FUNDAÇÃO GETOLIO VARGAS
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS
CENTRO DE POS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
EFEITOS POSITIVOS E DETERIORATIVOS EM PSICOTERAPIA
- UM LEVANTAMENTO CRITICO DA EVIDENCIA EMPIRICA
TIISOP
P281e
B I B L i ú
FUN~FCÃO G:=' l..~ O VA GAS
MARIA CRISTINA PERES PASCHOAL
FGV/ISOP/CPGP
FUNDAÇÃO GETOLIOVARGAS
INSTITUTO SUPERIOR DE ESTUDOS E PESQUISAS PSICOSSOCIAIS
CENTRO DE POS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
EFEITOS POSITIVOS E DETERIORATIVOS EM PSICOTERAPIA
- UM LEVANTAMENTO CRITICO DA EVIDENCIA EMP!RICA
por
MARIA CRISTINA PERES PASCHOAL
Dissertação submetida como requisito parcial para obten-ção do grau de
MESTRE EM PSICOLOGIA
A G R A D E C I M E N TOS
Ã
Professora Ruth Nobre Scheeffer pelosensinamen-tos , incentivo:. e orientação.
Ao Professor Franco Lo Presti Seminério pelo apoio dado nos momentos difíceis.
Ao CPGP/ISOP/FGV pela bolsa de estudos concedida.
Aos funcionirios, diretores e professores do CPG~/
ISOP/FGV.
A Eloisa Costa de Andrade Souza pela pacienfe aju-da e orientação em todos os momentos.
A Débora Pinto Otoni pelo incentivo, datilografia e preparação final do trabalho.
A Ana Lucia Campos de Resende cuja dedicação permi tiu o acesso a obras necessirias e o xerox dos originais.
A Álvaro Luiz pela datilografia dos originais, pe-la. amizade, carinho e compreensao.
A meu filho e meus pais, por existirem.
Aos amigos, alunos e clientes por me ensinarem a
R E S U M O
Este trabalho teve por objetivo analisar a
evidên-cia empírica dos efeitos positivos e deteriorativos em
psico-terapia, sem cingir-se a nenhuma corrente psicoterápica, de
forma particular.
Autores das mais variadas. tendências, vêm, nos
úl-timos anos', se indagando 'até que ponto devem permanecer
in-questionados os resultados das psicoterapias. Uma das
preocu
-pações constantes dos pesquisadores nesta área, vem sendo a
de identificar e determinar empiricamente a presença de
efei-tos em psi coterapia.
Em sendo assim, uma questão foi levantada:
existi-ra, atualmente, evidência empírica que compTove:, de maneira
inequívoca, que a psicoterapia exerce sobre seus clientes,
e-feitos tanto para melhor quanto para pior?
Utilizando·,.;se a revisão de vários especialistas foi
realizado um estudo crítico, baseado na orientação. de STRUPP,
HADLEY.& GOMES-SCHNARTZ (19771. em que. ao invés de se tomar
cada trabalho separadamente. especificaTam-se vários tipos de
erros ou deficiências que comprometem a validade dos
resulta-dos. identificando as investigações que pertencem a cada c.ate
goria. Foram exploradas as implicações clínicas " teóricas e
'.
sociais dos estudos em questão.
Por se tratar de campo ainda incipiente, com pu
-blicações recentes e estudos por vezes inconclusivos, asque~
tões levantadas devem ser encaradas com as naturais reser
vas, ressaltando-se ainda que, em um único estudo
bibliográ-fico, seria pretensão inalcançável, incluir toda evid~ncia a
respeito do assúnto.
I
v
SUMMARY
The purpose of this work was to analyse the empir~
cal evidence of negative and posi tive outcomes in psychotherapy,
wi thout restricting to any psychotherapic current in particular.
In the last years, authors from,different
approa-ches, have been asking themselves just how long outcomes in
psychotherapy should remain inquestioriable. One of the major
concerns of researchers in this area was to identify an4 to
ascertain outcomes in psychotherapy.
Thus, one question was broughtforth: is there ,
nowadays, any empirical evidence that proves, in an unequivocal
way, that psychotherapy affects patients for better or for
worse?
The review by L.A}.JBERT, BERGIN & COLLINS was
éritically examined, but ratnertlian criticize each, study
separately, it was chosen to specify a number of types of
errors ~nd deficiencies whicli compromise the validi ty of the
data, identifying studies falling in each·category. ClinicaI,
theorical and social ilnplications of the mentioned studies
were investigated.
Because it is an incipient field, with fresh publi
·cations and studies sometimes inconclusive, the issues raised
should be regarded with caution. Moreover, it must be
emphasized that in a single study one can not claim to have
included alI evidence about the matter .
"Aeabei eom a p~ieanili~e. Vepoi~ de
havê-la p~atieado a~~iduamente dú~ante t~ê~
me~e~ intei~o~, ~into-me pio~ do que a p~ineZ
pio. Ainda não de~paehei o douto~, _ma~ minha
~e~olução ~ i~~evogivel. Ontem fi lhe .. mandel
dize~ que e~tava impo~~ibilitado de i~
ã
eon-~ulta e vou deixi-lo
ã
e~pe~a po~ mai~ un~ dia~. Se e~tive~~ e butante ~ egu~o de pode~ ~i~
dele ~em me i~~ita~, ~e~ia at~ eapaz de vol
-ta~ a vê-lo."
(SVEVO, in A Cdn~eiê.neia de Zeno, 1980,
p. 371).
S U M Ã R I O
Agradecimentos--- iii
Resumo --- iv
Summary --- vi
CAPITULO 1:0 PROBLEMA --- 01
1 - Objetivo do Trabalho --- 04
CAPfTULO 11: REVISÃO DA LITERATURA --- 06
1 - Literatura Clínica --- 06
2 - Evidência Empírica ---~--- 10
2.1 - Introdução --- 10
2.2 - Problemas de Generalização --- 19
A - Definição de Psicoterapia --- 19
B - Seleção de Terapeutas --- 22
C - Seleção de Pacientes --- 24
2.3 - Problemas de Metodologia e Planejamento --- 27
A - Falta de Grupos de Controle Apropriados ---- 27
B - Mistura de Tratamentos --- 28
C Critérios para Avaliação dos Resultados ---- 29
D Recaída Versus Deterioração --- 35
CAPfTULO 111: ANÃLISE CR!TICA --- 37
1 - Conclusões a Respeito da Evidência Empírica Apresenta-da --- 37
2 - Situação atual da Pesquisa sobre Resultados em Psicote rapia --- 38
3 - Implicações e Recomendações --- 42
BIBLIOGRAFIA --- 47
CAPrTULO I
o
PROBLEMAA psicoterapia e a arte e a ciêncía de aliviar
so-frimentos causados por conflitos e perturbações emocionais.
Praticada por profissionais submetidos a treinamento científi
co e crítico, alcançou, nos últimos anos, rápido desenvolvi
-mento e aceitação, parecendo evidenciar, desta forma, uma
al-ta eficácia.
Parece pois, uma contradição, aventar-se a possibi
lidade de que venha a ter efeitos deletérios sobre os
pacien-tes, ou seja, de que ao invés de alívio, aumente sua aflição
e angústia.
Autores das mais variadas tendências. vêm, 'nos
úl-timos anos, se indagando até que ponto devem permanecer
in-questionados os resultados das psi coterapias. EYSENCK (1952)
foi dos primeiros a se manifestar, quando afirmou que nao se
podia avaliar corretamente os efeitos da psicoterapia, pois
os estudos, até então ,realizados, careciam de rigorosos cuida
dos metodológicos. Nwna segunda avaliação (1960), concluiu que
a psicoterapia não era. em media, superior
ã
falta de2
Determinar empiricamente a presença de efeitos em
psicoterapia tanto positivos quanto deteriorativos, vem sendo
desde então, uma das preocupações constantes dos pesquisado
-res nes ta área.
