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NOVAS DIRETRIZES DA RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
Maria Celia Barcellos Dalri1
Izilda Esmenia Muglia Araújo2
Renata Cristina de Campos Pereira Silveira3
Silvia Rita Marin da Silva Canini4
Regilene Molina Zacareli Cyrillo5
A parada cardiorrespiratória (PCR) é intercorrência de grave ameaça à vida; a ressuscitação cardiopulmonar
(RCP) representa desafio para a investigação e a avaliação por parte do enfermeiro e sua equipe. Esse estudo
apresenta as mais recentes recomendações internacionais sobre atendimento da parada cardiorrespiratória,
baseado nas Diretrizes de 2005 da American Heart Association (AHA). Essas diretrizes sobre RCP
fundamentam-se num processo de revisão extenso, organizado pelo International Liasion Committee on Resuscitation (ILCOR).
As manobras básicas e avançadas de RCP com qualidade podem salvar vidas.
DESCRITORES: enfermagem; parada cardíaca; ressuscitação cardiopulmonar; enfermagem em emergência
NEW GUIDELINES FOR CARDIOPULMONARY RESUSCITATION
Cardiopulmonary arrest (CPA) poses a severe threat to life; cardiopulmonary resuscitation (CPR) represents a
challenge for research and assessment by nurses and their team. This study presents the most recent international
recommendations for care in case of cardiopulmonary heart arrest, based on the 2005 Guidelines by the
American Heart Association (AHA). These CPR guidelines are based on a large-scale review process, organized
by the International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR). High-quality basic and advanced CPR maneuvers
can save lives.
DESCRIPTORS: nursing; heart arrest; cardiopulmonary resuscitation; emergency nursing
NUEVAS DIRECTRICES PARA LA RESUCITACIÓN CARDIOPULMONAR
La parada cardiorrespiratoria (PCR) es una ocurrencia que presenta una grave amenaza a la vida; la resucitación
cardiopulmonar (RCP) representa un desafío para la investigación y la evaluación por parte del enfermero y su
equipo. Este estudio presenta las más recientes recomendaciones internacionales sobre la atención a la parada
cardiorrespiratoria, basada en las Directrices de 2005 de la American Heart Asociation (AHA). Esas directrices
sobre RCP se fundamentan en un proceso de revisión extenso, organizado por el International Liasion Committee
on Resuscitation (ILCOR). Las maniobras básicas y avanzadas de RCP ofrecidas con calidad pueden salvar
vidas.
DESCRIPTORES: enfermería; paro cardíaco; resucitación cardiopulmonar; enfermería de urgencia
1Enfermeira, Professor Doutor da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: macdalri@eerp.usp.br; 2Enfermeira, Professor Doutor da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, e-mail: iema@fcm.unicamp.br; 3Enfermeira, Doutoranda da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: recris@eerp.usp.br; 4Enfermeira, Professor Doutor Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro Colaborador da OMS para o Desenvolvimento da Pesquisa em Enfermagem, Brasil, e-mail: canini@eerp.usp.br; 5Enfermeira, Professor do Centro Universitário Barão de Mauá, Brasil, Enfermeira da Secretaria Municipal da Saúde de Ribeirão Preto, Brasil.
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INTRODUÇÃO
A
s diretrizes atuais enfatizam a simplicidade para tornar os procedimentos da ressuscitaçãocardiopulmonar mais fáceis de serem lembrados. A
ênfase nesse estudo é oferecer ao paciente em situação de parada cardiorrespiratória (PCR) a
reanimação cardiopulmonar com competência de
quem o atende(1). O autor reforça a idéia, à qual corroboramos, de que a ciência da reanimação evoluiu
rapidamente. A intervenção rápida, segura e eficaz
dos profissionais com a finalidade de possibilitar o retorno da ventilação e da circulação espontâneas
modificam a situação de sobrevivência(1-2).
A PARADA CARDIORRESPIRATÓRIA E A
RESSUSCITAÇÃO CARDIOPULMONAR
Durante os últimos 50 anos, com a introdução
da ressuscitação cardiopulmonar (RCP), ocorreram muitos avanços no atendimento das emergências
cardiovasculares e no suporte avançado de vida em
cardiologia. Essas intervenções têm contribuído para restaurar a circulação e melhorar a sobrevivência de
vítimas de paradas cardiorrespiratórias(3-4).
