• Nenhum resultado encontrado

Avaliação da política de reforma administrativa e de gestão da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo: Projeto Escola-Padrão

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Avaliação da política de reforma administrativa e de gestão da Secretaria Estadual de Educação de São Paulo: Projeto Escola-Padrão"

Copied!
207
0
0

Texto

(1)

1199801238zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1111111111111111111111111111111111111111zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

AVALIAÇÃO DA POLíTICA DE REFORMA

ADMINISTRATIVA

E DE GESTÃO DA SECRETARIA

ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO

- PROJETO ESCOLA-PADRÃO

(2)
(3)

FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS DE SÃO PAULO

HEITOR PAULO BATTAGGIA

AVALIAÇÃO DA POLíTICA DE REFORMA ADMINISTRATIVA E DE GESTÃO

DA SECRETARIA ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE SÃO PAULO

- PROJETO

ESCOLA-PADRÃO-Dissertação apresentada ao curso de

pós-graduação da FGV/EAESP na área de

concentração Políticas Públicas e Governo, como requisito para a obtenção do título de mestre em Administração

Orientadora: Ora. Marta Ferreira Santos Farah

São PaulozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1998

(4)

P a la v ra s -C h a v e s :zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAAvaliação - Qualidade - Políticas Públicas - Educação - Estado de

São Paulo.

BATTAGGIA, Heitor Paulo. A v a lia ç ã o d a p o lític a d e re fo rm a a d m in is tra tiv a e d e

g e s tã o d a S e c re ta ria d e E d u c a ç ã o d e S ã o P a u lo - P ro je to E s c o la -P a d rã o . São

Paulo: EAESP/FGV. 1998. 187p. (Dissertação de mestrado apresentada ao Curso

de Pós-Graduação da EAESP/FGV, área de concentração: Políticas Públicas e

Governo).

R e s u m o : Faz uma avaliação usando critérios qualitativos e políticos do conteúdo das

medidas adotadas durante o governo de Luiz Antonio Fleury Filho no estado de São

Paulo (1991-1994). Aborda a política pública adotada a partir do grau de equidade de

(5)

S u m á r iozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

INTRODUÇÃO

PRIMEIRA PARTE - JUSTIFICATIVA TEÓRICA

CAPÍTULO 1 - AVALIAÇÃO

AVALIAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICASzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

edcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAq u e a v a lia r n a s p o lític a s p ú b lic a s

ANÁLISE DAS POLÍTICAS SOCIAIS

CAPÍTULO 2 - ESCOLA E IGUALDADE

8

DEFINIÇÃO DEW E L F A R E S T A T E

POLÍTICA SOCIAL DE EDUCAÇÃO

A ESCOLA SEGUNDO O PENSAMENTO LIBERAL A ESCOLA SEGUNDO O PENSAMENTO SOCIALISTA

SEGUNDA PARTE - HISTÓRIA DO SISTEMA PAULISTA DE EDUCAÇÃO

CAPÍTULO 3 - DA ORIGEM À DÉCADA DE SETENTA

14EDCBA 16 2 0 29 3S 35 38 40 41

C o r r e n te s id e o ló g ic a s e s is te m a s d e e d u c a ç ã o

46 47 5 0 51 53 56 57 58 63 64 68 71 71 79 81 85 90 97

o

GOVERNO VARGAS

A s r e fo r m a s e m p r e e n d id a s p o r F r a n c is c o C a m p o s

M a n ife s to d o s P io n e ir o s d a E s c o la N o v a

A R e fo r m a C a p a n e m a

O ENSINO NO ESTADO DE SÃO PAULO

DE 1945A 1960 E x p a n s ã o d a r e d e

A DÉCADA DE SESSENTA

A e x p a n s ã o d o s e c u n d á r io ( g in á s io )

A DÉCADA DE SETENTA L e i 5 .6 9 2 /7 1

CAPÍTULO 4 - O CENÁRIO DOS ANOS OITENTA

A CRISE NO BRASIL

POLÍTICA PÚBLICA DE EDUCAÇÃO

Oq u e m u d o u n a p r á tic a

OS ANOS OITENTA NO ESTADO DE SÃO PAULO

TERCEIRA PARTE - AVALIAÇÃO DO PROJETO ESCOLA-PADRÃO

CAPÍTULO S - O PROJETO ESCOLA-PADRÃO

Op r o c e s s o d e e la b o r a ç ã o d o p r o je to

110

(6)

AFUNÇÃO DA ESCOLA NO PROJETO ESCOLA-PADRÃO

AESCOLA-PADRÃOedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA B r e v e d e s c r iç ã o d o P r o je to E s c o la - P a d r ã o

E s tr a té g ia d e im p la n ta ç ã ohgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

C A P Í T U L O 6 - A V A L I A Ç Õ E S Q U A N T I T A T I V A S

O IMPACTO DO PROJETO ESCOLA-PADRÃO NA QUALIDADE DO ENSINO

OS MECANISMOS DE IMPLEMENTAÇÃO DE POLÍTICAS NO SISTEMA ESTADUAL DE ENSINO CUSTO DAS DIVERSAS MEDIDAS PROPOSTAS

C A P Í T U L O 7 -A V A L I A Ç Ã O Q U A L I T A T I V A

MEDIDAS DE CARÁTER ADMINISTRATIVO

D o c u m e n to s d a S e c r e ta r ia E s ta d u a l d e E d u c a ç ã o

D e p o im e n to s e c o r r e s p o n d ê n c ia

118

121EDCBA

122

123

1 2 7

127

133

140

1 4 4

144 144

148

1 5 0

152 154 155 156 156 158 159 161 161 161 162 163 164 164 1 7 0 1 7 8 185

186

1 8 7 A u to n o m ia

A v a lia ç ã o d o s is te m a

A q u e s tã o s a la r ia l

R e d e fís ic a e n o v o c a le n d á r io

R e c u r s o s m a te r ia is

C o o p e r a ç ã o c o m o s m u n ic íp io s

As MEDIDAS DE CARÁTER PEDAGÓGICO P la n o D ir e to r

C a p a c ita ç ã o

N o v a jo r n a d a

TIPOS, NÍVEIS E MODALIDADES DE ENSINO E n s in o fu n d a m e n ta l

E n s in o m é d io

P r é - e s c o la

F o r m a ç ã o d e p r o fe s s o r e s

O u tr a s m o d a lid a d e s e tip o s d e e n s in o

CONTINUIDADE DO PROJETO

C O N C L U S Ã O

B ffiL I O G R A F I A

(7)

Í N D I C E D E T A B E L A SzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

TABElA 1-PREVISÃO ORIGINAL DE IMPLANTAÇÃO

TABElAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA2 -AVALIAçÃo DE POLíTICAS: OBJETIVOS, CRITÉRIOS E MODELOS ANALíTICOS TABElA 3 - QUADRO DAS ESCOlAS EM1939

TABElA 4 -CRESCIMENTO DE GINÁSIOS NA DÉCADA DE50 TABElA 5 -EXPANSÃO DO ATENDIMENTO DO GINÁSIO

TABElA 6 -QUADRO COMPARATIVO DA ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

TABElA 7 -CRESCIMENTO DA OFERTA DE VAGAS EM SÃO PAULO NOS ANOS70 E80

TABElA 8 -IMPLANTAÇÃO DE AUTONOMIA FINANCEIRA DAS ESCOlAS TABElA 9 - IMPLANTAÇÃO DE ELEiÇÕES PARA DIRETOR

TABElA 10-IMPLANTAÇÃO DE CONSELHOS DE ESCOlA TABElA 11 -PROFIC - ATENDIMENTO DA DEMANDA

TABElA 12-QUADRO COMPARATIVO DOS MODELOS TRADICIONAL E PROFLUXO TABElA 13 - SIMUlAÇÃO DE FLUXO DE ALUNOS DE10GRAU - BRASIL - 1988

TABElA 14 -QUADRO COMPARATIVO DE ESTRATÉGIAS DE IMPLANTAÇÃO TABElA 15 -RElAÇÃO DAS INTERVENÇÕES AVALIADAS PElA FIPE

9

27

55 64 69 73

77EDCBA

92

93

93

105

111

114 140 141 TABElA 16 -AVALIAçÃo COMPARATIVA DOS ESTRATOS I,11E111 DA FCC A PARTIR DE CRITÉRIOS DA

FIPE 142

TABElA 17 - CUSTO MENSAL DO ALUNO POR TIPO DE ESCOlA ANALISADA

TABElA 18 - EVOLUÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DAS ESCOlAS-PADRÃo

(8)

A g r a d e c im e n to szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

São muitas as pessoas e instituições que, de alguma forma, contribuíram para

a existência deste trabalho.

PrimeiramentezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà CAPES e ao CNPq, que financiaram, cada qual a seu tempo,

uma parte da bolsa que possibilitou minha dedicação a este projeto durante dois anos

e meio.

Aos professores, funcionários e colegas da EAESP/FGV que contribuíram,

cada qual a seu modo, para a realização desta dissertação.

À Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, que me franqueou o uso de

sua biblioteca, sem impor nenhum tipo de restrição.

Ao Or. Luiz Patrício Cintra do Prado e ao Or. Eurico Ueda, que possibilitaram

minha presença nas aulas da EAESP/FGV.

Aos amigos que encontrei na Secretaria Estadual de Educação, com os quais

discuti diversos aspectos que agora estão presentes nas páginas seguintes.

À amiga Selma Borghi Venco pela leitura atenta e pelas sugestões.

À amiga Ora. Marta Ferreira Santos Farah, que nos cinco anos de convívio em

que foi minha orientadora acadêmica e monográfica, soube equilibrar a exigência

acadêmica com a preocupação pedagógica.

À Estela, que compreendeu minhas ausências de seu convívio e incentivou

meu trabalho em todas as horas, além de revisar os originais deste trabalho. E, por

último, à Taís que não compreendeu minhas ausências de seu convívio e várias

vezes me incentivou a abandonar o trabalho.

(9)

I n tr o d u ç ã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Este trabalho é uma avaliação dobaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAP r o g r a m a d e R e fo r m a d o E n s in o P ú b lic o

d o E s ta d o d e S ã o P a u lo , mais conhecido como P r o je to E s c o la -P a d r ã o . Trata-se de

uma política pública na área de educação, elaborada e implantada no estado de São

Paulo de 1991 a 1994, durante o governo de Luiz Antônio Fleury Filho.

O governo pretendia, com esse projeto, dar maior autonomia pedagógica,

administrativa e financeira às unidades escolares, mantendo nos órgãos centrais da

Secretaria Estadual de Educação de São Paulo - SEE - a prerrogativa de estabelecer

as diretrizes mais gerais da política de educação do estado. Esse projeto visava à

melhoria da qualidade de ensino oferecido pelo sistema estadual de ensino de São

Paulo.

O projeto foi elaborado por um grupo multidisciplinar de consultores

contratados, chamado Núcleo de Gestão Estratégica - NGE -, que corroborou um

diagnóstico antigo, porém difuso, entre os educadores do estado, de que o grande

problema do sistema educacional paulista era a má qualidade do ensino oferecido. De

acordo com esse grupo e com a própria SEE, os problemas de acesso ao ensino já

estavam resolvidos, uma vez que a rede estadual de educação oferecia escola para

todos.

A heterogeneidade da rede de ensino, seu gigantismo, o centralismo decisório,

associados à burocracia que se apossou da máquina administrativa, foram apontados

como as causas do colapso desse sistema. A rede de ensino estadual paulista

contava com quase 6.500 escolas, quase 300 mil professores e atendia a uma

população de aproximadamente 6 milhões de alunos, espalhados por todos os

municípios do estado. Em São Paulo não há município sem escola estadual. A

solução apresentada foi um novo modelo de gestão do sistema educacional, em que

a unidade escolar deveria ter absoluta autonomia administrativa, financeira e

pedagógica, mantendo centralizados na Secretaria de Educação somente as

diretrizes gerais mínimas, tais como, definição do currículo básico, planos de

investimento e sistema de avaliação do sistema escolar.

As mudanças propostas basearam-se numa concepção de gestão de políticas

(10)

importante das decisões. Essa transferência da capacidade de decisão alteraria a

distribuição do poder no sistema educacional e o tornaria, conseqüentemente, mais

democrático, seguindo uma tendência observada a partir dos anos oitenta no Brasil.

A previsão era transformar toda a rede estadual de ensino em Escolas-Padrão

até o final de 1994, de acordo com o cronograma abaixo. Ao final desse período,

entretanto, pouco mais de um quinto da rede havia sido integrado ao projeto.

Tabela 1- Previsão original de implantaçãonmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A n o E s c o la s -P a d rã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1992 300

1993 1.000

1994 5.059

Fonte: SEE, Síntese, 2

As avaliações de caráter quantitativo, na forma de estudos de impacto, e as

avaliações de processo, que medem a eficácia de estratégias de implantação de

políticas específicas, têm sido as mais freqüentes na literatura recente sobre o tema.

Neste trabalho estaremos contrariando essa tendência e fazendo uma avaliação

qualitativa da política pública conhecida como Projeto Escola-Padrão. Esse tipo de

avaliação envolve uma alta taxa de risco, considerando a subjetividade a que esse

tipo de estudo está sujeito. Para evitar, ou minimizar, esse risco, estaremos

trabalhando com um critério qualitativo bem definido e que goza de aceitação quase

unânime entre as diversas correntes do pensamento político hoje representadas na

sociedade. Esse critério é a igualdade que um sistema educacional pode gerar entre

os indivíduos de uma sociedade, favorecendo nela a efetivação da democracia.

Estaremos, ainda, avaliando a relevância que o projeto teve em termos de

ensinamentos sobre políticas públicas na área de educação. A avaliação qualitativa

faz parte da tradição da pesquisa qualitativa, sem se restringir, entretanto, à descrição

de casos observados, mas indo além e julgando-os de acordo com parâmetros

preesta belecidos.

A avaliação qualitativa não prescinde das avaliações quantitativas, antes,

necessita delas. Essas avaliações foram contratadas pela própria Secretaria Estadual

(11)

estudos, neste trabalho detalhados em capítulo específico. Apresentamos nesta

introdução somente um resumo de suas conclusões.

O primeiro foi um estudo realizado pela Fundação Carlos Chagas - FCC -, que

analisou o resultado - o impacto - das medidas adotadas pela Escola-Padrão no

processo de aprendizado das crianças matriculadas na rede pública estadual. Esse

estudo concluiu que o Projeto Escola-Padrão não melhorou a qualidade do ensino

oferecida às crianças da rede estadual de ensino. Apresentou, contudo, uma série de

variáveis que influenciam positivamente no rendimento das crianças. De acordo com a

FCC, nenhuma dessas variáveis, entretanto, têm vínculo específico com a

Escola-Padrão, conclusão que contestamos. De acordo com esse estudo, o projeto não foi

eficaz.

O segundo estudo, contratado da Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas - FIPE - avalia os custos de diversas medidas adotadas pela SEE no

projeto Escola-Padrão e conclui que o projeto encareceu o ensino no estado de São

Paulo. A partir desse estudo e do anterior, conclui-se que o projeto não foi eficiente.

O terceiro estudo, contratado do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da

UNICAMP - NEPP -, é uma avaliação de processo e estudou a estratégia utilizada na

implantação de algumas medidas da Escola-Padrão e de outros projetos da SEE.

Esse estudo não trata dos resultados da política, avalia somente as dificuldades

enfrentadas em seu processo de implantação.

