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Arranjo domiciliar dos idosos mais velhos.

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Academic year: 2017

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Rev. Latino-Am. Enfermagem 18(1):[08 telas]

jan-fev 2010 www.eerp.usp.br/rlae

Endereço para correspondência: Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto. Universidade de São Paulo Av. dos Bandeirantes, 3900

Bairro Monte Alegre

CEP: 14040-902 Ribeirão Preto, SP, Brasil E-mail: rosalina@eerp.usp.br

Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil:

1 Enfermeira, Mestre em Enfermagem, e-mail: elizandra_p@yahoo.com.br.

2 Aluna do curso de graduação em enfermagem, e-mail: tata.dellamotta@hotmail.com. 3 Enfermeira, Bolsista de apoio técnico CNPq, e-mail: thaisvendruscolo@yahoo.com.br. 5 Enfermeira, Professor Titular, e-mail: rosalina@eerp.usp.br.

Escola de Enfermagem e Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo:

4 Enfermeira, Doutoranda em enfermagem, e-mail: suzelecris@ig.com.br, rossetidi@hotmail.com.

O contexto do envelhecimento dos idosos mais velhos necessita ser considerado em

decorrência da redefinição da família como instituição social. Este é estudo epidemiológico,

transversal, que caracterizou o arranjo domiciliar de 147 idosos mais velhos residentes

na comunidade de Ribeirão Preto, SP, através de entrevistas domiciliares. Predominou a

faixa etária de 80 a 84 anos. A maioria recebe aposentadoria, possui de um a três salários

mínimos, mora em casa própria. Possui 4,08 filhos e reside com 2,8 pessoas, em média. Os

homens vivem, na maioria, com o cônjuge, enquanto as mulheres, sozinhas, e os domicílios

são chefiados pelo idoso. Os arranjos mais continentes foram os bi e trigeracionais. Quanto

à formação do arranjo domiciliar, houve equivalência nos resultados entre aqueles que

afirmaram ter ido morar com o idoso e aqueles em que o idoso foi morar no domicílio da

família, o que reforça a família como protetora e cuidadora dos idosos.

Descritores: Idoso; Família; Gerontologia.

Elizandra Cristina Pedrazzi

1

Talita Tavares Della Motta

2

Thaís Ramos Pereira Vendrúscolo

3

Suzele Cristina Coelho Fabrício-Wehbe

4

Idiane Rosset Cruz

4

Rosalina Aparecida Partezani Rodrigues

5

Arranjo domiciliar dos idosos mais velhos

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Rev. Latino-Am. Enfermagem jan-fev 2010; 18(1):[08 telas]

Household Arrangements of the Elder Elderly

The aging context of the elder elderly needs to be taken into account, due to the redeinition

of family as a social institution. This is an epidemiological, cross-sectional study that characterized the household arrangements of 147 elder elderly living in Ribeirão Preto, SP, through home interviews. The age range between 80 and 84 years predominated.

The majority receives a retirement beneit ranging from one to three minimum wages,

and owns their house. On the average, they have 4.08 children and live with 2.8 people. Most men live with their partners, while women live by themselves. The elderly head a large part of households. The most frequent arrangements are families with two and three generations. Regarding the household arrangement, there was equivalence in the results between the ones that moved into the house of the elderly and cases when the elderly moved into the family’s house, reinforcing the family as a protector and caregiver of the elderly.

Descriptors: Aged; Family; Gerontology.

Arreglo domiciliar de los ancianos de edad avanzada

El contexto del envejecimiento de ancianos con edad avanzada necesita ser considerado

como una consecuencia de la redeinición de la familia como institución social. Este

es un estudio epidemiológico, transversal, que caracterizó el arreglo domiciliar de 147 ancianos con edad avanzada residentes en la comunidad de Ribeirao Preto, Sao Paulo, Brasil, a través de entrevistas domiciliares. Predominó el intervalo de edad de 80 a 84 años. La mayoría era jubilado, recibía de un a tres salarios mínimos y habitaba en casa propia. Tenían 4,08 hijos y vivían con 2,8 personas, en promedio. Los hombres vivían, en su mayoría, con el conyugue, en cuanto las mujeres, lo hacían solas, y los domicilios eran dirigidos por el anciano. Los arreglos más convenientes fueron los realizados con la segunda y tercera generaciones. En cuanto a la formación del arreglo domiciliar, hubo

equivalencia en los resultados, entre aquellos que airmaron haber ido a vivir con el

anciano y aquellos en que el anciano fue a vivir en el domicilio de la familia, lo que refuerza la familia como protectora y cuidadora de los ancianos.

