A at ualidade dos acident es de t rânsit o
na era da velocidade: uma visão geral
Car accid e nts in the ag e o f sp e e d :
an o ve rvie w
1 Dep artam en to d e M ed icin a Prev en t iv a e Socia l, Fa cu ld a d e d e Ciên cia s M éd ica s, Un iv ersid a d e Est a d u a l d e Ca m p in a s. Ru a d a s Orq u íd ea s 587, Ca m p in a s, SP 13087- 370, Bra sil. 2 Dep artam en to d e Psicologia M éd ica e Psiq u ia t ria , Fa cu ld a d e d e Ciên cia s M éd ica s, Cen t ro d e M em ória , Un iv ersid a d e Est a d u a l d e Ca m p in a s. Ru a d a s Orq u íd ea s 587, Ca m p in a s, SP 13087- 370, Bra sil. m sq 44@u ol.com .b r Let ícia M a rín 1 M a rcos S. Qu eiroz 2
Abst ract Th is a rt icle focu ses, in a n in t erd iscip lin a ry p ersp ect iv e, t h e st u d ies a b ou t t ra ffic a cci-d en t s, in a n a t ion a l a n cci-d in t ern a t ion a l sca le. It st a rt s by a n a lysin g t h e grea t in crea se in p rocci-d u c-t ion a n d con su m p c-t ion of m oc-t or v eh icu les w orld w id e a n d c-t h e socia l c-t ra n sform a c-t ion s w h ich c-t h is fa ct p rod u ced . Pa rt icu la r a t t en t ion is giv en t o t h e d egra d a t ion of t h e u rb a n en v iron m en t a n d t h e en orm ou s soci a l cost s rep resen t ed b y t ra ffi c a cci d en t s. It follow s w i t h a n ep i d em i ologi ca l v iew on t h e v ict im s of t ra ffic a ccid en t s. T h e rela t ion sh ip b et w een p erson a lit y a n d t ra ffic a ccid en t s ccid eserv eccid sp ecial at t en cion , m ain ly in w h at it relat es t o t h e con su m p t ion of alcool an ccid ot h -er ch em ica l d ru gs, a n d ot h -er la w b rea k in g b eh a v iou r. Th e a rt icle con clu d es by em p h a sisin g t h e n eed of th e State to im p lem m en t sp ecif con sisten t p u blic p olicies, in ord er to con trol th e p roblem .
Key words Au t om obile Driv in g; M ot or Veh icles; Traffic Accid en t s; Ep id em iology
Resumo Est e a rt igo foca liz a , n u m a p ersp ect iv a in t erd iscip lin a r, os est u d os sob re a cid en t es d e t râ n sit o em esca la n a cion a l e in t ern a cion a l. Ele com eça a n a lisa n d o o a u m en t o d a p rod u çã o e con su m o d e v eí cu los m ot ori z a d os em t od o o m u n d o e a s t ra n sform a ções soci a i s q u e esse fa t o a ca rret ou . At en çã o esp ecia l é d a d a à d egra d a çã o d o m eio a m b ien t e u rb a n o e a o en orm e cu st o socia l rep resen t a d o p elos a cid en t es d e t râ n sit o. Em segu id a , é a p resen t a d o u m p a n ora m a ep id m iológico sob re a s v ít im a s d o t râ n sit o. A rela çã o en t re p erson a lid a d e e a cid en t e d e t râ n sit o m ereceu a t en çã o esp ecia l, p rin cip a lm en t e n o q u e se refere a o com p ort a m en t o in fra t or e a o con su -m o d e bebid a s a lcoólica s e d e ou t ra s d roga s. O a rt igo con clu i en fa t iz a n d o a n ecessid a d e d e o Es-t a d o im p lem en Es-t a r p olíEs-t ica s p ú b lica s esp ecífica s con sisEs-t en Es-t es, a fim d e se p od er con Es-t rola r o p ro-blem a .
Int rodução
Os estu d os sob re acid en tes d e trân sito (AT) n o Bra sil sã o esca sso s, a s a çõ es d e p reven çã o e con trole estão ap en as in ician d o e p ou co se co-n h ece a resp eito d o com p ortam eco-n to d o m oto-rista e d o p ed estre, d as con d ições d e segu ran ça d a s via s e veícu lo s, d a en gen h a ria d e trá fego, d o s cu sto s h u m a n o s e a m b ien ta is d o u so d e veícu lo s m o to riza d o s e d a s co n seq ü ên cia s trau m áticas resu ltan tes d os AT. Este artigo p reten d e d im en sion ar os trab alh os m ais relevan -tes sob re esse tem a, em n ível n acion al e in ter-n acioter-n al, visater-n d o coter-n trib u ir p ara o d eseter-n vol-vim en to d essa área d e estu d o.
Ap ós a Segu n d a Gu erra Mu n d ial, o au tom ó-vel p a rticu la r co n verte-se em fen ô m en o d e m assa em tod o o m u n d o. Ele torn a-se artigo d e con su m o e sím b olo d e statu ssocial, im p u lsio-n a d o p elo fo rte a p a ra to d e p ro p a ga lsio-n d a d a s econ om ias cap italistas, q u e d estacam a m ob i-lid a d e in d ivid u a l e a p ro sp erid a d e m a teria l sem p reced en tes. A p ro d u çã o m u n d ia l a n u a l d e a u to m ó veis cresceu d e 11 p a ra 53 m ilh õ es en tre 1950 e 1995 (Tap iaGran ad os, 1998). En -tre 1970 e 1988, n os Estad os Un id os d a Am éri-ca (EUA), o vo lu m e d o trá fego a u m en to u d e 1,78 trilh õ es d e km p erco rrid o s p o r veícu lo s p a ra 3,24 trilh õ es (Ro b erts, 1995). O a u m en to d a frota d e veícu los tem sid o m u n d ial, m as, em geral, o sistem a viário e o p lan ejam en to u rb a-n o a-n ão acom p aa-n h aram este crescim ea-n to. Além d a p o lu içã o so n o ra e a tm o sférica , o a u m en to d o tem p o d e p ercu rso, os en garrafam en tos, são resp on sáveis p ela crescen te agressivid ad e d os m otoristas e p ela d ecrescen te q u alid ad e d e vi-d a em m eio u rb an o (Tap ia-Gran avi-d os, 1998).
Ju n ta m en te co m a in co rp o ra çã o d o a u to -m ó vel n o co tid ia n o d a s co -m u n id a d es, su rge u m im p o rta n te p ro b lem a so cia l, o s AT. En -q u an to n o m u n d o d esen volvid o faz-se u m es-fo rço co n sid erá vel n o sen tid o d e co n tro lá -lo, n os p aíses em d esen volvim en to ele ap arece co-m o u co-m p ro b leco-m a ca d a vez co-m a io r. No ca so d o Brasil, o trân sito é con sid erad o u m d os p iores e m a is p erigo so s d o m u n d o. Os ín d ices d e AT sã o a ltíssim o s, co m u m p a ra ca d a lo te d e 410 veícu los em circu la çã o. Na Su écia , a rela çã o é d e u m AT p a ra 21.400 ve ícu lo s e m t râ n sit o (DENATRAN, 1997).
Um a fro ta d e veícu lo s ca d a vez m a io r, cir-cu la n d o n o m u n d o in teiro, tro u xe, a lém d o s AT, u m a u m en to sign ifica tivo n a p o lu içã o d o ar, n o ín d ice d e ru íd os e n a tran sform ação d e-grad an te d a p aisagem u rb an a. O excesso d e ga-ses lib era d o s p elo s m o to res d o s a u to m ó veis co n co rre d ecisiva m en te p a ra u m a p ro p o rçã o con sid erável d as d oen ças resp iratórias. Na
Re-gião Metrop olitan a d e São Pau lo, p or exem p lo, o n ú m ero d e d ias com ín d ices in ad eq u ad os d e con cen tração d e p olu en tes já alcan ça cerca d e 10% d o total.
Um ou tro asp ecto a ser con sid erad o refere-se à p erd a d e q u a lid a d e d e vid a , ca u sa d a p ela im p ossib ilid ad e d e en con trar esp aços d estin a-d o s à co n vivên cia so cia l a-d ia n te a-d a crescen te con stru ção d e esp aços exclu sivam en te p ara os veícu los.
Em ad ição, n o Brasil, n os ú ltim os an os, em d ecorrên cia d a esta b ilid a d e econ ôm ica , o volu m e d e ca rro s tem a u m en ta d o sign ifica tiva -m en te, situ ação esta co-m p atível co-m u -m crescim en to d e cerca d e 20% n o con su m o d e com -b u stíveis.
Além d e rep resen ta r u m gra n d e p ro b lem a d e sa ú d e p ú b lica , o s AT im p lica m u m cu sto an u al d e 1% a 2% d o p rod u to in tern o b ru to p a-ra o s p a íses m en o s d esen vo lvid o s (So d erlu n d & Zwi, 1995). Nu m a estim ativa con servad ora, o Govern o d o Estad o d e São Pau lo (1993) calcu la q u e o cu sto so cia l e m a ter ia l d o s AT ch ega a cerca d e 1% d o PIB n a cio n a l. No s EUA, u m a an álise d a Ad m in istração d a Segu ran ça n o Trá-fego n a s Estra d a s Na cio n a is co n clu iu q u e o s p rin cip ais cu stos em d ecorrên cia d e AT corres-p o n d em a d a n o d e corres-p ro corres-p ried a d e (33%), corres-p erd a d e p rod u tivid ad e n o trab alh o (29%), d esp esas m éd ica s (10%) e p erd a s d e p ro d u tivid a d e n o lar (8%) (CDC, 1993).
As d eficiên cias físicas resu ltan tes d e AT tra-zem graves p reju ízos ao in d ivíd u o (fin an ceiros, fam iliares, d e locom oção, p rofission ais etc.) e p ara a socied ad e (gastos h osp italares, d im in u i-çã o d e p ro d u i-çã o, cu sto s p revid en ciá rio s etc). As estim ativas d a Organ ização Pan -Am erican a d e Saú d e (OPS) ap on tam q u e 6% d as d eficiên -cias físicas são cau sad as p or AT n o m u n d o. No Bra sil, d o to ta l d e p o r ta d o res d e d eficiên cia s a ten d id o s p elo Ho sp ita l d a s Clín ica s d e Sã o Pau lo, 5,5% são casos d e vítim as d e AT (Gover-n o d o Estad o d e São Pau lo, 1993).
