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Interferência de educadores de camada média em educação popular

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Academic year: 2017

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(1)

Viabilidade te6rico-pritica da interfer~ncia

de educadores de camada média em Educação Popular a partir de uma ~xperiência na área

rural do nordeste brasileiro

kARIA VALNf ALVES

,Tese submetida como requisito parcial para a obtenção do grau d~ Mestre em Educação

RIO DE JANEIRO FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS

..

INSTITUTO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM EDUCAÇÃO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA DA EDUCAÇÃO

(2)

-- ---~-- ---~~ ..

-"--''-->---INTERFERENCIA DE EDUCADORES DE

CAMADA MgDIA EM EDUCAÇÃO POPULAR

MARIA VALNf ALVES

(3)

trabalho.

(4)

AGRADECHIENTOS

Reconheço com alegria e gratidão que a partici pação de dezenas de pessoas foi decisiva para a elabora ção desta investigação. Cada uma teve um lugar importan-te na especificidade de sua forma de contribuir.

Quero agradecer aos professores do IESAE, de modo especial aos professores Durmeval Trigueiro Mendes e Victor Vincent Valla, que mais interferiram na reelabora-ção e aprofundamento de meus conhecimentos suscitados na praxis educativa.

Agradeço de forma muito profunda aos educandos camponeses que durante toda a experiência educativa ensi-naram-me a olhar a realidade numa perspectiva de mudança a partir de seu processo de con~cien~ização que, numa re-lação de confiança mútua, pode-se levantar questionamen-tos, reelaborar nossa concepção de mundo, fazendo avançar a proposta de educação popular.

Neste sentido, integro a produção bibliográfi-ca dos edubibliográfi-candos, as conversas e entrevistas, onde expre~

saram a formulação de seu saber sobre a realidade e a vi-da e questionaram o saber dos educadores.

Outras pessoas são bem reconhecidas por m1m e tenho a certeza que a omissão de seus nomes não diminui a profundeza de sua contribuição para

a

:realização deste trabalho.

(5)

INTRODUÇÃO

.

. .

.

. . .

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. .

. .

.

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. . .

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. .

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. .

.

.

.

. . .

.

. . .

.

1 1. HIST~RICO DE UMA INTERFERENCIA DE EDUCADORES DE

CAMADA MÉDIA EM EDUCAÇÃO POPULAR •••••••••••••••••• 6

1.1. Situaçio e Objetivos •.••••••••••••••• ~ .••••••••• 6

1.2. Instrumentos... 9

1.2.1. Ce1ebraçio da P.1a~ra de Deu~ •• ~ •••••••••••••• ~

1.2.2. Visitas aos Lugarejos ••••••••••••••••••••••••• 10

1.2.3. Encontros de Revisio, Análise e Planejamento •• 12

1.2.4. Encontros de Esposas •• ~ .•••••••••••••••.•••••. 14

1.2.5. Cursos . . . • . . . • • " •.•... " . . • . . '. . . • • . .. 15

1.2.5.1. Curso de Hist~ria da Sa1vaçio ••••••••••••••• 15

1.2.5.2. Curso de Hist~ria do Brasil e Desenvolvimento

Econômico . . . • . • . . . 16

1.2.5.3. Curso de Sindicalismo e Estatuto da Terra •.• 17

1.2.5.4. Curso de ~igiene, Alimentaçio e Sa~de ••••••• 18

1.2.5.5. Curso de Dinimica de Grupo ••• ~ •••••••••••••• 19

1.2.5.6. Outros Estudos Sistemáticos ••••••••••••••••• 19

1.2.6.

1.2.7.

1.2.8.

1.2.9.

1.2.10.

1. 3.

1.3.l.

1.3.2.

1.3.3.

1. 4.

1. 5.

2.

3.

Produç~es Bibliográficas Elaboradas~~u

Escolhidas pelos Educadores ••••.••••••••••••

-Produç~es Bibliográficas Elaboradas

pelos Educandos ...••.•••..••••••••••••••••••

Programa Radiof~nico .•••.•••••••••••••••••••

Trabalhos Comunitários •••••••••••••••••••••• 21

21

22

22

Grupos Comunitários ••••.•••••••••••••••••••• 24

Sinais de Mudança .•••••..••••••••••••••.••• 24

Mudanças no Relacionamento Inter-pessoal ••.• 24

Mudanças na Percepção da Realidade •.•••••••• 29

Ações frente

ã

realidade •.•••••.••••.••••••. 35

Tropeços e Reveses •••••••••••••••••••••••••. 41

Prática e Teoria •.•.•.•••••••••••••••••••••• 46

RE FE REN C IAL TE~RI CO •••.•..••••••••.••••••••• 5 O

PROPOSIÇÕES TE~RICO-PRÁTICAS ••••••••• ~ •••••• 76

(6)

3.2. O Educador que.não estiver em constante capa citação científico"-p·edagógico não poderá in=

terferir no processo de Educação Popular •••••••• 80

3.3. Ao interferir no processo de Educação Popular,

o Educador precisa assumir que pertence a

ou-3.4.

tro Estrato Social: O Educador não

ê

Povo .•••••• 85 O Educador não precisa estar ligado

ã

Produ-ção para poder interferir na Classe Oprimida

com uma Proposta de Educação Popular ••.••••.•••• 91

3.5. O Educador deve assumir que a autonomia do

Educando

i

exigência primeira na Educaçio

3.6.

3.7.

4.

Pop-ular . . . • • . . . . ·." . . . . • . . . · .. · . . . 96

o

Educador deve provocar·nos Educandos um po-.sicionamento crítico frente às Contradições

Sociais, incluindo suas proprias con~radições

como sujeito do processo e consequentemente o assumir da luta pela Superaçio dessas

Contra-dições . . . 112

Se o Educador não assumir uma

Pedago;{~-Cons­

cientizadora que negue o modelo pedagógico es

tab~lecido pelo Sistema Educacional

.Vigente-não contribuirá para a Mudança Social ••.•••••••• 130

-

.

CONCLUSOES • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 152

-. - - AB S TRACT- • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 163

BIBLIOGRAFIA . . . .. 165

(7)

Pela educaçio o homem se apropria do mundo atra vês do exercício processual e consciente do saber e dopo-der sobre a realidade e o mundo, realizando-se como sujei-to da história em cuja construção se reconhece ao reconhe-cer sua participação como açio criadora.

A divisão da sociedade em classes antagônicas fundamenta a possibilidade e a necessidade de uma proposta de Educação Popular como a forma de retomada pela classe dominada de um direito que lhe foi alienado, que e a Educa ção sem adjetivo, onde saber e poder são qualificados a partir do ser homem e nio a partir da posição que se ocupa em uma sociedade capitalista.

A proposta de educação popular, para ter signi-ficincia, tem qu~ objetivar a mudança social atrav~s da ne gação de estrutura de poder, assumida numa perspectiva de superação de suas contradiç~es constituídas pela exist~n­

cia de classes antagônicas na sociedade.

O sujeito dessa mudança social e a classe domi-nada que, atraves de grupos:populares organizados, assumem o processo educativo como i~strumento de realização de seu projeto de libertaçio, em contraposição ao projeto da cla~ se dominante que usa o sistema educativo~vigente, como for ma de ~anutençao do 4~a~u4

quo

,de dominação.

A interferência em educaçio popular da parte de pessoas de camadas media, que nao pertencem sociologicamen te

ã

classe dominada, põe problemas serios de viabilidade e eficácia.

