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O psicodrama em sala de aula: uma estratégia de ensino para o desenvolvimento do papel profissional da enfermeira.

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Academic year: 2017

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o

P

SICODRAMA EM SAA DE AUA: UMA ESTRATEGIA DE ENSINO PARA

0

DESENVOLVIMENTO DO PAPEL PROFISSIONAL DA ENFERMEIRA*

Debora I. R. Kirschbaum**

Marcia Regina Nozawa **

RESUMO:

Examinam-se os principais conceitos do metodo psicodramatico e as

possibilidades de utilizayao deste na educaao de enfermeiras, atraves do emprego

de tecnicas psicodramaticas, paticularmente 0 "role-playing" em sala de aula, com 0

objetivo de desenvolver relayoes interpessoais e papeis socia is, por meio da educayao

da espontaneidade. Sao relatadas duas situay6es em que foi empregada esta tecnica

na disciplina "Integrayao do Estudante de Engermagem a

Profissao", dirigida a alunos

do 10 ano do Cuso de Graduayao em Enfermagem da UNICAMP. Veriica-se que sua

utilizayao propicia ao aluno vivenciar os tres diferentes momentos que constituem 0

jogo de papeis: 0 "role-taking", 0 "role-playing" e o "role-creating".

ABSTRACT:

The author looks into the main concepts of the .psico-dramatic method

and its the possibility of its use in educating nurses, paticularly the "role-playing" in the

classroom, aiming at developing interpersonal relationship and social roles, by means

of a sponteneous education . Two situations are described , in which this method was

.

employed in

a

"Getting the Student Acquainted with the Nursing Profession" class, for

freshmen in the Graduate Course of UNICAMP. It is veriied that the method provides

the student with vitual experience for the three diferent stages of the "role-taking", the

"role-playing" and the "role-creating".

1 . INTRODU;AO

estudo das leis do desenvolvimento social e das rela­

:oes sociais". Tais conceitos sao compreendidos con­

juntamente, constituindo a Teoria da Espontaneidade.

Criado por Jacob L. MOENO, na primeia me­

tade do seculo

X,

0

psicodrama constitui uma pro­

posta de ate, teatro, ciencia, psicoterapia e educa:ao.

Un metoda de trabalho que emprega tecnicas psico­

dramaticas, visando

0

estudo e a trasforma:ao das

rela:oes interessoais dos grupos e da sociedade na

qual

estao inseridos. Sua o

i

ge

m

e 0 teatro, de onde provem

a concep:ao de dama, da qua] foram extrai­

dos os conceitos que fundamentam a teoria e a pratica

psicodramatica( l ) Foi a partir da obseva:ao e do

estudo dos elementos emergentes nas dramatiza:oes

que MOENO***, elaboou os conceitos de espon­

taneidade, criatividade e conserva cultural, que ser­

ven de base a socionomia, a qual ele deine como

"0

A espontaneidade e deiida como a capacidade

do individuo de dar solu:oes originais e adequadas a

situa:oes novas, ou de responder de forma nova a

situa:oes antigas. Neste sentido, consitui uma condi­

:30 do sujeito que the possibilitaria agir livremente e

como tal,

esta

nao esta dada, mas precisa ser educada'

ou melhor, adquirida or meio de prepaa:ao do indi­

viduo paa exercer sua a:ao livemente. Se a espon­

taneidade e uma qualidade, a criatividade

e

a sua

substancia, e ela

0

elemento que possibilita a produ­

:ao de un novo modo de

a

g

i

r.

0

poduto "il "

deste

pocesso criador e a Conserva Cultural, que por sua

• • Trabalho apresentado como tema livre n o 44° Congresso Brasileiro de Enfermagem., Brasilia. D.F., 4 a 9 de outubro de 1 992. Professoras Assistentes do Departamento de Enfcmlagem, rea de Enfennagem em Saude Pitblica e em Satde Mental, da

• • •

3 14

FCMIUN1CAMP. .

Moreno, J.L. Sociometry, experimental method and the science of society. Apud KAUFMANN, Arthur. 0 teatro pedag6gico, p.57.

(2)

vez, e a esponsavel pela peseVa�ao da cultura e pela

tnsmissao do "status quo" as novas gera�oes. Mas,

quando tomada como algo estatico, ela inviabiliza a

emergencia a espontaneidade.

