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Conhecimento dos enfermeiros sobre a técnica de inserção do cateter central de inserção periférica em recém-nascidos.

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18(2):[08 telas] mar-abr 2010 www.eerp.usp.br/rlae

Endereço para correspondência: Solange Antonia Lourenço Hospital do Coração - HCor

Rua Desembargador Eliseu Guilherme, 147 Paraíso

CEP: 04003-905 São Paulo, SP E-mail: sollourenco@terra.com.br

1 Enfermeira, Mestre em Enfermagem, Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica, Hospital do Coração, SP, Brasil, E-mail: sollourenco@terra.com.br.

2 Doutor, Professor Associado, Departamento de Enfermagem, Universidade Federal de São Paulo, SP, Brasil. E-mail: consilva@denf.epm.br.

A utilização do cateter central de inserção periférica (PICC), principalmente em unidades de

terapia intensiva neonatal, é uma conquista da enfermagem constituída por trajetória de

esforços que conduziu a um novo desafio - o aperfeiçoamento do exercício dessa prática.

Este artigo teve como objetivo verificar o conhecimento teórico-prático adquirido pelos

enfermeiros, nos cursos de qualificação, sobre alguns aspectos da técnica de inserção do

PICC em recém-nascidos. Trata-se de estudo descritivo, de natureza quantitativa, que

utilizou como instrumento de pesquisa um questionário com nove questões. A população

constituiu-se de 40 enfermeiros qualificados para inserção do PICC em neonatos. Os

resultados mostraram que, segundo a atribuição conceitual estabelecida para o estudo,

os enfermeiros apresentaram conhecimento ruim sobre esses aspectos, denotando a

necessidade de atualização e aperfeiçoamento constante dos enfermeiros sobre essa prática

para melhorar a qualidade da assistência prestada aos recém-nascidos.

DESCRITORES: Enfermagem Neonatal; Educação em Enfermagem; Cateterismo Periférico;

Cateterismo Venoso Central.

Solange Antonia Lourenço

1

Conceição Vieira da Silva Ohara

2

Conhecimento dos enfermeiros sobre a técnica de inserção do

(2)

Nurses’ Knowledge about the Insertion Procedure for Peripherally Inserted Central Catheters in Newborns

The right to practice the Peripherally Inserted Central Catheter (PICC) technique, mainly

in neonatal intensive care units, was achieved by nursing and consists of efforts that

lead to a new challenge: the improvement of the practice of this procedure. This study

determined and evaluated the theoretical and practical knowledge acquired by nurses in qualiication courses concerning aspects of PICC line insertion in the case of newborns. This descriptive and quantitative study used a questionnaire with nine questions to collect data. The study population was composed of 40 nurses qualiied to insert a PICC line in newborns. According to the conceptual knowledge scale established for this study,

the results reveal that the nurses have inadequate knowledge concerning the studied

aspects, indicating the need for nurses to constantly update and improve their knowledge

about this practice so as to better the quality of care delivered to newborns.

DESCRIPTORS: Neonatal Nursing; Education, Nursing; Catheterization, Peripheral;

Catheterization, Central Venous.

Conocimiento de los enfermeros sobre la técnica de inserción del catéter central de inserción periférica en recién nacidos

La utilización del catéter central de inserción periférica (PICC), principalmente en

unidades de terapia intensiva neonatal, es una conquista de la enfermería constituida por

una trayectoria de esfuerzos que condujeron a un nuevo desafío - el perfeccionamiento del ejercicio de esa práctica. Este artículo tuvo como objetivo veriicar el conocimiento teórico y práctico adquirido por los enfermeros, en los cursos de caliicación, sobre algunos aspectos de la técnica de inserción del PICC en recién nacidos. Se trata de un estudio

descriptivo, de naturaleza cuantitativa, que utilizó como instrumento de investigación

un cuestionario con nueve preguntas. La población se constituyó de 40 enfermeros caliicados para inserción del PICC en neonatos. Los resultados mostraron que, según la atribución conceptual establecida para el estudio, los enfermeros presentaron un nivel

de conocimiento malo sobre esos aspectos, denotando la necesidad de actualización

y perfeccionamiento constante de los enfermeros sobre esa práctica para mejorar la

calidad de la asistencia prestada a los recién nacidos.

