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Fenologia de uma comunidade de duna frontal no sul do Brasil.

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Arta ho\. hras. I .~( I): 99-114. 1999 99

FENOLOGIA DE UMA COMUNIDADE DE DUNA FRONTAL

NO SUL DO BRASIL

Recebido em 27/03/1998. Aceito em O 1/04/1999

Tânia Tarabini Castellani I

César Antonio Causl

Silvana Vieira~

RESUMO - (Fenologia de uma comunidade de duna frontal no sul do Brasil). Este estudo visou descrever os padrões fenológicos em uma comunidade de dunas costeiras em Santa Catarina (27°S). avaliar suas relações a fatores climáticos e comparar estes padrões aos de comunidades situadas em outras latitudes na costa brasileira. O estudo foi realizado com espécies da duna frontal da Praia da Joaquina. Ilha de Santa Catarina. Se. Empregou-se um método com base em freqUência. calculando-se mensalmente a ocorrência das espéc ies e de suas fenofases (n=73 quadrados fixos de I x 1m). Ocorreram espécies florescendo e frutificando ao longo de todo o ano. como observado nas comunidades situadas a menores latitudes (SP: 24°S e ES: 20"S). O maior número de espécies em floração e frutificação ocorreu no período quente e super-úmido. De forma distinta ao que ocorre no extremo sul do Brasil (RS: 32°S) , observaram-se várias espécies em floração nos meses mais frios de inverno. Muitas destas. entretanto. com floração longa, mostraram redução em suas amplitudes de floração neste período. Isto pode sugerir certa limitação por temperaturas mais baixas e/ou refletir o déficit hídrico ocorrido neste período. Das 34 espécies monitoradas. 15 mostraram episódios de germinação. sendo estes mais freqUentes em meses de outono/inverno. com temperatura e umidade em declínio. A germinação no outono/inverno é discutida como estratégia utilizada pelas espécies de duna como forma de escapar das condições de maior temperatura e evapotranspiração no verão. Processos de rebrota foram registrados para 17 espécies. sendo também mais freqUentes no período do oUlOnolinverno. Restrições de umidade com ocorrência de déficit hídrico afetam tanto os eventos de floração e frutificação. como os de germinação e brOtamenlo.

Palavras-chave - duna frontal. fenologia. floração. frutificação. germinação. sul do Brasil

ABSTRACT - (Phenology of a foredune plant community in southern Brazil). This study aimed to evaluate the pallerns of plant phenology of a coastal sand dune in the State of Santa Catarina (27"S). The phenological pallerns were investigated in relation to climatic factors and compared to those described ror olher sand-dune communities on the Brazilian coas!. The phenology of foredune plant species was evaluated at Joaquina Beach. Santa Catarina Island, State of Santa Catarina. A method based on the frequency of species was employed. The occurrence of each species and the phenophase presented was calculated at monthly intervals. Species were obsel:ved flowering or fruiting throughout the entire year similar to the communities at lower latitudes (São Paulo State: 24"S and Espírito Santo State: 200S). The greater number of species in

flower and in frui! occurred in months of high rainfall and elevated temperatures. Many species were in flower in winter. ditTerent from that which occurs in the extreme south of Brazil (Rio Grande do Sul State: 32°S). However. a reduction in the frequency of tlowering was registered for some of these species in this period. This suggests a certain restriction by lower temperatures, as in southern Brazil. or by winter month water deficits. Among the 34 monitored species. 15 presented episodes of germination. mostly in autllmn/winter. when lemperature and rainfall decrease. Germination in

1 Departamento de Ecologia e Zoologia. CCB. Universidade Federal ele Santa Catarina. e. Postal 476. CEP 88040-960. Florianópolis. Se. Brasil

(2)

100 Castcllani. Call~ & Vieira: Fcnnlogin de lima comunidade de duna frontal no sul do Brasil

alltllmn/w inter is disclIssed here as an avoidance mechani sm 01" sanei ellIne species from the highest temperatllres anel evapo tran sp iration conelitions present in Slllllmer. Vegetative spro lltin g was registereel for 17 spec ies. in a similar perioel to that events of germination. Dry periods in Augllst anel Septelllber reelll ceel events of tlowering. frlliting. gerlllination anel spro llting.

Kc~ ' ",oreis - tlowering, foreelune. frlliting, germination. phenology. spro llting, sOllth ern Brazil

Introdução

A fenologia de plantas tropicais ainda é tema pouco investigado (Newstron & Frankie 1994), sendo raros os estudos em ambientes de dunas (Castillo & Carabias 1982).

No Brasil, a fenologia de espécies de dunas foi avaliada para algumas comunidades (Hueck 1955 ; Cordazzo & Seeliger 1988 ; Pereira ef aI.

