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Efeitos da fotólise e fotocatálise sobre a dinâmica de fármacos presentes em esgoto sanitário tratado biologicamente

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(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

P

ROGRAMA DE

P

ÓS

-

GRADUAÇÃO EM

S

ANEAMENTO

,

M

EIO

A

MBIENTE E

R

ECURSOS

H

ÍDRICOS

EFEITOS DA FOTÓLISE E FOTOCATÁLISE

SOBRE A DINÂMICA DE FÁRMACOS

PRESENTES EM ESGOTO SANITÁRIO

TRATADO BIOLOGICAMENTE

BRUNA COELHO LOPES

Belo Horizonte

(2)

EFEITOS DA FOTÓLISE E FOTOCATÁLISE

SOBRE A DINÂMICA DE FÁRMACOS

PRESENTES EM ESGOTO SANITÁRIO

TRATADO BIOLOGICAMENTE

(3)

Bruna Coelho Lopes

EFEITOS DA FOTÓLISE E FOTOCATÁLISE

SOBRE A DINÂMICA DE FÁRMACOS

PRESENTES EM ESGOTO SANITÁRIO

TRATADO BIOLOGICAMENTE

Dissertação apresentada ao Programa de Pós graduação

em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos da

Universidade Federal de Minas Gerais, como requisito

parcial à obtenção do título de Mestre em Saneamento,

Meio Ambiente e Recursos Hídricos.

Área de concentração: Saneamento

Linha de pesquisa: Tratamento de águas residuárias

Orientador: Prof .Dr. Cláudio Leite de Souza

Coorientador: Prof. Dr. Sérgio Francisco de Aquino

Belo Horizonte

(4)

Página com as assinaturas dos membros da banca examinadora, fornecida pelo Colegiado do

(5)

AGRADECIMENTOS

Agradeço à Deus por estar sempre presente em todos os momentos da minha vida, felizes ou

tristes, sendo o meu maior apoio.

Ao meu maior tesouro (minha família) agradeço todas as ocasiões especiais que passamos

juntos. Aos meus pais (Lília, Ivo e Cisinha) por nunca me deixarem desistir dos meus sonhos.

Às minhas irmãs e sobrinhos pelos momentos de felicidade e diversão. À minha avó Berenice,

meu exemplo de mulher. À família Coelho por sempre incentivar o estudo e à família Lopes

pela doce confusão!

Ao Prof. Cláudio por ter aceitado embarcar nessa jornada, onde a chegada era incerta. Ao

Prof. Sérgio Aquino e sua equipe na UFOP, em especial Amanda e Ananda, por

disponibilizarem os equipamentos para análise e, principalmente, pela ajuda essencial na

compreensão dos resultados.

Ao Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental pela oportunidade de conviver com

seu corpo docente. Aos professores Carlos Chernicharo e Marcos von Sperling, minhas

referências de ensino; aos professores Marcelo Libânio e Eduardo von Sperling por trazerem

o mundo para dentro da sala de aula, instigando em mim a vontade de conhecê-lo. Ao

professor Valter pela sabedoria e visão de mundo.

À Suzane, ao Sr. Raimundo e aos alunos de iniciação científica, por sempre se empenharem

ao máximo para concretização das pesquisas.

Aos amigos que fiz, em especial Misael, Aline, Valéria, Guilherme e Mateus, por dividirem

angústias e boas risadas!

Ao governo federal pela concessão da bolsa e, principalmente, pela oportunidade de estudar

(6)
(7)

RESUMO

O presente estudo objetivou analisar os efeitos da fotólise (UVC) e da fotocatálise

heterogênea (UVC-TiO2) sobre a dinâmica de fármacos, presentes nos esgotos domésticos,

como tratamento terciário de um sistema de tratamento biológico composto por reator UASB

e filtro biológico percolador. Um fotorreator de lâmpadas emersas foi dividido ao meio, sendo

que metade recebeu barras de alumínio (formato U) imobilizadas com TiO2 e a outra metade

de barras sem imobilização. A fim de avaliar o efeito da incidência da radiação ultravioleta no

comportamento dos fármacos presentes no esgoto doméstico tratado, foram utilizados

diferentes tempos de detenção hidráulica (5, 10, 20, 40, 80 e 160 minutos). As amostras foram

submetidas à extração em fase sólida (SPE) e analisadas em um sistema de cromatografia

líquida de alta eficiência (HPLC) Shimadzu acoplado a espectrômetro de massas de alta

resolução híbrido íon-trap - time of flight (LC-IT-TOF-MS).

O medicamento que apresentou a maior frequência de detecção em esgotos domésticos

tratados foi o atenolol (93,7%), de uso terapêutico prolongado, seguido pelos antibióticos

clindamicina (75%), sulfametoxazol (56,2%) e trimetoprima (50%), os quais são de uso

terapêutico de curto período de tempo. Apesar do perfil de consumo de cada medicamento

mudar ao longo do ano, isso parece não influir diretamente nas concentrações de saída do

tratamento UASB/FBP.

Dentre as doses de radiações incididas, os valores entre 57 e 63 mW.s.cm-² apresentaram um

comportamento de fotodegradação superior ao de liberação por dessorção/desconjugação dos

compostos farmacêuticos sendo a faixa indicada para a remoção da maior parte dos

medicamentos presentes nos esgotos domésticos tratados. O comportamento dos fármacos

perante os tratamentos de fotólise e fotocatálise foram semelhantes, seja na produção ou no

consumo dos mesmos na massa líquida. Nos esgotos domésticos tratados, a imobilização do

dióxido de titânio em meio suporte de aparas de alumínio não foi suficiente para incrementar

a remoção dos fármacos submetidos a fotorreator de lâmpadas UV emersas, exceto para a

trimetoprima. Por fim, deve-se atentar para a composição de produtos intermediários em

esgotos domésticos pois podem promover uma piora na qualidade do efluente devido à

(8)

ABSTRACT

This study aimed to analyze the effects of photolysis (UVC) and heterogeneous photocatalysis

(UVC-TiO2) on the dynamics of pharmaceuticals compounds, present in wastewater, in order

to complement the biological treatment in a system consisting of UASB reactor and biological

trickling filter. A photoreactor of emerged lamps was divided in two and one half received

aluminum bars (U shape) with immobilized TiO2. In order to evaluate the effect of the

incidence of ultraviolet radiation on the behavior of pharmaceutical compounds present in the

treated sewage were used different hydraulic retention times (5, 10, 20, 40, 80 and 160

minutes). The samples were subjected to solid phase extraction (SPE) and analyzed on

high-performance liquid chromatography (HPLC) Shimadzu linked to a mass spectrometer that

combines QIT (ion trap) and TOF (time-of-flight) technologies.

The pharmaceutical compound with the highest frequency of detection in treated wastewater

was atenolol (93,7%), used in long-term for a number of cardiovascular diseases, followed by

the antibiotics clindamycin (75%), sulfamethoxazole (56,2%) and trimethoprim (50%) which

are drugs for short-term use. Despite the consumption of each drug profile change throughout

the year, this does not directly influence the output concentrations of treatment UASB / FBP.

Among the doses of radiation applied, the values between 57 and 63 mW.s.cm-² showed a

superior behavior of photodegradation than photodissociation of pharmaceutical compounds

present in domestic wastewater. The behavior of pharmaceuticals forward photolysis and

photocatalysis were similar in either production or removal of compounds. In treated

wastewater, the immobilization of titanium dioxide in a support of aluminum bars was not

effective to increase the removal of pharmaceuticals exposed to a submerged UV photoreactor

lamps, except for trimethoprim. Finally, attention should be paid to the composition of

intermediate products in wastewater because they can promote a decline in the quality of the

effluent due to the release of the biologically active form of the pharmaceutical after the

(9)

SUMÁRIO

AGRADECIMENTOS ... I

RESUMO ... III

ABSTRACT ... IV

LISTA DE FIGURAS ... VII

LISTA DE TABELAS ... IX

LISTA DE ABREVIATURAS ... X

1 INTRODUÇÃO ... 1

2 OBJETIVOS... 4

2.1 GERAL ... 4

2.2 ESPECÍFICOS ... 4

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA... 5

3.1 OCORRÊNCIA DE FÁRMACOS NO MEIO AMBIENTE... 5

3.2 ALTERAÇÕES PROVOCADAS EM ORGANISMOS AQUÁTICOS E ANIMAIS ... 11

3.3 REMOÇÃO DOS FÁRMACOS EM SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS ... 14

3.4 APLICAÇÃO DA RADIAÇÃO ULTRAVIOLETA COMO PÓS-TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS ... 20

3.5 FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA APLICADA AO TRATAMENTO DE ESGOTOS DOMÉSTICOS ... 22

3.6 FATORES QUE INFEREM NA REMOÇÃO DOS FÁRMACOS – FOTÓLISE E FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA ... 24