Um grupo da Universidade de Wisconsin, liderado
por ROGERS, conduziu o WISCONSIN PROJECT, ini,ciado em 1961
cujas conclusões sugerem que a ausência de determinadas cara~
terísticas no terapeuta, tais como empatia. autenticidade e
respeito, seria responsável pela piora constatada numa parte
dos pacientes esquizofr~nicos estudados. Desse projeto fazia
parte, entre outros. BERGIN que, em 1963 publicou seu conheci
do artigo "The effects of psychotherapy: negative resu1ts
revisited" onde realizou uma reinterpretação dos resultados
das pesquisas na área - aparentemente alguns terapeutas produ
zem mudanças negativas nos clientes, o que neutraliza o efeito
positivo dos terapeutas mais eficientes quando se compara o
grupo experimental com o grupo de controle; mais ainda. as di
ferenças entre os grupos são atenuadas pela atuação de
nao-profissionais (leigos) nos grupos de controle. Os problemas
de critério para avaliação dos resultados foram também
discu-tidos, por exigirem fulgamentos subjetivos.
Após a publicação dos resu1 tados do WISCONSIN
PRO-JECT (1967), houve uma demanda na pesquisa sobre os efeitos
nas psicoterapias. Grande parte desses trabalhos foi resumida
e avaliada por TRUAX e CARKHUFF (1967), levando-os a
plane-3
nejado para servir de ajuda e facilitação, pode ser para
me-lhor ou para pior •.. " Cp. 143).
Ainda em 1967, EYSENCK em resposta ao artigo de
BERGIN (1963) frisou que seria ele:
"a úl tima pessoa a afirmar que a psicoterapia não pudesse produzir efeitos negativos em pacientes neuróticos e psicóticos ... " (mas que não es
ta-va certo de que) "a evidência fosse tão forte
quanto deveria ser" (p. 152).
Ao que BERGIN (1970) retrucou demonstrando a existência de
evidência clara e abundante. tanto clínica quanto estatísti
-ca, da ocorrência de efeitos deteriorativos durante a psicot~
rapia.
Mais recentemente. RACHMAN (197l} sugeriu que a
psicoterapia nada proporcionava além de um certo alívio para
a "doença" enquanto esta seguia seu curso natural. E que, se
a psicoterapia não conduzia
à
"cura", podia ao menos, apres-sã-la.
Nos trabalhos realizados na última década por
STRUPP, HADLEYe GOMES-SCWARTZ (1977) LAMBERT, BERGIN e
COLLINS (J977} foi enfatizada a possibilidade de ocorrência
de efeitos negativos em pacientes durante a psicoterapia, se~
do apresentada uma avaliação critica das investigações at~ en
tão realizadas.
Outros autores como FRANK .• HOEHN-SARIC, IMBER,
4
LIBERMAN e STONE (1978) consideraram que apesar da falta de
informação sólida, certos fatores como características de pe~
sonalidade do cliente, do terapeuta e mudanças na situação de
vida do cliente, seriam capazes de exercer uma influência nos
resultados das terapias.
1 - OBJETIVO DO TRABALHO
Efeitos negativos ou ausência de mudanças
relevan-tes em psicoterapia não devem permanecer em segredo. Para o
bem da própria profissão e da sociedade, faz-se necessário en
frentar os fatos.
A identificaçio clara e precisa dos fatores respon
sáveis por efeitos negativos ajudará a evitar danos por vezes
irreparáveis. O reconhecimento de tais efeitos implica, em
contra-partida, na admissão de fatores responsáveis por
efeitos positivos. cuja identificação beneficiará futuros 'c1ien
-teso
O presente estudo pretende analisar a evidência
empírica de várias cor~entes psicoterápicas, sem cingir-se a
nenhuma de maneira particular. Somente desta forma, a
lsen-ção na análise e crítica dos resultados será preservada.
5
levantamento crítico dos trabalhos realizadados até o
presen-te momento serviria, por um lado, para estimular a pesquisa
rigorosa e sistemática e, por outro, para testar a
viabilida-de viabilida-de planejamento e execução viabilida-de estudos nesta área.
Neste sentido foi levantada a seguinte questão:
EXistirá, atualmente, evidência empírica que com
-prove, de maneira inequívoca, que a psicoterapia exerce sobre
seus clientes, efeitos tanto para melhor quanto para pior?
6
CAP!TULO 11
REVISÃO DA LITERATURA
1 - LITERATURA CL!NICA
A idéia de que os distúrbios psíquicos ~J poderiam
ser deliberadamente modificados por influência de uma outra
pessoa. surgiu no final do século XVIII. com o advento da hi~
nose.
Foi FREUD quem deu ímpeto a um sistema racional de
psicoterapia. Acreditava ele que as desordens psiconeuróticas
tinham sua origem em vivências tr~umâticas, geralmente de
na-tureza sexual. nos seis primeiros ·anos de vida e que, se os
pacientes fossem capazes de se recordar e entender a importâ~
cia do material reprimido, eles se curariam.
Indivíduos neuróticos, temendo enfrentar vivências
dolorosas, defendem a permanência de seus sintomas
(resis~ên-, . .
-cia) e tentam envolver o terapeuta numa luta interpessoal a
fim de derrotar
ó
esforço terapêutico (transferência negati7
de maneira hábil, a fim de atingir suas metas terapêuticas
Se nao o faz, tem-se então, um resultado deteriorativo.(STRUPP
et alii, p. 6).
No entanto, FREUD já alertava para o alcance
limi-tado da psicanálise quando afirmava:
"Todos sabem que o setor de aplicação da tera
-pia analítica é constituído pela neurose de
transferência - fobias. histerias. neuroses oh
sessivas - e aquelas anormalidades do caráter
que se desenvolveram em lugar dessas enfermida des. Tudo o mais, estados narcisistas e psicó=
ticos. está fora de alcance. Seria portanto ,
legítimo, se precaver dos fracassos, excluindo cuidadosamente tais casos. As estatísticas da análise melhorariam grandemente com tal precau
ção". CFREUD, 1933:952)
-Em outra passagem, reveladora por ~inal, fala do
problema dos efeitos negativos:
" ... Tudo is.to não ê muito apropriado para
dar-nos uma idéia da alta eficácia da psicanálise
como método terapêutico, mesmo que a maioria
de nossos fracassos se deva a fatores exterio-res. Partidários da psicanálise nos
aconselha-ram a opor uma estatística de êxitos ã coleção
de fracassos. mas não aceitei seu conselho [. .
J
~ois os~ca~os de aoen~a.neurótica eram~de ~atp
1ncompa~ve1s em uma serie de fatos. Alem d1sso,
o intervalo de tempo é mui to breve para que po~
samos afirmar que se tratam de curas duraveis
e, em muitos casos não nos é possível arriscar
afirmação alguma soore esse ponto ~.] Em
matéria de terapia, as pessoas agem de maneira
aI tamente irracional
G..3
•
A psicanálise ~. sedefrontou separadamente com um preconceito
ma-nifesto. Quando falávamos de cura de um caso
difícil, respondiam-nos que isto nada provava, pois o doente se teria curado de qualquer for-ma, se não tivesse sido submetido ao tratamen-to. E, quando uma jovem mulher. no seu quarto
ciélo de depressão e mania, foi submetida a
tratamento psicanalítico numa pausa
o início de um novo período de mania, todos os membros da família e o médico, expressaram sua convicção de que esta nova crise era consequên cia do tratamento tentado. Nada se pode fazercontra preconceitos . • . . " (FREUD, 1917:389 -390).
