• Nenhum resultado encontrado

Pesquisa de anticorpos anti Toxoplasma gondii em fluidos intra-oculares (humor vítreo e humor aquoso) de pacientes com toxoplasmose ocular, na cidade de Belém, PA.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Pesquisa de anticorpos anti Toxoplasma gondii em fluidos intra-oculares (humor vítreo e humor aquoso) de pacientes com toxoplasmose ocular, na cidade de Belém, PA."

Copied!
3
0
0

Texto

(1)

7 7

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3 8 ( 1 ) :7 7 -7 9 , jan-fev, 2 0 0 5

COMUNICAÇÃO/COMMUNICATION

A toxoplasmose, infecção causada pelo To xo pla sm a go ndii, é uma das protozooses mais comuns em todo o mundo, apresentando diferentes formas clínicas e dentre elas a ocular. Esta forma é uma das mais importantes causas mundiais de uveítes posteriores1 15. A

forma ocular de toxoplasmose pode ser de origem congênita com manifestações clínicas precoces ou tardias, ou ainda ser adquirida após o nasc imento. A manifestaç ão oc ular mais c omum é a r e tino c o r o idite gr anulo mato sa ne c r o tizante que po de vir acompanhada de outras alterações oculares5 8 12 14. O diagnóstico da

toxoplasmose ocular é presuntivo, baseando-se na análise conjunta do quadro clínico observado, testes sorológicos e exclusão de outras etiologias como sífilis, CMV, toxocaríase e outras9.

1 . Pro grama de To xo plasmo se do Instituto Evandro Chagas da Sec retaria de Vigilânc ia em Saúde, Ministério da Saúde, B elém, PA. 2 . Clínic a de Olho s do Pará, B elém, PA. 3 . Núc leo de Medic ina Tro pic al da Universidade Federal do Pará, B elém, PA.

Supo rte Financ eiro : Instituto Evandro Chagas/SVS-MS, Pro j eto RENOR/FADESP ( Nº 2 4 9 ) .

En de r e ço par a cor r e spon dê n ci a: Dr. Edic lei Lima do Carmo . Seç ão de Parasito lo gia/Instituto Evandro Chagas. Ro do via B R 3 1 6 -KM 0 7 s/nº, B airro Levilândia, 6 6 0 9 0 -0 0 0 B elém, PA.

Tel: 5 5 9 1 2 1 4 -2 1 4 8 , Fax: 5 5 9 1 2 1 4 -2 0 4 3 . e-mail: edic leic armo @ iec .pa.go v.br Rec ebido para public aç ão em 1 0 /8 /2 0 0 4 Ac eito em 2 7 /9 /2 0 0 4

Pesquisa de anticorpos anti

Toxoplasma gon dii

em fluidos

intra-oculares ( humor vítreo e humor aquoso) de pacientes

com toxoplasmose ocular, na Cidade de Belém, PA

Research on antibodies anti

to xo pla sm a go ndii

in intraocular fluids

( Aqueous and vitreous humor) from patients with ocular toxoplasmosis,

in the City of Belém, Pará State

Ediclei Lima do Carmo

1

, Edmundo Frota Almeida

2

, Cléa Nazaré Bichara

3

e Marinete Marins Póvoa

1

RESUMO

Fo i re a liza da pe sq u isa de a n tic o rpo s IgG, IgM e IgA a n ti-Toxoplasma gondii n o so ro e flu ido s in tra - o c u la re s ( hu m o r a q u o so e vítre o ) de pa c ie n te s c o m to xo pla sm o se o c u la r. A pa rtir do s re su lta do s o b tido s ve rific o u - se q u e a n tic o rpo s IgG e IgA in tra o c u la r a n ti-Toxoplasma gondii po de m vir a se r im po rta n te s m a rc a do re s n o dia gn ó stic o de to xo pla sm o se o c u la r.

Pal avr as-chave s: To x o p la sm o se o c u la r. An ti c o rp o s. Hu m o r ví tre o . Hu m o r a q u o so .

ABSTRACT

Te sts we re p e rf o rm e d f o r a n ti b o d i e s IgG, IgM a n d IgA a n ti -To xo plasma go ndii a n ti b o d i e s i n se ru m a n d i n tra o c u la r f lu i d s ( Aq u e o u s a n d vi tre o u s h u m o r) f ro m p a ti e n ts wi th o c u la r to x o p la sm o si s. By th e re su lts o b ta i n e d , i t wa s ve ri f i e d th a t i n tra o c u la r IgG a n d IgA a n ti -To xo plasma go ndii a n ti b o d i e s c a n b e i m p o rta n t m a rk e rs f o r th e d i a gn o si s o f o c u la r to x o p la sm o si s.

