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Contribuição à profilaxia das geohelmintíases.

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CONTRIBUIÇÃO À PROFILAXIA DAS GEOHELMINTIASES

Léa Cam illo-Coura *

O a u to r f a z u m a re v isã o s u m á r ia sobre d ife r e n te s e ns aios v is a n d o ao c o n ­ tro le d a s g e o h e lm in tía s e s e a p r e s e n ta o r e s u lta d o d e s u a e x p e r iê n c ia n a t e n t a ­ tiv a d e c o n tr o le d a a n c ilo s to m ía s e e d a a sc a rid ía se e m po p u la ç ã o ru r a l n o Es-ta d o do R io de J a n e ir o e e m u m o r fa n a to n o E s Es-ta d o d a G u a n a b a r a . C onclui q u e os t r a ta m e n to s e m m a s s a m a n t ê m as p a r a sito s e s sob c o n tr o le d u r a n te os pe río d o s e m q u e sã o a d m in is tr a d o s , t o m a n d o - s e n e c essá rio , p a ra m e lh o r e s e m a is p e r s is te n te s r e su lta d o s, m ed id a s g e ra is v is a n d o à m e lh o r ia da s co nd iç õe s s a ­ n itá r ia s e só c io -e c o n ô m ie a s d a s p o p u la ç õ e s e x p o s ta s a o risco.

Em bora a m aioria dos trabalhos publi­ cados sobre geohelm intos m ostre a sua elevada incidência n a população geral, os dados estim ados não fornecem um a av a­ liação real da im portância do problem a. N enhum a investigação é feita h a b itu a l­ m ente no sentido orientado de modo a es­ tim ar a repercussão do parasitism o in tes­ tin a l sobre a saúde e a economia de um grupo populacional, já por si difíceis de serem m edidas em um a população ru ral; sabe-se, no entan to , que este é o tipo de com unidade que m ais se ressente d a ação do p araritism o in testin al, quer pela pró ­ p ria ação expolativa do verm e, em certas circunstâncias, quer pela alim entação in a ­ dequada, h ab itualm ente policarente, c ria n ­ do-se um círculo vicioso em que um fato r pode ag rav ar o outro: deficiente ingestão de alim entos pode seguir-se ao estabeleci­ m ento da infecção e m á-absorção p rim ária ou secundária ao parasiti~m o, por exem ­ plo, pode favorecer o agravam ento do es­ tad o geral, atrav és de vários fatores, in ­

cluindo resistência dim inuída seguida de reinfecções repstidas ou de autoinfecção, como no caso da estrongiloidíase.

Por outro lado, é aspecto bastan te dis­ cutido e perm anece ain d a um cam po a b :r- to p a ra pesquisas, a influência que o es­ tad o imunológico de um a população exer­ ce sobre o processo epidem :ológico das helm intíases; observações realizadas pare- cem indicar que as populações que vivem em zonas endêm icas p a ra alguns helm in- tos apresentam certo grau de im unidade, dim inuindo a pors'b:lidade de infecção, tornando-se m enor a produção de ovos e retard an d o o ciclo completo de desenvol­ vim ento do helm into, especialm ente no que se refere à m aturação do parasito no hos­ pedeiro (29-,

A prevalência d a infecção por A scaris varia com o grau de desenvolv'm ~nto só- eio-econômico da população, as com unida­ des m ais evoluídas e os m ais favorecidos m em bros da com unidade sendo geralm en­ te os que m enos freqüente e intensam ente

• D ep artam ento de M edicina P reventiva da Faculdade cJp M edicina da U .F .R .J . P a rte da Tese de Li- vre-docência à C linica de D oenças Infecciosas o P arasitárias.

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se p arasitam . Deve-se salien tar que, em condições de aglom eração e pobreza, as in ­ fecções podem ser pervalentes em áreas aparentem ente bem saneadas, devido p rin ­ cipalm ente à defecção prom íscua das cri­ anças e à deposição de objetos contam ina­ dos com fezes em casas com boas condi­ ções h g iê n ic a s.

Um dos grand"s meios de dissem inação de geohclm ntos n as zonas ru rais e n as re ­ giões com o n d :ções higiênicas precárias é o hábito que tem o hom cm destas regiões de d-fpcar no peridomioílio, ignorando, n a m aioria das vezes, o uso de latrin a s e de fosras, que m uitas vezes funcionam como fonte de contam inação por servir o m ate­ rial de adubo (30). É, assim , da m aior im ­ portância m dissem inação d°stas helm in- toses, o h áb to que se faz em certas re ­ giões, de fezes h um anas como fertilizante sem o adequado tr a t a n r n to . Estes m eca­ nismos m erecem sem dúvida, ser conside­ rados n a propagação de infecções como a ancilostom cse, em que a unidade epide- miológica é a própria fam ília, observan­ do-se que as infecções são ta n to m ais in ­ tensas quanto m aior o núm ero de in d i­ víduos parasitados em um a m esm a fa ­ mília.

Em term os gerais, o com bate às hel- m intíases in test;nais, especialm ente aque­ las tran sm itid as pelo solo e n as quais este desem penha o papel de hospedeiro in te r­ m ediário, faz-se pela interrupção dos di­ ferentes elos da cadeia biológica, a saber: a) interferindo no indivíduo parasitado; b) im p ^d n d o com as várias m edidas de educação san itária, 1) a contam inação do solo com excretas h um anas; 2) evitando o contágio direto do hom em com o solo contam inado; c) prom ovendo condições de desinfecção do solo que o tornem in ­ com petente p a ra o desenvolvim ento desses estágios infectivos; d) tra ta n d o os alim en­ tos, especialm ente legum es e verduras, de modo a prem over a sua desinfecção.