1992) e populações (Costa ef aI. 1984, 1988a, 1988b; Mendonça & Castellani 1993 ; d'Eça-Neves

& Castellani 1994; Santos & Arruda 1995). A maioria destes estudos trata da tloração e fruti-ficação, sendo os estudos de Hueck (1955) e de Cordazzo & Seeliger (1988) aqueles com maiores informações sobre os processos de brotamento vegetativo e de germinação.

Os estudos sobre fenologia buscam avaliar a relação entre o período de ocorrência, duração e amplitude de um evento do ciclo de vida e as condições ambientais vigentes, tais como temperatura, umidade e fOloperíodo, assim como fatores de ordem biótica (Rathcke & Lacey 1985; Newstron & Frankie 1994).

Ao se analisar as comunidades de dunas estudadas no Brasil, algumas diferenças referentes a períodos de tloração são observadas. De forma geral. há maior florescimento de espécies nos meses de primavera e verão. Porém , no extremo sul do país (RS: 32"S), a ocorrência de plantas em tlor é rara nos meses de inverno (Cordazzo & Seeliger 1988), sendo esta ocorrência maior à medida que se diminui a latitude (SP: 24°S, ES: 200S) (Hueck

1955; Pereira ef aI. 1992). A baixa temperatura é um dos fatores descritos como limitantes à floração de inverno no Rio Grande do Sul, sendo a região da comunidade estudada considerada biogeogra-ficamente de transição, entre o norte tropical e o sul temperado frio (Cordazzo & Seeliger 1988).

Diferenças quanto à duração dos episódios de floração também são observadas para as populações destas comunidades; no Rio Grande do Sul, proporcionalmente, as espécies apresentam episódios de Iloração de menor duração, em relação ao observado em São Paulo (Hueck 1955; Cordazzo

& Seeliger 1988). Diferenças quanto à ocorrência de reprodução e duração dos episódios de floração e frutificação ocorrem, entretanto, entre espécies num mesmo hábitat de duna (Pereira et aI. 1992).

Costa ef aI. (1984, 1988a, 1988b) mostram que diferenças intraespecíticas em diferentes eventos do ciclo de vida podem ocorrer em função das condições dos distintos ambientes de duna.

Com o objetivo de ampliar os conhecimentos sobre a fenologia de plantas de dunas costeiras, este estudo visou descrever os padrões de floração, fruti ficação, germinação e aspectos de brotamento para espécies de formação de duna frontal, avaliando possíveis relações com os fatores de ordem climática. Dada a localização da área de estudo, no Estado de Santa Catarina, sul do Brasil , e às questões de restrição climática acima colo-cadas para comunidades no Rio Grande do Sul, figura como objetivo específico deste estudo comparar os padrões fenológicos ora obtidos àqueles das comunidades mais ao sul.

Material e métodos

(3)

Acta boI. bras. 13(1): 99-114.1999

portulacoides, Paspalum vaginatum, Panicum racemosum e Senecio crassiflorus. Na duna frontal, as gramíneas Panicum racemosum e Spartina ciliata predominam fisionomicamente, ocorrendo de forma também expressiva Ipomoea imperati, Remiria maritima, Hydrocotyle bonariensis e

Conyza cf. canadensis. Arbustos de Dalbergia ecastophyllum, Dodonoea viscosa e Scaevola plumieri aparecem de forma esparsa.

Três transecções, distantes 30m entre si, foram traçadas de forma perpendicular ao mar. O comprimento das transecções foi de 66, 73 e 76 m, tendo-se delimitado, em cada uma, um total de 22, 25 e 26 quadrados amostrais fixos (lxlm), respectivamente. Cada quadrado fixo foi demar-cado a cada 3m, totalizando 73 unidades amostrais. Em cada quadrado amostral eram registradas mensalmente as espécies presentes e suas fenofases. Seis fenofases foram determinadas: 1) presença de botão floral, 2) antese floral, 3) frutos em desenvolvimento e maduros, 4) frutos em dispersão e 5) ocorrência de germinação. A ocorrência de germinação foi constatada por

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"DUNA FRONTAL"

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100

101

evidências diretas de sementes germinando, mas principalmente pelo aparecimento de plântulas nos quadrados amostrais. Quanto aos aspectos de brotamento vegetativo (6), as espécies foram avaliadas apenas quanto à ocorrência de rebrotas, ora definidas como o surgimento de novo caule ou roseta a partir de estruturas vegetativas senescentes ou danificadas. Quando uma espécie apresentava diferentes fenofases num mesmo quadrado, todas as fases eram anotadas.

Foram calculadas, para cada mês, a fre-qüência de ocorrência de cada espécie nos quadrados amostrais (n=73) e suas freqüências de ocorrência em diferentes fenofases (fórmula na página seguinte).

