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A floresta Amazônica do ponto de vista dos alunos da 5A série da rede pública estadual de Manaus, Amazonas, Brasil1.

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Academic year: 2017

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A FLORESTA AMAZÔNICA DO PONTO DE VISTA DOS ALUNOS DA 5a

SÉRIE DA REDE PÚBLICA ESTADUAL DE MANAUS, AMAZONAS, BRASIL1

É r i c a Y o s h i d a d e F R E I T A S2

, Isolde D o r o t h e a K o s s m a n n F E R R A Z3

RESUMOzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA — Este estudo teve como objetivo averiguar o conhecimento dos alunos da 5a

série das escolas públicas estaduais de Manaus sobre a floresta amazônica e seus recursos. As entrevistas foram realizadas em 14 escolas, com o auxílio de um questionário padrão contendo perguntas abertas. De cada escola foram entrevistados 10 alunos, perfazendo um total de 140 no final da pesquisa. Os resultados mostraram a necessidade de enfatizar nos currículos escolares, assuntos sobre a região amazônica.

Palavras-chave: floresta amazônica, escola, educação ambiental. The Amazonian Forest under the Point-of-View of Pupils of 5TH

Grade (Primary School) in Public Schools at Manaus, Amazonas, Brazil.

ABSTRACT — The aim of this research was to study the knowledge of the pupils (5th grade/

primary school) in public schools at Manaus, State of Amazonas, Brazil, about the Amazonian forest and its resources. The interviews were carried out in 14 public schools, using a questionary with open questions, ten pupils of each school were interviewed, making a total of 140 pupils at

the end of the study. The results showed the need to intensify the themes about the Amazon region in the school curricula.

Key-words: amazon forest, school, environmental education.

1

Este trabalho é parte da dissertação de mestrado da primeira autora.

2

Coordenação de Extensão/Educação Ambiental - INPA.

3

Coordenação de Pesquisa em Silvicultura Tropical - INPA INTRODUÇÃO

A educação das atuais e futuras gerações deveria envolver pedagogias que objetivassem estabelecer uma har-monia entre o crescimento populacional e urbano com a conservação da natureza. No caso do Estado do Amazonas, a floresta tropical constitui-se no ecossistema mais abundante. Conhecer o pensamento dos alunos perante a floresta, talvez seja o primeiro passo para a formulação de programas educacionais voltados para o ensino da realidade ambiental da região. De acordo com Dias (1992), a prática da educação ambiental requer, em primeiro plano, o tratamento das questões que

afetam o seu entorno imediato e, segundo Krasilchik (1986), ela deve propiciar aos alunos uma sólida base de conhecimento, que lhes permita utilizar criticamente as informações.

Considerando a importância de um d i a g n ó s t i c o inicial a n t e s da implementação de programas, este trabalho teve por objetivo, avaliar o conhecimento dos alunos da 5a série das escolas públicas estaduais do município de Manaus em relação à floresta amazônica e seus recursos.

MATERIAIS Ε MÉTODOS

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oriundas de 7 bairros, escolhidos de modo a obter uma representação da cidade (Tab. 1).

Em cada escola foram feitas entrevistas individuais com 10 alunos da 5a série, selecionados aleatoriamente. O questionário, utilizado na entrevista, era formado apenas por perguntas abertas. Optou-se por este tipo de perguntas, a fim de não induzir os alunos em suas respostas e, com isso, obter resultados qualitativos. O questionário foi preenchido pelo entrevistador, de modo a transcrever, na íntegra, a resposta fornecida. Os resultados foram analisados por meio

da tabulação das respostas. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Características dos Entreviistados

As escolas públicas de Manaus são constituídas principalmente por alunos provenientes da classe média baixa. No entanto, algumas diferenças p o d e m ser o b s e r v a d a s q u a n d o a análise é feita por turno, ou seja,

matutino, vespertino e noturno. Verificou-se que no t u r n o matutino estudavam os alunos mais jovens (média de 12 anos) e de melhor

nível econômico. O turno vespertino apresentou um nível e c o n ô m i c o intermediário e a média de idade foi de

13 anos. Já o turno noturno, além de ter apresentado o nível econômico mais baixo, incluiu alunos trabalhadores e mais velhos (idade média 16 anos). A idade média do total de a l u n o s entrevistados foi de 14 anos.

Conceitos sobre a Floresta

Primeiramente verificou-se se os alunos já haviam tido a experiência de entrar na floresta. N a s r e s p o s t a s fornecidas observou-se que apenas 24% dos alunos afirmaram já terem tido experiência de contato com a floresta. E s t a p e r g u n t a s e r v i u principalmente para mostrar o que os alunos consideram como floresta, e de acordo com a principal definição, a floresta é "um lugar cheio de animais,

Tabela 1. Escolas selecionadas. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA E s c o l a B a i r r o d e L o c a l i z a ç ã o

