1 EssetrabalhoteveapoiodoCNPq,doPRONEXTreinamentoeCompor-tamentonoTrabalhoedaCAPES.Osautoresagradecemassugestões dosintegrantesdogrupoPRONEXedosconsultoresadhocdarevista paraaversãofinaldesseartigo.
2 Endereço: Universidade de Brasília, Instituto de Psicologia, Depar-tamentodePsicologiaSocialedoTrabalho,CampusDarcyRibeiro, Brasília,DF,Brasil70910-900.E-mail:rpilati@unb.br
EstudoEmpíricodosAntecedentesde
MedidasdeImpactodoTreinamentonoTrabalho
1RonaldoPilati2
JairoEduardoBorges-Andrade
UniversidadedeBrasília
RESUMO – O foco dos pesquisadores no campo do Treinamento e Desenvolvimento (T&D) tem sido a mudança de comportamentonotrabalho.Oobjetivodopresenteestudoécomparardoismodelosdeprediçãodestamudança,denominada, aqui,impactodotreinamentonotrabalho.Participaramdapesquisa426ex-treinandosdequatroorganizações.Foramutilizadas escalasvalidadasparaamensuraçãodasvariáveisdeestudoeosdadosobtidosforamsubmetidosaanálisesmultivariadas. Osprincipaisresultadosapontaramumadiferençadeprediçãoentreimpactodetreinamentoemprofundidadeeimpactoem largura.Alémdisso,umavariávelsituacionaldistalindicouumarelaçãopreditivacomestesdoisimpactos,mediadaporuma variável situacional proximal. Com base nesses resultados, argumenta-se que impactos em amplitude e em profundidade possuempreditoresdistintos,sendofacetasdiferentesdamudançadecomportamentonotrabalhoresultantedeT&D.
Palavras-chave: treinamento e desenvolvimento; mudança de comportamento; transferência de treinamento; modelos de predição.
AnEmpiricalStudyoftheAntecedentsof
TrainingImpactatWorkMeasures
ABSTRACT–The focus of researchers in theTraining and Development (T&D) field is behavior change at work.The objectiveofthepresentstudyistocomparetwopredictivemodelsforthischange,calledhere,trainingimpactatwork.The researchparticipantswere426ex-traineesfromfourorganizations.Validatedscaleswereusedtomeasurethevariablesinthis studyandthecollecteddatahavebeentreatedbymultivariateanalyticalprocedures.Themainresultshaveshownadifference inpredictionbetweentrainingimpactindepthandimpactinbreadth.Furthermore,adistalsituationalvariableshoweda predictiverelationshipwiththesetwoimpacts,mediatedbyaproximalsituationalvariable.Basedontheseresults,itisargued thattrainingimpactsindepthandinbreadthhavedifferentpredictors,beingdifferentfacetsofthebehaviorchangeatwork resultingfromT&D.
Keywords:traininganddevelopment;behaviorchange;transferoftraining;predictionmodels.
reação,aprendizagem,comportamentonocargo,mudança naorganizaçãoevalorfinal.Tradicionalmente,apesquisa empsicologiaaplicadaàavaliaçãodetreinamentoestudaos níveisdereação,aprendizagemecomportamentonocargo (Abbad,Pilati&Pantoja,2003).Maisrecentemente,éque aabordagemmultinívelnosestudosdepsicologiaorgani-zacional(Klein&Kozlowski,2000)começaainfluenciar as pesquisas visando o envolvimento de outros níveis de mensuração.
A mudança provocada pelo treinamento no nível de comportamentodotreinandonocargo,ounotrabalho,éum tópicoderelevânciaeinteressedosestudos,tendoemvista queamaioriadosmodelosdeinvestigaçãodesenvolvidos passou a ter esse nível como principal variável critério (Abbad,1999;Rodrigues,2000;Roullier&Goldstein,1993; Sallorenzo,2000;Tanembaum,Mathieu,Salas&Cannon-Bowers,1991).Borges-Andrade(2002)ressaltaquehouve umgrandeavançonodesenvolvimentodemedidasdecom-portamentonocargoounotrabalho,tendováriosestudos utilizadodiversasformasdemensuraçãodessefenômeno. Paraesseautor,amensuraçãodecomportamentonocargo ounotrabalhodeveresponderalgumasperguntascomo:(1) oquemedir,(2)emqueníveldecomplexidade,(3)como medire(4)quemdevefornecerosdados.Opresenteestudo Aconstruçãodemodelosparaamensuraçãoderesultados
detreinamentotemsidofocodeatençãodaspesquisasna áreadepsicologiaaplicada.Modelosinfluentespropõemuma classificaçãodeníveisdeavaliaçãodetreinamento(Hamblin, 1978;Kirkpatrick,1976).Outrosmodelos,inspiradosnos iniciais,propuseramumarelaçãocomplexaentremúltiplas variáveispresentesnaorganizaçãoeasmedidasderesultados detreinamento(Borges-Andrade,1982;Goldstein,1993). Essesmodelosmaisrecentescompreendemofenômenode treinamentoapartirdeumaabordagemsistêmica,oqueenri-queceuoestudodotreinamentonasorganizações,bemcomo possibilitouainvestigaçãodevariáveisquepodeminfluenciar oresultadodotreinamentonotrabalhodostreinandos.
buscaauxiliarnacompreensãodasduasprimeirasquestões norteadoras.