3.6.1 Matriz ... 24

3.6.2 Sequestrantes ... 25

3.6.3 Dose da radiação... 26

3.6.4 Forma do semicondutor ... 27

4 MATERIAL E MÉTODO GERAL ... 28

4.1 UNIDADE EXPERIMENTAL DE TRATAMENTO DE ESGOTO ... 28

4.2 CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO ESGOTO DOMÉSTICO TRATADO DO SISTEMA REATOR UASB SEGUIDO POR FBP-ROTOSPONGE ... 31

4.3 PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS AVALIADOS ... 32

4.4 OPERAÇÃO E DETERMINAÇÃO DA DOSE INCIDIDA NO FOTORREATOR ... 32

4.5 IMOBILIZAÇÃO DO DIÓXIDO DE TITÂNIO ... 33

4.6 PREPARAÇÕES DA COLETA E DAS AMOSTRAS ... 34

4.7 COMPOSTOS FARMACÊUTICOS ... 35

4.8 EXTRAÇÃO EM FASE SÓLIDA ... 35

4.9 LEITURA DAS AMOSTRAS (HPLC/MS) ... 37

4.10 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 38

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 39

(10)

5.2 PARAMETROS FÍSICO-QUÍMICOS ... 39

5.3 AVALIAÇÃO DA OCORRÊNCIA, SAZONALIDADE E CONCENTRAÇÃO DE COMPOSTOS FARMACÊUTICOS ... 43

5.3.1 Antibióticos ... 44

5.3.2 Medicamentos cardiovasculares... 50

5.3.3 Anti-histamínicos ... 52

5.3.4 Outros medicamentos: reguladores lipídicos, anti-inflamatórios, antifúngicos ... 54

5.4 AVALIAÇÃO DA INFLUÊNCIA DA DOSE DE RADIAÇÃO E DO TEMPO DE DETENÇÃO HIDRÁULICA SOBRE O PROCESSO DE FOTÓLISE ... 56

5.4.1 Antibióticos ... 57

5.4.2 Antiviral ... 62

5.4.3 Medicamento cardiovascular ... 62

5.4.4 Antifúngico ... 64

5.4.5 Anti-histamínico ... 65

5.4.6 Anti-inflamatório ... 66

5.5 AVALIAÇÃO COMPARATIVA DA EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO DOS FÁRMACOS PELOS PROCESSOS DE FOTÓLISE (UVC) E FOTOCATÁLISE (UVC-TIO2) ... 67

5.5.1 Antibióticos ... 67

5.5.2 Antivirais ... 74

5.5.3 Medicamentos cardiovasculares... 75

5.5.4 Anti-histamínicos ... 77

5.5.5 Anti-inflamatórios ... 78

5.5.6 Antifúngicos ... 80

6 CONCLUSÕES ... 82

7 RECOMENDAÇÕES ... 84

(11)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 3.1.PONTOS DE LANÇAMENTO DE FÁRMACOS NO MEIO AMBIENTE POR MEIO DA CADEIA PRODUTIVA

FARMACÊUTICA. ... 6 FIGURA 3.2FAIXAS DO ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO DA LUZ ... 21 FIGURA 3.3REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DO PROCESSO DE FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA ... 23

FIGURA 4.1DESENHO ESQUEMÁTICO DO FLUXOGRAMA EXPERIMENTAL (REATOR UASB, FILTRO BIOLÓGICO

PERCOLADOR E FOTORREATOR DE LÂMPADAS EMERSAS) E OS PONTOS DE COLETA (VERMELHO) ... 28

FIGURA 4.2FOTO DO APARATO EXPERIMENTAL.REATOR UASB E FILTRO BIOLÓGICO PERCOLADOR (A) E

FOTORREATOR DE LÂMPADAS EMERSAS (B). ... 30 FIGURA 4.3PERFIS DE ALUMÍNIO COM TIO2 IMOBILIZADO. ... 34

FIGURA 4.4PROCEDIMENTO DE EXTRAÇÃO DOS FÁRMACOS DE ACORDO COM A METODOLOGIA DA EPA

MODIFICADA POR QUEIROZ (2010). ... 36 FIGURA 4.5APARATO DE EXTRAÇÃO MANIFOLD (A) E CARTUCHOS DE SPESTRATA X E STRATA SAX(B) ... 36

FIGURA 5.1BOX PLOT DAS CONCENTRAÇÕES DE OXIGÊNIO DISSOLVIDO NO PROCESSO DE FOTOCATÁLISE

HETEROGÊNEA (A) E FOTÓLISE (B) ... 41

FIGURA 5.2BOX PLOT DAS CONCENTRAÇÕES DE TURBIDEZ NO PROCESSO DE FOTOCATÁLISE HETEROGÊNEA (A) E

FOTÓLISE (B) ... 42 FIGURA 5.3CORRELAÇÃO ENTRE TURBIDEZ E RADIAÇÃO NA FOTOCATÁLISE (A) E FOTÓLISE (B) ... 43

FIGURA 5.4SAZONALIDADE DOS ANTIBIÓTICOS DA CLASSE QUINOLONA (CIPROFLOXACINO E LEVOFLOXACINO)

NOS ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS ... 46

FIGURA 5.5SAZONALIDADE DOS ANTIBIÓTICOS CLINDAMICINA E LINEZOLIDA NOS ESGOTOS DOMÉSTICOS

TRATADOS ... 48

FIGURA 5.6SAZONALIDADE DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS SULFAMETOXAZOL E TRIMETOPRIMA NOS

ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS ... 49

FIGURA 5.7SAZONALIDADE DA ASSOCIAÇÃO DOS MEDICAMENTOS CARDIOVASCULARES ATENOLOL E DILTIAZEM

EM ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS ... 52

FIGURA 5.8SAZONALIDADE DA ASSOCIAÇÃO DOS ANTI-HISTAMÍNICOS CIMETIDINA E PROMETAZINA EM ESGOTOS

DOMÉSTICOS TRATADOS ... 53

FIGURA 5.9SAZONALIDADE DO REGULADOR LIPÍDICO BEZAFIBRATO EM ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS ... 55

FIGURA 5.10SAZONALIDADE DO ANTI-INFLAMATÓRIO DICLOFENACO E DO ANTIFÚNGICO FLUCONAZOL EM

ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS ... 56 FIGURA 5.11EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DA CLARITROMICINA (A) E DA CLINDAMICINA (B) EM

DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV ... 57

FIGURA 5.12EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO LEVOFLOXACINO EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV

(12)

FIGURA 5.13.EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS SULFAMETOXAZOL (A) E TRIMETOPRIMA

(B) EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV ... 60

FIGURA 5.14.EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO MEDIANA DO ACICLOVIR EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO

UV... 62

FIGURA 5.15EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO ATENOLOL EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV. ... 63

FIGURA 5.16EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO FLUCONAZOL EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV. . 64

FIGURA 5.17EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DA PROMETAZINA EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV . 65

FIGURA 5.18EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO DICLOFENACO EM DIFERENTES DOSES DE RADIAÇÃO UV . 66

FIGURA 5.19EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/LIBERAÇÃO DO SULFAMETOXAZOL DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO

UV APLICADA. ... 67

FIGURA 5.20EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DA TRIMETOPRIMA DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 69

FIGURA 5.21EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO LEVOFLOXACINO DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO

UV APLICADA ... 70

FIGURA 5.22EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DA CLARITROMICINA DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO

UV APLICADA ... 72

FIGURA 5.23EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DA CLINDAMICINA DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 73

FIGURA 5.24EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO ACICLOVIR DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 74

FIGURA 5.25EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO ATENOLOL DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 75

FIGURA 5.26EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO DILTIAZEM DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 77

FIGURA 5.27 EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DA PROMETAZINA DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 78

FIGURA 5.28EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO DICLOFENACO DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