Já em 1910, FREUD reconheceu que o terapeuta pode
exercer uma influência adversa no curso e resultados da te-
.
rapia, com a introdução do termo contra transferência:
"Tomamos conh.ecimento da 'contratrasnferência' que surge no médico por influência do paciente so-bre seus sentimentos inconscientes e nos incli namos a exigir, como regra geral, o reconheci=-mento pelo próprio médico da 'contratransferên cia' e sua superação. Uma vez que a prática PSl.
canalítica vem sendo exercida por
um
considerãvel número de pessoas, trocando impressões en:'-tre si, observamos que nenhum psicanalista vai além do que lhe permitem seus próprios comple-xos e resistências, razão pela qual, todo prin cipiante deve iniciar sua atividade com uma au
to-análise e que esta se vá fazendo cada vez
mais profunda
à
medida que amplia sua experiência no tratamento de enfermos. Aquele que não
consiga levar a cabo sua auto-analise, pode es tar certo' de não possuir também capacidade de tratar analiticamente um paciente". CFREUD 19l0:403-404}.
8
Desde então, muito se escreveu sobre a contratrans
ferência. Parece porém, h.aver um acordo de que as reaçoes de
contratransferência representam interferências potenciais se
nao atuais, no curso e resultado da terapia. Independentemen
te. de qualquer técnica usada. a personalidáde do terapeuta
pode ter pois. efeito adverso sobre o paciente.
Nos últimos anos. várias correntes psicoterápicas
-9
sos terapêuticos em termos de um fator unitário que a distin
gUe das demais e a torna presumivelmente superior. Na
verda-de. existem inúmeros fatores no processo terapêutico, respo~
sáveis pelo resultado de uma terapia. Como assma1aSTRUPP, ci
tado por MARMOR (1977) > "não existe e é duvidoso que exista
algum dia, uma única intervenção técnica análoga a um
parti-cular procedimento cirúrgico ou à ingestão de uma droga esp~
cífica" •
A vasta literatura sobre efeitós em psicoterapia
ocupou-se primordialmente, com descrições mais ou menos
pre-cisas das mudanças no paciente, atribuídas a operações rea1i
zadas pelo terapeuta ou com exposições elaboradas de teorias
e técnicas.
Entretanto. raramente se assumiu que a psicotera
-pia pode causar mal da mes.ma forma que bem e. que qualquer
tratamento traz, dentro de si, a potencialidade de um
resu1-tado negativo. * _
* Na verdade, a não ser que se aceite que a psicoterapia não
10
2 - EVIDENCIA EMPrRICA
2.1 - INTRODUÇÃO
A pesquisa controlada em psicoterapia, procurando
abordar diretamente seus efeitos ê bastante limitada.
Começou em meados de 1960, com BERGIN (1963, 1966,
1971) formulando a hipótese da deterioração - as mudanças
tanto para melhor quanto para pior se apresentam com maior
variabilidade no grupo experimental do que no grupo de con
-trole .. BERGIN e seus companheiros compilaram uma série de es
tudos realizados sobre efeitos de psicoterapia tentando
com-provar 1) a maior variabilidade nas mudanças dos pacientes
tratados e 2) a presença de subgrupos entre os pacientes tr~
tados que apresentaram maiores dificuldades no ajustamento
de personalidade e no funcionamento social. Nas próprias
pa-lavras do autor:
"uma das implicações mais provocativas na série
de achados negativos aqui citados e naqueles
mencionados por EYSENCK é o fato de que os neu
róticos mudam de maneira positiva com"o tempo
sem os benefícios da psicoterapia G.::J O fato
de que as mudanças sejam. em média, similares a ambos os grupos, não nos deveria impedir de
no-tar o fato significativo de que a mudanças
o-correm! ~.~ O que estara ocorrendo nesses gru
pos de controle'? Por que essas pessoas mudam ?
O fato
é
que pouco sabemos do que acontece nes·ses grupos. I! assumido taci tamente que, uma ve-z
que não recebem psicoterapia formalmente.
es-ses sujeitos são iguais aos do grupo experimen tal em qualquer outro aspecto. Mas sê-lo-ão re
almente? G.~ Parece que os grupos de contro~
quan-do as pessoas ficam seriamente perturbadas elas buscam apoio de clérigos. médicos, amigos,
pro-fessores, etc. com maior frequ~ncia do que de
profissionais de saúde mental. Talvez então, as mudanças nos grupos de controle possam ser atri
buídas a esse tipo de procura de auxílio G.~
Notou-se em inúmeras ocasiões que um resultado
negativo. isto
é,
nenhuma diferença de mudançaentre os indivíduos experimentais e controles •
poderia ser atribuído ao mútuo cancelamento de
efei tos de duas espécies diferentes de terapeu-tas - uma espécie que promove uma mudança posi-tiva e outra que promove uma mudança'negaposi-tiva • A evidência a respeito de guem exatamente pro
-duz a espécie de mudança nao está clara G.~
Terapeutas que.produzem resultados positivos são os que possuem certas qualidades de responder aos
outros mais do que um apurado treinamento na téc
nica; não seria leviano levantar-se a hipótese-de que as pessoas do grupo hipótese-de controle que apre sentaram mudanças pos-i tivas tivessem sido jus ta mente aquelas auxiliadas por leigos cujas carac terísticas' de personalidade coincidissem com as dos profissionais promotores de mudanças positi
vas " CBE~GIN. 1963: 246- 24 8) •
-11
Autores como BRAUCHT (1970) e MAY ()97l), contrá
-rios
à
hipótese de deterioração apontaram inúmeras falhasme-todológicas nos resultados apresentados por BERGIN (1966)
co-mo comprovadores da sua hipótese.
Utilizando-se de quarenta e oito estudos. LAMBERT.
BERGIN e COLLINS 09JJ} sugeriram que as mudanças desadaptati:.
vas. ocorridas no período trans'corrido entre o início e o
fi-nal de terapia são induzidas pela própria experiência terapê.!:!
tica. particularmente por influência do terapeuta. No entanto
frisam que "é difícil encontrar estudos metodologicamente
pu-ros e definitivos em qualquer tópico ou modalidade de tera
12
Uma revisão crítica desses trabalhos foi realizada
por STRUPP, HADLEY e GOMES-SCWARTZ (1977), baseada no estudo
de LAMBERT, BERGIN e COLLINS (1977). Nela se conclui que a
maior parte das investigaç6es se apresenta desfigurada por
i-númeras falhas tanto na seleção das amostras quanto na metodo
logia. No entanto: "isto não sugere que efeitos negativos em
psicote rapi a não ocorram. mas que as in terpre :taç6es baseadas
nos achados reportados devem ser cuidadosamente encaradas. "
(STRUPP et alii. 1977. p. 28).
Dos quarenta e oito es tudos reI atados por LAMBERT
et alíí. somente nove foram considerados capazes de fornecer
uma forte base empírica para acomprovação da deterioração em
psicoterapia, embora: "individualmente haja fraquezas em cada
um deles." (LAMBERT, p. 455}.
A tabela I. retirada da citada obra. Cp. 455) resu
me de maneira eficiente os nove trabalhos.
Os demais estudos foram resumidos n-a tabela 11. e;!
-traida do estudo de LAMBERT, BERGIN e COLLINS (1977, p. 460
Autores
POWERS & WITMER
ROGERS & DYMOND
BARRON & LEARY
MINK & I SAKSEN
TABELA I: Estudos demonstrando a mudança positiva e a deterioração como resultado de psicoterapia
Data População
1951 meninos pre-de1inquentes
1954
1955
1959
adultos jovens
pacientes neuroticos não-hospitalizados
estudantes secundarios
N
325
25
42
96
Tipo de terapia
aconselhamento de serviço social
centrada no cliente
ana1Itica ec1etica
centrada no cliente (48) diretiva (48)
Duração media da
terapia
6 anos
8 meses
8 meses
4 meses
Criterios Relevantes
- bateria de testes - dados de de1inquência - avaliações de ajustamento - registro de casos
tecnica Q;
*
avaliações de comportame~ to
MMPI
teste de Personalidade Ca1ifornia
FAIRWEATHER et allii 1960 psicoticos crônicos; psicoticos recentes
72 ana1ítica-ec1etica 3-5 meses tecnica Q
CARTWRIGHT & VOGEL
TRUAX
VOLSKY, MAGOON, NORMAN & HOYT
CARKHUFF & TRUAX
1960
1963
1965
1965
adultos jovens
esquizofrênicos hospi-talizados
universitários
psicoticos hospitalizados
22
16
80
74
centrada no cliente 33 sessões
centrada no cliente, 6 meses ec1etica, analítica 3 1/2 anos
ec1etica, diretiva 3 sessões
centrada no cliente (leigos) 24 sessões
tecnica Q; TAT
testes múltiplos e compor tamento na enfermaria
escalas de ansiedade, de-fensividade e de resolu-ção de problemas
avaliação de comportamen-to na enfermaria
(*) A tecnica Q de STEPHENSON e um metodo estatístico de avaliação, desenvolvido para o estudo de comportamentos (atitudes)ver-bais, de auto-descrição, preferências em psicologia clínica e personalidade. Sua metodologia se baseia na confiança em met~ dos comparativos de avaliação, mesmo entre classes absolutas. Consiste em ~edír a diversos juízes que ordenem afirmativas descritivas de um determinado comportamento (ou preferência, ou traço) em categorias que vão da mais característica ã menos característica.