A mudança provocada no nível de comportamento no cargopoderiaseraferidapeloimpactodotreinamentono trabalho.SegundoHamblin(1978),esseconstrutoseriacom-postoporduasfacetas,aprimeiradenominadadeimpactoem profundidadeeasegundadeimpactoemamplitude.Anoção deimpactoemamplitudecorresponderiaaoefeitoprovocado pelotreinamentoemtodasascompetênciasexigidasparaa execuçãodastarefasdocargo,deformamaisabrangente,ea noçãodeprofundidadeseriarelativa,estritamente,àaplica-çãodaquelascompetênciasdesenvolvidasemtreinamento.
Abbad(1999)propõeumareanálisedoconceitodeimpacto dotreinamentoemamplitude,argumentandoqueessanoção teórica deveria ser atrelada à idéia de desempenho. Nessa linhadeargumentação,propõequeoimpactodotreinamento emamplitudeseriaoefeitodotreinamentonodesempenho produtivodotreinado,apósotreinamento,noambientede trabalho.A autora propôs uma diferenciação teórica entre transferência e impacto.A transferência de aprendizagem, queocorreentreasituaçãodetreinamentoeasituaçãode trabalho,seriamenosabrangentedoqueoconceitodeim-pactoesinônimodeimpactoemprofundidade.Dessaforma, poder-se-iaargumentarqueosconceitosdetransferênciae impactopossuemumarelaçãoentresi,mas,aomesmotempo, analisamcomponentesdiferenciadosdoqueHamblin(1978) definiucomomudançadecomportamentonocargo.Assim, impactodotreinamentonotrabalhoémedidoemtermosda transferênciadeaprendizagemedainfluênciaqueoevento instrucionalexercesobreodesempenhoglobalsubseqüente doparticipantedotreinamento.Especificamente,transferência deaprendizagemserefereàaplicaçãocorretanoambientede trabalho, de conhecimentos, habilidades ou atitudes adqui-ridas em situações de treinamento.Aquilo que o treinando transfereouaplicanotrabalhoéumanovaformadedesem-penharantigastarefase/ou,poroutrolado,umnovotipode desempenhoquenuncaanteshaviasidoexibido.Emqualquer dessescasos,impactoserefere,principalmente,àinfluência exercidapelotreinamentosobreodesempenhosubseqüente dotreinandoemtarefasimilaràquelaaprendidapormeiodo programainstrucional(Abbad,1999).Entretanto,oimpactodo treinamentonotrabalhonemsempresereduzàtransferência deaprendizagem.Habilidadesmetacognitivas,estratégiasde autogerenciamento,usodeferramentasdeinformática,lógica, metodologiacientífica,técnicasdeestimulaçãodacriatividade, umavezaprendidas,podemafetarodesempenhodoindivíduo emmuitasatividadesqueexecutadentrodaorganização.
Faz-se necessário esclarecer que os modelos clássicos têmdefinidoosconceitosdetransferênciadeaprendizagem eimpactodotreinamentoemamplitudecomoutrasnomen-claturas, mas com o mesmo sentido lógico. Por exemplo, nomodelodeHamblin(1978),anoçãodetransferênciade aprendizageménomeadadeimpactoemprofundidade,pois dizrespeitoaouso,notrabalho,doscomportamentosapren-didosemtreinamento.Jáanoçãodeimpactodotreinamento notrabalhoénomeada,nomesmomodelo,deimpactoem largura,poisdizrespeitoaoefeitoprovocadopelotreina-mentonasexigênciasfuncionaisdiáriasdoegresso.Assim, existemváriasformasdesenomearessefenômenoesuas facetas,masseuusológicopermaneceomesmo.
Émuitocomumobservarestudosnaliteraturaespecia-lizadaqueutilizamamedidadeimpactoemprofundidade (outransferência)paramensuraroresultadodotreinamento notrabalhodostreinandos(Burke,1997;Morin&Latham, 2000;Richman-Hirsch,2001;Roullier&Goldstein,1993; Stevens & Gist, 1997). Esse consenso da literatura acaba pordeixaràmargemanecessidadededelimitaçãoteórica e conceitual sobre o nível de complexidade da mudança decomportamentonotrabalho.Umadasformasdeseem-preenderumamelhordelimitaçãodofenômenoemestudo seriaarealizaçãodeanálisesconceituaissobreosconstrutos (Abbad,1999).Umaoutraseriaacomparaçãoempíricaentre modelospreditivosdasduasmedidas.Assim,inspiradonessa linhadeinvestigação,opresentetrabalhotemcomoobjetivo o teste comparativo entre modelos preditivos de impacto dotreinamento,quandoesteémedidoemamplitudeeem profundidade.