As espécies registradas nos quadrados amostrais foram coletadas e identificadas por especialistas dos Departamentos de Botânica da Universidade Federal de Santa Catarina (SC), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (RS) e Universidade Estadual de Campinas (SP). O material encontra-se depositado na coleção de referências do Laboratório de Ecologia Terrestre/CCB/UFSC.

ÁREA PROTEGIDA

I 150

I

200 m

(4)

102 Castellani. Calls & Vieira: FCllologia de uma comunidade de duna frontal no su l do Brasil

número de quadrados com a sPi

Freqüência de ocorrência da sPi = ---~ X 100 total de quadrados amostrais (= 73)

número de quadrados com a sPi Freqüência de ocorrência da sPi

na fenobasek

na fenobasek

- - - X 1 0 0 total de quadrados amostrais (= 73)

A classificação das espécies quanto à duração dos eventos fenológicos nas populações foi adaptada de Newstron & Frankie (1994). Assim, a duração dos episódios de floração, frutificação, germinação e rebrota foram descritos como: I) duração breve

«

I mês); 2) duração intermediária (=1 a <5 meses) e 3) duração longa (=5 meses). Eventos observados em apenas uma amostragem foram considerados como de duração breve. Feno-gramas indi viduais foram construídos para as espécies que apresentaram freqüências de ocor-rência superiores a 25% nas parcelas amostrais, sendo estas analisadas quanto ao período de maior amplitude de floração e demais fenofases.

O clima da região de Florianópolis é do tipo Cfa, mesotérmico úmido (Souza ef aI. 1991/1992).

Dados climatológicos fornecidos pelo Destaca-mento de Proteção ao Vôo de Florianópolis, para o período de 1984 a 1994, mostram temperatura média anual de 21°C e pluviosidade anual de 1.563mm. A temperatura média mais baixa ocorre em julho (16,19°C) e as mais altas, em janeiro e fevereiro (25,04°C e 25,29°C). As chuvas ocorrem ao longo de todo o ano, com maiores concen-trações em janeiro e fevereiro, e menores índices médios em junho, julho e agosto. O diagrama climático médio para estes anos (Fig. 2a) sugere a existência de dois períodos distintos: 1) período quente e super-úmido, de outubro a abril (temperaturas médias mensais> 20°C e plu-viosidade > 100mm) e 2) período relativamente mais frio (temperaturas < 20°C), com tendência de redução de pluviosidade (pluviosidade < I OOmm), de maio a setembro. Apesar dos valores médios não mostrarem episódios de déficit hídrico, análises de diagramas anuais de forma seqüencial mostram episódios de déficits em nove dos anos

apresentados, sendo estes mais freqüêntes de maio a agosto (Fig. 2b).

A Fig. 2c mostra o diagrama climático para a reg ião de Florianópolis nos meses de estudo (março de 1994 a fevereiro de 1995). O período mais frio e de menor umidade (2) ocorreu mais tardiamente, de junho a setembro, com déficit hídrico em agosto e setembro e temperatura média mais baixa em agosto. O período quente e super-úmido (I) ocorreu de dezembro a maio, e os meses ' de outubro e novembro foram de temperaturas em elevação (> 20° C) mas de umidade abaixo de I OOmm, ora designado como período de transição

(3). Estes três períodos foram descritos e utilizados neste estudo para a auxiliar na descrição e análise dos eventos fenológicos.

Resultados

Fenologia da floração - Trinta e quatro espécies foram registradas e acompanhadas nos quadrados amostrais, das quais três não floresceram (Tab. I). O maior número de espécies em antese noral ocorreu no período quente e super-úmido, nos meses de fevereiro e março (18 e 19 , respectivamente), e o menor em setembro (8 espécies), no período frio com redução de umidade (Tab.2).

Seis espécies tiveram floração de breve duração e no período quente e super-úmido (Tab. 2). Das 10 espécies com floração de duração intermediária, a maioria também floresceu de dezembro a maio, porém, outros padrões foram observados: Senecio crass(florus floresceu no

período frio com redução de umidade, apre-sentando pico de floração em setembro;

Andm-pogo/l cf. arenarius e Gamochaeta americana

(5)

Acta boI. bras, 13(1): 99- 114, 1999

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A) 1984-1994

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B) Seqüência anual 1984-1994 =>

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~ ~ G , , , , , , õ ,

C) Período de estudo

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(6)

104 Cnstdlani . Cau s & ViL'ira: Ft:llo1ogia de 1I11ln cOl1lunidade de duna frontal no sul do Brasil

Tahela I. Espécies amoslradas na duna I"l"Onlal (Praia da Joaquina. Ilha de San la Calarina. SC) e suas f'reqüências de ocorrência ('Ir)

mínima e máxima ao longo do período de eSludo (n=73 quadrados permanel1lcs). '" Espéc ies que não se reproduziram ao longo do eSlUdo

Espécie

'/JOIIIO('(/ illlperali (Vahl) Grisebach

Relll;r;{/ I/Wr;I;III{/ Aubl.