No entanto, com base em dados experimentais e teóricos, pode-se afirmar que essa interferência e válida e eficaz, mesmo que os educadores nao se integrem em forma de pertença

ã

classe dominada.

(8)

para se pôr a serviço da classe dominada e dominante.

nao da classe

As condições principais para esse intento sao: opçao pela mudança social, convicção consciente de que nao são eles, mas os educandos, os agentes principais da dita

"

mudança e, consequentemente, o empenho na consecuçao, por parte dos educadores, de uma autintica autonomia no saber e no poder.

Da interferência posta corretamente em prática sao também beneficiados esses mesmos educadores que, na sua praxis educativa, têm oportunidade de crescer na refor mulação de seu saber, tanto sobre a sociedade como sobre o seu posicionamento concreto diante das exigincias de mudan ça de uma sociedade cuja organização negara~ na base de seu engajamento educativo.

.

.

(9)

Para maior clareza da proposta de nosso trabalho, parece-nos importante situar sua origem norte adora de uma opção de pesquisa, entre inúmeras que também nos seriam in-teressantes.

Tem como base o engajamento de

14

anos numa

pro-- t, .

posta de educaçao popular. Consequentemente, os quest10na-mentos gerados do processo educativo, sobretudo no que se

refere

ã

interferência de educadores; a consciência crítica da necessidade de mais conhecimentos teóricos que} somados

ã

realidade percebida, expliquem e contribuam para uma análi-se mais científica dessa realidade na sua relação com a so-ciedade e provoquem o surgimento de novos elementos de fun-damentação da proposta educativa. popular.

Poderíamos dizer que a procura de fazer o mestra do na area de filosofia da educação já trazia o pbjetivo de poder contemplar, de uma forma mais profunda e científica, a nossa parcela de participação no processo de construçao da história do povo oprimido.

O curso foi um momento privilegiado de análise crítico-científica da educação, da praxis educativa pelos instrumentos oferecidos no currículo e, mais especificamen-te, na pesquisa que resultou neste trabalho o qual apresen-tamos.

,

Nosso objetivo é contribuir para o estudo do pa-pel de interferência de educadores de camada media na educa çao popular, detectando a viabilidade teórica e prática des ta ação;

(10)

Levantar questoes para a prax~s de interferência de educadores em educação popular, estabelecendo criterios de qualidades, limites e condições para essa interferência num sistema capitalista.

A educação popular a qual nos referimos tem como objetivo a mudança social, conquistada gradualmente pela classe oprimida. ~ um conteúdo e forma de conscientização e organização popular que provoca, pelo exercício da auto-nomia de ação e reflexão de seus participantes, a apropria çao de seu saber e de seu poder sobre a realidade e o mun-do.

Partimos dos seguintes pressupostos:

I - A concepção de educação, de sociedade, ·do s~s tema capitalista e do sistema educacional brasileiro fun-damentam a elaboração de uma proposta de educação popula~

entendendo que a educação serve de base ao modelo de socie dade que se pretende conservar ou modificar;

2 - A percepção da realidade brasileira como uma totalidade que reflete a interrelação dos setores econômi-co, polítieconômi-co, social, cultural, educacional e religioso esclarece a situação de marginalização em que vive a gran-de maioria da populaçio ru~al do nordeste;

3 - A experiência de interferência de educadores de camada media na área rural do nordes~e'brasileiro, ex-pressando a participação direta' com o povo e grupos popul~

res no processo de educação popular.

Limitamo-nos ao estudo do papel de interferência de educadores de camada media no processo de educação pop~ lar, integrando os elementos indispensáveis para a formula ção de uma posição teórico-prática sobre apropost3 da pe~ quisa.

(11)

ferência de educadores, que suscitou um. conhecimento ma10r de sua realidade, das relações sociais, das relações de pro dução integradas no sistema capitalista estudado durante a pesquisa mas aqui explicitado sem grande profundidade pois limitamos-nos a buscar responder

ã

pergunta que orientou nossa investigação sobre o papel de interfência de educado-res em educação popular.

Acreditamos que o essencial das conclusões sejam aplicáveis não só a outras áreas rurais do Brasil

mesmo

ã

área urbana.

como ate

Optamos por uma pesquisa que nos pareceu ma1S coe rente com nossas aspirações, questionamentos,

educativo e tambem nossas limitações.

engajamento

Percebemos duas fases distintas mas interligadas: a fase da descoberta e a fase da elaboração.

Na fase da descoberta, o enfoque predominante foi a experiência. Não uma experiência cega, espontaneista, já que cada passo da experfência foi desenvolvido numa relação com a reflexão, avaliação em contato com outros pensadores. Da experiência refletida foram se firmando convic çoes e esboçando-se urna visão de educação, desvelando-se e sistematizando-se aspectos básicos da interferência de edu-cadores.

A fase de elaboração teve momep~os distintos mas interrelacionados. A principalidade encontra-se nas refle-xões, analises de posições teóricas, principalmente no que se refere ao homem e à educação, à estruturação da socieda-de capitalista, às relaçoes produtivas, aos mecanismos de legitimação e garantia da estrutura de

de classes e às bases, para um projeto uma sociedade democratica.

poder na sociedade de instauração de

(12)

4

proposta formulada como problema a ser investigado.

Estes assuntos, tratados teoricamente, orientaram a percepção crítica da realidade social e provocaram um en-contro da teoria e pratica, num processo de relação dialêti ca. A experiência educativa desenvolvida com educandos oprimidos ê apreendida sobre uma nova forma de se

6aze4

e

4e6aze4

como praxis criadora.

Nosso processo de elaboração e ree1aboração teóri co-pratico foi acompanhado por alguns professores do IESAE que, no exercício educativo, muito contribuiram oferecendo-nos elementos de analise, questionando oferecendo-nossas percepções e posições teóricas, refletindo em comum, resultando numa res posta satisfatória

ã

nossa proposta de pesquisa.

Estendemos nosso estudo

i

produção bibliografica de camponeses da area da experiência de

.

, interferência des-crita neste trabalho, procurando detectar os níveis de per-cepção crítica, de apreensão da realidade social, de confir mação da autonomia do saber sobre a realidade e ~ vida.

E, mais profundamente, fizemos um estudo de anali ses 'feitas por alguns destes camponeses, que ja estao num nível mais avançado de conscientização-educação popular. Nas analises abordam o sistema capitalista, a economl.a de sub-sistência, crítica

ã

educação do sistema capitalista

educação que deve buscar a classe oprimida.

e a

Com uma sistematização ainda'provisória sobre o papel de educadores em educação popular, onde foram

conju-gadas a experiência e a pesquisa bibliografica, voltamos

i

area da experiência estudada. Fizemos aproximadamente 30 en trevistas e, sobretudo, tivemos conversas longas (1 dia de duração cada) com lideranças populares em níveis de consci entização e engajamento diferentes.

Com aqueles que ja avançaram mais no processo de educação popular não somente conversamos sobre nossa propo~

(13)

~o por escrito e suscitamos uma apreciação crítica sobre sua validade. Todos responderam verbalmente, fazendo algu-mas críticas e reconhecendo sua validade para os educadores.

Refletimos inúmeras vezes com educadores que;

es-!

tao interferindo no meio popular e, de maneira mais pr6fun-da, com alguns que estao engajados na area rural.

A partir destas abordagens, construimos nosso re-ferencial teorico que funãamenta os conceitos, as percep-çoes, analises, proposições, críticas e posições assumidos nes te trab alho.