Os estudos contratados não trabalham exatamente com o mesmo universo de

medidas, isto é, não analisam diferentes aspectos do mesmo projeto. Enquanto o

estudo da FCC avalia a qualidade das medidas implantadas pela Escola-Padrão e

pela Jornada Única, o NEPP trabalha com o projeto Inovações de Ensino Básico - IEB

- e com duas medidas da Escola-Padrão. Já a FIPE faz uma avaliação de custo de

várias medidas genéricas existentes no sistema de ensino paulista. Há, entretanto, um

aspecto comum existente na intersecção desses três trabalhos que é o Projeto

Escola-Padrão. Outra caractecística comum é o fato de os três trabalharem na área

restrita da região metropolitana da cidade de São Paulo, excluindo,

conseqüentemente, de seus estudos, mais da metade da rede escolar, aquela que

(12)

Nenhum dos três estudos avalia o conteúdo das medidas propostas pelo

Projeto Escola-Padrão, nem os resultados qualitativos resultantes dos entraves

encontrados pela SEE para implantá-lo na rede pública paulista. Partindo da

avaliação de impacto elaborada pela FCC, de que a política conhecida como Projeto

Escola-Padrão não apresentou os resultados esperados e considerando também que

o projeto não foi eficiente, uma vez que a Escola-Padrão é mais cara do que as outras

experiências e programas de Secretaria Estadual de Educação, e que há uma

avaliação de processo que tratou da implantação do projeto, estaremos, neste

trabalho, respondendo às seguintes questões:

1. Qual foi o resultado do Projeto Escola-Padrão na promoção da igualdade entre

os alunos, e em que medida o fracasso das medidas adotadas para a melhoria

da qualidade de ensino reflete a ausência dessa preocupação?

a) Como decorrência dessa pergunta, podemos estender nossa questão e

indagar: em que medida o Projeto Escola-Padrão foi relevante para o

sistema de ensino paulista, para o progresso dos sistemas públicos de

educação ou para as crianças que freqüentam as escolas estaduais

paulistas? As falhas se deveram ao seu conteúdo ou à sua estratégia

de implementação?

Todas as perguntas serão analisadas sob a perspectiva da administração

pública, considerando que o Projeto Escola-Padrão privilegia as questões

administrativas e as medidas de gerenciamento e promoção da política pública de

educação e trata superficialmente de aspectos pedagógicos do ensino público. A

avaliação se prenderá ao aspecto do conteúdo das decisões tomadas. Não será uma

avaliação do processo de elaboração, nem tampouco abordará as disputas internas

pela caracterização do projeto. Esse estudo estará avaliando as alternativas

disponíveis aos gestores no momento da elaboração e a maneira como elas foram

trabalhadas pelos decisores. Estaremos ainda nos referindo repetidas vezes ao

processo de implantação do Projeto, considerando que esse processo teve influência

no resultado da política adotada. Não estaremos, contudo, fazendo uma repetição do

(13)

Para responder às perguntas acima, estabelecemos um termo de

comparação ou balizamento. A referência adotada é o reflexo que cada medida

proposta no projeto, ou adotada na implantação, tem na promoção da igualdade

entre os indivíduos. Em outras palavras, a avaliação de cada proposta ou ação

concreta será mais positiva quanto maior for a promoção da igualdade entre os

cidadãos provocada por essa proposta ou ação.

A primeira parte deste trabalho, formada pelo capítulos 1 e 2, é o referencial

teórico do trabalho. O primeiro capítulo é usado para justificar a avaliação qualitativa e

apresentar o padrão de igualdade como uma referência para o balizamento da

avaliação. No capítulo 2 retomamos e aprofundamos alguns aspectos sugeridos no

primeiro capítulo, mostrando que há um consenso entre várias correntes teóricas

acerca do papel da educação como promotora da igualdade entre os indivíduos.

A segunda parte deste trabalho é composta pelos capítulos 3 e 4. O capítulo 3

traz um histórico do sistema de educação brasileiro com ênfase no sistema paulista

de educação até o final dos anos setenta. Esse capítulo apresenta de forma quase

descritiva o processo de formação do sistema estadual de ensino. O capítulo 4

analisa a década de oitenta e as políticas e medidas tomadas nesse período, suas

causas e conseqüências, dando destaque, novamente para o sistema paulista. Mostra

diversas medidas que o projeto Escola-Padrão adotou e que foram desenvolvidas e

implantadas em inúmeras localidades nesse período. Apresenta as grandes linhas

adotadas no Brasil nesse período, principalmente nos anos recentes, e que são

importantes para se compreender e situar as medidas propostas pelo projeto

Escola-Padrão.

A terceira parte - Avaliação do Projeto Escola-Padrão - inicia com o capítulo 5,

que é a apresentação do Projeto Escola-Padrão, seu processo de elaboração, sua

descrição e sua estratégia de implantação. No sexto capítulo são explicadas e

comentadas as avaliações quantitativas do Projeto Escola-Padrão, elaboradas pelos

institutos contratados. O sétimo e último capítulo é a avaliação qualitativa do conteúdo

do Projeto Escola-Padrão, incluindo as conseqüências de seu processo de

(14)

Quando avaliamos qualitativamente uma política bem-sucedida estamos

tentando, de alguma forma, determinar as condições necessárias para que esse

sucesso se repita em situações semelhantes. Quando a política analisada não

alcança o sucesso desejado, a compreensão dos motivos de seu fracasso nãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé

suficiente para estabelecermos a receita para o sucesso em outras situações.

Estabelecemos, no máximo, as condições para que os mesmos erros não se repitam.

O fracasso da política deveu-se a falhas de concepção ou de implantação?

Veremos que não foi implantado exatamente o que havia sido planejado, mas se

(15)

P r im e ir a P a r te - J u s tific a tiv a T e ó r ic a

C a p ítu lo 1 - A v a lia ç ã ozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Avaliar significa atribuir valor, julgar, apreciar. Significa, portanto, escolher um

termo de comparação; algo para servir de padrão, medida, referência e comparar com

nosso objeto de interesse. Esse valor, medida ou referência é sempre subjetivo e

arbitrário (Maia 95, 185). Tanto a subjetividade quanto a arbitrariedade se manifestam

na determinação do padrão, quer seja uma medida física, quer seja uma

manifestação ética ou moral. O caráter subjetivo da medida é minimizado quando há

consenso cultural em torno do padrão. Assim, quando afirmamos que a distância

entre duas cidades é de 20 quilômetros, somos compreendidos graças ao consenso

em torno do sistema métrico e do caráter numérico da medida. A avaliação qualitativa

mantém a subjetividade de um padrão, mas o consenso em torno dele desaparece

uma vez que os padrões culturais, morais e éticos são carregados de ideologia e,

portanto, de dissensão. Apesar disso, as avaliações qualitativas continuam

empregando os mesmos procedimentos das avaliações quantitativas, resultado da

influência positiva nas Ciências Sociais. Isso não é novidade. Nas Ciências Sociais,

os aspectos ligadoszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà qualidade e à quantidade estão em choque permanente.

"No momento em que se começa a pensar positivamente em astronomia ou física, não se pode pensar de outro modo em termos de política ou de religião. O método positivo que alcançou êxito nas ciências da natureza inorgânica, deve ser estendido a todos os aspectos do pensamento. Ora, esta generalização do método positivo é evidente. Estamos condenados, então, a reproduzir em sociologia, moral ou política o método da matemática ou da física? O que se pode dizer é que este debate continua." (Aron, 78)

Herdeiros que somos da tradição iluminista racionalista, continuamos

vinculando as Ciências Sociais mais à quantidade do que à qualidade. Em

contrapartida, essa influência do racionalismo também é responsável pelo método

lógico de investigação das Ciências Sociais. Essa influência foi tão grande que se

imaginou, em determinado momento, que o estudo de políticas públicas poderia

reduzir-se meramente a aspectos numéricos.

(16)

política positiva', liberada de contaminações ideológicas pela adesão a técnicas aparentemente rigorosas - tais como a análise de sistemas, análises de custo benefício,nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAp ro g ra m -b u d g e tín g e outras e pela redução do 'mistério da política' aos processos pelos quais preferências inconsistentes de múltiplos atores individuais são processadas na caixa preta e implementadas na forma de o u tp u ts que as satisfazem." (Santos e Paixão, 221)

Durante muito tempo, tentou-se associar às análises numéricas e quantitativas,

um aspecto de isenção política e ideológica impossível, em tese, nas análises

qualitativas. Como vantagem comparativa, as análises numéricas seriam

tecnicamente mais isentas que as análises qualitativas, portanto cientificamente

superiores. O aspecto da qualidade, entretanto, foi priorizado como balizador nas

Ciências Sociais. Sobre a qualidade, nos diz Pedro Demo:

"Qualidade de vida conota sobretudo a dimensão do s e r, não a do ter, que, no entanto, é instrumento necessário. Não se pode fazer um projeto de superação da pobreza política sem superar também a pobreza sócio-econômica. Mas os horizontes (quantitativo e qualitativo) possuem sua lógica própria. Na qualidade não vale o maior, mas om e lh o r, não o extenso, mas o in te n s o ; não o violento, mas o e n v o lv e n te ; não a pressão, mas a im p re g n a ç ã o ." (Demo 88, 24) (grifado no original).