PlIl/;CI/III /'({celllOSII/I/ Spr.

H,·t/m('oly/e hOl/ariel/sis Lam.

CO/n';'{/ cf. (,{/I/{/del/sis (L.) Cronq.

Po/."g{//{/ c\'/)({IÚS;OS SL.- Hil. & Moquin

Sport;l/{/ C;!iO/(l Brong.

Ol'I/Olltem I/IO/iss;IIIO L.

PO('(Jp/n'/1/11/ /'lidera/e (Jacq.) Casso

Pell/l/;lI !illom!is Smilh & Oowns

Cel/clt/'lls cf. ;IICerII/S M. A. Curtis

C{/I/al'{{!ia mSl'a (Sw.) De.

o.n'fle/(l/I/I/I cf. h{/I/ks;; R. & S.

Ch/or;s rell/sa Lagasca

Sel/l'c;o cmssif/o/'lls (Poir.) De.

B/I//(Ip{//'OI/ porll//{/coides (SL.- Hil.l Mears

ClI/IIoc!we/(l (IIl/er;C{/I/O (M ill ). Wedd.

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P{{,\'I'{//I/I/I "{/g;I/{/111/1/ SW.

D;g;wr;{/ COI/I/;"l'I/S (Trin. ) Mez.

'pOI/IOl'O pes-caprae (L.) R. Brown

C{/rd;ol/l'l/w ra/llOS;SS;lIIa * (WeinJ11.) Nelson & Macbride

NoI;caslnl/l/ /II([/lIIe; Zardini

Sclt;;.{/c!n.,.ill/I/ sp.

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Emgmsl;s /I/gel/s Nees

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AI/dmlr;cltll/I/ I r;g\'ll 1/1/1 (Spr.) PfeifT.

B{/cc/wr;s mt/;('(IIIS De.

Ep;t/el/t//'III/IJitlgel/s

*

Brongn.

AI/dmpogol/ cf. {/rel/orills Hack.

Se/(lr;{/ gl'll;cll/{//([ (La J11ark) Beauv.

transição (Tab. 2 e Fig . 3). Neste grupo, Panicum

raCe1l10SLlIn. Sparfina cilima e Remiria marifill1Q

foram as espécies de maior freqüência (Tab. I). Todas flore sceram no período quente, porém com baixa ocorrência de plantas férteis em P.

roCClI/OSlllI1 e S. ci/iafa, diferindo de R. marifilllO,

com floração intensa em fevereiro (Fig. 3). Quinze espécies apresentaram floração de longa duração, com quatro destas em flor e botão ao longo de todo o período de estudo (Tab. 2). Neste grupo, em relação aos anteriores, maior número de espécies apresentou-se em flor na estação mais fria. Várias espécies, entretanto, mostraram forte redução na amplitude de floração

F. Illax. F. min.

75.34 71.23

7:),34 69.86

7:),34 63,01

69.86 50.68

6-+.38 34.25

'+7.94 32,88

'+7.9'+ 32.88

'+3 .83 34.25

H83 27.40

.+2.46 24,66

'+1.09 32,88

'+1.09 24,66

.~6 .97 23,29

3:';.62 26,03

34.25 23,29

26.03 12,33

26.03 1.37

2:1.29 12,33

21.92 6,85

20.55 12,33

\:l.70 5.48

8.22 1.37

6.85 0,00

5.48 4,11

4.11 4,11

4.11 2,74

4.11 1.37

2.74 1.37

2.74 1.37

1.:17 1.37

1.:17 1.37

1.:17 1.37

1.37 0,00

1.37 0.00

durante es te período; Oenofhera molissima,

Ipoll1oea ill1peroti, Hydro co ty/e bonariensis e

Po/rga/a cvparissias, com floração de II

a

12

meses, mostraram baixa freqüência de ocorrência de plantas em flor e botão nos meses de junho, julho e agosto (Fig. 4). De forma contrastante,

o.\'\'fJCIO/UIII cL ballksii, que floresceu o ano todo,

apresentou maior freqüência de plantas férteis de julho a sete mbro (Fig. 4).

(7)

Acta hol. hras. l:l( 1 ): 99-114. 1999 105

Tabela 2. Fenograma para floração das espécies de duna frontal da Praia da Joaquina. Florianópo li s. Se. As espécies estão organizadas

de acordo com a duração dos episódios de rloração na população: hrevc « I mês). intcrmcdiária (2: J a < 5 meses) e longa (2: 5mcses)

Espécie M A M

Duração breve

Baccharis radical/s CD

Nmicasln/ll/ 1//{//lIIei C.

