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Academic year: 2017

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(1)

Taxas Exponenciais de

Convergˆ

encia na Lei

Multidimensional dos Grandes

umeros: Uma Abordagem

Construtiva

Geraldine G´oes Bosco

Orientador: Prof. Dr. F´abio Prates Machado

Tese apresentada ao Instituto de Matem´atica e

Estat´ıstica da Universidade de S˜ao Paulo para a

obten¸c˜ao do grau de Doutor em Estat´ıstica.

´

Area de concentra¸c˜ao:

Probabilidade.

(2)

2006-Taxas Exponenciais de Convergˆ

encia na Lei

Multidimensional dos Grandes N´

umeros: Uma

Abordagem Construtiva

Este exemplar corresponde `a vers˜ao final da tese de doutorado de Geraldine G´oes Bosco, corrigida e aprovada pela comiss˜ao julgadora.

a

Comiss˜ao Julgadora:

• F´abio prates Machado IME-USP

• Luiz Renato Fontes IME-USP

• Domingos Urbano Marchetti IF-USP

• Rafael Andr´es Rosales Mitrowsky FFCLRP-USP

(3)

Agradecimentos

Agrade¸co ao F´abio pela orienta¸c˜ao e ao Thomas pela colabora¸c˜ao estreita durante todo o desenvolvimento deste trabalho.

Agrade¸co aos membros da comiss˜ao julgadora pelas corre¸c˜oes e sugest˜oes.

Esta tese teve o financiamento da Capes atrav´es do Programa de Excelˆencia Acadˆemica -PROEX e contou com o apoio cient´ıfico da FAPESP atrav´es do projeto de p´os-doutorado “Estimativas de

Grandes Desvios para Modelos de Adsor¸c˜ao Seq¨uencial Aleat´oria e

(4)

Resumo

Neste trabalho apresentamos condi¸c˜oes suficientes

para a obten¸c˜ao de taxas exponenciais de

con-vergˆencia na lei multidimensional dos grandes

n´u-meros para campos aleat´orios definidos em

R

Zd

.

Dentre poss´ıveis aplica¸c˜oes do resultado

apresen-tamos medidas n˜ao-gibbsianas e n˜ao-FKG

(limi-tes de satura¸c˜ao de processos de estacionamento)

e medidas estacion´arias origin´arias de sistemas de

(5)

Abstract

We describe sufficient conditions for the occurrence

of exponential rates of convergence in the

multi-dimensional law of large numbers for random

fi-elds in

R

Zd

. Non-gibbsian and non-FKG

measu-res from statistical mechanics (jamming limits of

RSA models) and IPS (stationary measures of loss

networks, including heavy-tail long-range

interac-tion) are indicated as examples where the result

(6)

Sum´

ario

1 Taxas Exponenciais de Convergˆencia na Lei Multidimensional dos

Grandes N´umeros 1

1.1 Defini¸c˜oes Preliminares . . . 3

1.2 Resultado Principal . . . 4

1.3 Prova do Resultado Principal . . . 6

1.3.1 Primeira Parte: Amplia¸c˜ao do Espa¸co de Probabilidade . . . . 7

1.3.2 Segunda Parte . . . 9

2 Processos de Estacionamento 19 2.1 Processo de Estacionamento com exclus˜ao de primeiros vizinhos . . . . 20

2.1.1 Descri¸c˜ao do Processo . . . 20

2.1.2 Fun¸c˜ao de constru¸c˜ao do campo aleat´orioσ . . . 21

2.1.3 Aplica¸c˜ao do Teorema Principal . . . 25

2.1.4 Exemplo de Amplia¸c˜ao do Espa¸co de Probabilidade . . . 25

2.2 Processos de Estacionamento emZdcom regras de exclus˜ao mais gerais 31 2.2.1 Descri¸c˜ao dos Processos . . . 31

2.2.2 Fun¸c˜ao de Constru¸c˜ao do Campo Aleat´orio . . . 32

2.2.3 Aplica¸c˜ao do Teorema Principal . . . 34

2.3 Processo de Ocupa¸c˜ao . . . 34

2.3.1 Aplica¸c˜ao do Teorema Principal . . . 36

3 Rede de Filas com Perdas, com Intera¸c˜oes de Longo Alcance e Cauda Pesada 39 3.1 Rede de Filas com Capacidade K=1 . . . 40

