CONTRIBUIÇÃO AO ESTUDO DA DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DE
TRIATOMÍNEOS NO ESTADO DO PIAUÍ *
Paulo Zábulon de Figueirêdo **, Fernando Gomes Correia U m a***
e José Nathan Portella Nunes***
O s
autores apresentam a atual distribuição geográfica dos triatomineos no
Estado do Piauí. Dos 28 municípios trabalhados em três diferentes regiões natu
rais, 18 apresentaram capturas positivas, com as seguintes espécies:
T r i a t o m a b r a s ilie n s is , T . m a c u l a t a , T . s ó r d i d a , R h o d n iu s p ic te p e s , R . n e g le c t u s e P a n s t r o n - g y lu s g e n ic u la tu s .Das espécies citadas, o
T . b r a s il ie n s i sfoi a mais freqüente e
de maior distribuição. Os autores admitem ser essa espécie a mais importante
transmissora da Doença de Chagas, no Estado. Chamam a atenção, ainda, para
o papel que as espécies de
R . p i c te p e s e R . n e g le c t u spossam desempenhar na
manutenção do ciclo silvestre do
T r y p a n o s o m a c r u z i,ao lado do
P . g e n ic u la tu s .IN T R O D U Ç Ã O
A d i s tr ib u iç ã o g e o g r á f i c a d e tr i a t o m í - n e o s e m n o s s o c o n t i n e n t e s e e s te n d e d o p a r a le l o 42, n o s u l d o s E s ta d o s U n id o s , a o p a r a le l o 43, n a A r g e n t i n a (7). C e r c a d e u m a c e n t e n a d e e s p é c ie s j á fo i d e s c r it a , a lg u m a s d e la s d e g r a n d e i m p o r t â n c i a n a t r a n s m is s ã o d o
Trypanosoma cruzi,
q u e r n o s c i c lo s d o m é s tic o e p a r a d o m é s tic o , q u e r n a m a n u t e n ç ã o d o c ic lo s ilv e s tr e .N o B r a s il, a p r e s e n ç a d e a lg u n s d e s s e s h e m í p t e r o s j á f o i r e g i s t r a d a n a s d i f e r e n t e s r e g iõ e s d o p a ís .
N o s E s ta d o s d o N o r d e s te , a s e s p é c ie s m a is f r e q ü e n t e i s ã o
Triatoma brasiliensis,
T. maculata, T. sórdida
ePanstrongylus
megistus
( i ) , s e n d o q u e oT. infestans
t e m a s s i n a l a d a a s u a p r e s e n ç a e m P e r n a m b u c o (6).N o E s ta d o d o P ia u í, N e iv a & P i n t o v e r i f i c a r a m a o c o r r ê n c i a d o
T. brasiliensis,
T. sórdida, T. maculata
eP. megistus
n o i n t e r i o r d e d o m ic ílio s (6). N e iv a & P e n n a , e m 1916, e m e s tu d o s r e a liz a d o s n o N o rd e s te , in c lu in d o o s u l d o E s ta d o d o P ia u í, f a z e m r e f e r ê n c i a à p r e s e n ç a d oT. sórdida
n a q u e l a r e g iã o (2).E m t r a b a l h o r e c e n t e r e a liz a d o n o P ia u í, F ig u e ir ê d o & c o ls. (3) c h a m a m a a te n ç ã o p a r a a p r e s e n ç a d e
T. brasiliensis, T. sór
dida
eT. maculata,
c a p t u r a d o s n o in t e r i o r d e d o m ic ílio s e f o r a d e s te s , c m a lg u n s m u n ic íp io s d o E s ta d o .C A P T U R A D E T R IA T O M IN E O S
P a r a a r e a liz a ç ã o d o p r e s e n t e tr a b a l h o , f o r a m in v e s ti g a d o s 28 m u n ic íp io s d o E s ta
-* T r a b a l h o r e a l i z a d o n o D e p a r t a m e n t o d e M e d i c i n a C o m u n i t á r i a d o C e n t r o d e C i ê n c i a s d a S a ú d e d a U n i v e r s i d a d e F e d e r a l d o P í a u í .
** P r o f e s s o r d e P a r a s i t o l o g i a M é d i c a d o C C S d a T F P ia u i.
198
Rev. Soc. Bras. Med. Trop.