Ke y-words: Oc u la r to x o p la sm o si s. An ti b o d i e s. Vi tre o u s h u m o r. Aq u e o u s h u m o r.

Devido a gravidade e irreversibilidade das lesões causadas pelo T. go n di i, o diagnóstic o prec oc e dessa infec ç ão é de fundamental impo rtânc ia para que seja po ssível aplic ar a intervenção adequada, principalmente nos casos em que o quadro clínico e os resultados sorológicos não são conclusivos1 9.

O objetivo desse estudo foi realizar a pesquisa de anticorpos anti T. go ndii ( IgG, IgM e IgA) nos fluidos intra-oculares ( humor vítreo e humor aquoso) de pacientes com toxoplasmose ocular.

(2)

7 8

Car mo EL e t al

Todos os pacientes receberam esclarecimento médico sobre os objetivos e riscos da pesquisa e após concordar em participar, assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido e fo r ne c e r am dado s par a pr e e nc hime nto de fic ha c línic o -epidemiológica, de acordo com as recomendações do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto Evandro Chagas ao qual o estudo foi avaliado e aprovado ( CEP/IEC-Nº 0 0 3 /2 0 0 2 ) .

Foram feitas coletas de amostra de sangue venoso e amostras de fluídos intra-oculares dos pacientes, estas realizadas no centro c irúrgic o da Clínic a de Olhos do Pará. Foram c oletadas 9 amostras de humor vítreo e duas de humor aquoso, de nenhum paciente foi possível coletar amostras de ambos os fluidos. Todas as amostras foram testadas pela reação de imunofluorescência indireta ( IFI) e ensaio imunoenzimático ( ELISA) . Na IFI, para pe sq uisa de IgG e IgM, utilizo u-se antíge no s c o me r c iais liofilizados ( Imunotoxo® ( B iolab-Mérieux SA) e a téc nic a desenvolvida de acordo com a metodologia descrita por Camargo2.

O ponto de corte foi determinado como títulos

8 0 . No teste ELISA indireto para pesquisa de IgG e de captura para IgM e IgA, utlizou-se Kits comerciais ( ELISA Platélia® Toxo IgG, IgM, IgA) . A técnica foi realizada e o ponto de corte determinado, segundo as recomendações do fabricante.

Na pesquisa de antic orpos séric os, a imunoglobulina G foi detec tada em todas as amostras por ambas as téc nic as, enquanto a IgM não foi enc ontrada em nenhuma e a IgA em apenas 2 pac ientes ( Tabela1 ) .

Na pesquisa de anticorpos no humor vítreo, seis pacientes apresentaram IgG ( 6 6 ,7 %) . Nesses, a IgG foi detectada em 3 por ambas as técnicas, em 2 somente pelo ELISA e em 1 somente pela IFI. Não foi detectado IgM em nenhuma das amostras de HV. Nas duas amostras de humor aquoso, observou-se presença de anticorpos IgG e ausência de IgM ( Tabela 1 ) . Em relação a pesquisa de antic orpos IgA no humor vítreo, esta c lasse foi detectada em 5 pacientes, todos apresentando também IgG intra-ocular e sérico. Dos 5 pacientes que apresentavam IgA, somente um apresentava IgA sérico. Nas duas amostras de humor aquoso anticorpos IgA também foram detectados, dos quais apenas uma apresentava IgA sérico ( Tabela 1 ) .

Desde 1 9 8 2 , o T. go ndii vem sendo incriminado como o principal causador de uveítes no Brasil. Porém, devido a alta soroprevalência de anticorpos IgG anti-T. go ndii, há dificuldade em se estabelecer o diagnóstico laboratorial da forma ocular de toxoplasmose, daí a necessidade de se procurar outra alternativas para realização desse diagnóstico6 9 1 1.

No referido estudo, a positividade ( 6 6 ,7 %) de IgG observada nas amostras de HV, c orroboram os resultados obtidos por Canosa et al3, que avaliando 7 amostras de humor vítreo de

pac ientes c om suspeita de toxoplasmose oc ular, obtiveram resultados similares. Pela téc nic a de IFI, eles enc ontraram fr e q üê n c ia de po s itivida de pa r a I gG de 7 1 , 4 % , to do s apresentando também IgG sérico. Turunen et al1 6 referem o IgG

intra-ocular como um bom marcador nos casos de coriorretinites toxoplásmicas. A ausência de anticorpos IgM no soro e fluidos intra-oculares indica que nenhum dos pacientes estava na fase aguda da toxoplasmose.

