ALGUMAS CONSI DERAÇÕES SOBRE A UTI LI ZAÇÃO DE MODALI DADES
TERAPÊUTI CAS NÃO TRADI CI ONAI S PELO ENFERMEI RO
NA ASSI STÊNCI A DE ENFERMAGEM PSI QUI ÁTRI CA
Rubia Laine de Paula Andr ade1 Luiz Jor ge Pedr ão2
Andrade RLP, Pedrão LJ. Algum as considerações sobre a utilização de m odalidades terapêuticas não tradicionais pelo enfer m eir o na assist ência de enfer m agem psiquiát r ica. Rev Lat in am Enfer m agem 2 0 0 5 set em br o-out ubro; 13( 5) : 737- 42.
Nest e t r abalh o, u m a r ev isão da lit er at u r a f oi r ealizada com o obj et iv o de iden t if icar t r abalh os qu e descr ev essem m odalidades t er apêu t icas n ão t r adicion ais qu e o en fer m eir o psiqu iát r ico t em capacidade par a u t ilizar em su a pr át ica diár ia. As m odalidades descr it as f or am Mú sica, At iv idade Mot or a, Acom pan h am en t o Terapêut ico e I oga. A Música pode reconst ruir ident idades, int egrar pessoas, reduzir a ansiedade e proporcionar a const rução de aut o- est im a posit iva. A At ividade Mot ora aum ent a a aut o- est im a, reduz a ociosidade e aum ent a a par t icipação do pacient e psiquiát r ico em out r as at iv idades. No Acom panham ent o Ter apêut ico, o enfer m eir o acom panha o pacient e na r ealidade de sua r ot ina diár ia, buscando sua r eint egr ação às diver sas sit uações que necessit a enfrent ar. A I oga perm it e m elhora da m em ória, reduz a t ensão em ocional, a depressão, a ansiedade e a irrit abilidade, prom ove relaxam ent o e m aior sent im ent o de aut odom ínio. Toda at ividade deve est ar int egrada a um plano t er apêut ico global par a cada usuár io e fazer par t e da pr ogr am ação diár ia do ser v iço.
DESCRI TORES: enfer m agem psiquiát r ica; at iv idade m ot or a; ioga; m úsica
SOME CONSI DERATI ONS ABOUT NURSES’ USE OF NON TRADI TI ONAL
THERAPI ES I N PSYCHI ATRI C NURSI NG CARE
I n t his work, a revision of t he lit erat ure was carried out t o ident ify art icles t hat described non t radit ional t her apeut ic m odalit ies psy chiat r ic nur ses can use in t heir daily pr act ice. The descr ibed m odalit ies w er e Music, Mot or Act ivit y, Ther apeut ic Accom panim ent and Yoga. Music is able t o r econst r uct ident it ies, int egr at e people, r ed u ce an x iet y an d p r ov id e t h e con st r u ct ion of p osit iv e self - est eem . Mot or Act iv it y in cr eases self - est eem , r educes inact iv it y and incr eases t he par t icipat ion of t he psy chiat r ic pat ient in ot her act iv it ies. I n Ther apeut ic Accom panim ent , nurses follow pat ient s in daily rout ine wit h a view t o t heir reint egrat ion in t he different sit uat ions t h ey h av e t o f ace. Yoga allow s f or im pr ov ed m em or y , r edu ces em ot ion al t en sion , depr ession , an x iet y an d irrit abilit y, and prom ot es relaxat ion and a great er feeling of self- cont rol. All act ivit ies should be int egrat ed in a global t her apeut ic plan for each user and be par t of daily ser v ice pr ogr am m ing.