Paracomparaçãodepreditores,éfundamentalaiden-tificaçãodevariáveisantecedentesquetêmrelaçãocomas medidasdeimpactodotreinamento.Quevariáveisseriam essas?Muitosestudostêmreplicadosucessivamentemodelos preditivosquetomamvariáveisproximaisdocontextopós-treinamento (suporte à transferência de preditivosquetomamvariáveisproximaisdocontextopós-treinamento e/ou clima para a transferência) como preditores positivos de impactodotreinamentonotrabalho(Abbad,1999;HoltonIII, Bates,Seyler&Carvalho,1997;Pilati&Borges-Andrade, 2000;Roullier&Goldstein,1993).SegundoSalaseCannon-Bowers(2001),jáéconsensonaliteraturaqueasvariáveis docontextopós-treinamentoexercemumagrandeinfluência sobre a transferência do treinamento.Vários estudos, rea-lizados fora do Brasil, apresentaram evidências empíricas sobreessarelação.Abbad,PilatiePantoja(2003)chegaram à mesma conclusão, revisando estudos brasileiros. Com basenesseconjuntodeevidências,avariáveldesuporteà transferênciadetreinamentotorna-seintegrantedosmodelos preditivosdapresenteinvestigação,poisambasasfacetas doconceito(impactoemamplitudeeprofundidade)seriam fortementerelacionadas.
Hipótese1:Percepçãodesuporteàtransferênciadetreina-mentoseráumpreditordireto,forteesignificativodosdois impactosdotreinamentonotrabalho.
demetasdetrabalho,participaçãonosprocessosdetomada dedecisão,manutençãodacoerênciaentrediretrizesemetas, dentreoutros.Abbad(1999)apresentouindicaçõessobrea percepçãodostrabalhadoresdequeaorganizaçãoquerealiza umagestãododesempenholevaaumrelatodemaiorimpacto dotreinamentonotrabalho.Apesardenãoseremobserva-dasmuitasevidênciasempíricas,acompreensãoteóricado fenômenodepercepçãodesuporteorganizacionalaodesem-penhoindicaqueorganizaçõesquetêmumambientegeral maissuportivoteriam,também,condiçõesmaisadequadas paraaplicaçãodoaprendidonotrabalhoemgeral.Assim, apresenta-seasegundahipótesedoestudo.
Hipótese2:Percepçãodesuporteorganizacionalaodesempenho (gestãododesempenho)será:preditordiretoparaimpactoem amplitudeeparaimpactoemprofundidade,commenorvalor preditivoparaesseúltimo.
Variáveisrelativasaodesenhodotrabalhotambémexer-ceminfluênciasobreoresultadodotreinamentonotrabalho. ParaBorges-Andrade(1996),trabalhosmaiscomplexosede-safiadoresprovocariamumamaiordemandanatransferência doaprendido,tendoemvistaamaiorexigênciadastarefasda função.Paula(1992)observouquepessoasquedescreviam seustrabalhoscomomaisestimulantesedesafiadorestam-bémrelatavamqueoimpactodotreinamentoeramaior.A relaçãodotrabalhodesafiadorocorremaisintensamentecom impactoemamplitude,porseremfenômenosproximais.Isso sedeveaofatodequeoresultadoprovocadopelotreinamento nodesempenhogeralémaispróximodetodooescopoda tarefa.Devidoaoescopogeraldotrabalho,équeessepode sercompreendidopelotrabalhadorcomoestimulantee/ou desafiante.Nessesentido,oimpactoemprofundidadeémais distal,poisapenasumaaçãoinstrucionalnãopossibilitao retratodaexigênciaedesafiodaatividade.Dessaforma,a identificaçãodequaléopapelexercidopelotipodedesenho da tarefa sobre os dois indicadores de impacto do treina-mentonotrabalhoéimportante,umavezquepodemexistir distinçõesentreeles.
Hipótese3:Trabalhosmaisestimulantesedesafiadoresterão maiorrelaçãopreditivacomimpactoemamplitudeemenor comimpactoemprofundidade.
Método
Esseestudopodeserdefinidocomodecortetransversal, emqueéutilizadaumametodologiamultivariadadecontrole eanálisedevariáveis.
Participantes
Participaram da pesquisa 426 funcionários treinandos de quatro organizações situadas ou com sede no Distrito Federal.Aotodo,foiavaliadooimpactode29treinamentos, sendoquecadafuncionáriosomenteavaliouoimpactode umtreinamentorealizado.Dasquatroempresas,duaseram privadasdosetordetelecomunicações(291treinandos),mas comnegóciosdiferenciados(umadetelefoniaeoutradeTV
acabo),umainstituiçãopúblicadeensinosuperior(66trei-nandos)eumainstituiçãopúblicadepesquisaagropecuária (69 treinandos).A maioria dos participantes tinha o nível superiorcompleto(35,4%),seguidodenívelsuperiorincom-pleto(28,6%).Amédiadetempodetrabalhonaempresados participantesfoide6,16anos(d.p.=7,98).Alémdaavaliação deimpactotersidorealizadapelosfuncionáriostreinados, elatambémfoifeitaporumaamostradeseussupervisores imediatos,queutilizaramquestionáriosdehetero-avaliação em profundidade e largura. Foram recebidas apenas 110 hetero-avaliaçõesdeduasorganizações.