Em bora teoricam ente o problem a seja de fácil solução, as ten tativ as de e rra d i­ cação da ancilostom íase e da tricuríase, em zonas de a lta endem icidade, têm s'do p ra ­ ticam ente ineficazes, co m i dem onstram Hou, Chung, Ho & H sin-C M i (10) e os trabalhos realizados pela C onrssão S ani­ tá ria Rockef-ller e pela C cm hfão S a n i­ tária In ternacional (2). Estudos reaizados em certas regiões com o in tu ito de con­ tro lar e m"smo erradicar a ascaridíase fo­

ram , no entanto, bem sucedidos. Assim, Biagi & Rodriguez, em 1960, (3) no vila­ rejo de A stapa, no México, adm inistraram piperazina n a dose única de 100 m g/kg a intervalos m ensais — p o rtan to inferiores ao período de prep atên cia do verm e — pelo psríodo de 8 m eses consecutivos a to ­ dos os 529 m em bros da coletividade, à ex­ ceção de 6; estes indivíduos residiam em 89 casas, com condições san itárias precá­ rias, defecando no próprio solo e convi­ vendo intim am ente com anim ais; não fo­ ram adotadas m edidas de saneam ento e não se alteraram os hábitos da população; observaram Baigi & Rodrigu°z que o nú- m3ro de pessoas que elim navam vermes, bem como o núm ero de verm es expelidos, dim inuíram progressivam ente, ccm cura to ta l ao fim de oito tra tam e n to s.

As m edidas de controle co n tra os geo- helm intos vicam principalm ente a reduzir a incidência e a gravidade da infecção e não propriam ente a e rra d ic i-la , em pre­ gando-se o saneam ento básico, a desin­ fecção e o tra tam e n to como principais meios profiláticos (1).

1. S a n e a m e n to

O uso de latrin as, fossas sec^.s e outros dispositivos p a ra recolhim ento dos dejetos geralm ente não produz os efeitos deseja­ dos, especialm ente n as com unidades de p re ­ cárias condições f ócio-econôm icas. Ockert

(18), em exam e parasitológico de águas de esgotos, m ostrou a freqüência de ovos de parasitos, especialm ente A sc a ris lu m b r ic o i-des. Horosawa (9), no entan to , com o uso de tanques sépticos, latrin a s especiais e tra tam e n to dos dejetos pelo calor, p a rti­ cularm ente p a ra a utilização postericr das fezes como fertilizante, consegue dfm ons- t r a r a dim inuição da incidência de A sc a ris em certas localidades joponesas.

Tam bém a contam inação do solo por crianças pequenas, que dificilm ente fazem uro de latrin as, é um fato r de grande im ­ p o rtân cia no m ecanism o epidrmiológico, constituindo problem a de difícil solução.

2. D e sin fe c ç ã o

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dadas as condições econômicas e os hábitos da população; pode-se te n ta r um a desin- fecção das fezes por meios de estocagem, como os descritos por H orasaw a (9), por tra tam e n to qu'm ico das fezes com n itrito de sódio, cloreto de potáss'o e mesmo o tia - bendazol que em concentrações aproxim a­ das de 50 ppm destrói ovos de A sc a ris e T r ic h u r is e a 5 ppm , os de ancilostom ídeos

quando expostos ao tra tam e n to d u ran te 7 dias (15). Foram tam bám propostos m éto ­ dos biológicos p a ra destruir larvas de a n - cilostcm íd'os no solo, usando fungos p re­ dadores cu insetos e carrapatos (20).

F ru tas, alguns legum es e v g e ta is são de preferência consumidos crus, serv!ndo como veículos de ovos de g"ohelm 'ntos (32)'; os m étodos m ais antigos de desin- fecção de alim entos, como os que utilizam o calor, são precários; o perm anganato de potássio não a fe ta os ovos de helm intos; o vinagrp, agindo contra c:stos de am eba e larvas de ancilostom ídeos, é ineficaz p a ­ r a os ovo' de A sc aris. D entre os óleos e

condim entos, são tóxicos p a ra os estádios infectivos do A sc a ris os óleos de alho e a

m u rta rd a . A solução aquosa de iôdo é o

único desinfetante químico que destroi p rontam ente os ovos e larvas de A sc a ris e

outras ncm atelm intcs, m atando em 10 m i­ nutos as larvas e ovos infectantes de /Is­ c a m , T r ic h u r is , ancilostom ídeos e S tr o n -g y lo iã e s. N em aticidas químicos têm sido

usados com freqüência no controle de n e- m atódeos de p lan tas; em bora pouca a te n ­ ção ten h a despertado o seu em prego no com bate aos nem atódeos que infectam o hom em , o 2.-4 diclorofenilm etanosulfonato m ostrou-se eficaz contra larvas de ancilos­ tomídeos no terceiro estágio (27). Compos­ tos organofosforados foram tam bém e n ­ saiados ccm bons resultados (4; 7 ); um éster fosfórico, o 0-0 dim etilfosfato de 1-h5.- droxi-2, 2, 2-tricloroetil, quando diluído a 1/20000, tem feito letal sobre as larvas de S tr o n g y lo iã e s no solo (5).