APLICADA ... 79

FIGURA 5.29EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO/PRODUÇÃO DO FLUCONAZOL DE ACORDO COM A DOSE DE RADIAÇÃO UV

(13)

LISTA DE TABELAS

TABELA 3.1CARACTERÍSTICAS DE EXCREÇÃO E CONCENTRAÇÕES DE FÁRMACOS EM ÁGUAS SUPERFICIAIS E EM

ESGOTOS DOMÉSTICOS ... 9

TABELA 3.2REMOÇÃO DE FÁRMACOS EM PROCESSOS BIOLÓGICOS DE TRATAMENTO DE ESGOTOS NO MUNDO ... 17

TABELA 4.1CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E DE PROJETO DO SISTEMA DE TRATAMENTO BIOLÓGICO ... 29

TABELA 4.2CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO FOTORREATOR DE LÂMPADAS EMERSAS ... 31

TABELA 4.3CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DO EFLUENTE DO SISTEMA DE TRATAMENTO BIOLÓGICO (UASB +FBP) ... 31

TABELA 4.4PARÂMETROS FÍSICO-QUÍMICOS INVESTIGADOS, METODOLOGIA PARA A REALIZAÇÃO DAS ANÁLISES NO MONITORAMENTO E FORMAS DE AMOSTRAGEM DO FOTORREATOR EMERSO... 32

TABELA 4.5PERÍODO DE COLETA DE AMOSTRAS DE ACORDO COM O TEMPO DE DETENÇÃO HIDRÁULICA AVALIADO. ... 33

TABELA 5.1DOSES DE RADIAÇÃO PARA FOTÓLISE E FOTOCATÁLISE CORRESPONDENTES AOS TDHS ... 39

TABELA 5.2PARÂMETROS OPERACIONAIS DO FOTORREATOR DE LÂMPADAS EMERSAS ... 40

TABELA 5.3OCORRÊNCIA DAS DIFERENTES CLASSES DE ANTIBIÓTICOS NO EFLUENTE E SUAS RESPECTIVAS CONCENTRAÇÕES ... 45

TABELA 5.4OCORRÊNCIA DOS MEDICAMENTOS CARDIOVASCULARES PRESENTES NOS ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS E SUAS RESPECTIVAS CONCENTRAÇÕES ... 50

TABELA 5.5OCORRÊNCIA DOS ANTI-HISTAMÍNICOS EM ESGOTOS DOMÉSTICOS TRATADOS E SUAS RESPECTIVAS CONCENTRAÇÕES ... 53

TABELA 5.6OCORRÊNCIA DOS COMPOSTOS FARMACÊUTICOS NO EFLUENTE E SUAS RESPECTIVAS CONCENTRAÇÕES ... 54

TABELA 5.7.COMPILAÇÃO DE TRABALHOS REFERENTES À REMOÇÃO DE SMX DE ACORDO COM A CONCENTRAÇÃO INICIAL, PROCESSO EMPREGADO, TIPO DE MATRIZ,TDH E EFICIÊNCIA DE REMOÇÃO ... 68

(14)

LISTA DE ABREVIATURAS

AC - Alagados construídos

ACL –Aciclovir

AZT - Azitromicina;

BZF – Bezafibrato

CePTS – Centro de Pesquisa e Treinamento em Saneamento

CFA – Cafeína

CLD – Clindamicina

CLT – Claritromicina

CPFX - Ciprofloxacino

DCF - Diclofenaco

DE - Disruptores endócrinos

DTZ - Diltiazem

EEA - Agência Ambiental Europeia

EPA – Agência de Proteção Ambiental Americana

ETE - Estação de tratamento de esgotos

FBA - Forma biologicamente ativa

FBC – Fator de bioconcentração

FBP - filtro biológico percolador

FC – Fotocatálise

FRE - Fotorreator de lâmpadas emersas

FT – Fotólise

Kad– Coeficiente de adsorção

Kbio– Coeficiente de biodegradação

Kow - Coeficiente de partição octanol/água

LEVO – Levofloxacino

LP - Lagoas de polimento

OFN – Ofloxacina

PCP - Produtos de cuidado pessoal

(15)

SMX - Sulfametoxazol

TDH - Tempo de detenção hidráulica

TMP - Trimetoprima

UASB - Upflow anaerobic sludge blanket (reator anaeróbio de fluxo ascendente e manta de

lodo)

(16)

1 INTRODUÇÃO

A identificação dos fármacos nas águas superficiais tem se tornado uma preocupação

constante na comunidade técnico-científica, pois ainda não se conhece o efeito crônico desta

exposição em seres humanos. Tendo em vista que diversos trabalhos (GAO et al. 2012;

JONSSON et al. 2014; OAKS et al. 2004) já identificaram que a presença desses compostos

no ambiente é responsável por alterações reprodutivas e mortalidade de animais silvestres,

torna-se premente a busca por alternativas de tratamento que promovam a remoção dos

fármacos tanto em águas de abastecimento quanto em residuárias (esgotos).

O grupo dos fármacos pode ser dividido segundo a sua classe terapêutica (antibióticos,

anti-histamínicos, antifúngicos, analgésicos) ou segundo sua classificação anátomo-terapêutica

(medicamentos do sistema neurológico, cardiovascular, etc.). Ao ser ingerido por uma pessoa

ou animal, o medicamento (forma original) deve sofrer desintegração da forma farmacêutica

levando a dissolução da forma biologicamente ativa (FBA) e, assim, tornando o fármaco

disponível para a absorção. Ao passar por todo o processo do organismo, o fármaco irá se

converter em compostos intermediários que incluem os produtos da metabolização e as

formas conjugadas do medicamento (PEREIRA, 2007).

Os produtos intermediários produzidos pela metabolização de medicamentos no organismo ou

no próprio ambiente externo não estão plenamente elucidados. Pesquisas recentes (OSORIO

et al., 2014, VIENO e SILLANPÃÃ, 2014) indicam que as concentrações das FBA dos

fármacos detectados nos esgotos domésticos são relativamente menores quanto comparado

aos subprodutos da metabolização.

Tendo em vista que as estações de tratamento biológico de esgotos não objetivam a remoção

de fármacos, elas se tornam uma fonte de poluição ininterrupta desses compostos no meio

ambiente, tornando necessária a implementação de um tratamento posterior (JJEMBA 2006;

PIETRO-RODRIGUEZ et al. 2012; CARBONARO et al. 2013).

Os processos oxidativos avançados (POA) têm merecido destaque devido à sua elevada

eficiência na degradação de inúmeros compostos orgânicos. Sua ação consiste na geração de

(17)

mineralizar inúmeros compostos orgânicos, convertendo-os em dióxido de carbono, água e

sais orgânicos. Várias pesquisas sugerem a fotocatálise heterogênea (UV-TiO2) como um

POA promissor no tratamento de esgotos domésticos para a remoção de microcontaminantes,

pois o dióxido de titânio (TiO2) é um material inerte e com disponibilidade no mercado,

possibilitando a operação em diversas faixas de pH (MIRANDA-GARCÍA et al. 2010;

CARBONARO et al. 2013; PRIETO-RODRÍGUEZ et al. 2013). Além disso, a imobilização

do TiO2 em um suporte sólido minimiza sua perda para o efluente, permitindo sua reutilização

e a consequente diminuição de custos do tratamento.

Poucas referências estão disponíveis no emprego da fotocatálise heterogênea como

pós-tratamento de esgoto doméstico real. Isto ocorre devido a problemas importantes, como a

dificuldade de se reproduzir a complexidade do esgoto em laboratório e às baixas

concentrações de fármacos normalmente encontradas nesses esgotos. Por isso, muitos

experimentos realizados utilizam esgotos sintéticos, que normalmente não representam

fielmente o esgoto real, o que torna difícil a transposição dos resultados para aplicações mais

práticas em sistemas de tratamento de esgotos.

Em virtude da complexidade dos materiais orgânicos e inorgânicos que constituem o esgoto

doméstico, as diferentes substâncias encontradas neste podem ter efeito negativo na remoção

dos fármacos devido ao sequestro dos radicais hidroxila, além da possibilidade de adsorção na

superfície do semicondutor. Zhang et al. (2012) realizaram um estudo do efeito dos íons

inorgânicos normalmente presentes nos esgotos domésticos na atividade fotocatalítica do

TiO2 e verificaram que a presença dos íons HPO42-, NH4+ e HCO3- resultou em maiores

impactos negativos na remoção de disruptores endócrinos (E1, E2, E3).