No Bra sil, cerca d e d o is terço s d o s leito s h o sp ita la res d o s seto res d e o rto p ed ia e tra u -m a to lo gia sã o o cu p a d o s p o r víti-m a s d e AT, com m éd ia d e in tern ação d e vin te d ias, geran -d o u m cu sto m é-d io -d e vin te m il -d ólares p or fe-rid o grave (Pires et al., 1997). O Dep artam en to Na cio n a l d e Trâ n sito (DENATRAN) registro u , em 1994, m ais d e 22 m il m ortes n o trân sito n o País e m ais de 330 m il feridos. O cu sto an u al es-tim ad o u ltrap assa três b ilh ões d e d ólares (Pires et al., 1997).
segu ran ça n o trân sito. Em âm b ito m u n d ial, essa q u estão só p assou a ser exam in ad a com in -teresse co rresp o n d en te à su a im p o r tâ n cia a p artir d a d écad a d e 50; n o Brasil, p orém , é ain -d a m a is recen te, e está sen -d o im p lem en ta -d a p or m eio d e cam p an h as em n ível fed eral, esta-d u al e m u n icip al. A ap rovação p elo Con gresso Nacion al d o n ovo Cód igo d e Trân sito em 1998 é u m com eço p rom issor d e m u d an ça qu an to a esses altíssim os n ú m eros. Con tu d o, p rogram as ad icion ais são im p rescin d íveis p ara criar u m a n ova cu ltu ra n o trâ n sito e, n esse a sp ecto, so -m en te os -m u n icíp ios -m aiores n as regiões -m ais d esen vo lvid a s têm en co n tra d o co n d içõ es d e im p lem en tar tais p rogram as.
Aspect os epidemiológicos e econômicos
M ort alidade no Trânsit o
O au m en to d a m ortalid ad e p or AT, b em com o a gravid ad e d as lesões qu e os m esm os cau sam , co m eça ra m a ser d esta ca d o s p elo s p esq u isa -d ores -d e p aíses -d esen volvi-d os a p artir -d a -d éca-d a éca-d e 60. A Orga n iza çã o Mu n éca-d ia l éca-d a Sa ú éca-d e (OMS) ob serva qu e o ín d ice d e m ortalid ad e en -tre p ed es-tres com m ais d e 14 an os d e id ad e d i-m in u i, a u i-m en ta n d o sign ifica tiva i-m en te en tre m otoristas e ocu p an tes d e veícu los, p rin cip al-m en te ap ós os 17 an os d e id ad e (WHO, 1976). No Brasil, Mello-Jorge & Latorre (1994), con si-d eran si-d o ap en as as áreas geográficas si-d e m elh or q u a lid a d e d e in fo rm a çã o, o b serva ra m q u e o s a tro p ela m en to s o cu p a m en tre 50% e 85% d a s m ortes p or AT. No Rio d e Ja n eiro, Klein (1994) verificou q u e os atrop elam en tos, em 1990, re-p resen taram 55% dos óbitos re-p or AT n o grure-p o de 20 a 39 an os, e 86% n o d os m aiores d e 65 an os.
Yu n es & Ra js (1994), estu d a n d o a m o rta li-d ali-d e p or cau sas violen tas n as Am éricas, ob ser-va m q u e, em b ora a m orta lid a d e p rop orcion a l p or AT n este gru p o d e m ortes ten h a ap resen ta-d o ten ta-d ên cia ta-d ecrescen te, ain ta-d a con stitu i u m p rob lem a grave n o Brasil, Can ad á, EUA e Ven e-zu ela . No s EUA, 72% d e to d a s a s m o r tes d e ad olescen tes e ad u ltos joven s são cau sad as p or vio lên cia s, q u e in clu em AT, o u tra s lesõ es n ã o in ten cio n a is, h o m icíd io s e su icíd io s (CDC, 1995). No Bra sil, o coeficien te d e m orta lid a d e p or acid en tes d e trân sito, em 1994, era d e 18,9 (p o r cem m il h a b ita n tes), sen d o su p er io r a o d os EUA (18,4), d a Fran ça (16,5), d a Argen tin a (9,1), en tre o u tro s. Em n ú m ero s a b so lu to s, o s ób itos p or AT au m en taram d e 17.795, em 1977, p ara 29.014, em 1994. A situ ação ep id em iológi-ca d as d iversas iológi-cap itais b rasileiras é h
eterogê-n ea , m a s em 50% d o s ca so s h o u ve teeterogê-n d êeterogê-n cia crescen te n esse p erío d o, e a lgu m a s d ela s, es-p ecia lm en te a s q u e sã o es-p ó lo s d e m igra çã o, a p resen ta ra m u m in crem en to d e 100% ou su -p erior (Mello-Jorge &am-p; Latorre, 1994).
A m ortalid ad e p or AT n o Brasil tem flu tu a-d o en tre 16,1/ 100.000 em 1994 e 18,9/ 100.000 em 1994, sen d o qu e algu m as localid ad es ap re-sen tam taxas até d u as vezes m ais elevad as, com o é o ca so d e Go iâ n ia , Ca com p o Gra n d e, Vitó -ria , Cu ritib a , Flo -ria n ó p o lis e Distrito Fed era l (Mello -Jo rge et a l., 1997). O Bra sil p resen cio u n o a n o d e 1997 u m n ú m ero su p erio r a 38 m il m o rto s e 460 m il ferid o s, n u m co n ju n to to ta l d e 2,1 m ilh ões d e AT. De 1992 a 1996, h ou ve u m acréscim o d e 24% n o n ú m ero d e m ortes p or AT (DENATRAN, 1997), sen d o o ín d ice d e fatalid ad e, p elo m en os, ad u as vezes m aior ad o qu e o en -co n tra d o em p a íses d esen vo lvid o s. Exem p lo d isso é o ín d ice d e 8,8 m o rtes en co n tra d o n o Ja p ã o, q u e vem a p resen ta n d o red u çã o d e a n o p ara an o, en qu an to n o Brasil tem ocorrid o exa-tam en te o in verso.
Reich en h eim & Wern eck (1994), ao an alisar os gran d es gru p os d e cau sa d e ób itos n o Mu n i-cíp io e n o Esta d o d o Rio d e Ja n eiro em 1990, ob servaram q u e as cau sas extern as são o p rin -cip al m otivo d e m ortalid ad e p recoce, p red om i-n ai-n tem ei-n te ei-n tre rep resei-n tai-n tes d o sexo m as-cu lin o. Co m o ca u sa iso la d a , o s AT fo ra m res-p on sáveis res-p or 7,6% d as m ortes res-p recoces n o Es-tad o e p or 8,3% n o Mu n icíp io d o Rio d e Jan ei-ro. En q u a n to isso, n a cid a d e d e Sã o Pa u lo, o s AT rep resen ta m a q u in ta ca u sa d e m o rte p re-m atu ra (PMSP, 1992).
Em Recife, em 1991, Lim a & Xim en es (1998) d escreveram m aior m ortalid ad e p or AT n o es-trato d e con d ição d e vid a m ais elevad o e m aior a co m etim en to d a p o p u la çã o d e cin q ü en ta an os e m ais.
M orbidade e incapacidade
Qu an to às estatísticas d e m orb id ad e, a su b n o-tificação é b astan te relevan te, u m a vez q u e só sã o in clu íd o s o s AT q u e ch ega m a o co n h eci-m en to da p olícia. Nos EUA, eeci-m 1990, ap roxieci-m a-dam en te 22% dos 5,4 m ilh ões de p essoas en vol-vidas em aciden tes de trân sito n ão fatais n ão fi-zeram ocorrên cia p olicial (CDC, 1993). A d efi-ciên cia d e d ad os sob re os AT con stitu i u m ob s-tácu lo im p ortan te p ara o d esen volvim en to d os p rogram as de segu ran ça n o trân sito, já qu e p re-ju d ica a con figu ração e a an álise d o p rob lem a.
-p ita, m aior é o orçam en to d estin ad o ao aten d
i-m en to d e saú d e e i-m en ores são as taxas d e leta-lid ad e en tre as vítim as d e AT. Haven d o m elh or q u alid ad e d e tratam en to, h averá m aior p rob a-b ilid ad e d e soa-b revid a (WHO, 1976).
Em b ora a OMS recom en d e q u e se in clu am n a s esta tística s a s m o rtes em d eco rrên cia d e AT o co rrid a s a p ó s trin ta d ia s d o a cid en te, a l-gu n s p aíses só con sid eram os ób itos até o séti-m o d ia (OMS, 1984). Eséti-m d esco séti-m p a sso co séti-m a orien tação d a OMS, a Associação Brasileira d e No rm a s Técn ica s (ABNT) reco m en d a q u e a m o rte seja registra d a a té três d ia s a p ó s o a ci-d en te (Cla rk, 1995). Sen ci-d o a ssim , n o Bra sil, m u ita s d a s vítim a s d e AT vã o a ó b ito sem q u e este seja registrad o com o con seqü ên cia d e AT.
Há qu e se con sid erar ain d a qu e m u itos d os a cid en ta d o s a d m itid o s em h o sp ita is n ã o sã o id en tificad os com o vítim as d e AT, m as com o d e a cid en tes em gera l. Esses m o tivo s exp lica m p or qu e o registro oficial d e m ortos n o trân sito, esp ecialm en te n o caso d e p aíses em d esen vol-vim en to com o o Brasil, n ão ap on ta u m n ú m e-ro rea l (Bra ga & Sa n tos, 1995). De a cord o com Clark (1995), n o caso b rasileiro, o su b -registro é b a sta n te eleva d o, va ria n d o d e 35% a 100%, con form e a região d o País.