DESCRI PTORS: psy chiat r ic nur sing; m ot or act iv it y ; y oga; m usic
ALGUNAS CONSI DERACI ONES SOBRE LA UTI LI ZACI ÓN DE MODALI DADES
TERAPEÚTI CAS NO TRADI CI ONALES POR EL ENFERMERO
EN LA ATENCI ÓN DE ENFERMERÍ A PSI QUI ÁTRI CA
En est e t r abaj o, una r ev isión de la lit er at ur a fue r ealizada con la finalidad de ident ificar ar t ículos y t ex t os que descr ibier on m odalidades t er apéut icas no t r adicionales que el enfer m er o psiquiát r ico pode ut ilizar en su práct ica diaria. Las m odalidades descrit as fueron Música, Act ividad Mot ora, Acom pañam ient o Terapéut ico y Yoga. La Mú sica pu ede r econ st r u ir iden t idades, in t egr ar per son as, r edu cir la an siedad y pr opor cion ar la con st r u cción d e au t o- est im a p osit iv a. La Act iv id ad Mot or a au m en t a la au t o- est im a, r ed u ce la ociosid ad y aum ent a la par t icipación del pacient e psiquiát r ico en ot r as act iv idades. En el Acom pañam ient o Ter apéut ico, el enfer m er o acom paña el pacient e en la r ealidad de su r ut ina diar ia, buscando su r eint egr ación a las div er sas sit uaciones que necesit a afront ar. La Yoga perm it e m ej orar la m em oria, reduce la t ensión em ocional, la depresión, la ansiedad y la ir r it abilidad, pr om uev e r elaj ación y un m ay or sent im ient o de aut o- dom inio. Toda la act iv idad debe ser int egrada a un plan t erapéut ico global para cada usuario y hacer part e de la program ación diaria del ser v icio.
DESCRI PTORES: enfer m er ía psiquiát r ica; act iv idad m ot or a; y oga; m úsica
1 Enferm eira do Hospit al das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Pret o da Universidade de São Paulo, Especialist a em Enferm agem Psiquiát rica
e Saúde Mental, e- m ail: rubia_rp@yahoo.com .br; 2 Professor Doutor da Escola de Enferm agem de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo, Centro
I NTRODUÇÃO
D
u r a n t e m u i t o s a n o s, a p si q u i a t r i a desem penhou o papel de controle dos suj eitos sociais d e sv i a n t e s. Os p a ci e n t e s p si q u i á t r i co s e r a m m ar ginalizados e, j unt o com deficient es m ent ais e m i se r á v e i s, e r a m e x cl u íd o s d a so ci e d a d e e d esp r o v i d o s d e su a au t o n o m i a e i n d ep en d ên ci a. Gr andes e cr uéis m anicôm ios for am const r uídos na periferia das cidades para abrigá- los e para m ant ê-los distante do m eio que, segundo a crença da época, os deixavam insanos.A p siq u iat r ia n ão con sid er av a o p acien t e com o suj eito ativo do seu tratam ento, não envolvia a sua fam ília e não valorizava a sua história, sua cultura, sua vida cotidiana e sua qualidade de vida. O principal foco de at enção era a doença.
A assist ên cia de en f er m agem ao pacien t e port ador de t ranst orno m ent al era caract erizada pela repressão, punição e vigilância. O doente m ental não r eceb ia t r at am en t o d ig n o, sen d o t r at ad o, m u it as v ezes, com v iolência. Sem est ím ulo, t odas as suas p ot en cialid ad es er am r ed u zid as at é se t or n ar em incapazes de ret ornar a viver em sociedade.
No Br a si l , n o s a n o s 7 0 , i n i ci o u - se u m pr ocesso de cr ít ica ao m odelo hospit alocênt r ico de assist ência ao doent e psiquiát r ico e a definição de est r at égias e r um os na im plem ent ação da Refor m a Psiquiátrica, a qual efetivam ente teve sua im plantação e expansão a part ir dos anos 80( 1).
A reform a psiquiátrica nasceu com o obj etivo d e su p er a r o est i g m a , a i n st i t u ci o n a l i za çã o e a cr o n i f i ca çã o d o s d o e n t e s m e n t a i s. Pa r a i sso , é n e ce ssá r i a a h u m a n i za çã o d o a t e n d i m e n t o a o p si có t i co , a t er r i t o r i al i zação d o s d i sp o si t i v o s d e at enção e a const rução de alt ernat ivas diversificadas d e a t e n çã o . As p r á t i ca s a ssi st e n ci a i s d e v e m p o t e n ci a l i za r a su b j e t i v i d a d e , a a u t o - e st i m a , a aut onom ia e a cidadania e devem superar a relação de t ut ela e a inst it ucionalização/ cronificação( 1).