3.1.1 Existˆencia do processo . . . 40

3.1.2 Constru¸c˜ao Gr´afica . . . 42

3.1.3 Fun¸c˜ao de Constru¸c˜ao do Campo Aleat´orio . . . 46

(7)

3.2 Rede de Filas com CapacidadeK≥1 . . . 52 3.3 Apˆendice 1 . . . 53

3.4 Apˆendice 2 . . . 57

(8)

Cap´ıtulo 1

Taxas Exponenciais de

Convergˆ

encia na Lei

Multidimensional dos

Grandes N´

umeros

Neste cap´ıtulo apresentamos e demonstramos o principal resultado desta tese, que estabelece condi¸c˜oes suficientes para a existˆencia de taxas exponenciais de convergˆencia na Lei Multidimensional dos

Grandes N´umeros (LMGN), a partir de uma abordagem

gr´afico-construtiva.

O resultado pode ser aplicado a quaisquer medidas que possam ser constru´ıdas e estejam sob as hip´oteses do Teorema (1.2.1) (ver se¸c˜ao (1.2)). A defini¸c˜ao precisa de constru¸c˜ao de uma medida, ou do campo aleat´orio a ela associado, ´e exibida na se¸c˜ao (1.2). No entanto, podemos adiantar que as id´eias por tr´as desse conceito se

relacionam vagamente `as id´eias do algoritmo de simula¸c˜ao perfeita

(9)

vari´aveis aleat´orias uniformes i.i.d.’s. Mais precisamente, seu sig-nificado est´a em consonˆancia com a constru¸c˜ao da medida limite

(limite termodinˆamico) do processo de estacionamento apresentado

em [2], uma vez que nesta presente tese tamb´em constru´ımos (si-mulamos perfeitamente) uma janela finita de um objeto aleat´orio infinito, de acordo com uma lei limite previamente estabelecida, a partir de uma quantidade finita mas aleat´oria de vari´aveis aleat´orias uniformes i.i.d.’s. Outras constru¸c˜oes similares aparecem em [3].

Taxas exponenciais de convergˆencia na LMGN podem ser en-contradas, por exemplo, em [4] para campos aleat´orios indexados

por Z; em [5] para campos aleat´orios distribu´ıdos segundo

medi-das estacion´arias de sistemas de part´ıculas atrativos; e em [6] para sistemas percolativos de longo alcance. Nesta presente tese taxas exponenciais de convergˆencia na LMGN s˜ao provadas a partir da t´ecnica usada em [2] para provar o decaimento super-exponencial das correla¸c˜oes espaciais do limite de satura¸c˜ao do processo de es-tacionamento (ver Cap´ıtulo 2 desta tese). Esta t´ecnica se baseia na amplia¸c˜ao do espa¸co de probabilidade com o fim de se criarem c´opias independentes do campo aleat´orio estudado e, a partir delas, se construir um campo aleat´orio “h´ıbrido” que se pare¸ca localmente com cada uma das c´opias i.i.d.’s.

Embora o resultado possa ser aplicado a medidas FKG1,

proveni-entes de medidas estacion´arias de dinˆamicas atrativas2, sua aplica¸c˜ao

mais interessante ´e no caso de medidas n˜ao-gibbsianas e n˜ao-FKG, uma vez que, at´e onde vai nosso conhecimento, n˜ao s˜ao tratadas na literatura corrente. Como exemplos, apresentamos nos pr´oximos cap´ıtulos, dois processos que possuem medidas limites n˜ao-gibbsianas

1Uma leiµem (RZd

,BZd

R ) ´e dita FKG, quando, para quaisquer fun¸c˜oes cont´ınuas e

crescen-tes (no sentido da ordem parcial deRZd)f, g:RZdR,R

RZd(f·g)dµ≥

R

RZdf dµ·

R

RZdgdµ. Ver [7], por exemplo.