DESCRIPTORES: Enfermería Neonatal; Educación en Enfermería; Cateterismo Periférico;

Cateterismo Venoso Central.

Introdução

Dentre as muitas intervenções realizadas em

recém-nascidos, nas unidades de terapia intensiva

(UTI), a instalação de um cateter intravascular é a mais

frequente. A gravidade da condição clínica que o

recém-nascido apresenta determina a terapia intravenosa que será administrada, deinindo, dessa forma, o tipo de cateter adequado ao tratamento(1-2).

A cateterização venosa central é opção muito

utilizada principalmente em pacientes com instabilidade

hemodinâmica. Pode ser realizada por punção

ou dissecção para monitorização hemodinâmica,

administração de suporte nutricional, infusão de

drogas ou soluções hiperosmolares com propriedades

irritantes e/ou vesicantes. A incidência de complicações

oriundas desse procedimento variam conforme o tipo

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tempo de permanência e fatores pessoais. A ocorrência

de infecções da corrente sanguínea, relacionadas

a cateteres vasculares nos pacientes pediátricos,

apresentam densidade de 1,7 a 2,4 infecções por mil/

cateteres/dia instalados. Essas complicações predispõem

os recém-nascidos ao agravamento do quadro clínico,

pela possibilidade de colonização microbiológica dos

cateteres, por bactérias e fungos, que podem causar

infecção da corrente sanguínea, de forma generalizada,

aumentando diretamente as taxas de morbidade e

mortalidade nessa população(2-5).

Na década de 70 do século XX, nos Estados Unidos

da América (EUA), desenvolveu-se um dispositivo que,

inserido em veias periféricas e progredido até vasos

centrais, adquire caracteríticas de cateter central.

Inicialmente implantado em UTI, foi denominado PICC,

sigla, em inglês, que designa o cateter central de inserção

periférica. É uma alternativa segura de acesso central de

permanência prolongada que permite a administração

de soluções de alta osmolaridade e extremos de pH, ou

vesicantes, às veias periféricas(6).

No Brasil, utiliza-se esse cateter há

aproximadamente duas décadas. A Resolução 258/2001,

do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), no artigo

1º, considera lícito ao enfermeiro a inserção do PICC,

mas complementa, no artigo 2º, que todo enfermeiro

que desejar desempenhar essa atividade deverá submeter-se a um curso de qualiicação devidamente regulamentado(7).

Nos cursos desenvolvidos para qualiicação na

inserção do PICC em neonatologia, promovidos por

sociedades e instituições particulares, até o momento,

abordam-se diversos aspectos do conhecimento

teórico-prático sobre a utilização do PICC. Em geral, esses

cursos possuem carga horária média de 24 horas,

compreendendo aulas teóricas e práticas.

Reletindo sobre as experiências vivenciadas na utilização do PICC nos últimos dez anos, surgiu uma

inquietante indagação: a sustentação teórico-prática desenvolvida nos cursos de PICC é suiciente para respaldar o enfermeiro frente aos cuidados necessários,

na realização dessa prática? Esses cursos oferecem os

subsídios necessários para a realização da inserção do

cateter com segurança?

Neste estudo, pretendeu-se veriicar o conhecimento teórico-prático adquirido pelos enfermeiros que frequentaram os cursos de qualiicação, sob alguns aspectos da técnica de inserção tais como: a orientação e

o esclarecimento aos familiares sobre o procedimento, o

preparo do recém-nascido, do enfermeiro e de materiais

para a técnica, a mensuração do cateter a ser inserido,

o preparo do cateter para a inserção, a antissepsia

realizada na pele e a forma de inserção do cateter.

