SOCIEDADE BRASILEIRA DE ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA
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Artigo
original
Idosos
com
fratura
da
extremidade
proximal
do
fêmur
apresentam
níveis
significativamente
menores
de
25-hidroxivitamina
D
夽
Marcelo
Teodoro
Ezequiel
Guerra
a,b,∗,
Eduardo
Terra
Feron
b,
Roberto
Deves
Viana
b,
Jonathan
Maboni
b,
Stéfany
Ignêz
Pastore
be
Cyntia
Cordeiro
de
Castro
baUniversidadeLuteranadoBrasil(Ulbra),DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia,Canoas,RS,Brasil
bUniversidadeLuteranadoBrasil(Ulbra),HospitalUniversitárioMãedeDeus,Servic¸odeOrtopediaeTraumatologia,Canoas,RS,Brasil
informações
sobre
o
artigo
Históricodoartigo:
Recebidoem14dejaneirode2016 Aceitoem15defevereirode2016
On-lineem7dejunhode2016
Palavras-chave:
DeficiênciadevitaminaD Fraturasdoquadril Fraturasporosteoporose
r
e
s
u
m
o
Objetivo:Compararosníveisséricosde25-hidroxivitaminaD[25(OH)D],marcadorséricoda
vitaminaD3,entrepacientescomesemfraturadaextremidadeproximaldofêmur(FEPF).
Métodos:Estudocaso-controleemqueforamobtidasamostrasséricasde25(OH)Dde110
pacientescomFEPFinternadosede231pacientesdegrupocontrolequenãoapresentaram fraturas,todosacimade60anos.Níveisde25(OH)Dmenoresouiguaisa20ng/mLforam consideradosdeficitários;entre21ng/mLe29ng/mL,insuficientes;eacimade30ng/mL, suficientes.Foramconsideradasasvariáveissexo,idadeeetniaparaassociac¸ãocomos gruposemestudoeosníveisde25(OH)D.
Resultados: PacientescomFEPFapresentaramníveisséricosde25(OH)Dsignificativamente
inferiores(21,07ng/mL)comparadoscomosdogrupocontrole(28,59ng/mL;p=0,000).Entre ospacientescomFEPF,54,5%apresentaramníveisde25(OH)Ddeficitários,27,2% insufici-enteseapenas18,2%suficientes.Jánogrupocontrole,30,3%dospacientesapresentaram níveisdeficitários,30,7%insuficientese38,9%suficientes.Pacientesdosexofeminino apre-sentaramníveisséricosde25(OH)Dreduzidostantonogrupocomfraturaquantonogrupo controle(19,50vs.26,94ng/mL;p=0,000)comparadoscomosdosexomasculinocomesem fratura(25,67vs.33,74ng/mL;p=0,017).Quantoàidade,houveassociac¸ãosignificativaentre osníveisde25(OH)Deriscodefraturaapenasparaasfaixas71-75anoseacimade80.
Conclusão:PacientescomFEPFapresentaramníveisséricosde25(OH)Dsignificativamente
reduzidosemcomparac¸ãocomosdogrupocontrole.Pacientesdosexofeminino apresen-taramníveisséricosde25(OH)Dsignificativamentemenoresemambososgrupos.
©2016PublicadoporElsevierEditoraLtda.emnomedeSociedadeBrasileirade OrtopediaeTraumatologia.Este ´eumartigoOpenAccesssobumalicenc¸aCCBY-NC-ND (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
夽
TrabalhodesenvolvidonaUniversidadeLuteranadoBrasil(Ulbra),HospitalUniversitário,DepartamentodeOrtopediaeTraumatologia, Canoas,RS,Brasil.
∗ Autorparacorrespondência.