Eragmslis /lfgel/s

Da/!)el : ~ia eC(lSwph.,'iI/1I1/ C. AI/dmlrich/lfl/ Irigyl//lfl/

DigilOria COI/IIi,'eI/S

Duração intermediária

Sparlil/a cilia/(/

PlI.Ipa//1f1/ l'agil/a/lflll

Schi;ach."rilfl// sp.

CD

Pal/iclfl// racel/WSIfI// CD

Rellliria /I/(/rili/l/{/ C. CD

SeIO ria ge/liclf/a/(/

Ipo/l/Oca pcs-caprae CD

SCI/('('io rrassif7o/'lls AI/dmpogo/l cf. arel/arilfs Cml/oc//(/ela alllerical/a

Duração lon ga

Sca('m/a p/lflllieri

• • •

SI\'/o.\·anlhes l'iscosa C. C. C.

Ch/oris rellfsa C. C.

COIn';a cf. cal/adel/sis C. C. C.

COl/tIl 'alia rosea C. C.

So/al/If/ll allleric(/lllllll

C. C.

Pellll/ia lil/oralis

Po/'O/,/n'/!III// nu/era/e C. OJ OJ

Gel/Olhem lIIo/issillla C. C. C.

Cel/ch/'lls cf. il/cerlllS C. C.

Ipo/l/Oea illlperali C. C. C.

H,·dmco/.''ie hOl/ariel/sis C. C. C.

o.npelO/1I111 cf. /7Clllksii C. C. C.

Poll-ga/a nparissias C. C. C.

B/lIlOpa/'01/ porllf/acoides C.

Total em hotão floral D 13 15 13

Total em antese floral

19 16 I:l

descrito para Oxypetalum cf. banksii; 2) no período de transição, como em Petul/ia Iittoralis,

Po/vga/a cvparissias e B/utapaJ'OI/

portu/a-coides, e 3) no período quente e super-úmido, como em Ch/oris retusa, Conyza cf. canadel/sis,

Cal/avalia rosal, Oenothera l71olissil11a, Ipomoea

imperali e Hydrocotyle bOl/ariel/sis.

Poro-phv//ulll rudera/e mostrou dois momentos de

elevada floração na população, um no período de transição e outro no quente e super-úmido. Comportamento bastante irregular ocorreu com

CCI/chl'lls cL il/certus (Fig. 4).

C.

CD

C. OJ C. C. C. C. C.

9 II

A S O N D F

C.

CD

C.

CD C.

C. C.

C. OJ C. C. OJ C. C. OJ

OJ OJ C. C. C. C.

OJ

• •

C.

c.

C.

C. C. OJ C.

• •

CD C. C.

C. OJ OJ

c. c. c. c. c. c.

C.

C. C. C. C. C. C. C. OJ C. C. C. C. C. C. C. C.

• •

OJ OJ C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C. C.

8 II 9 12 14 14 J I 18

II II 8 II 12 II 12 18

Fenologia da frutificação - Das 34 espécies acompanhadas, 30 frutificaram. Das espécies que floresceram. apenas Baccharis radical/s não desenvolveu frutos nas parcelas amostrais. A

maior ocorrência de espécies em frutificação foi de I'evereiro a maio, no período quente e super-úmido. com maior número em fevereiro e abril

(19 e 21 , respectivamente). O menor número de

espécies em fruti ficação ocorreu em julho e agosto

(10 e 9, respectivamente) (Tab. 3).

(8)

106 Cnstdlani. Caus & Vieira: FL'llologia de urna cOlllunidade de duna frontal no sul do Brasil

Tahela .\ Fenograma para frutificação das espécies de duna frontal da Praia da Joaquina. Florianópolis. Se. As espécies estão organizadas

de acordo com a duração dos episódios de frutificação na populac;ào: hrc ve « I mês). intermediária (~ I a < 5 meses) e longa (~.5

Illeses)

Espécie M A M

Duração hreve

Sl'arlilla cilia/({ [ ] I

Erugmslis /I/gells LO

Pallicl/lI1 ru("ell/OSIIIII Sl'lIecio crussiflorus B/I//({/}(IIWI por/I//acoides Alldmfillgoll cC arellaril/s