Descriptores: Anciano; Família; Gerontología.

Introdução

O envelhecimento populacional é, hoje, fenômeno

mundial. Isso signiica crescimento mais elevado da

população idosa, maior de 60 anos, com relação aos demais grupos etários. Além disso, a proporção da população de idosos com 80 anos ou mais também está aumentando, isto é, a população considerada idosa

também está envelhecendo(1).

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Pedrazzi EC, Della Motta TT, Vendrúscolo TRP, Fabrício-Wehbe SCC, Cruz IR, Rodrigues RAP.

de idosos com 80 anos ou mais(2). Paralelamente a esse

aumento na expectativa de vida, tem sido observado, a partir da década de 60, do século XX, declínio acentuado

da fecundidade. Segundo estudo demográico do IBGE(3),

as famílias estão tendo cada vez menos ilhos: em 1960, a média era de seis ilhos por mulher, enquanto que, em 2000, foi de 2,39 ilhos e estimativas indicam que a fecundidade limite brasileira será de 1,5 ilhos por

mulher por volta de 2028.

O envelhecimento populacional traz implicações importantes quanto à proteção social do idoso. O número crescente de divórcios, múltiplos casamentos, a migração dos mais jovens em busca de mercados mais promissores, a inserção da mulher no mercado

de trabalho e sua condição de cheia do domicílio

precisam ser considerados quando se avalia o arranjo domiciliar e o suporte informal aos idosos na sociedade brasileira(1). Além disso, modiicações socioeconômicas

nos países latino-americanos têm levado muitos ilhos

a residirem novamente na casa de seus pais, além do fato de permanecerem por mais tempo dependentes economicamente(4).

Estudo que avaliou a rede social e a saúde de idosos em três diferentes sociedades, uma latino-americana (Costa Rica), uma latino-europeia (Espanha) e outra anglo-saxã (Reino Unido) mostrou modelos distintos de redes familiares nesses países(5). A Costa

Rica caracterizou-se pela corresidência intergeracional, enquanto que o modelo de redes familiares britânico

relete grande independência dos idosos e o apoio

social é transmitido por redes não familiares. Já a sociedade espanhola mostra modelo intermediário de redes familiares, baseados na corresidência, porém, se encontra num momento de transição. A Costa Rica apresentou redes de apoio familiares mais fortes do que nas sociedades europeias. Naquela sociedade, menos de 10% dos idosos vivem sozinhos, comparados com 33% dos britânicos e 23% dos espanhóis(5).

A corresidência com idosos ocorre principalmente quando a necessidade desses é maior, como no caso da piora do estado de saúde ou do falecimento do cônjuge. Na China, as mudanças entre os arranjos domiciliares de idosos mais velhos ocorrem frequentemente e estão mais relacionadas com limitações funcionais do que com outros indicadores de saúde(6).

Foram escassos, no entanto, os estudos encontrados, tanto na literatura nacional quanto na internacional, que se direcionassem à avaliação da rede de apoio familiar aos idosos residentes na comunidade, especialmente àqueles mais velhos.

De posse desses dados, será possível elaborar propostas de planejamento que visem atender às necessidades de cuidado dessa parcela da população de idosos que tem apresentado importante crescimento na sociedade brasileira. Sob essa perspectiva, o domicílio é local único a oferecer à enfermeira a oportunidade de observar o modo como as pessoas enfrentam a situação de saúde/doença em seu seio familiar, bem como os recursos disponíveis. No entanto, para que se possa, de fato, apoiar, proporcionar e sustentar um sistema de cuidados é necessário que se compreenda as inter-relações pertinentes ao domicílio e aos familiares.

Objetivo

Caracterizar os idosos mais velhos, segundo

características socioeconômicas e demográicas, e

descrever o arranjo domiciliar de idosos mais velhos, de

acordo com o tipo de arranjo, a cheia do domicílio, sua

formação e as razões de moradia.