O n ú m ero d e in cap acitad os p or AT tem au m en tad o sign ificativam en te. En tre as exp lica -ções p ara esse fen ôm en o ob serva-se: a) m aior n ú m ero d e AT en tre joven s q u e a p resen ta m m elh o res co n d içõ es d e sa ú d e p a ra so b reviver aos acid en tes graves; b ) m aior velocid ad e d os veícu lo s; c) a u m en to d o n ú m ero d e veícu lo s p esa d o s; d ) a va n ço s n a s técn ica s m éd ica s d e ressu scitam en to.
Um levan tam en to n o Rein o Un id o, com b ase em 4.342 in tern ações n o Hosp ital d e Acid en -tad os d e Birm in gh am , em 1961, ob ser vou q u e m a is d a m eta d e d a s in ca p a cid a d es a tin gia m m en ores d e trin ta an os; p erto d e u m terço d es-tas foi grave e m etad e, m od erad a, ten d o com o vítim a s 25% d e m o to ciclista s, 21% d e p ed es-tres, 21% d e ocu p an tes d e veícu los e 11% d e ciclistas (WHO, 1976). No Brasil, em 1988, Cam -p o s-d a -Pa z et a l. (1992) id en tifica ra m , em 36 h osp itais p ú b licos, 108 p acien tes (81% d o sexo m a scu lin o ) co m lesã o m ed u la r p o r tra u m a , sen d o 42% d os casos d ecorren tes d e AT.
A Orga n iza çã o Pa n -Am erica n a d a Sa ú d e (OPS, 1994) estim a qu e a cad a ad olescen te qu e m orre p or AT, en tre 10 a 15 ap resen tam seq ü e-las graves, e 30 a 40 sofrem ferim en tos graves, d even d o u tiliza r serviços d e em ergên cia e/ ou reab ilitação.
Sexo e idade
Em 73,1% d o s ca so s, o s p rin cip a is en vo lvid o s em AT sã o p esso a s d o sexo m a scu lin o. Os jo -ven s sã o a s p rin cip a is vítim a s, e a fa ixa etá ria qu e con tém u m n ú m ero m ais sign ificativo d es-tas, com 24,32% d o total, é a qu e vai d os 15 aos 24 an os (DENATRAN, 1997). Klein (1994) m ostra o p red om ín io m ascu lin o d e m ortes n o trân -sito, em esp ecial n o gru p o d e 20 a 64 an os, qu e atin ge cin co vezes m ais h om en s d o qu e m u lh e-res. No p erío d o d e 1977 a 1989, a ten d ên cia m éd ia d a m ortalid ad e p or AT foi d e leve ascen sã o, q u a se exclu siva m en te em ra zã o d o a u -m en to d as -m ortes d e víti-m as d o sexo -m ascu li-n o (em to d a s a s fa ixa s etá r ia s), exceto li-n o Rio d e Ja n eiro, o n d e o sexo fem in in o ta m b ém ap resen tou ten d ên cia crescen te (Mello-Jorge & Latorre, 1994).
Mu rra y & Lo p ez (1996), a o a n a lisa rem a m o rta lid a d e n o sexo m a scu lin o, u tiliza n d o o cá lcu lo d e a n o s p o ten cia is d e vid a p erd id o s (APVP), ob servaram qu e os AT con stitu em a se-gu n d a cau sa d e m orte p recoce n o m u n d o tod o. Em a lgu n s p a íses, o s ó b ito s p o r AT en tre h o -m en s d e 15 a 24 a n os rep resen ta -m -m eta d e ou m ais d as m ortes p or tod as as cau sas, h aven d o u m a d im in u içã o a p ó s o s 25 a n o s d e id a d e (WHO, 1976).
Na Fra n ça , o in q u érito Ba rom èt re Sa n t é,
rea liza d o em n ovem b ro d e 1992, q u e in clu iu 315 joven s en tre 18 e 24 a n o s, m en cio n a q u e, en tre estes, o s AT sã o o p ro b lem a d e sa ú d e m a is im p o rta n te (69,3%). Três d e ca d a q u a tro m o rtes n a fa ixa d e 15 a 19 a n o s sã o ca u sa d a s p or AT, e, em b ora corresp on d a a 10,5% d a p o -p u lação, essa faixa etária con tém 25% d as víti-m as d os acid en tes d e trân sito. Ain d a evíti-m 1992, n a fa ixa d e 18 a 24 a n o s, a s esta tística s d e AT a p o n ta va m : 2.315 m o rtes, 11.997 ferim en to s graves e 40.809 ferim en tos leves (Bau d ier et al. 1994).
Nos EUA, os joven s tam b ém são as m aiores vítim a s n o trâ n sito. Segu n d o esta tística s d e 1983, 50% d o s m o to r ista s en vo lvid o s em a ci-d en tes fatais p erten ciam à faixa ci-d e 16 a 29 an os ( Willia m s & Ca rsten , 1989). Ha kkin en (1976,
ap u dKaiser, 1979), p or su a vez, ob servou q u e,
-segu em a licen ça (Ca rteira d e Mo to rista ) e, co n co m ita n tem en te, têm m en o r exp er iên cia p ara d irigir.
Yu n es & Rajs (1994) m ostram qu e, n as Am é-rica s, en tre 1984 e 1994, h o u ve u m a u m en to d os coeficien tes d e m ortalid ad e, esp ecialm en -te n as faixas d e 15 a 19 e d e 20 a 29 an os, tan to em h o m en s, co m o em m u lh eres, em b o ra n o s h om en s o m aior coeficien te seja n oven ta e n as m u lh eres in ferior a seis (p or cem m il h ab itan -tes). En tre 1970 e 1985, a m ortalid ad e p rop or-cion al p or violên cias e acid en tes, n o Mu n icíp io d e Sã o Pa u lo, va rio u d e 8,9% p a ra 13,0% p a ra a m b o s o s sexo s; d e 12,6% p a ra 18,5% p a ra o s h om en s e d e 4,3% p ara 5,2% p ara as m u lh eres. O ín d ice d e sob rem ortalid ad e m ascu lin a m an -teve-se con stan te em 3,3. Os ób itos p or cau sas violen tas ocu p avam , em 1985, o segu n d o lu gar n a estru tu ra d as p rin cip ais cau sas d e m ortali-d a ortali-d e m a scu lin a , sen ortali-d o esp ecia lm en te fre-qü en tes en tre os joven s d e 15 a 29 an os (Paglia-ro, 1992).
An terio rm en te, u m gru p o d e p esq u isa s (OECD Resea rch Grou p), co m b a se n o estu d o
d o Co m itê Eu ro p eu d e Sa ú d e Pú b lica , o b servou q u e a p rop orção d e sexos en tre os acid en -ta d o s n o trâ n sito era d e 4,5 h o m en s p o r ca d a m u lh er, e qu e a m aior freqü ên cia era en tre 17 e 22 an os (WHO, 1976).
Desenvolviment o econômico
De a co rd o co m in fo rm e d a OMS (1984) a res-p eito d e u m a a n á lise feita co m o o b jetivo d e avaliar o d esem p en h o d e d iversos p aíses qu an -to à segu ran ça n o trân si-to, tem -se qu e:
1) os p aíses in d u strializad os (q u e já im p lem en taralem várias lem ed id as p ara con ter a violên -cia n o trâ n sito, p rin cip a lm en te a p a rtir d a se-gu n d a m etad e d a d écad a d e 70) têm con sese-gu i-d o esta b iliza r o p ro b lem a , m a s o s cu sto s têm sid o crescen tes;
2) n os p aíses em u m n ível in term ed iário d e d esen vo lvim en to, o s AT estã o en tre a s p rin ci-p a is ca u sa s d e m o rta lid a d e, ci-p rin cici-p a lm en te en tre joven s. Nesses p aíses, os cu stos com p ro-b lem a s d eco rren tes d e AT rep resen ta m cerca d e 1% d o Prod u to Nacion al Bru to (PNB);
3) em ú ltim o lu gar, os p aíses em d esen vol-vim en to, ap esar d as p reocu p ações com os p ro-b lem a s gera d o s p elo s a cid en tes d e trâ n sito, n ão con segu em im p lan tar p olíticas ou p rogra-m a s d estin a d o s à d irogra-m in u içã o d a rogra-m o rta lid a d e o u d o s cu sto s d o s p ro b lem a s d eco rren tes d o s AT, o s q u a is rep resen ta m a té 2% d o PNB (So -d erlu n -d & Zwi, 1995).
De a co rd o co m estu d o recen te d o Ba n co Mu n d ial, ap resen tad o n a 3a Con ferên cia An u al
d e Tran sp ortes, Segu ran ça d e Trân sito e Saú d e, p rom ovid a p ela OMS, em Wash in gton , d e cad a cem p essoas m ortas em AT n o m u n d o, seten ta são h ab itan tes d e p aíses su b d esen volvid os e 66 são p ed estres. En tre estes ú ltim os, cerca d e u m terço são crian ças (Lu n d ebye, 1997). O estu d o revela ain d a q u e, d as cerca d e m eio m ilh ão d e vid a s p erd id a s a n u a lm en te em AT em to d o o m u n d o, os p aíses p ob res são resp on sáveis p or 350 m il m ortes n o trân sito.
Alfaro-Alvarez & Díaz-Coller (1977) an alisa-ram d ad os secu n d ários d e 28 p aíses d as Am é-rica s e, a o co m p a ra r o s a n o s d e 1969 e 1975, ob servaram u m a ten d ên cia crescen te d a m or-ta lid a d e p o r AT, d ireor-ta m en te p ro p o rcio n a l a o n ú m ero d e veícu los registrad os. Os AT relacio-n am -se com o volu m e d e carros circu larelacio-n tes, e, n os p aíses m en os d esen volvid os, com b aixo ín d ice d e veícu los, as vítim as d e AT são p referen -cia lm en te o s p ed estres. No s p a íses d e m a io r d esen vo lvim en to, co m eleva d o ín d ice d e veí-cu los, as vítim as são os m otoristas. Na Am érica d o Su l, o s a tro p ela m en to s fa ta is resp o n d em p o r m a is d a m eta d e d a s m o r tes o co rrid a s n o trâ n sito. Já n a s n a çõ es rica s, a s vítim a s m a is co m u n s em AT sã o o s o cu p a n tes d o s ca rro s. Nos EUA, p or exem p lo, atin gem 80% d e m oto-rista s e 20% d e p a ssa geiro s (Lu n d ebye, 1997). Portan to, n os p aíses p ob res, é p reciso in vestir n a p roteção e ed u cação tan to d o p ed estre, co-m o d o co-m otorista.