3. T r a ta m e n to

No caso d a asca rid ía se , o tratam en to em p a ríh u la r é o meio m ais sm p les e efi­ ciente de interrom per a cadeia epidem io- lógica d a parasitose pela facilidade de t r a ­ tam ento com ascarlcidas efcazes e bem to ­ lerados encontrados n a época atual, como dem onstram Biagi & Rodriguez (3). Além da periodicidade de tratam entos, que deve

basear-se no período de prepatência da in­ fecção — p o rtan to no caso da ascaridíase indicando-se os tratam en to s com interva­ los aprox:'m ados de 60 dias — outros fa ­ tores devem ser considerados com relação à exequibilidade de um program a de tra ­ tam en to d a ascaridíase. Assim, em regiões onde as condições pluviom étricas e de tem ­ p e ra tu ra variam com as estações do ano, os prim eiros tratam en to s devem ser realiza­ dos nos períodos de infecção m áxim a que, nas regiões tropicais, ocorrem nos prim ei­ ros meses após o começo da estação chu­ vosa — “estação epidemiológica de infes­ tação m aciça” dos autores rurscs. Deve-se considerar, ainda, a persistência de ovos infectan tes no solo, o que, em linhas ge­ rais, depende de condições do terreno, umi­ dade e t'm p e ra tu ra , deste modo, cs tr a ta ­ m entos devem ser efetuados, em zonas al­ tam en te endêm icas, por um período m í- n 5mo de oito meses, de m edo a g ira n tir o êxito da cam p an h a. Outro aspecto a des­ tacar, quando se realizam tratam en to s em m assa nas com unidades, é a penetração de novos m em bros infectados, o que certa­ m ente interfere com o êxito da cam panha por funcionarem como fonte de reinfec- ção, necessitando, portanto, ser^m im edia­ tam en te tratad o s; deve-se lem brar, ainda a possibridade de porcos funcionarem como fonte de infecção h u m an a de acor­ do com os trabalhos de T ak ata (28) e o u tro s.

Com relação à a n c ilo sto m o se s, o Grupo de T rabalho da C am panha contra a Anci- lostomose, M!nistério da Saúde (1982) , as­ sim se expressa: “o grupo reconhece que o tra tam e n to em m atsa da ancilostcmose, mesmo quando rea l:zado com m edicam en­ tos destituídos de toxidez, não consegue estabelecer o controle da transm issão da endem ia, pcis as experiências têm sido unâ- n'm es em revelar que os índices de preva­ lência e de intensidade da infecção usual­ m ente são seguidos de restauração aos seus valores prévios — a m enes que outras m e­ didas sejam paralelam ente postas em exe­ cução, tais como o saneam ento do meio e um bom trab alh o de educação saniiária.

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opinião que sejam feitos estudos a respei­ to, em áreas-piloto”.

Sadun, V ajrasth ira & M aiphooh, n a T ailândia, em 1954, (21) realizaram in te ­ ressante estudo sobre o efeito de tra ta m e n ­ to e saneam ento sobre a infecção por a n - cilostomídeos. Em um a população de cerca de 2.500 pessoas, n a província de C hol- bury, em que 181 latrin a s foram construí­ das pelos próprios colonos, corresponden­ do a 1 p a ra cada 2 a 3 casas — sendo o índice de infecção inicial de 83% com m é­ dia de 1.440 ovos/g de fezes — houve um a redução, 12 a 14 meses após, p a ra 73% de positividade e contagem m édia do núm ero de ovos n as fezes p a ra 780. Em u m a vila p ró x m a não se alteraram as condições sa ­ nitárias, observando-se, ao fim do mesmo tempo, um a redução n a contagem m édia do núm ero de ovos, m as não n a prevalên­ cia. T rataram -se paralelam ente 2 áreas do prim eiro vilarejo, num to tal de 72 pes­ soas residindo em casas ccm latrin as; 63 outros foram selecionados p a ra controle; após o tratam en to houve cura de 65% dos casos e redução da carga p a ra sitá ria em torno de £6%; um ano após a construção de latrin as o índice de infecção não havia dim inuído, ao contrário da m édia de ovos nas fezes que decresceu de cerca de 50%; n a população subm etida a tratam en to , a incidência, que e ra de 100%, passou a 67% e a contagem , de 1.720 a 420. Estes estu ­ dos sugerem que saneam ento e tratam en to em m assa são as m edidas que m elhores re­ sultados promovem n a lu ta co n tra a a n - cilostomose.

Movidos pela falta de dados oficiais que se refiram a um a ten tativ a de quim iopro- filaxia em nosso meio, e sendo esta a m e­ dida que, no m om ento, dadas as condi­ ções culturais e o nível social e econômico da grande m aioria das populações rurais, se .nos apresenta exeqüível no com bate às geohelm intíases, especialm ente no Brasil, iniciamos, h á alguns anos, um a ten ta tiv a de controle de ascaridíase e da ancilosto­ míase.

ESTUDO EM COMUNIDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE SUMIDOURO, ESTADO DO RIO. TENTATIVA DE CONTROLE DA ASCARIDÍASE E DA ANCILOSTOMÍASE

Os estudos foram realizados num a área piloto, no m unicípio de Sum idouro, Estado do Rio de Janeiro, situado aproxim ada­

m ente a 200 quilôm etros da cidade do Rio de Janeiro, num a altitu d e m édia de 400 m etros, cortada pelo Rio Paquequer, tem ­ p eratu ras variando de 8o a 35°C, com es­ tações chuvosas nos meses de outubro a m arço. Cerca da m etade de suas proprie­ dades agrícolas tem um a área in ferior a 40 h ectares e a pequena superfície m u­ nicipal é de 2,67 km2. A população to ­ tal do m unicípio é estim ada em cerca de 10.000 h ab itantes, sendo predom inante­ m ente branca, dedicando-se a m aioria dos seus m em bros à lavoura, em cond'ções bas­ ta n te prim itivas, e à pecuária.