AUTORES
ARONSON & WEINTRAUB
FEIFEL & EELLS
GARFIELD & BERGIN
HORWITZ
IMBER, FRANK, NASH, S Tom: &
BLIEDMAN
JONCKHEERE
KOEGLER & BRILL (breve)
LIEBERMAN, YALOM & MILES
LING, ZAUSMER & HOPE
RICKS
ROSENBAUM, FRIEDLANDER & ~
KAPLAN
ROSENTHAL
SAGER, RIESS & GUNDLACH
TABELA 11: Ocorrência adicional de deterioração em psicoterapia e
em grupos de controle
Data N
1968 127
1963 63
1971 38
1974 22
1968 34
1965 186
1967 162
no grupo tratado
2% a 8% dependendo do critério e do diagnóstico
8%
3% a 6%
45%
44%
5% em media, mas 44% entre psi~óticos
em psicanálise
3%
N no grupo de
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
controle
1973 206(total) 9% a 19% dependendo do critério 175 (comp1e
sem grupo de controle(l)
taram)
-1952 115
1974 28
1956 210
1955 12
1964 103
18%
apresentou efeito deteriorativo de um terapeuta
1%
25%
2% a 14% na mesma ou pior, mas as ca-tegorias misturadas
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
AUTORES
STRUPP, WALLACH & WOGAN
STUART & LOTT
TRUAX, WARGO, FRANK, IMBER, BATTLE, HOEHN-SARIC, NASH &
STONE
UHLENHUTH & DUNCAN
WEBER, ELINSON & MOSS
BERLEMAN & STEINBURN (em fo11ow-up)
Di LORETO
FEICHNER, BROWN & OLIVIER
GOTTSCHALK, MAYERSON &
GOTTLIEB
HENRY & SHLIEN
KOEGLER & BRILL (analítica)
TABELA: 11 (continuação)
Data N
1964 44
1972 79
1966 40
1968 128
1965 55
1967 28
1971 60
1973 23
1967 34
1958 14
1967 27
no grupo tratado
0%
variabilidade dos resultados aumen tada, sendo atribuída ao terapeutã
5% nas avaliações globais 25% na escala de desconforto
26% embora não especificado quanto pior
variabilidade de criterio aumenta-da, mas sem evidência clara de de terioração
36%
ínfima deterioração, nao maior do que nos sujeitos de controle
17% todos com depressão primária
6%
declínio medio significativo no fo11ow-up para pacientes com tempo limi tado no TAT
4% N 33 40 23 14 26 116
no grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de contro1e(2)
sem grupo de controle
sem grupo de controle
sem grupo de controle
0%
ínfima
0%
36% entre sujeitos não-equiva1en tes, desligados do estudo
-3% nos grupos de drogas e de p1acebo.
f-'
,'AUTORES
PAUL (individual)
PAUL (grupo)
ROGERS, GENDLIN, KIESLER &
T~UAX
SLOANE, STAPLES, CRISTOL,
YORKSTON & WHIPPLE
VARBLE & LANDFIELD
WARNE, CANTER (inexp.)
& WIZNIA (exp.)
WISPE & PARLOFF
AGRAS, CHAPIN & OLIVEAU
ENDICOTT & ENDICOTT
GIEL, KNOX & CARSTAIRS
JURJEV-ICH
TABELA: 11 (continuação)
Data 1967 1968 1967 1975 1969 1953 1965 1970 1963 1964 1968 N 13 12 9 8
no grupo tratado
desensitização
insight 0%
desensiti~ação 0%
insight 0%
0% N 14 18 10 11
10 desensitização em grupo 0%
24 30 30 36 30 30 55
evidência limitada de deterioração
psicoterapia 3%
terapia comportamental 0%
6%
1% significativamente pior 60% levemente pior
0% significativamente pior 7% levemente pior
24
30
35
30
variabilidade no critério aumenta- 55 da, mas sem evidência clara de de-terioração
sem grupo de tratamento 26
sem grupo de tratamento 40
sem grupo de tratamento 100
sem grupo de tratamento 62
no grupo de controle
placebo de atençao 0%
sem qualquer tratamento 5%
placebo de atenção 0%
sem qualquer tratamento 0% a 10%
sem qualquer tratamento 36%
3%(3)
0%(4)
13% significativamente pior
53% levemente pior
TABELA: 11 (continúação)
AUTORES Data N no grupo tratado N no grupo de
KRINGLEN (fo110w-up) 1965 Sem grupo de tratamento 91 5% (5)
MASSERMAN & CARMICHAEL 1938 sem grupo de tratamento 32 5% - 14% (5)
SASLOW & PETERS 1956 sem grupo de tratamento 83 12%
SUBOTNIK 1972 sem grupo de tratamento 166 21% - 3'7%
/
(1) Para STRUPP et alii (1977) inclui grupo de controle (N=69) com 23% de deterioração.
(2) Para STRUPP et a1ii (1977) inclui grupo de controle (N=15) sem dados relativos ã deterioração.
(3) Sem indicação de resultados no grupo de controle. Para STRUPP et alii (1977), houve um aumento na variabilidade do grupo experimental em relação ao grupo de controle.
~
(4) Os efeitos deteriorativos no grupo de controle, na verdade não foram efetivamente estabelecidos. (STRUPP et a1ii, 1977 p. 201).
(5) Considerado por STRUPP et alii (1977), como pertencendo ã categoria de estudos com tratamentos misturados, sem grupo de controle, pois em alguns casos os pacientes recebiam terapia de "apoio" (p. 38).
controle
~
A respeito da tabela 11 comentam os autores que:
"a extensa amplitude de resul tados apresentados na tabela acima desafia uma interpretação precisa do
fenômeno
1::.3
Nossa visão é de que as medidas sãoexcessivamente grosseiras para tanto e assim deve
mos aceitá-las como simplesmente ambíguas ... ~
Cp.
461)18
De maneira geral, as falhas mais freqUentemente en
contradas na pesquisa sobre efeitos da psicoterapia são de
duas variedades:
1) - Comprometendo a generalização, a seleção inapropriada de
terapeutas, pacientes e modalidades de tratamento;
2} - Comprometendo a interpretação dos resultados, a falta de
controle apropriado, a mistura de tratamentos e a ambi
-gUidade de cri térios para avaliação dos resul tados.
Sendo assim, numa pesquisa em que se utilizem estu
dantes nao graduados e sem experiência como terapeutas e estu
dantes dos primeiros anos da faculdade, como voluntários "pa_
cientes", para se testar a eficiência de um determinado tipo
de tratamento, os resul tados obtidos nao fornecerão necessa
-riamente informação sobre a eficácia desse tratamento-, sendo
praticado por terapeutas experientes com pacientes que
procu-I
rem auxílio por se sentirem perturbados. Da mesma forma, em
pesquisa com pacientes hospitalizados. recebendo drogas, tera
pia eletro-convulsiva. além de psicoterapia, torna-se difícil
unica-19
mente ou a uma interação dos vários tratamentos. Como inter
pretar as mudanças ocorridas em um grupo de pacientes trata
-dos por especialistas durante um longo período de tempo se
nao se as comparar com um grupo equivalente sem tratamento?