Instrumentos
Paraacoletadedados,foiaplicadoumquestionáriocom-postoporumconjuntodequestõesdeidentificaçãopessoale delevantamentodeindicadoresdemográficos(escolaridadee tempodetrabalhonaorganização).Osdemaisitensdoques-tionárioeramrelativosacincoescalasdemedida,asaber: – Impactodotreinamentonotrabalhoemamplitude:12
itens,associadosaumaescaladerespostaLikertdecinco pontosdeconcordância.MedidadesenvolvidaporAbbad (1999)comestruturaunifatorial(α=0,91).
– Impactodotreinamentonotrabalhoemprofundidade: compostaporitensquerelatavamosobjetivoscompor-tamentaisdotreinamento,seguindoarecomendaçãode Borges-Andrade(2002).Essesitensforamassociadosa umaescalaLikertdecincopontosdefreqüência.Uma escalaparacadaumdos29treinamentos.Nãohouvea possibilidadedesubmetê-laaumprocessodevalidação psicométrica.Asmedidasdeamplitudeeprofundidade foramcorrelacionadas(r=0,39;p <0,001)paraaferi-ção de validade concorrente. Melhores indicadores de impacto em profundidade devem ser elaborados para investigaçõesfuturas.
– Percepção de gestão dodesempenho:apresentadopor Abbad, Pilati e Borges-Andrade (1999).A escala é unifatorial com 13 itens ancorados a cinco pontos de concordância(α=0,87).
– Percepção de suporte à transferência do treinamento: desenvolvidaporAbbad(1999).Possuiestruturabifato-rial,comumfatormensurandoapercepçãodesuporte gerencial e social à transferência e o segundo fator avaliandoapercepçãodesuportematerial.São22itens associadosaumaescaladeconcordânciadecincopontos (αssuperioresa0,85).
– Percepção de trabalho desafiador e estimulante: escala apresentadaporPaula(1992),semprocessodevalidação. Seteitensancoradosemcincopontosdeconcordância. Nessaamostra,aanálisedecomponentesprincipais(PC) indicouqueamatrizdedadoserarazoavelmentefatorável (KMO=0,77)equeamelhorsoluçãoeraaextraçãodeum fator.Aanálisefatorialdefatoraçãodoseixosprincipais (PAF)comumfatorapontouqueseisitenspermaneceriam nasolução(cargasfatoriaissuperioresa0,30)eoíndice deconsistênciainternafoirazoável(α =0,72).Ressalta-sequeestamedidaprecisaseraperfeiçoadaparaestudos futuros,visandoumamelhormensuraçãodoconstruto. – Hetero-avaliação em amplitude e profundidade: duas
redigidosemterceirapessoa.FoidesenvolvidaporAbbad (1999)evalidadaporBorges-Andrade,Azevedo,Perei-ra,RochaePuente(1999)eMeneses(2002)combons índices psicométricos (α > 0,85).A segunda era uma versãoemterceirapessoadaauto-avaliaçãodeimpacto emprofundidade.
Procedimentos
Osquestionáriosforamaplicadosnomínimotrêsmeses apósotreinamento.Talaplicaçãosedeucoletivamenteem umadasorganizações,individualmenteemumasegundae nasoutrasduashouveenviodosinstrumentosparaostreina-dospormeiodemalotesinternosoucorreioeletrônico.Nessa últimaestratégiadecoleta,oquestionáriofoienviadoemum arquivodeeditordetextoanexadoàmensagem.
Análisededados
Inicialmente,foramfeitasinspeçõesparaidentificarerros de digitação. Foram gerados escores, por meio da média aritmética,paracadaumdosfatoresdasescalasutilizadasna pesquisa.Osdadosforamsubmetidosaanálisesexplorató-rias,visandosuaadequaçãoaomodelolineargeral,talcomo recomendadoporTabachnickeFidel(2001).Foidetectado quemenos5%dosdadosdasauto-avaliaçõesforamomitidos pelosrespondentes.Decidiu-sesubstituí-lospelamédiageral. Nãoforamdetectadoscasosextremosdenenhumanatureza (univariadosemultivariados).Gráficoscumulativosdepro-babilidade,histogramascomcurvadensidadeeindicadores desimetriaeachatamentonãoapontaramparaproblemas significativos de normalidade nas variáveis. Na inspeção dosgráficosdedispersão,paradetecçãodemulticolineari-dade, observou-se alta correlação entre algumas variáveis preditoras.Essasrelaçõespoderiamlevaradificuldadesnos modelos de regressão.As soluções para esses problemas serãoapresentadasnaseçãoderesultados.
Para testar a estrutura empírica das medidas para esta amostra,todasasescalasforamsubmetidasaanálisesfato-riaisexploratóriasdefatoraçãodoseixosprincipais(PAF) com rotação oblíqua. Para testar e comparar os modelos propostos,foramrealizadasanálisesderegressãomúltipla (padrãoehierárquica)emodelagemporequaçõesestruturais, pormeiodoprogramaAMOS(versão4.0).