F oram considerados dois grupos p ara tra ta m e n to da ancilostom íase:

a) G rupo I, correspondendo à zona ru ra l do m u n !cípio, os tratam en to s sendo realizados em duas fazendas (Fazendas Boa Vista dos S enra e P a m p a rrã o ), em que os exames de fezes revelaram 124 casos po­ sitivos (44.2% da p opulação), sendo 72 do sexo m asculino e 52 do sexo fem inino. Além do tra tam e n to p a ra os casos positivos, t r a ­ tam ento em m assa foi instituído p a ra o resto da população; 23 pacientes, por m o­ tivos diversos, não receberam qualquer t r a ­ tam ento.

b) G rupo II, correspondendo à sede do m unicípio de Sum idouro, em que 298 p a ­ cientes foram positivos p a ra anc lostom í- deos ao prim eiro exam e, representando 43% de 693 pessoas subm etidas a exames de fezes. A cidade de Sum idouro corres­ pondendo a um a zona sem i-rural, tem al­ gum as ru as pavim entadas, um a p !scina pública e é parcialm ente servida por um sistem a de esgotos e tra tam e n to de águas. Neste grupo de indivíduos com exam es de fezes positivos p a ra ancilostom ídeos, 157 eram hom ens e 141 m ulheres, a grande predom inância da infecção ocorrendo em brancos, o tipo racial dom inante n a re ­ gião.

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das crianças só o faz p ara freqüentar a es­ cola.

G rande núm ero destes indivíduos se en ­ contrava p a ra sita d a por outros helm intos, em m uitos casos sendo encontrados ovos de

S . m a n s o n i.

Os tratam en to s foram realizados com fenilenodiisotiocianato (1,4) de acordo com o seguinte esquem a: crianças en tre 2 e 5 anos receberam 1,5 m g/kg de peso; de 5 a 10 anos, 50 m g; de 10 a 15 anos, 100 mg e acim a de 15 anos, 150 mg adm inistrados em um a dose única, após um a refeição de pão e leite, repetindo-se o mesmo tr a ta ­ m ento 4 a 6 sem anas após; em todos os casos; a m edicação foi por nós mesmo a d ­ m in istrad a e os pacientes advertidos a fim de com un-carem qualquer m anifestação de intolerância que pudessem vir a n otar.

É de im portância assinalar que não houve qualquer m odificação nos hábitos hig ên ico s das populações por nós tra b a ­ lhadas, os resultados obtidos baseando-se exclusivam ente n a quim ioterapia instituída.

O diagnóstico coproscópico foi feito através do m étodo do MIFC, em grande núm ero de casos realizando-se a contagem pela técnica de Barbosa. O controle de cu ra foi feito pelas m esm as técnicas, aos 30 dias após cada curso terapêutico. Por condições especiais do trabalho, realizado em zona b a sta n te a fa stad a dos laborató­ rios onde se fariam os exames, foi a téc­ nica de MIFC a escolhida, em detrim ento de ou tras reconhecidam ente m ais indica­ das p a ra o diagnóstico da ancilostom íase. A cooperação dos pacientes foi satisfa­ tória, especialm ente nas fazendas. No gru ­ po I, 10 recusaram o prim eiro tratam en to , 23 o segundo e 4 recusaram ambos os tr a ­ tam entos; além disto, 33 não receberam o prim eiro tra tam e n to devido à gravidez, di­ ficuldade de ingestão de cápsulas, proble­ m as de idade, m udança de res;dência etc. Pelas m esm as razões 2,7 n ão receberam o segundo tratam en to e 29 não receberam ambos os cursos, o que significa que 23 pacientes não receberam qualquer tr a ta ­ m ento. No grupo II, a cooperação d a po­ pulação foi bem m enor; 339 recusaram o tratam en to , 121 deixaram de recebê-lo por várias outras razões, 233 receberam o p ri­ m eiro tra tam e n to e 151 o segundo; a 147 pessoas foram adm inistrados ambos os tr a ­ tam entos.

Os resultados obtidos com os dois cursos de tra ta m e n to acham -se apresentados no

Q uadro I e as m anifestações de intolerân­ cia estão referidas no Quadro II. De acor­ do com os dados do Quadro I, houve, após o I o tratam en to , cu ra de 33,3% dos casos controlados nas duas fazendas e de 45,7% após o 2o tratam en to ; n a cidade de Sumi­ douro os resultados obtidos foram superio­ res, com cura de 63,8% e 60,5% respectiva­ m ente após o 1° e o 2? cursos terapêuticos. Houve tam bém significativa redução da contagem de ovos nas fezes, com um per­ centual m édio de redução do núm ero de ovos de 32,4% e de 69,6% após o prm eiro e o segundo tratam en to nas fazendas; na sede do m unicípio, observou-se redução de 57,5% após o prim eiro curso terapêutico e de 57,6% após o segundo.

Considerando-se os resultados cbtidos no tratam en to da ancilostom íase em uma única fazenda, n a Boa V ista dos Senra, apresentam os o Quadro I II e a Fig. 1. De 60% de indivíduos portadores de exames positivos anteriorm ente a um prim eiro tr a ­ tam ento com tetracloroetileno, realizado em janeiro de 1967, seguem -se os resu lta­ dos obt5dos após o segundo e terceiro tr a ­ tam entos, com fenilenodiisotiocianato, com redução da incidência p a ra 24% após a te r ­ ceira cura; novos controles realizados aos 30 dias e aos 14 meses após m ostram um a elevação n a incidência da ancilostom íase p a ra 27% e 35%, respectivam ente, sem atingir, no entanto, os elevados índices iniciais.