Relacionando conhecimentos teoricos com a pratica de interferência de educadores, somados

à

contribuição de educandos da area rural, elaboramos nossas proposições teo-rico-praticas de interferência de educadores de camada me-dia em educação popular.

pratica.

A sistematização deixa transparecer a teoria e a Ha elaboração teorica na experiência, como há ex-periência na elaboração teorica, em uma síntese de contra-rios.

Apresentamos esta dissertação em quatro capítulo~

1 - Historico de yma interferência de educadores

,

de camada media em educação popular; 2 - Referencial Teorico;

3 - Propos i ções Te ori co-P ra t i c.às"; 4 Conclusões.

(14)

1.

1.1.

HIST~RICO DE UMA INTERFER~NCIA DE EDUCADORES DE CAMADA MgDIA EM EDUCAÇÃO POPULAR

Situação e Objetivos

Uma pequena equipe de educadores de camada média, sob a inspiração do Concílio Vaticano 11 e posteriormente

f - . 11· 1

da Con erenC1a de Mede 1n, assume, em 1965, como traba-lho pastoral, interferir na realidade do homem do campo, relacionando os seus valores de fé, busca e acolhida da pr~

sença de Deus como alimento de sua salvação, com a realida-de realida-de marginalização produzida e reforçada nas varias ins-tâncias da sociedade.' A Igreja institucional começava a abrir-se para a consciincia social, redimensionando sua mi~

sao como salvação do homem todo e não somente da alma. 2 Abre espaço para uma nova interpretação da miséria do povo que, na concepção anterior, ocupava um lugar na sociedade como menos favorecido, numa visão em que não se colocava em questionamento as causas profundas ja que a aceitação do so frimento era uma forma de graça. Depois, a interpretação da salvação do homem inclui também as condições de vida. A miséria passa a ser lida como escravidão.· Daí os bispos do Nordeste 1 (Maranhão, Piauí e Ceara) afirmaram que ~alva4

O

homem do

n04de~te

e

l~be4tâ-lo

de

~ua

e~c4av~dão.3

Respaldada nesse posicionamenio~ a equipe de edu-cadores define alguns elementosbasicos para uma entrada na vida do povo de uma area geografica delimitada, consideran-do de suma importância a religião, a história, os comporta-mentos desse povo. Isto foi de grande importância para que a educação popular pudesse ser pensada e assumida como uma das forças de superação da alienação do oprimido, e do pa-pel dos educadores junto a esses oprimidos, participando do processo de descoberta e afirmação de seus valores.

(15)

era o momento em que se passava de uma grande euforia de esquerda para uma crescente repressão de direita.

A experiência situa-se na área rural do nordes te brasileiro, região do sertão, litoral e serra, onde en contram-se os varios tipos de propriedades rurais lati fúndios, propriedades médias e minifúndios cobrindo

_ 2 - .

uma area de 20.000 km , com uma populaçao de aprox1mada-mente 500.000 habitantes. Todos os que trabalham direta-mente na relação produtiva desenvolvem uma economia de subsistência. Nessa area geográfic~ os produtos básicos sao: feijão, mandioca, milho, algodão, mamona e castanha de caju.

Recebe essa area rural um novo tipo de interfe rência educativa sem padronização de atitudes e sem ter ainda uma definição comple ta de como os educadores deve-riam percorrer com o povo a caminhada da libertação, mas aberta, para aceitar e suscitar novos elementos € formas

de uma participação e de uma ação eficaz.

No começo, o objetivo da interferência se limi tava a estabelecer a Celebração da Palavra de Deus para a população dos pequenos núcleos rurais que não tinham, com

ti...

-frequenc1a, a assistencia religiosa. Com o decorrer do tempo, efetiva-se a abertura desse objetivo para:

Desenvolver um processo de educação liberta-dora, em que o campones iluminado pelas exi-gências evangélicás reconheça sua realidade de opressão e busque, através da ação-refl~

xao sobre essa realidade, a consciência de sua capacidade de muda-la;

Desenvolver um processo de vivencia comunita ria fundamentada em ações concretas, no emp~

nhamento e na esperança de testemunhar o com promisso comunitario;

(16)

grupos comunitários e forças populares que, pa~ tindo de ações concretas refletidas, vão assu-mindo pequenas mudanças, tanto no comportamento

como na sua própria realidade social;

Articular as lideranças numa perspectiva de.· for talecimento individual e coletivo, a realizar-se como movimento que realizar-se transformasrealizar-se numa or-ganizaçao de camponeses para camponeses.

A experiência, nos seus primeiros momentos, ain da limitada

ã

proposta de atender aos anseios religiosos da população, estava aberta a todos. À medida em que foi se configurando a relação da fe com a realidade sócio-econômi ca-política, começaram a surgir diversidades de pensamentos dinamizando a experiência, não mais como uma resposta que correspondia às expectativas de todos. Aos desencontros de concepção da experiência corresponde a ascensão de interes-ses que iam se formalizando e abrindo espaço para

fossem alijados pela própria ação vivenciada pela

que uns maioria que descobria~ integrava e assumia o seu caminho. Isto for-çou os pequenos e medios comerciantes e proprietários mé-dios a abandonarem a experiência por perceberem que a expli cação dada

ã

miseria, como uma escolha de Deus, era

desmis-i

tificada pelos lavradores. !Percebiam que a linguagem dos educadores e do povo provocava a separação de posições assu midas de formas diferentes.

A equipe de educador~s, na ~edida em que 1a en-tendendo o papel da classe dominadora na mudança social, ia reelaborando sua proposta de interferência, concentrando suas preocupações nos integrantes da classe oprimida, que na região são pequenos proprietários, parceiros, ren-deiros, artesaos e artesas.

-

-

Isto não significa que, por iniciativa própria, a equipe tenha excluído pessoas que não se integrassem nessa faixa de dominados.

(17)

mo dos populares, com um pluralismo que. inclui mais conscientes quanto os menos conscientes, e

tanto os até mes-mo os alienados, numa dinâmica em que vão emergindo e se

firmando os diversos níveis de consciência.

Nessa experiência se encontram homens e mulhe-res, jovens e adultos do meio rural, atingindo comunidades onde se realizam tentativas diversas de organização

comuni-taria, umas dando ainda os primeiros passos na fase de des-coberta da realidade social, outras em que há participantes que manifestam uma concepçao mais crítica da realidade· e até apresentam sinais concretos de formulação do saber so-bre a realidade de que se apropriam, refletidos no engaja-mento em grupos comunitários, em ações-reflexões assumidas num nível de articulação para além do pequeno núcleo local. Essa experiência de Educação Popular, iniciada em 1965, está ainda em desenvolvimento e as mudanças na co~

posição da equipe de educadores não têm prejudicado a conti nuidade da interferênci~.

1. 2. Instrumentos

No decorrer do processo de interferência, os instrumentos pedagogicos são estabelecidos respeitando os níveis de aspiração e conscientização, bem como os limites da realidade dos participantes populares ... Uns instrumentos partem de proposta de iniciativas dos educadores, para se-rem assumidos pelos populares; outros são propostas de açao dos educadores por eles assumidas, até que os populares as-sumam ou seja eventualmente constatada sua inviabilidade ou não validade; e ainda alguns que são formalizados no proce~

so de conscientização das lideranças populares, assumindo os educadores a responsabilidade que estas lhes confiam, conforme sera explicitado no decorrer da descrição que se-gue:

(18)

que foi proposto pelos educadores

ã

população rural da área em que se situa a experiência de interferência. Os educado-res treinaram lideranças dos pequenos aglomerados para exe~

cer essa função, que at~ hoje ~ bem aceita pela população, dada a sua religiosidade. Com o tempo, aquelas lideranças e outras, que foram aprendendo a t~cnica de celebração, co-mo tinham o espírito de sua significação, foram ensinando a outras pessoas e/ou animadores de comunidades, que, por sua vez, ensinavam a outros interessados.