Utilizando-se a revisão de LAMBERT. BERGIN e
COL-LINS (1977) será realizado um estudo crítico. baseado na
ori-entação de STRUPP et alii (1977). em que ao invés de se tomar
cada trabalho separadamente, se especificará um número de
ti-pos de erros ou deficiências que comprometem a validade dos
resultados, identificando as investigações que pertencem a
cada categoria (yer em anexo, o quadro-resumo das principais
deficiências das pesquisasl.
2.2 - PROBLEMAS DE GENERALIZAÇÃO
A -"DEFINIÇÃO DE PSICOTERAPIA
Para que se verifique de que forma se manifestam
os efei tos de uma experiência psicoterápica. fazse necessá
-ria uma definição de psicoterapia, preferivelmente uma que a
distingUa de outras modalidades de auxílio. tais como servi
-ços sociais. grupos "de encontro" ou de treinamento de
sensibi-lidade. programas hospitalares. tratamento"S primari amente
so-máticos.
20
dicional. Segundo DEWALD (1964) psicoterapia pode ser
defini-da como:
"um processo psicológico que ocorre entre dois (ou mais) indivíduos no qual um deles (o
tera-peuta) por sua posiçio e treino, busca. siste~
maticamente, utilizar-se de conhecimento psico
lógico e intervenções, na tentativa de enten ~
der. influenciar e, em última análise. modifi-car a experiência psíquica, a função mental e o comportamento do outro (o paciente). Essa for
ma de interação distingUe-se de outro~
relaciQ.-namentos entre duas pessoas pela formalidade do
consentimento terapêutico (sej a explíci to ou
implícito). o treino específico, habilidade e
experiência do terapeuta e pelo fato de que o
paciente (voluntariamente ou por coerçio)
te-nha vindo ao terapeuta em. busca de auxílio pro
fissional." Cp. 51).
-Quando se utiliza uma definiçio como a citada
acima (ou outra qualquer equivalente), surge uacima primeira ques
-tão: dentre as inúmeras investigações analisadas, quais as
intervenções de tratamento que, legitimamente, poderiam ser
ch.amadas de psicoterapia7 No estudo de POWERS e WITMER (1951)
e no de BELERMAN e STEINRURN (196]1 os tratamentos envolviam
a prestação d:e serviços sociais. oferecendo graus diversos de
amizade e conforto. Em outro pTojeto (STUART
&
LOTT, 1972) a"psicoterapia" compreendia serviço social e modificaçio de
comportamento. Em FEIGHNER. BROWN e OLIVIER (1973) foram
uti-lizadas técnicas de eletrosono. * .Os grupos de terapia de
LIERERMAN, YALOM e MILES (1973) eram compostos por sujeitos
I
que estavam envolvidos numa experiência acadêmica, ao final
da qual, seria atribuído um grau, o que torna os resul tados
dificilmente aplicáveis a verdadeiros grupos de terapia.
21
Em prejetes nes quais a psiceterapia, apesar de se
celecar dentre de uma definição. tradicienal, é apenas um des
aspectes de um pregrama de reabilitação. mais amplo., terna- se
impessível precisar de que ferma teria a terapia influenciado.
nes achades. Neste case citam-se es estudes de FAIRWEATHER et
alii (1960); KRINGLEN (1965}; LING, ZAUSMER e HOPE (1952)
MASSERMAN e CARMICHAEL (1938}.
Uma eutra faIna refere-se
ã
duração. deterapêutico.. Ceme dizem STRUPP et alii (1977)
centacte
"parece razeável acredi tar que a experiência teràpêutica pessa ter um impacto. que preduza mu -danças relativamente duradeuras (sejam elas ne-ga ti vas eu pesi tivasl em cen traste cem mudanças transitórias de numer eu sentimentes. Se a quan
tidade de centacte terapêutico. é muito. limita ~
da, a relação. entre múdançascempertamentai.s eu de persenalidade que ecerrem cem e paciente e a natureza da intervenção. terapêutica se terna tê
"
nue " Cp. 301.
Ainda se bre e assunte. segundo. FRANK (1973)
no. entanto. permanece o.bscure se tais mudan
ças pedem ser atribuídas
ã
in:teraçãeterapêuti-=-ca prepriamerite dita eu á petentes fateres nãeespecífices que resultam na expectativa de pa ciente de que e auxílio. está próximo. e, cense
-quentemente a fé é revi vi~.da e a meral, levan
ta-da" (p. 123).
Os estudes de GOTTSCHALK, MAYERSON e GOTTLIEB (1967)'
- (máxime de s eis sessões) de PAUL (1.966, 1967) - (5 heras)
de VOLSKY et alii (1965) - (de uma a dez sessões) não. pedem •
cem um centate terapeutá-paciente tão. limitado., testar de fe~
-22
responsável por uma exacerbação da condição do paciente.
Me-nos confiança se pode ter. quando se descobre que, em compar~
çao com os grupos de controle. há uma maior incidência de
mu-danças negativas nos grupos de controle do que nos grupos
ex-perimentais (GOTTSCHA1K et a1ii, 1967; PAUL. 1967~a).
Final i zando. ci tam-se experimentos,. cuj os
ingredi-entes de tratamento', são tão incompletamente especificados
que "psicoterapia" pode significar uma ampla variedade de
in-tervenções. lMINK & ISAKSEN, 1959; WARNE, CANTER & WIZNIA
1953) •
B - SELEÇÃO DE TERAPEUTAS
Basear-se, tão somente, nos achados de terapia rea
lizada por profissionais novatos não treinados ou
parcialmen-te treinados. não levará a generalizações a respei to de psic~
terapias empreend:L-das por profissionais de saúde mental, alta
mente qualificados e experimentados.
Como os novatos sao. sob todos os aspectos. mais
acessíveis do que terapeutas experientes, os primeiros ~oram
sempre mais utilizados em pesquisas sobre resultados de
tera-pia.
23
efeitos deteriorativos utilizaram-se, ora de terapeutas
inex-perientes, como em CARKHUFF e TRUAX (1965) e POWERS e WITMER
(1951) - para-profissionais; UHLENHUTH e DUNCAN (1968) - estu
dantes de medicina; DILORETO (1971); GARFIELD e BERGIN (19~1)
- estudantes de graduação em Psicologia; GOTTSCHALK et a1ii
(1967); IMBER et a1ii (J968); KOEGLER e BRILL (1967); ROSENBAUM
et alii (1956); ROSENTHAL (1955); TRUAX et a1~i (1966) -
psi-quiatras-residentes; ora os resultados de novatos e
experien-tes foram combinados, ao invés de analisados separadamente
como em FAIRWEATHER et alii (1960); FEIFE~ e EELLS (1963)
ROGERS e DYMOND (1954}; STUART e LOTT (1972). No único estudo
em que se tentou fazer a comparação entre os resul tados
(CARTWRIGHT & VOGEL 19601. o cri tério de experiência (mais de
seis clientes anteriormentel -era tão pouco rigoroso que os no
vatos de outros projetos (GARFIELD
&
BERGIN. 1971. por exem-pIo) tinham tido mais contato com pacientes que· alguns dos te
rapeutas "experientes"desse
trana1ho.-Idealmente o pesquisador deveria colher informação
sohre a personalidade e comportamentos do terapeuta, assim co
mo dados sobre treinamento e experiência. No entanto. em mais
de um terço das pesquisas. sequer foram mencionadas variáveis
tão básicas como o número de terapeutas envolvidos na investi
gaçao (BARRON & LEARY. 1955; HORWITZ 1974; KOEGLER & BRILL
k
1967; ROSENBAUM et a1ii, 1956; ROSENTHAL, 1955; WEBER et alii
1965} ou seu treinamento e experiência (HENRY
&
SHLIEN. 1958;JONCKHEERE. 1965; KRINGLEN, 1965; LING et a1ii.1952; MASSERMAN
24
TRUAX, 1963; VOLSKY et alii, 1965; WISPE
&
PARLOFF, 1965).c -
SELEÇÃO DE PACIENTESA seleção da amostra de pacientes deve ser
rigoro-samente cuidada de tal modo que o pesquisador,possa
generali-zar seus achados para uma população mais ampla de pacientes .