A parada cardiorrespiratória (PCR) é
intercorrência, às vezes, inesperada, constituindo
grave ameaça à vida das pessoas, principalmente àquelas que sofrem parada cardíaca súbita (PCS) fora
do hospital, sendo que muitos desses pacientes
apresentam fibrilação ventricular (FV). O manejo dessas vítimas em qualquer nível de atendimento,
de menor ou maior complexidade, necessita de RCP
precoce e desfibrilação(3-5). E, em parte, essas manobras dependem da disponibilidade e
funcionalidade do equipamento de reanimação, que
deve estar pronto para uso imediato e ainda do treinamento da equipe, o que pode ser feito por meio
dos cursos de Suporte Básico de Vida e Avançado de
Vida em Cardiologia(6). RCP de alta qualidade, pode dobrar ou triplicar as taxas de sobrevivência após a
PCR.
AS NOVAS DIRETRIZES DE RESSUSCITAÇÃO
CARDIOPULMONAR
A American Heart Association (AHA) por meio
do Comitê Internacional de Ressuscitação realizou
revisão da literatura com o tema ressuscitação
cardiopulmonar. A missão é identificar e revisar
a s c i ê n c i a s e o c o n h e c i m e n t o i n t e r n a c i o n a i s r e l e v a n t e s e m P C R e o f e r e c e r c o n s e n s o n a s
recomendações de atendimento(3-5,7).
O p r o c e s s o d e r e v i s ã o p a r a a s n o v a s d i r e t r i z e s i n i c i o u - s e e m 2 0 0 3 q u a n d o o s
representantes do International Liasion Committee
on Resuscitation (ILCOR)(5) estabeleceram seis tópicos de interesse em RCP: suporte básico de
v i d a , s u p o r t e a v a n ç a d o d e v i d a , , s í n d r o m e
coronariana aguda, suporte de vida em pediatria, s u p o r t e d e v i d a e m n e o n a t o l o g i a e a a ç ã o
i n t e r d i s c i p l i n a r s o b r e p o n d o t ó p i c o s s o b r e
educação. Esse comitê reuniu-se em janeiro de 2 0 0 5 , n a c i d a d e d e D a l l a s , n o I n t e r n a c i o n a l
Concensus Conference (ICC) e CPR Science with
Treatment Recommendations(7).
Os estudos científicos e as recomendações
de tratamento foram publicados no International
Concensus on Cardiopulmonary Resuscitation and E m e r g e n c y C a r d i o v a s c u l a r C a r e S c i e n c e w i t h
Tr e a t m e n t Re c o m m e n d a t i o n s ( C o S T R )( 5 ). O s
enfermeiros, entre outros elementos da equipe de saúde, educadores na área da saúde (escolas de
enfermagem, medicina, odontologia, fisioterapia, educação física etc.) e pesquisadores envolvidos
direta ou indiretamente com o tema, seja na
assistência, no ensino ou na pesquisa, devem ler o documento completo das novas diretrizes que
estão publicadas tanto na revista Resuscitation,
n o v e m b r o d e 2 0 0 5 , c o m o n a C i r c u l a t i o n , d e dezembro de 2005.
As modificações recomendadas em 2005
visam simplificar as diretrizes da RCP, eliminando a s d i f e r e n ç a s n o s p r o c e d i m e n t o s t é c n i c o s e
também nas diferentes faixas etárias da vítima,
aumentar o número de compressões torácicas e a q u a l i d a d e d e s s a s c o m p r e s s õ e s i n i n t e r r u p t a s .
A t u a l m e n t e o r e c o m e n d a d o n a r e l a ç ã o
c o m p r e s s ã o - v e n t i l a ç ã o é d e 3 0 : 2 p r e s t a n d o atendimento a vítimas de todas as idades (exceto
e m r e c é m - n a s c i d o s ) , s e j a c o m u m o u d o i s
socorristas, até que uma via artificial (por exemplo, tubo endotraqueal) seja instalado. Recomenda-se
também que em lactentes e crianças, realizada por
dois socorristas, deve utilizar relação compressão-ventilação de 15:2(3-5,7).
A s c o m p r e s s õ e s t o r á c i c a s e f i c a z e s
restabelecem o fluxo sangüíneo durante a RCP e
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as diretrizes enfatizam os seguintes aspectos: para
a aplicação de compressões torácicas eficazes,
todos os socorristas devem fazer “compressão forte, rápida, sem parar”; comprimir o tórax em
freqüência de aproximadamente 100 compressões
por minuto, para todas as vítimas (exceto recém-nascidos); permitir que o tórax recue totalmente
(retorne à posição normal) após cada compressão,
e utilizar aproximadamente o mesmo tempo para compressão e relaxamento; tentar minimizar as
interrupções das compressões torácicas, pois cada
v e z q u e a s c o m p r e s s õ e s t o r á c i c a s s ã o interrompidas, o fluxo sangüíneo cessa(3).
Um questionamento freqüente é: primeiro a
compressão ou a desfibrilação no atendimento da parada cardíaca por fibrilação ventricular (FV)?
