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Distribuição espacial dos casos de hanseníase no município de Ribeirão Preto no ano de 2004.

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Academic year: 2017

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DI STRI BUI ÇÃO ESPACI AL DOS CASOS DE HANSENÍ ASE

NO MUNI CÍ PI O DE RI BEI RÃO PRETO NO ANO DE 2 0 0 4

Juliana Silv a Gauy1 Paula Hino2 Claudia Benedit a dos Sant os3

A pr esent e invest igação t eve com o obj et ivo descr ever a dist r ibuição espacial dos casos de hanseníase no m unicípio de Ribeir ão Pr et o, no ano de 2004. Tr at a- se de est udo seccional, com infor m ações r efer ent es ao ano de 2004 colet adas j unt o à Vigilância Epidem iológica da Secr et ar ia Municipal de Saúde de Ribeir ão Pr et o. Par a t al, for am ut ilizadas as fichas de not ificação com pulsór ia, par a a obt enção do m apa t em át ico, os dados foram geocodificados com auxílio do program a MapI nfo, versão 7.8. Em relação à geocodificação dos 37 casos encont r ados, 6 2 % for am geocodificados aut om at icam ent e, m ost r ando boa com pat ibilidade ent r e o banco de dados e as infor m ações cont idas na base car t ogr áfica. Os 38% dos casos r est ant es for am geocodificados de for m a int er at iv a. Da análise do m apa t em át ico j unt am ent e com os casos geor r efenciados pôde- se apr eender q u e o s ca so s co n cen t r a r a m - se n a r eg i ã o No r t e d o m u n i cíp i o , co m p o st a p o r b a i r r o s d e cl a sses so ci a i s t r adicionalm ent e m ais car ent es da r egião.

DESCRI TORES: hanseníase; dist r ibuição espacial da população; v igilância epidem iológica

SPATI AL DI STRI BUTI ON OF LEPROSY CASES I N RI BEI RÃO PRETO, BRAZI L, 2 0 0 4

This cr oss- sect ional st udy aim ed t o descr ibe t he spat ial dist r ibut ion of lepr osy cases in Ribeir ão Pr et o in 2 0 0 4 . Th e dat a collect ion w as per f or m ed t h r ou gh com pu lsor y n ot if icat ion r ecor ds in t h e Epidem iological Sur v eillance Ser v ice of t he Municipal Secr et ar y of Healt h of Ribeir ão Pr et o. The dat a w er e geo- coded t hr ough t he MapI nfo pr ogr am v er sion 7. 8 in or der t o obt ain t he t hem at ic m ap. Fr om t he 37 cases found, 62% w er e au t om at ically cod ed , w h ich r ev ealed g ood com p at ib ilit y b et w een t h e d at ab ase an d t h e in f or m at ion in t h e car t ogr aphic base. The r em aining 38% of t he cases w er e geo- coded int er act iv ely . The t hem at ic m ap analy sis and t he geo- referenced cases revealed a concent rat ion of cases in t he Nort hern region of t he cit y, t radit ionally ch ar act er ized by poor n eigh bor h oods.

DESCRI PTORS: lepr osy ; r esiden ce ch ar act er ist ics; epidem iologic su r v eillan ce

DI STRI BUCI ÓN ESPACI AL DE CASOS DE HANSENI ASI S

EN EL MUNI CI PI O DE RI BEI RÃO PRETO PARA EL AÑO 2 0 0 4

La present e invest igación t uvo com o obj et ivo describir la dist ribución espacial de los casos de hanseniasis en la m unicipalidad de Ribeir ão Pr et o, par a el año 2004. Es un est udio seccional con infor m aciones del año 2004 r ecolect adas con el equipo de Vigilancia Epidem iológica de la Secr et ar ia Municipal de Salud de Ribeir ão Pr et o. Fuer on ut ilizadas las fichas de not ificación com pulsor ia, par a la obt ención del m apa t em át ico; los dat os fuer on geo- codificados con la ayuda del pr ogr am a MapI nfo, ver sión 7.8. Con r elación a la geo- codificación, de los 37 casos encont r ados, 62% fuer on geo- codificados aut om át icam ent e, m ost r ando una buena com pat ibilidad en t r e la b ase d e d at os y las in f or m acion es d e la b ase car t og r áf ica. El r est o ( 3 8 % d e casos) f u er on g eo-codif icados de f or m a in t er act iv a. Del an álisis del m apa t em át ico con los casos geo- r ef er en ciados se pu ede per cibir qu e los casos se con cen t r an en la r egión Nor t e del m u n icipio, com pu est a por los bar r ios de clases sociales m as car ent es de la r egión.