A questão qualitativa trabalha com os conceitos de bom e mau, melhor e pior.

Eles dependem essencialmente de uma postura ideológica a respeito de sua

aplicação e "do quê", "para quem" e "para quê" cada coisa é boa ou má; melhor ou

pior. Se a subjetividade existente nos padrões aritméticos é compensada pelo

consenso em torno deles, este último desaparece nas questões qualitativas. Os

conceitos se definem a partir de posturas ideológicas. O consenso se mantém apenas

dentro de grupos ideologicamente determinados. Os paradigmas qualitativos são

definidos, portanto, a partir de uma visão ideológica de grupos que divergem entre si.

De acordo com Mannheim, a existência e a livre circulação de idéias impede a

formação de parâmetros consensuais de qualidade, que acabam por produzir

diferentes definições de Estado, Justiça, Sociedade, Bem-Estar, etc. A formação

desses grupos não é resultado de uma soma de pensamentos contemplativos e

individuais, mas essencialmente um processo em que ação comum e pensamento

interagem e se interinfluenciam. A formação desses grupos, entretanto, assenta-se na

ação comum dos indivíduos que o compõem e se comportam solidariamente ou

(17)

A v a lia ç ã o d e p o lític a s p ú b lic a szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A ação de grupos e pessoas agindo solidária ou contrariamente a outros

grupos acaba por refletir-se na implantação de políticas, no estabelecimento de

prioridades e na luta por maior prestígio e vantagens no âmbito do Estado ou fora

dele. Reflete-se também na análise e na avaliação das políticas públicas. As

avaliações quantitativas ou qualitativas associam-se, em maior ou menor grau, no

estudo da interferência que cada política teve no ambiente para o qual foi prevista.

Três medidas de aferição ganharam consenso entre os analistas para a

avaliação de políticas públicas: a eficácia, a eficiência e a efetividade. Há ainda uma

quarta medida - a relevância - que não tem a unanimidade das anteriores e se

confunde em muitos aspectos com a efetividade. A aplicação desta última é defendida

especialmente para a área de educação. A aplicação dessas medidaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà análise de

cada aspecto das políticas públicas, entretanto, é ainda muito confusa, como veremos

adiante.

As duas primeiras medidas - eficácia e eficiência - têm caráter quantitativo, e

as duas últimas - efetividade e relevância - têm caráter qualitativo.

Os lingüistas e filólogos não distinguem eficácia de eficiência, apresentando os

dois termos como sinônimos. Os administradores, entretanto, consagraramnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe fic á c ia como sendo a medida do resultado, vinculado ao atingimento das metas propostas

em determinado plano.

Benno Sander define eficácia da seguinte maneira:

"APONMLKJIHGFEDCBAe fic á c ia (do Latim e ffic a x , eficaz, que tem o poder de produzir o efeito desejado) é o c r ité r io in s titu c io n a l que revela a capacidade administrativa

para alcançar as metas estabelecidas ou os resultados propostos" (Sander, 46) (grifado no original).

Outra definição de eficácia nos é dada por Paulo Motta:

"Avaliar a eficácia significa simplesmente produzir informações sobre os resultados alcançados e verificar suas discrepâncias com os objetivos pretendidos. A eficácia é uma medida absoluta e de fácil verificação, desde que os objetivos tenham sido previamente bem definidos. [... ].

(18)

Para Motta, a aferição da eficácia tem incorporado a preocupação com a

qualidade dos serviços prestados pela Administração Pública. Essa preocupação é

uma extensão daquela existente em relaçãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà qualidade no setor privado e tem se

estabelecido, primeiramente, nos setores de saúde e educação. O autor julga os

resultados dessas pressões ainda incipientes, mas acredita que a avaliação da

eficácia será cada vez mais identificada com a avaliação da qualidade do serviço

prestado (Motta, 234/5). Confirmada essa tendência, a medida de eficácia estará se

aproximando do conceito de efetividade (descrito abaixo), podendo confundir-se com ele.

Há programas que se destinam à melhoria da qualidade de vida de

determinadas populações, como melhores condições de saúde ou aperfeiçoamento

do sistema de educação. A eficácia, nesse caso, prende-se a índices de qualidade.

Atribuem-se valores quantitativos a aspectos qualitativos, tais como índices de

expectativa de vida ou de mortes por nascimento, no caso da saúde. No caso da

educação, os índices de adequação idade/série, repetência e evasão são exemplos

dessas medidas.

As avaliações de processo também podem ser consideradas medidas de

eficácia, apesar de sua aferição não ser numérica. Essa situação ocorre quando se

compara o planejamento para a implantação de uma política pública com sua efetiva

implantação. Há, contudo, políticas públicas que não prevêem, em seu planejamento,

a forma de implementação. Nem por isso essas políticas estão isentas de avaliações

de processo. Nesse caso, as avaliações prendem-se à influência que a implantação

teve no resultado final da política, constituindo avaliações qualitativas.

Para aferir a eficácia, a pergunta que se faz é: O que aconteceu?

AnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe fic iê n c ia é uma medida que vincula o resultado alcançado aos recursos

despendidos para alcançá-los. A busca da eficiência é a maximização da relação

entre os benefícios alcançados por um programa e o custo desse programa. Suas

medidas são produtolinsumo, receita/despesa ou benefício/custo.

De acordo com Paulo Motta, a medida da eficiência na Administração Pública

tende a utilizar os mesmos critérios desenvolvidos para a avaliação de empresas

privadas, usando metodologias derivadas da teoria organizacional e microeconômica.

(19)

como a eficácia, na Administração Pública, incorpora cada vez mais aspectos da

qualidade, a medida de eficiência também incorpora aspectos próprios. Esse mesmo

autor adverte:

"... na Administração Pública, o cumprimento de normas pode ser medida de eficiência, independente da análise direta de custos. Muitos procedimentos são

instituídos por razões éticas de transparênciazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà demonstração de gastos públicos como, por exemplo, prazos e trâmites de' processos judiciários.

Despesas mais elevadas do que o aparentemente necessário para processar dados e atingir os resultados são realizadas para garantir eqüidade e condições especiais de acessoà informação. (Motta, 233).

Para aferir a eficiência, a pergunta pergunta a ser feita é: Como aconteceu?

A necessidade de avaliar políticas públicas e a falta de critérios consagrados

para tal faz com que as metodologias de avaliação ora se aproximem dos aspectos

quantitativos de análise, buscando maior legitimidade para seus resultados, tendo em

vista um hipotético caráter técnico e impessoal desses critérios, ora se aproximem dos

critérios qualitativos que se utilizam de padrões eivados de subjetividade, mas que

ressaltam aspectos que desaparecem nas análises numéricas. Alguns autores

afirmam que os métodos qualitativos substituíram os métodos quantitativos em

Administração Pública.

"Profissionais de Administração e em especial acadêmicos da área há mais de dez anos vêm discutindo e combatendo o mito da neutralidade dos administradores públicos e a propalada dicotomia entre política e administração. A substituição de critérios de eficiência e eficácia por critérios de responsabilidadenmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(a c c o u n ta b ility ) e efetividade (re s p o n s iv e n e s s ) tem

forçado a inconveniência ou até mesmo o perigo da neutralidade dos administradores públicos." (Vieira e Campos, 107)

Os critérios de análise qualitativos, como já foi dito acima, não têm a mesma

precisão dos critérios numéricos. A efetividade é uma medida essencialmente

qualitativa, que é tratada de forma diferente por diversos autores. Como medida ..

essencialmente qualitativa, é natural que acerca dela haja um número maior de

divergências. Paulo Motta considera a efetividade como o impacto da decisão pública

tomada envolvendo um dimensionamento do bem-estar da comunidade. Diz o autor:

(20)

o

aspecto "valores da comunidade" tem caráter essencialmente cultural, e se

confundirá com o aspecto da relevância, como veremos a seguir. Para esse autor, a

efetividade apresenta três dimensões básicas:

• adequação - considera se os resultados satisfazem as necessidades que deram

origem à política;

• eqüidade - avalia se a política resultou em distribuição mais justa, na sociedade,

de recursos públicos, benefícios diversos e riqueza;

• propriedade política - verifica se a política pública satisfaz as demandas

expressas pela comunidade.