Metodologia

Este trabalho foi realizado na zona urbana do município de Ribeirão Preto, SP, através de entrevistas domiciliares com idosos mais velhos residentes na comunidade. Trata-se de estudo epidemiológico, do tipo transversal, com base populacional de uma amostra representativa de 147 idosos, com 80 anos ou mais de idade, calculada sobre a estimativa populacional para o ano 2004. O presente estudo está inserido numa ampla pesquisa intitulada Condições de vida e saúde de idosos de Ribeirão Preto, SP, o qual engloba amostra probabilística de idosos com 65 anos ou mais. O mesmo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto-USP.

O processo de amostragem foi probabilístico, por conglomerados, de duplo estágio. No primeiro estágio foram sorteados 30 setores censitários, entre os 600 setores do município. O segundo estágio foi constituído

por sorteio com cota ixa de domicílios, resultando,

assim, em amostra autoponderada.

O termo de consentimento livre e esclarecido foi elaborado pelo pesquisador responsável, sendo um entregue ao idoso, obedecendo às exigências das normatizações nacionais. Para a coleta dos dados, foi

utilizado questionário no qual constava a identiicação dos sujeitos, a caracterização sociodemográica e o peril social. As variáveis para a investigação do arranjo

(4)

Rev. Latino-Am. Enfermagem jan-fev 2010; 18(1):[08 telas]

Saúde, Bem-estar e Envelhecimento na América Latina e Caribe(7).

Os arranjos familiares foram subdivididos entre os seguintes grupos: o idoso vive sozinho, vive somente

com o cônjuge, vive com o cônjuge e os ilhos, vive com o cônjuge, os ilhos, o genro ou a nora, mora somente com os ilhos, arranjos trigeracionais, vive com os ilhos e netos, somente com os netos (sem os ilhos) e o

idoso mora com não familiares(7). O banco de dados foi

digitado no programa Excel, e realizado o VALIDATEdas informações. Utilizou-se o SPSS (Statistical Package for Social Science) for Windows para análises estatísticas. Realizou-se descrição das variáveis com medidas de frequência, média, mediana, desvio padrão e variáveis

consideradas independentes (sociais e demográicas).

Medidas de associação foram analisadas empregando-se os testes não-paramétricos de Mann-Whitney e

coeiciente de Spearman, considerando o nível de signiicância α 0,05.

Resultados

Obteve-se o total de 147 entrevistas domiciliares com idosos de 80 anos ou mais.

Tabela 1 – Distribuição da frequência das variáveis

demográicas e socioeconômicas, segundo o sexo dos

idosos mais velhos de Ribeirão Preto, 2008

A Tabela 1 mostra os dados referentes às

características socioeconômicas e demográicas dos

idosos. A idade média foi de 84,1 anos, a mediana de 83, e o desvio padrão de 4. Comparando-se a idade entre sexo masculino e feminino, o teste de Mann-Whitney indicou que as diferenças não são estatisticamente

signiicativas (p=0,650). A idade dos idosos do sexo

masculino variou entre 80 e 93 anos e das idosas entre 80 e 103 anos. Na distribuição por sexo, a porcentagem de idosas é superior à dos idosos em todas as faixas etárias.

Quanto ao estado civil, há predominância de viúvos entre as mulheres, no entanto, entre os casados, a maioria é de homens. Os anos de estudo variaram de zero a dezoito, com média de 3,6 anos e concentração dos idosos na faixa entre um e quatro anos de estudo. Segundo o teste de Mann-Whitney, as diferenças não

foram estatisticamente signiicativas (p=0,195) na análise

entre sexo e escolaridade. Ainda assim, prevaleceu entre as mulheres maior frequência de analfabetismo. A grande maioria dos idosos era de cor branca, residente em casa própria, recebendo aposentadoria, com predomínio de homens. A segunda fonte de rendimento foi referente à pensão, com destaque para as mulheres.