Ca b e a o s se r v i ço s d e sa ú d e m e n t a l p r o p o r ci o n a r a t i v i d a d e s d e l a ze r a o s u su á r i o s, fam iliares e out ras pessoas, para que com part ilhem de novos espaços sociais, onde possam fluir relações afet ivas e para que a sociedade aprenda a conviver com a diferença( 2).
O papel do enfer m eir o hoj e é o de agent e terapêutico e a base dessa terapia é o relacionam ento co m o p a ci e n t e e a co m p r e e n sã o d o se u co m p o r t a m e n t o . O o b j e t i v o d a e n f e r m a g e m
p si q u i á t r i ca n ã o é o d i a g n ó st i co cl ín i co o u a int ervenção m edicam ent osa, m as sim o com prom isso com a qualidade de vida cot idiana do indivíduo em sofr im ent o psíquico( 3). Nesse sent ido, o enfer m eir o
dev e ser pr epar ado par a at uar em nov os m odelos de at enção, assum indo novas t arefas e adequando-se às m udanças advindas da at ual polít ica de saúde m ent al vigent e no país( 4).
O cuidado oferecido deve respeit ar e acolher a diferença do psicótico, ele deve ser percebido com o um suj eit o hum ano e não com o um sint om a a ser debelado; além disso, o ex er cício da ou sadia, da criatividade e da alegria deve estar sem pre associado à at ividade t erapêut ica( 5).
O enferm eiro est á cada vez m ais at uant e e con scien t e d e seu n ov o p ap el e t em con d ição d e e x p l o r a r d i v e r sa s m o d a l i d a d e s t e r a p ê u t i ca s n o desem penho de sua at ividade profissional, colocando em prát ica alt ernat ivas de at enção ao doent e, para q u e m an t en h am o ex er cício d e su a au t on om ia e ci d a d a n i a , o u m e sm o p a r a r e a b i l i t á - l o s. Est a s alt er nat ivas fazem com que o t r at am ent o ofer ecido ao paciente sej a m enos sacrificante e m ais prazeroso, podendo at é m esm o reduzir o t em po de int ernação hospit alar, caso se faça necessário.
Um plan ej am en t o sobr e a at iv idade a ser realizada deve ser m uit o bem est rut urado, pensando sem pre no am bient e e nos recursos, t ant o m at eriais q u a n t o h u m a n o s, a se r e m u t i l i za d o s. Qu a l q u e r at iv idade pr opost a dev e ser per t inent e à r ealidade do local escolh ido, e pode ser adapt ada par a ser realizada t ant o em unidades de assist ência à saúde m ent al fechadas ( Hospit ais, de form a geral) , quant o em ab er t as ( Hosp it ais Dia, Nú cleos e Cen t r os d e At e n çã o Psi co sso ci a l e Am b u l a t ó r i o s d e Sa ú d e Ment al) .
As at ividades devem agradar aos pacient es e n ã o a p e n a s a o e n f e r m e i r o . Esse d e v e a d o t a r p o si çã o m a i s d e m o cr á t i ca , d e i x a n d o o p a ci e n t e escolher as atividades que desej a e necessita realizar e sem pre repensar a sua prát ica e as suas at it udes, avaliando const ant em ent e o que est á sendo feit o e pr opost o, pois não adiant a ut ilizar um a alt er nat iv a de atuação se esaa não fizer sentido aos usuários ou se a sua ação ainda reproduzir as práticas tradicionais e crist alizadoras de assist ência.
ao port ador de t ranst orno m ent al.
Nest e est u do, u m a bu sca n a lit er at u r a foi realizada com o obj et ivo de ident ificar t rabalhos que d e scr e v e sse m m o d a l i d a d e s t e r a p ê u t i ca s n ã o t r a d i ci o n a i s q u e o en f er m ei r o , p r i n ci p a l m en t e o enferm eiro psiquiát rico, t em possibilidade de ut ilizar em sua prát ica diária, adiant ando que as publicações e m t e r m o s d e m o d a l i d a d e s t e r a p ê u t i ca s n ã o t radicionais ut ilizadas na assist ência ao port ador de transtornos m entais ou na assistência à saúde m ental d e u m m o d o g e r a l , a i n d a e st ã o a q u é m d a su a im port ância nesse t ipo de assist ência.