DESCRI PTORES: lepr a; dist r ibución espacial de la población; v igilancia epidem iológica

1 Aluna de graduação, bolsist a PI BI C, e- m ail: j sgauy@yahoo.com .br; 2 Aluna de dout orado, bolsist a Capes, e- m ail: paulahino@yahoo.com .br; 3 Est at íst ica,

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I NTRODUÇÃO

A hanseníase com o problem a de Saúde Pública

E

n t r e o s 1 1 p a íse s co n si d e r a d o s p e l a Or ganização Mundial de Saúde ( OMS) com o os de m aior endem icidade para hanseníase, a Í ndia ocupa o 1 º lugar, e o Brasil, o 2 º , em núm er o de casos d e t e ct a d o s( 1 ). Ou t r o s p a íse s co m o My a n m a r,

I ndonésia, Nepal, Madagascar, Et iópia, Moçam bique, República Dem ocrát ica do Congo, Tanzânia e Guiné, si t u a d o s g e o g r a f i ca m e n t e n o ci n t u r ã o t r o p i ca l , a p r e se n t a m t a m b é m e l e v a d o s co e f i ci e n t e s d e prevalência da doença( 2). A OMS definiu, para com o

elim inação da hanseníase com o pr oblem a de saúde pública, a redução do coeficient e de prevalência para m enos de um caso por 10.000 habit ant es.

O Min ist ér io d a Saú d e ( MS) con sid er ou a hanseníase endêm ica em t odos os Est ados e regiões do Brasil, apresentando taxas de prevalência bastante v ar iáv eis, oscilando de 0, 5 a 17 casos por 10. 000 habitantes. Os serviços de saúde, em bora disponíveis n a m a i o r i a d o s m u n i cíp i o s, a p r e se n t a m u m a v a r i e d a d e m u i t o g r a n d e e m se u p o d e r d e r eso l u t i v i d a d e. Nesse sen t i d o , a d i st r i b u i çã o d a prevalência da hanseníase no país é m uit o diferent e, t om ando- se em com par ação as m acr or r egiões. No an o de 2 0 0 1 , as t ax as de pr ev alên cia por 1 0 . 0 0 0 h ab it an t es f or am : r eg ião Nor t e ( 9 , 4 9 casos) ; a Nordeste ( 5,19 casos) ; a Sudeste ( 2,67 casos) ; a Sul ( 1,12 casos) e a Cent ro- Oest e ( 11,60casos)( 3). Apenas

dois estados da Federação - Rio Grande do Sul e Santa Catarina - atingiram a m eta de elim inação da doença. De acordo com inform ações da Secret aria de Est ado d e Saú d e d e São Pau l o , n o an o d e 2 0 0 2 f o r am not ificados 5. 378 casos de hanseníase em r egist r o ativado no estado, correspondendo a um a prevalência de 1,41 casos por 10.000 habit ant es. Em bora a t axa d e p r ev al ên ci a sej a co n si d er ad a aci m a d a m et a proposta pela OMS, deve ser levado em consideração o significat ivo avanço rum o à m et a de elim inação da d o e n ça , q u a n d o co m p a r a d a a o s co e f i ci e n t e s d e p r e v a l ê n ci a d e d é ca d a s p a ssa d a s, co m o , p o r exem plo, a prevalência, em 1986, que era de 13,01 casos p or 1 0 . 0 0 0 h ab i t an t es, com 3 8 . 9 5 8 casos regist rados no Est ado.

