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Escolas de ensino médio profissionalizante no Ceará: uma análise de desempenho acadêmico

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Academic year: 2017

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(1)

Silvia Viana Pannuti

ESCOLAS DE ENSINO MÉDIO PROFISSIONALIZANTE NO

CEARÁ: UMA ANÁLISE DE DESEMPENHO ACADÊMICO

(2)

Escolas de ensino médio profissionalizante no Ceará: uma análise

de desempenho acadêmico

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Gestão de Educação Pública

Orientador: Prof. Dr. Eduardo de Carvalho Andrade – Insper

Co-orientador: Prof. Dr. Nilton Deodoro Moreira Cardoso Junior - Insper

(3)

Pannuti, Silvia Viana

Escolas de ensino médio profissionalizante no Ceará: uma análise de desempenho acadêmico / Silvia Viana Pannuti; orientador: Eduardo de Carvalho Andrade; co-orientador: Nilton Deodoro Moreira Cardoso Junior– São Paulo: Insper, 2014.

69 f.

Dissertação (Mestrado – Programa de Mestrado Profissional em Administração. Área de concentração: Gestão da Educação Pública Fundamental) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa.

(4)

FOLHA DE APROVAÇÃO

Silvia Viana Pannuti

Escolas de ensino médio profissionalizante no Ceará: uma análise de desempenho acadêmico

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Administração do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração.

Área de concentração: Gestão de Educação Pública

Aprovado em: 22/07/2014

Banca Examinadora

Prof. Dr. Eduardo de Carvalho Andrade Orientador

Instituição: Insper Assinatura: _________________________

Prof. Dr. Nilton Deodoro Moreira Cardoso Junior Co-orientador

Instituição: Insper Assinatura: _________________________

Prof. Dr. Rodrigo Moita

Instituição: Insper Assinatura: _________________________

Profª Dra. Priscilla Albuquerque Tavares

(5)

Dedico este trabalho a meus pais, que sempre guiaram e incentivaram minha formação

acadêmica e são grandes exemplos de dedicação à educação, cada um em sua área.

Dedico-o também ao meu marido Alexandre, cujo apoio foi muito importante nessa fase, e

(6)

Agradeço aos professores Eduardo de Carvalho Andrade e Nilton Deodoro Moreira Cardoso

Junior pela ajuda na realização deste trabalho. A disponibilidade e suporte do Nilton na parte

quantitativa foram essenciais.

Agradeço a Pedro Villares pelas ideias e também pelo apoio na busca de possibilidades de

pesquisa e contatos.

Um agradecimento especial à Secretaria da Educação do Estado do Ceará, em especial ao

Professor Maurício Holanda Maia, Professor Daniel Lavor e Adriana Xavier de Santiago.

Sem seu apoio, presteza e competência eu não teria conseguido as informações fundamentais

(7)

PANNUTI, Silvia Viana. Escolas de ensino médio profissionalizante no Ceará: uma

análise de desempenho acadêmico. 2014. 69 f. Dissertação (Mestrado) – Insper Instituto de

Ensino e Pesquisa, São Paulo, 2014.

O objetivo desta dissertação é avaliar o programa de ensino médio profissionalizante em

tempo integral desenvolvido no Estado do Ceará, do ponto de vista de desempenho acadêmico

dos alunos. Através das metodologias de regressão com dados em painel de dois períodos e

pareamento foi comparada a variação no desempenho em testes padronizados de língua

portuguesa e matemática dos alunos que frequentaram escolas regulares e dos alunos que

frequentaram as escolas profissionalizantes em tempo integral. A comparação foi feita entre o

9o ano do ensino fundamental e 3o ano do ensino médio. Os resultados sugerem que, em geral,

os alunos que frequentaram as escolas profissionalizantes tiveram variação superior no

desempenho. No entanto, na presença da variável de controle relacionada aos pares o efeito

do tipo de escola se altera, possivelmente devido a um problema de endogeneidade na variável utilizada para mensurar as características dos pares.

(8)

PANNUTI, Silvia Viana. Ceará’s technical high schools: an academic performance

analysis. 2014. 69 f.. Dissertation (Mastership) – Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, São

Paulo, 2014.

The presente study aims to evaluate the academic performance achieved by public school

students who took part in an educational programme developed by the State of Ceará, related

to full-time vocational education. The evolution in scores in standardized portuguese and

mathematics tests was evaluated using two different methods: two-period panel data analysis

and matching. The treated group was composed by students who attended the fulltime

vocational schools and the control group attended regular schools. The time frame of the

study was from 2008 (when students were in the last year of middle school) to 2011 (last year

of high school). Results suggest that the students who attended full-time vocational schools

present a better performance compared to students from regular schools, measured by the

evolution in scores. However, when a control variable related to peer effects is included in the

model the results change, probably due to an endogeneity problem in the variable used to

measure the peer effects.

(9)

TABELA  1  –  ESCALA  DO  SPAECE  ...  17  

TABELA  2  -­‐  DADOS  2008  ...  28  

TABELA  3  -­‐  DADOS  2011  ...  29  

TABELA  4  -­‐  DADOS  2008  E  2011  AGRUPADOS  ...  30  

TABELA  5  -­‐  COMPARAÇÃO  ÍNDICE  SOCIOECONÔMICO  ...  32  

TABELA  6  -­‐  CORRELAÇÕES  ENTRE  VARIÁVEIS  (APENAS  CONTÍNUAS)  ...  34  

TABELA  7  -­‐  COMPARAÇÃO  DAS  NOTAS  MÉDIAS  DE  LÍNGUA  PORTUGUESA  EM  2011  E  2008  ...  42  

TABELA  8  -­‐  COMPARAÇÃO  DAS  NOTAS  MÉDIAS  DE  MATEMÁTICA  EM  2011  E  2008  ...  43  

TABELA  9  -­‐  RESULTADOS  DADOS  EM  PAINEL  -­‐  MATEMÁTICA  ...  45  

TABELA  10  -­‐  RESULTADOS  PAREAMENTO  E  DIFERENÇAS  EM  DIFERENÇAS  -­‐  MATEMÁTICA  ...  49  

TABELA  11  -­‐  PAREAMENTO  -­‐  ESTATÍSTICAS  DESCRITIVAS  ...  50  

TABELA  12  -­‐  COMPARAÇÃO  NOTAS  MÉDIAS  DE  MATEMÁTICA  -­‐  PAREAMENTO  ...  51  

(10)
(11)

1  INTRODUÇÃO  ...  11  

2  AS  ESCOLAS  ESTADUAIS  DE  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  –  EEEPs  ...  14  

3  REVISÃO  DA  LITERATURA  ...  17  

4  HIPÓTESE  E  METODOLOGIA  ...  22  

4.1  Hipótese  ...  22  

4.2  Base  de  Dados  ...  23  

4.3  Descrição  de  Variáveis  ...  24  

4.3.1  Variável  dependente  ...  24  

4.3.2  Variável  independente  de  interesse  ...  24  

4.3.3  Variáveis  independentes  de  controle  ...  24  

4.3.3.1  Variáveis  individuais  dos  alunos  ...  24  

4.3.3.2  Variáveis  familiares  (socioeconômicas)  dos  alunos  ...  25  

4.3.3.3  Variável  relativa  aos  pares  ...  26  

4.3.3.4  Variáveis  relacionadas  a  escola  e  professores  ...  26  

4.4  Análise  Descritiva  ...  27  

4.5  Os  modelos  utilizados  ...  34  

4.5.1  Modelo  de  Painel  de  Dois  Períodos  ...  36  

4.5.2  Pareamento  e  Diferenças  em  Diferenças  ...  39  

4.5.3  Pareamento  e  Corte  Transversal  ...  40  

5  RESULTADOS  ...  41  

5.1  Análise  das  médias  ...  41  

5.1.1  Língua  Portuguesa  ...  41  

5.1.2  Matemática  ...  43  

5.2  Análise  de  Dados  de  Painel  de  Dois  Períodos  ...  44  

5.2  Pareamento  e  Diferenças  em  Diferenças  ...  47  

5.4    Pareamento  e  Corte  Transversal  ...  49  

(12)
(13)

1  INTRODUÇÃO  

O nível de educação de um país é muito importante tanto do ponto de vista econômico como

social, impactando renda, taxas de criminalidade, saúde, empregabilidade, participação

democrática, além de crescimento econômico e produtividade do país. As pessoas com maior

grau de escolaridade têm maior acesso a empregos e maiores salários individuais.