E-mail:mguerraz@hotmail.com(M.T.Guerra). http://dx.doi.org/10.1016/j.rbo.2016.02.003
Elderly
with
proximal
hip
fracture
present
significantly
lower
levels
of
25-hydroxyvitamin
D
Keywords:
VitaminDdeficiency Hipfractures
Osteoporoticfractures
a
b
s
t
r
a
c
t
Objective: Tocompareserum25-hydroxyvitaminD(25[OH]D) levels,aserummarkerof
vitaminD3,betweenpatientswithandwithoutproximalhipfracture.
Methods: Thiswasacase-controlstudyinwhichserumsamplesof25(OH)Dwereobtained
from110proximalhipfractureinpatientsand231controlpatientswithoutfractures,all over60yearsofage.Levelsof25(OH)Dlowerthanorequalto20ng/mLwereconsidered deficient;from21ng/mLto29ng/mL,insufficient;andabove30ng/mL,sufficient.Sex,age, andethnicitywereconsideredforassociationwiththestudygroupsand25(OH)Dlevels.
Results: Patientswithproximalhipfracturehadsignificantlylowerserum25(OH)Dlevels
(21.07ng/mL)thancontrols(28.59ng/mL;p=0.000).Amongpatientswithproximalhip frac-ture,54.5%haddeficient25(OH)Dlevels,27.2%hadinsufficientlevels,andonly18.2%had sufficientlevels.Inthecontrolgroup,30.3%ofpatientshaddeficient25(OH)Dlevels,30.7% hadinsufficientlevels,and38.9%hadsufficientlevels.Femalepatientshaddecreasedserum 25(OH)Dlevelsbothinthefracturegroupandinthecontrolgroup(19.50vs.26.94ng/mL; p=0.000)whencomparedwithmale patientswithandwithout fracture (25.67vs.33.74 ng/mL;p=0.017).Regardingage,therewasasignificantassociationbetween25(OH)Dlevels andriskoffractureonlyfortheagegroups71-75yearsandabove80years.
Conclusion: Patientswithproximalhipfracturehadsignificantlydecreasedserum25(OH)D
levelswhencomparedwiththecontrolgroup.Femalepatientshadsignificantlylowerserum 25(OH)Dlevelsinbothgroups.
©2016PublishedbyElsevierEditoraLtda.onbehalfofSociedadeBrasileirade OrtopediaeTraumatologia.ThisisanopenaccessarticleundertheCCBY-NC-NDlicense (http://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/4.0/).
Introduc¸ão
Afratura da extremidade proximalde fêmur (FEPF)éuma condic¸ãodealtaincidênciaempacientesmaioresde65anos egeralmentedecorre de traumasde baixaenergia.Apesar dosrecursosda medicina atual, observa-seum alto índice de mortalidade em torno de 25 a 30% em um ano.1–3 A mortalidadeestárelacionadaprincipalmenteafatorescomo idadeavanc¸ada,comorbidadesassociadas,alterac¸ões cogniti-vaspréviasedemoranoprocedimento.1,2 AFEPFrepresenta também um grande custo para a saúde pública, devido principalmente aoperíodo prolongadode internac¸ãoe aos procedimentoscirúrgicosrelacionados.3,4
AvitaminaDtem importantepapel nometabolismodo cálcio e, consequentemente, na mineralizac¸ão óssea e no quadro osteoporótico. Sua deficiência é, portanto, impor-tante fator de risco para FEPF em idosos.1,5,6 O melhor indicador sérico dessa vitamina é a 25-hidroxivitamina D [25(OH)D],quetemcomoprodutometabólicoavitaminaD3, com valores considerados suficientes iguais ou superiores a30ng/mL.7 Ousoda vitaminaD3tem sido recomendado comoformadeprevenc¸ãodefraturasemidososcom osteo-porose.Porém,nemsempreéusadorotineiramenteemsaúde pública.8–10
Estetrabalhotevecomoobjetivocompararosníveisséricos de25(OH)DentrepacientesidososcomesemFEPFeanalisar aassociac¸ãodevariáveiscomosexo,idadeeetniacomesta enfermidade.