As dif icu ldades apon t adas n o pr ocesso de e l i m i n a çã o d a h a n se n ía se n o Br a si l p o d e m se r at ribuídas a vários fat ores, t ais com o: com plexidade de alguns pr ocedim ent os adm inist r at ivos r efer ent es

ao diagnóstico e tratam ento, que levaram os agentes de saúde a v er em a hanseníase com o um a doença com plex a e difícil; cent r alização e v er t icalidade do processo de controle da doença; falta de participação dos gest or es no nível local, nas ações de cont r ole; sist em as de inform ações não t ot alm ent e confiáveis; p e r ce p çã o n e g a t i v a d a d o e n ça p o r p a r t e d a co m u n i d a d e ; d i a g n ó st i co t a r d i o d a d o e n ça . A problem át ica da hanseníase não se lim it a apenas ao gr ande núm er o de casos, dev endo ser consider ado t am b ém seu al t o p od er i n cap aci t an t e, q u e p od e int er fer ir no t r abalho e na v ida social do pacient e, além de perdas econôm icas e t raum as psicológicos. Essas i n cap aci d ad es t êm si d o r esp o n sáv ei s p el o est igm a e discrim inação dos doent es( 4).

O espaço geográfico com o cat egoria de análise

O espaço, na sua conceit uação clássica em epidem iologia, na tentativa de integrar o biológico ao não biológico, é considerado est át ico, im ut ável, um e sp e ct a d o r n ã o p a r t i ci p a n t e . A a ce l e r a çã o d a in t er v en ção h u m an a n o esp aço n at u r al se f ez d e m aneira t ão rápida com a criação de novos padrões de or ganização espacial que o t r at am ent o dado ao espaço t or nou- se obsolet o, um a v ez que o espaço nat ur al quase não ex ist e m ais. Tal fat o apont ou a necessidade de rever o conceit o de espaço enquant o ca t eg o r i a d e a n á l i se, n a p er sp ect i v a d e m el h o r co m p r e e n d e r o p r o ce sso sa ú d e - d o e n ça n a s co l e t i v i d a d e s, p o r m e i o d a d i st r i b u i çã o e ca r a ct e r i za çã o e p i d e m i o l ó g i ca d a o co r r ê n ci a d e endem ias em ár eas ur banas( 5) . O espaço deve ser considerado com o um conj unto de relações realizadas por m eio de funções e de form a que se apresent am co m o t e st e m u n h o d e u m a h i st ó r i a e scr i t a p o r processos do passado e do presente. I sto é, o espaço se d e f i n e co m o u m co n j u n t o d e f o r m a s represent at ivas de relações sociais do passado e do p r esen t e e p o r u m a est r u t u r a r ep r esen t ad a p o r r elações sociais que est ão acont ecendo diant e dos n o sso s o l h o s e q u e se m an i f est am p o r m ei o d e p r o ce sso s e f u n çõ e s( 6 ). O e sp a ço é , e n t ã o , u m

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do espaço vai além das quest ões do am bient e físico; en v o l v en d o, t am b ém , p r o cesso s so ci ai s. A Wo r l d Healt h St at ist ics Qu ar t er ly af ir m ou q u e o esp aço urbano, form a elaborada de organização do espaço, é e será o cenário dos principais desafios no cam inho para o cont role das doenças infecciosas ou não( 8).

Sist em as de I nfor m ação Geogr áfica

Os Si st e m a s d e I n f o r m a çã o Ge o g r á f i ca ( SI G) , com sua capacidade int egr ador a, podem ser definidos com o um pr ocesso que const a de colet a, ar m azen am en t o , t r an sf o r m ação , p r o cessam en t o , análise e apr esent ação de dados geor r efer enciados relativos aos m ais diversos fatores e vêm se tornando inst rum ent o fundam ent al para os est udos am bient ais e de saúde. É um conj unto de ferram entas utilizadas par a a m anipulação de infor m ações espacialm ent e apr esent adas, per m it e o m apeam ent o das doenças e co n t r i b u i n a e st r u t u r a çã o e a n á l i se d e r i sco s socioam bient ais. A facilidade dos SI G para processar e int egr ar gr ande quant idade de dados e pr oduzir m apas de form a dinâm ica possibilit a pot encializar a an ál i se e sín t ese d e i n f o r m açõ es so b r e a saú d e pública( 9).