. Talvez. como ~izem LUBORSKY, SINGER e LUBORSKY
(1975), a mais óbvia condição para a seleção de uma amostra
adequada,
é
que os sujeitos sejam indivíduos genuinamente pe~turbados em busca de alívio na psicoterapi a. O valor de
gene-ralização de uma pesquisa fica severamente limitado se os "p~
cientes" forem estudantes secundários, levados a aconselhamen
to sem que se saiba se queriam ou não receber tratamento
(NINK
&
ISAKSEN, 1959) ou se forem universitários recrutadosem sala de aulá (DILORETTO. 1971; PAUL 1966, 1967, 1968), ou
uni vers i tários que, em função de sua participação no programa
de pesquisa. obtiveram créditos acadêmicos-(LIEBERMAN. YALOM
& MILES 1973).
Nas pesquisas retrospectivas, com pacientes que
terminaram a psicoterapia alguns anos atrás, os pacientes que
J .
escolheram responder ao questionário podem diferir em impor
-tantes dimensões psicológicas dos que não participaram(FEIFEL
& EELLS. 1963; KRINGLEN 1965; IMBER et alii. 1968; SAGER
2S
& WOGAN, 1964). Mais ainda, com taxas de retorno de 53% (SAGER
et alii, 1964) é impossível fazer-se uma previsão dos resulta
dos que se obteriam com dados mais completos.
Quando a proporçao de pacientes que se desligam da
investigação é ínfima, tal fato não se constitui numa ameaça
à representatividade da amostra. No entanto, quando as taxas
são altas (29% - CARKHUFF ij TRAUX, 1965; 22% - CARTWRIGHT '&
VOGEL.1960; 26% - FAIRWEATHER et alii, 1960; até 64% em aI
gumas analises - POWERS & WITMER, 1951; 46 % ROGERS & DYMOND,
1954; 22-34% STUART G LOTT. 1972) surge 'a suspeita de que a
amostra seja tendenciosa. No caso dos pacientes representarem
uma pequena e especialmente selecionada amostra, em vez de uma
amostra aleatória da população (RICKS. 1974; ROSENTHAL. 1955),
mais dúvidas ainda podem ser levantadas quanto à representati
vidade. No entanto, como advertem STRUPP et alii (1977),
lia sugestão de que as amostras de pacientes sejam tendenciosas, não implica que efeitos genuinamen
te- negativos não tenham ocorr~do em alguma ,pro ~
porção nos pacientes. mas sim que sua frequencia não pode s'er adequadamente avaliada quando os da dos disponíveis provêm de um grupo de pacientes-potencialmente tendencioso retirado de uma
popu-lação mais ampla. Na verdade. na pesquisa ~m que
os sujei tos desligados ameaçaram a representati-vidade final da amostra. alguns desses indivídu-os podem pertencer ao grupo dindivídu-os que mudaram nega
tivamente ~.D (levando) G.~ a uma subestimã
ção dos efei tos negativos" Cp. 34-35).
Outra dificuldade enfrentada pelos pesquisadores na
area. é a interpretação de mudanças deteriorativas em
freqUen-26
temente marcada por uma evolução continuamente deteriorativa
(LANGFELDT, 1969), como determinar se as mudanças negativas fo
ram devidas
à
experiência terapêutica ou se a terapia foi ap~nas insuficiente para impedir a marcha da deterioração? (CARK
HUFF
&
TRUAX, 1965; FAIRWEATHER et alii, 1960: MASSERMAN&
CARMICHAEL, 1938; ROGERS et alii, 1967; TRUAX. 1963).
As conclusões de FAIRWEATHER et alii (1960) susten
tam a noção de que a terapia possa exacerbar a condição do p~
ciente (mudanças desadaptatívas em pacientes crônicos em tera
pia versus nenhuma mudança no grupo de controle equivalente).
No entanto, CARKHUFF e TRUAX (1965); ROGERS et alii (1967)
FEIFEL e SCHWARTZ (1953); SACKS e BERGER (1954) * apresentaram
frequências equivalentes ou superiores de mudanças negativas
no grupo de controle comparadas com o grupo de pacientes em
tratamento psicoterapico. sugerindo como dizem STRUPP et a1ii
que "em alguns casos a natureza da doença do paciente ser res
ponsável pelas mudanças negativas". (p. 36).
Outras' investigações combinaram os resultados de
neuróticos e psicóticos, tornando difícil distingUir os
efei-tos negativos das psicoterapias dos efeiefei-tos indicadores da
e-volução da doença (GOTTSCHALK et a1ii, 1967; KOEGLER
&
BRILL,1967; ROSENBAUM et alii, 1956).
* os estudos de FEIFEL e SCHWARTZ (1953) e SACKS e BERGERa954)
27
2.3 - PROBLEMAS DE METODOLOGIA E PLANEJAMENTO
A - FALTA DE GRUPOS DE CONTROLE APROPRIADOS
Na área pesquisada, mais do qu~ em qualquer outra,
nao existe método sem tendenciosidade e os planos experimen
-tais clássicQS seriam mais uma meta a se atingir do que uma
condição necessária. No entanto, os pesquisadores têm procur~
do comparar mudanças nos grupos de controle e experimentrupré
e pós-tratamento. "Verdadeiros" grupos de controle ( suj ei tos
sem tratamento) são virtualmente impossíveis de se conseguir.
Algumas estratégias de controle alternativas foram sugeridas
(FRANK, J.D. et alii. 1918) tais como: listas de espera;
su-jeitos que se desligaram do tratamento; susu-jeitos como seus
próprios controles. Cada uma delas apresenta sérios defeitos.
mas constituem-se na Gnica maneira que o pesquisador tem de
estabelecer comparações. se desejar ter um grau mínimo de cer
teza de que as mudanças observadas podem ser atribuídas
à
ex-periência terapêutica.
Contudo, na metade dos estudos sobre a deteriora
-çao provocada pelo terapeuta. nenhum grupo de controle foi in
c1uído (ARONSON &- WEINTRAUB, 1968; FEl FEL &- EELLS. 1963;
GAR-FIELD
&
B,ERGlN. 1971; HORWITZ. 1974; 1MBER et alii. 1968JONCKHEERE. 1965; KOEGLER
&
BRlLL. 1967; KRlNGLEN. 1965; LINGet alii. 1952; MASSERMAN &- CARMlCHAEL. 1938; RICKS. 1974
ROSENBAUM et alii. 1956; ROSENTHAL. 1955; SAGER et a1ii. 1964;
28
1968; WEBER et a1ii, 1965) ou nao foram apresentados os dados
relativos a mudanças negativas no grupo de controle (STUART
&
LOTT, 1972; VARBLE
&
LANDFIELD, 1969). Em outros trabalhoso grupo de controle não era composto por sujeitos equivalen
-tes aos do grupo experimental e aleatoriamente atribuídos ao
grupo, mas por universitários demograficamente similares aos
pacientes (ROGERS & DYMOND,' 1954; VARBLE & LANDFIELD, 1969) ,
estudantes escolhidos por amigos como candidatos/potenciais
aos grupos de encontro (LIEBERMAN et alii, 1973); pacientes
q1:le recusaram ou abandonaram o tratamento (GOTTSCHALK et alii.