Material
e
métodos
Este é um estudo do tipo caso-controle feito no Departa-mento de Ortopedia e Traumatologia da nossa instituic¸ão entrejaneirode2013emaiode2015.Oestudofoiaprovado peloComitêdeÉticadanossainstituic¸ão,sobnúmeroCAAE 33760914.8.0000.5349.
Ogrupo fraturafoicompostoporpacientesacimade60 anos com FEPF. Foram incluídos no estudo pacientes com fraturasdocolodofêmur,transtrocanterianase subtrocante-rianas,comquedaporbaixaenergia.Nogrupocontroleforam incluídospacientespareadosporfaixaetáriasemhistóricode FEPF,recrutadosentreospacientesatendidosemnosso hos-pitalemambulatóriodeOrtopediaedemaisespecialidades, alémdepacientesinternadossemmotivoortopédicoou trau-matológico.Tivemoscomocritériosdeexclusãopacientesfora dafaixaetária,fraturascomhistóricodealtaenergia conhe-cida,ausênciaderegistrodedadosemprontuário,comoetnia esexo,ouníveisséricosnãoconhecidosousemresultados fornecidospelolaboratório.
Tabela1–Caracterizac¸ãodaamostra
Grupo
Controle(n=231) Fratura(n=110) Total(n=341)
Variável n % n % n % p
Etnia
Branca 218 94,4 106 96,4 324 95,0 0,839a
Negra 9 3,9 3 2,7 12 3,5
Parda 4 1,7 1 0,9 5 1,5
Sexo
Feminino 175 75,8 82 74,5 257 75,4 0,808b
Masculino 56 24,2 28 25,5 84 24,6
Idade,anos
60-65 24 10,4 12 10,9 36 10,6 0,850b
66-70 16 6,9 8 7,3 24 7,0
71-75 50 21,6 21 19,1 71 20,8
76-80 51 22,1 20 18,2 71 20,8
>80 90 39,0 49 44,5 139 40,8
Fonte:Osautores. a Testedequi-quadrado.
b TesteexatodeFisher.
Osresultadosdacoletasanguíneade25(OH)Dforam dividi-dosconformeclassificac¸ãodeHorlick,emquevaloresabaixo de20ng/mLsãoconsideradosdeficientes,entre21e29ng/mL sãoconsideradosinsuficienteseacimade30ng/mLsão con-siderados normais.7 Foram consideradas asvariáveis sexo, idadeeetniaparafinsdeassociac¸ãocomosgruposemestudo eosníveisde25(OH)D.
Afim de rejeitar a hipótese nulade que os níveis séri-cosde25(OH)Dseriam iguaisnosgruposcasoecontrole, a amostramínimacalculadaparaobtenc¸ãoderesultados esta-tisticamentesignificativosfoide60pacientescomFEPF(grupo fratura)e120pacientessemFEPF(grupocontrole).
Análiseestatística
OprogramaestatísticousadofoioSPSS,versão13.0.Os resul-tadosforamconsideradossignificativosemumnívelde5% (p≤0,05).Osdadosforamexpressosemmédiaedesviopadrão ouemporcentagem(%).Adiferenc¸aestatísticaentreos gru-posfraturaecontroleesuasrespectivasvariáveisfoicalculada com os testesde qui-quadrado e exato de Fisher.O teste paranormalidadeKolmogorov-Smirnovindicouqueas variá-veis do estudo não apresentavam distribuic¸ão normal, foi feito,portanto,testenãoparamétriconaanálise.Otestede Mann-Whitneyfoiusadoparacomparac¸ãodosvaloresséricos médiosde25(OH)Dentreosgruposedessesvalores associa-dosafaixaetáriaesexo.Paraavariáveletnianãofoipossível fazertesteestatísticodevidoaonúmeroinsuficientedecasos paraasetniaspardaenegra.
