdoentesqueparticiparamdoestudo.
sãomaisfrequentes.Emgeral,casosmaisgravestendema sertransportados porar. Note-se quea sobrevidano hos-pital foi mais frequentemente observada entrepacientes transportadosporterra.
Na análise bivariada (tabela 2), foram encontra-das associac¸ões entre alta hospitalar com vida e peso ao nascer, peso na internac¸ão, frequência respiratória, saturac¸ão de oxigênio na internac¸ão, acidemia respirató-ria,anemia,hipernatremia,hipocalemia,TRIPSe falência renal. As outras variáveis estudadas (sociodemográficas e clínicas) não foram significativas. O nível normal de potássionainternac¸ãotambémfoiidentificadocomo variá-vel preditora de sobrevida. Em nossa amostra, o nível mediano de potássio foi 4mmol/L, ao passo que um valor de mais de 5mmol/L foi encontrado em apenas 10% dos pacientes, que era a populac¸ão em risco de morte.
Contudo, a confusão pode estar presente nessas associac¸õesanteriores.Assim,oajustefoinecessário. Curi-osamente,nenhumaassociac¸ãofoiencontradaentreotipo de ambulância e a condic¸ão na alta depois de ajustar o modelo múltiplo pelo TRIPS, peso ao nascer, pela hemor-ragiamaterna durante o terceiro trimestre degravidez e pelasconcentrac¸ões depotássio.Além disso, aanálise da interac¸ãoentreomeiodetransporteeadistânciadescobriu evidênciadeumaperdanobenefíciodetransporteaéreoa umadeterminadadistância(tabela3),infelizmentenãobem definidaemnossosdados.
Tabela2 Índicesdeprevalência(IP)entreaaltahospitalar comsobrevidaeasvariáveisindependentes
Variável IP ICde95% p
Sexo 1,11 (0,79-1,55) 0,533
Peso
Menosde1.000g 1
Entre1.000e1.500g 1,69 (0,70-4,08) 0,242
Entre1.500e2.500g 1,74 (0,85-3,59) 0,131
Maisde2.500g 1,90 (0,96-3,76) 0,066
Doenc¸acongênita 0,82 (0,53-1,28) 0,384
Doenc¸acardiovascular congênita
0,71 (0,29-1,72) 0,441
Doenc¸asmaternasa 0,97 (0,66-1,41) 0,868
Doenc¸asnagravidezb 0,98 (0,69-1,39) 0,911
Doenc¸asuterinasc 1,14 (0,58-2,25) 0,694
Fatoresderisco maternosd
0,96 (0,68-1,38) 0,841
Semcuidadopré-natal 0,85 (0,47-1,52) 0,576
Meiodetransporte
Ambulânciaaérea 1
Ambulânciaterrestre 3,29 (1,29-8,41) 0,013
Hemorragiacerebral 0,68 (0,37-1,25) 0,209
Doenc¸acardíaca 0,65 (0,31-1,39) 0,267
Distânciaemkm 0,99 (0,99-1,0) 0,947
Frequênciarespiratória 1,09 (1,03-1,14) 0,001
Saturac¸ãodeoxigênio 1,05 (1,0-1,1) 0,028
Pesonainternac¸ão 1,00 (1,00-1,00) 0,000
FiO2 0,98 (0,96-0,99) 0,003
pH(inferiora7,2) 0,79 (0,55-1,13) 0,196
pCO2 0,97 (0,95-0,99) 0,011
Sódio 1,12 (1,02-1,23) 0,018
Potássio 0,63 (0,43-0,92) 0,017
Hemoglobina 1,34 (1,13-1,59) 0,001
Hematócrito 1,10 (1,04-1,17) 0,001
Nitrogênioureico 0,95 (0,93-0,98) 0,001
TRIPS 0,91 (0,88-0,95) 0,001
TRIPS,ÍndicedeRiscodaEstabilidadeFisiológicanoTransporte.
a Inclui diabetes mellitus, infecc¸ões e o complexo Torch
(T,toxoplasmose;O,outras infecc¸ões; R,rubéola;C,
citome-galovírus;H,herpessimples1e2).
b Diabetesgestacional,pré-eclâmpsia,rupturaprematurade
membranas, ruptura da placenta, placenta prévia, gravidez
múltipla.
c Placentaprévia,rupturadaplacentaesangramentono
ter-ceirotrimestre.
d Fumoouusodedrogas,históricodeaborto,inexistênciade
cuidadopré-natal,idademenorde17anos.