Objetivo

Este estudo teve como objetivo veriicar e avaliar alguns aspectos do conhecimento teórico-prático dos

enfermeiros sobre a técnica de inserção do PICC em

recém-nascidos.

Método

Trata-se de estudo descritivo, cuja coleta de dados

foi realizada em novembro de 2006, durante uma reunião cientíica, promovida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa da Terapia Intravenosa em Pediatria do NECAd (Núcleo de Estudos da Criança e do Adolescente). O estudo foi

aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da UNIFESP,

sob nº0119/06.

O evento teve como inalidade promover a coleta de dados para essa pesquisa e, adicionalmente,

incentivar a discussão da temática com especialistas

na área. Foram ministradas palestras por enfermeiros

experientes na utilização do PICC. Determinou-se como público-alvo enfermeiros que atuassem em unidades de

terapia intensiva neonatal (UTIN) ou pediátrica (UTIP) e que fossem qualiicados para realizar a passagem do cateter em recém-nascidos. A convocação desses

enfermeiros foi feita através de um convite tipo folder,

a 26 hospitais do município de São Paulo, previamente

selecionados, endereçados à gerência de enfermagem e/

ou educação continuada dessas instituições, contendo a

programação do evento. Os hospitais foram selecionados

por possuírem UTIN, UTIP, ou ambas, após a realização

de uma pesquisa em diversos bancos de dados.

Utilizou-se como instrumento de pesquisa um

questionário com nove questões que contemplavam

as variáveis elaboradas a partir da experiência da pesquisadora, da literatura consultada e dos conteúdos dos cursos de qualiicação sobre alguns aspectos da técnica de inserção do PICC. Determinou-se, como

critério de inclusão, que o enfermeiro respondente fosse qualiicado para inserção do PICC em recém-nascidos

e tivesse experiência mínima de um ano em inserções.

Compareceram à reunião 65 enfermeiros. Participaram

da pesquisa, no dia seis de novembro, 32 enfermeiros

que, voluntariamente, responderam ao questionário

após aplicação do termo de consentimento livre e

esclarecido.

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Rev. Latino-Am. Enfermagem mar-abr 2010; 18(2):[08 telas]

é geograicamente concentrado e pouco numeroso,

utilizou-se, para essa pesquisa, amostragem intencional

com base nas características conhecedoras de um

grupo de especialistas, mediante o conhecimento da

pesquisadora sobre a população. O pesquisador pode

decidir selecionar intencionalmente a mais ampla

variedade possível de respondentes ou, ainda, decidir

selecionar os sujeitos tidos como característicos da

população em questão, particularmente conhecedores

das questões a serem estudadas(8). Dessa forma,

prorrogou-se a aplicação do instrumento de pesquisa por

mais dois dias, totalizando amostra de 40 enfermeiros

respondentes.

Para o estudo, foram determinadas sete variáveis

relativas a alguns aspectos da técnica de inserção,

a saber: orientação e esclarecimento aos familiares

(elaborou-se para essa variável duas questões),

preparo do recém-nascido (uma questão), preparo do

enfermeiro e dos materiais (uma questão), mensuração

(duas questões), preparo do cateter (uma questão),

antissepsia da pele (uma questão) e forma de inserção

do cateter (uma questão). Para medida das variáveis,

foram elaboradas cinco opções de respostas das quais apenas uma, segundo a literatura consultada, justiicava a variável proposta. São elas:

- orientação e esclarecimento - elaboradas duas questões, na primeira, veriicou-se o conhecimento dos enfermeiros sobre a prioridade da obtenção do

consentimento dos pais ou responsáveis antes da

execução do procedimento. Na segunda, a possibilidade

de orientação e esclarecimento aos responsáveis antes

de iniciar o procedimento, mediante o caso clínico

apresentado;

- preparo do recém-nascido - veriicou-se o

conhecimento sobre as intervenções de enfermagem

que devem ser realizadas com o recém-nascido antes

de se iniciar o procedimento. As intervenções versam

sobre o exame físico, análise dos exames laboratoriais

e de imagens, monitorização cardíaca e respiratória,

restrição do recém-nascido, analgesia e sedação;

- preparo do enfermeiro e dos materiais - essa

variável refere-se às prioridades de intervenções a serem

realizadas, antes de se iniciar a técnica de inserção.