Com relação ao controle da ascaridíase no m unicípio de Sum idouro, realizamos um a ten ta tiv a de controle n a Fazenda S an­ ta Cruz, onde as principais atividades são a criação de gado e a produção de deriva­ dos do leite. Foram tratad o s 86 pessoas com tetram isole n a dose única habitual, a intervalos bim estrais pelo período de 6 m e­ ses, num to tal de 3 tratam en to s; a inci­ dência inicial, que era de 83% n a popu­ lação subm etida a exames coproscópicos, decresceu p a ra 40% após a prim eira te ra ­ pêutica sendo freqüente a referência à elim inação de grande núm ero de exem pla­ res de A sc a ris ; após o 2<? tratam en to , 28% da população se achava infectada, e após a terceira cura, 0,5% da população tin h a seus exam es de fezes positivos p a ra A sc aris lu m b ric o iã e s. Estes mesmos indivíduos, exam inados deis e quatro meses após o úl­ tim o tra tam e n to apresentavam um a pre­ valência de 24% e 36% respectivam ente

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QUADRO I

AÇÃO DO FENILENODIISOTIOCIANATO (1,4) SOBRE A ANCILOSTOMOSE (MUNICÍPIO DE SUMIDOURO, EST. DO RIO)

GRUPOS POSITIVOSCASOS DEPOIS DO 1<? TRATAMENTO DEPOIS DO 29 TRATAMENTO

ANTES DO TRATAMENTO N<? TOTAL MÉDIA

N9 TOTAL MÉDIA Redução% Médio C/T* N<? TOTAL MÉDIA Redução% Médio C/T*

I 124

(114 tratados) (67 casos)3978 (0-420)78 (49 casos)12771 (0-1127)248 32,4% (33,3%)14/42 (48 casos)402.9 (0-380)83.9 69,6% (45,7%)27/59

II 268

(134 tratados) (2.5 casos)6871 (0-2140)274 (25 casos)2456 (0-390)98,2 57,5% (64,8%)24/37 (24 casos)4613 (0-1633)150 57,6% (60,5%26/43

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TRATAMENTO OA ANCILOSTOMÍASE EM ZONA RURAL

( F A Z E N D A * 0 * V I S T A DOS SCNftA- SUMIDOURO )

OUT N O V D E Z . 6 7 J A N 6 8 F E V 6 8 AB® 6 9 E P O C A OE T R A T A M E N T O

C O N T R O L E S O U R A N T E T R A T A M E N T O S

C O N T R O L E S O U R A N T E 2 A N O S APCS T R A T A M E N T O S F AZ ENDA B E L A J O A N A ( c o n f r ô H )

J A N . 1 9 6 7

t

FIGURA 1

P aralelam ente a estes esiudos, reali­ zam os exam es coprológicos em o u tra fa ­ zenda do m unicipio, Fazenda Bela Joana, principalm ente dedicada a pecuária, seus colonos c u ltv a n d o as terras p a ra u~o pró­ prio. Não se realizaram tratam en to s nesta localidade, que funcionou como controle. Nos exam es realizados de 79 indivíducs, os índices de infecção p a ra anc'lostom ídeos e A sc a ris lu m b r ic o id e s foram respectivam en­ te de 48 1% e de 64,5% no in cio do inqué­ rito coproscópico, p e r m a n e c e n d o p ratica­ m ente inalterados d u ran te o período de controle, rm qus foram realizados exemes a p ro x m ad am en te nas m esm as oportunida­ des e com as m esm as técnicas referidas p a ra os grupos subm etidos a tratam en to n a s outras fazendas (Figs. 1 e 2 ).

ESTUDO EM COMUNIDADE FECHADA. TENTATIVA DE CONTROLE DA

ASCARIDÍASE

In is :amos, no ano de 1964, o tra ta m e n ­ to em m assa de 450 criança^, 61% delas p a rasitad as por A s c a r is lu m b ric o id e s se­

gundo coproscopias pelos métodos de Ho- ffm an -P o n s-Jan n er e de Willis, comple­ m entadas, sem pre que possível, pela con­ tagem de ovos pela técnica de Stoll. 280 crianças eram do sexo m asculino e 170, do fem inino, suas idades variando de 1 a 14 anos, exceto 30 casos entre estes 450, que apresentavam idade superior a 14 anos.

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QUADRO II

EFEITO COLATERAIS OBSERVADOS NOS PACIENTES TRATADOS COM FENILENODIISOTIOCIANATO (1,4)

GRUPO I GRUPO II

TIPO DE

PAR AE FEITO 19

T ratam en to (220 casos)

2? T ratam en to

(176 casos)

19 T ratam en to

(189 casos)

29 T ratam en to

(27 casos)

Tonteira 42. (19%) 19 (10,8%) 32 (16,8%) 3 (11.1%)

Sonolência 3 (1,3%) 9 (5,1%) 9 (4,7%) 1 (3,7%)

Náusea 22 (10%) 7 (3,9%) 15 (7,9%) 4 (14.8%)

Vômito 57 (25,8%) 32 (18,6%) 45 (2.3,8%) 7 (25,9%)

Cefaléia 16 (7,2%) 17 (9,7%) — — — —

Dor abdom inal 13 (5,9%) 1 (0,5%) 4 (2,1%) — —

D iarréia 65 (29.5%) 44 (25%) 26 (13,7%) 2 (7,4%)

Astenia 15 (6,8%) 1 (0,5%) — — —

Lipotimia — — — 1 (0,5%) — —

Meteorismo 3 (1,3%) — — — — —

Associação de 2 ou m ais p a ra -

efeitos 83 (37,7%) 27 (15,3%) 30 (15,8%) 1 (3,7%)

Total 146 (66,4%) 94 (53,5%) 96 (50,9%) 11 (40,7%)