Para tal, é necessária a localização geográfica d os ev en t os, associan d o in f or m ações g eog r áf icas ( m apas) a bases de dados de saúde, alfanum éricas. O g eor r ef er en ciam en t o d e u m en d er eço, d ef in id o com o o pr ocesso de associação dest e a u m m apa t errest re, pode ser efet uado de t rês form as básicas: associação a um pont o, linha ou área( 10).

A aplicação do SI G na pesquisa em saúde of er ece gr an des possibilidades, possibilit an do aos pesquisador es aplicação de nov os m ét odos par a o m anej o de sua inform ação espacial, tornando- se um a poder osa f er r am en t a par a con ex ão en t r e saú de e am bient e.

A OMS r econhece o SI G com o um a v aliosa fer r am ent a de gest ão par a for t alecer a capacidade nacional, est adual e local para a vigilância. Ressalt a que a v igilância em nív el local sobr e a hanseníase pode ser m elhor ilust rada e analisada pelos SI G do que por infor m ações apr esent adas em t abelas. No ca so d a h a n se n ía se , e sse si st e m a p o d e a j u d a r m on it or ar a ex t en são de cober t u r a do t r at am en t o poliquim iot erápico, fornecer um a análise gráfica dos indicador es epidem iológicos, for necer a dist r ibuição esp acial d a d oen ça, a d ist r ib u ição d e casos com incapacidades, indicar áreas com alt a endem icidade

e ár eas com necessidade de alocação de r ecur sos ext ras( 3).

Estudos que envolvem a distribuição espacial das doenças vêm se tornando cada vez m ais com uns, d ev i d o à i n t eg r a çã o d o s m ét o d o s e t écn i ca s d e epidem iologia, r essalt ando a sua im por t ância, pois p er m it e v isu alizar os p ad r ões ep id em iológ icos d e eventos e processos de saúde, bem com o reconhecer a i m p o r t â n ci a d o s f a t o r e s q u e o s d e t e r m i n a m , facilitando a tom ada de decisões sobre possíveis ações de saúde pública. Essa int egração pode subsidiar os pr ogr am as pr ev ent iv os e cont r ibuir par a o declínio da m orbim ort alidade; auxiliar na m elhoria das ações d a Vig ilân cia Ep id em iológ ica; m on it or am en t o d as est at íst icas vit ais e organização espacial dos serviços de saúde e recursos hum anos.

Est e art igo apresent a dados prelim inares do p r o j e t o CNPq - Bo l sa Pr o d u t i v i d a d e . i n t i t u l a d o “ Padrões espaciais de doenças endêm icas no m unicípio d e Ri b e i r ã o Pr e t o ” , q u e t e m co m o o b j e t i v o d e inv est igação est abelecer a dist r ibuição espacial da hanseníase, dengue e t uberculose em Ribeirão Pret o, e, assim , cont r ibuir par a a definição de pr ior idades das ações de saúde, perm it indo um a racionalização de r ecur sos.

Est e t r a b a l h o j u st i f i ca - se a p a r t i r d o p r e ssu p o st o d e q u e a d i st r i b u i çã o e sp a ci a l d a h a n se n ía se o co r r e d e m o d o d e si g u a l e n t r e com unidades, bairros, m unicípios, est ados e países. Processo est e que, considerando m aior proxim idade, int egr ação e conhecim ent o do espaço em quest ão, oferece subsídios para que as aut oridades de saúde possam propor ações m ais apropriadas para dim inuir ou evitar a ocorrência dos agravos negativos à saúde. Frent e ao expost o, est e t rabalho t eve com o o b j e t i v o i d e n t i f i ca r a t a x a d e p r e v a l ê n ci a d a hanseníase e descrever sua dist ribuição espacial no m unicípio de Ribeirão Pret o, no ano de 2004.

MÉTODO

Área geográfica de est udo

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u r b a n a s n a su a t o t a l i d a d e . É se d e d e u m a d a s p r i n ci p a i s p r a ça s f i n a n ce i r a s d o p a ís e u m d o s m aiores cent ros do est ado de São Paulo e do Brasil.