Duração intcrmcdiária

Pasfia/I/III \'{/gillatl/III LO [ ] I [ ] I Schi~acln.,.il/III sp. [ ] I [ ] I

-Sn'/osalllhes \'iscosa LO [ ] I

NOlicaslrull1 /I/{//lI1ei [ ] I

So/alll/lI1 (/llIericalll/lI1 LO LO

Digitaria COI/I,;\'ells [ ] I [ ] I

Seta ria ge/licl//a/({ [ ] I [ ] I

Call1l1c//{/e/({ all1eriCalla Alldmlricl/llll1 Irig\'lllllll

Duração longa

Pllmp/n'/!1/1I1 /'Iu/eru/e [ ] I [ ] I

-Sca('\'o/a fi/l/lI1ieri LO LO LO

Rell1iria IIwrilillw LO [ ] I

-Ipoll1oea fies-caprae [ ] I [ ] I [ ] I

Ch/oris relllsa [ ] I [ ] I [ ] I

Da/hergia ecaslofihy/lll/II LO LO LO

COIIY~a cL calladellsis [ ] I [ ] I [ ] I

CallOl'alia msea [ ] I LO LO

OellOlheru lI1olissill1a [ ] I [ ] I LII Cellchl'lls cf. illcerllls LO [ ] I [ ] I o.n-pe/({/II/11 cL hallksii LO LO LO

Poll'ga/a C\-parissias LO [ ] I LO

lfillll/Ol'{/ ill1fierali [ ] I [ ] I [ ] I

Hw/mcon1e hOllariellsis LO LO

Pelllllia lillom/is LO

TOlal com frutos jovens e maduros D 17 21 18

Total com frutos cm dispersão

9 14 I~

especles, duração intermediária. Nestas, fruti-ficação no período mais qllente foi relativamente mais freqüente. Dentre as espécies de maior ocorrência, Senecio crass(florus e Gamochaeta americana frutificaram no período de transição; Spartina ciliata e Pallicum racelllosum no período

quente e super-úmido (Tab. 3 e Fig, 3).

As espécies com frutificação de longa duração mostraram três padrões quanto à amplitude: I) frutificação mais intensa no período frio, com redução de umidade, o.rypetalwn cf. banksii: 2) no período de transição, Petunia

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littoralis e Polvgala cyparissias e 3) no período

quente e super-úmido, Chloris retusa, Conyza cf. canodcnsis, Remiria maritima, Oenothera molissill1{f, Cenchrus cf. incertus, Hydrocotyle bonariensis. Canavalia rosea e Ipomoea imperati, as duas últimas com elevadas freqüências de ocor-rência de plantas em frutificação e dispersão expandindo-se para o período mais frio. Poro-phvllllll1 rude rale mostrou maiores amplitudes de

(9)

Acta boto bras. 13(1): 99-114.1999 107

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(10)

108 Cas tcllnni. Caus & Vic ir<l: FCllolo,gia de lima comunidade de duna frontal no sul do Brasil

Tahela 4. Fenograma pa~a gerlllinaçãodas espécies de duna fronlal da Praia da Joaquina. Florianópolis. Se. As espéc ies eSlão organ izadas de acordo com a duraçao dos episódios de germinação na popu la,,;io: hrevc « I mês). inlennediüria (:2! I a < 5 meses) e lo nHa (:2! 5

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TOlal com episódios de germinação O 2 8

Fenologia da germinação - Foram regis-tradas plântulas e sementes germinando para 15

espécies (Tab. 4). Plântulas de Senecio crass(florus

e de Sfvlosanfhes viscosa foram também

obser-vadas em junho, porém, fora dos quadrados amostrais.

Os episódios de germinação ocorreram para maior número de espécies de maio a agosto, envolvendo o final do período quente e super-úmido e parte do período frio. Isto representa meses com temperatura e pluviosidade em declínio, com déficits hídricos em agosto e setembro, quando cessou a germinação em algumas espécies. Os meses de janeiro a abril foram os de menor

ocorrência de germinação (Tab. 4).

Cinco espécies mostraram episódios breves de germinação na população, três tiveram episódios de duração intermediária e sete espécies, longos períodos com germinação. Dentre as espécies com maior freqüência de ocorrência, o processo de

germinação foi mais expressivo para Gal110chaefa

americana. Chio ris refusa, Cony?CI cf. canadensis,

Pomphr/hllll rude rale e Oel1ofhera l11olíssima. A

maior freqüência de ocorrência de plântulas nestas populações foi de junho a agosto, sendo que para

Pomphrllum ruderale valores elevados ocorreram

A S O N D F

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desde maio. Para Gamochaefa americana, a

emer-gência e o estabelecimento de plântulas gerou aumento considerável na freqüência de ocorrência da espécie, que aumentou de 1,37% em junho para 31,9% em setembro (Figs. 3 e 4).

Aspectos fenológicos de brotamento vege-tativo - Das 34 espécies monitoradas, 17 apre-sentaram ramos e rosetas originadas por rebrota. Tal processo ocorreu em maior número de espécies de abril a outubro, com redução em setembro (Tab.