Fr a n c e l i n a A . D a n t a s

A l v o r a d a II S e n a d o r M a n u e l Se v e r i a n o Nu n e s

Ca r v a l h o L e a l

C a c h o e i r i n h a B a l b i n a M e st r i n h o

Co l . B r a s i l e i r o P e d r o Si l ve st r e

C en t ro Sa l d a n h a M a r i n h o

D e p . Jo s u é Cl á u d i o d e S o u z a

C o r o a d o Re i n a l d o Th o m p s o n

Na t á l i a Uc h ô a

Ja p i i m Ja p i i m Lu i z Va z d e Ca m ô e s

A d e r s o n d e M e n e z e s

P a r q u e 1 0 Al t a i r Se v e r i a n o N u n e s

Fu e t h Pa u l o M o u r ã o

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árvores e outras plantas" (27,2%). No t r a b a l h o r e a l i z a d o por Mendes & Shall (1995) em 17 escolas das zonas Norte (ZN) e Sul (ZS) do Rio de Janeiro, a porcentagem de alunos que visitaram a floresta foi bem maior, 74% (ZN) e 7 5 % (ZS). Porém, m e t a d e d e l e s não a d e f i n i r a m corretamente e citaram outros locais como zoológicos, jardins e parques. No trabalho realizado em Manaus, entre os alunos que não conhecem a floresta, 87% apresentaram conceitos semelhantes aos dos alunos que a conhecem. Isto significa, que pelo m e n o s 8 0 % de t o d o s os a l u n o s e n t r e v i s t a d o s sabem ao m e n o s conceituar uma floresta.

Foi o b s e r v a d o d u r a n t e as entrevistas que, para a maioria dos alunos, não existe nenhuma floresta na cidade e, se caso eles desejam vê-la, é necessário se deslocar para bem longe. O termo floresta pareceu não ter uma ligação íntima com os alunos, pois o b s e r v o u - s e que eles consideraram como floresta somente aquela vegetação que fica longe, do outro lado do rio ou ao longo das estradas. Eles pareceram estar mais familiarizados com a palavra "mata", que segundo eles, é aquela vegetação que, apesar de possuir árvores como a floresta, possui também casas por perto e somente animais de pequeno porte. Sempre que eles mencionavam a palavra floresta, eles referiam-se à floresta amazônica. Nos discursos, também foi possível observar, uma admiração maior pela floresta em relação à "mata".

A distinção que os alunos fazem entre os conceitos de floresta e mata não pode ser considerada positiva, na medida em que os próprios alunos se d i s t a n c i a m de uma r e a l i d a d e tão próxima. Este distanciamento pode inclusive dificultar a transmissão de conhecimentos aos alunos sobre a i m p o r t â n c i a da c o n s e r v a ç ã o da natureza, devido não reconhecerem o valor das áreas florestais urbanas.

O fato deles não perceberam as florestas urbanas como porções da floresta a m a z ô n i c a p o d e ser facilmente o b s e r v a d o através das principais localidades onde os alunos afirmaram ter visitado a floresta. A principal delas foi o interior do Estado, citado por mais de 60% dos alunos e em s e g u i d a a r o d o v i a A M - 0 1 0 ( 1 4 , 5 % ) , o n d e há u m a g r a n d e concentração de sítios de famílias e balneários. Outras localidades, na r e g i ã o u r b a n a e com f o r m a ç õ e s florestais, como o Parque do Mindu (30ha) e o C a m p u s Universitário (600ha), tiveram baixa porcentagem de c i t a ç ã o , ou seja 6% e 3 %

respectivamente. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Conhecimento sobre a Flora

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tropical. As demais espécies citadas não se encaixaram na categoria de árvores (Fig. 1).

A tabela 2 mostra as principais espécies de árvores citadas pelos alunos como pertencentes à flora amazônica.

O r e s u l t a d o m o s t r o u q u e o conhecimento dos alunos está mais r e l a c i o n a d o com as e s p é c i e s de frutíferas introduzidas, apesar da grande diversidade florística da região. Uma outra classificação, onde foi considerado somente a origem das

espécies, mostrou que apenas 17% dos

alunos citaram espécies regionais. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Conhecimento sobre a Fauna

Os alunos foram incentivados a citar os animais da floresta amazônica que eles conheciam. Foram citados mais de 57 espécies diferentes de animais. Os principais estão listados na tabela 3.

E interessante observar que o leão foi mais citado que o jacaré, um animal típico da região. Em quinto lugar

o >

• frutíferas exóticas de clima tropical

Sfrutíferas nativas

• madeireiras nativas

• espécies de uso múHipío

U madeireiras exóticas

üoutras

Cla ssifica çã o da s e spé cie s a rbóre a s

Figura 1. Classificação das espécies arbóreas citadas pelos alunos.

Tabela 2. Principais árvores da floresta amazônica citadas pelos alunos.