Outro fator importante que pode interferir na remoção dos fármacos é a forma de

imobilização do dióxido de titânio. Grande parte dos trabalhos (MIRANDA-GARCÍA et al.

2011; NASUHOGLU et al 2012; Zhang et al. 2012) é conduzida em regime hidráulico por

batelada, em que diferentes concentrações de suspensões com TiO2 são irradiadas para avaliar

a remoção dos fármacos. Entretanto, esse regime dificulta o tratamento de esgotos, os quais

são normalmente gerados de forma contínua e, além disso, também requerem

(18)

algum meio suporte pode repercutir em maiores aplicações práticas, apesar de apresentar uma

eficiência menor quando comparada à forma em suspensão.

Considerando a importância do tema e as lacunas do atual estado da arte, os objetivos dessa

dissertação são apresentados no capítulo seguinte. A revisão bibliográfica presente no terceiro

capítulo visa elucidar as questões inerentes ao tratamento e subsidiar a posterior discussão dos

resultados. No quarto capítulo, foi feita uma descrição geral do material e dos métodos que

serviram de suporte para os objetivos específicos. No quinto capítulo, cada objetivo específico

da pesquisa foi abordado, onde são apresentados os resultados, discussões e conclusões

correlatas. Por fim, os capítulos seis e sete apresentam, respectivamente, as conclusões gerais

e recomendações para trabalhos futuros. O oitavo capítulo contém as referências utilizadas

(19)

2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar o desempenho do fotorreator com lâmpadas emersas na fotólise (UVC) e na

fotocatálise heterogênea (UVC-TiO2) na dinâmica dos fármacos presentes nos esgotos

domésticos, quando empregado como unidade de pós-tratamento de sistema combinado

anaeróbio/aeróbio.

2.2 Específicos

• Avaliar a ocorrência, sazonalidade e concentração de compostos farmacêuticos após tratamento biológico de esgotos domésticos em sistema combinado composto por

reator UASB e filtro biológico percolador;

• Avaliar a influência da dose de irradiação UVC na remoção dos fármacos em fotorreator com lâmpadas emersas;

(20)

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Ocorrência de fármacos no meio ambiente

Com o desenvolvimento da indústria química no século XX, principalmente após a primeira

Guerra Mundial, a sociedade passou a utilizar produtos químicos como promotores da

qualidade de vida: o aumento da oferta de alimentos com a utilização de pesticidas nas

lavouras e a produção de novos medicamentos são alguns exemplos. Durante as décadas

seguintes, os pesticidas foram identificados como potenciais causadores de doenças devido a

sua patente toxicidade e o seu potencial efeito carcinogênico na saúde humana. Contudo,

somente nos últimos anos o grupo que inclui os fármacos, produtos de cuidado pessoal (PCP)

e disruptores endócrinos foi classificado como contaminante emergente e tornou-se foco de

preocupação por ser lançado livremente no meio ambiente por meio dos esgotos domésticos,

tratados ou não. Por definição, os contaminantes são quaisquer substâncias que não estejam

em seu ambiente natural e que promovam riscos à saúde humana.

De acordo com Daughton (2008), os fármacos são uma forma complexa de contaminação

ambiental não regulamentada e somente se tornaram conhecidos como tal a partir da década

de 90. A complexidade desses compostos reside no fato de que eles ocorrem em diversas

formas no meio ambiente e também devido aos processos metabólicos que sofrem nos

organismos vivos, os quais são necessários para torná-los em forma biologicamente ativa

(FBA). Isto porque os medicamentos são formulados para afetar as funções bioquímicas e

fisiológicas dos sistemas orgânicos de seres humanos e animais.

Segundo Glassmeyer et al. (2009), os medicamentos podem entrar no meio ambiente por

diversas rotas que vão desde a produção até o consumo, conforme ilustrado na Figura 3.1. Os

fármacos presentes no esgoto sanitário doméstico são resultado tanto da ingestão e posterior

excreção desses medicamentos quanto do descarte direto nos vasos e pias dos produtos que

(21)

Figura 3.1. Pontos de lançamento de fármacos no meio ambiente por meio da cadeia produtiva farmacêutica.

Fonte: Adaptado Glassmeyer et al., (2009)

No meio ambiente, os fármacos podem ser encontrados em suas formas inalteradas (originais)

ou na forma de metabólitos excretados por organismo humano ou animal. A utilização dos

fármacos em sistemas de confinamento animal é uma prática já consolidada na agroindústria,

seja como promotores de crescimento ou para controle do ciclo reprodutivo. Entretanto, novos

estudos (LIU et al,. 2012) apontam que a liberação desses compostos no meio ambiente

através das excretas (fezes e urina) são de extrema relevância. Na pesquisa citada acima, foi

identificado que cada animal em uma granja de suinocultura pode liberar uma carga diária de

estrógenos entre 277 e 6380 µg, o que corresponderia a um equivalente populacional de 100

pessoas.

Essas formas químicas não originais podem afetar outros organismos que utilizem princípios

fisiológicos semelhantes devido suas características hidrofílicas. Segundo Owen et al. (2009),

apesar de ser desenvolvida para a utilização humana e/ou animal, a classe farmacêutica dos

betabloqueadores pode provocar alterações nas atividades fisiológicas de organismos

(22)

As transformações biológicas são processos pelos quais os fármacos são alterados por reações

bioquímicas no corpo e recebem a denominação de metabolismo ou biotransformação dos

fármacos. Além das reações que convertam os medicamentos em formas passíveis de

excreção renal, a biotransformação ainda pode alterar os fármacos de quatro maneiras

importantes: 1) o fármaco ativo pode ser convertido em fármaco inativo; 2) um fármaco ativo

pode ser convertido em metabólito ativo ou tóxico; 3) um pró-fármaco inativo pode ser

convertido em fármaco ativo e 4) um fármaco não-excretável pode ser convertido em

metabólito passível de excreção (KATZUNG, 2010).

Todos os tecidos do organismo possuem a capacidade de realizar a biotransformação dos

fármacos, sendo que as principais vias são as reações de fase I e de fase II realizadas no

fígado. As reações de oxidação/redução (fase I) transformam o fármaco em metabólitos mais

hidrofílicos pela adição ou exposição de grupos funcionais polares, como grupos hidroxila

(-OH), tiol (-SH) ou amina (-NH2). Normalmente esses metabólitos são farmacologicamente

inativos e podem ser excretados sem qualquer modificação adicional, entretanto, alguns

produtos das reações de oxidação e de redução necessitam de modificações adicionais antes

de serem excretados.

As reações de conjugação/hidrólise (fase II) modificam os compostos através da ligação de

grupos hidrofílicos criando conjugados mais polares através das reações bioquímicas como a

glicuronidação (adição do o ácido glicurônico), sulfatação (adição do –SO2H) e metilação

(remoção -H) (TRUDEAU et al., 2005). É importante ressaltar que essas reações de

conjugação ocorrem independentemente das reações de oxidação/redução e que as enzimas

envolvidas nessas reações frequentemente competem pelo substratos.

Essas fases podem limitar a biodisponibilidade de fármacos no organismo e por isso outras

vias de administração (oral, endovenosa, intramuscular e retal) podem ser consideradas para

garantir uma melhor interação e absorção do medicamento no organismo. Muitos produtos

farmacêuticos são lipofílicos, o que permite ao fármaco atravessar membranas celulares

(forma biologicamente ativa – FBA) como aquelas encontradas na mucosa intestinal ou no

tecido-alvo. Infelizmente, a mesma propriedade química que aumenta a biodisponibilidade

(23)

exige que esses fármacos se tornem mais hidrofílicos para que possam ser dissolvidos na

urina aquosa (KATZUNG, 2010).

Dessa forma, os fármacos excretados pela população, seja pelas fezes ou pela urina, podem

ser encontrados na forma original ou em formas de compostos intermediários (metabólitos

mais simples e/ou como compostos conjugados) que pode chegar a representar 55-80% do

total da dose administrada, com algumas exceções (Al-AUKIDY et al,. 2012).

Segundo a Agência Ambiental Européia (European Environmental Agency -EEA) (2010),

uma ampla variedade de substâncias farmacêuticas e seus metabólitos foi identificada nas

águas superficiais em todo continente europeu; entretanto nem todas elas ainda são

conhecidas.