Foi elaborada uma questão contendo as seguintes

propostas: lavagem das mãos, preparo do material, do campo cirúrgico, paramentação do enfermeiro e preparo

do cateter;

- mensuração - veriicou-se o conhecimento do enfermeiro sobre a correta mensuração do cateter a ser

inserido no recém-nascido, segundo o local de inserção.

A primeira questão relacionou-se à inserção em veias

dos membros inferiores e a segunda à inserção em veias

dos membros superiores;

- preparo do cateter - destacou-se, nessa variável,

qual o preparo adequado do cateter em relação à forma de retirada, lubriicação e movimentação do estilete, ou io-guia no interior do cateter;

- antissepsia da pele - procurou-se veriicar o

conhecimento do enfermeiro sobre o antisséptico

recomendado pelo Centers for Disease Control and

Prevention (CDC) para antissepsia da pele, antes da

inserção de um cateter central em neonatos;

- forma de inserção - veriicou-se os modos de

inserção do cateter em relação à forma da inserção, ou

seja, lenta ou rápida.

Os dados foram armazenados em planilha eletrônica

Microsoft Excel, transportados para o programa

Epi-Info 3.3.2 para processamento. Foram agrupados em

frequência absoluta e relativa e apresentado em forma

de tabela. Para a apuração dos dados,

estabeleceu-se uma atribuição conceitual, anteriormente utilizada em algumas pesquisas semelhantes, para classiicar

conceitualmente as variáveis do conhecimento como

segue(9-10).

100 pontos  conhecimento excelente

de 90 a 99 pontos  conhecimento muito bom

de 80 a 89 pontos  conhecimento bom

de 70 a 79 pontos  conhecimento regular

de 60 a 69 pontos  conhecimento ruim

de 50 a 59 pontos  conhecimento péssimo

Resultados

Foram investigados 40 enfermeiros que

possuíam, em média, dez anos de formação e,

aproximadamente, sete anos de atuação profissional

em UTI. Dessa população, 37,5% prestavam cuidados

diretos ao paciente e o restante acumulava mais de

uma função em seu campo de trabalho. Além disso,

80% dos enfermeiros eram pós-graduados, sendo

93,7% em cursos tipo latu sensu. Quanto à área de

estudo, 59,3% atuavam em pediatria e neonatologia.

Todos possuíam curso de qualificação para inserção do

PICC, obtidos em três tipos de sociedades diferentes,

com carga horária média de 24,9 horas, divididas

em 13,7 horas de módulo teórico e 11,2 horas de

módulo prático. Os enfermeiros possuíam, em média,

três anos de experiência em inserções de PICC em

(5)

Tabela 1 - Caracterização das respostas dos enfermeiros sobre alguns aspectos da técnica e inserção do PICC em

recém-nascidos - 2006

verbal do enfermeiro e, ao inal, o termo deve ser

assinado(11-12).

A primeira questão sobre essa variável na pesquisa relete o conhecimento que o enfermeiro possui sobre

a importância da obtenção do termo antes do início da

técnica. O índice de acerto foi de 77,5%, denotando

conhecimento regular. A segunda questão relativa à

mesma variável versou sobre um caso clínico de natureza

não emergencial, no qual o enfermeiro deveria avaliar

qual o momento adequado para realizar a orientação aos

familiares e obter o termo de consentimento assinado. O

índice de acerto foi de 92,5%, denotando conhecimento

muito bom. Em algumas pesquisas desenvolvidas sobre PICC, veriicou-se que, de 156 enfermeiros participantes

do estudo, apenas nove (5,8%) faziam uso do

consentimento informado por escrito, dado alarmante

e preocupante(12).