MÉTODO
A pesquisa bibliográfica abordando a tem ática t ev e início at r av és de um a busca de liv r os, ar t igos p u b l i ca d o s em p er i ó d i co s, d i sser t a çõ es e t eses, localizados nas bases de dados MEDLI NE e LI LACS, ut ilizando com o palav r as- chav e e com binações, as palavras: “ enferm agem ou psiquiat ria ou enferm eiro ou psiquiát rico ou assist ência ou m úsica ou ioga ou acom panham ent o t erapêut ico ou at ividade física”, e rest rit os às línguas Port uguesa, Espanhola e I nglesa. A p e sq u i sa n ã o f o i l i m i t a d a a n e n h u m p e r ío d o e sp e cíf i co . Os t e x t o s f o r a m cl a ssi f i ca d o s pr im eir am ent e pela leit ur a dos r esum os e por um a leit ur a r ápida dos ar t igos encont r ados, pr ocur ando v er i f i car se r eal m en t e os t r ab al h os t r at av am d o obj et o a ser ex plor ado. A par t ir daí, os t r abalh os f o r a m cl a ssi f i ca d o s e a g r e g a d o s e m q u a t r o m o d a l i d a d e s: m ú si ca , a t i v i d a d e m o t o r a , acom panham ent o t erapêut ico e ioga, escolhidas por serem as que m ais apareceram na literatura, as quais foram exploradas e descrit as a seguir.
DESCREVENDO MODALI DADES TERAPÊUTI CAS
COMPLEMENTARES NA ASSI STÊNCI A DE
ENFERMAGEM PSI QUI ÁTRI CA
Música
A u t i l i za çã o d a m ú si ca , co m o u m co m p l e m e n t o à a ssi st ê n ci a d e e n f e r m a g e m psiquiát rica, facilit a a relação com o client e, servindo prim eiram ente para iniciar a interação com o m esm o. Ela t am bém t raz sensação de bem - est ar, lem branças d e a co n t e ci m e n t o s d o p a ssa d o e d o co t i d i a n o ,
lem b r an ças associad as ao sof r im en t o p síq u ico, à cult ura religiosa e às pessoas a quem o client e t eve ou tem afeição( 6). A m úsica, além de atuar no paciente
com o u m at o ef icien t e e p r ot et or, p od e at u ar n o p r o f i ssi o n a l , p o i s f o r n e ce se n sa çã o d e p a z, d e aceit ação e de reequilíbrio espirit ual( 7).
Ao se u t i l i zar a m ú si ca co m o l i n g u ag em t e r a p ê u t i ca , e st á - se t r a ze n d o p a r a o ce r n e d o tratam ento um parâm etro da realidade social. Em um est udo realizado, ut ilizando a m úsica no t rat am ent o de um a criança com aut ism o, foi verificado que ela se const it ui em inst rum ent o que o profissional pode utilizar para se aproxim ar da criança, além de facilitar a int egr ação dessa com as out r as pessoas de seu convívio social( 8).
A m ú sica possu i fat or es cu lt u r ais qu e são capazes de religar o indivíduo adoecido aos valores cu l t u r ai s d e seu m ei o e, p o r t an t o , a si m esm o , r econ st r u in d o a su a h ist ór ia. Em f u n ção d isso, a m ú si ca p o d e se r u t i l i za d a co m o i m p o r t a n t e instrum ento no tratam ento de idosos com transtornos m ent ais, especialm ent e, a dem ência( 9).
Vi st o i sso , p e r ce b e m o s q u e a m ú si ca represent a especial alt ernat iva para o t rat am ent o de d o e n t e s m e n t a i s d e v i d o à su a ca p a ci d a d e d e reconst ruir ident idades, int egrar pessoas, at ravés de seu poder de inserção social e reduzir a ansiedade, p r o p o r ci o n a n d o a co n st r u çã o d e a u t o - e st i m a e i d e n t i d a d e s p o si t i v a s, a l é m d e f u n ci o n a r co m o im port ant e m eio de com unicação.
lit erat ura realizada sobre a ut ilização da m úsica em client es psiquiát ricos, observa- se que ela t em grande p o d e r d e a t u a çã o n a s su a s e m o çõ e s e com port am ent os. Por isso, o sim ples fat o de colocar um a m úsica para ouvir no am biente de trabalho deve ser av aliado, pois dev er á ser agr adáv el não só ao ouvido do profissional, m as t am bém do pacient e.