Em relação a pesquisa de anticorpos IgA intra-ocular, os n o s s s o s r e s ulta do s de m o n s tr a m , a pe s a r de n ã o s e r e m estatísticamente significativos ( P> 0 ,0 0 5 – Teste Exato de Fisher) , que esta imunoglobulina nesses fluidos pode ser importante marcador no diagnóstico de toxoplasmose ocular. Não há relatos na literatura a respeito de pesquisa de IgA anti-T. go ndii no humor vítreo de pacientes com toxoplasmose ocular. Contudo, vários estudos relatam a importância da pesquisa de IgA no humor aquoso no diagnóstico de toxoplasmose ocular4 7 1 0 1 3.

O estudo de fluidos intra-oculares na rotina laboratorial de diagnóstico de toxoplasmose ainda pode ser considerado inviável, devido ao elevado grau de invasibilidade dos procedimentos de coleta, porém nos casos cujo diagnóstico clínico e sorológico são inconclusivos, a pesquisa de anticorpos e de DNA pela PCR nos fluidos intra-oculares, podem ser ferramentas alternativas para auxiliar o diagnóstico dessa forma de toxoplasmose.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1 . Abreu MT, B elfo rt Jr R, Oréfic e, F. To xo plasmo se Oc ular. In: Oréfic e F, B elfo rt Jr R ( eds) Uveítes, Ro c a, São Paulo , p. 2 1 1 -2 3 0 , 1 9 8 7 . 2 . Camargo ME. Impro ved tec hnique o f indirec t immuno o fluo resc enc e fo r

sero lo gic al diagno sis o f to xo plasmo sis. Revista do Instituto de Medic ina Tro pic al de São Paulo 2 8 : 2 1 1 -2 1 4 , 1 9 6 4 .

3 . Cano sa A, Gulh, F, Ac evedo G, De Sánc hez N, Marinkelle CJ. Antic uerpo s espec ífic o s em humo r vítreo em c aso s de to xo plasmo sis c c ular. Revista Latino americ ana de Mic robio lo gia 2 7 : 2 0 9 -2 1 2 , 1 9 8 5 .

Tabela 1 - Resultado da pesquisa de anticorpos anti-T. gondii pelos teste de IFI ( IgG e IgM) , ELISA ( IgG, IgM e IgA) n o soro e flu idos intra-oculares ( HV ou HA) de 11 pacientes com diagnóstico clínico de toxoplasmose ocu lar.

Paciente Fluidos IFI-IgG IFI-IgM ELISA ELISA ELISA ( Título) ( Título) IgG IgM IgA

1 soro 80 - + -

-HV - - + -

-2 soro 2.560 - + - +

HV 80 - + - +

3 soro 1.280 - + -

-HV - - + - +

4 soro 2.560 - + -

-HV 320 - + - +

5 soro 10.240 - + - -HV 1.280 - + - + 6 soro 2.560 - + - -HV 1.280 - - - + 7 soro 10.240 - + -

-HV - - - -

-8 soro 1.280 - + -

-HV - - - -

-9 soro 320 - + -

-HV - - - -

-10 soro 10.240 - + - + HA 1.280 - + - + 11 soro 2.560 - + -

-HA NR NR + - +

(3)

7 9

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 3 8 ( 1 ) :7 7 -7 9 , jan-fev, 2 0 0 5

4 . Gar we g JG, Jac quie r P, B o e hnk e M. Ear ly Aque o us Humo r Analysis In P a ti e n ts Wi th Hu m a n Oc u l a r To x o p l a s m o s i s . J o u r n a l o f Cl i n i c a l Mic ro bio lo gy 3 8 : 9 9 6 -1 0 0 1 , 2 0 0 1 .

5 . Glasne r PD, Silve ir a C, Kr uszo n-Mo r an D, Mar tins MC, B ur nie r Jr M, Silve ir a S, Camar go ME, Nusse nb latt RB , Kaslo w RA, B e lfo r t Jr. R. An unusually high prevalenc e o f o c ular to xo plasmo sis in So uthern B razil. Americ an Jo urnal o f Ophthalmo lo gy 1 1 4 : 1 3 6 -1 4 4 , 1 9 9 2

6 . Hay J, Dutto n GN. To xo plasma and the eye. B ritish Medic al Jo urnal 3 1 0 : 1 0 2 1 -1 0 2 2 , 1 9 9 5 .