Adicionalmente, a escolaridade contribui para a redução das diferenças sociais. (MENEZES

FILHO, 2007) (FELÍCIO & FERNANDES, 2003). No caso específico do Brasil, estudo

recente demonstrou a relação positiva entre as notas em exames de proficiência no final do

ensino médio e os salários obtidos pelos jovens no mercado de trabalho cinco anos depois da

conclusão do ensino médio (CURI & MENEZES FILHO, 2014).

No Brasil a necessidade de melhora na qualidade da educação pode ser expressa através da

posição do Brasil no ranking do exame PISA 2009, no qual a nota de proficiência em leitura

do Brasil foi de 401, comparado com média OECD de 493, colocando o país no 55o lugar no

ranking, atrás de vários países com renda per capita similar à brasileira (www.pisa.oecd.org).

(Anuário Brasileiro da Educação Básica, 2013).

Dado que esse esforço de melhora da qualidade da educação pública ocorre em nível mundial,

foram realizados muitos estudos na área de economia da educação, em vários países, visando

aprofundar o conhecimento a respeito do processo de educação (MIZALA, ROMAGUERA,

& FARREN, 2002) (MANCEBON & MOLINERO, 2000) (WORTHINGTON, 2001)

(MURNANE, 1981). O objetivo desses trabalhos é aprofundar o entendimento dos fatores

determinantes do desempenho escolar e estabelecer uma alocação ótima de recursos, visando

maximizar a eficiência dos investimentos públicos nessa área.

A função de produção em educação, que será descrita na revisão de literatura, tem como

produto o desempenho acadêmico dos alunos e como insumos variáveis relativas aos

indivíduos e suas famílias e relativas às características das escolas e seus professores

(14)

Diversos estudos mostraram que os atributos escolares têm menor influência no desempenho

acadêmico dos alunos do que os atributos familiares (MURNANE, 1981) (HANUSHEK,

1979). No entanto, apenas os insumos escolares podem ser controlados pelas políticas

educacionais e isso motivou a realização de diversos trabalhos acadêmicos visando

estabelecer quais a variáveis escolares mais relevantes para aumentar o desempenho

acadêmico dos alunos (BIONDI & FELICIO, 2007).

Dentre as diversas variáveis escolares, estados brasileiros como Pernambuco, Ceará, Rio de

Janeiro e São Paulo estão investindo no aumento da carga horária dos alunos na escola como

instrumento para melhorar o rendimento escolar (MAGALHÃES, 2008). A duração do

período escolar varia muito entre os países da OCDE e estudos anteriores mostraram que a

relação entre horas na escola e desempenho escolar é estatisticamente significante e positiva,

embora a magnitude do efeito seja relativamente pequena (BELLEI, 2009). Estudos

realizados no Brasil mostraram que o número de horas na escola é um dos poucos insumos

escolares que tem efeito positivo no desempenho (MENEZES FILHO, 2007).

O objetivo desse trabalho é testar a eficácia da política pública de um programa de ensino

médio profissionalizante em tempo integral no Estado do Ceará. A escolha do Ceará deve-se

ao fato desse estado ter se destacado dentre os outros estados brasileiros em termos de

execução de políticas educacionais nos últimos anos, com resultados refletidos na evolução no

IDEB12 . O Estado possui quase 100 escolas nesse modelo de tempo integral, todas com

ensino profissionalizante. Essas escolas de educação profissional são denominadas EEEPs.

A hipótese testada é se o tipo de escola de ensino médio frequentada pelos alunos (regular ou

EEEP) tem influência no desempenho acadêmico destes. O desempenho acadêmico é

mensurado através da variação das notas em provas padronizadas de língua portuguesa e

matemática e espera-se que essa relação seja positiva, ou seja, que os alunos das EEEPs

apresentem desempenho acadêmico superior. Apesar da carga horária de formação geral das

escolas regulares e EEEPs ser a mesma, espera-se que o desempenho acadêmico dos alunos

das EEEPs possa ser beneficiado pelas iniciativas de aperfeiçoamento gerencial e de

acompanhamento mais próximo de cada aluno. Adicionalmente, o fato desses alunos

1

Índice de Desenvolvimento da Educação Básica

2

(15)

permanecerem mais tempo no ambiente escolar também poderia trazer benefícios em termos

de desempenho acadêmico.

Murnane definiu alguns critérios relevantes para um estudo possibilitar uma análise acurada

de um sistema de ensino. Dentre eles estão a utilização do progresso dos alunos como medida

de desempenho acadêmico, ao invés do nível de desempenho em um momento específico, a

inclusão de características dos pares e dos professores, uso do indivíduo como unidade de

mensuração (ao invés de escolas ou cidades), entre outros (MURNANE, 1981). O presente

estudo busca atender a maior parte desses requisitos, como será descrito na seção de

metodologia.

Para testar a hipótese foi inicialmente escolhido um modelo estatístico amplamente utilizado

em estudos a respeito de análise de políticas públicas e mais especificamente de desempenho

acadêmico: dados em painel de dois períodos. O resultado do modelo indica que o tipo de

escola tem um impacto positivo na variação das notas dos alunos entre o 9o ano do ensino

fundamental e o 3o ano do ensino médio. Entretanto, na presença da variável de controle

relativa a nota média da escola nas provas padronizadas (utilizada como variável relacionada

aos pares) esse efeito passa a ser negativo. Uma possível endogeneidade dessa variável

relativa aos pares levou à utilização de mais dois modelos: pareamento associado a diferenças

em diferenças e pareamento como base para uma análise de corte transversal. Os resultados

dos modelos são muito semelhantes e indicam que o tipo de escola tem um impacto positivo

na variação das notas dos alunos entre o 9o ano do ensino fundamental e o 3o ano do ensino

médio, porém a presença da variável relativa aos pares altera o coeficiente.

Ao realizar a análise dessa política educacional do Estado do Ceará busca-se uma

contribuição prática, pois a mensuração da eficácia dessa política do ponto de vista de

desempenho acadêmico dos alunos poderá ser útil na discussão a respeito de uma ampliação

desse tipo de programa no Brasil.

(16)

No Capítulo 3 uma revisão da literatura indicará, com base nos estudos já realizados no Brasil

e no exterior, quais os fatores que afetam o desempenho acadêmico e quais abordagens já

foram utilizadas para mensurá-los.

O capítulo 4 descreverá a hipótese a ser testada e a metodologia utilizada, além de discorrer

sobre a base de dados e variáveis.

No capítulo 5 serão discutidos os resultados da análise estatística.

No capítulo 6 serão apresentadas as conclusões.

2  AS  ESCOLAS  ESTADUAIS  DE  EDUCAÇÃO  PROFISSIONAL  –  EEEPs  

Em 2008 o governo do Estado do Ceará criou a rede estadual de Escolas de Educação

Profissional (EEEPs), visando complementar a oferta do ensino médio com uma formação

profissional técnica. Os cursos ofertados foram inicialmente Informática, Enfermagem, Guia

de Turismo e Segurança do Trabalho e posteriormente se expandiram para incluir Edificações,

Comércio, Finanças, Produção de Moda, Estética, Massoterapia, Meio Ambiente,

Aquicultura, Agroindústria, Administração, Secretariado, Contabilidade, Hospedagem e

Modelagem do Vestuário. Em 2011 o Ceará possuía 361.733 alunos no ensino médio e 23.962

deles frequentavam EEEPs (6,6% do total). Para maiores detalhes ver Anexo 2.