1967, STUART
&
LOTT, 1972); psicólogos que nunca se submete-ram a psicoterapia (WISPE & PARLOFF, 1965); meninos com per
-turbações menos sérias que as do grupo experimental (BERLEMAN
&
STEINBURN, 1967).Embora úteis para o estudo da deterioração que
0-corre natura~mente, sujeitos que não receberam psicoterapia ,
não podem funcionar como controles de pacientes em outros
es-tudos como fizeram AGRAS et alii, 1972; SUBOTNIK, 1972
ENDICOTT e ENDICOTT, 1963; GIEL et alii, 1964i JURJEVICH
1968; SASLOW e PETERS. 1956.
B - MISTURA DE TRATAMENTOS
I
Quando se lida com pacientes que recebem uma varie
dade de tratamentos (TEC, drogas, psicoterapia) -os efeitos
se tornam cumulativos e não se consegue separar os efeitos de
I
I
I
I
1
29
cada tratamento, a nao ser que para cada um deles, se tivesse
um grupo de controle equivalente.
Muitas das investigações se utilizaram de pacien
-tes hospitalizados recebendo drogas psicoativas (FAIRWEATHER
et alii, 1960; GOTTSCHALK et alii, 1967; KRINGLEN, 1965; RO
-GERS et alii, 1967; ROSENBAUM et alii, 1956; .CARKHUFF & TRUAX,
1965; TRUAX,1963) ou sedativos CLING et a1ii, 1952;MASSERMAN
&
CARMlCHAEL, 1938; WARNR et alii 1953). Quando o critério p~ra avaliação era constituído por avaliações globais, um
esta-do "pior" poderia refletir sintomas extra-piramidais tanto
.
-quanto efei tos negativos das psicoterapias.
Da mesma forma TEC e psicoterapia ou choque insuli
nico e psicoterapia são combinações cuj os efei tos não se
po-dem isolar(KRINGLEN, 1965; LING et alii, 1952; ROSENBAUM et
alií, 1956}.
c -
CRITJ=:RIOS PARA ÃVALIAÇAO DOS RESULTADOSA mudança terapêutica nao
é
um processo unitário *e como tal, as pesquisas sobre efeitos em psicoterapia devem
ter seus resultados avaliados a partir de perspectivas
mGlti-pIas.
* baixas correlações entre critérios para avaliação de resulta
dos em inGmeros estudos, conduziram os pesquisadores a esta
..
30
No entanto. foram as classificações globais do
te-rapeuta. as primeiras tentativas de avaliação de resu1tados(e~
tado ou grau de mudança entre os períodos imediatamente antes
e após a terapia). Essas avaliações globais são suscetíveis de
varios erros de tendenciosidade (FISKE et a1ii. 1970). A
in-terpretação daquilo que se constitui num estado "pior" fica
prejudicada nas pesquisas que se utilizam desse tipo de ju1g~
mento (GIEL et a1ii. 1964; HORWITZ, 1974; JONCKHEERE. 1965
KOEGLER
&
BRILL. 1967; KRINGLEN. 1965; LING et a1ii, 1952MASSERMAN & CARMICHAEL. 1938; ROSE,NTHAL, 1955; ROSENBAUM et
a1ii. 1956}. Outros combinaram ~m uma única categoria os que
pioraram e aqueles que não mudaram o que causa problemas
ain-da maiores d~ interpretação (CARTWRI GHT & VOGEL. 1960; ENDI
-COTT
&
ENDICOTT. 1963; FEIFEL&
EELLS. 1963; IMBER et .a1ii1968; ROGERS et a1ii. 1967; SAGER et a1ii, 1964; TRUAX et
a1ii. 1966). O fato de não apresentar melhoras, não indica que
o sujeito tenha sido prejudicado pela terapia. Da mesma forma,
mesmo que o sujeito se considere não beneficiado, isto não im
p1ica necessariamente em um efeito nocivo da terapia (~OEGLER
&
BRILL. 1967; STRUPP et a1ii. 1964).Quando as categorias "sem modificações" e "pior "
sao analisadas separadamente. evidencia-se que a estatística
de deterioração pode ter sido artificialmente inflada com a
inclusão dos pacientes '''sem modificações" (dê 4% para 14% em
GIEL et a1ii. 1964; de 9% para 19% em JONCKHEERE. 1965; de 1%
31
No lugar dos julgamentos globais, muitos
pesquisa-dores se utilizaram de numerosos índices para resultados.
Al-guns lançaram mão de instrumentos padronizados cujas validade
e fidedignidade já haviam sido demonstradas, como índices de
psicopato10gia e mudanças do estado psiquiátrico, tais como o
MMPI (BARRON
&
LEARY. 1955; FAIRWEATHER et a1ii, 1960;GAR-FIELD & BERGIN. 1971; ROGERS et a1ii, 1967; VOLSKY et a1ii
.
1965) •
Como confiar nas avaliações feitas por um único
jui~? (avaliação de saúde mental pelo TAT - CARTWRIGHT &
VOGEL, 1960; ROGERS & DYMOND, 1954; complexidade afetiva
HENRY & SHLIEN. 1958; ajustamento terminal. "piorados com o
tratamento" - POWERS & WITMAN. 1951; variáveis do TAT - ROGERS
et a1ii, 1967). Alguns autores tentaram evidenciar a confiabi
1idade desses traha1hos pelo método da reavaliação pelo mesmo
juiz algum tempo mais tarde (ENDICOTT &ENDICOTT. 1963; HENRY
& SHLIEN. 1958; ROGERS
&
DYMOND, 1954; ROGERS et a1ii. 1967).Segundo. TINSLEY e WEISS (1975) esse método não é apropriado:
não somente o juiz pode ser influenciado pela lembrança da
avaliação anterior. como tamhém não se consegue estabelecer a
extensão da rep1icabi1idade por outros juízes.
Quando os julgamentos se baseiam em dados de arqui
j
vos. tanto a qualidade quanto a quantidade da informação obti
da variam enormemente, tornando altamente questionáveis sua
fidedignidade e, conseqUentemente sua validade (LING et a1ii.
Se a teoria subjacente ao instrumento de medida de
resultados, for passível de contestação ou os resultados obti
dos não se correlacionarem de maneira positiva, com os de
instrumentos mais convencionais, a validade estará ameaçada.
Alguns exemplos colhidos em STRUPP, HADLEY e GOMES- SCHWARTZ
(1977), são apresentados: WISPE e PARLOFF (1965) estabelece
-ram que uma mudança construtiva na personalidade, estaria
re-lacionada com um aumento na publicação de trabalhos. Só para
citar-uma objeção, a diminuição desse tipo de trabalho num p!
ciente com uma necessidade compulsiva de realização, represe~
taria uma mudança positiva mais do que negativa.Em FAIRWEATHER
et alii (1960); ROGERS e DYMOND (1954); VARBLE e LANDFIELD
(1969), o crit~rio de integração de personalidade foi o grau
de correlação entre "ego" e "ego ideal". Parece razoável que
um ganho no auto-conhecimento e na auto-aceitação através da
terapia estaria ligado a um aumento na congruência entre a ma
neira como o sujeito se vê e a maneira como gostaria de ser.
No entanto, inúmeras variáveis poderiam ser responsáveis por
isso - maior abertura no reconhecimento de inadequações e fra
quezas pode reduzir a correlação do ego-ideal; ao contrário,
altas correlações podem refletir responsividade defensiva ou
pobreeontato com a realidade. Parece então, como atestam BUT
LER e HAIGH (1954. citados por STRUPP et alii. 1977) que nao
-existe uma relação direta entre o aumento da correlação
ego-ideal e o resultado terapêutico e que os sujeitos
dicotomiza-dos na categoria maior versus menor melhora não se
33
pância do ego-ideal era mais freqUente entre os sujeitos
con-siderados pelos juízes, como melhores do que entre aqueles
julgados piores ou sem modificações. Em HENRY e SHLIEN (1958)
a medida de complexidade afetiva derivada do TAT, baseia- se
na premissa de que uma melhora durante a psicoterapia estaria
relacionada com uma prontidão para descrever estados afetivos
ambíguos nas histórias do TAT, o que pode ser, criticado da
mesma forma.