Para Benno Sander:

"AnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAe fe tiv id a d e (do verbo latino e ffic e re , realizar, cumprir, concretizar) é o c rité rio p o lític o que reflete a capacidade administrativa para satisfazer as demandas concretas feitas pela comunidade externa. [...], a efetividade mede a capacidade de produzir as respostas ou soluções para os programas politicamente identificados pelos participantes da comunidade mais ampla. Em determinados aspectos o conceito de efetividade está associado ao de responsabilidade social - a c c o u n ta b ility -, segundo o qual a administração deve prestar contas e responder pelos seus atos em função das preocupações e prioridades vigentes na comunidade." (Sander, 47 e 48) (grifos no originai).

A pergunta a que a análise da efetividade responde é: Que diferença fez?

Por último, o mais controverso dos critérios de avaliação: a re le v â n c ia . Em

muitos aspectos, a relevância confunde-se com a efetividade. Benno Sander define a

relevância da seguinte maneira:

"A re le v â n c ia (do verbo latino re le v a re , levantar, salientar, valorizar) é o critério cultural que mede o desempenho administrativo em termos de importância, significação, pertinência e valor. Valor e relevância são sinônimos que constituem '... os critérios utilizados para selecionar os objetivos do comportamento" e para definir a natureza do desenvolvimento humano e da qualidade de vida. [... ]. Quanto mais participativo e democrático o processo administrativo, maiores as oportunidades de ser relevante para indivíduos e grupos, e maiores suas possibilidades para explicar e fomentar a qualidade de vida humana." (Sander, 50) (grifos no original)

De acordo com o autor, portanto, a relevância é uma medida que se adequa

bem às avaliações de processo - no sentido que discutiremos adiante, em que o

(21)

aspecto da participação, do envolvimento das pessoas e da criação de uma cultura de

participação democrática na implantação da política pública é a referência e o

paradigma de comparação. A partir da década de oitenta, esse foi um atributo

considerado fundamental para conferir qualidade aos sistemas públicos de educação.

Para Paulo Motta, a relevância também é uma medida de caráter cultural

(Motta, 243). Aplica-se,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAporém.: no diagnóstico necessário para a formulação das

políticas públicas e tem caráter de comparação relativa entre várias medidas

possíveis, e não absoluto, como apresenta Benno Sander. Éevidente que o processo de elaboração da política pública também poderá ser objeto de avaliação, e o quadro

de referências específicas que se apresentava aos formuladores sempre poderá ser

questionado.

Os autores que se dedicam ao estudo das políticas públicas são unânimes em

afirmar que cada análise deve ater-se a características próprias de cada setor

analisado. A área de educação tem características específicas, a mais marcante

talvez, sob o ponto de vista da qualidade, é sua capacidade de se auto-sustentar. Em

outras palavras, se os governos conseguirem imprimir um padrão de qualidade à

educação oferecida nos sistemas públicos - atendidos alguns pré-requisitos, como

acesso universal - o sistema tenderá a manter boa qualidade, criando-se um círculo

virtuoso. Se uma política pública conseguir implantar no sistema de ensino uma

cultura de participação e de democracia, aproximando a escola da sociedade, o

sistema de ensino ganhará qualidade, conferindo melhores condições de vida a toda

sociedade. Sob esse ponto de vista, a relevância, como defendida acima, terá sentido

como uma medida específica para a área de educação e existirá se algumas

condições qualitativas forem preenchidas no sistema educacional.hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

o

PONMLKJIHGFEDCBAq u e a v a lia r n a s p o lític a s p ú b lic a s

A avaliação de políticas públicas no Brasil já conta com mais de 20 anos de

estudos. A bibliografia a respeito do tema, contudo, ainda é escassa e divergente em

muitos aspectos. Ainda não se estabeleceram metodologias amplamente aceitas

sobre a melhor forma de medir o sucesso ou fracasso das políticas públicas, nem

(22)

apresentados. Entretanto, a população que financia a ação governamental e que dela

é alvo, os analistas e estudiosos da questão pública, e os próprios gestores do

Estado, cada vez mais, e por motivos diferentes, querem conhecer o resultado prático

das ações do Estado.

A análise da formação e implementação de políticas públicas é um processo

dividido em várias etapas. Luiz Pedone apresenta a seqüência abaixo como tendo

uma "concordância ampla" entre os estudiosos do assunto, a respeito do processo de

elaboração e implementação de políticas públicas.nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

1 . F o rm a ç ã o d e A s s u n to s P ú b lic o s ed e P o lític a s P ú b lic a s - momento em que surgem

as questões públicas, e as diversas correntes de pensamento se organizam em

torno de um assunto. Nesse momento forma-se a "agenda (ou pauta ou temário)

política", composta de questões que merecem políticas definidas.

2 . F o rm u la ç ã o d e P o lític a s P ú b lic a s - etapa em que, dentro dos limites impostos pelas'

racionalidades econômica e político-sistêmica, são elaboradas as políticas nas

várias agências públicas, quer do executivo, quer do legislativo.

3 . P ro c e s s o D e c is ó rio - espaço em que atuam os grupos de pressão, em todas as

instâncias, influenciando os decisores.

4 . Im p le m e n ta ç ã o d a s P o lític a s - processo de execução das políticas elaboradas nas

etapas anteriormente descritas, inter-relacionando todas as instâncias envolvidas

(políticas, programas, administrações públicas e grupos sociais).

5 . A v a lia ç ã o d e P o lític a s - etapa de análise dos padrões distributivos das políticas

resultantes, isto é, quem recebe o que, quando e como, e que diferença fez com

relaçãozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà situação anterior à implementação. Analisam-se os efeitos pretendidos e

as conseqüências indesejáveis, bem como os impactos mais gerais na sociedade,

na economia e na política. (Pedone, 11 e 12)

Todas as etapas acima descritas podem ser avaliadas a qualquer momento

pelos mais diferentes atores do processo político, assumindo configurações distintas.

As avaliações interessam a diferentes grupos sociais, que se atêm a diferentes

aspectos do processo de elaboração, implementação e resultado das políticas

públicas. Essas avaliações oscilam entre os dois grandes pólos acima apresentados:

(23)

de quem avalia e da etapa avaliada. As disputas pelos recursos escassos do Estado

faz com que grupos diferentes se enfrentem desde a elaboração da agenda pública

até o resultado efetivo que cada política pública teve no meio em que foi implantada.

As agências responsáveis pela implementação utilizam-se da avaliação para

monitorar a implantação das políticas bem como para demonstrar sua própria

operacionalidade. Os estudiosos das políticas públicas tentam inferir modelos gerais

de comportamento das relações entre sociedade civil e governo através da ação

efetiva do Estado.

Se iniciarmos a avaliação pela etapa de problematização da questão social

para anmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAF o rm a ç ã o d e A s s u n to s P ú b lic o s e d e P o lític a s , veremos que essa é uma disputa essencialmente política, em que alguns grupos políticos obtêm vitórias sobre

outros. O uso de análises quantitativas é, nesse momento, puramente retórico e

estará a serviço dos interesses específicos de cada grupo.

"Uma opção de política pública feita na arena governamental sempre reflete a vitória de um grupo político sobre os outros. O impacto dessa opção beneficia um segmento comunitário em detrimento de outros. Todo o refinamento técnico e racional utilizado na análise e formulação de uma política pública jamais servirá como instrumento para resolver divergência de valores e conflitos existentes entre indivíduos e grupos de uma comunidade. Além do mais,hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAaPONMLKJIHGFEDCBAa n á lis e r a c io n a l p o d e s e r u m m e io (fr e q ü e n te m e n te o é )

p a r a fu n d a m e n ta r o p ç õ e s p o lític a szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAjá r e a liz a d a s e, portanto, assim, angariar

elementos para justificar as razões pelas quais valores de um grupo devam prevalecer sobre outros." (Motta, 225 - 226) (grifo nosso).

Bolivar Lamounier define agenda como sendo a expressão do poder político

na capacidade de determinar os objetos imediatos do conflito (Lamounier, 07).