Quanto aos valores dos rendimentos, a maior parte recebe entre um e três salários mínimos (SM), e pequena porcentagem recebe mais de três salários mínimos, como mostra a Tabela 1. A média dos rendimentos dos idosos foi de R$ 955,70, com mediana de R$ 440,00 e desvio padrão de R$ 1341,80. O valor médio dos rendimentos dos idosos do sexo feminino foi de R$ 722,60 e dos masculinos foi de R$ 1421,80. Comparando-se a renda do idoso entre sexo, o teste de Mann-Whitney indicou

que as diferenças são estatisticamente signiicativas

Variáveis

Sexo (n=147)

Total n (%) Feminino

n (%)

Masculino n (%)

Idade (anos completos)

80-84 60 (64,5) 33 (35,5) 93 (63,3)

85-89 27 (67,5) 13 (32,5) 40 (27,2)

90 ou + 11 (78,6) 3 (21,4) 14 (9,5)

Estado civil

Solteiro(a) 7 (77,8) 2 (22,2) 9 (6,1)

Casado(a) 16 (30,2) 37 (69,8) 53 (36,1)

Divorciado(a)/

desquitado(a) 2 (40) 3 (60) 5 (3,4)

Viúvo(a) 73 (91,3) 7 (8,8) 80 (54,4)

Escolaridade (anos)

Analfabetos 30 (83,3) 6 (16,7) 36 (24,5)

1 a 4 50 (58,8) 35 (41,2) 85 (57,8)

5 a 8 7 (77,8) 2 (22,2) 9 (6,1)

9 a 12 6 (66,7) 3 (33,3) 9 (6,1)

13 + 5 (62,5) 3 (37,5) 8 (5,4)

Rendimentos

Aposentadoria 36 (42,4) 49 (57,6) 85 (57,8)

Pensão 59 (96,7) 2 (3,3) 61 (41,5)

Aluguel 11 (68,8) 5 (31,3) 16 (10,9)

Trabalho próprio 3 (42,9) 4 (57,1) 7 (4,8)

Variáveis

Sexo (n=147)

Total n (%) Feminino

n (%)

Masculino n (%)

Doações 14 (63,6) 8 (36,4) 22 (15)

Outras 5 (83,3) 1 (16,7) 6 (4,1)

Renda (salários mínimos)

0 9 (100) 0 (0) 9 (6,1)

Até 1 2 (66,7) 1 (33,3) 3 (2)

1 a 3 75 (70,8) 31 (29,2) 106 (72,1)

+3 12 (41,4) 17 (58,6) 29 (19,7)

Quanto ao tipo de moradia

Própria - quitada 66 (60,6) 43 (39,4) 109 (74,1)

Paga aluguel 10 (76,9) 3 (23,1) 13 (8,8)

Própria - paga

prestação 4 (100) 0 (0) 4 (2,7)

Cedida sem aluguel 15 (88,2) 2 (11,8) 17 (11,6)

Outro 3 (75) 1 (25) 4 (2,7)

Continua...

(5)

Pedrazzi EC, Della Motta TT, Vendrúscolo TRP, Fabrício-Wehbe SCC, Cruz IR, Rodrigues RAP. (p=0,002). A renda familiar dos idosos concentra-se

entre um e três salários mínimos (36,7%) e mais de três SM (37,4%). Apenas dez idosos referiram renda familiar de um salário.

Quanto ao número de ilhos, 42,9% dos idosos têm entre três e cinco ilhos, seguidos daqueles que têm entre um e dois (29,3%) e seis ilhos ou mais (19,7%), com média de 4,08 ilhos. A porcentagem de idosos que declarou não ter ilhos foi de 8,2%. O número de

pessoas que moram na casa variou entre uma e doze, com média de 2,8 pessoas.

Dos idosos que airmaram possuir renda familiar

de um SM, a maioria (60%) reside com duas pessoas. Conforme aumentam os rendimentos familiares, aumenta o número de indivíduos que vivem na residência. Daqueles que possuem mais de um a três SM, 40,7% residem com duas pessoas, 35,2% com três a cinco pessoas e 9,3% com mais de seis indivíduos. Quando a renda familiar é de mais de três SM, a situação é equivalente, porém, a maioria reside com três a cinco pessoas.