Quando algum socorrista testemunha parada cardíaca
em adulto e um DEA está disponível no local, o socorrista deve usá-lo o quanto antes; essa
recomendação aplica-se a socorristas leigos e
também a provedores e profissionais de saúde que estejam trabalhando em hospitais ou em outros locais
que tenham o equipamento disponível. Quando mais
de um socorrista estiver disponível, um deverá aplicar as manobras de RCP até a chegada do DEA. O ideal
é um deles continuar as manobras até que o outro socorrista acione o desfibrilador automático(3). Quando
a equipe de resgate chega ao local de uma parada
cardíaca não testemunhada fora do hospital, é razoável que os socorristas apliquem cinco ciclos de
RCP (cerca de dois minutos), antes de verificarem o
ritmo presente e tentarem a desfibrilação. Entretanto, caso o intervalo entre o chamado do serviço de
emergência e a resposta for maior que quatro ou
cinco minutos, o médico responsável deverá considerar a possibilidade de introduzir um protocolo
que permita ao socorrista aplicar cinco ciclos ou dois
minutos de RCP, antes de tentar a desfibrilação(3-5,7).
A s m o d i f i c a ç õ e s v i s a m s i m p l i f i c a r e
enfatizar as manobras do suporte básico de vida
como estratégias fundamentais para melhorar a sobrevivência após uma parada cardíaca. Todos
os socorristas devem realizar uma RCP de alta
q u a l i d a d e : e s s e s s o c o r r i s t a s d e v e m a p l i c a r compressões torácicas de profundidade e número
adequados, permitir o recuo torácico após cada
c o m p r e s s ã o e m i n i m i z a r a s i n t e r r u p ç õ e s d a s compressões torácicas.
A m e n s a g e m m a i s i m p o r t a n t e d a s
diretrizes 2005 é que uma RCP de alta qualidade (ou seja, realizada adequadamente) salvará vidas,
e todas as vítimas de parada cardíaca devem
receber a RCP de alta qualidade(3).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante do exposto, observa-se que, cabe
à equipe de enfermagem a responsabilidade pelos cuidados intensivos ao paciente em PCR, durante
a R C P e a p ó s e s s a i n t e r v e n ç ã o , p o r m e i o d a
a v a l i a ç ã o p e r m a n e n t e , d a v i g i l â n c i a , e d a r e a l i z a ç ã o d e p r o c e d i m e n t o s e t é c n i c a s q u e
complementam a terapêutica médica, embasado em diretrizes para a assistência de enfermagem,
g a r a n t i n d o a c o n t i n u i d a d e d e u m t r a b a l h o
integrado, atuando também na orientação e no acolhimento dos familiares(8).
Como parte da organização desse ambiente
de atendimento a vítima em PCR, os enfermeiros devem adotar estilos de liderança participativa,
compartilhar e ou delegar funções, sendo as principais
habilidades, para o gerenciamento da assistência de enfermagem, a comunicação, o relacionamento
interpessoal, a liderança, a tomada de decisão e a
competência técnica(9).
REFERÊNCIAS
1. Lane JC. Novas diretrizes de reanimação cardiorrespiratória cerebral da Sociedade Americana de Cardiologia (2005-2006). Arq Brás Cardiol 2007; 89(2): e17-e18.
2. Capovilla B.C. Ressuscitação cárdio-respiratória: uma análise do processo ensino/aprendizagem nas universidades públicas estaduais paulistas. [dissertação]. Campinas (SP): Faculdade de Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP; 2002.
3. Currents in emergency cardiovascular care. Highlights of the 2005 american Heart Association Guilelines for
Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Current in Emergency Cardiovascular Care 2005-2006; 16: 1-26.
4. American Heart Association. Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. International Consensus on Science. Circulation 2005 January; 112: IV-1-IV-211.
5. International Liaison Committee on Resuscitation.2005. International Consensus on Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care Science with Treatment Recommendations. Resuscitation 2005;67:157,341. 6. Bellan M.C. Capacitação do enfermeiro para o atendimento
Online
Rev Latino-am Enfermagem 2008 novembro-dezembro; 16(6)www.eerp.usp.br/rlae
da parada cardiorrespiratória. [Dissertação]. Campinas (SP): Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas/UNICAMP; 2006.
7. Nolan J. European Resuscitation Council Guidelines for Resuscitation 2005 Section 1. Introduction. Resuscitation 2005; 67: S1, S3, S6.
8. Tacsi YRC, Vendruscolo DMS. A assistência de enfermagem no serviço de emergência pediátrica. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2004 Jun; 12(3):477-84.
9. Wehbe G, Galvão C. O enfermeiro de unidade de emergência de hospital privado: algumas considerações. Rev Latino-am Enfermagem 2001 março; 9(2):86-90.
Recebido em: 16.8.2007 Aprovado em: 9.5.2008