At iv idade m ot or a
A atividade m otora contribui de m aneira m uito significat iva para a qualidade de vida das pessoas e, dentre as contribuições m ais im portantes para a saúde m ent al, dest acam - se benefícios psicológicos em curt o prazo, com o dim inuição da ansiedade e do est resse, e em longo prazo há alterações positivas na depressão m oderada, no est ado de hum or e na aut o- est im a( 10).
As pessoas que pr at icam at iv idade m ot or a regularm ente têm m aior autoconfiança e autocontrole e, inclusive, são m ais adapt adas às norm as ét icas e m or ais da sociedade, com par adas às pessoas qu e não prat icam at ividade m ot ora( 11).
Em um est udo ut ilizando a at ividade m ot ora em pacien t es psiqu iát r icos em u m Hospit al Ger al, o b se r v a - se q u e e ssa p r o p o r ci o n a r e d u çã o d a ociosidade, m aior in t egr ação en t r e os pacien t es e pr ofissionais, r elax am ent o, m elhor a da aut o- est im a e da participação dos pacientes em outras atividades. Além disso, funciona com o um m eio de com unicação não- verbal. Dent re os aspect os negat ivos observados nest a pesquisa, dest aca- se a pouca int egração ent re a at ividade física e os dem ais recursos ut ilizados na unidade( 12).
A f r e q ü ê n ci a e / o u d u r a çã o d o e x e r cíci o r e a l i za d o p o d e m co n t r i b u i r p a r a a r e d u çã o d a ansiedade, v ist o que um est udo dem onst r ou que a realização de exercício físico aeróbio agudo ( um a única sessão d e ex er cíci o aer ó b i o co m 2 0 m i n u t o s d e duração, com int ensidade que elevasse a freqüência car d íaca a 5 5 e 5 9 % d a f r eq ü ên ci a car d íaca d e reserva) não causou efeit o ansiolít ico( 13).
Toda at ividade m ot ora propost a ao pacient e deve obedecer às caract eríst icas de cada indivíduo e r e sp e i t a r o s l i m i t e s d e ca d a u m , se n d o q u e é n e ce ssá r i a a v a l i a çã o m é d i ca e f ísi ca a n t e s d a indicação da m esm a, no int uit o de ident ificar cont ra-indicações para t al.
A at ividade m ot ora, com o se pode observar, p o d e t r a ze r v á r i o s b e n e f íci o s p a r a o p a ci e n t e p siq u iát r ico, p ois além d e p r om ov er m elh or a n a
qualidade de vida, aum ent a a aut o- est im a, reduz a ociosidade e aum ent a a part icipação do pacient e em o u t r a s a t i v i d a d e s. O e n f e r m e i r o q u e p e n sa e m pr om ov er algo qu e t r abalh e o in div ídu o de f or m a holíst ica, sem separ ar cor po e m ent e e que t r aga t an t o b en ef ícios f ísicos qu an t o psicológicos, pode ut ilizar exercícios físicos com o form a de assist ência.
Acom panham ent o t er apêut ico
Aco m p a n h a m e n t o t e r a p ê u t i co é u m a atividade realizada, na qual um a pessoa participa das at iv id ad es d iár ias d e u m clien t e, d escob r in d o as d i f i cu l d a d e s q u e e sse e n f r e n t a e a j u d a n d o - o a encont r ar soluções. Esse t ipo de acom panham ent o p ed e u m a p r og r am ação, q u e v ar ia d esd e sessão diária de acom panham ent o at é um a sessão sem anal ou m ais prolongada, de acordo com a necessidade.