As escolas funcionam em tempo integral e oferecem três refeições diárias aos alunos. A maior

parte das escolas possui laboratórios e biblioteca. No 3o ano do ensino médio os alunos fazem

estágios supervisionados obrigatórios em empresas e instituições, sem ônus para estas, pois o

governo arca com todos os custos (bolsa-estágio, vale-transporte, entre outros).3

Todos os cursos de ensino médio nas EEEPs têm um total de 5.400 horas (somando-se os três

anos) e estão divididos em 2.620 horas de formação geral (currículo padrão, igual ao das

escolas regulares, com disciplinas como matemática, português, história, entre outras) e 2.780

horas de formação profissional. A composição das horas de formação profissional depende do

3

(17)

curso. Elas incluem uma carga de aulas teóricas (variando de 800 a 1.200 horas, a depender

do curso) e horas do estágio curricular (que varia de 50% da carga horária para os cursos

ligados a saúde a 25% para os demais cursos). O restante das horas é preenchido com a parte

diversificada do currículo (horário de estudo e atividades como “Projeto de Vida,” “Formação

para a Cidadania”, “Mundo do Trabalho” e “Projetos Interdisciplinares”). No Anexo 3 temos

um exemplo de matriz detalhada de um dos cursos. A título de comparação, a carga horária

total do ensino médio regular diurno é de 3.000 horas e do ensino médio regular noturno é de

2.400 horas.

As EEEPs têm dois tipo de professores: de formação geral e de formação profissional. Os

professores de formação geral podem ser concursados ou temporários e sua seleção, avaliação

e remuneração são idênticas às dos professores das escolas regulares. A principal diferença

entre eles e os professores das escolas regulares é que os professores das EEEPs devem

obrigatoriamente trabalhar com exclusividade e em tempo integral nas escolas, permanecendo

nas escolas no mesmo período que os alunos (das 7 às 17 horas). De acordo com a Secretaria

da Educação do Estado do Ceará (SEDUC) essa permanência dos professores em tempo

integral nas escolas faz com que eles estejam mais presentes no dia a dia dos alunos e também

torna a coordenação e supervisão, por parte dos diretores e coordenadores, mais eficiente. Os

professores da formação profissional possuem um vínculo trabalhista diverso (contrato

regulado pela CLT4) e não são selecionados através de concurso público.5

Os diretores das EEEPs passam por um processo seletivo diferente dos outros diretores

escolares, podendo ou não ser originários dos quadros da SEDUC. As EEEPs também contam

com um núcleo gestor da escola, composto por três membros responsáveis pelo treinamento

dos professores. 6

O planejamento é feito em conjunto entre os professores de formação geral e formação

profissional, visando alcançar sinergias entre as áreas. Desse modo, durante o ensino técnico

os alunos utilizam conceitos da formação geral (por exemplo, alunos do curso técnico de

edificações usam muitos conceitos de geometria). Apesar de o número de horas-aula de língua

portuguesa e matemática ser o mesmo das escolas regulares, os alunos das EEEPs estão em

4

Consolidação das Leis do Trabalho

5

Informaçoes baseadas em conversas informais com a SEDUC

6

(18)

contato com os conceitos dessas disciplinas por um maior tempo dadas as demandas dos

cursos profissionalizantes. Esse fato poderia explicar um desempenho acadêmico diferente

dos alunos das EEEPs.7

O Estado do Ceará conta com o apoio do Instituto de Co-Responsabilidade pela Educação –

ICE – uma entidade privada sem fins lucrativos que desde 2000 desenvolve iniciativas

visando a melhoria na qualidade da educação pública em parceria com instituições

governamentais e privadas. O ICE contribui no processo de implantação da metodologia

pedagógica e de técnicas gerenciais nas escolas. No caso das EEEPs, as técnicas gerenciais

incluem estabelecimento de metas de desempenho claras e mensuráveis para a direção, alunos

e professores. Adicionalmente, é realizado um trabalho diferenciado com os alunos através do

desenvolvimento do que se chama de “Projeto de Vida”, aliado a um “Plano de Carreira”.

Com o auxílio dos educadores cada aluno define quais as suas aspirações

pessoais/profissionais (metas claras e objetivas), faz um diagnóstico pessoal (análise de seus

valores, qualidades e habilidades) e faz uma análise dos recursos que possui e os que deve

desenvolver para realizar suas metas, finalizando com um plano para cinco a dez anos

(MAGALHÃES, 2008).

Um fator importante na implementação das políticas educacionais é o desenvolvimento de

ferramentas de avaliação dos alunos e escolas. Desde 1992 o Governo do Estado do Ceará,

por meio da SEDUC, vem utilizando o Sistema Permanente de Avaliação da Educação Básica

do Ceará – SPAECE. O SPAECE é uma avaliação externa em larga escala que avalia as

competências e habilidades dos alunos do ensino fundamental e do ensino médio, em língua

portuguesa e matemática. As informações coletadas a cada avaliação identificam o nível de

proficiência e a evolução do desempenho acadêmico dos alunos. A avaliação é realizada de

forma censitária e universal, abrangendo as escolas estaduais e municipais. São utilizados

testes, com itens elaborados pelos professores da rede pública, tendo como orientação os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ministério da Educação (MEC) e os

Referenciais Curriculares Básicos (RCB) da SEDUC. São aplicados também questionários

contextuais, investigando dados socioeconômicos e hábitos de estudo dos alunos e o perfil e

prática dos professores e diretores.

7

(19)

A partir de 2007 a abrangência do SPAECE foi ampliada, incorporando a avaliação da

alfabetização e expandindo a avaliação do ensino médio para as três séries de forma

censitária. A avaliação do ensino médio envolve todas as escolas da rede estadual de ensino,

localizadas nos 184 municípios cearenses.

Na Tabela 1 está descrita a escala do SPAECE, que é diferente para matemática e língua

portuguesa e também varia de acordo com o ano escolar avaliado. As notas variam de zero

(menor nota) a 500 (maior nota).

Tabela 1 – Escala do SPAECE

Fonte: Boletins SPAECE – Secretaria da Educação do Ceará (http://www.spaece.caedufjf.net)

A informação a respeito das notas de língua portuguesa e matemática será tratada através de

transformação linear devido a diferença de escalas decorrente da matéria (língua portuguesa

ou matemática) e do período (9o ano ensino fundamental ou 3o ano ensino médio). A

metodologia a esse respeito será detalhada na Seção 4.3.1.

Apesar da carga horária de formação geral das escolas regulares e EEEPs ser a mesma,

espera-se que o desempenho acadêmico dos alunos das EEEPs possa ser beneficiado pelas

inciativas de aperfeiçoamento gerencial e de acompanhamento mais próximo de cada aluno.

Adicionalmente, o fato desses alunos permanecerem mais tempo no ambiente escolar também

poderia trazer benefícios em termos de desempenho acadêmico.

(20)

A necessidade de melhoria da qualidade da educação globalmente fez com que muitos

acadêmicos se debruçassem nessa questão. No campo da economia da educação, buscou-se

definir uma relação entre o desempenho acadêmico dos alunos e os fatores que influenciam

esse desempenho, na forma de uma função de produção em educação, visando auxiliar na

alocação de recursos das políticas públicas (HANUSHEK, 1979) (BIONDI & FELICIO,

2007). O presente trabalho se baseia na literatura a respeito de função de produção em

educação para analisar a política pública de ensino profissionalizante em tempo integral do

Estado do Ceará.