Resultados
Nossa amostra totalizou 341 pacientes. O grupo fratura foi composto por 110 pacientes, dos quais 82 (74,5%) eram do sexo feminino, e o grupo controle foi composto
por 231 pacientes, dos quais 175 (75,8%) eram do sexo feminino.Amédiadeidadedospacientescomfraturafoide 78,76±9,52 anos e a média de idade dos controles foi de 77,31±7,85 anos. Não houve diferenc¸a entre os grupos emrelac¸ão a sexoou idade (p>0,05). Ascaracterísticas da amostraestudadaestãodescritasnatabela1.
Os níveis séricos de 25(OH)D do grupo controle (28,59±12,31ng/mL) foram significativamente superiores ao do grupo fratura (21,07±10,28ng/mL) (p=0,000). No grupofratura,considerandoaclassificac¸ãodeHorlick,54,5% (n=60)dospacientesapresentavamníveisséricosde25(OH)D deficienteseapenas18,2%(n=20)apresentavamvalores sufi-cientes. Jáentreoscontroles,38,9%(n=90) tiveramvalores séricosconsideradossuficientes,osdeficientesrepresentaram 30,3%(n=70)(tabela2).
Nãohouvediferenc¸asignificativaentreosgruposnas dosa-gens de 25(OH)D para as faixas de 60-65 anos (p=0,327), 66-70 (p=0,417)e 76-80 (p=0,095). Noentanto, verificamos diferenc¸as significativas nas faixas 71-75 anos (p=0,003) e acimade80(p=0,003)(tabela3).
Paraavariáveletnia,nãofoipossívelfazerteste estatís-ticodevido aonúmero insuficientedecasos paraasetnias
Tabela2–Níveisséricosde25(OH)Dnosgruposfratura econtroledeacordocomaclassificac¸ãodeHorlick
Controle Fratura Total
25(OH)D n % n % n %
Deficiente 70 30,3 60 54,5 130 38,1
Insuficiente 71 30,7 30 27,2 101 29,6
Suficiente 90 38,9 20 18,2 110 32,2
Total 231 100,0 110 100,0 341 100,0
Fonte:Osautores.
Tabela3–Comparac¸ãodosníveisséricosde25(OH)D entreosgruposfraturaecontroledeacordocomafaixa etária
Idade Grupo n Média DP pa
60-65anos Controle 24 31,05 11,52 0,327
Fratura 12 24,01 14,38
66-70anos Controle 16 32,22 10,58 0,417
Fratura 8 29,19 11,79
71-75anos Controle 50 28,43 11,37 0,003
Fratura 21 20,50 8,33
76-80anos Controle 51 30,82 9,96 0,095
Fratura 20 25,83 9,61
>80anos Controle 90 26,11 14,08 0,003
Fratura 49 17,34 8,37
Fonte:Osautores.
25(OH)D,25-hidroxivitaminaD;DP,desviopadrão. a TestedeMann-Whitney(p≤0,01).
Tabela4–Comparac¸ãodosníveisséricosde25(OH)D entreosgruposfraturaecontroledeacordocomaetnia
Etnia Controle Fratura
n Média DP n Média DP
Branca 218 28,73 12,30 106 20,76 10,10
Parda 9 23,38 10,77 3 29,59 16,32
Negra 4 32,83 16,24 1 28,50 0,00
Fonte:Osautores.
25(OH)D,25-hidroxivitaminaD;DP,desviopadrão.
pardaenegra.Osresultadosdescritivosparaessavariávelsão apresentadosnatabela4.
Comrelac¸ãoàvariávelsexo,foiobservadadiferenc¸a sig-nificativa nos níveis de 25(OH)D entre os grupos. Foram verificadosmenoresníveisséricosde25(OH)Dempacientesdo sexofeminino,commédiade19,50±10,01ng/mLnogrupo fra-turae26,94±11,23ng/dLnogrupocontrole(p=0,000).Jáentre pacientesdosexomasculino,amédiafoisignificativamente maiornogrupocontrole(33,74±14,08ng/mL)emcomparac¸ão comogrupofratura(25,67±9,85ng/mL,p=0,017).