Logo perceberam os educadores a necessidade, tam bêm expressa na forma de insegurança por aqueles populares, de uma capacitação a nível de conteúdo, para que os animado res não se transformassem em meras máquinas de rito e para que a Celebração abrisse espaço para uma participação mais

fecunda na vida da comunidade, em seus problemas e em sua situação no conjunto social. Aqui se inscrevem os diversos cursos de que falaremos adiante.

Nesse processo de apropriação da Palavra de Deus pelos populares, constatam-se mudanças significativas na forma e na concepçao, ao relacionarem a mensagem bíblica com a realidade de sua prôptia vida a que chegam devido a

i

interferência dos educadores que, fazendo avançar a

consci-\

ência dos populares, oferecem elementos de superação da con cepção de religião separada da vida, contribuindo para que integrem a Palavra de Deus na sua história de povo oprimido, como força de iluminação e crítica da r~alidade e desmisti-ficação do providencialismo.

1.2.2. Visitas aos Lugarejos

Os educadores visitam as famílias, procurando criar um clima de confiança mútua, conhecer· em que

(19)

tradição da sua própria realidade.

Nessas visitas, os educadores motivam as famí lias a se reun~r para conversar sobre suas preocupaçoes, mesmo por ocasião da celebração da Palavra de Deus. ~ co-mum convidá-las para uma reunião com as outras pessoas do

lugar. As famílias sentem-se muito felizes ao serem visi-tadas pelos educadores, não só por hospitalidade mas tam-bem pela deferência servil com relação a pessoas de classe mais elevada e pelas expectativas de uma visão

paternalis-ta. Por isso os convidam a vir outras vezes. Assim, as visitas que nos primeiros momentos ocorriam por iniciativa dos educadores, são depois solicitadas pelo povo que já fi nancia parcial e totalmente as despesas das mesmas.

Hã algum tempo, as visitas às bases diversifica-ram-se no próprio desenvolvimento da experiência educativa, sendo feitas basicamente. em três níveis: pelos educadores que continuam exercendo esse tipo de interferência, agora com mais objetividade, .respaldando-se no crescimento da consciência crítica dos participantes e na maior clareza e segurança do papel de sua interferência como educadores de camada media; por lideranças da ãrea com responsabilidade de apoiar e acompanhar as bases em determinadas regiões; e por lideranças mais conscientizadas, com uma anãlise da re alidade bastante crítica e profunda que estendem sua atua-ção a toda a área geográfica da experiê~c~a em descrição.

Essas visitas possibilitam um grande entrosamen-to entre educadores e povo, e entre lideranças e massa, com a resultante melhoria do conhecimento da própria reali dade.

Por ocasião das visitas, são feitas tambem reu nião de massa. A equipe não somente incentivou como assu-miu, durante um longo tempo, a coordenação de reuniões com o povo dos lugarejos que, aceitando o convite dos

(20)

.

sendo todas as pessoas convidadas a falar, poucas conse-guiam expressar-se em voz alta diante dos demais.

Ã

medida em que os participantes iam identifican do o conteúdo da linguagem das lideranças como seu, cres-ciam as intervenções em forma de contribuição com fatos da realidade, com questionamentos e ate discordâncias. As reu niões perdiam sua formalidade e, no processo de participa-ção, deixavam de ser dos educadores ou dos líderes, para serem reuniões da "comunidade". Os líderes do meio do po-vo, que estao com seu popo-vo, acompanhando-o e reforçando seu processo de conscientização, assumem a coordenação das re~ niões, com a principalidade que anteriormente era dos edu-cadores.

o

conteúdo básico das reuniões sempre foi a si-tuaçao sõcio-econômico-político-religiosa dos camponeses, sendo que, como a realidade apo~ta a~ conseqllências das r~ lações de opressão, há uma preocupação em ir aprofundando suas causas, para formalizar uma análise da realidade.

As reuniões, também feitas com a presença e in-centivo de lideranças de outras comunidades, contribuem p~ ra uma maior articulação entre as localidades

trocam suas experiências e conhecimentos.

que assim

1.2.3. Encontros de Revisão, Análise e Planejamento

Apõs uma reV1sao crítico-analítica dos três pri-

.

-meiros anos de interferência no meio rural, os educadores perceberam que deviam ofereceris lideranças rurais maior

-

"

conteudo de realidade para provocar, consequentemente, um conhecimento crítico sobre sua situação social na relação com os outros e com a sociedade da qual fazem parte. Perc~

beram que era necessário impulsionar um novo passo. Prepa-raram um planejamento incluindo conteúdo e formas de inter ferir junto às lideranças e às bases. Convocaram doze pe~

(21)

acreditan-do serem elas as mais esclarecidas e expuseram-lhe a revi-são e análise referentes aos primeiros passos, propondo-lhes em seguida o projeto do planejamento, para que esses .. r e p r e s e n t a n t e s" das b a s e s di s cu tis sem, de s sem sua s c o.n t r i

I

-buições e aprovassem o plano que logo após começaria ~ ser desenvolvido. Os educadores procuraram manifestar a esses camponeses que o planejamento estava aberto, incompleto, com limitações, para ser enriquecido e corrigido com um p~ so maior de participação das lideranças camponesas que, re fletindo com o povo de seus lugarejos, poderiam descobrir novos elementos e formas de aprofundar a concepção da

rea-lidade vivida e apontar aos educadores esses elementos e

formas. Num processo crescente de participação, foi-se dando a transferência do poder de decisão dos educ~dores

para os populares.

Em cada encontro anual, a participaçao popular comprova um nível de conscientização mais avançado, expre~

·so na capacidade de análise da experiência em relação a re alidade global da sociedade e na apropriaçao do poder de decisão dos camponeses participantes da experiincia.

Nos primeiros anos, os encontros de revisão, ana lise e planejamento eram coordenados e administrados pelos educadores, que também conJeguiam seu financiamento. Com o decorrer do processo, vai diminuindo a necessidade desta interferência dos educadores. No momento,

.

a preparação,

.

coordenação, admi ni s t ração e fi nanci ame'n to de s s e encont ro

,

são assumidos pelas lideranças e bases populares, que so-licitam a participação dos educadores a partir de aspectos visualizados e objetivados, sobretudo pelas lideranças que definem o nível de interferência dos educadores.

(22)

bases mais representativas da consciência, do saber, das limitações do povo. O planejamento aproxima-se mais da re alidade apreendida e projetada por aqueles que fazem parte da experiência educativa como movimento de camponeses.

Outro aspecto de suma importância e que a prepa-raçao do encontro, que nos primeiros tempos era feita pe-los educadores, depois por esses com um peq~eno grupo de lideranças, passa por um profundo processo de mudança. Nos dois últimos anos, o pequeno grupo, apenas assessorado pelos educadores, escolhe o tema central do encontro e o metodo de preparação das bases. O conteúdo

ê

discutido p~

las bases, num nível de saber e poder sobre a realidade, de modo que, no decorrer do encontro, da-se apenas a legi-timação em nível geral, já que os participantes sao repre-sentantes das comunidades onde se fez ampla discussão do conteúdo.