7 . Katina JH, Oréfic e F, Mineo JR. Antic orpos IgA espec ífic os no soro e humor aquoso de pac ientes c om uveíte de provável etiologia toxoplásmic a. Revista B rasileira de Oftalmo lo gia 5 1 : 2 1 -2 6 , 1 9 9 2 .

8 . Montoya JG, Remington JS. Toxoplasmic c horioretinitis in the setting of ac ute ac quired toxoplasmosis. Clinic al Infec tious Diseases 2 3 : 2 7 7 -2 8 2 , 1 9 9 6 . 9 . Nusse nb latt RB , B e lfo r t J r. R. Oc ular To xo plasm o sis: An o ld dise ase

revisited. Jo urnal o f Americ an Medic al Asso c iatio n 2 7 1 :3 0 4 -3 0 7 , 1 9 9 4 . 1 0 . Ongk o suwito JV, B o sc h-Dr ie sse n EH, Kij lstr a A, Ro tho va A. Se r o lo gic

Evaluatio n Of Patients With Primary And Rec urrent Oc ular To xo plasmo sis

Fo r Evide nc e Of Re c e nt Infe c tio n. Ame r ic an Jo ur nal o f Ophthalmo lo gy 1 2 8 : 4 0 7 -4 1 2 , 1 9 9 9 .

1 1 . Or é fic e F. Síndr o me Do Olho Ve r me lho . In: Mar r a UD ( e d) Me dic ina Ambulato rial, Guanabara Ko o gan, Rio de Janeiro , p. 4 9 4 -5 0 5 , 1 9 8 2 . 1 2 . Pe r k ins ES. Oc ular To xo plasmo sis. B r itish J o ur nal o f Ophthalmo lo gy

5 1 : 1 , 1 9 7 3 .

1 3 . Ro nday MJH, Ongk o suwito JV, Ro tho va A, Kij lstr a A. Intr ao c ular Anti-To xo pla sm a go ndii I gA a ntib o dy pr o duc tio n in pa tie nts with o c ula r to xo plasmo sis. Americ an Jo urnal o f Ophthalmo lo gy 1 2 7 : 2 9 4 -3 0 0 , 1 9 9 9 . 1 4 . Silveira C, B elfo rt Jr R, B urnier R, Nussenblatt R. Ac quired to xo plasmic infe c tio n a s the c a us e o f to xo pla s m ic r e tino c ho r o iditis in fa m ilie s . Ame r ic an Jo urnal o f Ophthalmo lo gy 1 0 6 : 3 6 2 -3 6 4 , 1 9 8 8 .

1 5 . Tenter AM, Hec kero th AR, Weiss LM. To xo plasma go ndii: fro m animals to humans. Internatio nal Jo urnal fo r Parasito lo gy 3 0 :1 2 1 7 -1 2 5 8 , 2 0 0 0 . 1 6 . Turunen HJ, Leiniki PO, Saari KM. Demo nstratio n o f intrao c ular synthesis

Referências

Documentos relacionados

Não se pode portanto concluir por uma relação evidente entre a noção de autonomia destes autores e as teorias liberais (discutidas no caps. 3 e 4), até porque em

Resultados: Os parâmetros LMS permitiram que se fizesse uma análise bastante detalhada a respeito da distribuição da gordura subcutânea e permitiu a construção de

Diferentemente da não abrangência de todas as regiões pelos GPAFEs, os grupos de pesquisa que discutem a temática Atividade Física e Saúde estão presentes em todas as regiões

Se você vai para o mundo da fantasia e não está consciente de que está lá, você está se alienando da realidade (fugindo da realidade), você não está no aqui e

O mecanismo de competição atribuído aos antagonistas como responsável pelo controle da doença faz com que meios que promovam restrições de elementos essenciais ao desenvolvimento

Nosso estudo revelou ll derrames pleurais, dos quais 2 apresentaram análise.. (ver

Gestão ambiental baseada em normas sobre: sistemas de gestão ambiental, auditoria ambiental, avaliação do.. desempenho ambiental, avaliação do ciclo de vida do produto,

Dois termos têm sido utilizados para descrever a vegetação arbórea de áreas urbanas, arborização urbana e florestas urbanas, o primeiro, segundo MILANO (1992), é o