5). Assim como para a germinação, este período

envolveu o final da estação quente e super-úmida e o período mais frio, com redução de umidade .

Em três espécies os episódios de brotamento foram breves, em oito de duração intermediária e, em seis espécies, de duração longa na população

(Tab. 5). Dentre as espécies de maior freqüência de

ocorrência, o brotamento de novos ramos foi mais

expressivo em Seneóo crass(florus, Chloris refusa,

COI/V?CI cf. cal/adel/sis e Oenofhera molissima. Em

Sel/eeio crass(f7orus a rebrota foi mais expressiva

em julho e agosto e associada a restabelecimento

após erosão marinha. Em Chloris refusa esta ocorreu

em maio e junho, e em COllyza cf. canadensis, em

(11)

Acta boI. bras. 13( I): 99- 1 14. 1999

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(12)

110 Castellani, Caus & Vieira: Fenologia de uma comunidade de duna frontal no sul do Brasil

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(13)

ACI:l ho!. hras. 1.1( 1 ): 99- 114. 1999 III

Tanela 5. Fenograma para eventos de renrota nas espécies de duna rrontal da Praia da Joaq uina. Florianópolis. Se. As espécies estão organizadas de acordo com a duração dos episódios de renrota na popula.;Jo: hreve « I mês). intermedi ária (~ I a < 5 meses) e longa (~ :, mcses)

Espécie M A M

Duração breve

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Duração intermediária

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Duração longa

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--Total com ep isódios de rebrota O II II

frutificação. Em Oenothera l11alissima, tal processo ocorreu durante 12 meses, sendo mais evidente de maio a outubro, após floração e frutificação (Figs.

3 e 4).

Discussão

A comunidade estudada mostrou tendência de maior floração de espécies no período quente e super-úmido, e menor Jloração no período mais frio, com redução de umidade . Em relação à umidade, Castillo & Carabias (1982) descrevem para uma formação de dunas costeiras no México maior floração de espécies na estação chuvosa e menor tlorescimento em períodos com redução de pluviosidade. Na comunidade ora em estudo, a redução da floração pode estar relacionada à

menor umidade e aos déficits hídricos registrados , mas pode refletir, também, certa limitação à

floração pela redução de temperatura e fotoperíodo (Cordazzo & Seeliger 1988). Na comunidade de dunas estudada por estes autores, no Rio Grande do SuL a floração esteve positivamente cor-relacionada à temperatura e ao fotoperíodo. Ferri

---

7

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(1979) e Larcher (1986) relatam que a temperatura é importante para a formação, desenvolvimento e abertura das flores e o fotoperíodo, para o início da floração.

O.npefalul/1 cL banksii e Senec.·ia crassiflo/'lls apresentaram pico de floração no período frio. com menor umidade. Segundo Ferri ( 1979) e Larcher (1986), algumas espécies Ilorescem após período de vernalização e outras, após passarem por restrição de umidade. A floração de algumas espécies no período de transição, assim como a própria floração de

Sel/ecio crass!flarus (setembro), podem refletir resposta mais rápida destas espécies aos aumentos de umidade. assim como os de elevação de temperatura e fotoperíodo que ocorrem neste período,

(14)

112 CnsldJani. Caus & Vi~ira: FCIl(llngia de lima cOlllunidade dt! duna frontal no su l do Brasil

Cordazzo & Seeliger (1988) para o Rio Grande do

Sul, assim como maior proporção de espécies com Iloração de longa duração. Porém, mesmo com ocorrência de floração em meses mais frios em Santa Catarina, muitas das espécies de floração longa reduziram suas amplitudes neste período , podendo ser a temperatura o fator limitante.

Assim como a floração , ocorreu frutificação ao longo de todo o ano na comunidade em estudo,

similar ao registrado por Pereira et aI. (1992), no

Espírito Santo.

Na comunidade em estudo, a maioria das espécies frutificou no período quente e super-úmido, relletindo os máximos de floração. Castillo & Carabias (1982) descrevem maior número de espécies em frutificação nos períodos de maior precipitação , e menor número em período mais seco. Ocorreram, no entanto, outros padrões de frutificação no México, assim como na

comu-nidade ora em estudo. A frutificação de

Oxype-ta lu III cL banksii no inverno, por exemplo, pode

estar relacionada à dispersão pelo vento, que são mais intensos neste período (Santos 1995). Castillo & Carabias (1982) descrevem que espécies com diásporas dispersas pelo vento, apresentam frutos maduros na estação após as chuvas, quando os ventos são mais intensos naquela localidade.