Tabela 2 – Distribuição da frequência das variáveis que caracterizam o arranjo domiciliar, segundo o sexo dos idosos mais velhos. Ribeirão Preto, 2008

A Tabela 2 evidencia as informações sobre os arranjos domiciliares dos idosos mais velhos de Ribeirão Preto, e que a maioria mora com o cônjuge. Grande parte

ainda reside sozinha e com os ilhos. Há predomínio de

mulheres vivendo sozinhas e de homens vivendo com o cônjuge. A maioria das mulheres reside somente com

o ilho. Mais da metade dos idosos é responsável pela cheia do domicílio, com equivalência entre mulheres e

homens.

Quanto à formação do arranjo domiciliar, também houve equivalência nos resultados entre aqueles que

airmaram ter ido morar com o idoso e aqueles que airmaram ter sido o idoso quem foi morar no domicílio

da família. Observou-se grande número de respostas na alternativa “outros”, podendo ser explicada pelo grande

número de casais, ilhos que sempre moraram com

seus pais e ainda permanecem na casa, além de idosos que residem sozinhos. Em relação aos motivos para residir no domicílio, a maioria referiu ser devido à união conjugal, seguido daqueles que apontaram o falecimento

do esposo ou companheiro para coniguração do arranjo atual. A necessidade de cuidados ou situação inanceira

dos idosos ou familiares não foi motivo mencionado. Explorando os dados do estudo, foi possível estabelecer, ainda, algumas relações entre as variáveis. Na relação entre o arranjo domiciliar e o estado conjugal, observou-se que os solteiros vivem mais em arranjos intrageracionais (44,4%). Os divorciados vivem sozinhos (40%) e em arranjos trigeracionais (40%) e

os viúvos vivem na maioria com os ilhos (26,3%),

sozinhos (23,8%) e em outros arranjos (22,5%). Analisando o arranjo domiciliar com o sexo e idade, a maioria (32,3%) dos idosos masculinos (57,6%) com Variáveis

Sexo (n=147)

Total n (%) Feminino

n (%)

Masculino n (%)

Com quem moram

Sozinho 15 (71,4) 6 (28,6) 21 (14,3)

Somente com cônjuge 12 (30,8) 27 (69,2) 39 (26,5)

Cônjuge e filho(s) 1 (16,7) 5 (83,3) 6 (4,1)

Cônjuge, filhos, genro ou

nora 0 (0) 2 (100) 2 (1,4)

Somente com o(s) filho(s) 20 (95,2) 1 (4,8) 21(14,3) Arranjos trigeracionais

(idoso, filhos e netos) 15 (93,8) 1 (6,3) 16 (10,9) Arranjos intrageracionais

(somente com outros

idosos)

5 (71,4) 2 (28,6) 7 (4,8)

Somente com os netos

(sem filhos) 2 (66,7) 1 (33,3) 3 (2)

Não familiares 4 (100) 0 (0) 4 (2,7)

Outros 24 (85,7) 4 (14,3) 28 (19)

Quem é o chefe

Próprio idoso 40 (47,6) 44 (52,4) 84 (57,1)

Cônjuge 13 (92,9) 1 (7,1) 14 (9,5)

Filho(a) 23 (92) 2 (8) 25 (17)

Outro familiar 20 (90,9) 2 (9,1) 22 (15)

Não familiar 2 (100) 0 (0) 2 (1,4)

Formação do arranjo

Idoso veio morar na casa 28 (90,3) 3 (9,7) 31 (21,1)

Variáveis

Sexo (n=147)

Total n (%) Feminino

n (%)

Masculino n (%)

Outros vieram morar com

o idoso 28 (75,7) 9 (24,3) 37 (25,2)

Outro 42 (53,2) 37 (46,8) 79 (53,7)

Razão de morar na casa

Estar perto de/ou com o(a)

filho(a)/pais 10 (83,3) 2 (16,7) 12 (8,2)

Estar perto de/ou com

familiares ou amigos 6 (100) 0 (0) 6 (4,1) Falecimento do esposo(a)

ou companheiro(a) 30 (88,2) 4 (11,8) 34 (23,1) Por união conjugal 13 (31,7) 28 (68,3) 41 (27,9) Por separação conjugal 9 (64,3) 5 (35,7) 14 (9,5) Custo da moradia/situação

financeira 3 (75) 1 (25) 4 (2,7)

Precisava de cuidado 8 (88,9) 1 (11,1) 9 (6,1)

Outro 19 (70,4) 8 (29,6) 27 (18,4)