Sen d o assim , n esse con texto, o gran d e foco d e aten ção d os govern os d eve ser o trân sito n as cid ad es, visto q u e d ois terços d os AT q u e cau -sam ferim en tos ocorrem em áreas u rb an as.
A qualidade de informação
Mello-Jorge & Latorre (1994) ap on tam a d ificu l-d al-d e p ara estu l-d ar os AT p or tip o l-d e cau sa, vis-to qu e, em geral, o d iagn óstico d e cau sa b ásica é d e n a tu reza n ã o esp ecifica d a . En tre 1977 e 1987, m a is d e 70% d o s AT n o Bra sil esta va m n essa categoria. Esses au tores d estacam a n e-cessid a d e d e m elh o ria d a q u a lid a d e d a in fo r-m ação er-m n ível d os In stitu tos Méd ico-Legais, u m a vez qu e, n a m aioria d os casos, tais in stitu to s d isp õ em d e có p ia d o Bo letim d e Oco rrên -cia Poli-cial, on d e con stam as circu n stân -cias d o a cid en te d e trâ n sito, a s q u a is sã o fu n d a m en -tais p ara esp ecificar a cau sa b ásica d e m orte.
(Ban gd iwala et al., 1991). Nesse sen tid o, o arti-go d e Wald m an & Mello-Jorge (1999) ap resen ta u m a sistem a tiza çã o d o s co n ceito s e a sp ecto s op era cion a is fu n d a m en ta is p a ra u m eficien te sistem a d e vigilân cia d as violên cias, in clu in d o os AT.
Personalidade e AT
Vá rio s estu d o s revela m co n exã o sign ifica tiva en tre p erson alid ad e e risco d e AT. Um a p esqu i-sa n a Au strá lia , p o r exem p lo, co m p a ro u cem in d ivíd u o s cu lp a d o s d e a cid en tes gra ves co m cem co n tro les p a rea d o s. Os ca so s a p resen ta -ram m aior freq ü ên cia d e sin tom as p siq u iátri-cos m en ores, com o an sied ad e, im p u lsivid ad e e falta d e con sciên cia social. Referiram , tam b ém , com m a ior freq ü ên cia , even tos d e vid a d esfa-vo rá veis n a s q u a tro sem a n a s p révia s a o a ci-d en te (WHO, 1976).
Tem sid o ob servad a ain d a u m a associação sign ificativa en tre crim in alid ad e e en volvim en -to em AT. Pesq u isa d e Ha vila n d & Wisem a n (Ha vila n d & Wisem a n 1974, a p u dWest et a l.,
1993b ) ob servou q u e 114 crim in osos ap resen -ta va m 5,5 vezes m a io r en vo lvim en to em AT co m d a n o s m a teria is o u lesio n a d o s e 19,5 ve-zes m aior en volvim en to em AT fatais. A classi-fica çã o d e tra n sto rn o s m en ta is d o Ma n u a l Diagn óstico e Estatístico d e Tran storn os Men tais (DSMIV, 1995) in clu i o “d irigir im p ru d en -te” n a categoria d e d esord en s d e p erson alid ad e a n ti-so cia is, co n sid era n d o -o co m o u m sin a l in d ica tivo d esta cla sse d e d eso rd en s, ju n ta -m en te co -m a fa lta d e sen ti-m en to d e cu lp a , o n ão-p agam en to d e d ívid as e o com p ortam en to crim in al (West et al., 1993b ).
McGu ire (1972, ap u dWest et al., 1993b ) es-tu d ou 2.727 solicitan tes d e carteira d e m otoris-ta através d e testes e q u estion ários e levan tou a in cid ên cia d e acid en tes n os d ois an os su b se-qü en tes. Ob servou qu e o en volvim en to em aci-d en tes associava-se com sen tim en tos aci-d e h osti-lid ad e, agressivid ad e e an teced en tes d e con fli-tos fam iliares.
Evan s et al. (1987, ap u dWest et al., 1993b ), em estu d o com m otoristas d e ôn ib u s n a Ín d ia e n os EUA, en con tra ra m q u e os d e com p orta m en to h ip erativo, agitad o e n ervoso (con ven cion alm en te d en om in ad os d e tip o A), em am -b o s p a íses, a p resen ta va m ta xa s d e a cid en te m ais elevad as q u e os d e com p ortam en to p as-sivo, con trolad o e calm o (con ven cion alm en te d en om in ad os d e tip o B). Na Ín d ia, tam b ém foi ob servad o qu e os m otoristas d e p erson alid ad e tip o A b reca va m , u ltra p a ssa va m e to ca va m a b u zin a com m aior freqü ên cia.
So b re a vu ln era b ilid a d e d o a d o lescen te e su a b u sca d a id en tid a d e a d u lta , ca b e lem b ra r os trab alh os d e Erik Erikson (Erikson , 1972) e, en tre n ós, su l-am erican os, os d e Kn ob el (1980). Um estu d o d e Man stead et al. (1991, ap u d
Parker et al., 1995) com ad olescen tes e joven s ob -servou qu e estes n ão ap resen tam falta d e h ab i-lid a d es n a s ta refa s d e d ireçã o sim u la d a , m a s su as resp ostas a u m q u estion ário n em sem p re m o stra ra m a titu d es e o p in iõ es co m p a tíveis com u m a d ireção segu ra.
Qu im by et al. (1986, ap u dWest et al., 1993a)
com en tam qu e os estu d os n ão têm con segu id o d em o n stra r rela çõ es co n sisten tes en tre o d esem p en h o p sico m o to r e a ten d ên cia p a ra so frer acid en tes, o qu e tem levad o a u m a con cep -çã o d e q u e o estilo d e co n d u zir p o d e ser m a is im p ortan te qu e as h ab ilid ad es p sicom otoras.
As o co rrên cia s d e AT co n cen tra m -se em u m gru p o p eq u en o d o s co n d u to res. Pesq u isa n a Alem an h a ob servou qu e 9% d os con d u tores eram resp on sáveis p or 40% d os acid en tes (Kai-ser, 1979). Meyer & Jacob i (1961, ap u dMid d en -d o rf, 1976), em leva n ta m en to -d e 145.000 a ta s d e com p an h ias segu rad oras, ob servaram qu e:
a) os acid en tes d o trân sito se qu alificam co -m o in frações cu lp osas ou p re-m ed itad as con tra os regu lam en tos d e trân sito m ais sim p les e, em geral, acon tecem em circu n stân cias cotid ian as d e trân sito. Parte d essas in frações levam , in e-vitavelm en te, a acid en tes;
b ) a s m otiva ções in tern a s d e erro h u m a n o ob servad as são: d ificu ld ad es ou falta d e d isp o-sição p ara a ob ed iên cia às n orm as ju ríd icas d o trân sito.
A freq ü ên cia relativa d e AT com relação ao total d e p ortad ores d e carteira d e m otorista vai d im in u in d o com o a u m en to d a id a d e: n a Alem a n h a , o b ser va ra Alem se 10% d e a cid en tes gra -ves n a faixa etária d e 19 e 20 an os, m as esta ci-fra caiu p ara 4% n o gru p o d e p essoas en tre 25 e 34 a n o s, q u e co n stitu em a m a io ria d o s m o to ristas (Kaiser, 1979). Os ad olescen tes ap resen -taram m aior freq ü ên cia d e in fração p or d irigi-rem d e form a tem erária, p or estairigi-rem en ted ia-d o s, co m ia-d esejo ia-d e a ven tu ra o u co m vo n ta ia-d e d e se d estacar (Mid d en d orf, 1976).
ed u cação, qu e p rom ovam u m com p ortam en to m ais ad equ ad o.
Agressividade e t ransgressão
Vá rio s estu d o s verifica m u m a fo rte co n exã o en tre agressivid ad e e trân sito, p rin cip alm en te en tre a p o p u la çã o jovem e a d o lescen te. Pa ra Den ker (1966, ap u dMid d en d orf, 1976), a fru
s-tra çã o p rovo ca d iferen tes rea çõ es, sen d o a agressivid ad e u m a d elas. Desejo d e segu ran ça, n ova s exp eriên cia s, com p reen sã o, recon h ecim en to e ju stiça , q u a n d o n ã o sa tisfeito s, p o -d em , n o a -d o lescen te, leva r à fru stra çã o q u e, p o r su a vez, p o d e levá -lo a co m p o r ta m en to s an ti-sociais.
No a d u lto, p ersistem , em fo rm a resid u a l, asp irações p rim itivas d e p od er. Em algu n s in -d iví-d u os, características in fan tis os fazem p ro-cu ra r p o r u m in stru m en to q u e lh es p er m ita m u ltip licar su as p ossib ilid ad es físicas. O carro, n esse sen tid o, rep resen ta u m p ro lo n ga m en to d o co rp o d o m o to r ista e se to r n a p a rte in te -gran te d e seu n arcisism o (Raix et al., 1982).
Para Hess & Haeb erli (1967, ap u dMid d en
-d orf, 1976), a agressão e a ten -d ên cia à p rocu ra p or riscos estão estreitam en te associad as. Em tem p os p rim itivos, o en fren ta m en to d e situ a-ções d e risco con stitu ía, freq ü en tem en te, u m a qu estão d e sob revivên cia. Hoje, o h om em p ro-cu ra riscos artificiais p ara seu p razer n o tem p o livre, en tre eles, o m ais facilm en te d isp on ível, o veícu lo.