Os enfermeiros investigados atuam em UTI e,

frequentemente, nesse cenário de trabalho muitas

intervenções são realizadas sem conhecimento dos

familiares que são comunicados posteriormente. Porém, enfermeiros qualiicados para inserção do PICC têm

conhecimento sobre a necessidade de realização das

orientações e do termo de consentimento que funciona como ferramenta eicaz de trabalho. O PICC não

deve ser inserido em situações emergenciais, devido aos inúmeros riscos apresentados e, dessa forma, o

enfermeiro tem a possibilidade de realizar as orientação

antes da inserção. Apesar de os enfermeiros já possuírem

respaldo legal garantido pelo COFEN(7) que aprova essa

prática no Brasil, e o termo de consentimento não ser

até o momento um documento exigido para passagem

de PICC, segundo a legislação brasileira atual, cabe ao

enfermeiro determinar a maneira como essa informação

será transmitida e documentada. Estudos sugerem A Tabela 1 mostra que a questão nove, relativa

à variável sobre o tempo de inserção do PICC, obteve

o maior índice de acerto, 87,5%, denotando que

35 enfermeiros conhecem bem a forma correta de

introdução do cateter em relação ao tempo, no interior

do vaso sanguíneo. Mostra também que a variável

sobre mensuração do cateter, quando introduzido em

veias dos membros inferiores (questão cinco), obteve o

menor índice de acerto, 50%, evidenciando que metade

dos enfermeiros não sabe mensurar o tamanho correto

do cateter a ser introduzido no paciente.

A segunda questão da variável sobre orientação e

esclarecimento aos familiares obteve o maior índice de

acerto, 92,5%. Essa questão diz respeito à possibilidade

de fornecer informações aos familiares, segundo o caso

clínico proposto.

Discussão

A variável orientação e esclarecimento marca o

início da técnica de inserção que legalmente deve fazer

parte do protocolo institucional do enfermeiro. Após a

escolha da inserção do PICC, pela equipe médica e de

enfermagem (enfermeiro) e uma avaliação inicial positiva

sobre a possibilidade da inserção, a orientação e o

esclarecimento aos pacientes, familiares e responsáveis

devem ser realizados.

O acesso à informação, para fundamentar a livre

escolha, representa o princípio básico e o direito legal

do paciente. Familiares e responsáveis têm o direito de

conhecer as opções de tratamento, benefícios, riscos e

custos esperados, bem como a experiência e capacitação do proissional envolvido na execução do procedimento. Nos cursos, orienta-se para a elaboração de termo de

consentimento formal e escrito, com linguagem simples,

que deve ser aplicado acompanhado de explicação Questões relativas às variáveis

Respostas

Corretas Incorretas

n % n %

1 - Orientação e esclarecimento (prioridade) 31 77,5 9 22,5

2 - Orientação e esclarecimento (possibilidade) 37 92,5 3 7,5

3 - Preparo do recém-nascido 24 6 16 40

4 - Preparo do enfermeiro e de materiais 23 57,5 17 42,5

5 - Mensuração (em veias dos membros inferiores) 20 5 20 50

6 - Mensuração (em veias dos membros superiores) 23 57,5 17 42,5

7 - Preparo do cateter 24 60 16 40

8 - Antissepsia da pele 28 70 12 30

9 - Tempo de inserção 35 87,5 5 12,5

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Rev. Latino-Am. Enfermagem mar-abr 2010; 18(2):[08 telas]

que a orientação precoce a mães e ilhos que serão

submetidos a procedimentos invasivos é estratégia de intervenção possível, útil e com implicações positivas para a prática clínica(13).