Discussão
O presente estudo demonstrou que pacientes com FEPF apresentaram níveis séricosde 25(OH)D significativamente menoresemrelac¸ãoaogrupocontrole.Valoresconsiderados insuficientesconformeclassificac¸ãodeHorlickforam obser-vadostantonogrupocontrole(28,59ng/mL)quantonogrupo fratura(21,07ng/mL).Considerandoessamesmaclassificac¸ão, metadedospacientescomFEPFapresentavaníveis deficien-tesdessavitamina.Baixosníveisde25(OH)Dtambémforam encontradosnaamostracontrole, com30,7%dospacientes comníveisinsuficientese30,3%deficientes.
Emumametanálisequeincluiu15estudoscaso-controle entrepacientescomesemFEPF,de17analisados,osníveis séricos de 25(OH)D em pacientes fraturados foram signifi-cativamentemenoresdoquenogrupocontrole.11Ramason et al.12 fizeram estudo com 485 idosos com FEPF e tam-bémencontrarambaixosníveisde25(OH)Dnessespacientes,
com valormédiode19,1ng/mL,57,5%apresentavamníveis deficientes, 34,5% insuficientes eapenas 8%tinham níveis suficientes.Browneetal.,13comdiferentemensurac¸ãosérica (nmol/L) emumestudofeitonaIrlandacom 156pacientes idosos com FEPF,constataramquemaisde 67% apresenta-vamníveis séricosinsuficientes oudeficientesde 25(OH)D. Gumieroetal.,14emumestudobrasileirosobremarchaem pacientes comFEPF,também encontrarambaixosníveisde 25(OH)D, com valor médio de 27,8ng/mL, dos quais 33,7% apresentaram valoresdeficitários, o que divergedo encon-trado no presente estudo.7,14 Níveis séricos reduzidos de 25(OH)DforamsignificativamenterelacionadosàFEPFtanto no presente estudoquanto em estudosanteriores; porém, divergências específicas nosvalores séricosdessavitamina sãoreconhecidaspordiversosautores,vistosuarelac¸ãocoma exposic¸ãosolarcaracterísticaegenéticadapopulac¸ãodolocal daanálise.11–13
ConsiderandopacientessemFEPF,Saraivaetal.15também constataramapresenc¸adehipovitaminoseemestudofeito emumapopulac¸ãoidosa,subdividiramaamostraemdois gru-pos.Noprimeiro,compostoporpacientesinstitucionalizados, 80%apresentaramdeficiênciaouinsuficiênciade25(OH)D.No segundo,consideradoambulatorial,foramencontrados valo-resinferiores,porémaindasignificativos,decercade55%de insuficiênciaoudeficiêncianosníveisséricosdospacientes, valorespróximosaosencontradosnogrupocontroledo pre-senteestudo.
O gênero femininoapresentou níveis significativamente inferioresde25(OH)Demambososgruposdopresenteestudo, demonstrou umapredominância dessahipovitaminoseem mulheres,característicareconhecidapormuitosautores. Pat-tonetal.,emumestudoderevisão,relataramqueosníveis de25(OH)Dforamcomparativamentemenoresemmulheres, independentementedoscritériosdecorteusadosnosestudos analisados.6,13–18Labronicietal.,18aoconsiderarmulheresna pós-menopausa,verificaramque82%daspacientestiveram níveisde25(OH)Dconsideradosinsuficientes.Diversos estu-dostêmreferidoaquedagradualdosníveisdessavitamina apósamenopausa,aqualémaissignificativaempacientes idosas.Cauleyetal.,19emestudocommaisde90mil mulhe-respós-menopausa,observoupredomíniodebaixosníveisde 25(OH)D entreessas mulheresesubsequenteacréscimode riscoassociadoàFEPF,oquesugerecontroleséricoem paci-entespós-menopausacomoinvestigac¸ãodesserisco.16,17,19–21 Apesar da predominância no gênero feminino,homens dogrupocomfraturatambémapresentaramníveis conside-radosinsuficientes(25,67ng/mL)nopresenteestudo.Cauley etal.22demonstraramaumentosignificativoderiscode fra-turasemquadrilempacientescombaixosníveisde25(OH)D emumestudoprospectivocom1.608homensidosos.Orisco defratura foisignificativoapenasempacientesmasculinos com níveisconsiderados deficitários, foi associado tanto à FEPF23quantoàdensidademineralósseadaregiãoproximal dofêmur.24