Árvore Nom e Científico Sit ua çã o n zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA%

M a n g a zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBAMangifera indica na 91 18,2 J a m b o Eugenia jam bosa na 6 5 13,0

G o i a b a Psidium guajava na 50 10,0 A b a c a t e Persea am ericana] na 2 7 5,4 C o c o Cocus nucifera na 22 4 , 4

Laranja Citrus sinensis na 22 4 , 4 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

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aparece o tigre, que é mais um entre os vários animais exóticos mencionados pelos alunos. Em 50% dos questionários houve registro de espécies exóticas, significando que metade dos alunos entrevistados não sabem distinguir en-tre a fauna da América do Sul e a de outros continentes, principalmente da África. Este resultado é um tanto surpreendente, pois esperava-se que os alunos apresentassem melhor conhecimento em relação aos animais. Por outro lado, não foi encontrado no conteúdo programático das disciplinas da 5a série assuntos relacionados com esta questão. Contudo, no conteúdo de Ciências da 6a série existe uma abertura para esta abordagem no item sobre o reino animal. Resta saber somente, se os alunos das séries superiores conhecem

melhor os animais da fauna amazônica. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

O Ensino sobre a Floresta Amazônica pelas Escolas

Foi perguntado aos alunos se eles já haviam estudado sobre a floresta

amazônica na escola. O resultado mostrou que 50% deles já estudaram

sobre este assunto. Ao serem questionados sobre o que o professor havia ensinado em relação à floresta, 40% dos alunos afirmaram que não lembravam. Os demais citaram diversos assuntos, como mostra a figura 2.

Todos os alunos que nunca receberam ensinamentos sobre a floresta afirmaram que gostariam de recebê-lo, citando como principais motivos o desejo de aprender (40%) e porque acham importante (21,4%). No trabalho realizado

em Curitiba por LimazyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA et ai. (1993),

avaliou-se as relações entre as crianças e a floresta, sendo citado por elas que seus professores ensinam muito pouco sobre a floresta e sua importância, e também são os responsáveis, na maioria dos casos, pelos seus medos e fantasias.

CONCLUSÃO E SUGESTÕES

Os r e s u l t a d o s d e s t e e s t u d o m o s t r a r a m que a l o c a l i z a ç ã o e a proximidade que a cidade de Manaus tem da floresta nem s e m p r e é suficiente para que seus habitante tenham contato e conhecimento sobre ela. No caso dos alunos da 5a série das

Tabela 3 . Principais animais da floresta amazônica citadas pelos alunos. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Anim a is Nom e Científico Situa çã o n zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA%

M a c a c o s u b o r d e m Anthropoidea a 9 0 16,5 O n ç a Panthera onca a 9 0 16,5 C o b r a s u b o r d e m S e r p e n t e s a 84 15,4 L e ã o Panthera leo na 4 2 7,3 J a c a r é o r d e m Crocodylia n 3 7 6,8

Tigre Panthera tigris n a 2 8 5,0 zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

(6)

Assunt os

• n ã o l em bra

E] p r e s e r v a ç ã o zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

El anim ais

FUd e sm a t a m e n t o

H ín di os

B l á r v o r e s

Q c a ç a e p e s c a

El c a r a c t e r ís t i c a s g e r a i s

EDd e sc o b r i m e n t o d o B r a s i

Bl p l a n t a s m ed i ci n a i s

Bf l q u ei m a d a s

MI rios

H o u t r o s zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Figura 2.zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Assuntos estudados pelos alunos nas escolas.

escolas estaduais de Manaus, o conhecimento apresentado deixou muito a desejar, tendo em vista que eles não conseguiram diferenciar entre as espécies exóticas e nativas, tanto de animais quanto de vegetais. A falta de conhecimento também influenciou na percepção dos alunos para reconhecer as florestas existentes na cidade. A dificuldade em reconhecer as florestas urbanas constitui-se num ponto negativo para a aprendizagem, visto que os alunos enxergam a floresta como um objeto distante e intocável. Porém, o interesse demonstrado em aprender mais sobre os assuntos relacionados a este tema, contribui para que programas educativos desta natureza obtenham sucesso.

AGRADECIMENTOS

À SEDUC (Secretaria de Estado da Educação, Cultura e Desportos -AM), aos diretores, professores e alunos das escolas que participaram da pesquisa.

Bibliografia citada

D i a s , G. F. 1 9 9 2 .zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA Educação ambiental: princípios e práticas. São Paulo: Gaia.

399 p.

Freitas, E. Y. de. 1996. A floresta amazônica

na concepção dos professores e alunos da 5a série das escolas estaduais do município de Manaus, Amazonas.

D i s s e r t a ç ã o de M e s t r a d o . M a n a u s : INPA/UA. 173p.

Krasilchik, M. 1986. Educação ambiental na escola brasileira - passado, presente e futuro. Cultura, 58(12): 1958-1961. Lima, G. S.; Zanetti, b. do R.; Valle, Z. M.

1993. Avaliação d a s r e l a ç õ e s e n t r e criança c floresta na região metropolitana

de C u r i t i b a . Anais dozyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA I Congresso

Florestal Pan-americano & Vil

Congresso Florestal Brasileiro, 2:716.

Mendes, C. L. S.; Schall, V. T. 1995. Knowl-edge of forests and their representation a m o n g urban c h i l d r e n ( e l e m e n t a r y school children in the municipality of Rio de Janeiro): considerations about environmental e d u c a t i o n . Ciência e

Cultura. jan./abr. 47(1/2):32-37.

Imagem

Figura 1. Classificação das espécies arbóreas citadas pelos alunos.
Figura 2. zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA  Assuntos estudados pelos alunos nas escolas

Referências

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