A segunda variável refere-se ao preparo do

recém-nascido para o procedimento. A determinação das fases

foi coletada da literatura, de trabalhos especializados

no assunto e de material teórico dos cursos. Foram

idealizadas a partir das necessidades sentidas pelo

enfermeiro e apontadas como sendo imprescindíveis

para facilitar o domínio da técnica e, além de obter conhecimento das características anatômicas e isiológicas do recém-nascido, proporcionar conforto e amenizar

a sua dor(11-12,14-15). São elas: exame físico, análise

dos exames laboratoriais e de imagem, monitorização

cardíaca e respiratória, restrição, utilização de analgesia

e sedação. A não realização desse preparo pode

trazer resultados negativos e prejudiciais, interferindo

diretamente na obtenção do sucesso nessa prática. O

enfermeiro atuante em pediatria deve sempre permitir

que os direitos da criança estabelecidos no Estatuto

da Criança e do Adolescente, como dita a Resolução

nº41, de outubro de 1995, do Conselho Nacional dos

Direitos da Criança e do Adolescente, sejam respeitados

por todos aqueles que atendem crianças no ambiente

hospitalar(16). O índice de acerto sobre essa prática foi de

60%, denotando conhecimento ruim sobre o tema.

O preparo do enfermeiro e dos materiais para a técnica de inserção do PICC tem a inalidade de manter

a esterilidade dos materiais e do procedimento segundo

normas do CDC, evitando-se riscos de complicações

sistêmicas, promover a organização e facilitar o domínio

da técnica. O enfermeiro que realiza a inserção deve

conhecer a importância da aderência às normas de

prevenção de infecção hospitalar e aplicá-las na execução

do procedimento. É um conhecimento adquirido não só nos cursos de qualiicação como em toda formação

do enfermeiro sobre inserção de cateteres centrais. A

elaboração dessas etapas foi construída baseando-se em procedimentos cirúrgicos já existentes e recomendações do CDC, adaptadas a essa prática. São elas: reunir o material, preparar o campo cirúrgico de maneira

asséptica, proceder à lavagem ou à escovação das mãos

com sabão antisséptico (protocolo institucional), utilizar

paramentação completa (técnica de barreira máxima)

e preparo do cateter. O índice de acerto dessa variável

foi de 57,5%, denotando conhecimento péssimo e

alarmante sobre o tema(3,11-12,14-15).

Para a variável mensuração do cateter, foram

elaboradas duas questões. Na primeira

abordou-se a técnica de mensuração, quando a inabordou-serção for

realizada em veias dos membros inferiores, a saber:

iniciar pelo ponto de inserção, seguir até a região inguinal, direcionar até a cicatriz umbilical, inalizando na região do apêndice xifóide. A segunda questão versa

sobre a inserção em veias dos membros superiores, a

saber: iniciar pelo ponto de inserção com o membro

posicionado em um ângulo de 90 graus com o tórax,

seguir em direção da região cervical e direcionar até a

cabeça da clavícula direita e descer até o terceiro espaço

intercostal na linha esternal. A média do índice de acerto

para essas duas questões foi de 53,7%, denotando

conhecimento péssimo. É considerado como fator de

risco o desconhecimento do enfermeiro sobre a correta

mensuração do cateter. Medidas errôneas podem levar

ao surgimento de complicações graves do tipo edemas,

arritmias e outras, além de impossibilitar muitas vezes a

utilização do cateter como acesso central(11-12,14-15).

O preparo do cateter antes de se iniciar a técnica de

inserção é fundamental. Esse conhecimento é adquirido basicamente nos cursos de qualiicação e tambem com os fornecedores de cateteres. Nessa variável,

veriicou-se o conhecimento do enfermeiro quanto ao manejo de cateteres com io-guia. Nos recém-nascidos, em geral, não se utiliza io-guia para inserção, principalmente

em cateteres siliconizados, devido ao risco de fratura

do cateter. Se houver necessidade de uso, realiza-se a lubriicação inicial do cateter com soro isiológico, mantendo-se o guia em seu interior no intuito de

facilitar sua retirada pós-inserção e realização do corte

do cateter pós-mensuração. Os enfermeiros obtiveram

índice de acerto de 60%, mostrando conhecimento

ruim(11-12,14-15).