Na maior parte dos estudos sobre terapia, a verifi
caça0 dos efeitos deterioràtivos baseava-se na frequência com
que os pacientes eram considerados como piores ou como apre
-sentando mudanças consideradas desadaptativas. Em um numero
pequeno de experimentos, o critério primordial para efeitos
negativos seria uma maior variância no escore de mudança
en-tre os sujeitos experimentais do que enen-tre os controles. Tal
critério baseia-se na premissa de que os pacientes mudam em
ambas as direções (para melhor e para pior) enquanto que os
controles evidenciam mudanças muito pequenas (BARRON
&
LEARY.1955, como reinterpretado em CARTWRIGHT, 1956; CARKHUFF
&
TRUAX, 1965; FAIRWEATHER et alii, 1960; MINK & ISAKSEN, 1959;
POWERS
&
WITMER, 1951; ROGERS&
DYMOND. 1954; VOLSKY et alii,1965). Estudiosos da questão como GOTTMAN (1953), citado por
LAMBERT et alii (1977) criticaram a evidência d~
de, afirmando que existem inúmeras causas para a
variabilida-de das mudanças em psicoterapia. LAMBERT, BERGIN e COLLINS
" (1) a variabilidade aumentada no pós-teste, alertou-nos, a princípio, para a probabilida-de probabilida-de probabilida-deterioração, especialmente porque o au-mento estava associado tanto com escores de me
lhora quanto com escores de piora. Como sinal
de possíveis efeitos deletérios, ainda é rele-vante. (2) a variabilidade aumentada não é im-prescindível para o argumento da deterioração porque indivíduos isoladamente podem apresen -tar-se piores, a despeito da distribuição . de
escores do critério ter permanecido a mesma ,
aumentado ou diminuído. (3) um aumento na va -riabilidade pode ocorrer sem a presença da de-terioração quando. por exemplo," a distribuição pôs-teste abranger toda a distribuição pré-tes te mais alguns escores de melhora. (4) uma di= minuição na variabilidade pode sobrevir a efei
tos de deterioração quando a mudança é unifor= memente negativa. mas restrita em alcance (si-milarmente, uma diminuição da variabilidade po
de provir de efeitos positivos uniformes). Fi~
nalmente. (51 uma variabilidade diminuída
tam-bém pode ocorrer onde tanto os efeitos
negati-vos quanto os positinegati-vos estiverem presentes ,
quando, por exemplo, os clientes avaliados co-mo altamente depressivos no pré-teste sairem
com depressão diminuída enquanto os pouco
de-pressivos no pré-teste, sairem com a depressão
aumentada G . .!1 GOTTMAN, utilizando-se da
a-gressividade como critério, diz que tanto as
pessoas altamente agressivas como as não sufi-cientemente agressivas no início, podem 'se mo-ver em direção a uma posição média, reduzindo conseqUentemente a variabilidade quando a tera pia for eficaz". Cp. 462).
34
Finalizando. a direção da mudança adapta~iva ( ou
da desadaptativa) não é a mesma para todos os sujeitos. Um au
mento na ansiedade, por exemplo, não será necessariamente uma
piora, no caso de um indivíduo que nada produz por estar sem
3S
D -
RECA!DA
VERSUS DETERIORAÇÃOPara demonstrar que a psicoterapia foi nociva ao
paciente, um dos critérios importantes é a presença de
mudan-ças negativas ou de "pior" funcionamento no período que se se
gue ao término da terapia. Se, ao final, o su)eito melhora ou
nao apresenta mudanças mas. algum tempo depois, numa avalia
-çao de follow-up. as mudanças negativas es ti verem presentes ,
deverão elas ser atribuídas à experiência psicoterápica? E
claro que a terapia só pode ser considerada eficaz se o
paci-ente conseguir manter seus efeitos benéficos após sua
conclu-sao. Por outro lado,
há
uma grande diferença entre a induçãoda deterioração pelo terapeuta e a "recaída" que bem pode ser
devida a fatores ambientais.
O próprio FREUD j á levantara essa questão, quando
em 1937. no artigo "Análise Terminâvel e Interminável" dizia:
"todo analista tratou de uns poucos casos que ti
~eram um resultado satisfatório. Conseguiu fa ::
zer desaparecer transtornos neuróticos que não
reapareceram nem foram substituídos por outro.
E.~
E
verdade que, se o paciente que foicu-rado nunca apresenta outro transtorno que neces
site de psicanálise, não sabemos até que ponto
sua imunidade não é devida a um destino benéfi-co que o afastou de tormentos demasi adamente gra
ve s " .
Cp.
5 4 3 - 5 44 ) .-Mudanças negativas ocorrendo somente entre o perí~
do pós-terapia a follow-up (BERLEMAN & STEINBURN, 1965; HENRY
36
terapia e declinando a seguir (ROGERS
&
DYMOND, 1954) nao sepodem atribuir
à
deterioração induzida pelo terapeuta, de forma inquestionável.
b impossível distingUir-se deterioração de recaída
nas investigações que apresentaram mudanças no período prê-te
rapia a fo11ow-up mais do que no período prê-pós terapia
(IM-BER et a1ií,· 1968; LING. ZAUSMER & 'ROPE, 1952; PAUL, 1967-a,
1968). Mais ainda, PAUL (1967-:-a)refere-se a mudanças negativas
no comportamento verbal ocorridas no período de fo11ow-up
37
CAP rTULO I I I
ANÁLISE CRrTICA E CONCLUSOES
1 - CONCLUSOES A RESPEITO DA EVIDENCIA EMPrRICA APRESENTADA
Das pesquisas abordadas, uma única está isenta de
falhas na seleçio de pacientes, terapeutas ou das modalidades
de tratamento, bem como de deficiências na metodologia e no
planejamento. Trata-se do projeto de SLOANE. STAPLES. CRISTOL,
YORKSTON e WHIPPLE (1975). Foi planejado para a comparaçao
de resultados entre terapia psicanalítica e terapia
comporta-mental, mais um grupo de espera que funcionou como controle .
Os pacientes neuróticos nio hospitalizados e atendidos por t~
rapeutas experientes' (sem diferença entre o tipo de terapia
-psicanalítica ou comportamental) apreséntaram baixas taxas de
mudanças negativas (3-6%). As conclusões sugerem que, indepeg
dentemente da técnica utilizada, te rapeu tas experientes
apre-sentam baixos índices de deterioraçio.
Apesar das inadequações do estudos restantes (yide
anexo), nio se pode negar a potencialidade para efeitos
nega-tivos (e, conseqUentemente. para posinega-tivos) em psicoterapia.
Como concluem STRUPP et alli Cl977)~
"A questão nao é saber se os efeitos negativos (e positivos) ocorrem, mas se a frequência ou os determinantes da mudança negativa (e posi-tiva) podem ser explicados pela literatura em
pírica disponível." Cp. 47).
38
Parece que, a esse respeito, clínicos e pesquisad~
res estão de acordo - a psicoterapia pode tanto exacerbarquan
to atenuar o sofrimento psíquico.
No momento, porém, os dados apenas sugerem
hipóte-ses sobre as causas dos efeitos positivos e negativos,
abrin-do um amplo leque de opções para a pesquisa futura. Permanece,
pois, uma necessidade urgente de pesquisa rigorosa e
sistemática, a despeito das dificuldades aparentemente intransponí
-veis na metodologia e conceituação.
2 - SITUAÇÃO ATUAL DA PESQUISA SOBRE RESULTADOS EM )
PSICOTERAPIA
Em termos gerais, qualquer resultado em terapia
uma função do paciente, do terapeuta e do relacionamento
-e
en-tre os dois. Não obstante. enquanto alguns pacientes pioram
ou melhoram a despeito do que faça o terapeuta, este, sendo
a pessoa de maior influêncih na relação, será
responsabilizado pelo resultaresponsabilizado. Por conseguinte, as variáveis responsabilizado terapeu
ta, como traços nocivos de personalidade, treinamento inade