Discussão
Tabela3 Índicesdeprevalênciaajustados(IPa)pelaalta hospitalarcomsobrevidaeomeiodetransporte
Variáveis IP ValordeP ICde95%
Meiodetransporte
Transporte terrestre
1
Transporte aéreo
0,65 0,128 0,38 1,13
TRIPS 0,99 0,005 0,98 0,99
Interac¸ão
Meiode transporte×
Distância (km)
1,0 0,14 0,99 1,00
Distância (km)
0,99 0,846 0,99 1,01
TRIPS,ÍndicedeRiscodaEstabilidadeFisiológicanoTransporte.
adiferenc¸aoriginalentretiposdeambulância foi confun-dida.Assim,neonatoscomdoenc¸asgravestransportadospor ar obtiveram umbenefício maior e seu risco de óbito foi igualadoao deneonatos com doenc¸as menoscomplicadas transportadosporterra.
O risco perinatal podeser avaliado em condic¸ões ide-ais, o que permite prever quais neonatos precisarão de cuidado especializado. Contudo, 40% das doenc¸as de alto risco não serão previsíveis e, portanto, uma quantidade deneonatospoderáexigirtransporteinter-hospitalarafim de receber cuidado inicial ou devido à complexidade do cuidado exigido.15 A seguranc¸a durante o transporte de
neonatostemsidodepreocupac¸ãoempaísesem desenvol-vimento,oquepodeafetaramortalidadeinfantil.Issose deveàfaltadefuncionárioscomexperiênciaemtransporte de neonatos e pode estar relacionado a eventos adver-soscomohipotermia,hipoglicemiaehipóxia.16 Alémdisso,
algunsestudosmostraramqueamortalidadeaumentacomo tempodedeslocamento.17 Assim,éimportantedeterminar
ascondic¸õesdeestabilidadecomoÍndicedeRiscoda Estabi-lidadeFisiológicanoTransporte(TRIPS),umtestequeavalia a condic¸ão fisiológicadeneonatos durante o transportee identificaosresultadosassociadosadiferentesequipesde transporte.18 Deacordocomumestudorecente,a
tempe-raturafoiavariávelcommaismudanc¸asnaescaladeTRIPS duranteotransporte.19
Entretanto,outrosfatorespodeminfluenciaroresultado final(mortalidade),comoosmeiosdetransporteeotempo dedeslocamento,nosquaisadistânciaeotempode deslo-camentopoderãoafetarresultadosadversos.Emboraalguns estudos tenhamrelatado que os resultados dependem da experiência daequipe responsável pelotransporte, e não dadistância,17 acreditamosque, nocaso da Colômbia,as
condic¸ões geográficas continuam a representar um obstá-culoàobtenc¸ãodequalidadedocuidado.Porexemplo,na Índia,otempoeadistânciamáximasdetransporteforam de560min e 299km,17 ao passoque, em nosso estudo,o
tempomáximodetransporteterrestrefoide1.044minea distânciamáxima,de660km.Issodemonstraasdiferenc¸as nageografiae/ounaqualidadedasrodovias.
Considerandoadistribuic¸ãodapopulac¸ãoedosservic¸os neonataisemalgunspaísesdesenvolvidos,sabe-sequeouso detransporteaéreoémuitoincomum.20 Enquantoisso,os
benefíciosnotransportedeneonatosporar empaísesem desenvolvimentonãoforam estudados, porém esse trans-portepodeserconsideradoumaopc¸ãodemelhorescuidados médicos.Alémdisso,poderáserdifícilreceberoscuidados oportunosdevidoàscondic¸õessociaiseàsdiferenc¸asna qua-lidadedos servic¸osentreregiões,bemcomo àscondic¸ões geográficas.
Odispostoacimaéaplicávelemumpaíscomoa Colôm-bia, no qual osservic¸ossão desiguais e as distânciassão maiores.Osdadosde paísesem desenvolvimentoindicam quediversosfatoresderiscodemortalidadeperinatalestão relacionadosaoacessoinsuficienteaservic¸osdesaúdeeà baixaqualidade (equidade),reforc¸am, assim,a importân-ciadamelhoriadaacessibilidadeedaqualidadedocuidado obstétricoeneonatalbásico.21Osdadosexistentestambém
sugeremque a implantac¸ão de um sistemade transporte deveseradaptadaàscondic¸õesgeográficasdecadapaís.22
Embora o transporte aéreo possa equalizar os resultados intra-hospitalares, a análise da interac¸ão entre distância emeiode transporteidentificaumatendênciana qualos pacientesenviadosdemaioresdistânciasqueviajampeloar estãoassociadosaumaprobabilidademenordereceberem altahospitalarcomvida.