A seguir, a tabela 3.1 apresenta os fármacos averiguados na presente pesquisa com suas

características de excreção urinária, concentração em águas superficiais e em esgotos

domésticos. A maioria dos fármacos apresenta taxas de excreção urinária da forma original do

medicamento acima de 60%, o que permite o carreamento para os esgotos domésticos dessa

forma inalterada do composto. Esta ainda é passível de sofrer diversas alterações no ambiente

externo, como quando ao passar pelo sistema de tratamento biológico de esgotos (GOBEL et

al,. 2005; ZORITA et al., 2009; GAO et al., 2012).

Os produtos intermediários produzidos pela metabolização de medicamentos no organismo ou

no próprio ambiente externo ainda não estão plenamente elucidados. Pesquisas recentes

(OSORIO et al., 2014; VIENO e SILLANPÃÃ, 2014) indicam que as concentrações das FBA

dos fármacos detectados nos esgotos domésticos são relativamente menores quanto

comparado aos subprodutos da metabolização.

Segundo Vieno e Sillanpãã (2014), da dose normal de 100 mg de diclofenaco (DCF) ingerida

por um adulto apenas 1 mg é excretado como DCF. O restante da dose administrada é

excretado (urina e fezes) segundo a fase de metabolização do diclofenaco, sendo que 90%

(24)

Tabela 3.1 Características de excreção e concentrações de fármacos em águas superficiais e em esgotos domésticos

Classe urinária da Excreção forma original

(%)

Concentração em águas

superficiais (ng.L-1) Concentração em esgotos (ng.L-1)

Anti-histamínicos

Ranitidina 69a 27f,g-38h 288h -1165f

Cimetidina 62a ndg -

Antibióticos

Aciclovir 75a 34k 177-406k

Azitromicina 75l 16g -27f; 129f-175i

Ciprofloxacina 65 a ndg;- 36f 251h -392f

Claritromicina 50l - 54 j -100f

Norfloxacina - ndg 18 c- 29j

Sulfametoxazol 14 a 10f 35d -999j

Trimetoprima 69 a 8f-18g 27i-1661j

Analgésico

Diclofenaco 1-15b 24f 105d- 4425j

Antifúngico

Fluconazol 62-80 b

Miconazol Uso tópico ndg ndd

Medicamentos cardiovasculares

Atenolol 94 a 38f-42h; 466h -2224f

Diltiazem 4a 21g -

Regulador lipídico

Bezafibrato 5-45 b ndf;-57h 55h -95d

nd= não detectado. Fonte: aKatzung (2010); bJjemba (2006); cZorita et al. (2009); dBrandt et al. (2013);

e

Bernabeau et al. (2011); f Collado et al. (2014); gBlair et al. (2013); hZuccato et al. (2006); iAl-Aukidy et al. (2012); jPietro-Rodriguez et al. (2012); KXi et al. (2014); lANVISA (2014)

Osorio et al. (2014) determinaram cinco metabólitos humanos do diclofenaco em efluentes

domésticos, sendo eles 4´-OH-DCF; 5-OH-DCF; 4´,5-diOH-DCF. DCF-gluc e 5-OHD-DCF.

(25)

permitem a liberação do diclofenaco durante o tratamento biológico de efluentes domésticos.

Esta caraterística pode ser uma possível explicação para as concentrações de saída do fármaco

estarem maiores que as concentrações de entrada nas ETE. Ainda neste trabalho, as

concentrações encontradas para o diclofenaco variaram entre 189 a 1150 ng.L-1. Já para a

forma hidroxilada do metabólito 4´-OH-DCF, a concentração permaneceu na faixa de 3000 e

6000 ng.L-1 e, para o composto intermediário 5-OH-DCF, a concentração variou entre 180 a

755 ng.L-1. As frações dos compostos intermediários excretados por seres humanos

encontradas foram de 15% DCF-gluc, 30% 4´OH-DCF, 15% 4´,5-diOH-DCF e 10% na forma

de 5-OH-DCF.

O lançamento de esgotos domésticos em águas superficiais é considerado a maior fonte

poluidora de fármacos no meio ambiente (JJEMBA 2006; PIETRO-RODRIGUEZ et al.,

2012; CARBONARO et al., 2013). Apesar das águas superficiais que recebem esgotos

domésticos, tratados ou não, geralmente apresentarem baixas concentrações de fármacos, os

seres humanos podem estar expostos a esses compostos seja através da ingestão de águas de

abastecimento ou pelo consumo de plantas e tecidos animais que também foram expostos

previamente.

Além disso, existe a possível contaminação pela via da irrigação com esgoto tratado ou pela

via da própria ingestão de água contaminada. Esses contextos de exposição podem ocorrer de

maneira crônica durante toda vida de um indivíduo e promover um aumento progressivo das

concentrações sanguíneas desses compostos no seu organismo. Contudo, em níveis muito

inferiores quando comparadas às concentrações recomendadas na terapêutica médica.

Até o presente momento não se sabe plenamente quais os possíveis efeitos dessa exposição

crônica sobre a saúde humana. Os riscos associados aos fármacos biologicamente ativos são

mais significativos no ambiente aquático devido ao fenômeno de bioacumulação. Esse

processo ocorre quando os seres vivos absorvem e retêm substâncias químicas no seu

organismo e, se essa absorção ocorre diretamente no meio ambiente que as envolve, ela

recebe a denominação de bioconcentração. A absorção pode ocorrer também de forma

indireta quanto é efetivada a partir da alimentação, recebendo a denominação de

(26)

A bioacumulação de fármacos é um fenômeno que vem sendo identificado principalmente em

animais de ambientes aquáticos, como peixes e invertebrados (JONSSON et al., 2014;

VALDÉS et al,. 2014). Ela pode ser definida como a relação entre a concentração de uma

dada substância nos tecidos de organismos vivos e a concentração dessa mesma substância no

meio.

3.2 Alterações provocadas em organismos aquáticos e animais

O lançamento de esgotos domésticos em águas superficiais é considerado a principal fonte de

poluição de fármacos no meio ambiente. Mesmo em baixas concentrações, efeitos sub letais

têm sido identificados em organismos aquáticos, vertebrados ou não. Esses efeitos são

manifestados através de mudanças de comportamento e alterações endócrinas e reprodutivas,

e ainda podem promoverem a elevação do fator de bioconcentração (FBC). Esse fator pode

ser calculado dividindo-se o peso do composto no tecido do organismo pelo peso do

composto presente na água. Segundo Zorita et al. (2009), a concentração de fármacos

encontrada nos efluentes tratados tem sido suficientemente alta para induzir efeitos adversos

em peixes ou outros organismos.

Diversos fatores podem amplificar os riscos ou disfarçar seus impactos. Os efeitos em

pequenos ou micro-organismos podem ser menos óbvios devido ao seu tamanho e, portanto,

não serem reportados. Além disso, os fármacos são frequentemente utilizados em forma de

mistura de diversos componentes ativos e apenas algumas substâncias são encontradas no

meio ambiente em quantidades modestas (EEA, 2010).

Como exemplo, os efeitos que as diversas classes de medicamentos têm promovido são:

alterações de comportamento nas populações de invertebrados por anti-histamínicos

(JONSSON et al. 2014), mortalidade de animais silvestres causada pela ingestão de

anti-inflamatórios (OAKS et al. 2004), e alterações reprodutivas provocadas por hormônios

(TABATA et al. 2001; JJEMBA 2006; GAO et al. 2012). A bioacumulação nos organismos

aquáticos pode ocorrer de maneira tão lenta que a maioria das concentrações passa

despercebidas até que o nível acumulado promova efeitos visíveis com danos irreversíveis à

(27)

Os anti-histamínicos são um grupo farmacêutico utilizado no tratamento de alergias em

humanos e animais. Entretanto, na fisiologia de insetos aquáticos a histamina é utilizada como

neurotransmissor. Jonsson et al. (2014) expuseram de forma contínua larvas de libélula

(Zygoptera) a concentrações de anti-histamínicos (Hidroxizina e Fexofenadina) de 360 e 2200

ng.L-1 durante 7 dias e verificaram uma redução de atividade e resposta a estímulos externos,

além de um FBC de 2000 e 120 respectivamente.