AMm desta, a Teoria dos Paeis ambem nos fala

sobre 0

desenvolvimento das rela�oes ente 0 indivi­

duo e

0

gupo. Paa MORENO,

0

EU emerge dos

papeis e estes sao aprendidos ao longo da historia

individual, em un�ao de diferentes vinculo estabele­

cidos ente

0

idividuo e os gruos com os quais se

elaciona. Nesse sentido,

0

gupo e na ede de

ela�oes de papeis, que possuem tes difeentes cate­

gorias: os papeis psicossomaticos, os sociais e os

psicodramciticos.

*

o

Teato da Esontaneidade, que foi a fonna

iicial assumida pelo Psicodrama, prescinde de textos

pontos e de papeis deinidos. Ao contraio disto,

pro poe a dramatiza�ao esponmnea de un texto, cujo

autor e

0

proprio potagonista, emergente do gruo, a

pair do qual estabelecem-se os papeis dos demais

atores, sendo

0

espetaculo coordenado por un diretor,

auxiliado or uma equipe tecnica: os ego-auxiliares.

Ele pode ter como objetivo imediato

0

espetaculo, ou

n

sentido terapeutico, mas constitui tambem un

metoda de ensino, que propicia aos atores que dele

participam, entrrem em contato com papeis que e­

presentam em sua vida diaria, ou que iao representar,

no caso dos esudantes em processo de fomla�ao

proissional.

o

metoda psicodramatico dispoe de vaias tecni­

cas, dentre os quais

0

"role-playing" que discutie­

mos a seguir.

* *

Segundo LEDA(2), este desen­

volve-se em tres niveis opeacionais :

0

"role-taking",

o "ole- playing" propiamente dito, e

0

"ole-crea­

ting".

0

primeiro implica em tomada ou aceita�ao do

pael, na qual 0 individuo adota un papel socialmente

constiuido, sem incororar ao mesmo, muitas carac­

teisticas pessoais.

0

"role-playing", que consiste no

jogo, ou desempenho, ou intepeta;;ao de papeis,

implica na tomada de un pael social com certo gau

de liberdade, e incopora�ao de caracteristicas pes­

soais e da subjetividade do ator. Ao passo que,

0

"rolecreating", consiste na cria�ao do pael, quando

o individuo assume n pael social e converte-o em

psico-dramatico. Em todos eles, procura-se

aproxi-mar a intepreta�ao do papel aos asectos da vida

diaria do ator,

a

situa�oes, portanto, que Ihe digam

reseito.

o

"role-playing" ten side amplamente utilizado

no camo a edJca�ao, justa mente elas possibilida­

des que ofeece ao desenvolvimento da espontaneida­

de, fundamental paa a identiica�ao e a aquisi�ao do

papel proissionaI.

* * *

2 .

OBJETIVOS

A introdu;;ao do psicodrala como estrategia pe­

dagogica, ten or objetivo propiciar ao aluno de

enfemagem a obten�ao de un estado de espontanei­

dade, que the possibilite desemenhar adequadamen­

te seus paeis sociais de alu0 e de enfemleiro.

3.

METODOLOGIA

A popula;;ao atendida foi constituida de alunos

do 1 0 ano do Curso de Gradua�ao em Enfermagem da

FCMUNICAP, tendo side utilizada a tecnica Tea­

to da Esontaneidade - "role-playing".

4 .

APRESENTACAO DA EXPERIENCIA

A

ideia de utilizar

0

psicodrama em aulas de

difeentes disciplinas do curso de Gradua�ao em En­

fermagem da UNICP, oferecidas elas Aea de

Enfemlagem em Saude Publica e em Saude Mental,

decorreu da necessidade de utiliar metodos de ensino

que ossibilitassem romper com a dissocia�ao entre

teoria e prcitica, ente emo�ao e raao, tendencia mui­

to freqiientemente expressa na� atitudes e no discurso

dos estudantes com os quais trabalhamos no primeio

a0 do curso. Na respectiva disciplina, Intega�ao do

Estudante a Proissao, busca-se popiciar ao aluno,

0

desenvolvimento de seu papel poissional, e ampliar

sua erce�ao quanta a "estar em rela�ao com

0

outro ", assim como, apimorar as rela�5es interpes­

soais no proprio grupo de alunos,

0

que consideramos

a base paa a podu�ao de todo tabalho coletivo, no

caso, a propria forma�ao dos alunos.

Neste sentido, a utiliza�ao do Teato da Esponta­

neidade, particularmente da tecnica de "role­

playing", ocorre em diferentes opotunidades,

de-• C. KAUFM ANN, A., op. cit., p.67, sobre as categoris de papeis.