Tipo de est udo

Est e est udo é do t ipo seccional ou de cort e t r a n sv e r sa l( 1 1 ). Essa m o d a l i d a d e a b r a n g e

“ investigações que produzem instantâneos da situação de saúde de um a população ou com unidade, com base na avaliação individual do est ado de saúde de cada u m d o s m e m b r o s d o g r u p o , d a í p r o d u zi n d o indicadores globais de saúde para o grupo investigado, se n d o d e g r a n d e u t i l i d a d e p a r a r e a l i za çã o d e diagnósticos com unitários da situação local de saúde”.

Colet a de dados

As infor m ações r efer ent es ao ano de 2004 f o r a m co l e t a d a s n o Se r v i ço d e Vi g i l â n ci a Epidem iológica da Secret aria Municipal de Saúde de Ri b e i r ã o Pr e t o - SP; u t i l i za r a m - se a s f i ch a s d e not ificação com pulsór ia da hanseníase cont idas no banco de dados Sist em a de I nform ações de Agravos de Not ificação ( SI NAN) .

Análise dos dados

Para a obtenção do m apa tem ático, os dados foram geocodificados segundo endereço de residência dos pacient es not ificados com aux ílio do pr ogr am a MapI nfo versão 7.8. I nicialm ent e, ut ilizou- se a form a aut om át ica de geocodificação, recorrendo- se à form a in t er at iv a q u an d o n ecessár io. Nessa f ase, f or am m ont ados padrões de pont os de event os.

Os en d er eço s r ef er en t es à s n o t i f i ca çõ es foram dispostos de form a a obter um a ligação com a b ase car t o g r áf i ca d i g i t al . Esse p r o ced i m en t o f o i trabalhoso e despendeu m uito tem po devido a alguns endereços inform ados estarem incom pletos e tam bém p o r q u e a s ca r a ct e r íst i ca s d e a r r u a m e n t o n ã o p e r m i t i r a m r e a l i za r e ssa e t a p a d e f o r m a aut om at izada. Foi realizada ident ificação m anual dos endereços em list a t elefônica, guia de ruas e m apa analógico para viabilizar essa t ransform ação.

Pr ocedim ent os Ét icos

Para realização do referido est udo, o proj et o foi previam ent e subm et ido à aprovação pelo Com it ê

de Ét ica em Pesquisa da Escola de Enferm agem da Universidade de São Paulo. Com o este estudo utilizou exclusivam ent e inform ações das fichas de not ificação com pulsór ia da hanseníase e est e não env olv eu a ident ificação dos doent es, foi solicit ado dispensa do Term o de Consent im ent o Livre e Esclarecido devido à garant ia do sigilo.

RESULTADOS E DI SCUSSÃO

O m unicípio de Ribeirão Pret o apresent ou no ano de 2004, um t ot al de 37 casos de hanseníase n o t i f i cad o s, t o d o s r esi d en t es n a ár ea u r b an a. A população do m unicípio para o ano de 2004 era de apr ox im adam ent e 534. 944 habit ant es, por t ando, o co e f i ci e n t e d e p r e v a l ê n ci a f o i 6 , 9 p o r 1 0 . 0 0 0 h a b i t a n t e s, o q u e l h e co n f e r e m é d i a a ci m a d a estadual. Em relação ao gênero, 56,8% dos casos de hanseníase foram do sexo m asculino. Quanto à form a clínica, 37, 8% apr esent ar am a for m a v ir chow iana, se g u i d o s d a f o r m a t u b e r cu l ó i d e ( 3 5 , 1 % ) ; indet erm inada ( 21,6% ) e dim orfa ( 5,4% ) .

A hanseníase indet er m inada é consider ada a prim eira m anifestação clínica da hanseníase e, após per íodo de t em po que v ar ia de poucos m eses at é anos, ocorre evolução para cura ou para outra form a cl ín i ca. Na h an sen íase t u b er cu l ó i d e, t am b ém h á possibilidade de cu r a espon t ân ea, apesar disso, a o r i en t a çã o é q u e o s ca so s sej a m t r a t a d o s p a r a dim inuir o tem po de evolução da doença e o risco de dano neur al. O est udo m ost r ou que a m aior ia dos casos tratava- se da form a virchowiana, que apresenta baciloscopia fort em ent e posit iva e represent a casos v ir g en s d e t r at am en t o, q u e são im p or t an t e f oco infeccioso ou reservat ório da doença, t am bém indica q u e ocor r eu d iag n óst ico t ar d io d a d oen ça. Ou t r o aspect o que pr eocupa é a pr ev alência ocult a, que são os casos novos esperados que não est ão sendo diagnost icados ou o são t ardiam ent e.