D e n t r e a s f u n çõ e s d o a co m p a n h a n t e t erapêut ico, j unt o aos pacient es psiquiát ricos graves, dest acam - se as f u n ções de ser con t in en t e, ser v ir com o m odelo de ident ificação, resgat ar a capacidade cr i a t i v a d o s p a ci e n t e s, a t u a r u m a g e n t e r essocializador, r epr esen t ar a equ ipe, aj u dan do o pacien t e a com pr een der as in t er v en ções, ev it ar a ex au st ão f am iliar ger ada pelo con v ív io com esses pacientes, aj udar na m anutenção de sua saúde física, inform á- los sobre as norm as sociais e acontecim entos da at ualidade. Tam bém é função do acom panhant e t er apêut ico aux iliar o pacient e na apr ox im ação de su as n ecessid ad es e n a r ealização d e at iv id ad es p o ssív e i s, r e sp e i t a n d o a co n d i çã o d e ca d a u m , conseguindo result ados favoráveis( 14- 15).
A realização do acom panham ento terapêutico j u n t o a pacien t es psiqu iát r icos per m it e iden t if icar d i f i cu l d ad es co m u n s en t r e el es: i n t er r u p ção d as atividades cotidianas, dificuldade para conciliar o sono e problem as com a m edicação, sej a por resist ência aos seus efeit os colat erais, sej a pela franca rej eição n o u so d a m ed i ca çã o . Um a d a s d i f i cu l d a d es d o acom panham ent o t erapêut ico é o est ranham ent o e a d escon f i an ça d aq u el es q u e n ão con h ecem o seu funcionam ent o, incluindo fam iliares e psiquiat ras( 15).
m odelo e estím ulo para o paciente. O m ais im portante d e t u d o isso, é q u e o en f er m eir o r econ h ecer á a realidade do m esm o e poderá t rabalhar j unt o a ele, seu lar, sua com unidade e seu trabalho, espaços que durant e m uit o t em po ficavam fora da assist ência ao doent e m ent al. Reinseri- lo nesses espaços é um dos m aior es d esaf ios d os p r of ission ais q u e t r ab alh am nest a ár ea.
I og a
I o g a co n si st e e m u m m é t o d o d e a u t o -regulação conscient e que conduz à int egração física, m en t a l e esp i r i t u a l d a p er so n a l i d a d e h u m a n a e possibilit a relação harm ônica do hom em com o m eio q u e o r o d ei a. A ex ecu ção d e ex er cíci o s d e i o g a proporciona m udanças e benefícios no funcionam ent o de t odo o organism o e perm it e m elhora das funções psíquicas, tanto cognitivas com o afetivas, m elhorando a m e m ó r i a , r e d u zi n d o a t e n sã o e m o ci o n a l , a depr essão, a an siedade e a ir r it abilidade( 1 6 ). Essa prát ica t am bém t raz benefícios para o t rat am ent o de d oen ças d e or d em p síq u ica, t ais com o n eu r oses, est ados psicót icos e pr é- psicót icos, e m elh or a de si n t o m as r el aci o n ad o s ao est r esse, p r o m o v en d o relaxam ento e m aior sentim ento de autodom ínio. Além d i sso , o s e x e r cíci o s d e i o g a p o d e m m e l h o r a r a coordenação psicom ot ora e os processos de at enção e concent r ação, que ger alm ent e est ão afet ados em um pacient e psiquiát rico( 17).
A prát ica de ioga por pacient es psiquiát ricos e m u m Nú cl e o d e At e n çã o Psi co sso ci a l ( NAPS) p r op or cion ou m aior in t eg r ação d o g r u p o e m aior p ar t i ci p ação d os p acien t es em ou t r as at iv id ad es p r o m o v i d a s p e l o se r v i ço . Em r e l a çã o a o com portam ento dos clientes, auxiliou no autocontrole, r e d u zi u a a n si e d a d e , p r o m o v e u r e l a x a m e n t o e m elh or ou a au t o- est im a. Além disso, f av or eceu a percepção sobre a consciência corporal e seus lim ites n o s a sp e ct o s f ísi co e e m o ci o n a l e e st i m u l o u a independência dos client es, prom ovendo m elhora da vest im ent a, da post ura corporal e na m aneira com o verbalizam os sent im ent os( 18).
Por ser t am bém at ividade física, observa- se que a ioga traz benefícios tanto físicos com o psíquicos. Par a a r ealização dessas at iv idades, o en f er m eir o deve reconhecer os lim ites de cada paciente e aplicar exercícios de acordo com a sua capacidade individual. Por ser um a at ividade m ais leve e de baixo im pact o, a ioga se t ornou um a at ividade bem t olerada pelos usuár ios.