Resultados
Asanálisesfatoriaisindicaramqueaescaladeimpactodo treinamentonotrabalhoemamplitude,validadaporAbbad (1999),replicourigorosamenteamesmaestruturadesuaamos-tradevalidação,comcargasfatoriaisvariandoentre0,49a 0,72.Aescaladepercepçãodegestãododesempenho,validada porAbbad,PilatieBorges-Andrade(1999),tambémobteve estruturaidênticaàquelaencontradanoestudodevalidação, comcargasvariandode0,40a0,81.Aescaladepercepção de suporte à transferência de treinamento foi parcialmente corroborada, pois a estrutura inicial bifatorial apresentada porAbbad(1999)apresentoualgunsitensdeumfatorcom cargasmaioresque0,30emoutro.Porestemotivo,optou-se porutilizaraestruturafatorialobservadanaamostradevali-daçãodoinstrumento,graçasàsevidênciasdecorroboração dessaestrutura(Abbad,Sallorenzo,Gama&Morandini,1999; Bastos,Fernandes&Viana,1999;Borges-Andrade,Morandini &Machado,1999;Pantoja,1999).Osdadosdaescaladeper-cepçãodetrabalhodesafiadorforamapresentadosnaseçãode métodoeaescaladeimpactodotreinamentoemprofundidade nãofoisubmetidaanenhumprocessodefatoraçãoporqueera específicaparacadatreinamento.
Oprimeiromodeloderegressãotestadofoiodavari-ávelcritérioimpactodotreinamentoemamplitude(ITA). Foramvariáveispreditoras:trabalhodesafiadoreestimulante (TDE),percepçãodegestãododesempenho(GD),suporte materialàtransferência(SMT)esuportegerencialesocial àtransferência(SGST).Osdadosapontaramqueomodelo explicouavariabilidadedeITA(R2ajustado=0,37)eque algumasvariáveispreditoraspossuemrelaçãoinvertidacom ITA,comopodeserobservadonaTabela1.
Asúnicasvariáveisqueforampreditorassignificativassão TDEeSGST.Ascorrelaçõesdetodasasvariáveispreditoras comacritériosãoaltas,positivasesignificativas.Segundo CoheneCohen(1983),oefeitoobservadonaanálisedere-gressãoapresentadanaTabela1éresultadodeumasupressão dentrodopacotedevariáveispreditoras.
Para identificar a contribuição individual de cada va-riável, foi realizada uma análise de regressão hierárquica comquatropassos.Emcadapassofoiinseridaumavariável antecedentenaseguinteordem:TDE,GD,SMTeSGST. OsdadosapontaramqueasvariáveisGDeSMTexplicam significativamenteavariabilidadedeimpactodotreinamento.
Tabela1.Resultadosdaanálisederegressãopadrãoparavariávelcritérioimpactodotreinamentoemamplitude(ITA)
Variáveis (VC)ITA TDE GD SMT SGST B β sri2
TDE 0,455* 0,176* 0,208 0,03
GD 0,461* 0,632* -0,02 -0,027
SMT 0,413* 0,486* 0,637* -0,04 -0,089
SGST 0,593* 0,543* 0,731* 0,740* 0,393* 0,565 0,11
Média 3,89 3,74 3,31 3,22 2,89
Desvio-padrão 0,59 0,70 0,77 1,18 0,85
Intercept=2,30 R2=0,38
R2Ajus.=0,37
Apósainserçãodavariáveldoúltimopassonota-se,nova-mente,oefeitodesupressão,comoocorridonaregressão padrão(verTabela1).
Osegundomodelotestadotevecomovariávelcritérioim-pactodotreinamentoemprofundidade(ITP).Osresultados daregressãomúltiplapadrãodessemodelosãoapresentados naTabela2.
Este modelo explica muito menos variância do que o modeloanterior(R2ajustado=0,05,ouseja,5%aoinvésde 37%doprimeiromodelo).Apesardacorrelaçãobivariada entreITPeSGSTserpequenaenãosignificativa,observa-se queelaéumpreditorpositivoemarginalmentesignificativo (p≤ 0,001).Esseefeitopodeserumasupressãodevidoàre-dundânciaentreessavariávelesuportematerial.Paraavaliar acontribuiçãoindividual,tambémfoirealizadaumaanálise hierárquica,inserindoumavariávelpreditoraporpasso,na seguinteordem:TDE,GD,SGSTeSMT.Osresultadosdessa análisecorroboramosdaquelesapresentadosnaTabela2. Nocasodessemodelo,asupressãopodeserdevidaàalta correlação entre as variáveis de suporte à transferência e gestãododesempenho.
Com base no conjunto de resultados das análises de
regressão,hipotetizou-sequeaprediçãodegestãododesem-penhosobreasduasmedidasdeimpactodotreinamentono trabalhopoderiasermediadaporsuporteàtransferênciade treinamento.Porestemotivodecidiu-sesubmeterosdados aumamodelagemporequaçõesestruturais.Essatécnicafoi escolhidadevidoa:(1)seucaráterconfirmatório,justificado pelosmodelosdepesquisadaárea(Salas&Cannon-Bowers, 2001)e(2)pelarobustezdatécnicaparaaferirmediações. AFigura1descreveoprimeiromodelo(impactoamplitude –ITA–comoendógenaprincipal)eoscoeficientesobtidos. OsegundomodeloéapresentadonaFigura2eavariável endógenaprincipaléimpactoemprofundidade(ITP).