Cabe ressaltar a necessidade de intervenções p e l o Pr o g r a m a d e Co n t r o l e d a Ha n se n ía se co m procedim entos para vigilância de contatos de pessoas p o r t a d o r a s d o Ba ci l o d e Ha n se n , b e m co m o int ervenções em áreas endêm icas( 12).

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Os dados m ost r am que, at é pouco t em po, m ais de 2 0 0 0 ca so s n o v o s f o r a m d i a g n o st i ca d o s co m i n ca p a ci d a d e f ísi ca g r a v e , r e p r e se n t a n d o u m diagnóst ico t ardio da doença.

Dos 3 7 casos de h an sen íase en con t r ados, 6 2 % f or am g eocod if icad os au t om at icam en t e, e o r est an t e f oi g eocod if icad o d e f or m a in t er at iv a. O r esu l t ad o d a g eo co d i f i cação d e f o r m a i n t er at i v a m ostrou a boa com patibilidade existente entre o banco d e d a d o s e a s i n f o r m a çõ e s co n t i d a s n a b a se ca r t o g r á f i ca . A Fi g u r a 1 a p r e se n t a o s ca so s d e hanseníase geocodificados segundo o ender eço de r esidência, par a o m unicípio de Ribeir ão Pr et o, no ano de 2004.

Est udo ecológico r ealizado no m unicípio de Recife apont ou, por m eio de análise da dist ribuição d a h an sen íase, t r ês ár eas on d e se con cen t r av am bairros com t axas de det ecção elevadas da doença e de baix a con dição de v ida. Os ach ados do est u do co n f i r m a m q u e a ci d a d e d o Re ci f e p o d e se r co n si d er a d a u m a á r ea d e a l t a en d em i ci d a d e d e hanseníase, com um coeficient e de det ecção anual m édio superior a 4,0 casos por 10.000 habitantes( 16).

Outro estudo realizado em Olinda traz resultados que indicam que a dist r ibuição espacial het er ogênea da hanseníase no m unicípio não é aleatória, identificando-se u m p ad r ão d e ag r eg ação n o esp aço q u e est á associado às con dições de v ida da popu lação e é ex pr esso m edian t e o in dicador de car ên cia social. Port ant o, o inst rum ent o ut ilizado para est rat ificar o m unicípio em áreas de risco foi út il na definição de p r i o r i d a d e s d a s a çõ e s d e sa ú d e , a p o i a n d o o planej am ent o de diferent es est rat égias adequadas a sit uações específicas( 17).

O Brasil possui a incôm oda segunda posição na list a dos países endêm icos do m undo per dendo so m en t e p a r a a Í n d i a . As a çõ es d e co n t r o l e d a endem ia hansênica, paut adas em m edidas individuais de diagnóst ico precoce e t rat am ent o dos casos, são absolu t am en t e in capazes de con t er o pr ocesso de t ransm issão, pois não há m odificações nas condições d e v i d a d a p o p u l ação e, r ap i d am en t e, o ag en t e infeccioso recupera sua força de t ransm issão ant erior q u an d o d im in u íd a a in t en sid ad e d a ap licação d as m ed id as d e con t r ole. Nesse caso, o p ot en cial d a doença não t em sido r eduzido, m as sim plesm ent e neut r alizado em par t e, pela pr esença dos ser v iços de saúde. Por t ant o, par a elim inar a hanseníase em áreas ainda consideradas endêm icas, com o caso do Br asil, é im por t an t e com pr een der a epidem iologia dessa doença nos países que j á conseguiram elim iná-l a e si t u a r, p r eci sa m en t e, a s á r ea s cr ít i ca s q u e requerem um t rat am ent o especial, ou sej a, est udar os m unicípios que ainda não elim inar am a doença, im possibilit ando- lhe a m et a de elim inação.