Conceitualmente, uma função de produção deve determinar o maior produto possível dado

um conjunto de insumos (HANUSHEK, 1979). Algumas premissas da teoria da firma são

questionáveis no caso da educação, especialmente no que se refere à eficiência. Os indivíduos

responsáveis pelas decisões na área de educação não são guiados por incentivos para

maximizar lucros ou minimizar custos. Adicionalmente, eles não têm conhecimento completo

do processo de produção, como no caso de uma indústria, por exemplo, portanto não se pode

esperar que eles estejam na fronteira eficiente de produção (HANUSHEK, 1986). Diversos

estudos da função de produção em educação indicam que a função de produção não determina

exatamente a relação esperada entre variáveis definidas por políticas educacionais e o

desempenho acadêmico dos alunos. Dentre as razões encontradas na literatura para essa

distorção na relação de produção está a possibilidade de a premissa de eficiência no processo

não ser verdadeira.

Existe uma ampla discussão a respeito de qual seria o produto do processo de educação.

Como a educação tem o papel de transformar o indivíduo e deixá-lo mais apto para o mercado

de trabalho, participar na sociedade, consumir com maior consciência, entre outros elementos,

o produto da educação seria a medida de como ela afeta o futuro do indivíduo como um todo.

No entanto, é muito difícil fazer essa mensuração ampla, inclusive porque o resultado dos

estudos na vida futura do indivíduo não pode ser medido contemporaneamente ao processo de

educação. Portanto, a maior parte dos estudos define produto como os resultados de testes

padronizados (HANUSHEK, 1986) (FELÍCIO & FERNANDES, 2003) (PORTELA &

(21)

Idealmente as notas dos testes padronizados devem ser complementadas por medidas dos

efeitos de longo prazo da escolaridade, como a renda, que tem um impacto mais direto sobre o

bem-estar dos indivíduos. O fato de estudos terem mostrado uma correlação positiva entre

notas de testes de matemática e renda dos indivíduos reforça a possibilidade de usar as notas

como resultado do processo de educação (BETTS, 1996). No caso específico do Brasil,

estudo recente demonstrou a relação positiva entre as notas em exames de proficiência no

final do ensino médio e os salários obtidos pelos jovens no mercado de trabalho cinco anos

depois de concluírem o ensino médio (CURI & MENEZES FILHO, 2014). As pesquisas

anteriores mencionadas acima levaram à escolha do desempenho nos testes padronizados de

língua portuguesa e matemática como variável independente no presente trabalho.

A medida de desempenho acadêmico é aprimorada ao se utilizar a evolução das notas nos

testes padronizados ao longo do tempo ao invés de usar apenas um dado (MURNANE, 1981).

Isso será feito nesse estudo, que utilizará a evolução da nota entre o 9o ano do ensino

fundamental e 3o ano do ensino médio como medida de desempenho acadêmico.

Os insumos da função de produção em educação são diversos, alguns controláveis pelas

políticas públicas e outros não controláveis. Em educação, os insumos são “cumulativos”, ou

seja, insumos passados têm um efeito que se estende ao futuro. Eles podem ser agrupados em

(i) individuais, (ii) familiares, (iii) relativos aos pares, (iv) escolares e relativos aos

professores. Eles interagem entre eles e também com o potencial de aprendizado de cada

aluno, que é uma habilidade inata de difícil mensuração (HANUSHEK, 1986).

Insumos individuais se referem a características dos alunos como gênero e raça. Insumos

familiares estão relacionados às condições socioeconômicas das famílias (educação dos pais,

renda, entre outros). Os insumos relativos aos pares agregam características socioeconômicas,

dentre outras, dos outros alunos da escola. Os insumos escolares podem ser divididos em

características da escola (infraestrutura, tamanho das classes, nível de despesas

administrativas e educacionais) e características dos professores (formação escolar,

(22)

As variáveis socioeconômicas são as que mais afetam o desempenho acadêmico dos alunos.

Essa constatação ocorreu inicialmente a partir do Relatório Coleman, um estudo realizado nos

Estados Unidos nos anos 60 que visava analisar a segregação racial no sistema educacional

norte-americano e concluiu que a diferença de desempenho acadêmico entre alunos negros e

brancos devia-se mais às diferenças socioeconômicas de suas famílias e comunidades do que

às diferenças de qualidade das escolas. A principal conclusão do Relatório Coleman foi que os

insumos escolares têm fraca relação com desempenho dos alunos nos testes padronizados

(FELÍCIO & FERNANDES, 2003) (BETTS, 1996). Geralmente alunos de famílias mais

pobres tem desempenho acadêmico inferior aos de famílias mais ricas (MIZALA,

ROMAGUERA, & FARREN, 2002) (HANUSHEK, 1986) (MENEZES FILHO, 2007).

Adicionalmente, as famílias com maior nível de renda e educação tendem a valorizar mais a

educação e consequentemente buscar escolas de maior qualidade para seus filhos,

estabelecendo uma correlação positiva entre condição socioeconômica das famílias e

qualidade da escola frequentada pelos seus filhos (HANUSHEK & TAYLOR, 1990).

A análise das características dos pares vem sendo um foco relevante de estudos dada a

possibilidade da composição do grupo potencializar efeitos de algumas políticas públicas. A

composição do grupo pode implicar na probabilidade de um aluno poder ensinar outros e

também no comportamento dos professores perante os alunos. Entretanto deve-se destacar a

complexidade dessas análises, dado que os indivíduos são selecionados para o grupo em parte

devido às características não observáveis (como capacidade cognitiva) e adicionalmente

existe um problema de viés de seleção (como por exemplo o interesse dos pais que os filhos

estudem em determinada escola). Pode-se perguntar, por exemplo, se o desempenho de um

grupo é bom porque cada membro é bom individualmente ou porque o grupo é bom. O efeito

do grupo nas escolas, já amplamente estudado, tem esse viés de seleção destacado

(auto-seleção), pois as famílias dos bons alunos naturalmente procuram melhores escolas. Estudos

anteriores tendem a focar em variáveis como gênero (masculino ou feminino), raça, renda

familiar e desempenho escolar passado, entre outras, para analisar o efeito do grupo e

mostram que existe uma influência do grupo no desempenho escolar de seus membros

(HOXBY, 2000) (McEWAN, 2003) (MURNANE, 1981). Nesse estudo será utilizada como

variável para mensurar características dos pares o desempenho escolar médio da escola

frequentada pelo aluno, que de acordo com a literatura é positivamente relacionado ao

(23)

demonstraram que variáveis relacionadas ao nível de renda médio das famílias das crianças

que atendem a determinada escola também são utilizadas e indicam que a renda média das

famílias é positivamente relacionada ao desempenho dos alunos (MURNANE, 1981), porém

esses dados não estavam disponíveis para o presente estudo.

Como mencionado anteriormente, diversos estudos mostraram que os atributos escolares têm

menor influência no desempenho acadêmico dos alunos do que os atributos familiares. No

entanto, apenas os insumos escolares podem ser controlados pelas políticas educacionais e

isso motivou a realização de muitos trabalhos acadêmicos visando estabelecer quais as

variáveis escolares mais relevantes para aumentar o desempenho acadêmico dos alunos

(BIONDI & FELICIO, 2007).