(10)

e n˜ao-FKG. No cap´ıtulo 2 apresentamos os Processos de Estaciona-mento, incluindo na se¸c˜ao (2.3) um processo no qual o espa¸co de

spins ´e cont´ınuo. No Cap´ıtulo 3 apresentamos um Sistema de Filas

com Perdas, incluindo Intera¸c˜oes de Longo Alcance e Cauda Pesada.

1.1

Defini¸c˜

oes Preliminares

Seja X (X(x))xZd um campo aleat´orio, i.e. um arranjo de

vari´aveis aleat´orias (fun¸c˜oes reais Borel-mensur´aveis) integr´aveis,

in-dexadas pelos s´ıtios de Zd e definidas num espa¸co de probabilidade

abstrato (Ω,F,P).

Dizemos que X ´e estacion´ario, quando, para todo x ∈ Zd, X e

Y def= (X(i+x))iZd forem igualmente distribu´ıdos em

RZd

,BZd R

,

i.e. ∀B ∈ BZd

R

P({X B}) = P({Y B}). Neste caso,

escreve-mos X∼Y.

Dado x ∈ Zd, seja θx : RZd RZd um operador de transla¸c˜ao,

definido, para cada ω RZd

, por θx(ωy) =ωx+y, para todo y∈ Zd.

Dizemos que X ´e erg´odico, quando a lei de X restrita `a

sigma-´algebra invariante I def= nI ∈ BZd

R : (∀x∈Zd) (θx(I) =I)

o

for

trivial, isto ´e, para qualquer I ∈ I temos que P({X I})∈ {0,1}.

Quando o campo aleat´orioXfor estacion´ario, erg´odico eX0 ∈L1,

vale que

P

x∈ΛnX(x)

|Λn|

n

−→E(X0)def=

Z

X0·dP quase-certamente, (1.1)

onde Λn def= [−n, n]d ´e uma a caixa deZd, centrada na origem e com

raio n. Vamos nos referir a esse resultado3 como Lei

Multidimensi-onal dos Grandes N´umeros (LMGN).

3Na sua forma mais geral, esse resultado ´e conhecido como Teorema Erg´odico

(11)

Dizemos que a taxa de convergˆencia na LMGN ´e exponencial,

quando para qualquer ǫ > 0, existirem α >0 e C > 0 tal que para

todo n∈N, tivermos

P

P

x∈ΛnX(x)

|Λn| −

E(X0)

> ǫ

≤C·e−α·|Λn|. (1.2)

Observa¸c˜ao Atrav´es do 1o lema de Borel-Cantelli vemos que (1) implica

em ( 1.1). Na verdade, basta que as probabilidades em ( 1) sejam som´aveis para garantirmos a validade de (1.1). Nesse sentido, uma prova da validade de (1) para um campo aleat´orio pode ser vista como uma prova alternativa para LMGN.

1.2

Resultado Principal

O teorema central desta tese nos garante a existˆencia de taxas exponenciais de convergˆencia na lei multidimensional dos grandes

n´umeros para campos aleat´orios que possam ser constru´ıdos

obde-cendo a certas condi¸c˜oes.

O significado de constru¸c˜ao de um campo aleat´orio torna-se pre-ciso atrav´es da pr´oxima defini¸c˜ao.

Defini¸c˜ao 1.2.1 (Constru¸c˜ao (da lei) de um campo aleat´orio X).

Construir (a lei de) X significa descrever uma fun¸c˜ao mensur´avel

fX,

fX :

(0,1)Zd ≡Ω,BZd

(0,1) ≡ F, λ

Zd

(0,1) ≡P

→(R,BR),

associada a uma seq¨uˆencia crescente de conjuntos F-mensur´aveis

(An)nN tais que:

(i) o campo aleat´orio Y (Yi)i∈Zd

def

= (fX ◦θi)i∈Zd tenha a mesma distribui¸c˜ao de X em RZd,BRZd

, i.e. Y ∼X.