Podemos expressar de outra forma e dizer que o estabelecimento da agenda é a

capacidade de elencar os conflitos que serão mediados no Estado. Lamounier ainda

classifica essa agenda a partir de três arenas: regulatória, distributiva e redistributiva.

• a arena regulatória se configura na especificação de condições para a realização

futura de determinada atividade;

• a arena distributiva se caracteriza pelo estímulo ou desestímulo de atividades para

as quais já exista alguma regulamentação;

• a arena redistributiva trata da estrutura de propriedade ou de renda e refere-se a

(24)

As etapas que seguem -nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAF o rm u la ç ã o d e P o lític a s P ú b lic a s e P ro c e s s o D e c is ó rio - são essencialmente políticas, considerando-se, entretanto, que a

formulação de políticas deve submeter-sezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà racionalidade econômica e institucional.

Estabelecida a política, iniciamos a análise propriamente quantitativa, desde que os

objetivos e metas tenham sido estabelecidos de forma clara e precisa na formulação e

no processo decisório. Somente nesse caso teremos alguma condição de estabelecer

critérios numéricos bem definidos para sua avaliação. A esse respeito, contudo, Paulo

Motta diz que há três fatores que restringem a aplicação de critérios racionais

(quantitativos) e os atribui aos agentes implementadores de políticas. São eles: 1) a

coleta de informações, tanto para formulação quanto para avaliação, já é feita

segundo uma seletividade política; 2) critérios genéricos e ambíguos são preferidos

aos mais específicos; avaliações segundo instrumentos rígidos podem deixar claro

que os resultados obtidos ficaram aquém do programado e; 3) objetivos definidos de

forma ampla e imprecisa favorecem avaliações positivas (Motta, 227-8). O autor não

considera, entretanto, que a imprecisão de critérios favorece tanto as avaliações

positivas quanto as negativas, dependendo, novamente, do interesse político de

quem as faz.

A etapa de Im p la n ta ç ã o d a s P o lític a s também é uma importante fase de

avaliação, uma vez que é nessa etapa em que a proposta inicial da política pública é,

muitas vezes, inteiramente reformulada, chegando, algumas vezes, a inverter

completamente os objetivos originalmente propostos. No capítulo 6 deste trabalho,

estaremos relatando uma avaliação de processo do Projeto Escola-Padrão, realizada

pelo Núcleo de Estudos de Políticas Públicas, e cuja intenção foi "controlar

qualitativamente a implantação do conjunto de intervenções" (NEPP,rel.12, 1) da

política pública estudada. Esses estudos de avaliação de processo algumas vezes

levam em conta somente a etapa efetiva de implantação de uma política dada, outras

vezes ainda, se estendem sobre o processo de formulação das políticas e sobre o

processo decisório.

A última etapa apresentada é a própria Av a liaedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAç ê o d e P o lític a s . Assim como a

ordem acima não é necessariamente cronológica, a avaliação não acontece somente

(25)

momento, o processo de implantação exige um monitoramento de todas as atividades

e a possibilidade de correção de rumos. Os agentes implementadores, portanto,

devem preocupar-se com a avaliação da implantação desde o seu início, mas não

podem se esquecer de avaliar os impactos das medidas implantadas. O impactozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé

formado de avaliações quantitativas e qualitativas.

Para Paulo Motta, o impacto de uma política pública é medido exclusivamente

pela efetividade.

"Sendo essencialmente uma medida externa à organização pública, a efetividade é avaliada por informações de impacto em grupos e clientelas específicas. Esse impacto pode ser medido em três níveis diversos a saber: - impacto na clientela - efeitos sobre as pessoas que o programa público

procurava servir (pesquisa de valores, atitudes e comportamentos);

- impacto em outros órgãos - mudanças organizacionais e comportamentos administrativos como uma dimensão de qualidade e atenção ao público; em alguns programas, como os de racionalização e concessão de benefícios, almeja-se impacto em outras unidades de governo, para beneficiar indiretamente o público;

- impacto no público - valores, atitudes, comportamentos e nível de bem-estar da comunidade, em decorrência de determinado programa público." (Motta, 236).

Luiz Pedone apresenta quatro modelos distintos, utilizados na análise e na

avaliação de políticas públicas:

1. O primeiro deles trata a questão da análise e da avaliação como parte integrante

do processo de viabilização política das políticas governamentais.

Para o autor, esse modelo volta-se para o processo político de formulação das

políticas. "O objetivo de tais estudos é compreender por que os programas foram

produzidos ou, ainda, qual a influência dos atores e das forças políticas na

implementação" (Pedone, 36).

2. O segundo modelo preocupa-se com os procedimentos objetivos que acontecem

na burocracia, lidando com questões operacionais da ação das políticas.

Chamado de Modelo de Análise Sistemática, esse modelo trata das propostas

elaboradas nas agências definidas para desenvolver as políticas públicas,

comparando-as com outras possibilidades, bem como nos resultados alcançados

pelas políticas. Na análise das alternativas há uma forte carga subjetiva, em que as

(26)

3. O terceiro modelo - Modelo da Análise Crítica em Políticas Públicas - trata da

questão normativa das políticas públicas, de como sua análise e sua avaliação

abrangem questões substantivas e incluem a análise ética. Por meio desse

modelo, as avaliações tentam responder às seguintes questões: a) as políticas

públicas adotadas são apropriadas?; b) são inevitáveis, dado o conjunto de

demandas?; c) são as melhores possíveis, consideradas as restrições?

4. O quarto modelo é a avaliação de impactos das políticas públicas. Nesses estudos,

"os analistas de políticas postulam as políticas governamentais como dadas e, a

partir daí, olham os resultados e conseqüências. Os impactos na sociedade são

julgados pelo exame de como os resultados são distribuídos e quais foram as

mudanças sociais e econômicas resultantes para os grupos sociais atingidos pela

ação pública." (Pedone, 41).

Há ainda outras formas de classificar e estabelecer padrões de avaliação,

utilizando os parâmetros de medida relatados anteriormente (eficácia, eficiência e

efetividade). Para Figueiredo e Figueiredo, as avaliações podem basear-se emnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

m o tiv a ç ã o m o ra l e m o tiv a ç ã o in s tru m e n ta l. A motivação moral na avaliação de

políticas públicas resulta em dois tipos de avaliações: a primeira, administrativa, de

caráter positiva legal nos moldes das auditorias contábeis e financeiras. A segunda,

na moralidade política ou social, considera se as políticas atendem a princípios de

justiça política e social minimamente aceitos. Esta motivação gera os estudos de

"auditoria social'", que se preocupam, entre outros assuntos, com a formulação e a

decisão de políticas e suas conseqüências nas condições de vida da população.

"Neste caso, se a avaliação se detiver no exame substantivo da política e de seu produto, sem entrar no mérito da e fe tiv a apropriação de seus benefícios

por parte da população, ela fica restrita àa v a lia ç ã o p o lític a , [ ...zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

l-

Ao entrar no mérito da efetiva apropriação dos benefícios, como sugere Abranches"

avançamos para a a v a lia ç ã o d e p o lític aedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA4 , tanto de seu produto quanto de seu

impacto. Aqui, então, o objeto da avaliação não é tanto o volume ou a

2Assim chamado por Sérgio Abranches em: Relatório da Reunião Sobre Metodologias de Avaliação de

Programas Sociais, CENDECIIPEA, mimeo., Brasília, 28.05.85

3idem.

4Os idiomas latinos não distinguem "política", no sentido de relação entre indivíduos, e "política pública", como intervenção do estado na sociedade. Em inglês, esses termos são traduzidos parap o litic s ep o lic y .

(27)

natureza do produto, nem o tamanho de seu impacto, mas se esses produtos condizem, minimamente, com princípios de justiça política e social sobre os quais existe um consenso mínimo. (Figueiredo e Figueiredo, 7 e 8) (grifado no original).

A motivação instrumental vincula-sezyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAà implementação do programa analisado.

Seu objetivo é a geração de informações para monitorar sua implantação e

relaciona-se ao processo de produção do produto (implantação) e ao impacto que essa política

causa nos meios onde foi implantada. Detalhando a definição:

"AnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAa v a lia ç ã o d e p ro c e s s o visa a aferição da eficácia: se o programa está sendo (ou foi) implementado de acordo com as diretrizes concebidas para sua execução e se o seu produto atingirá (ou atingiu) as metas desejadas. [...]