Dentre as diversas variáveis escolares, o tempo de aprendizagem tem uma relação positiva e

estatisticamente significante com o desempenho acadêmico de acordo com estudos anteriores

(BELLEI, 2009) (MENEZES FILHO, 2007). É importante mencionar que existem diversas

definições para o tempo de aprendizagem, conforme análise de Berliner (1990): (i) tempo

alocado pela escola para aprendizado (comumente mensurado pelo número de horas que o

aluno passa na escola); (ii) tempo no qual o aluno está engajado em aprender (diferentemente

da definição acima, implica no tempo em que o aluno tem condições de focar, prestar atenção

na atividade escolar) - essa definição leva em conta o tempo de transição de uma atividade

para outra e o tempo que o aluno espera pelas instruções ou atenção dos professores; (iii)

tempo utilizado para realizar tarefas específicas pré-definidas como relevantes para o

aprendizado, entre outras definições. Em estudos de políticas públicas geralmente a definição

mais utilizada é de tempo alocado, pois as outras são de mensuração mais complexa e não

podem ser controladas pelos formuladores de políticas públicas (BERLINER, 1990). Essa

definição será adotada nesse estudo, apesar das limitações que esse critério apresenta por não

refletir com precisão o tempo realmente empregado na atividade de aprendizado

(MURNANE, 1981).

O presente trabalho pretende analisar uma função de produção em educação para o ensino

(24)

desempenho acadêmico dos alunos. Essa função de produção foi definida com base nos

artigos acima mencionados e será detalhada na seção de metodologia.

4  HIPÓTESE  E  METODOLOGIA  

4.1 Hipótese

O objetivo desse estudo é testar a eficácia da política pública de ensino médio

profissionalizante em tempo integral do Estado do Ceará em relação ao desempenho

acadêmico dos alunos. Serão consideradas a proficiência em língua portuguesa e matemática

separadamente, visando “captar possíveis diferenças nos efeitos pelo campo de saber

avaliado” (FIRPO, GONZAGA, & MACHADO, 2013, p. 6).

A hipótese a seguir visa determinar se o desempenho acadêmico dos alunos que participam

desse programa é superior ao dos alunos que não participam.

Hipótese:

O tipo de escola de ensino médio (EEEP) frequentada pelos alunos tem influência no

desempenho acadêmico destes, mensurado através da variação das notas de língua portuguesa

e matemática? Espera-se que essa relação (ilustrada na Figura 1) seja positiva, ou seja, que os

alunos das EEEPs apresentem desempenho acadêmico superior.

Figura 1 - Hipótese

Escola

Profisionalizante em

Tempo Integral

(+)  

Variação no Desempenho Acadêmico dos Alunos nos Testes Padronizados de

(25)

4.2 Base de Dados

Os dados utilizados nesse trabalho são relativos a alunos de escolas de ensino fundamental e

médio do Estado do Ceará, obtidos através de duas fontes de informações:

(i) Os microdados relativos aos alunos do ensino fundamental e médio do Ceará foram

disponibilizados pela Secretaria da Educação do Estado do Ceará.8 Eles incluem informações

relativas às notas obtidas pelos alunos no SPAECE nos anos de 2008 e 2011 e informações

contidas no questionário respondido pelos alunos durante a realização do teste padronizado

SPAECE do 3o ano ensino médio (em 2011).

(ii) Os dados relativos às escolas de ensino fundamental e médio do Ceará foram obtidos

através do conjunto dos microdados do Censo Escolar.9 Foram utilizados os dados referentes

aos anos de 2008 e 2011, obtidos através do endereço eletrônico

http://portal.inep.gov.br/basica-levantamentos-acessar (em 10/01/2014).

Em 2011, o Ceará possuía 361.733 alunos no ensino médio (considerando 1o, 2o e 3o anos) e

23.962 deles frequentavam EEEPs (6,6% do total). Embora todos os alunos devam realizar a

prova do SPAECE, nem todos comparecem. A base de dados fornecida pela SEDUC para

essa pesquisa tem 82.549 alunos do 3º ano do ensino médio com notas do SPAECE em 2011

e desse universo 23.888 tinham notas do 9o ano ensino fundamental disponíveis (2008),

informação crucial para realizar as análises desse trabalho. Durante a organização dessa base

de dados os indivíduos homônimos foram retirados devido à dificuldade de encontrar a nota

correspondente em 2008 e 2011. Na análise dos dados perdemos 1.374 observações devido a

falta de informações (ou rasuras) a respeito da cor e escolaridade da mãe dos alunos.

Os alunos incluídos na base de dados são provenientes de 1.533 escolas de ensino

fundamental e 383 escolas de ensino médio (33 EEEPs e o restante escolas regulares). Todas

as EEEPs em funcionamento em 2009 estão presentes na base de dados com exceção de 14

escolas, que não entraram devido à indisponibilidade de dados.

8

Disponíveis se solicitadas à autora

9

(26)

4.3 Descrição de Variáveis

4.3.1 Variável dependente

Com base na revisão de literatura realizada por Hanushek (1986), entre outros autores, a

variável dependente da hipótese em análise, que descreverá o desempenho escolar, será a

variação da nota dos alunos nos testes padronizados de português e matemática aplicados no

Estado do Ceará (SPAECE) entre o 9o ano do ensino fundamental (2008) e o 3o ano do ensino

médio (2011).

Foi realizada uma transformação linear nas notas dos alunos: elas foram padronizadas, através

da centragem (subtração da média) e redução (divisão pelo desvio padrão), nos anos e nas

áreas de conhecimento em questão. O objetivo dessa transformação é tornar as duas variáveis

(nota do 9o ano fundamental e 3o ano ensino médio) comparáveis, visando obter uma escala

coerente de comparação e evolução das notas. Ela foi necessária porque no SPAECE há

diferenças nas escalas de português e matemática e entre o ensino fundamental e ensino

médio, conforme ilustrado na Tabela 1 da Seção 2.

4.3.2 Variável independente de interesse

A variável independente da hipótese é uma variável dummy que define o tipo de escola

frequentada pelos alunos do ensino médio. Dado que o objetivo do estudo é averiguar se o

tipo de escola afeta o desempenho, as escolas foram divididas em dois grupos: EEEPs (1) e

escolas regulares (0).

4.3.3 Variáveis independentes de controle

4.3.3.1 Variáveis individuais dos alunos

- Cor

Foram criadas variáveis dummy para cada cor:

o Pardo (0 – branco, 1 – pardo)

o Preto (0 – branco, 1 – preto)

(27)

o Indígena (0 – branco, 1 – indígena)

- Gênero

Foi criada uma variável dummy (0 – masculino e 1 – feminino).

4.3.3.2 Variáveis familiares (socioeconômicas) dos alunos

As variáveis abaixo foram definidas como proxy para condição socioeconômica dos alunos e

as informações foram extraídas do questionário respondido durante a realização do SPAECE

pelos alunos do 3o ano ensino médio.

- Se a família é beneficiária do Programa Bolsa Família 10

Foi criada uma variável dummy (0 – não recebe e 1 – recebe).

- Nível de escolaridade das mães

Foram criadas variáveis dummy para cada nível de escolaridade ao invés de criar uma variável

com escala de 1 a 5, dado que o movimento entre cada nível de escolaridade pode ter um

efeito diferente e essa estrutura captura esse efeito.

o Entre a 1a e 4a série do Ensino Fundamental (0 – nunca estudou, 1 – entre 1a e

4a série)

o Entre a 5a e 8a série do Ensino Fundamental (0 – nunca estudou, 1 – entre 5a e

8a série)

o Entre a 1a e 3a série do Ensino Médio (0 – nunca estudou, 1 – entre 1a e 3a

série)

o Ensino superior (0 – nunca estudou, 1 – ensino superior)

o Não sabe informar (0 – nunca estudou, 1 – não sabe informar)

10

(28)

- Número de livros em casa

Foram criadas variáveis dummy para cada intervalo abaixo

o 1 a 20 livros (0 – nenhum livro, 1 – 1 a 20 livros)

o 21 a 100 livros (0 – nenhum livro, 1 – 21 a 100 livros)

o mais de 100 livros (0 – nenhum livro, 1 – mais de 100 livros)

- Índice Socioeconômico

Foi calculado um índice socioeconômico com base no Critério de Classificação

Econômica Brasil, desenvolvido pela Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa

(Anexo 4). Esse índice utiliza informações como número de eletrodomésticos,

funcionários domésticos, escolaridade dos familiares, entre outros, atribuindo pontos

para cada informação. Através da soma dos pontos estima-se o poder de compra das

pessoas e famílias urbanas. Nesse trabalho foi utilizada a ponderação descrita acima

para os dados obtidos através do formulário do SPAECE de 2011.