• • Sobre s tecnicas psicodrmiticas, consultar AGUIAR, Moyses. Teatro da anarquia, l resgate do psicodrama; KAUFMANN, A. op. cit. , e ALMEIDA, Wilson C. A pedaggia do alo criador .

. . . . C. ALMEIDA, Wilson, op. cit., p. I - 1 1 e KAUFM ANN, thur, op. cit., p. 75-79.

(3)

pendendo do que se petende trabalhar e das necessi­ dades do gupo de alunos percebidas pelos pofesso­

res. Enfocaemos aqui duas si{ua�oes em que

0

"role­

playing" foi utilizado para trabalhar

0

conceito de enfermeiro, enquanto papel poissional, e para de­ senvolver habilidades no relacionamento interpessoal entre docentes e discentes. com vistas a obter uma maior espontaneidade no desenvolvimento do traba­ Iho academico.

Na primeia sita�ao, com alunos do

ano, no

primeiro dia de aula, realiamos um jogo damatico,

com a inalidade de popiciar

0

aquecimento grupal,

que consisia emjogar uma bola de babante paa cada participante, que ao recebe-Ia, se auto-apresentava e devolvia-a a outo elemento do gupo, cuidando de manter consigo um peda�o do babante. Ao inal, forma-se lima teia. que foi interpretada pelo grupo como um simbolo da uniao da turma . A patir disto,

montamos a dranlatiza�ao, escolhendo

0

protagonis­

ta, que ao emergir do gruo, trouxe como tema a "enfermeia ecem-fomlada", tabalhando em situa­ �oes de emergencia num centrocirurgico. Na cena, as alunas mantiveram-se na etapa de "ole-taking", representando papeis de forma convencional, nos quais emergiam os "mitos" da enfermagem; as siua­ �oes conlitivas entre medicos, enfermeiras e ocupa­ cionais de enfermagem, que imaginavam os alunos,

caracterizavam

0

cotidiano

a

enfemleira; a desvalo­

iza�ao social do papel da enfermeira, dentre outras

questoes, qle foram levantadas na etapa do compar­

tilhamento, que sucede

a

dramatia�ao. Uma delas foi

a sensa�ao de "estar erdido", tanto em rela�ao o

que fosse a proissao enfermeira, quanta em rel9ao ao que Ihes reservava a vida universilia, que inicia­ yam naquele momento. Tres meses depois, a6s um eslgio de obseva�ao do cotidiano e do trabalho de enfemleias em diferentes sevi�os de saude, foi rea­ Iiada lima nova dramatiza�ao, cuja inalidade ea identiicar a mudan�a na visao que as alunas pos­

suiam da atividade da enfermeira. Fez-se

0

aqueci­

mento com

0

objetivo de identiicar a protagonista e

esta trouxe como cena

0

trabalho de uma enfermeia

psiquiatrica, realiando um gupo terapeutico com pacientes drogaditos, situa�ao que, alias nao havia sido experimentada no eslgio de obseva�ao, situan­ do-se cJaamente nas etapas de "role-playing" e "role-creating" .

5.

CONSIDERA;OES FINAlS

A

eeriencia aqui elatada visa aontar as ossibi­

lidades do psima, paticulente do Teao da

Esontaneidade e do "ole-playing", como tecnicas de elei�ao na educa�ao em enfermagem. Tais tcnicas ossibilitam ao estudante desenvolver paeis sociais e ela�6es inter essoais num ambiente elaxado e poe­ gido, ode este exeimenta difeenes gaus de eson­

taneidade, vivenciando

0

pocesso de tomada, intepe­

�ao e cia�ao do pael poissional da enfermeia.

REFERENCIAS BI BLIOGRAFICAS

I . AGUIAR, Moyses. Tealro da anarquia: 11111 resgale do pSico­ dralla. Campinas : Papirus, 1 988.

2. ALMEIDA, Wilson C. A pedagogia do alo criador. In: CON­ GRES SO BRASILEIRO DE PSICODRAMA, VI, Salva­ dor, 1 988. Texto apresentado na Mesa Redonda "Meto­ dologia do Psicodrama". (mimeo)

3. KAUFMANN, Athur. 0 lealro pedag6gico: bastidores da inicia:io medica. SIo Paulo: Agor, 1 992.

Recebido para publica�ao em

23.08.93

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