Alémdisso, avaliamososfatoresmaternosassociadosà sobrevivência, relatados do local de origem, e descobri-mosque a hemorragia durante o terceiro trimestre erao único fator protetor da alta hospitalar com vida. Embora todossaibammuito bem queesseé um fatorderisco de morbimortalidadematernaeneonatal,osriscospodemser reduzidoscaso ocuidadosejaprestadodemaneirarápida eoportuna.23Foramobservadasdiferenc¸assignificativasna
explorac¸ãodadistribuic¸ãodehemorragiadeacordocoma idade gestacional.Foi encontrada uma tendênciana qual a hemorragia durante o terceiro trimestre eramaior nas idades gestacionais abaixo de 32 semanas. Contudo, isso nãosetornouumfatoradverso.Portanto,acreditamosque a hemorragia pode ser rapidamente observada pela mãe e, assim, levar a uma rápida busca por cuidados médi-cos resulta em melhores resultados, apesar da condic¸ão prematura.24UmestudofeitonoPerucomrelac¸ãoaossinais
dealertaquedesencadearamvisitasdeemergência desco-briuque o sangramento vaginal representouo percentual maisalto(87%)devisitas,seguidodareduc¸ãode movimen-tosfetaisefebre.25
Aslimitac¸õesdomodelodoestudodevemserlevadasem considerac¸ãonainterpretac¸ãodesses achados.Estefoium estudoobservacional, quepoderáconterresultados envie-sados,pois asvariáveis clínicas e terapêuticas associadas aocuidadointra-hospitalarnãoforamincluídas.Alémdisso, nãoconseguimosavaliarosquadrosclínicosnolocalde ori-gem.Issoimpediuquedeterminássemosadeteriorac¸ãonas condic¸ões durante o transporte. Além disso, ospacientes nãoforamavaliadosporumaescaladegravidadeclínicana internac¸ão.Issopoderiaterconferidoumvaloradicionalda gravidadedadoenc¸anainternac¸ãoeduranteasprimeiras horasnaunidade.
lembrarquenossaprincipalvariávelpreditoraeraotipode transporteequeosmelhoresresultadosforamobservados durantea análise bruta entre neonatos transportadospor terra.Ofatodequeessaassociac¸ãodesapareceunaanálise ajustadasugere que o tamanho daamostra foi suficiente paraexplorar aassociac¸ão dessavariável.Outralimitac¸ão foi a necessidade de tempo de deslocamento longo por terraantesdechegaraosservic¸osdetransporteaéreo,com mudanc¸asdealtitudedeaté600metros,bemcomootempo dedeslocamentodeaeroportosatéainstituic¸ãodesaúde, queleva45minutosnacidadeestudada.Porfim,emnosso estudo,nãoavaliamosfatoresadversosrelacionadosaotipo detransportecomoestudosanteriores.26
Considerando as dificuldades relacionadas ao tempo, seriabomfazerestudoscomregistrosdetalhadosdetempo de deslocamento para cada meio de transporte. Uma recomendac¸ãodosautoreséqueasinstituic¸õesconsiderem osprimeirosmomentosnotransportedopacienteo ponto departida paraa prestac¸ão de cuidadospor funcionários especializadosqualificados nocampo, a fim de aumentar avelocidadedorecebimento decuidadospor umaequipe ideal.
Nãoencontramosdiferenc¸asentreotransporteaéreoe terrestreem termosde alta com vida daunidade neona-tal.Ossistemasdetransportedevemserestabelecidosde acordocomasnecessidades decadaregião ecom as pos-sibilidades dosistema de saúde.Embora a Colômbiaseja umpaísem desenvolvimento, osistemadesaúdepermite ousodetransporteaéreo, independentementedotipode planode saúdeousituac¸ão socioeconômica. Otransporte aéreo é umaopc¸ão para neonatos em situac¸ão crítica ou ondeageografiatorneoacessodifícil.Comoconsequência dosachadosdesteestudo,a FCVimplantouemsuas aero-navesumaequipedemédicoseenfermeirosespecializados emtransporteaéreo.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
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