Tabela 2 - Continuação

(6)

Rev. Latino-Am. Enfermagem jan-fev 2010; 18(1):[08 telas]

idade entre 80 e 84 anos reside com o cônjuge, 16,1% residem sozinhos, a maioria mulheres (18,3%), 11,8%

com ilhos e 10,8% com ilhos e netos. Entre aqueles

com 85 a 89 anos, é bastante reduzido o número de idosos que vive sozinho (10%) e com o cônjuge (20%) e a relação entre os sexos é a mesma citada acima. Os

que moram com ilhos representam 17,5%. Os arranjos

predominantes na faixa etária acima dos 90 anos foram

daqueles que vivem com os ilhos, e com os ilhos e netos (21,4%). A relação estabelecida entre cheia do

domicílio, sexo e estado conjugal mostrou que os idosos do sexo feminino predominam como chefes do domicílio quando são viúvas (90%) e os masculinos, quando casados (81,8%).

Quanto à formação do arranjo, relacionada aos motivos dos idosos que foram morar com outras

pessoas, 25% moram somente com os ilhos ou em arranjos trigeracionais para estarem perto dos ilhos,

15,4% referiram a viuvez, 50% devido à separação conjugal. Essa razão também foi responsável por 50% dos arranjos intrageracionais. Para a metade dos idosos que recebeu não familiares em sua residência, a

justiicativa foi para estar perto de familiares ou amigos.

Um motivo citado para quem foi morar com o idoso,

conigurando o arranjo trigeracional, foi o falecimento

do esposo ou companheiro (75%). A união conjugal apresentou-se como razão referida para a formação do

arranjo “cônjuge, ilho, genro ou nora” por 33,3% dos entrevistados. A separação conjugal levou ilhos a morar

com os pais (11,1%), ou com um dos pais (22,2%) e em arranjos trigeracionais (33,3%). A necessidade de cuidado levou pessoas a residir com o idoso nos arranjos

“cônjuge, ilhos, genro ou nora”, arranjos intrageracionais

(20%) e não familiares (40%).

Discussão

A feminilização do envelhecimento é situação atual em que o número absoluto de idosas, quando confrontado com o de homens de 65 anos e mais, tem sido superior. Esse fato é decorrente de situação de mortalidade diferencial por sexo que prevalece desde 1950, somando seis anos a mais de vida para as mulheres(8). Estudos com

idosos brasileiros de 80 anos ou mais têm veriicado alta

prevalência de viúvos, com predomínio das mulheres e maior número de casados entre os homens(9-10). Em São

Paulo foi veriicada prevalência de viúvos de cerca de

45%(9), e no meio rural do Rio Grande do Sul, 62%(10).

Esses dados indicam a importância de readaptação para um novo arranjo familiar dessa faixa etária.

Sobre a quantidade de anos que frequentou a escola, estudos relatam que o analfabetismo dentre a população idosa é muito frequente, sendo que, entre 1950 e 1993, 40% dos homens e 48% das mulheres idosas se declararam analfabetos(8), além disso, 58,8%

dos idosos mais velhos da zona rural do Rio Grande do Sul eram analfabetos e aqueles do sexo masculino tiveram os melhores índices de escolaridade, corroborando dados deste estudo(10). Outro estudo com octagenários,

no interior do Estado de São Paulo, mostrou resultados muito semelhantes aos desta pesquisa em relação à frequência da idade, escolaridade, renda familiar e estado civil dos idosos mais velhos(9).

Quanto às condições econômicas, 77% das mulheres idosas brasileiras, em 2000, estavam recebendo algum benefício da seguridade social, o que favoreceu 94% das viúvas(11),fato que possibilita maior independência

inanceira para morar sozinha, segundo estudo nos

Estados Unidos(12). Ter renda favorece o envelhecimento

ativo, pois contribui para o orçamento familiar, propicia

autonomia inanceira para atender as necessidades dos

idosos e tem peso considerável na renda das famílias com idosos(1). Um estudo chama a atenção para a

proporção de famílias pobres com membros idosos que mostrou ser menor quando comparada a famílias sem idosos(1). Entre os idosos, muitos ainda residem