A maior ocorrência de germinação no outono/inverno, em períodos de temperaturas mais amenas e ainda favorável, corroboram as idéias sugeridas em estudos com espécies de dunas em regiões temperadas: o outono/inverno é consi-derado período favorável ao estabelecimento das plântulas, em comparação ao verão, quando condições de elevadas temperaturas e evapo-transpiração são consideradas estressantes (Ernst

1985; Rozijn & Andei 1985) . Outros estudos

associam a época de germinação das espécies a

períodos favoráveis de umidade CWestelaken &

Maun 1985a, 1985b; Groenendael 1986; Cordazzo & Seeliger 1988). Na comunidade em estudo, condições favoráveis de pluviosidade foram registradas ao longo de todo o ano, com exceção dos meses de agosto e setembro. O decréscimo na ocorrência de plântulas em setembro pode relletir este déficit hídrico, que pode afetar a germinação, emergência e sobrevivência das plântulas. Maun

(1994) sal ienta, entretanto, que diversos padrões de germinação vêm sendo registrados em ambien-tes de dunas, sendo esambien-tes decorrenambien-tes tanto dos fatores ambientais, como do tipo de dormência das sementes de cada espécie.

Quanto ao processo de rebrota, este foi mais freqücnte num período similar ao de maior ocorrência de germinação. Nas dunas costeiras do Rio Grande do Sul, o brotamento vegetativo em espécies perenes ocorre no outono e primavera, estando positivamente

correlacionado à precipitação (Cordazzo & Seeliger

1988). No México, Castillo & Carabias (1982)

descrevem a estação chuvosa como a de maior produção de folhas jovens. Na área em estudo, o processo de rebrota OCOITeu sob condições favoráveis de umidade, apresentando efeitos de inibição pelo délicit hídrico de setembro.

Para algumas espécies da comunidade estudada, a Iloração, frutificação e germinação foram fenômenos muito conspícuos, enquanto que

para outras, como Panicum racemosul11 e Spartina

ciliOla. observou-se baixa ocorrência de plantas reprodutivas e total ausência de plântulas . No Rio

Grande do Sul, Pfadenhauer (1978) e Costa et aI.

C 1984, 1991) relataram que PG1/iCUI1l racel11osul11

pode aprcsentar baixo vigor reprodutivo em dunas que estejam mais estabilizadas, e que este vigor varia em função dos distintos habitats de duna. Outras espécies consideradas "construtoras de

dunas", como o são Panicum racemosul11 e

Spartina ciliata, mostram este comportamento e podem manter-se localmente apenas por propa-gação vegetativa (Maun 1985). Entretanto, a importância da reprodução sexuada não deve ser general izada como secundária, pois muitas "collstrutoras" dependem de sementes para regeneração populacional (Johnson 1985; Maull 1985). Os riscos na fase de emergência e estabelecimento de plântulas são, entretanto, muito elevados, principalmente na duna frontal, com maiores distâncias ao lençol freático, riscos de mobilidade e erosão CMaun 1994).

(15)

Acla hol. hr,,,. 1.1( II: 99-114. 1999

sul do país (RS: 32° S). A ocorrência de espécies em Ilor ao longo de todo o ano e maior proporção de espécies com floração de longa duração aproximam as características ela comunidade estudada àquelas de dunas costeiras situadas em mcnores latitudes (SP: 24° S e ES: 20° S).

Agradecimentos

À Ana Cláudia Araújo, Ana Zanin, Daniel B. Falkenberg, Hermógenes F. Leitão-Filho (em memória) e Ilse Boldrini pela identificação do material botânico. À Fernanda F. el'Eça Neves pelas sugestões na versão final do texto. Ao CNPq, pela concessão de bolsa a César Antonio Caus (Processo: 800125/87-8).

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cap'lcily. germination anel survivorship of Lilhospenllllll/ ClImlillellse on Lake Huron sanei elunes. OecoIogia 66: DR-2-+5.

Imagem

Figura  1.  Perfil  tranversal  de um  trecho das dunas da Praia da Joaquina, Ilha de Santa Catarina, SC,  localizando o  que foi  designado  como &#34;duna frontal&#34;:  a duna embrionária e a duna frontal  propriamente dita,  segundo a classificação de
Tabela 2.  Fenograma para  floração das espécies de duna frontal  da  Praia da Joaquina
Figura 3.  Fenograma para espécies de maior freqüência de ocorrência (&gt; 25%) e com episódios de floração de duração intermediária,  duna frontal da Praia da Joaquina, Florianópolis,  se
Figura 4.  Fenograma para  espéc ies  de  maior freqüência de  ocorrência (&gt; 25%)  e  com epi sódios de  fl oração de  duração  longa,  duna  frontal  da  Praia  da  Joaquina,  Florianópoli s,  Se

Referências

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