Quanto à variável antissepsia da pele, é

imprescindível que o enfermeiro tenha conhecimento

das recomendações do CDC sobre o uso de antissépticos

para inserção de cateteres centrais, especialmente em

recém-nascidos. É um conhecimento adquirido não só nos cursos de qualiicação como em toda a formação do enfermeiro. O CDC recomenda a utilização de

antissépticos cutâneos no ato da inserção do cateter,

pois há rompimento do tecido cutâneo, colocando o

paciente em risco para desenvolver infecções. O local

da inserção torna-se colonizado por bactérias da pele da criança ou do proissional de saúde. Esses agentes poderão ser responsáveis por infecções locais, com

possibilidade de ocorrer infecção primária da corrente

sanguínea adquirida através da inserção. Segundo as

recomendações do CDC de 2002 (categoria IA),

(7)

polivinil-pirrolidona iodo (PVP-I) a 10%, álcool a 70%

ou clorexidina alcoólica a 0,5%(3,11-12,14-15). O índice de

acerto dos enfermeiros sobre essa variável foi de 70%,

conhecimento analisado como regular.

Quanto à variável tempo de inserção do cateter,

procurou-se abordar os enfermeiros sobre como devem

introduzir o cateter no interior do vaso sanguíneo, em

relação ao tempo de inserção. Segundo a literatura

consultada, a inserção deve ser realizada de forma lenta,

de 0,5 em 0,5cm, no intuito de se impedir a ocorrência de lebite mecânica na camada íntima do vaso sanguíneo, provocada pela inserção rápida e consequente

tração(11-12,14-15). O índice de acerto sobre essa questão

foi de 87,5%, mostrando que os enfermeiros possuem

bom conhecimento sobre o tema.

Conclusões

A técnica de inserção do PICC exige do enfermeiro

perícia técnica, capacidade de julgamento clínico e tomada de decisão consciente, segura e eicaz. É uma prática especializada, de alta complexidade, sendo que o proissional que a realiza deve adquirir conhecimento teórico-prático nos cursos de qualiicação e

incorporá-los aos conhecimentos pré-existentes, oriundos de

outras áreas no decorrer de sua formação. Os cursos de qualiicação fornecem ao enfermeiro a sustentação

teórico-prática básica que o conduzem à realização do

procedimento com segurança e competência.

Os resultados apresentados nesta pesquisa

permitem concluir que existem muitos desencontros

entre o conhecimento acumulado pelos enfermeiros

e o fazer dessa técnica. A média do índice total de

acertos foi de 67,7%, denotando conhecimento ruim

dos enfermeiros em relação à inserção do PICC.

Considerando as características da população investigada e comparando com os resultados apresentados, veriicou-se que há necessidade de atualização e aperfeiçoamento

constante dos enfermeiros, sobre essa prática, para

que a construção e manutenção desse conhecimento permita ao enfermeiro deinir diretrizes para a prática clínica e melhorar a qualidade da assistência prestada

aos recém-nascidos.

Os cursos de pós-graduação relacionados à

enfermagem neonatológica devem inserir programas de treinamento especíico que deem conta da habilitação

dos enfermeiros nesse campo do conhecimento, assim

como os programas de residência em enfermagem que

também devem incorporar esse procedimento como parte da formação e treinamento proissional.

Com esse estudo espera-se promover a disseminação do conhecimento cientíico da enfermagem nessa área do saber, fornecendo subsídios que favoreçam o

desenvolvimento dessa prática, na área do ensino, aprimorando os cursos de qualiicação, fundamentando as ações de enfermagem.

Referências

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Como citar este artigo:

Lourenço SA, Ohara CVS. Conhecimento dos enfermeiros sobre a técnica de inserção do cateter

cen-tral de inserção periférica em recém-nascidos. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. mar-abr 2010

[acesso em: __ __ __];18(2): 08 telas]. Disponível em:

________________________________

dia ano URL

Rev. Latino-Am. Enfermagem mar-abr 2010; 18(2):[08 telas]

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Referências

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