consideramqueos níveisde 25(OH)Dpoderiam apresentar distribuic¸ãoirregular,caracterizadaporpadrãoestável,após atingir determinada faixa etária.17–19 Fizemos no presente estudoumadivisãodeacordocomaidadedospacientes, pro-curamosdiscriminaroriscoemdeterminadasfaixasetárias. Porém,nãoencontramostrabalhoscomessemesmopadrão paraumaapreciac¸ãoadequada.Avariáveletniaapresentou amostrainsuficientedepacientes,limitac¸ãotambém encon-tradapormuitosautoresemsuasanálises.19,25Apesardisso, algunsautoresconsideramqueamaiorpigmentac¸ãocutânea podeestarrelacionadaamenoresíndicesséricosdevitamina D,devidoafatoresgenéticos.12,19,25
Chapuyetal.,8emumensaioclínicoconsideradoclássico feitonaInglaterra,relataramqueousodavitaminaD3 asso-ciadoaocálcioapresentoureduc¸ãosignificativanoriscodo evento defraturas que nãoenvolvem acolunaem mulhe-residosascomparadosaumgrupocontrole.Portanto,ouso preventivodessavitaminaéreconhecidopormuitosautores comoumimportantefatornaprevenc¸ãodefraturas,em espe-cialaFEPF.1–4
Oprincipalpontofortedenossaamostrafoio considerá-velnúmero totalde341pacientes.Na metanálisefeita por Lai et al.,11 dos 15 estudos caso-controle com valores de 25(OH)DconsideradossignificativosemidososcomFEPF, ape-nastrêsapresentaramamostratotalsuperioràdopresente trabalho.Mesmocomboaamostra,tivemoscomoviésanão caracterizac¸ãosazonaldoperíododoanodacoleta,vistoque aexposic¸ãosolaréreconhecidamenteassociadaaos níveis de25(OH)D,épreponderanteatéemrelac¸ãoàingestão ina-dequadadessavitamina.11 O momento da coletaséricade 25(OH)D,quefoifeitanomomentodainternac¸ãopor trans-ferênciadeoutrainstituic¸ãoeapresentouvariac¸ões,também podeserconsideradoumalimitac¸ãodoestudo.Tambémnão consideramos assituac¸ões clínicas emetabólicas apresen-tadaspelo paciente quefez o exame, como alterac¸õesdas func¸õesrenalouhepática,alterac¸õeshormonaisdafunc¸ão tireoidiana,ingestademedicac¸ões,entreoutras.Entretanto, apesar de serconsideradas fontes de viés,essas situac¸ões poderiamcaracterizarfatordeconfusãofrenteàsdiferentes possibilidadesdevariáveisaseremconsideradas.10,11
Conclusão
NíveisinferioresdevitaminaD3foramencontradosem paci-entesidososcomfraturadefêmurproximalcomparadoscom pacientescontrolesemfratura.Tambémforamencontrados níveissignificativamentemenoresdavitaminaempacientes dosexofemininoemambososgrupos.Houveassociac¸ão sig-nificativadoriscodessahipovitaminosecomfraturadefêmur proximalnasfaixasentre71e75anoseacimade80.Esses achadosdemonstramopapelimportantedavitaminaD3no desfechodaFEPF,ésugeridaadisseminac¸ãodoseuusocomo formadeprevenc¸ãodessaenfermidade.
Conflitos
de
interesse
Osautoresdeclaramnãohaverconflitosdeinteresse.
r
e
f
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ê
n
c
i
a
s
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