[ sobretudo nesse Encontro de Revisão, Analise e Planejamento, que se reelaboram e se esclarecem os objeti-vos da experiência e se estabelecem linhas e pistas de açao para o an~ o que vem a constituir, para os educadores, a base de orientação para sua interferência.

De forma semelhante se realizam com ma1S freqUên cia, porem, Encontros de Revisão, Analise e Planejamento em nível regional e local.

1.2.4. Encontros de Esposas'

.

.

Esses encontros nasceram por solicitação das

(23)

Aos poucos foi se ampliando o objetivo e a dinâ-mica desses encontros: de regional passou a geral, de en-contro de esposas das lideranças, passou a enen-contro aberto a todas as esposas das comunidades, vindo participar quem quisesse; os temas deixaram de ser fixados pelos educado-res para serem estabelecidos pelos participantes; o conteú do passou a ser discutido nas bases, antes e depois dos en contros.

Os temas tratados vão desde o papel da mulher no lar

ã

analise da realidade de opressão, passando por vida familiar, vida sexual, dominação homem x mulher e educação dos fi lhos.

1.2.5. Cursos

Para ajudar a formalizar

o

conhecimento e a ana lise da realidade social e as implicações na viàa àa clas-se oprimida são realizados varios tipos de cursos, acompa-nhando todos as necessidades e solicitações dos populares integrados no processo educativo.

1.2.5.1. Curso de História da Salvação

Considerando a motivaçao religiosa dos campone-ses da area da experiência descrita, s~~ ~ados cursos de História da Salvação em varios níveis, respeitando-se a ca pacidade de percepção do conteúdo refletido, o crescimento da consci~ncia e tambim os objetivos formalizados pelas li derançaspopulares, pessoas das bases e, nos primeiros mo-mentos, pelos próprios educadores. Os cursos sao feitos re

(24)

Os educadores escolhem textos bíblicos que apr~

sentam aos participantes, para que discutam em grupos, tra zendo o conteúdo para a realidade vivida hoje,

ã

medida em que os fatos identificados pelos participantes recebem a

i

iluminação da Palavra de Deus. Para facilitar a relaçao a

,-se fazer entre as leituras

e

a realidade, os educadores fa zem perguntas. Por exemplo: "o mundo em que voces vivem está parecido com o sonho de Deus?"(*) Novas perguntas sao lançadas a partir dos resultados apresentados pelos grupos. Nesse momento aparecem os pontos comuns, as identificações de concepção de mundo, como também se provoca a

explicita-ção das contradições dos participantes ao interpretar a realidade social.

1.2.5.2. Curso de História do Brasil e Desenvolvimento Econômico

Os cursos nessa perspectiva têm como objetivo of~ recer aos populares conteúdo básico da História e das Ciên cias Sociais, para integrarem esses conhecimentos na anãli se que fazem da realidade sócio-econômico~política. são transmitidos como elementos de informação que contribuem

I

para a explicação da sociedade e questionamento da concep-çao de mundo, ajudando os participantes a formular sua ex plicação do sistema de organização social. Nas etapas dos cursos, a sociedade capitalista ~ interpr~tada, criticada, analisada

à

luz da história desenvolvida no espaço e no tempo, possibilitando a reelaboração do conhecimento adqui rido e da concepção da sociedade.

são estudados textos de historiadores e outros cientistas sociais como um dos contributos para as refle-xões, questionamentos e análise da realidade social

(*) Pergunta para o texto bíclico da cr1açao. 26-31) •

(Gen. que

(25)

fazem os participantes. Os dados somam-se com outros ele-mentos bisicos que sio os fatos da realidade especifica dos participantes, por eles mesmos identificados e comparados com os dados informáticos.

Os educadores e outras pessoas escolhidas para dar sua contribuição nos cursos nio apresentam aos cursis-tas uma anilise do sistema social. Transmitem informações para clarear a elaboração do conhecimento que é subsidiado pelos textos com dados de história do Brasil e de economia. Assim, pelo conhecimento teórico-pritico, os participantes avançam na elaboração crítico-analítica do saber sobre o mundo que decodificam.

Esses cursos sao dados em etapas em que sao abor dados assuntos delimitados previamente e propostos pelos educadores aos educandos ou por estes solicitados aos edu-cadores, ficando porem aberta a possibilidade de serem in-troduzidos novos assuntos que alargam e aprodundam o conh~

cimento conscientizador que os participantes populares ad-quirem.

Os educandos participantes dos cursos sentem-se na responsabilidade de articular esses conhecimentos nas bases rurais, provocando o aprofundamento do saber sobre o objeto conhecido.

1.2.5.3. Curso de Sindicalismo e Estatuto da Terra

'-Têm origem semelhante aos anteriores, ou seja, são propostos pelos educadores às lideranças que indireta-mente os sugerem quando manifestam preocupaçao em conhecer e refletir sobre esses assuntos.

(26)

conhecimento ou sistematização das informações sobre sindi calismo e estatuto de terra, procuram elas mesmas os cami-nhos de atendimento a esses interesses.

Nos primeiros anos da experiência, os educadores interferiram mais no sentido de ter um número maior de edu candos, sobretudo as lideranças da comunidade, para que co nhecessem esses assuntos. Motivaram a sindicalização e o conhecimento de seus direitos na relação de trabalho. Cons tata-se que uma grande porcentagem de

da experiência é sindicalizado.

camponeses da

1.2.5.4. Curso de Hi~iene, Alimentação e Saúde

-area

Foi progr amado p e los e du cadores e apres en t ado a algumas lideranças femininas mais conscientizadas que suge riram algumas mudanças integradas no'. projeto definitivo. Como o número de participantes era limitado, os educadores sugeriram às regiões que escolhessem os 25 part~cipantes.

Os educadores pediram que as participantes trouxessem no-mes de ervas e se possível, espécies utilizadas na medici-na popular bem como o seu emprego.

O Curso constou de três partes distintas mas bem integradas j partindo do conhecimento da higiene popular e

dos tabus culturais, discutiu-se sobre a importância da hi giene para a saúde e foram transmitidas técnicas neste sen tido. As participantes trocaram entre 's·i. . seus conhecimen-to~ de medicina caseira, estimuladas pelos educadores que mostraram seu valor e a diminuição de seu emprego pelo avanço da ciência e da técnica. As participantes recebe -ram, enfim, orientação de como melhorar sua culinária, em-pregando os produtos alimentares da região.

O objetivo desse curso foi não somente trocar co nhecimentos mas também criar condições de entrosamento

(27)

1.2.5.5. Curso de Dinâmica de Grupo

Foram realizados em nível global, regional e lo-cal da experiência.

o

principal objetivo dos cursos foi saber melhor discutir, criticar e analisar a realidade, ao mesmo tempo que fazer avançar a experiência educativa. As técnicas fo ram exercitadas considerando o conteúdo objetivado, a rea-lidade dos participantes, sua capacidade criativa e até o local onde se realizava. Uma outra finalidade era a supe-raçao do medo de falar, de discordar, de identificar os er ros, acertos e contradições e de se posicionar diante dos mesmos.

Nos últimos anos, com o avanço do processo educa tivo, não há mais necessidade desses cursos. A própria praxis educativa, ação-reflexão, é a concretização dos cur sos antes formalizados.