QUADRO m

TRATAMENTO DA ANCILOSTOMÍASE COM FENILENODIISOTIOCIATO (1,4) NA FA­ ZENDA BOA VISTA DOS SENRA — MUNICÍPIO DE SUMIDOURO — EST. DO RIO

POSITIVOS

CONTROLE TOTAL TRATAMEN­

DE TOS

CASOS N9 %

Inicial 109 66 60 Ja n . 1S67*

Out. 197 78 25 32 Nov. 1967

Dez. 1967 65 15 24 Ja n . 1968

Fev. 1968 59 16 27 —

Abr. 1969 51 18 35 —

(9)

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349

TENTATIVA DE C O N TR O LE DA ASCARIDÍASE EM Z O N A RURAL

(FAZEN DA STA .CRUZ — SUM IDO URO ) 8 6 COLONOS

^FAZENDA B E LA JOANA ( c o n fr jle I

a _ _ _ a TRATAMENTO A INTERVALOS OE 2 MESES

( T « tro m i*o < » )

- - .« C O N T R Ô L E APOS 3 SERIES OE TRATAMENTO

FIGURA 2

salas sendo providas de instalações sa n itá ­ ria higiênicas; tem um gabinete dentário e um serviço médico p a ra atendim ento d iár'o . As crianças com idade superior a 6 anos freqüentam a Escola P rim ária lo­ calizada n a própria Fundação, onde h á um p átio excelente p a ra brinquedos.

Todas as crianças, independente da po- sitividade do exam e ovohelmintoscópico das fezes, foram m edicadas com 100 m g/kg de peso de piperazina pela m anhã, ad m in istrad a pela própria Irm ã en carre­ gada da Seção, a intervalos de 60 dias. O controle de cu ra foi feito através de co- proscopias pelas m esm as técnicas, realiza­ das 15 a 20 dias após in stituída a te ra ­ pêutica.

O tra tam e n to foi realizado pelo perío­ do de 12 m.3ses consecutivos, num to tal de 6; o indica inicial de positividade em 400 exam es realizados p a ra A sc a ris lurribrieoi-d e s era de 61%; após o prim eiro tra ta m e n ­ to, 42% das crianças estavam infectadas;

após o 2o, 40%; após o terceiro tratam en ­ to, 31% apresentavam exames de fezes po­ sitivos p a ra A . lu m b ric o iã e s; ao fim do sex­ to tratam en to , 32% das crianças ainda se encontravam parasitad as pelo nematóide.

Após um ano de intervalo, em que não se realizaram tratam en to s visando à asca- r;díase, de 380 crianças exam inadas entre 400 in tern ad as, 49% apresentavam -se in ­ fectadas pelo parasito; subm etidas a no­ vos tratam en to s bim estrais pelo período

de 10 meses, correspondendo a 5 tratam en ­ tos, observou-se um a redução da prevalên­ cia p a ra 20%. Um ano após esta últim a sárie de tratam en to s, 325 crianças foram subm etidas a exam es coproscópicos, mos­ tran d o -se positivas 74 delas, corresponden­ do a 2.3% (F ig. 3) .

(10)

-q u a d r o i

SUMÁRIO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM A ADMINISTRAÇAO DE PIPERAZINA NUMA TENTATIVA DE ERRADICAÇAO D

ív

ASCARIDÍASE EM COMUNIDADE FECHADA

D a d o s C o p r o s c ó p i c o s

1?* CURA 2? CURA 3^ CURA

Tipo da cura STOLL % médio redução

STOLL % médio redução

STOLL % médio redução

Bim estral Limites 0-114000

Média 18075

88% 67 casos

Lim ites

0-344.Í0 Média1843 62 casos36%

Limites

0-432001 M édia2045

59% 45 casos

4^ CURA & CURA 6* CURA

Tipo d a cu ra STOLL % médio STOLL % médio STOLL % médio

redução redução redução

B im estral Limites Média 36% Lim ites Média 23% Limites M édia 65%

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iRev. Soc. Bras. Med. Trop.

351

m ento, foi ds 88%, descendo a contagem m édia de 18.075 ovos por gram a de fezes p a ra 1.873; após a segunda cura, esta con­ tagem foi p a ra 2.045, atingindo-se a m é­ dia de 150 ovos por gram a de fezes após o curso terapêutico total, m ostrando, assim , u m a n ítid a redução n a intensidade d a in ­ fecção ao lado de redução significativa n a incidência em cada curso terapêutico total, como j á assinalado (Q uadro I V ) .

Deve-se salien tar que a tolerância à pi- perazina foi excelente em todos os tr a ta ­ m entos efetuados, num to ta l de 2.700 n a prim eira série e de 2.000, n a segunda sé­ rie de tra tam e n to s. Houve referência fre ­ qüente à elim :nação de exem plares de A s ­ c a r is lu m b r ic o id e s em grande núm ero, es­

pecialm ente com as prim eiras doses de pi- p erazin a. Em algum as das Seções obser­ vou-se cu ra com pleta do parasitism o em

todas as crianças após o terceiro tra ta - m eito, perm anecendo as coproscopias ne*- gativas d u ran te todo o período de tra ta ­ m ento; reexam inadas estas Seções um ano após o últim o tratam en to , os índices de infecção ain d a se apresentavam b astante baixos, em torno de 10%.

CONSIDERAÇÕES GERAIS

De acordo com a Organização M undial de Saúde (31), “é preciso estabelecer um a distinção n ítid a en tre cura radical do en­ ferm o e a interrupção d a tra m missão da parasitose n a com unidade; em bora o obje- t'v o final seja a erradicação, esta seria difícil de alcançar, a m enos que se m an ­ ten h am m edidas quim ioterâpicas e outras enquanto existam ovos viáveis no solo”.