A tra n sgressã o é u m a in fra çã o in ten cio n a l d o so cia lm en te a ceito e regu la d o. Pa ra Ma n s-tead et al. (1991, ap u dBlockey & Hartley, 1995),
as tran sgressões são reflexo d e q u e o con d u tor a cred ita q u e su a s a titu d es e com p orta m en tos estão certos. Assim , a id en tificação d a n atu reza d e tais atitu d es e cren ças é fu n d am en tal p ara o p la n eja m en to, ed u ca çã o e p reven çã o d ela s, p recisan d o h aver m u d an ças d e atitu d es, cren -ças, n orm as e, ao m esm o tem p o, a d ivu lgação a d eq u a d a d a cu ltu ra d e segu ra n ça (Rea so n , 1990, ap u dParker et al., 1995).
As tra n sgressõ es n o trâ n sito sã o u m fen ô -m en o social e d eve-m ser an alisad as n o con tex-to o rga n iza cio n a l e so cia l m a is a m p lo. Atu a l-m en te, o s co l-m p o rta l-m en to s n ã o a ju sta d o s d e au tod estru ição, com o o alcoolism o e a d roga-d icção, ap resen tam -se com m aior freq ü ên cia. Nessa circu n stân cia, o carro p od e se con stitu ir n u m in stru m en to d e escap ism o e n u m m eio d e violên cia (Bau d ier et al., 1994).
Pa rker et a l. (1995) rea liza ra m p esq u isa com 1.600 m otoristas e id en tificaram três tip o-logias d e com p ortam en tos ab erran tes ao d iri-gir: 1) lap sos ou com p ortam en tos d e esq u
eci-m en to ; 2) erro s d e ju lga eci-m en to o u o b ser va çã o p oten cialm en te p erigosos p ara ou tros; 3) tran s-gressões, con traven ções in ten cion ais às p ráticas d e segu rid ad e n o trân sito. A p esq u isa con -clu iu qu e os h om en s, em m aior freqü ên cia qu e as m u lh eres, referiram elevad o n ú m ero d e er-ros. As m u lh eres relataram m ais lap sos, em as-sociação à p ercep ção d e si com o m ás m otoristas. Qu an to às tran sgressões, estas se associa ra m à ju ven tu d e, a o sexo m a scu lin o, à a u to -q u a lifica çã o co m o b o m m o to r ista (a cim a d a m éd ia) e à elevad a qu ilom etragem an u al.
Blockey & Hartley (1995) realizaram u m es-tu d o com 67 h om en s e 74 m u lh eres, cu ja an áli-se fatorial d estaca três fatores: erros gerais, er-ro s p erigo so s e tra n sgressõ es p erigo sa s. Os co n d u to res joven s co m etera m erro s e tra n s-gressõ es p erigo so s co m m a io r freq ü ên cia . Os h o m en s referira m m a io r freq ü ên cia d e tra n s-gressõ es p erigo sa s, en q u a n to o s co n d u to res com exp osição à estrad a e aq u eles q u e tin h am sid o d etid o s p o r a lta velo cid a d e rela ta ra m m aior freqü ên cia d e tran sgressões p erigosas.
West et a l. (1993b ) estu d a ra m , m ed ia n te a p lica çã o d e q u estion á rio, o “d esvio socia l le-ve”, ca ra cteriza d o p o r co m p o rta m en to s q u e p red isp õ em o in d ivíd u o a AT. O d esvio so cia l (em q u e o s h o m en s tivera m p o n tu a çã o m a is eleva d a d o q u e a s m u lh eres) teve co rrela çã o p o sitiva co m o ín d ice d e a cid en tes, in d ep en -d en tem en te -d e i-d a -d e, sexo, e q u ilo m etra gem an u al. O d esvio social ap resen tou u m a associa-çã o n ega tiva co m m eticu lo sid a d e e p o sitiva com velocid ad e e com p ortam en to in d evid o n a d ireção. O com p ortam en to tip o A associou -se p ositivam en te com velocid ad e n a d ireção, m as n ão h ou ve evid ên cia d e associação com m aior risco d e acid en te.
Há várias exp licações d o p orq u ê d e in d iví-d u os com com p ortam en to iví-d esvian te iví-d irigirem m a is rá p id o e, co n seq ü en tem en te, ca u sa rem m ais acid en tes. O d esvio social p od e ser m oti-va d o p o r u m a ên fa se in d evid a n a s n ecessid a-d es im ea-d ia ta s, sem q u a lq u er co n sia-d era çã o à s con seq ü ên cia s fu tu ra s p a ra si ou p a ra ou tros. Um a ou tra exp licação é q u e exced er os lim ites d e velocid ad e sign ifica d esafiar a lei e, p ara os in d ivíd u os com d esvio social m ais elevad o, es-se co m p o rta m en to rep rees-sen ta u m a fo rm a d e au to-afirm ação com p en satória.
Tomada de decisão
frções d e segu n d os, d en tro d e u m a m u ltip licid ad e ad e im p ressões ad o m u n ad o circu n ad an te, e en caixálas n o m osaico d as situ ações m om en tâ -n eas. Desse m od o, p od e-se tom ar u m a d ecisão in a d eq u a d a em ra zã o d e u m a p ertu rb a çã o tran sitória, com o n os casos d e fad iga, estresse, sob recarga em otiva ou em b riagu ez.
Fren ch et a l. (1993) o b ser va m q u e o s fa to res p rogn ósticos d e en volvim en to em AT (con -sid era n d o a q u ilo m etra gem a n u a l) in clu em id a d e, exp eriên cia , h a b ilid a d e p a ra o b ser va r ra p id a m en te situ a çõ es d e risco e ten d ên cia a co rrer risco s. Acred ita m q u e o en vo lvim en to em acid en te p od e ter m ais relação com o m od o co m o a s p esso a s fa zem ju lga m en to s e to -m m d ecisões, d o q u e co-m su a h ab ilid ad e p a-ra co n tro la r o ca rro. Exem p lo s d e to m a d a s d e d ecisão n o trân sito in clu em a u ltrap assagem , a m u d a n ça d e p ista , esta cio n a r o veícu lo n u m a b rech a d e tam an h o d eterm in ad o, en tre ou tras. Um a form a im p orta n te d e a b ord a r o estu -d o -d a tom a-d a -d e -d ecisão está relacion a-d a aos asp ectos sociológico/ an trop ológico (em qu e se en fatiza o exam e d e cren ças e valores d o m oto-rista ) e p sicológico (em q u e se en fa tiza ca ra c-terística s d a p erso n a lid a d e b a sea d a s n u m a certa tip ologia). Neste ú ltim o caso, segu n d o o m o d elo d e Ca reer (1992, a p u d Fren ch et a l.,
1993), os in d ivíd u os cla ssifica m -se em três ti-p os: racion ais, in tu itivos e d eti-p en d en tes. A to-m a d a d e d ecisã o ra cio n a l ca ra cteriza -se p o r d estacar a in form ação relevan te, ob servar cu i-d ai-d osam en te as con seqü ên cias fu tu ras e atu ar d e form a in ten cion al e lógica. A in tu itiva m ostra p eq u en a an tecip ação às con seq ü ên cias fu tu ra s, o u p eq u en a p ro cu ra sistem á tica d e in -form ação. A d ep en d en te tem com o caracterís-tica n ão se m ostrar resp on sável p or su as d ecisõ es, q u e sã o to m a d a s em virtu d e d a a p rova -ção social.
O estu d o d e Fren ch et a l. (1993) co n clu iu q u e co n d u to res q u e a p resen ta ra m u m gra u m en or d e m eticu losid ad e em tom ad as d e d eci-são m ostraram u m risco m aior d e AT e esta as-sociação esteve m ed iad a p ela m aior velocid a-d e n a a-d ireçã o. Os joven s a té trin ta a n o s a p re-sen ta ra m u m ín d ice m a is eleva d o d e fa lta d e m eticu losid ad e. Dessa form a, os au tores acre-d itam q u e a b aixa m eticu losiacre-d aacre-d e é reflexo acre-d e u m traço m ais geral d e im p aciên cia, q u e p od e con d u zir as p essoas a d irigir com m aior veloci-d aveloci-d e.
Velocidade, medidas de segurança e prevenção de AT
Velocidade
A velocid ad e qu e o carro p erm ite atin gir oferece ao con d u tor a op ortu n id ad e d e exp erim en -tar sen tim en tos d e gran d eza e fan tasia d e on i-p otên cia; além d isso, m ú sica n o carro favorece a sen sação d e isolam en to e, assim , au m en ta a sen sa çã o d e gra n d e in d ep en d ên cia . Au to res qu e se p reocu p am com u m a ab ord agem p sica-n alítica d o p rob lem a têm ap osica-n tad o a vu lsica-n era-b ilid ad e d e ad olescen tes e ad u ltos com p erso-n alid ad e im atu ra erso-n a coerso-n d u ção p erigosa d e veícu los m otorizad os. O carro con stitu i u m a com -p en sa çã o -p a ra o ego a n gu stia d o e a -p á tico e torn a-se u m a segu n d a p ele d o in d ivíd u o. Nesse Nessen tid o, o au tom óvel p assa a exercer a fu n ção d e sep arar o m otorista d e seu s sem elh an -tes, qu e são visu alizad os exclu sivam en te com o op on en tes (Hilgers, 1993).
Um ou tro asp ecto im p ortan te d e se ob servar é a in flu ên cia d a p u b licid ad e sob re o com p o rta m en to e fo rm a çã o d e va lo res. Ain d a se -gu n d o a OMS ( WH O, 1976), freq ü en tem en te veicu lam -se an ú n cios q u e associam carros ve-lozes e altas velocid ad es com virilid ad e. Esses an ú n cios p od em ter gran d e in flu ên cia n o gru -p o d e risco d e joven s m otorista s, em ra zã o d a vu ln erab ilid ad e d estes, d eterm in ad a p ela p ró-p ria con d ição d e tran sform ação d a ró-p erson ali-d a ali-d e. Erro s n o ju lga m en to ali-d e ali-d istâ n cia o u ali-d e tem p o e fa to s in esp era d o s, co m o b u ra co s o u ch ão escorregad io, con vertem -se em acid en tes p or cau sa d o excesso d e velocid ad e.