4.3.3.3 Variável relativa aos pares

Foi utilizada a nota média obtida pelas escolas nos testes padronizados de língua portuguesa e

matemática (SPAECE). Como o critério de inclusão de indivíduos na amostra foi a

disponibilidade de notas de 2008 e 2011 dos alunos, a amostra não contem todos os alunos de

cada escola que participaram da prova padronizada. Portanto, para se obter a nota média de

cada escola recorreu-se ao banco de dados da SEDUC para os anos de 2008 (escolas de

ensino fundamental) e 2011 (escolas de ensino médio). Assim como no caso da variável

dependente, foi realizada padronização dos dados, através da subtração da média e divisão

pelo desvio padrão, com o mesmo objetivo.

4.3.3.4 Variáveis relacionadas a escola e professores

São os elementos discricionários, passíveis de mudanças através de políticas públicas. A

escolha das variáveis para representar os atributos escolares é bastante complexa dada a

dificuldade de mensuração de algumas delas. Uma medida comum de insumo escolar é o

gasto por aluno. No entanto, além de ser muito difícil auferir como esse gasto está sendo

alocado dentro das escolas (BETTS, 1996), no caso do Estado do Ceará esses dados não estão

(29)

Nesse trabalho serão utilizadas as variáveis abaixo, na forma de variáveis dummy, obtidas no

Questionário da Escola do Censo Escolar de 2008 e 2011:

- existência laboratório ciências (0 – não existe, 1 existe)

- existência laboratório informática (0 – não existe, 1 – existe)

- acesso a internet (0 – não existe, 1 – existe)

Cada característica foi mensurada para a escola que o aluno frequentou no 9o ano ensino

fundamental e 3o ano ensino médio e o interesse é verificar se a presença dos recursos acima

na escola frequentada por cada aluno se alterou.

As variáveis relacionadas aos professores foram obtidas através do questionário respondido

pelos professores no Censo Escolar no anos de 2008 e 2011:

- Nível médio de escolaridade dos professores, baseado na seguinte escala:

1 - Fundamental incompleto

2 - Fundamental completo

3 - Ensino médio

4- Superior completo

A partir dessa escala foi atribuída a cada escola uma escolaridade média de seus professores, variando de 1 a 4.

- Formação acadêmica dos professores:

Foi calculado o percentual dos professores com títulos de mestrado ou doutorado para cada

escola (ensino fundamental e ensino médio).

4.4 Análise Descritiva

A principal dimensão do estudo é o tipo de escola, existindo uma diferenciação entre as

(30)

ensino médio de grupo de tratamento e os que não frequentaram de grupo de controle. Nota-se

que no ensino fundamental todos os alunos frequentaram escolas regulares.

A análise descritiva tem dois blocos de informações: um relativo ao ano de 2008, quando os

alunos da amostra frequentavam o 9o ano do ensino fundamental (Tabela 2), e outro relativo a

2011, quando esses mesmos alunos estavam no 3o ano do ensino médio (Tabela 3). Os dados

relativos a 2011 incluem informações socioeconômicas dos alunos, não disponíveis em 2008.

Os dados agrupados também estão descritos (Tabela 4).

Tabela 2 - Dados 2008

Fonte: base de dados

Obs Média DP Min Max Obs Média DP Min Max

nota língua portuguesa 2217 240,58 39,72 105,66 358,27 21671 224,76 40,29 87,11 374,01

nota matemática 2217 249,52 42,55 114,36 382,48 21671 234,13 43,80 110,50 401,44

média dos pares - língua portuguesa 2217 240,58 39,72 105,66 358,27 21671 227,57 16,93 155,27 314,63

média dos pares - matemática 2217 249,52 42,55 114,36 382,48 21671 217,82 15,57 148,97 292,36

nota língua portuguesa (padron.) 2217 0,35 0,98 -2,98 3,26 21671 -0,04 0,99 -3,44 3,65

nota matemática (padron.) 2217 0,32 0,97 -2,76 3,35 21671 -0,03 1,00 -2,85 3,78

média dos pares - língua portuguesa padron.) 2217 0,20 0,82 -2,79 4,43 21671 -0,02 1,01 -4,51 4,84

média dos pares - matemática (padron.) 2217 0,18 0,82 -3,00 5,01 21671 -0,02 1,02 -4,35 5,20

escolaridade média professores 2217 3,87 0,18 3,00 4,00 21671 3,83 0,21 2,80 4,00

% professores com mestrado 2217 0,00 0,00 0,00 0,06 21671 0,00 0,00 0,00 0,06

% professores com doutorado 2217 0,02 0,07 0,00 0,82 21671 0,01 0,04 0,00 0,82

Obs Média DP Obs Média DP

INFRA-ESTRUTURA (%)

tem laboratório informática 2217 67% 47% 21671 56% 50%

tem laboratório ciências 2217 28% 45% 21671 19% 39%

tem internet 2217 74% 44% 21671 64% 48%

2008

Tratamento Controle

Tratamento Controle

(31)

Tabela 3 - Dados 2011

Fonte: base de dados

Obs Média

Desvio

Padrão Min Max Obs Média

Desvio

Padrão Min Max nota língua portuguesa 2217 289,35 42,88 142,54 384,75 21671 263,06 46,13 131,58 396,45 nota matemática 2217 299,36 52,76 160,76 433,31 21671 267,58 50,82 150,61 435,88 média dos pares - língua portuguesa 2217 299,35 17,29 266,70 330,50 21671 262,80 18,27 207,03 359,93 média dos pares - matemática 2217 288,94 13,85 263,65 311,78 21671 258,37 14,23 185,43 326,49 nota língua portuguesa (padron.) 2217 0,51 0,92 -2,65 2,57 21671 -0,05 0,99 -2,88 2,82 nota matemática (padron.) 2217 0,56 1,02 -2,12 3,14 21671 -0,06 0,98 -2,31 3,19 média dos pares - língua portuguesa padron.) 2217 1,66 0,83 0,15 3,02 21671 -0,17 0,85 -4,53 3,90 média dos pares - matemática (padron.) 2217 1,58 0,82 0,02 3,06 21671 -0,16 0,87 -2,81 4,45 escolaridade média professores 2217 3,95 0,10 3,60 4,00 21671 3,96 0,06 3,69 4,00 % professores com mestrado 2217 0,00 0,00 0,00 0,00 21671 0,00 0,01 0,00 0,07 % professores com doutorado 2217 0,02 0,05 0,00 0,21 21671 0,01 0,02 0,00 0,16 índice socioeconomico (pontos) 2095 20,21 3,75 19620 19,35 3,77