T E N T A T IV A DE C O N T R O L E EM COMUNIDADE FECHADA

• • 1 9 6 6 — 1 9 6 7

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352

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Vol. VIII — N* 6

A análise dos resultados apresentados n a nossa casuística nos perm ite g a ra n tir que no caso da a sc arid ía se , os resultados

obtidos com o tra ta m sn to específico em cam panhas de m assa foram b a sta n te sa ­ tisfatórios. Estes dados são próxim os aos de Biagi & Rodriguez, no México (3) e de K o m y a, no Japão, (13), em bora não te ­ nham os conseguido, como Biagi & R odri­ guez, errad icar com pletam ente a p arasi- tose.

Kom iya cham a a atenção p a ra o fato de que, se a incidência da infecção não é m uito elevada, os resultados obtidos com tratam en to s bianuais podem ser conside­ rados bons; assim , com a assistência do “Gum m a E ducational Com ittee”, o autor promoveu tratam en to s bianuais p a ra A s c a ­ ris entre crianças e alunos de 50 escolas;

a incidência anterio r ao tra tam e n to era de 73%; um ano após, decresceu p a ra a m e­ tade continuando a reduzir-se n a m esm a proporção nos anos posteriores. Os tra ta ­ m entos, em sua experiênc:a, são m ais efi­ cazes quando instituídos n a fase m áxim a de incidência da parasitose, em m aio e outubro no Japão, quando vegetais são m ais abundantes nos m ercados.

S hulm an (25) apresen ta os resultados de um a cam p an h a de controle da ascari­ díase lavada a efeito n a Rússia, nos úl­ tim os 17 anos, prom ovendo a queda da prevalência de 30,8% p a ra 6,8%; estes r e ­ sultados foram conseguidos com m edidas

aplicadas em todo o país no sentido de localizar focos antigos e recém -instalados, assim como microfocos em escolas, jard in s de infância etc., prom ovendo-se desinfec­ ção a intervalos regulares, educação sa n i­ tá ria e outras m edidas de controle visan­ do especialm ente à biologia do parasito.

Sahba, A rfaa & Sadighiam (22.), em um a pequena vila no Ira n , m elhoraram as condições sanitárias, instalando latrin a s em cada casa, poços, lavanderias públicas etc., no sentido de observar os efeitos des­ tas modificações no controle da ascari­ díase. No início das investigações, de 777 pessoas, 60,2% apresentavam -se p a ra sita ­ das por A sc a ris; depois de dois ancs es­

tas cifras cairam p a ra 56,6% e p a ra 45% após o terceiro ano em que estas facilida­ des foram in stalad as.

Estes resultados m ostram , por um la ­ do, que as m edidas de saneam ento e m e­ lhoria do padrão de vida são im portantes para a dim inuição da prevalência da as­

caridíase e, tam bém , que outras m edidas, como quim ioterapia a intervalos regulares, são indispensáveis p a ra um êxito m ais com pleto das cam panhas de controle.

A nossa experiência m ostra claram ente que, no caso d a ascaríase, um a série de tratam en to s a intervalos bim estrais pro­ move p raticam en te o completo desapare­ cim ento da infecção; no en tan to , se in te r­ rom pido o curso terapêutico, as condições n a tu ra is e sociais favorecem as reinfec- ções, de modo que o parasitism o volta a in stalar-se em proporções b astan te eleva­ das. Acreditam os, baseados em nossos pró­ prios dados, nas experiências de Kom iya, no Japão, e de Shulm an, n a Rússia, que um bom controle possa ser conseguido através de um a cura inicial, baseada em pelo m enos três tratam en to s a intervalos de dois meses, seguindo-se tratam en to s b anuai?, acom panhados de m elhorias nas condições san itárias.

É interessante, por outro lado, n o tar, no exam e coprohelmintológico, a presença de ovos de A . lu m b ric o id e s inférteis; seu a p a ­

recim ento em proporção considerável n a m atéria fecal indica senectude dos ver­ mes, que conduzirá à sua extinção n a tu ­ ral; e se observado em grande núm ero de indivíduos, este fato vem indicar a cura espontânea da ascarid'ase n a com unidade; h á possível contam inação postericr em próxim a “estação de infestação m aciça" devido principalm ente à contam inação do solo por ovos de A sc a ris, cuja sobre vida é

b astan te longa. (24)

Em relação à a n c ilo sto m ía se , os resul­

(13)

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M aruachvili, G ordadze & Topuria, n a Geórgia, Rús ia, em 1968(17) m ostram que, com m sdidas dirigidas ao controle da ancilostom íase n esta região úm ida subtro- tropical, m edidas estas que incluem d e ta ­ lhado e m inucioso em prego de técnicas de profilaxia e tra tam e n to em todos os povoa­ dos, a prevalência d a infecção por ancilos- tomídeos baixcu de 2,8% em 1960 p ara 0,4% em 1967. G usseinoff (8), procurando substâncias capazes de destruir larvas e ovos de ancilostom ídeos no solo, eviden­ ciou que o óleo cru, n a concentração de 30%, possui esta propriedade: pulverizan­ do o preparado n a superfície contam inada, sua ação se faz sen tir até 2,5 cm de pro­ fundidade no solo, perm anecendo ativo por 10 a 12 dias n as épocas de verão. Experiên­ cias realizadas em dois povoados, em um deles adm ilnistrando antihelm íntico à po­ pulação e tra tam e n to do solo e, no outro, realizando som ente o tratam en to , m o stra­ ram m elhores resultados com o prim eiro procedim ento: em conseqüência, foi acon­ selhado n a Geórgia o emprego d a desin- fecção do solo com óleo cru a 20% como com plem ento aos processos ancilostom ici- das anteriorm ente usados.