(ii) Cada An ´e um cilindro com base em B(0Λn,1), i.e.

(n N) An ∈ BΛn

(0,1)

: An=An×(0,1)Z

(12)

(iii) Em cada An, fX fica determinada em Λn, i.e.

(∀ω, ω′ A

n) (ω|Λn=ω′|Λn) ⇒ fX(ω) =fX(ω′).

(iv) P(An)ր1, ou seja, com probabilidade 1, fX fica determinada

dentro de alguma caixa Λn.”

Em palavras, essa defini¸c˜ao nos diz que: (1) aos s´ıtios de Zd

est˜ao associadas vari´aveis aleat´orias uniformes independentes e

dis-tribu´ıdas no intervalo (0,1); (2) a fun¸c˜aofX associa cada realiza¸c˜ao

dessas uniformes ao spin/estado da origem, e da mesma formafX◦θx

associa cada realiza¸c˜ao ao spin/estado de qualquer outro s´ıtio x ∈

Zd; (3) o evento An ´e o conjunto das realiza¸c˜oes nas quais o estado

da origem fica determinado apenas com as informa¸c˜oes contidas na

caixa Λn, ou seja, a partir de uma quantidade aleat´oria mas finita

de uniformes; (4) se a seq¨uˆencia de conjuntos (An)n≥1 satisfizer as

condi¸c˜oes do item (iv) ent˜ao, quase certamente, precisamos de um

n´umero finito de uniformes para determinarmos o spin da origem.

Observa¸c˜ao: Como a medida produto λZ(0,1)d ´e erg´odica e estacion´aria em

(0,1)Zd

,BZd

(0,1)

a distribui¸c˜ao do campo aleat´orioX tamb´em ser´a erg´odica e estacion´aria em{0,1}Zd

,BZd

{0,1}

. Este tipo de argumento ´e canˆonico em teoria erg´odica e maiores detalhes podem ser encontrados em [15].

Consideremos o conjunto B das configura¸c˜oes que n˜ao definem

fX sobre quaisquer caixas finitas Λn, n ∈ N, mais precisamente

B := {ω Ω : ω n˜ao define fX sobre as caixas finitas Λn, n ∈

N}=n=1Anc. Como os conjuntosAcn,n 1 formam uma seq¨uˆencia

decrescente, ent˜aoP(B) = limn→∞P(Ac

n). Mas, segundo o item (iv)

da defini¸c˜ao (1.2.1), seP(Ac

n) decair para zero emn, ent˜ao podemos

construir o campo aleat´orioX. O teorema a seguir, principal

resul-tado desta tese, diz como P(Ac

n) deve ir para zero quando n → ∞,

(13)

campo, taxa exponencial de convergˆencia na lei multidimensional

dos grandes n´umeros.

Teorema 1.2.1 (Resultado Principal) 4 SejaXum campo aleat´orio

assumindo valores em RZd

e fX a fun¸c˜ao de constru¸c˜ao de X. Se

fX for limitada e P(Acn) = O(n−d−δ) , para algum δ > 0, ent˜ao a

taxa de convergˆencia na Lei Multidimensional dos Grandes N´umeros

ser´a exponencial para o campo aleat´orio X.

A prova do teorema (1.2.1) consiste em mostrar que para todo ǫ >0 existem α =α(ǫ)>0 eC =C(ǫ)>0 tais que

P

P

x∈ΛnX(x)

|Λn| −

EX(0)

> ǫ

≤C·(e−|Λn|·α) n. (1.3)

Na prova dessa asser¸c˜ao utilizamos duas id´eias principais (1) a

am-plia¸c˜ao do espa¸co de probabilidade (do antigo(0,1)Zd

,BZd

(0,1), λ

Zd

(0,1)

para um novo (0,1)Zd

,BZd

(0,1), λ

Zd

(0,1)

Zd

); e (2) o uso da parte mais

conhecida do Teorema de Cr´amer, que estabelece que se (Xi)i∈N for

uma seq¨uˆencia de vari´aveis aleat´orias i.i.d.’s com E(et·X1)<em

alguma vizinhan¸ca det = 0, ent˜ao existem constantes positivasC e

α tais que

P

Pn

i=1Xi

n −E(X1)

> ǫ

≤C·e−α·n.