sozinhos. Estudo realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU) analisou os arranjos domiciliares dos idosos, apresentando dados comparativos de 130 países e concluiu que, aproximadamente, uma em cada sete pessoas idosas (90 milhões) vive sozinha, sendo que cerca de 2/3 dessas são mulheres; existe tendência a favor de modalidades de vida independente (sozinho ou sozinho com o cônjuge) mais consolidada em países desenvolvidos; há menor proporção de mulheres idosas casadas, comparativamente aos homens (cerca de 45% contra 80%); embora nos países desenvolvidos

o arranjo mais comum seja morar separado dos ilhos,

naqueles em desenvolvimento a maioria dos idosos vive

com seus ilhos(13). No Brasil, a proporção de idosos, em

velhice avançada, que residem sozinhos, corresponde a 21,3%(7). A universalização da seguridade social, as

melhorias nas condições de saúde e avanços nos meios de comunicação, no transporte e serviços podem sugerir que viver só, para os idosos, represente forma inovadora e bem-sucedida de envelhecimento, e não abandono e solidão(4).

(7)

Pedrazzi EC, Della Motta TT, Vendrúscolo TRP, Fabrício-Wehbe SCC, Cruz IR, Rodrigues RAP.

foi o de casais. Esse tipo de arranjo chama a atenção pelo fato de que os casais têm idades próximas, sugerindo que podem ser cuidadores de outros idosos. Nos arranjos trigeracionais, conta-se com maior número de corresidentes e maior potencial de auxílio(7),

corroborando os resultados do estudo.

A corresidência beneicia tanto os idosos quanto as

gerações mais jovens(4). A necessidade de auxílio, seja

físico, afetivo ou inanceiro, faz com que muitos idosos

deixem de viver de forma independente para irem morar com suas famílias.

Nem todos os idosos, necessariamente, querem viver com seus familiares. Em estudo com idosas

mexicanas, chefes de domicílio, as autoras veriicaram

que mais de dois terços delas prefeririam continuar vivendo em suas próprias casas na velhice e, dessas, 11% escolheriam viver sozinhas. Quando questionadas sobre a preferência por morarem sozinhas, as idosas se mostraram preocupadas com a sua privacidade e a dos familiares(14).

A família, cuja mulher é o chefe, devido à ausência

do marido/companheiro, denota maiores diiculdades em

função da menor renda e de mais problemas de saúde(15).

Discutindo dados do IBGE, de 1983 a 2003, sobre a

cheia do domicílio, chama a atenção que a maioria dos idosos do sexo masculino cheia suas famílias (90%) e

que essa condição não se alterou ao longo dos anos. Por outro lado, entre as idosas predominavam aquelas que eram casadas(11).

Referente ainda aos dados, os arranjos cheiados por ilhos e por outros familiares foram citados em sua

maioria pelos idosos do sexo feminino. Merece atenção a condição de dependência do idoso sobre as famílias mensuradas a partir da relação com o chefe do domicílio na condição de “parente” ou “agregado”, os quais seriam pais ou sogros que, na falta de renda ou autonomia física

ou mental, vão morar com ilhos ou outros parentes(4). Na

análise com dados do projeto SABE, para os municípios

de São Paulo, Buenos Aires, Montevidéu e Cidade do México, o autor observou que a probabilidade de receber auxílio funcional entre os idosos que moram sozinhos é 63% menor do que para aqueles que corresidem com uma pessoa. Ademais, a coabitação tende a aumentar

signiicativamente o luxo de ajuda inanceira(7).

Em relação ao luxo que levou à formação do

arranjo domiciliar, só a partir dos 80 anos há aumento do início da dependência física, econômica ou psicológica, havendo necessidade da família morar com o idoso ou vice-versa, favorecendo as gerações mais novas e mais velhas. Nesse momento, o conceito de família deve ser ampliado para abarcar as demandas do idoso, incluindo vizinhos e pessoal dos serviços de saúde ao qual o idoso está adstrito(15).