Obs Média DP Obs Média DP

INFRA-ESTRUTURA (%)

tem laboratório informática 2217 100% 0% 21671 98% 15% tem laboratório ciências 2217 100% 0% 21671 81% 40%

tem internet 1969 100% 0% 20545 100% 6%

CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E FAMILIARES GÊNERO (%)

feminino 2186 59% 49% 21194 59% 49%

masculino 2186 41% 21194 41%

COR (%)

branco 2178 21% 21091 20%

pardo 2178 62% 49% 21091 64% 48%

preto 2178 10% 31% 21091 8% 28%

amarelo 2178 5% 21% 21091 5% 21%

indígena 2178 2% 15% 21091 3% 17%

ESCOLARIDADE MÃE (%)

nunca estudou 2188 3% 21201 5%

primário 2188 28% 45% 21201 36% 48%

ginásio 2188 26% 44% 21201 25% 43%

ensino médio 2188 30% 46% 21201 21% 41%

superior 2188 8% 27% 21201 6% 23%

aluno não sabe 2188 4% 20% 21201 7% 26%

LIVROS EM CASA (%)

não tem 2184 15% 21146 22%

1 a 20 2184 64% 48% 21146 62% 49%

21 a 100 2184 19% 39% 21146 14% 34%

mais de 100 2184 3% 16% 21146 2% 15%

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA(%)

participa 2188 57% 49% 21184 66% 47%

2011

Tratamento Controle

2011

(32)

Tabela 4 - Dados 2008 e 2011 Agrupados

Fonte: base de dados

Os alunos incluídos na base de dados são provenientes de 1.533 escolas de ensino

fundamental e 383 escolas de ensino médio (33 EEEPs e a restantes regulares). Todas as

EEEPs em funcionamento em 2009 estão presentes na base de dados com exceção de 14

escolas, que não entraram devido à indisponibilidade de dados. Obs Média

Desvio

Padrão Min Max Obs Média

Desvio

Padrão Min Max nota língua portuguesa 23888 226,22 40,50 87,11 374,01 23888 265,50 46,47 131,58 396,45 nota matemática 23888 235,56 43,91 110,50 401,44 23888 270,53 51,83 150,61 435,88 média dos pares - língua portuguesa 23888 227,87 16,68 155,27 314,63 23888 266,19 21,05 207,03 359,93 média dos pares - matemática 23888 218,14 15,35 148,97 292,36 23888 261,21 16,74 185,43 326,49 nota língua portuguesa (padron.) 23888 0,00 1,00 -3,44 3,65 23888 0,00 1,00 -2,88 2,82 nota matemática (padron.) 23888 0,00 1,00 -2,85 3,78 23888 0,00 1,00 -2,31 3,19 média dos pares - língua portuguesa padron.) 23888 0,00 1,00 -4,51 4,84 23888 0,00 1,00 -4,53 3,90 média dos pares - matemática (padron.) 23888 0,00 1,00 -4,35 5,20 23888 0,00 1,00 -2,81 4,45 escolaridade média professores 23888 3,83 0,21 2,80 4,00 23888 3,96 0,07 3,60 4,00 % professores com mestrado 23888 0,01 0,04 0,00 0,82 23888 0,01 0,02 0,00 0,21 % professores com doutorado 23888 0,00 0,00 0,00 0,06 23888 0,00 0,00 0,00 0,69

Obs Média DP Obs Média DP

INFRA-ESTRUTURA (%)

tem laboratório informática 23888 57% 49% 23888 98% 15%

tem laboratório ciências 23888 20% 40% 23888 81% 40%

tem internet 23888 65% 48% 22514 100% 6%

CARACTERÍSTICAS INDIVIDUAIS E FAMILIARES GÊNERO (%)

feminino 23380 59% 49%

masculino 23380 41%

COR (%)

branco 23269 20%

pardo 23269 63% 48%

preto 23269 9% 28%

amarelo 23269 5% 21%

indígena 23269 3% 16%

ESCOLARIDADE MÃE (%)

nunca estudou 23389 4%

primário 23389 36% 48%

ginásio 23389 25% 43%

ensino médio 23389 22% 41%

superior 23389 6% 24%

aluno não sabe 23389 7% 25%

LIVROS EM CASA (%)

não tem 23330 22%

1 a 20 23330 62% 48%

21 a 100 23330 14% 35%

mais de 100 23330 2% 15%

PROGRAMA BOLSA FAMÍLIA(%)

participa 23372 65% 48%

Agrupados

2008 2011

Tratamento + Controle (agrupados)

(33)

Em termos de percentual dos alunos, 9,3% frequentam EEEPs e 90,7% frequentam escolas

regulares no 3º ano do ensino médio, comparado com uma proporção na população de 6,6% e

93,4%, respectivamente. Nota-se que esse dado da população é referente ao ensino médio

como um todo e não exclusivamente ao 3º ano. As escolas estão distribuídas em todas as

regiões do Estado do Ceará.

As informações referentes aos indivíduos e famílias estão disponíveis apenas para o ano de

2011. Como cor e gênero não se alteram com o tempo, essa limitação nos dados é irrelevante

para as características dos indivíduos. Percebe-se a predominância dos alunos pardos e

brancos na amostra agrupada (63,5% e 20,4%, respectivamente) e essa composição não muda

muito nos grupos de controle e tratamento, a não ser pela pequena redução em pardos no

grupo de tratamento, com aumento proporcional no número de alunos negros. A proporção de

alunos do sexo feminino é ligeiramente maior no grupo de tratamento comparado com o

grupo de controle (59,2% vs. 58.8%).

No caso das características familiares, dada a ausência de dados se assumirá que elas são

constantes durante o período de três anos do estudo. Essa premissa é razoável, dado que

dificilmente a escolaridade da mãe e número de livros em casa muda significativamente em

um período tão curto de tempo. Já o benefício do Bolsa Família poderia se alterar mais com o

tempo.

Em relação à escolaridade da mãe existem diferenças relevantes entre os dois grupos, com

maior nível de escolaridade no grupo de tratamento (30,1% de mães com ensino médio

comparado com 21,0% no grupo de controle, e 28,3% com ensino primário comparado com

36,3%, respectivamente). A proporção de mães com nível superior é baixa nos dois grupos,

porém mais elevada para o grupo de tratamento se comparado com o grupo de controle (7,9%

e 5,7%, respectivamente).

A maior parte dos alunos da amostra, tanto do grupo de tratamento como de controle, tem de

1 a 20 livros em casa (63,5% e 62,2%, respectivamente), porém existe um percentual mais

(34)

com 13,5% no grupo de controle). O número de alunos com mais de 100 livros em casa é

pouco expressivo em ambos os grupos.

O benefício do Bolsa Família é bastante difundido nas famílias da amostra, sendo superior nas

famílias do grupo de controle comparado com o grupo de tratamento (66,3% e 57,2%,

respectivamente).

A análise descritiva indica que o nível socioeconômico dos alunos do grupo de tratamento é

superior ao do grupo de controle, mas que ambos os grupos são compostos por membros de

famílias relativamente carentes, principalmente devido a variável Bolsa Família. O teste

descrito na Tabela 5 confirma que existe uma diferença de nível socioeconômico

estatisticamente significante entre grupos de tratamento e controle, no entanto a diferença é

pequena (0,86).

Tabela 5 - Comparação Índice Socioeconômico

Comparação do índice Socioeconômico - Tratamento e Controle

grupo n. de

observações

média e desvio padrão 2011

tratamento 2.095 20,215

(3,749)

controle 19.620 19,354

(3,769)

combinados 21.715 19,437

(3,775) diferença tratamento e controle (em pontos) 0,861 diferença tratamento e controle (%) 4,5%

estatística t -9,9455

Fonte: base de dados

   

As características escolares relativas a infraestrutura variam mais de um período para o outro,

dado que a maior parte dos alunos mudou de escola entre o ensino fundamental e ensino

médio e variáveis como presença de laboratórios e internet mudam significativamente.

Observando-se os dados agrupados, 20% dos alunos estudavam em escolas que possuíam

(35)

médio. Ao analisar apenas as escolas do ensino médio, constata-se que todas EEEPs possuem

internet e laboratórios de ciências e informática, enquanto no grupo de controle o percentual

de alunos que frequentam escolas com esses recursos é de 81% e 98%, respectivamente,

portanto a diferença mais relevante está na presença de laboratório de ciências. Todas as

escolas da amostra possuem acesso à internet.