Vol. IX — N.° 4
do , lo c a liz a d o s e m t r ê s d i f e r e n t e s r e g iõ e s n a t u r a i s , t a i s c o m o :
— A G R E S T E — c o m p r e e n d e n d o o s m u n ic íp io s d e A lto s, A ro a z e s , D o m E x p e d ito L o p e s, I n h u m a , I p i r a n g a do F 'ia u í e S ã o F é lix d o P ia u í.
— C A A T IN G A — m u n ic íp io s d e B o m J e s u s , C a m p i n a s d o P ia u í, C r is tin o C a s tr o , E lis e u M a r ti n s , F lo r ia n o , G u a d a lu p e , J a ic ó s , J e r u m e n h a , L a n - d r i S a le s , M a r c o s P a r e n t e , N o vo O r ie n te d o P ia u í, O e ir a s , P a lm e ir a s , P e d r o I I , P ic o s , S a n t a L u z , S a n t o I n á c io d o P ia u í, S ã o J o ã o d o P ia u í, S ã o R a i m u n d o N o n a to , S im p líc io M e n d e s e V a le n ç a d o P ia u í.
— M A T A — n e s t a r e g iã o fo i t r a b a l h a d o a p e n a s o m u n ic íp io d e T e r e s i n a
A p r o c u r a d e “b a r b e i r o s ” te v e p r o c e d i m e n to e m d o m ic ílio s d a s z o n a s r u r a l e u r b a n a , n o i n t e r i o r e f o r a d e s te s ( a l o j a m e n
to s d e a n i m a i s d o m é s tic o s ) , t e n d o s id o a c a p t u r a p o s iti v a e m 18 d o s m u n ic íp io s t r a b a l h a d o s , d e a c o r d o c o m o Q u a d r o l .
O s m u n ic íp io s o n d e s e c o n s e g u iu m a i o r n ú m e r o d e t r i a t o m í n e o s f o r a m C a m p i n a s d o P i a u í e O e ir a s .
A s e s p é c ie s p o r n ó s c a p t u r a d a s f o r a m a s s e g u in te s :
T. brasiliensis, T. maculata
eT.
sórdida,
j á a s s i n a l a d a s p o r N e iv a & P i n t o e N e iv a & P e n n a (6> e C o r r ê a & F e r r e i r a (2) . A lé m d a s e s p é c ie s c i t a d a s , f o r a m c a p t u r a d a s , a i n d a , oP. geniculatus,
oR. pictepes
e oR. neglectus,
a s s i n a l a d a s p e la p r i m e i r a vez n o E s ta d o .D IS T R IB U IÇ Ã O D E T R IA T O M ÍN E O S P O R M U N IC ÍP IO
O s Q u a d r o s 1, 2, 3 e 4 m o s t r a m o s 18 m u n ic íp io s , d e v i d a m e n te lo c a liz a d o s e m s u a s r e g iõ e s n a t u r a i s , o n d e a s c a p t u r a s f o r a m p o s itiv a s , b e m c o m o a s r e s p e c ti v a s e s p é c ie s d e t r i a t o m í n e o s .
Q U A D R O 1 — D is tr ib u iç ã o , p o r m u n ic íp io s , d a s e s p é c ie s d e t r i a t o m í n e o s c a p t u r a d o s n o E s ta d o d o P ia u í.
T. brasi-
T. ma
T. sór
R. pic
R. ne
P. geni
M U N IC ÍP IO S
liensis
culata
dida
tepes
glectus
culatus
A lto s
+
C a m p i n a s d o P i a u í +
+
F lo r ia n o +
I n h u m a +
J a ic ó s +
J e r u m e n h a + N o vo O r ie n te +
O e ir a s + + +
P e d r o I I + +
P ic o s i - + +
S a n t a L u z +
S a n t o I n á c io + +
S ã o F é liz d o P ia u í +
S ã o J o ã o d o P i a u í
+
+
+
S ã o R d o N o n a to
+
+ +S im p líc io M e n d e s + + +
T e r e s i n a + + +
Julho-Agosto, 1975
Rev. Soc. Bras. Med. Trop.
199
Q U A D R O 2 — D i s tr ib u iç ã o d e t r i a t o m í n e o s e m m u n ic íp io s lo c a liz a d o s n a r e g iã o do A g re s te .