Essas alterações de comportamento em insetos aquáticos podem provocar desequilíbrios no

ecossistema por aumentar a atividade de captura dos mesmos e, consequentemente, promover

a bioacumulação nos níveis tróficos subsequentes (JONSSON et al., 2014). Como esses

animais normalmente são considerados presas, seus predadores podem estar expostos a esse

contaminante tanto pela via de absorção do meio (bioconcentração), quanto por via ingestão

de alimentos (bioacumulação), com um potencial para a biomagnificação dos níveis tróficos

mais elevados.

Analgésicos e anti-inflamatórios são medicamentos extensivamente consumidos em todo o

mundo para alívio da dor, tanto em seres humanos quanto em animais. Um surto de

mortalidade de abutres na Índia e Paquistão foi relatado por Oaks et al. (2004), que apontaram

a insuficiência renal, provocada pela ingestão de diclofenaco, como a causa mortis dos

animais. O medicamento havia sido administrado em bovinos da região como

anti-inflamatório para alívio da dor e, quando aqueles foram a óbito, suas carcaças não foram

devidamente removidas do meio ambiente. Dessa forma, abutres selvagens (Gyps

bengalensis) ingeriram a carne e as vísceras desses bovinos, o que promoveu o fenômeno de

bioacumulação nos mesmos. A elevada concentração de diclofenaco ingerida por essas aves

através dessa dieta promoveu um quadro de falência renal, que é também um dos efeitos

colaterais produzidos pela superdosagem do diclofenaco em mamíferos.

Alterações renais causadas pelo diclofenaco também foram identificadas em animais

aquáticos. Schwaiger et al. (2004) avaliaram durante 28 dias as alterações histopatológicas em

trutas (Oncorhynchus mykiss) expostas a concentrações (500 ng.L-1) de diclofenaco próximas

dos esgotos domésticos e verificaram alterações renais e nas guelras dos peixes. Nesse mesmo

trabalho, os FBC encontrados nas vísceras foram de 12-2732 no fígado, 5-971 no rim, 3-763

(28)

compostos afetam diretamente a capacidade de excreção e regulação osmótica do organismo

como um todo.

Outras alterações foram verificadas por Owen et al. (2009) quando expuseram a truta arco-íris

(Oncorhynchus mykiss) durante 40 dias em diversas concentrações de propranolol (0-10

mg.L-1). Nesse estudo foram detectados diminuição do tamanho do fígado dos peixes e

aumento do tamanho do coração quando expostos a concentrações ambientais baixas, de 100

a 1000 ng.L-1.

Valdés et al. (2014) investigaram a bioacumulação dos fármacos carbamazepina e atenolol em

peixes (Gambusia affinis) em ambientes com concentrações próximas às encontradas em

águas superficiais do rio Suquia em Córdoba, Argentina. Apesar não de constatarem a

bioconcentração desses medicamentos nos animais ao ar livre, ao avaliarem um ambiente

controlado com maiores teores dos compostos, verificaram que a média de bioacumulação

para carbamazepina de 0,7 a 0,9 L.kg-1 (quando expostos a concentrações de 10 a 100 µg.L-1)

enquanto que, para o atenolol, a bioacumulação foi de 0,08 a 0,13 L.kg-1, quando expostos a

concentrações de 10 a 100µg.L-1.

Alterações no sistema reprodutivo de peixes pela presença de diversas classes de

medicamentos já foram identificadas. Segundo a EEA (2010), a forma do hormônio feminino

sintético (etinilestradiol) presente em pílulas anticoncepcionais pode promover alterações em

animais aquáticos como a feminilização de peixes machos. Ao avaliar a bioacumulação do

17α-etinilestradiol numa população de peixes (Moxostoma macrolepidotum) à jusante do lançamento do efluente final de uma ETE, Al-Ansari et al. (2010) verificaram sua acumulação

no tecido lipídico de metade dos machos pesquisados.

Galus et al. (2013) realizaram um estudo do desenvolvimento embrionário de peixes zebra

(Danio rerio) com uma mistura de fármacos (paracetamol, carbamazina, gemfibrozil e

venlaxine) durante 6 semanas, em diferentes frações de esgotos domésticos e com

concentrações reportadas em aguas superficiais na literatura (50 a 1000 ng.L-1). A mortalidade

embrionária variou entre 23 a 33% quando comparada ao grupo controle e as fêmeas adultas

apresentaram apoptose do folículo ovariano 1,5 maior e alterações nos túbulos renais. Esse

(29)

As alterações promovidas em comunidades aquáticas nos diversos sistemas dos organismos

vivos despertam para a necessidade do desenvolvimento de tecnologias capazes de minimizar

as concentrações destes compostos através do tratamento terciário dos esgotos domésticos.

3.3 Remoção dos fármacos em sistemas de tratamento de esgotos

Em geral, as diferentes formas medicamentais encontradas nos esgotos domésticos possuem

características recalcitrantes ao tratamento biológico convencional tornando-as potenciais

fontes de poluição ao meio ambiente, uma vez que a tecnologia instalada não é capaz de

degradá-las (AL-AUKIDY et al., 2012; PIETRO-RODRIGUEZ et al., 2012). Conforme

apresentado anteriormente (Tabela 3.1, coluna concentrações nos esgotos domésticos), os

valores reportados na literatura divergem bastante por estarem diretamente relacionados com

as questões culturais de serviço médico e medicação, com a renda per capita da população e

com o consumo de água.

No tratamento de esgotos ou no meio ambiente, os fármacos podem ser biotransformados e os

seus metabólitos (conjugados) revertidos nos compostos iniciais. Alguns deles podem ter mais

ou melhor atividade biológica que o medicamento original, constituindo-se assim em

fármacos biologicamente ativos (FBA) (DAUGHTON, 2008).

A disponibilidade dos fármacos nos esgotos domésticos também é influenciada por diversos

fatores, como a presença de matéria orgânica e pelas propriedades de sorção, distribuição,

mobilidade e degradabilidade do composto. A afinidade do fármaco pelo material em

suspensão vai depender das características lipofílicas e hidrofílicas do mesmo, a qual é

estimada pelo coeficiente de partição octanol/água (Kow). Esse coeficiente é definido como a

relação de concentração de equilíbrio de um contaminante orgânico na fase octanol em

relação à concentração do contaminante na fase aquosa.

Os fármacos podem ser classificados de acordo com o seu Kow e divididos em categorias de

maior ou menor hidrofilicidade. A alta hidrofilicidade está relacionada com Kow<2.5 e a baixa

com Kow >4,0. Dessa forma, espera-se que fármacos com elevado Kow tenham um grande

potencial de serem encontrados sorvidos nos sólidos presentes em esgotos domésticos e não

(30)

De acordo com Aquino et al. (2013), os principais mecanismos de remoção de fármacos

atuantes nos sistemas de tratamento são o fenômeno de sorção e as transformações biológicas.

Por outro lado, estes mecanismos dependem diretamente das propriedades físico-químicas dos

compostos, da configuração do sistema de tratamento e das condições ambientais.

Segundo Joss et al. (2006), a transformação biológica do fármaco no sistema de tratamento de

esgotos domésticos pode ser medida em termos do coeficiente de biodegradação (Kbio). O

grau de biodegradabilidade dos fármacos foram propostos da seguinte maneira: Kbio< 0,1

L.gSS-1.d-1 não são removidos por biodegradação; Kbio entre 0,1 a 10 L.gSS-1.d-1 podem ser

biodegradados com eficiência de remoção entre 20 a 90% e Kbio >10 L.gSS-1.d-1 espera-se

uma remoção biológica acima de 90%.

As quantidades individuais das diversas formas de fármacos presentes nos esgotos domésticos

deveriam ser obtidas e pesquisadas, visto que podem sofrer degradação biológica durante o

tratamento. Apesar disso, essa determinação individual de espécies (especiação) ainda é

pouco desenvolvida em pesquisas por dois fatores: o desconhecimento das rotas metabólicas

desses compostos no tratamento e as dificuldades de análises dos diferentes metabólitos

(ZORITA et al. 2009).

Segundo Osorio et al. (2014), o diclofenaco é o medicamento que apresenta a maior

frequência de detecção em esgotos domésticos e em águas superficiais, tanto na sua forma

original quanto na sua forma de metabólitos e conjugados. Os processos bioquímicos na

remoção desse e de tantos outros fármacos envolvem uma complexa via de transformação e

degradação dos mesmos e de suas FBA para compostos intermediários antes de serem

completamente mineralizados. Sendo assim, os esgotos domésticos tratados podem conter

quantidades remanescente da droga inalterada, das suas formas metabolizadas, conjugadas e

dos produtos da degradação microbiana.