1.3

Prova do Resultado Principal

Dividimos a prova do Teorema (1.2.1) em duas partes. Na primeira apresentamos as constru¸c˜oes provenientes da amplia¸c˜ao do espa¸co de probabilidade. E, na segunda parte, apresentamos e provamos

4O(g(n)) = {f(n) tais que existem constantes positivascen0tais que 0 f(n) c·

(14)

resultados que envolvem essas constru¸c˜oes e as hip´oteses do teorema, concluindo a demonstra¸c˜ao. Recomendamos ao leitor que acompa-nhe o desenvolvimento da prova tendo como exemplo o Processo de Estacionamento de primeiros vizinhos apresentado na se¸c˜ao (2.1) do Cap´ıtulo 2.

1.3.1 Primeira Parte: Amplia¸c˜ao do Espa¸co de Probabili-dade

Nesta se¸c˜ao o conjunto Zd ´e particionado em caixas, que s˜ao

asso-ciadas univocamente a c´opias independentes do campo aleat´orio X.

Atrav´es dessas c´opias e de uma outra c´opia de X, com propriedades

que nos interessam, definimos duas fam´ılias de vari´aveis aleat´orias que permitem reescrever o termo `a esquerda da express˜ao (1.3) de forma que possamos usar o Teorema de Cr´amer.

Parti¸c˜ao de Zd

Seja P = {Γ(iL)}i∈Zd uma parti¸c˜ao de Zd, onde Γ(iL) ´e uma caixa

de raio L∈Ne centro [(2L+ 1)·i]Zd definida por5

Γ(iL) ={x∈Zd:|x(2L+ 1)·i|sup L}

Denotaremos por VL, o volume da caixa Γ

(L)

i ,∀i∈Zd, ou seja VL =

|Γ(iL)|. Omitiremos L todas as vezes que estiver claro do contexto.

A partir de Γ(iL), definimos Λnk :=

S

i∈ΛkΓ

(L)

i para um L fixo,

isto ´e, Λnk ´e uma caixa de caixas. Mais precisamente,nk =L+ (2·

L+ 1)·k, e |Λnk|={2·[L+ (2·L+ 1)·k] + 1}

d =|Λ k| ·VL.

Fam´ılia de c´opias independentes do objeto aleat´orioX

A partir da parti¸c˜ao P, constru´ımos uma fam´ılia de objetos

aleat´orios i.i.d.’s, (Xi)

i∈Zd, onde Xi ∼ X, ou seja, uma fam´ılia de

c´opias independentes do objeto aleat´orio X. Mais precisamente,

5|xy|supdef= max

(15)

associamos a cada caixa Γi um espa¸co (0,1)

Zd

, e nesse espa¸co

cons-tru´ımos X, ou seja, ampliamos o antigo espa¸co de probabilidade,

(Ω,F,P) =(0,1)Zd

,BZd

(0,1), λ

Zd

(0,1)

, transformando-o em um

novo espa¸co (Ω′,F,P) = (0,1)Zd×Zd

,BZd×Zd

(0,1) , λ

Zd×Zd

(0,1)

.

Em (Ω′,F,P), cadaω pode ser pensado como uma seq¨uˆencia

generalizada (ωi

z)z∈Zd, iZd, onde cada ωzi ´e uma vari´avel aleat´oria

uniforme definida no intervalo (0,1). Nessa nota¸c˜ao, o ´ındice z

in-dica os s´ıtios de Zd e o ´ındice i est´a associado `a caixa Γi.