A co rrela çã o p o sitiva en tre velo cid a d e e m a io r risco d e AT já fo i verifica d a p o r vá ria s p esq u isa s (Fren ch et a l., 1993). Qu a n to a o ex-cesso d e velo cid a d e, Hilgers (1993) o b ser va q u e a falta d e fiscalização n as estrad as d en ota u m d escaso d as au torid ad es em relação ao p e-rigo d o s AT. A n ega çã o d o p ee-rigo in eren te a o carro tam b ém se m an ifesta n a au sên cia d e p o-líticas d e tran sp orte ad eq u ad as. Em 1989, n as estrad as alem ãs, existiam seiscen tos p on tos d e con trole d e velocid ad e, o qu e rep resen tava u m a ca d a 30.000 km e, a ssim , a p rob a b ilid a d e d e d etectar in fratores era irrisória.
m u lh eres e 6,7% d o s h o m en s ( Wa rd le & Step -toe, 1991).
Em estu d o n a Nova Zelân d ia, com 217 m o-tociclistas d e 18 an os, ob servou -se qu e m ais d e 22% tin h a m sid o m u lta d o s, p rin cip a lm en te p o r a lta velo cid a d e. Em b o ra 46% d a a m o stra fo ssem p o rta d o res d a ca rteira d e h a b ilita çã o esp ecial p ara joven s, a m aioria referia ter viola-d o a s restriçõ es im p o sta s p o r esta (Reeviola-d er et al., 1996).
West et al. (1993a) ap licaram u m qu estion á-rio sob re estilo d e d ireção a 48 con d u tores, os q u a is fo ra m ta m b ém o b ser va d o s (sem q u e so u b essem ) em u m a ro ta p ré-d efin id a em se-tor u rb an o e d e estrad a. A velocid ad e d eterm in a d a p o r o b ser va d o res in a estra d a co rrela cio -n ou -se b em com a velocid ad e h ab itu al d e d ire-çã o referid a p elo co n d u to r. Esse estu d o u tili-zou u m a regressão logística m ú ltip la, con sid era n d o, co m o va riá vel d ep en d en te, o a n tece -d en te -d e en volvim en to em aci-d en te. A velocid avelocid e ob servavelocid a n a estravelocid a, in velocid ep en velocid en tem en te d a s o u tra s va riá veis, esteve sign ifica tiva -m en te a sso cia d a co -m en vo lvi-m en to e-m a ci-d en te.
M edidas de segurança e prevenção
As cren ças relacion ad as à m an u ten ção d a saú d e são im p ortan tes em si m esm as com o u m fa -tor q u e d eterm in a com p ortam en tos d e saú d e. Den tre estes, d e im p ortân cia n a p reven ção d e AT, p od em os citar o h áb ito d e n ão in gerir b eb i-d as alcoólicas ao i-d irigir e o u so i-d e cin to i-d e se-gu ran ça. Cren ças sob re a im p ortân cia d e h áb ito s d e sa ú d e n ã o só in flu en cia m co m p o r ta -m en tos, -m as ta-m b é-m são i-m p ortan tes n as ati-tu d es em rela çã o à legisla çã o, b em co m o n a s d ecisõ es d e p o lítica s so cia is e n o s p ro gra m a s d e p rom oção d e estilo d e vid a sau d ável.
Os com p ortam en tos in ad eq u ad os n o trân -sito p arecem con stitu ir u m a categoria d ifícil d e ser m u d ad a, m as, segu n d o Parker et al. (1995), o Rein o Un ido é exem p lo de qu e é p ossível con -segu ir gran d es con q u istas n o com p ortam en to relacion ad o a b eb er e d irigir. De acord o com os a u tores, esse exem p lo serve p a ra m ostra r q u e ta l ob jetivo req u er m u ito esforço, tem p o e d i-n h eiro, m a s q u e se p o d e m u d a r esse tip o d e atitu d e.
Nos EUA, o CDC – Cen ters for Disease Con -t rol (CDC, 1994) co m en ta q u e , d esd e 1966,
q u a n d o o Govern o Fed era l esta b eleceu q u e a segu ran ça n as rod ovias era u m a p riorid ad e n a-cion al, o n ú m ero an u al d e m ortes p or AT d im n u iu em 21%, em b ora o n ú m ero an u al d e q u ilô m etro s p erco rrid o s p o r veícu lo s ten h a a u -m en ta d o e-m 114%. A red u çã o d a freq ü ên cia
d as lesões d e AT tem sid o associad a a u m con -ju n to d e p olíticas p ú b licas q u e têm com o b ase a va n ço s cien tífico s em q u e se d esta ca m : p ro -gra m a s d e in fo rm a çã o p ú b lica ; p ro m o çã o d e m u d an ças com p ortam en tais; m u d an ças n a le-gislação e avan ços d e en gen h aria e tecn ologia rela cion a d a s com o trâ n sito. Essa s estra tégia s têm tido com o resu ltado veícu los m ais segu ros, m od ificações d e p ráticas d e d ireção (d im in u i-ção d a freq ü ên cia d e con d u tores alcoolizad os e au m en to d o u so d e cin to d e segu ran ça) e am -b ien te d e estrad a m ais segu ros, -b em com o m e-lhoria n os serviços m édicos de em ergên cia. Tem sid o fu n d a m en ta l n esse sen tid o a in co rp o ra -çã o d e sistem a s n a cio n a is d e co leta d e in fo r-m ação p ara o r-m on itorar-m en to rotin eiro dos aci-d en tes fatais, a iaci-d en tificação aci-d e fatores aci-d e risco m o d ificá veis, a ela b o ra çã o e im p lem en ta çã o d e m ed id as p reven tivas e a avaliação d a efeti-vid ad e d estas. Para Win ston et al. (1996), esses avan ços acon teceram n os ú ltim os trin ta an os, m as ain d a h á lacu n as d e con h ecim en to qu e li-m itali-m a efetivid ad e d a p reven ção.
O In q u érito Eu ro p eu so b re Sa ú d e e Co m -p ortam en to foi realizad o com estu d an tes u n i-versitários d e carreiras n ão m éd icas (d u zen tos h om en s e d u zen tas m u lh eres d e 18 a 30 an os) d e vin te cen tros p articip an tes. O estu d o revela qu e as m u lh eres referem d irigir d en tro d o lim i-te d e velo cid a d e regu la m en ta r. A a n á lise d a s cren ças sob re d iferen tes ativid ad es im p ortan -tes p ara a m an u ten ção d a saú d e m ostra q u e o n ã o b eb er e d irigir e o u so d e p reserva tivo se-xu al são os m ais im p ortan tes d en tre os 25 iten s estu d a d o s. No en ta n to, h á d iscrep â n cia s im -p ortan tes en tre com -p ortam en tos e a força d as cren ças. Por exem p lo, m esm o os q u e ad m item d irigir so b efeito d o á lco o l a cred ita m ser im -p o rta n te n ã o d irigir a -p ó s b eb er. A in flu ên cia qu e o con h ecim en to sob re a saú d e tem n o esti-lo d e vid a p od e ser afetad a, ain d a, p eesti-lo con tex-to so cia l e p o r va riá veis d e o rd em cu ltu ra l (Ward le & Step toe, 1991).
O u so d e cin to d e segu ran ça é u m com p or-ta m en to in d ica tivo d e in teresse n a segu ra n ça p essoal. Evan s & Bloom field -Hills (1996) d esta-cam a im p ortân cia d os m eios d e p roteção, co-m o o cin to d e segu ra n ça o u a ir b a gs, ra d ica is
n a d im in u ição d a letalid ad e d os acid en tes viti-m a n d o o cu p a n tes d e veícu lo s, viti-m a s a firviti-m a viti-m q u e ta is m eio s n ã o têm q u a lq u er im p a cto n a p reven ção d os AT relacion ad os com p ed estres ou ciclistas.
Consumo de medicament os e drogas ilícit as
Ou tro fator p reocu p an te relacion a-se ao u so d e d rogas, p orém estu d os sob re a in flu ên cia d es-ta s to rn a m -se p o u co viá veis, p ela d ificu ld a d e d e d em on strar su a p resen ça, já q u e o n ível d e m etab ólitos n ão se correlacion a com seu efeito n a cap acid ad e p ara d irigir. No en tan to, tem -se ob servad o qu e os m otoristas qu e u tilizam esti-m u lan tes (an fetaesti-m in as) ap resen taesti-m u esti-m risco a u m en ta d o d e AT ( WH O, 1976). Skegg et a l. (1979), em estu d o ca so -co n tro le, o b ser va ra m associação sign ificativa en tre acid en te grave e u so d e tra n q ü iliza n tes m en o res, co m o Dia ze-p am .
O in qu érito Barom ètre San téap on ta qu e os
joven s têm u m a a titu d e p erm issiva co m rela çã o à s d ro ga s: 90,6% p en sa m ser n o rm a l u sá -las, p elo m en os u m a vez n a vid a, e 22,3% já ex-p erim en taram algu m tiex-p o d e tóxico, ex-p rin ciex-p al-m en te a al-m a co n h a (98,6%). Do s joven s en tre-vista d o s, 34,3% d o s co n su m id o res d e d ro ga s são h om en s e 13,4% são m u lh eres. Os d e m aior esco la rid a d e referem co m m a io r freq ü ên cia con su m o d e d roga d o qu e os com m en or esco-larid ad e (Bau d ier et al., 1994).
Consumo de álcool
Vá ria s p esq u isa s a p o n ta m u m a fo r te rela çã o en tre a in gestão d e álcool e AT. Há estu d os qu e o b serva m q u e co n cen tra çõ es d e 50m g/ 100m l d e álcool n o san gu e p od em p rovocar in ap tid ão p ara a con d u ção d e veícu los (OMS, 1984). Exa-m es p ost-m ortem d e rotin a em acid en tad os d e
trâ n sito o b serva m q u e u m a p ercen ta gem im -p ortan te d os m otoristas m ortos a-p resen tam al-coolem ia elevad a. Em vários p aíses, o álcool é resp on sável p or 30% a 50% d os acid en tes gra-ves e fa ta is (OMS, 1984), o q u e é co rr o b o ra d o p elos d ad os d o CDC (1993), os q u ais ap on tam p resen ça d e á lco o l em 50% d e AT fa ta is e gra -ves. Em con traste, o álcool só está p resen te em 15% d os acid en tes sem lesão (CDC, 1993).