1.2.5.6. Outros Estudos Sistemáticos

Estudos diversos, foram feitos sobre assuntos pro-postos pelos educadores, pelas lideranças populares e pelas

bases. \

Nos primeiros anos os estudos foram programados em linha geral da experiência. A títu~o ·de exemplo, todas as li4eranças fizeram estudos s4bre

o

papel do homem

na

con6t~uç~o

do mundo, O

t~abalho

do homem e a6

6o~ma~

de 6ua

~elaç~o,

A

6am~lia

campone6a numa

vi6~O C~i6~~

e 6ua

vi6~O

6ocial,

A

educaç~o

e a

con6cientizaç~o

como

di~eito

e

ne-ce66idade de

~odo

homem.

(28)

pes-soas mais diretamente das bases, decidiram, com uma certa legitimação dos educadores, aprodundar" as reflexões e anãli ses sobre Dominação e Libertação. Essa forma de estudo e

-realizada também com muita freqUência com a participação de pessoas dos lugarejos.

Entre os educandos, as lideranças sao as pessoas que maior interferência recebem dos educadores, interferên-cia concretizada no exercício pedagógico e no conteúdo arti culado. Os educadores incentivaram, sobretudo nos primei-ros passos da experiência, as lideranças de comunidades a realizarem estudos em bases populares escolhidas, conside-rando o maior apoio da população. são executados estudos por representantes de várias comunidades das regiões da ex periência e comumente as despesas com alimentação são finan ciadas pela população local.

A posição dos educadores diante das lideranças e do povo se formaliza bastante como questionamento da reali-dade em que estão inseridos, sobretudo os mais oprimidos, e como apoio às ref 1 exões' e às açóes que re aI i zam. Os edu ca-dores estão atentos para que os líderes, aprendendo a de-senvolver seu exercício de poder, assumam a coordenação de estudos e reflexões que anteriormente eles assumiam nao por desvalorizar os educandos mas por respeito às limitações de suas condições depois superadas.

(29)

1.2.6. Produções Bibliográficas Elaboradas ou Escolhidas pelos Educadores

Os educadores elaboram ou escolhem material bi-biográfico que é oferecido às lideranças e às bases como

conteúdo, informação e motivação da reflexão-ação. Mais do que publicações, a fonte deste material sao preocupações, questionamentos e explicações da realidade, feitas por po-pulares em conversas e através de cartas, relatórios e men sagens. Nesse sentido os educadores fazem relatórios, C1r culares, questionários e reflexões, que orientam a compre-ensão crítica da realidade na sua relação com a experiência.

Para orientar a leitura e reflexões bíblicas, os educadores, seguindo o roteiro de textos bíblicos

escolhi-dos ~ela Igreja para os domingos, selecionam do material

vindo das bases depoimentos, fatos e observações críticas de aspectos da realidade específica e até mesmo do contex-

.

to social mais amplo. Esse material e distribuído às ba-ses com uma pergunta ou questionamento capaz de ajudar os debates, ligando a mensagem bíblica com os acontecimentos, tomadas de posições, ações e planejamentos da vida e da ex periência educativa. A circulação desse material provoca nas bases revisão critica de seu engajamento na experiên cia e na realidade social.

Os educadores oferecem tam~i~ ~os educandos in-teressados publicações mimeografadas e impressas que S1-tuem aspectos provocadores e iluminadores das reflexões e das análises.

1.2.7. Produções Bibliográficas Elaboradas

p e los Edu c an dos

(30)

na elaboraçio de suas pr~prias análises da realidade e do sistema societário. Por isso publicam e distribuem textos analíticos produzidos por educandos, que chegam a um nível de conscientizaçio além do nível comum das bases. Assim, reforçam, apoiam e legitimam a capacidade

classe oprimida.

1.2.8. Programa Radiofônico

intelectual da

o

programa de rádio é outro instrumento que faz parte da experiência de educação popular em questão.

Os programas começaram em 1968 por proposiçao da equipe e são muito bem aceitos pela população rural, que tem no rádio um dos principais meios de comunicação. Têm como objetivos, através de mensagens dos educadores e de pessoas das bases, incentivar os núcleos rurais a dese~

volver formas de organizaçio comunitária, comunicar" as ex-periências e atividades desenvolvidas nas comunidades, ori entar discussões e refiexões, noticiar e lembrar planeja-mentos a nível regional e global, e comunicar

ciais diversas.

notas

so-O programa radiofônico cria espaço para que a população rural possa ter um programa de rádio conforme suas aspiraçoes e decisões.

~ apresentado duas vezes por semana pelos educ~

dores e pessoas das bases, com trinta minutos de duração, num horário escolhido pelas lideranças camponesas.

1 • 2 • 9 • Trabalhos Comunitários

(31)

melhorar de vida através de un1ao de forças da comunidade,

.

-incentivando e apoiando as iniciativas dos grupos que che-gavam a programar açoes a serem desenvolvidas em conjunto, como roçados comunitários, despensas comunitárias e outras práticas nessa perspectiva. Os educadores propagavam as experiências dos trabalhos comunitários, legitimando as iniciativas das bases.

Em pouco tempo, em quase todas as comunidades havia travalhos comunitários desenvolvidos nas formas mais criativas possíveis, conforme o nível de percepção e cons-ciência crítica dos participantes envolvidos.

Nesse contexto a cáritas, entidade assistencia-lista, aproveitou-se das experiências que surgiam com po-der de decisão dos grupos de base e assumiu a coordenação e controle das mesmas. Distribuía alimentos e roupas para a comunidade mas exigia das mesmas execuçao de trabalhos pré-determinados. Todo o povo queria participar para rec~ ber comida e roupa, sobretudo porque no períodQ de maior efervescência dos trabalhos comunitários a região foi cas-tigada por duas calamidades climatéricas: uma seca e uma inundação.

(32)

avan-ço na superaçao de seus problemas, pelas aavan-çoes das nas formas de participação comunitária.

1.2.10. Grupos Comunitários

desenvolvi-Os educadores interferiram para a formação desse tipo de organização de forças populares como um nível mais avançado de consciência crítica dos educandos.

preocupação com trabalhos comunitários mas, sim,

Não havia como uma reflexão mais ampla sobre a realidade de opressão dos campo neses e o encaminhamento de organização das forças popula-res, bem como sobre outros aspectos da vida da comunidade. Desse modo, difundiu-se aos poucos a prática da reunião de grupo ao lado da celebração da Palavra, havendo lugares on-de existia só uma das duas atividaon-des e outros em que fun cionavam ambas; sendo que, nesses últimos, os membros da co munidade participavam de uma ou de outra, ou de ambas.

1. 3. Sinais de Mudança

No decorrer da experiência educativa, educadores, lideranças populares e mes~o pessoas das bases com menos

• - . . ~. ! . ..

consc~enc~a cr~t~ca constatam s~na~s de mudanças, que se si tuam nos níveis de relacionamento inter-pessoal, de percep-ção da realidade e de ações frente

à

realidade.

1.3.1. Mudança no Relacionamento Inter-Pessoal

Um dos primeiros resultados da experiência e

-

a descoberta do significado do homem como ser social. É co-mum o homem do campo manifestar concretamente um sentimento de solidariedade bastante forte, ao perceber que uma pessoa da família, um amigo, um vizinho ou mesmo um conhecido vive um momento extraordinário de alegria ou de tristeza. Apesar disso, de um modo geral, não tem consciência de organização

(33)

res-tringindo a comunicação no trabalho e fazendo que as con-versas se dêm na volta do trabalho, ao sair da área de seu roçado e, de modo especial, nos alpendres da vizinhança, quando falam espontaneamente sobre assuntos que estão liga dos

ã

sua vida.