CONSI DERAÇÕES FI NAI S
Ne st e a r t i g o , a p r e se n t a - se q u a t r o m odalidades t er apêut icas não conv encionais que o e n f e r m e i r o p o d e u t i l i za r n a a ssi st ê n ci a d e enfer m agem psiquiát r ica, m esm o sabendo que ele t em à su a disposição gr an de v ar iedade de ou t r as at iv idades para poder at uar, o que im plica em ele usar a sua criat ividade. O enferm eiro, se apresent ar co n d i çõ es p a r a t a l ( e i sso i m p l i ca , em a l g u m a s sit uações, t er form ação ou t reinam ent o específicos) , pode int egrar m ais de um a m odalidade t erapêut ica, por exem plo, m úsica e atividade m otora ou atividade m ot or a e acom pan h am en t o t er apêu t ico, at iv idade m otora e m úsica, entre outras, no cuidado ao portador de t ranst orno m ent al.
As m o d a l i d a d e s t e r a p ê u t i ca s d e scr i t a s t razem m uit os benefícios ao pacient e, com o redução da ansiedade e da ir r it abilidade, aum ent o da aut o-est im a e da m em ór ia, r ein t egr ação social, den t r e out ras. I m port ant e salient ar que qualquer at ividade proposta deve estar integrada a um plano terapêutico global indicado para cada usuário e deve fazer part e d a p r o g r am ação d i ár i a d o s d i v er so s ser v i ço s d e assistência psiquiátrica, desde Unidades de I nternação por período integral, até Am bulatórios de Saúde Mental e ou t r os, com o Cen t r os de At en ção Psicossocial e Ho sp i t a i s D i a Psi q u i á t r i co s. Os u su á r i o s d e sse s se r v i ço s d e v e m se r e st i m u l a d o s a p a r t i ci p a r e respeit ados quant o ao seu desej o e vont ade, pois se e n t e n d e q u e sã o a t i v i d a d e s co m p l e m e n t a r e s, desenvolvidas pelos enferm eiros e tam bém por outros pr ofissionais int egr ant es da equipe m ult idisciplinar psiquiát rica, pois, com o referido ant eriorm ent e, são a t i v i d a d es q u e em a l g u m a si t u a çã o p o d e ex i g i r for m ação ou t r einam ent o específicos, m as, de um m odo ger al, n ão n ecessit am de u m a for m ação de lon g a d at a, com o u m cu r so d e g r ad u ação. Essas m odalidades podem ser ut ilizadas de m aneir a m ais l i v r e , p r e e n ch e n d o o s e sp a ço s d e i x a d o s p e l a s m odalidades t erapêut icas t radicionais que, por suas car act er íst icas, nem sem pr e ocor r em t odos os dias da sem ana e possuem horários pré- det erm inados.
pr ofissionais que possuem o dom ínio das r efer idas at ividades, at é para discussão de exercícios a serem desenvolvidos com os pacientes. I m portante destacar, que a av aliação da condição física dos pacient es é
part icularm ent e im port ant e devido aos esforços que alg u n s ex er cícios p od em ex ig ir em q u alq u er u m a dessas at iv idades, pr incipalm ent e quando elas são propost as de form a associada.
REFERÊNCI AS BI BLI OGRÁFI CAS
1. Sist em a Único de Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Relat ório Final da I I I Conferência Nacional de Saúde Ment al: Brasília 11 a 15 de dezem bro de 2001. Brasília ( DF) : Conselho Nacional de Saúde/ Minist ério da Saúde; 2002.
2. Leit e KFS, Saj ior o ALC, Mont eir o JCS, Scat ena MCM. A enfer m agem psiquiát r ica fr ent e à r eabilit ação psicossocial. I n : 2 º Fór u m Min eir o d e En f er m ag em - Pesq u isar Par a Ca m i n h a r. An a i s; 2 0 0 0 . Ub e r l â n d i a ; Mi n a s Ge r a i s. Uber lândia: UFU; 2000. p. 270- 5.