A variável escolhida para descrever a formação acadêmica dos professores varia menos: a

escolaridade média tanto dos professores das escolas de ensino fundamental como ensino

médio é próxima de 4, que denota que eles têm em média ensino superior, nos dois casos.

Observa-se que esse nível de escolaridade varia pouco (mínimo de 3,60 e máximo de 4,0 para

os dados agrupados de 2011).

A quantidade de professores com títulos de mestrado e doutorado é muito pequena. Desse

modo, essas duas variáveis foram retiradas do modelo final e a variável “nível de escolaridade

dos professores” permaneceu como única medida de qualidade dos professores.

Com relação às notas médias dos alunos de cada grupo nas provas padronizadas de

matemática, existe uma diferença quando comparamos as notas do grupo de tratamento e de

controle tanto no 9o ano do ensino fundamental (249 vs. 234) como no ensino médio, quando

a diferença inclusive se amplia (299 vs. 268). Os resultados são similares para língua

portuguesa. Foi realizado um teste t para comparar essas médias, que será descrito na seção 5.

As notas dos pares, representada pela nota média das escolas frequentadas pelos alunos,

apresenta padrão similar ao das notas dos alunos, tanto para matemática como língua

portuguesa. No caso de matemática a nota média das escolas em 2008 era 249 no grupo de

tratamento e 218 no grupo de controle, enquanto em 2011 eram 289 e 258, respectivamente.

Portanto, percebe-se que as notas dos pares do grupo de tratamento são mais altas.

Foi calculada a correlação entre as variáveis contínuas, considerando as notas de língua

(36)

Tabela 6 - Correlações Entre Variáveis (apenas contínuas)

Correlações entre variáveis contínuas - Ano 2008

nota LP média dos

pares LP escolaridade média professores % professores com doutorado % professores com mestrado

nota LP 1,00          

média dos pares LP 0,35   1,00        

escolaridade média

professores 0,10   0,28   1,00      

% professores com

doutorado 0,05   0,14   0,05   1,00    

% professores com mestrado 0,03   0,08   0,10   0,06   1,00  

Observações = 23.888      

           

             

Correlações entre variáveis contínuas - Ano 2011

nota LP média dos

pares LP escolaridade média professores % professores com doutorado % professores com mestrado

nota LP 1,00          

média dos pares LP 0,34   1,00         escolaridade média

professores 0,01   0,02   1,00      

% professores com

doutorado 0,06   0,13   0,05   1,00    

% professores com mestrado 0,05   0,14   0,08   0,17   1,00  

Observações = 23.888      

Fonte: base de dados

As correlações entre as variáveis não são significativas, com exceção da correlação entre a

nota do aluno e a média das notas dos outros alunos das escolas, que é de 35% e 34% em

2008 e 2009, respectivamente.

4.5 Os modelos utilizados

Murnane (1981) definiu alguns critérios relevantes para um estudo possibilitar uma análise

acurada de um sistema de ensino. Dentre eles estão a utilização do progresso dos alunos como

(37)

momento específico; a inclusão de características dos pares e dos professores, uso do

indivíduo como unidade de mensuração (ao invés de escolas ou cidades), entre outras

(MURNANE, 1981). A visão de que a variação no desempenho é mais relevante que seu

valor absoluto é corroborada por Hanushek (HANUSHEK, 1979). O presente estudo busca

atender a maior parte desses requisitos, como será descrito nessa seção.

Ao analisar uma política pública é sempre importante considerar o potencial problema de

auto-seleção. Nesse caso específico, a possibilidade de os indivíduos que frequentaram EEEPs

terem decidido por essa alternativa por razões não randômicas e sistematicamente

relacionadas com características familiares ou individuais. A regressão múltipla, ao incorporar

variáveis de controle, pode aliviar os efeitos do problema de auto-seleção. Entretanto, em

educação há fatores não observáveis que podem influenciar o desempenho e por serem não

observáveis não estão incorporados ao modelo. A análise de dados em painel é mais um passo

no sentido de mitigar o problema de auto-seleção (WOOLDRIDGE, 2006).

Inicialmente foi realizada uma análise de médias simples para comparar as notas dos dois

tipos de escola, seguida de um modelo de dados de painel de dois períodos. Como foi

identificada endogeneidade de uma das variáveis, que será discutida no capítulo 5, foram

utilizados também o pareamento com análise de diferenças em diferenças e uma análise de

corte transversal.

A forma funcional foi definida a partir da revisão de artigos relacionados a desempenho

acadêmico. Através da revisão de literatura percebe-se a ampla utilização de variáveis dummy

nos modelos para descrever as características dos alunos e das escolas, sendo que em alguns

casos não há nenhuma variável contínua. (BIONDI & FELICIO, 2007) (FELÍCIO &

FERNANDES, 2003) (BELLEI, 2009) (FIRPO, GONZAGA, & MACHADO, 2013) (CURI

& MENEZES FILHO, 2014) (EMERSON, PONCZEK, & SOUZA, 2013). O fato desses

estudos usarem muitas informações qualitativas (como raça, gênero, elegibilidade a

programas sociais e educacionais, etc.) e a dificuldade em obter dados quantitativos justifica

(38)

Os artigos utilizam variáveis de controle muito semelhantes: quantidade de livros em casa,

escolaridade dos pais, situação socioeconômica, raça, gênero, infraestrutura escolar,

escolaridade dos professores, etc. As fontes de informações também são comuns a vários

deles.

Em educação estão presentes diversos fatores não mensuráveis. A capacidade cognitiva do

aluno, por exemplo, não é mensurável e afeta o desempenho acadêmico. Características

familiares não mensuráveis afetam decisões dos pais e alunos a respeito do processo de

educação (como escolha de escola em tempo integral, decisão de evasão escolar, mudança de

escola, etc.). Outros fatores refletem as dificuldades implícitas na vida da criança, como

necessidade de trabalhar, falta de apoio dos pais, entre outros (FIRPO, GONZAGA, &

MACHADO, 2013) (EMERSON, PONCZEK, & SOUZA, 2013) (HANUSHEK, 1979).

Essas características não mensuráveis trazem uma constante preocupação dos autores com a

presença de endogeneidade, viés de seleção dos participantes de algum programa social ou

educacional, viés na implementação de politicas publicas e potencial viés dos estimadores. O

método de diferenças em diferenças é muito utilizado visando eliminar os efeitos das

variáveis não observadas e evitar viés dos estimadores (BELLEI, 2009) (EMERSON,

PONCZEK, & SOUZA, 2013) (FOGUEL, 2012). O fato de muitos insumos terem efeito

cumulativo também justifica a adoção desse método.

4.5.1 Modelo de Painel de Dois Períodos

Assumindo que existem fatores não observados que afetam o desempenho escolar dos alunos

da amostra, é realizada uma diferenciação de dois cortes transversais, visando eliminar os

fatores não observados constantes no tempo (WOOLDRIDGE, 2006). O seguinte modelo foi

formulado para testar a hipótese:

Corte transversal quando t = 2008 (ou t=1), onde i = 1 a 22.514:

𝑌𝑖! =  𝛽!+  𝛽!  (𝐸𝐸𝐸𝑃)𝑖! +  𝛽!(𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠  𝑖𝑛𝑑𝑖𝑣𝑖𝑑𝑢𝑎𝑖𝑠)𝑖!+  𝛽!  (𝑓𝑎𝑡𝑜𝑟𝑒𝑠  𝑓𝑎𝑚𝑖𝑙𝑖𝑎𝑟𝑒𝑠)𝑖!+

 𝛽

Imagem

Tabela 1 – Escala do SPAECE
Tabela 2 - Dados 2008
Tabela 3 - Dados 2011
Tabela 4 - Dados 2008 e 2011 Agrupados
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Referências

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