A a n á lis e d e im p a c to , por sua vez, tem uma ambição mais ampla e bem mais complexa (Rossi, 1977)5. Ela diz respeito aos efeitos do programa sobre a população-alvo e tem, subjacente, a intenção de estabelecer uma relação de causalidade entre a política e as alterações sociais." (Figueiredo e Figueiredo, 8 e 9) (grifos no original).

Esses autores reúnem, sob o critério da eficácia, não só as metas e os

resultados quantitativos, como também o processo de implantação, ou seja,

consideram se o procedimento de implantação da política segue a estratégia

anteriormente traçada. Para eles, há três fatores básicos e essenciais para a

avaliação:

a) definições operacionais claras dos objetivos do programa;

b) especificação dos critérios de sucesso;

c) medidas de aferição do sucesso.

Para esses autores, não é a etapa da política analisada nem o interesse do

avaliador que determina o tipo de avaliação mais apropriada, mas sim o tipo de

política pública analisada. Haveria, portanto, um tipo de avaliação adequada para

cada tipo de política pública implementada, conforme resumido a seguir:

(28)

T a b e la 2 - A v a lia ç ã o d e p o lític a s : o b je tiv o s , c r ité r io s e m o d e lo s a n a lític o szyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

N -...jDCBA

P r o p ó s i t o d a p o l í t i c a o u O b j e t i v o d a a v a l i a ç ã o T i p o s d e p e s q u i s a C r i t é r i o s d e a f e r i ç ã o d o M o d e l o s a n a l í t i c o s p r o g r a m a ( o b j e t o d e a v a l i a ç ã o ) s u c e s s o l f r a c a s s o p a r a m e n s u r a ç ã o d o

s u c e s s o l f r a c a s s o

1.A tin g ir m e ta s de supri- A v a lia ç ã o d e p r o c e s s o : 1. Realização de Metas ou 1. Eficácia objetiva metas metaszyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

=

~

-mento ou expansão de acompanhamento e avalia- Resultados atingidas propostas

bens ou serviços. (policy ção da metodologia de

im-outputs) plantação e execução do

Condições: ~ Z O. sucesso

programa (Monitoração)

~ <O. fracasso

2. Meios: metodologia de 1. Eficácia funcional 1. Adequação entre meios

implantação e execução 2. Eficácia administrativa e fins (objetivos)

3. Eficácia contábil 2. Auditorias

3. Relação esforço / Resul- 1. Eficiência instrumental Otimização da relação

Se-tado, análise de custo- 2. Eficiência política nefício máximo/Custo

mí-benefício e custo-resulta- nimo

do

2. P r o d u z ir im p a c to s , rnu- A v a lia ç ã o d e im p a c to s : 4. Im p a c to o b je tiv o : rnu- · Efetividade objetiva Modelo causal experimental

danças nas condições acompanhamento, avalia- danças quantitativas nas

sociais de vida da popu- ção e controle dos efeitos mudanças materiais Em uma situação de "inércia

lação (policy impacts) do programa (intervenção social", faz-se uma"

inter-controlada) venção controlada"

5. Im p a c to s u b je tiv o : rnu- · Efetividade subjetiva

danças subjetivas na É preservada parte da

sítu-percepção da população ação anterior como "grupo

sobre o seu bem-estar de controle"

(nível de satisfacâo)

6. Im p a c to s u b s ta n tiv o : · Efetividade substantiva A nova situação é

compara-mudanças qualitativas da com um grupo de

contro-nas condições de vida. le preservado na situação

anterior.

(29)

A avaliação das políticas tem seu caráter numérico restrito às vantagens

palpáveis que o serviço público cocloca à disposição da população. Uma política de

saúde oferece um número determinado e mensurável de leitos ou de vacinas.

Políticas de saneamento básico estendem seu atendimento a um número definido de

lares. Políticas de educação abrem vagas para crianças em idade escolar. Políticas de

previdência ampliam seu quadro de atendidos. O aspecto qualitativo desses serviços

sempre pode ser contestado. Os serviços oferecidos eram prioritários? Não haveria

outros mais importantes a serem oferecidos naquele momento? A forma de oferta dos

leitos, ou das ligações de esgoto, ou das vagas escolares foi a melhor possível?

Poderia ter sido mais barata? Os serviços foram realizados para atender a população

ou para atender empreiteiras? Os serviços cumpriram o planejamento

pré-determinado? Qual porcentagem do problema resolvido? Que problema foi resolvido?

Quais outros problemas foram criados? Todas essas perguntas - e muitas outras não

formuladas - são formas de avaliação qualitativa.

A avaliação quantitativa de políticas públicas, de acordo com o que vimos

acima, fica restrita à comparação entre as metas objetivas originalmente planejadas e

os resultados efetivamente alcançados. Todas as outras avaliações referem-se a

aspectos políticos qualitativos envolvendo, portanto, enorme carga subjetiva na

determinação dos parâmetros de comparação. A esse respeito, Wanderley Guilherme

dos Santos já havia dito:

"... a análise de políticas públicas não consiste em nada mais do que num rótulo novo para o vetusto exercício de investigação e formulação de teorias sociais. Melhor dizendo, a análise contemporânea de políticas públicas trata, precisamente, da temática clássica das teorias sociais - a distribuição e redistribuição do poder, o papel do conflito, os processos de decisão a repartição de custos e benefícios sociais, por exemplo, somente com a diferença de atentar, com maior cuidado, para a necessidade de demonstrar, ao contrário de apenas presumir ou imputar, a plausibilidade de suas hipóteses." (Santos 87, 11)

Como vimos, existem muitas possibilidades e tipologias de avaliação.

Nenhuma delas conseguiu até agora constituir um parâmetro de análise universal ou

unânime entre os analistas. Cada uma das possibilidades de avaliação ou análise

prestam-se ao objetivo pretendido. Da mesma forma como existe um planejamento da

(30)

avaliação da política com objetivos e critérios claros. Para realizar qualquer avaliação,

há que se determinar o parâmetro ideológico e qualitativo sob o qual deveremos estar

trabalhando. Em outras palavras, devemos determinar o padrão com o qual a política

pública avaliada estará sendo comparada.hgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A n á lis e d a s p o lít ic a s s o c ia is

Marcos Antônio Coimbra sugere, a partir da literatura a respeito, sete maneiras

de abordar as políticas sociais. Essas sete abordagens, compiladas pelo autor,

situam-se genericamente entre dois grandes referenciais teóricos:

"... um genericamente chamado 'individualismo' ou 'liberalismo' claramente derivado da teoria econômica clássica, e outro que podemos designar 'coletivista' ou 'socialista', umbilicalmente ligado ao pensamento de Marx." (Abranches e outros, 72).

Essas abordagens ora se aproximam de um dos referenciais teóricos, ora se

aproximam de outro, não constituindo, entretanto, etapas intermediárias de passagem

de um referencial para o outro. Algumas vezes, essas abordagens são mais

ideológicas, outras mais pragmáticas, outras ainda resumem-se à constatação da

inevitabilidade da intervenção no curso histórico das políticas sociais ou do estágio de

desenvolvimento econômico. As sete abordagens são as seguintes: a "perspectiva do

serviço social"; o "marxismo"; o "funcionalismo"; a "teoria da convergência"; as "teorias

econômicas da política social"; o "pluralismo" e a "teoria da cidadania". Elas foram

criadas a partir de visões ideológicas distintas e acabam definindo diferentes

paradigmas prioritários de comparação nas avaliações qualitativas ou na justificativa

das avaliações quantitativas.

A avaliação qualitativa pode ser feita a partir do referencial teórico e dos

paradigmas ideológicos que cada uma dessas visões defende e adota para as

políticas sociais avaliadas. Apesar de não podermos definir uma regra que vincule

cada uma das abordagens compiladas por Coimbra a um tipo específico de avaliação,

é inegável, como veremos a seguir, que algumas visões adaptam-se melhor a um

determinado tipo de avaliação do que outras, graças às suas características. Há,

(31)

A perspectiva do serviço social - a mais tradicional de todas - privilegia

segundo Coimbra, a ação em detrimento da teoria. Sua vocação para o empírico e

para o pragmático e sua indiferença - que por vezes chega à hostilidade - para com a

teoria, traz pontos positivos e negativos. Os pontos negativos são uma certa

ingenuidade no trato das origens de determinado problema e sua caracterização local

e particular. Já os pontos positivos são sua preocupação com problemas relevantes e

a praticidade de suas interpretações e recomendações para a solução dos mesmos.