M U N IC ÍP IO S
T. brasiliensis
R. pictepes
A lto s
+
I n h a ú m a
+
S ã o F é lix d o P i a u í +
Q U A D R O 3 — D i s tr ib u iç ã o d e t r i a t o m í n e o s e m m u n ic íp io lo c a liz a d o n a r e g iã o d a M a ta .
M U N IC ÍP IO
T. maculata
R. pictepes
R. neglectus
P. geniculatus
T e r e s i n a
+
++
+
Q U A D R O 4 — D i s tr ib u iç ã o d e t r i a t o m í n e o s e m m u n ic íp io s lo c a liz a d o s n a r e g iã o d a C a a t i n g a .
M U N IC ÍP IO S
T. brasiliensis
T. maculata
T. sordiãa
P. geniculatus
C a m p i n a s d o P i a u í +
+
F lo r ia n o +
J a ic ó s +
J e r u m e n h a +
N o v o O r ie n te +
O e ir a s +
+
+P e d r o I I +
+
P ic o s +
+
+
S a n t a L u z +
S t.° I n á c i o + +
S ã o J o ã o d o P i a u í + + +
S ã o R d o N o n a t o + +
E C m plício M e n d e s + + “ h
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Vol. IX — N.° 4
for the following species:
T r i a t o m a b r a s il ie n s i s , T . m a c u l a t a , T . s ó r d i d a , R h o d - n i u s p ic te p e s , R . n e g le c t u sand
P a n s t r o n g y lu s g e n ic u la tu s .Of these species,
T . b r a s il ie n s i swas the most common and widely distributed.
The authors refer that this specie is the most important vector of Chagas’
disease. Attention is drawn to the role that
R . p ic te p e s , R . n e g le c t u sanã
P . g e n ic u la tu scan play in maintaining the wild cycle of
T r y p a n o s o m a c r u z i.R E F E R E N C IA S B IB L IO G R Á F IC A S
1. B U S T A M A N T E , F . M . — D is tr ib u iç ã o g e o g r á f i c a d o s tr a n s m i s s o r e s d a D o e n ç a ü e C h a g a s n o B r a s il e s u a r e la ç ã o e o m c e r to s f a t o r e s c lim á tic o s . E p id e - m io lo g ia e p r o f i l a x i a d a e n f e r m i d a d e .
Rev. Bras. Mal. Doen. Trop., 9:
191-211, 1957.2 . C O R R E A , R . R . & F E R R E IR A , O . A . — D is tr ib u iç ã o g e o g r á f ic a , h a b i t a t s e i n f e c ç ã o d e
Trriatoma sórdida
( H e m íp te - r a , R e d u v iid a e ) n o E s ta d o d e S ã o P a u lo.
Rev. lnst. Med. trop. São Paulo,
1:
2U7-213, 1959.3 . F IG U E IR E D O , P . Z., C O R R E IR A L IM A , F . G . & P O R T E L L A N U N E S , J . N . — D o e ü ç a d e C h a g a s : P r i m e i r o s c a s o s a u tó c to n e s n o E s ta d o d o P ia u í. T r a b a l h o a p r e s e n t a d o n o X I C o n g . S oc . B r a s . M ed . T ro p ., 22 a 2 8 /0 2 /7 5 , R io d e J a n e iro , G B .
4 . F R E IT A S , J . L . P ., S IQ U E IR A , A. F . & F E R R E IR A , O . A. — I n v e s t ig a ç õ e s e p i- d e m io ló g ic a s s o b r e t r i a t o m í n e o s d e h á b ito s d o m é s tic o s e s ilv e s tr e s c o m a u x í lio d a r e a ç ã o d e p r e c i p i t i n a .
Rev. Inst.
Med. trop. São Paulo, 2:
90-99, 1960.5 . L U C E N A , D . T . & C O S T A , L . — I n q u é r i t o s o ro ló g ic o s o b r e a D o e n ç a d e C h a g a s n a P a r a í b a .
Rev. Bras. Med.,
14: 3Ü3-327, 1957.6 . P E S S O A , S . B . & M A R T IN S , A . V. — P a r a s i t o l o g i a M Jédica. 9.a e d . E d . G u a n a b a r a K o o g a n , R io d e J a n e i r o G B .,
1974.
7 . R O M A N A , C. — E p id e m io lo g ia d e la e n f e r m e d a d d e C h a g a s .