Quintana et al. (2005) investigaram as vias de degradação biológica e seus metabólitos dos

analgésicos diclofenaco e cetoprofeno. Utilizaram um biorreator de membrana contendo 10

mgL-1 de sólidos totais de lodo de ETE e 20 mg.L-1 de cada fármaco visando a identificação

da produção de compostos intermediários da degradação biológica. Em 28 dias de operação, o

(31)

cetoprofeno. Além de degradado totalmente, a partir dele foi identificada a produção de dois

metabólitos, o 3-hidroxi-carboxi-metil e o 3-ceto-carboxi-metil.

Conforme apresentado a seguir na Tabela 3.2, a eficiência de remoção dos fármacos pode ser

afetada por diversos fatores, como: as propriedades físico-químicas do fármaco, o tipo de

tratamento empregado, a idade do lodo (tempo de retenção celular), o tempo de detenção

hidráulica e as condições ambientais.

Dentre os diversos tipos de tratamento biológico conhecidos, o sistema de lodos ativados foi o

mais pesquisado no comportamento dos fármacos em ETE. Isso se deve ao fato de que a

maior parte dos trabalhos foi realizada em países desenvolvidos que utilizam o processo como

principal forma de tratamento de esgotos domésticos. Com relação às remoções de micro

contaminantes pelo tratamento anaeróbio de esgotos domésticos, Brandt et al. (2013) foi a

única publicação encontrada até o presente momento que avaliou sistema de reator UASB

com associações.

De acordo com Aquino et al. (2013), a idade do lodo, que representa o tempo de retenção dos

sólidos suspensos (biomassa) no sistema, é um fator relevante na remoção biológica dos

fármacos e disruptores endócrinos (DE) em ETE, pois influencia os mecanismos de sorção

citados anteriormente. Quanto maior a idade do lodo, maior o tempo para sorção e

(32)

Tabela 3.2 Remoção de fármacos em processos biológicos de tratamento de esgotos no mundo

País Sistema de tratamento

Idade do lodo (dias) TDH (horas) Concentração entrada (ng.L

-¹) Remoção

Referên cia

EUA

Lodos ativados - - 216±294 CFA

1,4±1,8 SMX -230% 91% Bartlelt-Hunt et

al.

(2009)

Filtro biológico

percolador - - 255±48 SMX 115±24 AZT -246% 32%

E

spa

nh

a

Carrossel com

zonas aeróbias e anóxicas

20-22 48 288±252 DCF

129±80 AZT 70±99 SMX - 7% - 10% 86% Collado et al. (2014) S ué ci

a Lodos ativados

em carrossel com zonas aeróbias e anóxicas

8±2 35 230±9 DCF

22±2,5 OFN 230±10 CPFX

- 105% 13% 90%

Zorita et al.

(2009)

B

rasi

l

UASB – alagados

construídos - (UASB)-5,4

29,2

(AC) 35 ± 46,8 SMX 105,2 ± 81,3 DCF 64,5 ± 28,1

TMP 95,1 ± 75,5

BZF 100% SMX; 100% TMP -12,6% DCF; 72% BZF

Brandt et

al.

(2013)

UASB - Filtro biológico

percolador (rotosponge)

- 8,7

(UASB)-2,0 (FBP) 100% SMX; 47% TMP 24,7% DCF; 100%BZF

UASB - lagoas de

polimento - (UASB)- 11

130,4 (LP)

100% SMX; 100% TMP 100 % DCF;

100 % BZF

AZT - azitromicina; BZF – bezafibrato; DCF- diclofenaco; CPFX ciprofloxacina; CFA - cafeína; OFN – ofloxacina; SMX – sulfametoxazol; TMP- trimetoprima; UASB - reator anaeróbio de fluxo ascendente; AC - alagados construídos; FBP- filtro biológico percolador; LP- lagoas de polimento

A remoção dos fármacos no sistema de tratamento foi classificada por Collado et al. (2014)

de acordo com as seguintes faixas: 0-35% baixa remoção; 35-70% remoção média e acima de

(33)

efeito da liberação de fármacos de suas formas conjugadas (BARTLELT-HUNT et al. 2009;

COLLADO et al. 2014; OSORIO et al. .2014) e também como efeito de dessorção dos

fármacos aderidos às partículas de material orgânico do esgoto doméstico, em consequência

dos tratamentos efetuados nas ETE (ZORITA et al. 2009; BRANDT et al 2013). Esses

resultados, contudo, podem estar associados a incertezas analíticas decorrentes de flutuações

ambientais de campo (COLLADO et al, 2014).

Diferentemente dos compostos que apresentam uma elevada degradação microbiológica, o

diclofenaco não é totalmente removido nas estações de tratamento de esgotos que empregam

lodos ativados ou reatores UASB. Conforme apresentado na Tabela 3.2, as eficiências para os

fármacos, tanto na remoção quanto na produção, diferenciam-se entre as classes de

medicamentos e também entre as formas de tratamento biológico empregadas nas ETE.

O diclofenaco é um dos fármacos mais pesquisados nos esgotos domésticos e, devido a

complexibilidade da matriz e suas interações com o mesmo, as eficiências de remoção ou

produção apresentam grandes diferenças entre os trabalhos. De acordo com Zorita et al.

(2009), o processo de lodos ativados pesquisado promoveu um aumento de 105% na

concentração de diclofenaco em esgotos domésticos tratados. Ao avaliar também lodos

ativados, Bernabeau et al. (2011) encontrou uma eficiência de remoção de 70% para o mesmo

medicamento.

As variações nas eficiências, seja de remoção ou de produção, podem ocorrer devido às vias

de formação do diclofenaco nos processos de tratamento biológico em ETE (LEE et al. 2012).

Por exemplo, devido ao Kow de 4,3, o diclofenaco pode apresentar uma maior propensão à

adsorção na matéria orgânica suspensa e assim, com a hidrólise desse material suspenso,

poderá haver a liberação de compostos que estavam anteriormente adsorvidos nas partículas.

Bernabeu et al. (2011) avaliaram a remoção de fármacos (5 antibióticos, 2 analgésicos, 1

sedativo, 1 estimulante, 1 fungicida, 1 inseticida) em sistemas de lodos ativados na Espanha.

Os fármacos que apresentaram maiores eficiências de remoção foram os analgésicos

paracetamol e diclofenaco (98%), e o estimulante cafeína (99%). As remoções foram

medianas para os antibióticos trimetoprima (19%) e claritromicina (28%). Já o antibiótico

(34)

apresentaram nenhuma alteração na concentração durante o tratamento. Algumas eficiências

negativas foram verificadas para os antibióticos ofloxacino (36%), enrofloxacina (15%),

carbamazepina (43%) e o fungicida tiobendazol (18%).

Brandt et al. (2013) compararam sistemas simplificados de tratamento biológico para esgotos

domésticos e verificaram que o sistema que apresentou melhor eficiência de remoção foi o

reator UASB, seguido por lagoas de polimento. Esse fato foi justificado pelo elevado TDH

global do sistema, promovendo uma degradação biológica de compostos mais recalcitrantes, e

pela fotólise dos fármacos, devido à incidência da luz solar nas lagoas. O reator UASB

sozinho não foi capaz de promover uma remoção eficiente dos fármacos diclofenaco,

benzafibrato, sulfametoxazol e trimetoprima que, por possuírem características hidrofóbicas,

são menos degradáveis.

Entretanto, essa variabilidade de resultados de remoção de fármacos em sistemas biológicos

de tratamento repousa no fato de que o próprio processo de tratamento ainda não está

completamente compreendido, visto que não se sabe ao certo se a remoção é devida à

degradação biológica ou à capacidade de adsorção no lodo.

Os sistemas que apresentam uma maior capacidade de retenção de sólidos, como o de lodos

ativados, possuem uma maior eficiência de remoção quando comparados a outros sistemas,

como o filtro biológico percolador (BARTELT-HUNT et al 2009). Neste mesmo estudo, os

autores relataram uma correlação positiva entre as concentrações dos fármacos encontradas

nas águas superficiais, à jusante dos pontos de lançamento, e o maior teor de carga orgânica

no efluente final, lançado pelas ETE.