Seja πi o operador de proje¸c˜ao

πi : (0,1)Zd×Zd

→ (0,1)Zd

ω 7→ ωi =πi(ω),

que composto com o operador de transla¸c˜ao nos forneceθx◦πi(ω) =

θx(ωi). Podemos, assim, definir o campo aleat´orio (Xi(x) )x∈Zd :=

(fX ◦θx(ωi))x∈Zd. Fazendo isso para todo i ∈ Zd, temos em m˜aos

uma fam´ılia, ( Xi )

i∈Zd, de objetos aleat´orios i.i.d.’s.

Objeto aleat´orio h´ıbrido

Vamos agora construir um novo objeto aleat´orioXh tal queXh

X e seja ”similar” a Xi em Γ

i.

Seja c(z) uma fun¸c˜ao que associa cada s´ıtio z Zd ao ´ındice

da caixa a que z pertence, e seja ωh := ωc(z)

z

z∈Zd. Podemos

ent˜ao, definir o campo aleat´orio ( Xh(x) )

x∈Zd := (fX◦θx)xZd onde

Xh(x) =f

X ◦θx(ωh), que chamamos de campo aleat´orio h´ıbrido.

´

E interessante observar que constru´ımos o campo alet´orio Xh

usando a subseq¨uˆenciaωh que ´e composta por um ”peda¸co” da

sub-seq¨uˆencia ωi, associado aos s´ıtios da caixa Γ

i; por outro ”peda¸co”

da subseq¨uˆencia ωj associado aos s´ıtios da caixa Γ

j; e assim

suces-sivamente, percorrendo todas as caixas (Γi)i∈Zd. Por isso o campo

aleat´orio Xh ´e “similar” ao campo aleat´orio Xi na caixa Γ

i, e pelo

(16)

da fam´ılia (Xi)

i∈Zd. Vale ainda observar, que o campo aleat´orioXh

depende do raio L de caixa escolhido, e por isso vamos denot´a-lo, a

partir deste momento, por Xh

L.

Tendo em m˜aos (Xi)

i∈Zd,XLhe a parti¸c˜aoP ={Γi}iZd, definimos

uma fam´ılia de vari´aveis aleat´orias independentes: (mi

i(L))i∈Zd, onde

mii(L):=

P

x∈ΓiX

i(x)

VL

; (1.4)

e, uma fam´ılia de vari´aveis aleat´orias dependentes: (mi(L))iZd, onde

mi(L):=

P

x∈ΓiX

h

L(x)

VL

. (1.5)

As vari´aveis aleat´orias est˜ao definidas em (Ω′,F,P) e assumem

valores em R.

Em linhas gerais, essas fam´ılias de vari´aveis aleat´orias nos per-mitem reescrever o termo `a esquerda de (1.3) como uma soma de

parcelas nas quais podemos aplicar o Teorema de Cr´amer. ´E o que

veremos na pr´oxima subse¸c˜ao.

1.3.2 Segunda Parte

Seja a seq¨uˆencia (bn)(n≥0), onde

bn :=

P

x∈ΛnX(x)

|Λn| −

EX(0)

´e o termo que aparece na express˜ao (1.3). E seja bnk

(k≥0) uma

subseq¨uˆencia de (bn)(n0), onde

bnk :=

P

x∈Λnk

X(x)

|Λnk|

(17)

Relembrando que nk = L+ (2·L+ 1)·k, vemos que a diferen¸ca

entre os termos gerais bn e bnk reside no primeiro apresentar um

somat´orio que vai de 1 em 1, enquanto no segundo, o somat´orio vai

em m´ultiplos de L.

Uma vez que Xh

L ∼X por (1.5), temos

bnk ∼

P

i∈Λkmi(L)

|Λk| −

EX(0).

Agora, seja ǫ > 0 e consideremos o evento

|bnk|> ǫ/2 . Ent˜ao

temos que

|bnk|> ǫ/2 ⊂

P

i∈Λkm i i(L)

|Λk| −

EX(0)

> ǫ 4 ∪ P

i∈Λkmi(L)−m i i(L)

|Λk|

> ǫ 4 .