Com o desenvolver da experiência,foi oc~rrendo entre os participantes dessa área a abertura para a probl~

mãtica dos outros, chegando nos níveis de consciência crí-tica

ã

descoberta de que os problemas dos camponeses se identificam e se encontram, como problemas de uma classe oprimida, significando isto que, ajudando aos outros, es-tão ajudando a si pr~prios. Aos poucos os problemas vão se tornando comuns, num processo de superação do individua lismo. Não havia consciência de responsabilidade de assu-mir problemas que não fossem de sua casa, ate como uma for ma de respeito

ã

vida alheia, mdito incentivados pelos

pa-trões que apregoam:

eada um

po~ ~i e Veu~ po~ ~odo~.

(*).

Contradizendo o individualismo reforçado pelos patrões como um mecanismo de defesa de seus interesses ca-pitalistas, um camponês diz:"N-i..nguê.m

pode

euida~ de ~e~o,i­

ve~ ~o ~eu~ p~oblema~. o~ ou~~o~ p~eei~am de nô~ e nó~

de-,ie~:I!+

Na mesma perspectiva de conscientização da

res-ponsabilidade dos problemas dos camponeses serem assumidos em comum, uma camponesa diz em uma carta:"O~ p~ob,iema~

que

an~e~

6ieava

en~~e a~ pa~ede~

da

ca~a

dando

o~gem

a

ou-t~o~,

já.

~ão

hoje

d-i..lleu~ido~ po~ g~upo~'

que

~e in~e~e~~a

pe,io

bem

da 6amZ,iia

e ae~edi~a

no

va,io~

da

eon~~buição

e

expe~êneia do~ out~Oll.

~em pe~~oa~

que

~e ~eune pa~a

po~ em

eomum

Oll p~ob,iema~ 6ami,i-i..a~e~ e jun~a~ bu~eam ~o,iu­

çao.

Tudo

i~to ~ao expa~.(.el'le-i..all

que eada um vai

a.dqui~in­

do.

E

a edueação

do~ g~upo~ e

de

eada

pe~~oa.

A

gen~e

vai

mudando

pa~a me,iho~

e

delleob~indo

que

o diá,iogo

ê.

um

eami-nho

pa~a

o

entendimento . .

1:

5

(34)

Verifica-se uma crescente transformação no rela cionamento familiar, numa linha de maior comunicação em no-me do compromisso de superação da dominação. A vida fami-liar tomou nova forma, nova vida. Começa a ser um encontro

I

de pessoas que colocam em comum seus serviços, pensam~ntos

e perspectivas, dinamizando-se uma ~inha de convivência fra terna, embora ainda deixando aparecer seus desvios e contra dições, oriundos dos vícios de dominação e projetados pela classe dominadora.

Na mesma linha, constata-se uma visão igualitiria da mulher, o que e

o desabrochar de uma mudança muito significativa, pois sabe-se que na cultura machist. nordes-tina a mulher não tem direito de participar nas decisões de sua família, nao tendo nem mesmo domínio sobre a própria vi da. No processo da experiência, a mulher vai deixando de ser objeto para ser sujeito, pessoa com direitos e deveres. Isto não significa que muitas mulheres não sejam ainda bas-tante escravizadas por seus maridos que, embora inconscien-temente, transferem para elas a dominação sofrida da parte dos patrões. Contudo, muitos educandos no processo de cons-cientização libertadora superam essa posição opressora. As

,

mulheres, por sua vez, têmi contribuído muito nessa

transi-I _

çao, mesmo sendo verdade que os homens sao os principais

i

ativadores do processo por1estarem num nível de conscienti-zaçao mais avançado. Sabe-se que muitos casais camponeses que participam da· experiência sentam-se yara conversar e discutir assuntos, não somente ,ligados 'ã família mas tambem

à

comunidade e ate

à

sociedade. Sabe-se tambem, atraves de conversas e observações, que entre os casais há atualmente mais compreensao e respeito na vida conjugal.

Alguns depoimentos de maridos camponeses compr~

vam essas afirmações:"Não

gOl>to de.. 6aze..Jt nada l>e..m conve..MaJt

com

minha. mulhe..Jt pOJtque.. e..la

me..

ma~l>

l>e..guJtança pJta mim

p~

(35)

mo ela

6~ea ~at~~6eita. A~~im

ela pode me

ajuda~

entenden-do

mai~

meu pape.l na

eomun~dade.. "7

"Aeho que.

e:

p~e.ei.6o

que.

a~

mulhe.ILe..6 te.nham

opo~tun~dade..6

tambe:m de.

pauie~palL

de eneontlLO.6 e.

eu~o~,

pOlLque.

e.l~

te.m dilLe.ito eomo

noi~

e

ê

ate: bom pOlLque.

a~~im e.l~

pode.m palLtieipalL do

me.~mo t~a­

ba.tho na eomunidade.."8

"Minha mu..the.1L

ago~a

não

e:

tão

alLi~ea.

Ja .6ai de.

e~a

ate: pILa

~e.uniõe.~, e.neont~o~

e.

~abe.

que.

no~.6O

de.ve.1L não

ê.

de.

palLt~eipalL da~ ee.le.b~açõe.~.

Po~ i~to e.~tou

muito

~ ail~

6e.ito;

e

pOIL

outlLO~

lado

o~ j

0-ven~

nao

e.~pe.lLam

que. ningue.m o6e.ILe.ça

a~ mane.i~a de

ilL

~e.

.tibelLtando

d~

oplLeção

do~ pai~. E.ta~ ao~ poueo~

vao

eon-qui~tando ~ua .t~belLdade

e

de~eob~ndo ~ua~ eapae~dade

de

eaminha~

eom

~eu~ pê~ ."9

Ao estudar a experiência, verifica-se que os filhos ja dialogam com os pais, sem medo de ser incompreen didos, enquanto os pais escutam seus pensamentos respei-tando-os como pessoas grandes. É realmente notavel a trans formaçao verificada na forma de relacionamento familiar; mesmo existindo ainda dominação, ha muitos gestos de liber

tação.

-Havia nos filhos uma preocupaçao em crescer pa ra logo se casarem, saindo assim das "garras" dos pais. 03

filhos homens passavam a dominar as esposas e as mulheres, dominadas pe los mari dos, t r ans f e ri am a domi nação p ar a os filhos, em círculo vicioso. No momento da experiência

é

co mum ouvir de camponeses, sem distinção de· sexo, o dito po-pular

a

ju~tiça

eomeça em

ea~a aplicado

ã

vida familiar.

(36)

a força que tem um grupo comunitário no processo de mudan-ça da sociedade e viviam, por isso, sem fazer

nenhuma força de organização popular, fechados sem perspectiva de mudança.

parte de num mundo

o

relacionamento entre líderes e povo nas comu nidades já e bastante aberto e se áprofunda numa linha de libertação. Procuram testemunhar a relação libertadora em conquista na praxis educativa assumida conjuntamente.

Embora saibamos que anteriormente a falta de experiência de relacionamento libertador era muito expres-siva, acredita-se pelas constatações que

ê

possível supe-rar a insegurança, desenvolvendo uma consciência ~

.

cr~t~ca

mais prof unda que impu ls ione os campones es a anal i s ar, em todas as dimensões, o seu relacionamento.