A maior parte das pesquisas recentes tem como objetivo principal a avaliação da

determinação das eficiências de remoção levando em consideração somente a diferença entre

a concentração do fármaco nos estágios inicial e final. Compostos inerentes aos sistemas de

tratamento de esgoto, como material orgânico e inorgânico, e a geração de produtos

intermediários, aliada às transformações químicas presentes no sistema, não tem sido

abordados na literatura por demandarem elevada complexidade de elaboração e interpretação

(35)

Tendo em vista que o efluente de ETE pode constituir uma importante fonte de aumento de

carga de determinados fármacos no meio ambiente, a EEA (2010) tem incentivado pesquisas

com tratamento avançado em esgotos domésticos objetivando a redução de substâncias ativas

remanescentes e de seus metabólitos no efluente, seja com a utilização de carvão ativado, pela

oxidação avançada ou através da radiação ultravioleta (UV).

3.4 Aplicação da radiação ultravioleta como pós-tratamento de

esgotos domésticos

A aplicação da radiação UV em esgotos domésticos e industriais tem crescido nos últimos

anos devido ao seu grande potencial de desinfecção (PABLOS et al.,2013) e de remoção de

compostos orgânicos de efluentes industriais através da oxidação (NASUHOGLU et al.

2011).

A Figura 3.2 apresenta o espectro eletromagnético dos comprimentos de onda entre 100 a 400

nm na região do ultravioleta, subdivididos em UV vácuo, UV-C, UV-B e UV-A. Cabe

ressaltar que quanto menor o comprimento de onda maior será a energia emitida. Essa

emissão é realizada na forma de fótons, por meio da aplicação de uma corrente elétrica sobre

uma mistura de gases contida na lâmpada.

O comprimento de onda específico do fóton emitido pela luz depende da composição

elementar do gás e da potência da lâmpada. Em geral, todas as lâmpadas UV utilizadas em

tratamento de água e esgoto contêm vapor de mercúrio como gás de preenchimento. Ao emitir

luz no comprimento de onda germicida, o vapor de mercúrio possui uma vantagem de

aplicação em processos de desinfecção (EPA, 1998).

As lâmpadas de mercúrio podem ser classificadas como de baixa e média pressão de vapor, de

acordo com a concentração do mercúrio dentro delas. As de baixa pressão operam com

pressão próxima ao vácuo (0,1379 a 13,79 Pa) e com temperatura moderada de 40º C, que

produz um comprimento de onda essencialmente monocromático de 253,7 nm. Já nas

lâmpadas de média pressão, a pressão de vapor do gás é maior (1379 a 1387900 Pa) e opera

(36)

Figura 3.2 Faixas do espectro eletromagnético da luz

A maior parte das pesquisas sobre os efeitos da radiação UV, geralmente UVA e UVB, busca

a compreensão dos mecanismos fotoquímicos envolvidos na persistência e destino dos

fármacos em águas superficiais e em pequenas estações solares de pós-tratamento de esgotos

domésticos. Michael et al. (2012) avaliaram a fotodegradação da trimetoprima sob luz solar e

encontraram uma eficiência baixa de 20% de remoção do composto em 500 minutos de

exposição solar.

A radiação ultravioleta, especialmente na faixa <280 nm, é usualmente utilizada para a desinfecção de águas de abastecimento, e seu uso vem aumentando (NASUHOGLU et al.

2011). A aplicação da radiação UV na região espectral C, ou seja, no comprimento de onda de

254 nm, também tem sido amplamente empregada em processos industriais para a oxidação

de diversos compostos orgânicos, como águas residuárias de indústrias farmacêuticas com

elevadas concentrações hormonais.

O processo de fotólise ou fotodegradação pode ocorrer de maneira direta ou indireta. A forma

direta é observada quando os fótons emitidos com a radiação incidente são absorvidos pela

molécula do fármaco promovendo a clivagem de ligações química entre os átomos. Na forma

indireta, algumas moléculas presentes no meio são excitadas pela radiação incidente e, após a

Raios gama Raio-X Visível

Infra-vermelho

(37)

quebra das mesmas, um elétron permanece em cada fragmento com a formação de radicais

que podem agir na degradação dos microcontaminantes (KEENa et al. 2013).

Tendo em vista a crescente aplicação desse processo, muitos estudos estão sendo direcionados

com um intuito de avaliar a degradação de vários compostos orgânicos através da fotólise e

também por processos combinados como a fotocatálise heterogênea.

3.5 Fotocatálise heterogênea aplicada ao tratamento de esgotos

domésticos

Os processos oxidativos avançados (POA) têm merecido destaque devido à sua alta eficiência

na degradação de inúmeros compostos orgânicos. Sua ação consiste na geração de radicais

hidroxilas (°OH) altamente oxidantes, de vida curta, não seletivos e capazes de mineralizar

inúmeros compostos orgânicos, convertendo-os em dióxido de carbono, água e sais orgânicos.

Esses radicais são formados por processos que podem ser classificados em sistemas

homogêneos ou heterogêneos, conforme a ausência ou a presença de catalisadores na forma

sólida, além de poderem estar ou não sob efeito da radiação.

Dentre os POA clássicos estão o reagente Fenton, foto-Fenton, a ozonização, a fotocatálise

heterogênea além de outros, sendo que todos eles são conhecidos pela capacidade em

degradar compostos recalcitrantes. A associação da radiação UV com um semicondutor,

normalmente o dióxido de titânio (TiO2), recebe o nome de fotocatálise heterogênea e é um

conhecido processo de oxidação avançada.

Várias pesquisas sugerem que a fotocatálise heterogênea (UV-TiO2) seja um POA promissor

no tratamento de esgotos domésticos para a remoção de micro contaminantes. Uma grande

vantagem do dióxido de titânio é o fato dele ser um material inerte e com disponibilidade no

mercado, possibilitando a operação em diversas faixas de pH (MIRANDA-GARCÍA et al.

2010; CARBONARO et al. 2013; PRIETO-RODRÍGUEZ et al. 2013).

A Figura 3.3 apresenta um desenho esquemático do processo da fotocatálise heterogênea.

Nela, pode-se perceber a geração de radicais hidroxilas a partir da excitação do semicondutor

pelo fóton emitido da radiação UV, fazendo com que um elétron migre da banda de valência

(38)

semicondutor, levando à formação de sítios redutores e sítios oxidantes, assim como à geração

de radicais hidroxila.

Figura 3.3 Representação esquemática do processo de fotocatálise heterogênea

E n er g ia REDUÇÃO Aceptor Aceptor° -OXIDAÇÃO Doador Doador°+

O2(adsorção) (redução)

Oxidação

Adsorção

Degradação posterior

Fonte: Adaptado Malato et al. (2009)

A importância efetiva da fotólise na remoção de microcontaminantes do esgoto pode ser

avaliada comparando o espectro de absorbância dos compostos alvo com o espectro de

emissão da radiação utilizada. Se os compostos absorverem fótons emitidos pela faixa de

trabalho da lâmpada, as moléculas dos fármacos-alvo e o próprio catalisador irão competir

pela radiação, podendo haver um predomínio da fotólise ou fotocatálise heterogênea

(BAYARRI et al. 2007).

A utilização da fotocatálise heterogênea na faixa de radiação solar (UV-ABC 12,5 W/L) foi

avaliada por Bernabeau et al. (2011). O autores verificaram que nesse comprimento de onda o

processo pode representar uma alternativa atrativa para remoção de contaminantes emergentes

em sistemas de tratamento de esgotos de menor escala. Nesse sistema, a cafeína, o

paracetamol e o diclofenaco apresentaram eficiências de remoção elevadas entre 99, 98 e

70%. Entretanto, outros fármacos como a eritromicina, a ofloxacina, a enrofloxacina, e a

carbamazepina não apresentaram remoção no sistema.

A característica de não-seletividade aos compostos-alvos, seja pela formação de sítios

redutores/oxidantes ou pela geração de radicais hidroxila, torna-se um problema quando se

Imagem

Figura 3.1. Pontos de lançamento de fármacos no meio ambiente por meio da cadeia  produtiva farmacêutica
Figura 3.3 Representação esquemática do processo de fotocatálise heterogênea
Tabela 4.1 Características físicas e de projeto do sistema de tratamento biológico
Figura 4.2 Foto do aparato experimental. Reator UASB e filtro biológico percolador (a) e  fotorreator de lâmpadas emersas (b)
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