ComopodeserobservadonaFigura1,avariávelsuporte àtransferênciadetreinamento(SupT)foidefinidacomouma variávellatente,compostapelosseusdoissubfatores(SMTe SGST).Essaestruturafoidefinidadevidoàforteindicação daexistênciadeumtraçolatentecompostopelasduassub-escalas.Asdemaisvariáveisforamtratadascomoobservadas, tendoemvistaaaferiçãopréviadesuasestruturasempíricas edanecessidadedeparcimôniadomodelo.
Aestimaçãodosparâmetrosfoirealizadapormeiodo ML (Maximum Likelihood). O indicador de normalidade multivariada(Arbukle&Worth,1999;Mardia,1971)apon-touqueosdadossãoajustadosparaanálisesdeestruturasde
Tabela2.Resultadosdaanálisederegressãopadrãoparavariávelcritérioimpactodotreinamentoemprofundidade(ITP)
Variáveis (VC)ITP TDE GD SMT SGST B β sri2
TDE -0,03 0,07 0,06
GD -0,08 0,632* -0,08 -0,07
SMT -0,184 0,486* 0,637* -0,25* -0,33 0,05
SGST -0,044 0,543* 0,731* 0,740* 0,23* 0,22 0,02
Média 2,76+ 3,74 3,31 3,22 2,89
Desvio-padrão 0,89 0,70 0,77 1,18 0,85
Intercept=2,87 R2=0,06
R2Ajus.=0,05
r=0,236 *p≤0,007
+AescaladessavariáveleraLikertdefreqüênciaancoradadecincopontos(variandode0a4).
Figura 1. Modelo de impacto em amplitude (ITA) com parâmetros
estimados Figura 2estimados. Modelo de impacto em profundidade (ITP) com parâmetros
SupT
SGST
0,06 erro 1,00
1 SMT
0,55 erro 1,12
1 0,60
GD ITA
0,48
TDE
0,81 0,37
0,15
0,27
D 1
0,22 Erro
1 0,34
SupT
SGST
0,12 erro 1,00
1 SMT
0,48 erro 1,23
1 0,60
GD ITP
0,48
TDE
0,80 -0,14
0,06
0,22
D 1
0,78 Erro
covariância.Todososcoeficientesderegressãoobservados naFigura1sãosignificativos,bemcomoasvariâncias.Os índices de ajuste do modelo aos dados foram muito bons (χ2=27,60;RMR=0,03;CFI=0,98;RMSEA=0,12),com exceção do RMSEA, considerado elevado no critério de MacCallum,BrowneeSugawara(1996).Essesindicadores possibilitam afirmar que o modelo proposto se ajusta aos dados,corroborandoahipótesedequearelaçãoentreGD eITAémediadapelaestruturalatenteSupT.Alémdisso, aindapode-seobservar,nomodelodaFigura1,queexiste umacorrelaçãosignificativaentreGDeTDE,reforçandoa noçãodequeaspessoasquepercebemseutrabalhocomo mais estimulador tendem a perceber maior gestão de seu desempenhoporpartedaorganização.Aindafoiobservada uma relação preditiva positiva e significativa de trabalho desafiadoreestimulantesobreimpactodotreinamentono trabalho.
Para o segundo modelo, as estimações também foram realizadas por meio do ML. O indicador de normalidade multivariada apontou que os dados são ajustados para as análises.ApenasocoeficientederegressãodeTDEsobre ITP não foi estatisticamente significativo. Os índices de ajustedomodeloaosdadosforammuitobons(χ2=32,54; RMR=0,04;CFI=0,97;RMSEA=0,13),comexceção, novamente,doRMSEA.Pôdeserobservadaumapredição positivadegestãodedesempenhosobresuporteàtransfe-rência.Asdiferençasmaisimportantesdessemodeloparao anteriorcentram-senaausênciadesignificânciadapredição detrabalhodesafiadoreestimulante(TDE)sobreimpacto emprofundidadeedarelaçãopreditivanegativadesuporte àtransferência(SupT)sobreimpacto.Essarelaçãonegativa émarginalmentesignificativaeocoeficiente(-0,14)nãoé elevado,indicandoqueapercepçãodesuporteatransferência nãoérelevanteparapredizeroimpactoemprofundidade.
Asanálisesdashetero-avaliaçõesindicaramqueapenas umapequenaporcentagemdavariação(aproximadamente 4%)dasduasmedidascritériodesseestudofoipreditapelo conjuntodevariáveisantecedentes.Umfatorquedificulta aanálisedessashetero-avaliaçõeséabaixadevoluçãode questionáriosrespondidosporpartedossupervisores.Assim, optou-se pela não utilização desses dados. Entretanto, foi realizadaumacorrelaçãobivariadasimplesentreasautoe hetero-avaliações, observando-se que possuem correlação positiva (amplitude:r = 0,27;p = 0,004 e profundidade:
r=0,18;p nãosignificativo).Essesdadoscorroboramacha-dosjárelatados(Borges-Andrade&Siri,2000).