No relacionamento entre ,educadores e populares há uma grande preocupação em respeitar seus valores, sua cultura e suas capacidades. Os educadores procuram apo~ar

,

e transmitir confiança, para que critiquem opinando tanto sobre o conteúdo, como sobre a forma de sua interferência

contribuind~ assim, para que os educandos assumam seu

pro-cesso, criando novas formas de relacionamento na negaçao dos relacionamentos opressores. Os educandos percebendo criticamente a proposta dos educadores, assumem no nível de sua conscientização orientar o relacionamento dos educa dores, que atualmente

ê

bastante aberto, às críticas e toma das de posições, numa linha de ,camaradagem educativa. Tan-to os educadores como os populares conversam e refletem so bre a experiência e sobre a vida com mais segurança, infor malidade e alegria, superando barreiras ate mesmo da inti-midade de ambos. Como diz o povo,

quem

b~inea

eomigo

e

meu amigo

(*) e quem

ê

meu amigo tem direi.to de explicitar

seu pensamento, revisar e analisar atitudes e desenvolver uma praxis educativa, respeitando as possibilidades e di-reitos de participação de ambos.

(37)

Constata-se que as lideranças comunitárias ar-ticulam-se num nfvel de autonomia, frequincia e objetivida de bastante significativa. Nessa forma de relacionamento, apoiam as lideranças locais com quem avaliam a experiincia particular na experiincia geral, programam

atividades,lre~

nem-se com a populaçao para encontro~ de revisão dos trab~

lhos e estudos sobre assuntos de interesse da comunidade, bem como refletem sobre as relações opressoras patrao x trabalhador e celebram a alegria e a esperança da

liberta

-çao nas liturgias da Palavra de Deus e da Vida.

Ainda sobre inter-relacionamentos, é de suma importância e posicionamento dos educandos frente aos pa-trões. Há uma crescente conscientização das posições de classe que ocupam. Sabem, por isso, que a relação patrao x trabalhador é opressora em detrimento do trabalhador que

-e oprimido. Nesses termos, os populares que antes nao identificavam as causas de sua opressao, ou mais concreta-.mente não percebiam que a base de sua opressão é a relação

de trabalho determinada pela classe dominante, hoje assu-mem posições diferentes frente ao patrao. Perdem o medo de questionar e analisar entre si as relaçoes de produção e começam a enfrentar patrões, reivindicanào direitos rou-bados. Há também uma diminuição muito significativa de

!

convites a patrões para apadrinharem seus filhos pois, co-mo se sabe, é comum na região os camponeses darem seus

fi-lhos para afilhados dos patroes.

1.3.2. Mudanças na Percepção da Realidade

No decorrer do processo educativo dá-se, tanto a nivel de lideranças como nas proprias bases, mudança de mentalidade, pelo conhecimento mais real1sta da

em que vivem.

-Os camponeses na area da exper1encia

situação

(38)

passivamente. ignorando as razoes de sua situação de opri-midos e transferindo a responsabilidade de tudo para Deus. Isto porque sua concepção de mundo era transmitida e incul cada pela classe dominante, impedindo-os de perceberem a problemática da vida em profundidade. O providencialismo pesava tanto que os camponeses julgayam ser a pobreza uma forma de santificação, a garantia de entrarem no céu. Com

-o temp-o, f-ormaliza-se e cresce a pre-ocupaça-o em buscar as causas e os mecanismos geradores de sua condição de povo explorado.

Como dizem dois campones es:

"V-<..an.;(e. de. :toda.6

e.6-;(44

coi.6a.6 de.

va/~O.6

.6064imen.:to.6.6e

ve.~ :tan.:t~

ge.n.:te

4ica

:tan.:ta

~iqueza.

Se. :tUdO

6o.6.6e

be.m

di.6:t~buZdo

.6an.a4ia

~odo

.606~me.n.:to.

O

P-<"o~

e que ;(oda.6 e..6:ta.6 4ique.za.6 .6ão pe..60.6

p~ ~a

n.O.6.6a.6 CO.6;(a.6.

,,10

Nã.o pode.mo.6

6ica~ pa~Cldo.6

d-<"Cln...t.e

de.

:tatt:ta.6 in.j u.6.tiç-a.6

em

n.O.6.6 o me.io. "Cada dia aume.n.:ta

mai.6

o

n.o.6.6 o

.6

o 64imen..to

e.

ê.

p~e.ci.6 u

n.ão.

e.tI mo~e.ce.~ e VVL

o que. n.oi.6

pode.

6aze.~ pa~a acaba~

com

e.6.6e

pe.6o

em

cima de.

n.Ô.6.,,11 Ã ~edida em que os camponeses em grupo vao co-

-nhecendo e se apropriando da realidade, verifica-se uma des mistificação do sofrimento e de sua situação de oprimidos pelo reconhecimento da posição que ocupam na sociedade de classe.

o

providencialismo é superado, abrindo espaço para um novo conteúdo de salvação do homem todo.

A fé reafirmada, reelaborad~ ~ integrada na sua

-nova concepçao de homem, de mundo e da sociedade.

Os valores fundamentais que sustentam e legiti-mam a ideologia do sistema capitalista sao

-

identificados, de modo especial, pelas lideranças mais conscientizadas, que encontram no seu conteúdo e forma de manifestação a ori entação para a apropriação da realidade como um objeto dinâ mico e dialético, que se empenham em mudar.

A exper1encia comprova que o povo so é conforma

(39)

não reconhece as raízes que provocam a divisão da sociedade

em classes. Reconhecendo essas ra1zes, todas

..

as instâncias da sociedade são interpretadas

ã

luz da consciência crítica. Por isso, hoje se escuta mU1to menos o dito ~eja

6eita a

vontade de

Veu~I*), porque muitos camponeses estao assum1n-do suas vidas numa proposta de participação comunitária, su perando a vis~o providencialista da história.

Um campones, falando sobre este aspecto, diz:

"Veu~

nao queJt que ninguém

~

o 6Jta. são

0.6 ambic.-<.o~ o~

que

to-mam tudo paJta

ele~

deixando a gente

~em

naaa e

depoi~

enga-belam a gente dizendO que c.ada um v-<.ve c.on60Jtme

o tJtaçado

delJeu~."l2

Percebe-se o crescimento do juízo crítico ares peito dos fatos históricos, tanto da Igreja como da so-ciedade.

A Igreja, para muitos educandos, toma um senti-do novo apreendisenti-do com crítica como sensenti-do detentora de mui-tos valores que transcendem o tempo mas também tendo erros e desvios. Antes era a casa do padre celebrar m1ssa, eram o papa, os bispos, os padres e os santos. Hoj~ inclui o p~ vo que responde com a sua fé esclarecida aos sinais do evan gelho e da realidade. Essa Igreja está integrada na

SOC1e-

.-dade como uma de suas instâncias e as pessoas sao os sujei-tos que impulsionam seu dinamismo.

"A

v-i.da

do

c.amponê~ e.

hoJtJtZvet, não

ê

vida de

c.Jt-i.~tão, mai~

noto que alguma. c.o-i..6a

< • •

já.

e~tá. ~e

c.laJtea.no

na~ no~~a~ c.abeça~

'po/'tque já.

~e

6ala

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Pela nova concepção da história há uma abertura para um mundo real, complexo, com forças interligadas que se somam e forças em oposição que provocam o surgimento das

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