Nos EUA, con sid era-se qu e u m acid en te fa-tal é relacion ad o ao álcool se o con d u tor ou p e-d estre a p resen ta r, n o m o m en to e-d o a cie-d en te, u m a con cen tra çã o d e a lcoolem ia igu a l ou su -p erior a 100m g/ d l; esse n ível é con sid erad o d e in toxicação.
Reh m (1993) rela ta q u e, d e 321 m o to rista s estu d a d o s, 87 tivera m n íveis d e eta n o l a cim a d e 100m g/ d e n ove estavam en tre 50 e 100m g/ d l. Dos 87 m otoristas in toxicad os com n ível d e eta n o l a cim a d e 100m g/ d l, 71 era m d o sexo m ascu lin o e 16 d o fem in in o. O au tor en fatiza a n ecessid ad e d e in terven ção terap êu tica em in -e m b o ra a cr-e n ça so b r-e a im p o rt â n cia d -e ssa
ação p ara a saú d e seja p ou co freqü en te (8,8%). Nos EUA, os resu ltad os d o Sistem a d e Vigilân -cia d e Co m p o r t a m e n t o d e Risco d o s Jove n s ( YRBSS), e m 1993, su ge re m q u e m u ito s e stu d a n tes a p resen ta m co m p o rta m en to s q u e a u m en tam seu risco d e m orte p or AT: 19,1% n u n -ca ou q u ase n u n -ca u sam cin to d e segu ran ça, e 35,3% re fe re m t e r a n d a d o d e ca rro co m co n d u tor alcoolizad o n os trin ta d ias p révios ao in -qu érito (CDC, 1995).
No qu e d iz resp eito a p rogram as d e p reven -çã o d e AT n o Bra sil, d esta ca -se o tra b a lh o d e Ad o rn o (1989), q u e rea liza u m a revisã o d o s m od elos d e com p ortam en to d as p rop ostas h u -m a n ista s d e ed u ca çã o e-m sa ú d e e p reven çã o d e AT. Esse estu d o fa z, ta m b ém , u m leva n ta -m en to d a s p ro p o sta s técn ica s e p ro jeto s p a ra a s ca m p a n h a s rea liza d a s e a s m ed id a s d irigi-d as ao au m en to irigi-d a segu ran ça irigi-d o p eirigi-d estre.
Sono, medicament os psicoat ivos, drogas ilícit as e álcool
Em b ora o son o seja u m elem en to d os m ais im -p ortan tes n a cau sa d e AT, ele é m u ito -p ou co es-tu d ad o, p rin cip alm en te p ela d ificu ld ad e d e se p esq u isa r essa va riá vel a p ó s a o co rrên cia d e u m acid en te.
Leger (1994) co m en ta q u e o s in fo rm es d e ín d ices d e acid en tes relacion ad os ao son o d ife-rem sign ifica tiva m en te d e u m a u to r a o u tro, p ara con d u tores com ou sem p rob lem as d e so-n o. Os a u to res ca lcu la m d u a s ta xa s p a ra esti-m a r o n ú esti-m ero d e a cid en tes p or veícu lo a esti-m otor ca u sa d os p or son olên cia . A p rim eira é b a -sea d a n a p ercen ta gem to ta l d e a cid en tes e o total d e acid en tes fatais qu e ocorrem n as h oras d e m aior son olên cia, d as 2h às 7h e d as 14h às 17h (41,6% d o to ta l e 36,1% d o s fa ta is). A se -gu n d a é a p ercen ta gem d o to ta l d e a cid en tes o co rrid o s à n o ite (54%), q u a n d o o tem p o d e rea çã o e d e d esem p en h o estã o co n sid era vel-m en te d ivel-m in u íd os. A ten d ên cia a ad orvel-m ecer é tam b ém au m en tad a p ela p rivação e p ela in ter-ru p çã o d o so n o, sen d o o efeito d essa p erd a acu m u lativo.
fra to res rein cid en tes, u m a vez q u e, p a ra eles, m ed id a s co m o p u n içã o e reed u ca çã o têm se m ostrad o in su ficien tes.
A im p o rtâ n cia d o co n texto só cio -cu ltu ra l fica evid en te n a s esta tística s d e h á b ito d e in -gestã o etílica n o s d iverso s esta d o s d o s EUA, o n d e o u so d e á lco o l va ria en tre o m á xim o d e 63,8% e o m ín im o d e 25,4%, sen d o m aior en tre o s h o m en s (CDC, 1995). Em estu d o co m a d o -lescen tes m en ores d e 18 an os, Alexan d re et al. (1990) atrib u em a b aixa freq ü ên cia d e acid en -tes rela cion a d os a o á lcool (1,9%) a os esforços ed u ca tivo s vo lta d o s p a ra a d ireçã o e o h á b ito d e b eb er.
A im p o rtâ n cia d e m ed id a s d e ca rá ter p re-ven tivo fica em evid ên cia n o estu d o realizad o em On tá rio p o r Sto d u to & Ad la f (1996). Esses au tores ap on tam q u e a ten d ên cia d ecrescen te d o b eb er e d irigir, en tre 1977 e 1991, foi in ter-rom p id a ap ós 1991, q u an d o, em razão d e u m a regu la m en ta çã o m a is flexível ta n to n a ven d a , q u a n to n a p ro p a ga n d a d e b eb id a a lco ó lica , h o u ve u m a u m en to d a d isp o n ib ilid a d e d esta . O estu d o d e Reed er et al. (1996), com 217 m o -tociclistas d e 18 an os n a Nova Zelân d ia, ob ser-va q u e, en tre a s m ed id a s p reven tiser-va s d e a cid en tes, m en o s cid e 1% cid o s en trevista cid o s m en -cion a n ão d irigir ap ós in gerir b eb id a alcoólica. A rein cid ên cia em in fração d e trân sito é m aior em m en ores d e trin ta an os, e tod os esses tip os d e in fração d im in u em ap ós essa id ad e, exceto aq u ele p or d irigir alcoolizad o, q u e se m an tém con stan te em tod as as faixas etárias, rep resen tan d o cerca d e 50% d as rein cid ên cias (Gop p in -ger & Leferen z, 1968, ap u dMid d en d orf, 1976).
No in q u é rit o Ba rom èt re Sa n t é, a a m o st ra
d e joven s focalizad a ap resen ta 75,5% d e b eb e-d ores ocasion ais (u m a a e-d u as vezes p or sem a-n a , o u fia-n a is d e sem a a-n a , o u m ea-n o s) e 8,3% d e b eb ed ores h ab itu ais (três a cin co vezes p or se-m an a). En tre esses joven s, 42,2% referese-m p elo m en os u m a b eb ed eira p or an o (Bau d ier et al., 1994).
Ward le & Step toe (1991), em estu d o realiza-d o n o Rein o Un irealiza-d o, o b ser va m q u e 20% realiza-d a am ostra in gerem b eb id a alcoólica regu larm en -te. Em b ora o con su m o d e álcool n ão ap resen te d iferen ças sign ificativas en tre sexos, o com p or-tam en to d e b eb er e d irigir é m ais freqü en te n os h om en s (15,9%) d o qu e n as m u lh eres (5,4%). A p esq u isa ob serva, ain d a, q u e a cren ça d e n u n -ca d irigir a p ó s b eb er é p o u co freq ü en te (9,7% n a s m u lh eres e 9,4% n o s h o m en s). Ad icio n a l-m en te, u l-m fen ô l-m en o q u e o co rre el-m vá rio s p aíses é o elevad o con su m o d e álcool n o gru p o etário en tre 18 a 35 an os, em fin s d e sem an a.
Qu a n to m a io r o co n su m o gera l d e á lco o l, m aior a freqü ên cia d e b eb er e d irigir. O con su
-m o p er ca p it ad e álcool ab solu to, segu n d o in
-form ações qu e d atam d a ú ltim a m etad e d a d é-cad a d e 80, au m en tou n a região d as Am éricas, em p aíses com o a Colôm b ia, o Ch ile, o México, o Pan am á e o Brasil, e este ú ltim o, com u m au m en to d e 31%, fo i o q u e m o stro u o m a io r in -crem en to (Yu n es & Rajs, 1994).
En q u an to a lei, a socied ad e e a ju stiça b ra-sileiras são excessivam en te toleran tes com m o-to rista s a lco o liza d o s, n a Eu ro p a e n o s EUA, a lei n ão faz m u ita d iferen ciação en tre u m m oto-rista a lco o liza d o q u e m a ta u m a p esso a e u m crim e p rem ed ita d o. Co m p a ra d o co m p a íses q u e estã o m a is a d ia n ta d o s n a p reven çã o d o s AT, n ossa legislação é p erm issiva e a ap licação d a lei, m u ito m o ro sa . So m en te a p ó s o Novo Có d igo Na cio n a l d e Trâ n sito, p ro m u lga d o em fevereiro d e 1998, é q u e se co m eça a vislu m -b rar algu m a m u d an ça n esse asp ecto. Acred ita-m o s q u e o n ovo có d igo teita-m sid o iita-m p o r ta n te p a ra a to m a d a d e co n sciên cia d o p ro b lem a , m a s o co n tro le rea l d o s in fra to res é lim ita d o, u m a vez qu e a caracterização d o estad o d e em -b riagu ez ficou , n a p rática, restrito à p erícia d o In stitu to Méd ico-Legal.
Nos EUA, en tre jan eiro e ju n h o d e 1992, foi rea liza d a u m a estim a tiva d e 1.943 m ortos p or AT n a faixa d e 21 a 24 an os (CDC, 1993), e 50% d essa to ta lid a d e esta va m in toxica d o s p o r á l-co o l (CDC, 1993). Sto d u to & Ad la f (1996) d es-crevem qu e, em On tário, 50% d os acid en tes d e trân sito estão relacion ad os ao álcool e con sti-tu em a m aior cau sa ú n ica d e m orte e lesão n a p op u lação jovem .