3. Miranda CML. Enferm agem : essa prát ica ( des) conhecida. Saúde em foco: infor m e epidem iológico em saúde colet iv a 1999 nov em br o; ( 16) : 5- 6.
4. Souza MCBM. Ações de enferm agem no cenário do cot idiano de um a inst it uição psiquiát rica. Rev Lat ino- am Enferm agem 2 0 0 3 set em br o- ou t u br o; 1 1 ( 5 ) : 6 7 8 - 8 4 .
5. Teixeira OLT. Do asilo ao hospit al- dia: considerações sobre a at enção psiquiát rica e saúde m ent al. Saúde em foco: inform e epidem iológico em saúde colet iva 1999 novem br o; ( 16) : 3-4 .
6. Mat eus LAS. A m úsica facilit ando a r elação enfer m eir o-client e em sofrim ent o psíquico. [ dissert ação] . Ribeirão Pret o ( SP) : Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o/ USP; 1998. 7. Decourt LV. A m úsica em m edicina: um a dupla part icipação. Rev Paul Med 1988; 106( 2) : 59- 61.
8 . Sy d en st r ick er T. Mu sicot er ap ia: u m a alt er n at iva p ar a psicót icos. J Br as Psiquiat r 1 9 9 1 ; 4 0 ( 1 0 ) : 5 0 9 - 1 3 . 9. Aleixo M. Musicot erapia nos t ranst ornos m ent ais na velhice. J Br as Neur opsiq Ger iát r ica 2001; 2( 1) : 15- 8.
1 0 . Secr et a r i a d e Po l ít i ca s d e Sa ú d e/ MS ( BR) . Pr o j et o pr om oção da saú de. Pr ogr am a n acion al de pr om oção da a t i v i d a d e f ísi ca “ a g i t a b r a si l ” : a t i v i d a d e f ísi ca e su a cont r ibuição par a a qualidade de v ida. Rev Saúde Pública 2 0 0 2 ; 3 6 ( 2 ) : 2 5 4 - 6 .
11. Tam ayo A, Cam pos APM, Mat os DR, Mendes GR, Sant os JB, Carvalho NT. A influência da at ividade física regular sobre o aut oconceit o. Est ud Psicol 2001 j ulho/ dezem bro; 6( 2) : 157-6 5 .
12. Sant os SA. At ividade física com o recurso t erapêut ico à p a ci e n t e s i n t e r n a d o s e m u m a u n i d a d e d e Psi q u i a t r i a . [ dissert ação] . Ribeirão Pret o ( SP) : Escola de Enferm agem de Ribeir ão Pr et o/ USP; 2 0 0 1 .
13. Braga ABCF. O efeit o do exercício físico aeróbio sobre a ansiedade hum ana. [ dissert ação] . Ribeirão Pret o ( SP) : Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o/ USP; 2002.
14. Cat aldo A Net o, Zanella AP, Lavinsky F. O acom panhant e t erapêut ico ( AT) no t rat am ent o de pacient es psiquiát r icos graves. Rev Med PUCRS 1998 out ubro/ dezem bro; 8( 4) : 166-7 1 .
15. Pit iá ACA. Acom panham ent o t erapêut ico sob o enfoque da psicot erapia corporal: um a clínica em const rução. [ t ese] . Ribeirão Pret o ( SP) : Escola de Enferm agem de Ribeirão Pret o/ USP; 2 0 0 2 .
1 6 . Gon zález VL, Wat er lan d ADP. Ef ect os del Hat h a-Yoga sobre la salud: part e I . Rev Cubana Med Ger I nt egr 1998; 1 4 ( 4 ) : 3 9 3 - 7 .
1 7 . Gon zález VL, Wat er lan d ADP. Ef ect os del Hat h a-Yoga sobre la salud. Part e I I . Rev. Cubana Med. Ger. I nt egr 1998 1 4 ( 5 ) : 4 9 9 - 5 0 3 .
1 8 . So u za ED P. O u so d o y o g a co m o p r o ce d i m e n t o t erapêut ico com plem ent ar na assist ência ao client e neurót ico. [ dissert ação] . Ribeirão Pret o ( SP) : Escola de Enferm agem de Ribeir ão Pr et o/ USP; 1 9 9 9 .