As avaliações sob a perspectiva do serviço social adequam-se melhor às avaliações

que medem a eficácia e, secundariamente, à efetividade das políticas adotadas.

O marxismo, para Coimbra, não constitui uma corrente unitária e coesa, mas

deve ser dividida em três correntes distintas. A primeira delas, formada pelo próprio

Marx, que não trata do assunto, por dois motivos: o primeiro porque em sua época

nenhuma das modernas instituições de política social existia; o segundo, porque, para

Marx, o bem estar social somente seria alcançado a partir do estabelecimento de

novas formas de relacionamento social. A segunda grande corrente de pensadores

marxistas, identificada com os autores do início do século XX até a década de

setenta, também não se preocupou muito com as políticas sociais, atribuindo a elas

um aspecto de funcionalidade para o capitalismo e, portanto, em plena harmonia com

este. Foi surpreendente para essa corrente de pensamento que, na década de

oitenta, as políticas sociais implementadas nos países centrais começassem a sofrer

ataques provenientes da direita, por parte dos teóricos e representantes políticos e

ideológicos da burguesia. A partir da década de oitenta surge a terceira vertente do

pensamento marxista, que faz uma revisão da interpretação funcionalista das políticas

sociais e passa a defendê-Ias dos ataques provenientes da direita. Contrariando as

correntes anteriores, esses novos pensadores marxistas acabam atribuindo às

políticas sociais melhorias substantivas no modo de vida dos trabalhadores. Para esta

última vertente, e somente para ela, a efetividade das políticas públicas é o aspecto

mais importante, considerando que o grande substrato teórico dessa corrente

aplica-se aos processos de formulação e implementação das políticas, nos quais os limites

(32)

o

baZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAfu n c io n a lis m o , no estudo das políticas sociais,zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAé considerado mais importante pela influência que exerceu sobre outras abordagens - principalmente a

perspectiva do serviço social - do que pelos escritos de sociólogos funciona listas

sobre o tema, que praticamente inexistem. Apesar disso, a visão funcionalista sugere

um espaço para as políticas sociais dentro das sociedades, qual seja, "... a política

social existiria para aumentar o nível de integração na sociedade, por isto se

entendendo tanto a coesão social, quanto a harmonia nas relações entre as pessoas

e os grupos." (Coimbra, 94). Essa visão é semelhante à dos marxistas funcionais,

variando a qualidade do resultado das políticas sociais. O que os funcionalistas

consideram positivo e integrador, para os marxistas é negativo e alienador.

A te o r ia d a c o n v e r g ê n c ia pode ser entendida como uma variante do

funcionalismo. Enquanto no funcionalismo as políticas sociais têm um fim em si

mesmas, para a teoria da convergência, as políticas sociais surgiriam para solucionar

problemas decorrentes da industrialização. Por esse motivo, as nações, sejam elas

capitalistas ou socialistas, precoce ou tardiamente industrializadas, deveriam enfrentar

os mesmos problemas da mesma maneira, isto é, impondo políticas sociais idênticas. Dessa maneira, nas sociedades capitalistas haveria uma maior tolerância para a

intervenção do Estado, assim como os países socialistas acabariam tolerando alguns

mecanismos de mercado.

As te o r ia s e c o n ô m ic a s d a p o lític a s o c ia l podem ser divididas em três

variantes: as aplicações da teoria econômica do bem-estarnmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA(w e lfa re e c o n o m ic s ); os

textos de liberais; e os estudos macroeconômicos do gasto público. Nenhum dos três

é, propriamente, uma teorização das políticas sociais. A teoria econômica do bem-estar trata das decisões dos indivíduos em meio a cenários de proteção social. Os

escritos de liberais resumem-se a apresentar argumentos para a drástica redução das

políticas sociais e, por último, os estudos macroeconômicos preocupam-se em

entender como os grandes agregados macroeconômicos se comportam e como as

múltiplas políticas sociais interferem nos gastos públicos. As avaliações baseadas

nessa abordagem privilegiam os resultados que mostram a eficiência e a eficácia.

P lu r a lis m o é como Coimbra define a concepção que trata a política como a

(33)

causas para transacionar. Nessa arena são usados os mais diferentes recursos -inclusive a força - na defesa de interesses cuja origem é a mais diversa e múltipla

possível, não se resumindo à perspectiva econômica de cada um destes atores.

Como resultado final dessa multiplicidade haveria uma anulação da exclusividade

causal de qualquer destas correntes. Como conseqüência desta visão, onde os

marxistas vêem conflito de classes, os pluralistas vêem um conjunto desarticulado de focos de poder e influência dentre os quais o Estado é apenas um deles.

"Onde o marxismo concebe as políticas governamentais como

explicáveis a partir de uma 'lógica' imanente ao próprio capitalismo, os

pluralistas irão considerá-Ias como decorrentes de um jogo de causas mais

complexo e original, no sentido de peculiar a cada uma. Em outras palavras, a

explicação de uma política qualquer somente por acaso seria válida para

outra." (Abranches e outros, 98)

Como resultado disso, o próprio Coimbra conclui:

"Quer seja utilizada isoladamente ou em associação a outras

abordagens, a perspectiva pluralista é das mais adequadas ao estudo das

políticas sociais enquanto políticas singulares. Dela, porém, pouco se pode

esperar, se o que queremos são explicações mais generalizantes e mais

estruturais para a política social. Alguns de seus supostos, como a postulação da racionalidade dos atores políticos, também podem ser criticados, como faz Pinker", que com razão nota que a ausência da reflexão sobre a ideologia prejudica significativamente seus alcance e utilidade. No balanço final, porém,

há mais com que concordar do que discordar nas aplicações do pluralismo da

política social." (Abranches e outros, 98 e 99)

As avaliações de políticas sociais realizadas sob a perspectiva do pluralismo

restringem-se quase que exclusivamente às avaliações de processo, abrangendo as

etapas que iniciam com a formulação das agendas públicas até a implantação efetiva

das políticas, suas conseqüências e os novos ambientes e cenários que resultaram

dessas políticas.

AbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAte o r ia d a c id a d a n ia foi a principal teoria a respeito .das políticas sociais até o início da década de setenta. Baseada nas idéias de T. H. Marshall, essa teoria deve ao conceito de "cidadania" sua principal característica. Para Marshall, a cidadania se

divide em três elementos distintos e concretizados na seguinte ordem cronologica:zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Imagem

Tabela 1- Previsão original de implantação nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
Tabela 3 - Quadro das escolas em 1939
Tabela 5 - Expansão do atendimento do ginásio edcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA A p r o v a d o s zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAno exame dea d m i s s ã o A n o I n s c r i t o s A p r o v a d o s % 1966 218.147 93.803 43 1967 242.607 2
Tabela 6 - Quadro comparativo da organização do ensino nmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA
+7

Referências

Documentos relacionados

É importante esclarecer que, com a divulgação dos resultados do desempenho educacional do estado do Rio de Janeiro em 2010, referente ao ano de 2009, no IDEB, no qual

da equipe gestora com os PDT e os professores dos cursos técnicos. Planejamento da área Linguagens e Códigos. Planejamento da área Ciências Humanas. Planejamento da área

Vale ressaltar que, para direcionar os trabalhos da Coordenação Estadual do Projeto, é imprescindível que a mesma elabore seu Planejamento Estratégico, pois para Mintzberg (2006,

Com isso, a SEDUC-AM em seu DGP, com o propósito de aumentar a eficácia da aplicação da legislação voltada para os profissionais da educação, requereu do

De acordo com resultados da pesquisa, para os AAGEs, a visita técnica não é realizada com a presença do AAGE. Quanto ao “ feedback ” ao AAGE sobre a visita técnica realizada

O fortalecimento da escola pública requer a criação de uma cultura de participação para todos os seus segmentos, e a melhoria das condições efetivas para

Preenchimento, por parte dos professores, do quadro com os índices de aproveitamento (conforme disponibilizado a seguir). Tabulação dos dados obtidos a partir do

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em