Stewart et al. (1996) d escrevem qu e os in d i-víd u os b eb em p or três razões d iferen tes: 1) p a-ra red u zir ou evitar os estad os em ocion ais n e-ga tivo s; 2) p o r m o tivo s so cia is, p a ra reu n ir-se com ou tros; 3) p ara facilitar em oções p ositivas. Ao estu d a r u m a a m o stra d e 314 vo lu n tá rio s, alu n os d e grad u ação d e Psicologia d e d u as u n i-versid a d es d o Ca n a d á , esses a u to res co n clu í-ram q u e a m aioria d os en trevistad os (85%) referira m b eb er. O p rin cip a l m otivo d esse com -p o rta m en to fo i o so cia l, em b o ra o s h o m en s, p rin cip a lm en te o s m en o res d e 21 a n o s, tives-sem ap resen tad o u m a p on tu ação sign ificativa n o h áb ito d e b eb er p ara facilitar em oções p osi-tiva s. Co o p er et a l. (1994, a p u dStewa rt et a l.,
1996) têm ob servad o qu e os in d ivíd u os qu e b e-b em p ara d im in u ir estad os em ocion ais n egati-vos ap resen tam riscos au m en tad os d e p rob le-m as cole-m o álcool.
re-p ortan tes re-p ara qu e h aja u m a m od ificação d es-sa triste realid ad e. Dian te d o fato d e q u e os AT estã o fo rtem en te rela cio n a d o s co m fa lh a h u -m a n a , a d esp eito d a s li-m ita ções op era cion a is e d a s a re st a s co n st it u cio n a is q u e a in d a n ã o fo ra m a p a ra d a s, o n ovo có d igo tem o gra n d e m é rit o d e co n t rib u ir p a ra t o rn a r o m o t o rist a b ra sile iro m a is co n scie n t e e re sp o n sá ve l a o volan te.
Regu lam en tar e im p lem en tar o n ovo cód i-go exigirá u m esforço con sid erável d a socied a-d e e a-d o p oa-d er p ú b lico. Para se p u n ir u m m oto-rista in frator, p or exem p lo, seria n ecessário co-n h ecer os ateco-n u aco-n tes e agravaco-n tes coco-n staco-n tes d o seu p ro n tu á rio, a lém d e ter eq u ip a m en to s técn icos qu e p erm itissem m en su rar a in fração. Atu alm en te, a p olícia civil n ão con ta com form a çã o esp ecífica su ficien te p a ra a p u ra r a d e -q u a d a m en te esse tip o d e o co rrên cia . Sem eq u ip a m en to s fu n d a m en ta is, ta is co m o o b a-fô m etro o u u m a red e in fo rm a tiza d a , a m a io r p arte d os in fratores ficam im p u n es. No Estad o d e São Pau lo, p or exem p lo, p ou co m ais d e u m terço d as 313 CIRETRANS (Circu n scrições Region ais de Trân sito) está in form atizada. Nos ou -tros estad os, a situ ação é ain d a m ais p recária.
A im p lem en tação d e u m p rogram a con sis-ten te d e ed u ca çã o n o trâ n sito, q u e im p lica u m a n ova n oção d e cid ad an ia, é im p rescin d í-vel. É tam b ém n ecessário u m con trole d a p ro-p agan d a, tan to d aqu ela qu e associa velocid ad e à vitalid ad e e à saú d e, com o d a qu e associa in -gestã o d e b eb id a s a lco ó lica s à lib erd a d e e a o p razer.
Além d a p ossib ilid ad e d e p u n ir o in frator, o n ovo có d igo p revê a q u estã o d a ed u ca çã o n o trâ n sito, q u e exigirá u m esfo rço co n sid erá vel d e in tegra çã o d e vá rio s ó rgã o s fed era is, esta -d u a is e m u n icip a is, co m o o s Min istério s -d o Tra n sp orte, d a Sa ú d e, d a Ed u ca çã o, d o Tra b a-lh o, d a Ju stiça , e o Sistem a Ún ico d e Sa ú d e. É p revisto qu e as escolas d e en sin o fu n d am en tal, m éd io e a s u n iversid a d es co n tem p lem vá r io s tip os d e ativid ad es n esse sen tid o.
A q u estã o referen te à ed u ca çã o d e rein cd en tes é ou tro asp ecto im p ortan te p ara a cd im i-n u ição d os íi-n d ices d e AT. Coi-n tu d o, a m u d ai-n ça cu ltu ra l, q u e tra rá u m a a ltera çã o sign ifica tiva d e co m p o rta m en to e, co n seq ü en tem en te, n a cu ltu ra d o trâ n sito, será u m p ro cesso q u e d e-m an d ará u e-m tee-m p o con sid erável.
A qu estão cu ltu ral n a tran sform ação d e va-lores referen tes a o trâ n sito é d a m a ior im p or-tâ n cia em q u a lq u er ca m p a n h a d e p reven çã o d e AT. É p rovável qu e as m u ltas eletrôn icas, in -serid a s n o n ovo có d igo d e trâ n sito, efetu a d a s d e u m m od o im p essoal, ven h am p rop orcion ar, até u m certo p on to, u m ob stácu lo à cu ltu ra d o feria m n ã o esta r em co n d içõ es d e d ir igir em
três o u m a is vezes n o s ú ltim o s 12 m eses. Os con d u tores m ais joven s, m ais com u m en te, re-ferem qu an tid ad es d e u n id ad es d e álcool e fre-q ü ên cia d e in gestã o fre-q u e in d ica m u m p a d rã o d e com p ortam en to in frator. Foi ob servad o qu e o s co n d u to res tra n sgresso res estim a m , co m m a io r freq ü ên cia , q u e su a d ireçã o é segu ra q u a n d o b eb em , fa to esse q u e co n stitu i u m a d a s ca u sa s d ireta s d e a cid en tes. Ob servou -se, ain d a, u m a associação sign ificativa en tre con su m o gera l d e á lco o l e co m p o rta m en to in fra -tor n o trân sito. Além d isso, a p esqu isa con stata q u e a exp osiçã o a p roced im en tos regu la m en -tares, com o o b afôm etro e as m u ltas p or b eb er e d irigir, n ão m ostram d im in u ição d o com p or-ta m en to tra n sgressor. Fin a lm en te, a p esq u isa con clu i qu e, qu an to m aior o con su m o, m aior o p ro gn ó stico d e co m p o rta m en to in fra to r, e q u an to m aior a in gestão d e álcool, m aior a es-tim ativa in d ivid u al d e q u e se p od e d irigir com segu ran ça.
Em 1993, n o Ho sp ita l d a s Clín ica s d a Un i-versid ad e Estad u al d e Cam p in as, estu d o realzad o com cem d oen tes trau m atirealzad os escolh i-d os aleatoriam en te p ara realização i-d e etan ole-m ia o b ser vo u q u e 36 esta va ole-m a lco o liza d o s, sen d o a m aioria joven s d e 15 a 35 an os, e, en tre estes, vin te tivera m a cid en te a u to m o b ilístico (Man tovan i et al., 1995).
Considerações finais
Mostram os, n este artigo, as p rin cip ais im p lica-ções qu e o tráfego d e veícu los m otorizad os traz ao m eio u rb an o e à q u alid ad e d e vid a d o in d i-víd u o m od ern o. Vim os q u e os AT su rgiram co-m o u co-m a ep id eco-m ia ca p a z d e p ro d u zir co-m u ita s m o rtes, ferim en to s e in ca p a cid a d es, gera n d o cu stos fin an ceiros e sociais en orm es. Con clu í-m os q u e os acid en tes d e trân sito variaí-m sign i-ficativam en te con form e a id ad e, o sexo, o tip o d e p erson alid ad e e a cu ltu ra d e in d ivíd u os n eles en vo lvid o s. De u m m o d o a in d a m a is d ra -m ático, os AT varia-m d e acord o co-m o n ível d e d esen volvim en to econ ôm icosocial d e u m d e -term in ad o p aís.
-“jeitin h o” b ra sileiro d e b u rla r a s leis. Até u m certo p o n to p o rq u e h á n o tícia s d e q u e a lgu n s p o d eres lo ca is, em a lgu n s Esta d o s, estã o b o i-co ta n d o o n ovo có d igo a o a n istia r a s m u lta s em troca d e d ivid en d os p olíticoeleitorais. Ou -tras n otícias m ostram q u e algu m as categorias p ro fissio n a is estã o ten ta n d o o b ter n a ju stiça isen ção de m u ltas n o trân sito. O “jeitin h o”, n es-ses ca sos, tra n scen d e a d im en sã o loca l, m a s é d e se esp era r q u e ele esb a rre em d ificu ld a d es legais crescen tes.
De q u a lq u er m a n eira , o n ovo có d igo d e trân sito veio p ara acrescen tar u m sen tid o p osi-tivo à n o ssa rea lid a d e co n tra d itó ria . Se, a n tes d a p rom u lgação d o cód igo, o m otorista coloca-va seu b em -esta r p esso a l a cim a d a lei, h o je é ob rigad o a p en sar n o alto cu sto d a m u lta e n as o u tra s p en a lid a d es q u e so frerá a n tes d e d
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Agradeciment os
Agrad ecem os à Fu n d ação p ara o Am p aro à Pesq u isa d o Estad o d e São Pau lo – FAPESP, ao Con selh o Nacio-n a l d e De se Nacio-n vo lvim e Nacio-n to Cie Nacio-n tífico e Te cNacio-n o ló gico – CNPq e ao FAEP/ UNICAMP o seu fin an ciam en to; aos p esqu isad ores qu e con trib u íram p ara o referid o p roje to, e m p a rticu la r, Pa lm e ro n Me n d e s, Líd ia Y. Ko -m atsu , Marisa L. F. Mau ro e Marilia Martin s Vizzotto. Agrad ecem os tam b ém o ap oio receb id o d o Nú cleo d e Estu d os Psicológicos (NEP/ UNICAMP) e, em p articu -lar, d o Prof. Dr. Joel S. Giglio.
d ir p ela in fração. Atu alm en te, n ão b asta ter p o-d er econ ôm ico p ara arcar com a m u lta, p orqu e a p erd a d a h ab ilitação tam b ém está em jogo.