A u t i l i za çã o d e m a p a s p e r m i t e a f á ci l v isu alização d e sit u ações d e r isco à saú d e, f at o co e r e n t e co m u m co n ce i t o e p i d e m i o l ó g i co d e v igilân cia do espaço, baseado n a possibilidade de interações im portantes, ressaltando a im portância das ações in t er set or iais n a m elh or ia d a q u alid ad e d a capt ação, regist ro e disponibilização das inform ações q u e p o d e m se r ú t e i s a o p l a n e j a m e n t o e m onit oram ent o das ações de saúde.

Figura 1 - Casos de hanseníase geocodificados, para o m unicípio de Ribeirão Pret o, no ano de 2004.

A análise do m apa tem ático j untam ente com os casos georreferenciados m ost rou que os casos de h an sen íase co n cen t r ar am - se n a r eg i ão n o r t e d o m u n i cíp i o ( 2 0 ca so s) , co m p o st a p o r b a i r r o s t radicionalm ent e m ais carent es. Est udos m ost ram a fort e relação exist ent e ent re hanseníase e condições socioeconôm icas no Brasil e no m undo( 13- 14). Acrescido

t am b ém d o cr escim en t o aceler ad o d a p op u lação, deslocam ent o do cont ingent e populacional de ár eas rurais para as cidades, favelização, ent re out ros.

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CONCLUSÃO

Os r esu lt ados obt idos, con t r ibu em par a o conhecim ent o da dist ribuição espacial da hanseníase n o m u n icípio de Ribeir ão Pr et o, n o an o de 2 0 0 4 , ressalt ando a im port ância da cat egoria espaço com o a l t e r n a t i v a m e t o d o l ó g i ca p a r a a u x i l i a r n o planej am ent o, m onit oram ent o e avaliação das ações em saúde, direcionando as intervenções para dim inuir as in iq ü id ad es. A d ist r ib u ição n ão h om og ên ea d a hanseníase em Ribeirão Preto sugere um a associação com carência social, variável fort em ent e relacionada com a ocorrência da doença.

O uso do SIG, pela sua capacidade integradora, permitiu a visualização dos casos de hanseníase no espaço urbano de Ribeirão Preto, contribuindo para auxiliar o processo de planejamento das ações voltadas à eliminação da hanseníase nas áreas prioritárias do m unicípio, bem com o para m onit oram ent o e avaliação das at ividades r ealizad as. Essa ob ser v ação v ai ao en con t r o d as orientações da OMS e MS para eliminação da hanseníase com o p r ob lem a d e saú d e p u b lica, r essalt an d o a importância dos municípios em analisarem seus próprios dados, planejarem e desenvolverem as ações adequadas e ajustadas à sua realidade epidem iológica.

Acr edit a- se qu e o pr ocesso de t om ada de decisão em saúde pode ser im plem ent ado at r av és

do referenciam ent o gráfico dos dados, pois perm it e a d e t e cçã o d e e sp e ci f i ci d a d e s r e l a ci o n a d a s à localização dos eventos e, portanto, contribuir para a form ulação de propostas de intervenção m ais efetivas. A part ir daí, pode- se iniciar um processo gradual de i n co r p o r a çã o e i n t e n si f i ca çã o d e u so d e ssa m et odologia, ú t il par a o av an ço da qu alidade dos serviços de saúde.

D i a n t e d o a t u a l co n t e x t o , r e ssa l t a - se a i m p o r t â n ci a d a d i v u l g a çã o d o s r e su l t a d o s d a s p e sq u i sa s n o p r o ce sso d e p r o d u çã o d o co n h eci m en t o( 1 8 ). Co n st at a- se, n o en t an t o , u m a

preocupação com a redução do núm ero de pesquisas em h an sen íase n a u lt im a d écad a( 2 ). É n ecessár io

in v est ir n a pr odu ção de con h ecim en t os das ár eas básica e oper acional- epidem iológico que v iabilizem a redução da endem icidade com vist as à erradicação da infecção pelo M. lepr ae.

AGRADECI MENTOS

Ag r a d e ce m o s a o Se r v i ço d e Vi g i l â n ci a Epidem iológica da Secret aria Municipal de Saúde de Ribeirão Preto o fornecim ento dos dados, e ao CNPq, o aux ílio concedido por m eio de bolsa de I niciação Cient ífica.

REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS

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