Beaver (2) considera que as m edidas teóricas e p ráticas no tocante ao controle d a ancilostom íase são divergentes, exceto em condições em que a com unidade ten h a evoluído econom icam ente de m odo a m e­ lh o rar as condições do domicílio e do pe- ridomicílio, to rnando a transm issão n a tu ­ ra l pouco freqüente e eventualm ente n u la. A relação en tre a carga p a ra sitá ria e o aparecim ento da “ancilostom ose doença” geralm ente o rien ta as m edidas de controle m ais p a ra o tra tam e n to dos casos de doen­ ça que p a ra aqueles de infecção.

Schad (23) cham a a atenção p a ra um controle n a tu ra l n a intensidade das infec­ ções parasitárias, o que explica o grande núm ero ds infecções com carga p ara sitá ria não elevada em um a determ inada com uni­ dade: este fato fci bem assinalado por Schad & G how dhury (1968) em zonas r u ­ rais de B engala e possivelmente se deve a condições do m eio ou a influência culturais e sociais que perm item a transm issão so­ m ente em condições excepcionais.

T entativas ain d a não com pletam ente bem sucedidas têm sido feitas no sentido de um a im unoprofilaxia das helm intíases (5; 6; 26), os resultados destas experim en­

tações podendo ser de grande interesse fu ­ turo.

Finalm ente, resta-nos referir que há certam ente um a relação estreita, no eco- sistem a, en tre o parasito, o hom em e o am biente, relação indispensável à sobrevi­ vência do parasito, pois esta depende de condições adequadas do meio am biente p a ra sua evolução, da possibilidade de sua transm issão ao hom em e do estado deste p a ra receber e albergar o parasito.

Os fatores ecológicos relacionados ao

parasito e ao am biente já foram am pla­ m ente expostos em trab alh o an terio r. Com relação ao hom rm o n'vel educacional, que, em nosso meio, é geralm ente baixo, repre­ sen ta um fato r im portante n a dissem ina­ ção das parasitoses, pois o hom em aprende a cuidar-se m ais quando seu nível de edu­ cação é superior, perm itindo-lhe com preen­ der os perigos a que se encontra exposto; a higiene pessoal é de im portância capital, já que a precariedade de cuidados higiê­ nicos facilita a aquisição de parasitos in ­ testinais; o estado nutricional é tam bém sign’ficante ,no estabelecim ento de parasi- tism os m ais Intensos e de suas repercussões patogênica. A condição econômica é, em su­ m a, da m aior im portância, já que desta dependem a educação e a saúde.

A elevação do nível sócio-econômico, em um país com dimensões continentais como o Brasil, é ta re fa árd u a e de difícil exe­ cução a curto prazo; em conseqüência, a elevação do nível de aspiração das nossas populações ru ra !s, d eterm inada por um m aior sentido de participação, é tam bém um processo lento n a evolução, o homem do cam po assim ilando progressivam ente as novas culturas que lhe são introduzidas.

(14)

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Vcl. VIII — N<? 6

benefícios que elas lhe possam proporcio­

n a r. Em nosso m e o , a organização de um a cam p an h a de m assa foi bem ap resentada por Pessoa (19) e, se seguidos todos os pro­ cessos Indicados neste trabalho, os resu lta­ dos serão certam ente de inquestionável valor.

A quim ioterapia de m assa é, no m o­ m ento, considerando as dificuldades da im ­ p lantação de outros meios de com bate, in ­ dispensável e indicada p a ra um a ten ta tiv a de controle das parasitoses intestinais e, se bsm orientada, como ocorre no Jap ão e em outros países, os resultados alcançados

são b astan te prom issores. Infelizm ente, não é a terap êu tica um triu n fo definitivo, já que, se não acom panhada de outras m edi­ das de m elhoram ento am biente, se não precedida de elevação no nível educacional, e se não realizada repetidam ente a in te r­ valos regulares, as parasitoses voltam a atingir, em pouco tem po, níveis próxim os aos inicialm ente observados n a s com uni­ dades trab alh ad as.

AGRADECIMENTO: sem a inest'm ável colaborarão da Dra. A delina de S. Velho sob este trab alh o dificilm ente seria realizado, pelo que a a u to ra lhe é im ensam ente grata.

S U M M A R Y

A f t e r a b r í° f re v ie w o n v a rio u s a t te m p t s to c o n tr o l i n te s tin a l h e l m n -th ic m fe c tio n s in d i ff e r e n t re g io n s, t h e a u -th o r p r e s e n ts t h e r e s u lts o b ta in e d w ith r e p e a te d m a s s t r e a t m e n t fo r a sc a rias is a n d h o o k w o r m i n je c tio n in tw o fa r m s i n t h e m u n ic ip a lity o f S u m id o u r o , S t a te o f R io d e J a n e ir o , a n d in a n o r p h a n a g e in t h e S t a te o f G u a n a b a ra .

M ass t r e a t m e n t p r o v e d n o to be t h e m o s t i m p o r ta n t to o l fo r c o n tr o lin g h e lm ín th ic in fe c tio n s , a lth o u g h go od r e s u lts w e re o b ta in e d d u r in g tr e a t m e n t s ; h ow e w e r th e p r e v i l e n c e o f t h e i n fe c ito n r e t u m e d to le v e is n e a r t h e p r im i tiv e w h e n t r e a tm e n ts w e re in te r r u p te d . S a n i ta t i o n a n d g e n e ra l m e a s u r e s reg ard in g so cial a n ã e c o n o m ic im p r o v e m e n t a re d e sira b le fo r b e tte r a n d p e r m a n e n t re su lts.

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