Discussão
Devidoaopadrãoderedundânciaentreasvariáveisde percepçãodesuporteorganizacionalesuporteàtransferência detreinamento,amelhorestratégiaadotadafoiotesteda relaçãodavariávelcontextualdistalmediadapelavariável contextualproximal.
Testando a relação mediada pode-se observar que a primeirahipótesepropostafoiparcialmentecorroborada.A percepçãodesuporteàtransferênciadetreinamentoapenas éumpreditorforteesignificativodeimpactoemamplitude, característicanãoobservadaemimpactoemprofundidade, ondeocoeficientederegressãofoiapenasmarginalmente
significativoenegativo.Esseresultadoindicaqueexisteuma diferençadeprediçãoentreosdoismodelos,umavezquea percepçãodeumclimasuportivoparaatransferêncialeva ostreinandosarelataremummaiorimpactoemamplitude, oquecorroboraestudosanteriores(Abbad,1999;Pilati& Borges-Andrade,2000;Sallorenzo,2000)ereforçaanoção dequeumambientepós-treinamentomaissuportivopossi-bilitaumamodificaçãododesempenhodotreinado.
Jáamesmasituaçãonãoéobservadaparaimpactoem profundidade,ondearegressãotemcoeficientenegativo,ou seja,quantomenorapercepçãodeumambientesuportivo maiororelatodeimpactoemprofundidade.Esseresultado podeserdevidoàcaracterísticamenosinstrumentaldostrei-namentosanalisados,umavezqueestespodemexigirmenos ousodeequipamentos,nãosendoaquestãomaterialuma variávelsalienteparainfluenciarnafreqüênciadeusodas competênciasnotrabalho.Umaoutrapossibilidade(graçasà significânciamarginaldessavariável)éamenorimportância atribuídaaquestõesambientaisparaousodascompetên-cias no trabalho, uma vez que esse uso estaria atrelado a questões intrínsecas do treinamento e, conseqüentemente, menossujeitoavariaçõesambientais.Então,comrelação àprimeirahipóteseelaboradanesseestudo,observa-seque houvecorroboraçãoparcial.Umadiferençaentreosmodelos tambémpodeserdestacada,umavezqueopapeldesuporte àtransferênciaédiferenteparacadaumdeles.
Asegundahipótesedoestudofoicompletamenterefu-tada,umavezquearelaçãoentrepercepçãodegestãodo desempenhoeimpactosdotreinamentonãofoidireta.Uma novaevidênciaempíricaimportanteproporcionadaporeste estudodizrespeitoaofortecaráterpreditivoentreavariável desuporteorganizacionalaodesempenhoesuporteàtransfe-rência.Essetipodeprediçãoéimportante,poisumavezque aspessoasquerelatammaiorpercepçãodequeaorganização realizagestãodeseudesempenhotambémtendemaperceber maiorsuporteàtransferênciadetreinamento.Dessaforma, acriaçãodeambientesmaissuportivosaodesempenhona organizaçãopossibilitariatambémageraçãodecondições específicasnecessáriasàaplicaçãodoaprendidonotrabalho noambientepós-treinamento.Combasenesseresultadoé quepodemsertraçadasrelaçõesdealgumasvariáveisorga-nizacionaisdistaiscomimpactodotreinamentonotrabalho. Asevidênciasnaliteraturasãodifusasenãoexistemmuitos estudosqueindiquemtalrelação.Leitão(1994)procurou traçarrelaçõesentreclimasocialnotrabalhoeimpactodo treinamentoemamplitude,masaautoranãoobservouevi-dênciasempíricasquesustentassemtaisrelações.JáAbbad (1999),utilizandoalgunsindicadoresdepercepçãodesuporte organizacional,encontroualgumasrelações,masaautora nãochegouatestararelaçãomediadaporoutrasvariáveis proximais.Assim,osresultadosdesseestudoapontampara a importância da criação de ambientes favoráveis para a gestãododesempenhodosfuncionários,oquepoderiale-varaumambientesuportivoparaaaplicaçãodoaprendido notrabalho.Deve-seressaltaraindaqueparaomodelode impactoemprofundidade,ainfluênciadessetipodevariável seriareduzida,tendoemvistaqueapercepçãodesuporteà transferêncianãoéumpreditormuitoimportante.
impactoemamplitudeenãofoiparaimpactoemprofundi-dade.Essarelaçãopositivaestáassociadacomanaturezados construtosdeimpactodotreinamentonotrabalho.Anoção deimpactoemamplitudetemumamaiorproximidadecom aidéiadetrabalhoestimulanteedesafiador,poisversasobre odesempenhonotrabalhodeformamaisgeral,diferentedo queocorrecomimpactoemprofundidadequeéespecífico paraascompetênciasadquiridasemtreinamento.Assim,uma percepçãodedesafioeestimulaçãoemtodooconjuntode competênciasesperadasnotrabalhotenderiaalevarauma avaliaçãodemaiorresultadopositivo,proporcionadopelo treinamento.Paula(1992)encontroualgumasrelaçõesentre trabalhodesafiadoreimpactonotrabalho,tendoagoraseus resultadossidocorroboradosnopresenteestudo.