Considerações Finais

Em Ribeirão Preto, ainda é preciso investimentos em programas governamentais e não-governamentais, considerando o aumento da longevidade, a diminuição do número de membros da família e de grande parcela

de idosos viver sozinha. Há necessidade de projetos

articulados entre as áreas social e de saúde para o apoio aos idosos mais velhos e suas famílias, considerando a necessidade de cuidado à saúde. A implementação desses projetos deve ter participação tanto dos órgãos de saúde e de educação do município de Ribeirão Preto, enquanto responsável pelos seus habitantes, quanto pelas famílias e sociedade em geral. É imprescindível a

especialização dos proissionais de saúde em gerontologia

e geriatria, além do envolvimento do enfermeiro em

equipes multiproissionais. Além disso, observa-se, na

atualidade, que a área de saúde está atendendo políticas de atenção à família, reconhecendo nessa necessidade a oportunidade para o desenvolvimento do trabalho da enfermagem direcionado à nova e crescente parcela da população, considerada fragilizada.

Referências

1. Camarano AA, Kanso S, Mello JL. Como vive o idoso brasileiro? In: Camarano AA. (org). Muito além dos 60: os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA; 2004.

2. Ministério da Saúde (BR). Censos Demográficos e Contagem Populacional para os anos intercensitários, estimativas preliminares dos totais populacionais, estratificadas por idade e sexo, 2008 e 2009. [Acesso em: 20 abril 2009]. Disponível em: URL: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/tabcgi.exe?ibge/ cnv/popsp.def

3. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Projeção

da População do Brasil por Sexo e Idade (1980-2050): Revisão 2008. Rio de Janeiro; 2008.

4. Camarano AA, Kanso S, Mello JL, Pasinato MT. Famílias: espaço de compartilhamento de recursos e vulnerabilidades. In: Camarano AA, organizador. Muito além dos 60: os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA; 2004. p. 137-67.

(8)

Rev. Latino-Am. Enfermagem jan-fev 2010; 18(1):[08 telas]

Como citar este artigo:

Pedrazzi EC, Motta TTD, Vendrúsculo TRP, Fabrício-Wehbe SCC, Cruz IR, Rodrigues RAP. Arranjo domiciliar dos idosos mais velhos. Rev. Latino-Am. Enfermagem [Internet]. jan-fev 2010 [acesso em: __ ___ ___];18(1):[08 telas]. Disponível em:

____________________________

6. Zimmer Z. Health and Living Arrangement

Transitions Among China’s Oldest-Old Zimmer Res on Aging 2005; 27:526-55.

7. Lebrão ML, Duarte YAO. SABE – Saúde, Bem-estar e Envelhecimento – O Projeto SABE no município de São Paulo: uma abordagem inicial. Brasília: Organização Pan - americana da Saúde; 2003.

8. Berquó E. Algumas considerações demográficas sobre o envelhecimento da população no Brasil. In: Anais do I Seminário Internacional - Envelhecimento Populacional. Brasília: MPAS; 1996. p. 16-34.

9. Inouye K, Pedrazzani ES. Instruction, social economic status and evaluation of some dimensions of octogenarians’ quality of life. Rev Latino-am Enfermagem 2007 setembro-outubro; 15(spe):742-7.

10. Morais EP. Envelhecimento no meio rural: condições de vida, saúde e apoio dos idosos mais velhos de Encruzilhada do Sul – RS. [Doutorado em Enfermagem Fundamental]. Ribeirão Preto

(SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 2007. 11. Camarano AA. Mulher idosa: suporte familiar ou agente de mudança? Estudos Avançados USP 2003; 17(49):35-63. 12. Mcgarry K, Schoeni RF. Social security, economic growth, and the rise in elderly widow’s independence in the twentieth century. Demography 2000 May; 37(2):221-36.

13. United Nations. Living arrangements of older persons around the world. New York: United Nations; 2005.

14. Varley A, Blasco M. ¿Cosechan lo que siembran? Mujeres ancianas, vivienda y relaciones familiares en el México urbano. In: Gomes C. (Comp). Procesos sociales, población y familia: alternativas teóricas y empíricas en las investigaciones sobre vida doméstica. México: Facultad Latinoamericana de Ciencias Sociales; 2001. p. 301-23.

15. Silva MJ, Bessa MEP, Oliveira AMC. Tamanho e estrutura familiar de idosos residentes em área periférica de uma metrópole. Cienc. Enferm 2004 junho; 10(1):31-9.

Recebido: 10.10.2008 Aceito: 3.9.2009

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