Asevidênciasobservadasnesseestudoapontampara umadiferençadepreditoresentreasduasfacetasdeimpacto do treinamento no trabalho (amplitude e profundidade/ transferência).Essetipodeindicaçãoreforçaanoçãode queessesconceitossãofacetasdiferentesdeummesmo fenômeno,tendoemvistaqueosmodelosdeprediçãosão diferentes.Umapossibilidadeaventadaporalgumaspro-posiçõesconceituaissobreoresultadodotreinamentono trabalho(Abbad,1999),apontaparaumapossívelrelação de predição de impacto em profundidade (transferência) sobreimpactoemamplitude,tendoemvistaqueoresulta-dodotreinamentonotrabalhopassapelatransferênciadas competênciasespecíficasadquiridasemtreinamentopara otrabalho,oqueseriaumadasvariáveisqueprovocariaa alteraçãonodesempenho.Deve-seressaltarqueexisteum conjuntodeoutrasvariáveisprovocadorasdessaalteração nodesempenhonotrabalho,comoasvariáveiscontextuais (utilizadastambémnesseestudo)eindividuais,comoestra-tégiasmetacognitivas.Comessacompreensão,ofenômeno deresultadodotreinamentonotrabalhopoderiaserenten-didopormeiodeumasériedeconceitosquelevariamasua instânciafinal,queéoimpactoemamplitudeouoresultado provocadopelotreinamentonodesempenhodostreinandos. Futuramente, é importante o estudo da relação preditiva queosconstrutosrelacionadosaresultadonotrabalhotêm sobre sua instância final, pois esse tipo de investigação podeajudaracompreenderofenômenoediferenciá-lode questõescorrelatasquepodemcausarconfusãonaprodução deconhecimentodaárea.
Éimportanteressaltarqueesteestudopossuialgumas limitações,comootipodemedidautilizadaparaimpactoem profundidade,queinviabilizaaaferiçãodesuaestruturaem- pírica.Acaracterísticafalhadessamedidapodeterinfluen-ciadoasanálisesdosmodelos,levandoacorrelaçõesespúrias ououtrosefeitosindesejados.Sugere-sequenovosestudos sejamfeitosparaamelhoriadessamedida,exatamentepara queresultadosmaisconfiáveissejamalcançados.Borges-Andrade(2002)apontaqueexistemalgumasevidênciasna literaturadequeasmedidasemprofundidadesãoconfiáveis, masaimpossibilidadedevalidaçãoempíricaparacadaescala aindatrarásuspeitasobreotipodevalidadedessasmedidas, umavezqueessesresultadossãosempreprovenientesde amostrasindependentesenãocomparáveis.Talvez,como incrementodeavaliaçõesdeaprendizagem,apossibilidade deconstruçãodemedidasdetransferênciaválidaseconfiá-veisaumente,poisobjetivosbemdescritos(comorequerem
provasválidasdeaprendizagem)facilitariamaconstruçãode medidasválidasemprofundidade.Borges-Andrade(2002) tambémapontaparaoutrosesforçosdeconstruçãodeme-didasdetransferênciaeimpacto.Essesesforçosressaltam a importância de que novos estudos procurem comparar modelospreditivosdosdoisprincipaisconstrutosindicado-resderesultadodotreinamentonotrabalho,masutilizando diversasformasdemensuração.
Umaoutralimitaçãodizrespeitoàimpossibilidadede realizaçãodeestudosderelacionamentodasduasmedidas dehetero-avaliação.Semdúvida,abuscademúltiplasfontes deavaliaçãopodeauxiliarnareduçãodeerrosinferenciais (Fiske,1995)comumenteobservadosemmedidasperceptuais. Borges-Andrade(2002)apontaqueamelhorestratégiaéouso demúltiplasfontesdeinformação,natentativadereduçãode erroscomunsdejulgamento.Dessaforma,faz-senecessário que outros estudos alcem esforços para compreender as variáveispreditorasdehetero-avaliações,comojápodeser observadonaliteraturaanteriormentecitadaaqui.
Muitosesforçosaindadevemserrealizadosparaacom-preensãoedelimitaçãoempíricaeconceitualdosconstrutos demudançadecomportamentonocargo.Esseestudotem implicaçõesparaainvestigaçãonaárea,umavezqueauxilia oesforçodedescriçãodofenômenoemquestão.Também existemimplicaçõespráticas,poisapontaparaaimportância dequeasorganizaçõesinvistamemsistemasdeavaliação detreinamentoquebusquemaferirosdiversosindicadores demudançadocomportamentonocargo,poiselespodem trazersubsídiosimportantessobreoprocessodeavaliação, quenorteiatodaatomadadedecisãodasaçõeseducacionais dasmesmas.
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Recebidoem11.06.2003 Primeiradecisãoeditorialem04.03.2004 Versãofinalem11.03.2004