E por subaditividade temos que

P

|bnk|>

ǫ

2 ≤ P

P

i∈Λkmii(L)

|Λk| −

EX(0) > ǫ 4 + P P

i∈Λkmi(L)−m i i(L)

|Λk|

> ǫ 4 . (1.7)

Uma vez que as vari´aveis aleat´orias (mi

i(L))i∈Zd, definidas em (1.4),

s˜ao i.i.d’s, conclu´ımos a partir do Teorema de Cramer que para todo ǫ >0, existem C =C(ǫ)>0 e α =α(ǫ)>0 tal que

P P

i∈Λkm

i i(L)

|Λk| −

EX(0) > ǫ 4 !

≤C·e−|Λk|·α k0. (1.8)

(18)

(1.7) tamb´em apresenta decaimento exponencial quando n cresce;

(2) mostrar qual ´e a rela¸c˜ao entre os conjuntos {|bnk| > ǫ/2} e

{|bn| > ǫ}. Esses dois fatos se traduzem nos dois lemas a seguir,

cujas demonstra¸c˜oes s˜ao apresentadas nas pr´oximas duas subse¸c˜oes.

Lema 1.3.1 Para todoǫ >0, ´e poss´ıvel encontrar um raio de caixa,

L(ǫ), suficientemente grande de tal forma que existem κ = κ(ǫ) e

φ =φ(ǫ)>0 satisfazendo

P

P

i∈Λkmi(L)−m

i i(L)

|Λk|

> ǫ 2

!

≤κ·e−|Λk|·φ

∀ k0

Lema 1.3.2 Existe k suficientemente grande tal que {|bn| > ǫ} ⊂

|bnk|> ǫ/2 , para nk1 < n < nk.

Prova do Lema (1.3.1)

Comecemos por observar que a express˜ao |P

i∈Λkmi(L)−m

i

i(L)|´e a

soma das diferen¸cas entre os campos aleat´oriosXi eXh

L, nas

respec-tivas caixas Γi contidas na caixa Λk. No que segue, vamos

estabele-cer as bases para enumerar as poss´ıveis fontes de diferen¸ca entre os

campos Xi e Xh

L em uma caixa Γi.

Consideremos caixas de raio l contidas em cada uma das caixas

Γ(iL). Denotamos essas caixas porγi(L). Assim, temos6

γ(iL) :={x∈Zd:|x(2L+ 1)·i|sup < l},

e definimos ∆L:=Ll. Chamamos deanel a regi˜ao entre as caixas

Γ(iL) e γi(L) (ver figura abaixo).

6|xy|supdef= max

(19)

Γ(iL)

γ(iL)

∆L

←→

Seja Ai

n o conjunto das configura¸c˜oes ω ∈ Ω′ tais que Xi(0) fica

determinado dentro da caixa Λn, mais precisamente

Ain :={ω :ωi An}.

Consideremos o conjunto θx(Ai∆L) das configura¸c˜oes ωi que

deter-minam Xi(x) a partir da informa¸c˜ao contida na caixa de raio ∆L

centrada no s´ıtio x∈γi(L). E seja Ci :=∩x∈γiθx(A

i

∆L), cujo

comple-mentar nos interessa:

Cic = (∩x∈γiθx(A

i

∆L))c =∪x∈γi[θx(A

i

∆L)]c

pois ´e o conjunto das configura¸c˜oes que precisam de informa¸c˜ao que

est´a fora da caixa Γi, para que os estados dos s´ıtios x ∈ γi fiquem

definidos. Por subaditividade e pela estacionariedade de X temos

que

P{Cc

i} ≤

P

x∈γiP{[θx(A

i

∆L)]c}

≤ |γi| ·P{[θx(Ai∆L)]c}=|γi| ·P{(Ai∆L)c}.

(1.9)

Mas por hip´otese, temos que

P(AiL)c =O ∆L−d−δ,

o que ´e equivalente a dizer que existem c > 0 el0 >0 tais que

P(Ai

∆L)c ≤c·∆L−d−δ, (1.10)

(20)

Queremos encontrar ∆L como fun¸c˜ao de L, de tal forma que,

quando Lcrescer, oanel n˜ao cres¸ca muito e seja grande o suficiente

para que P(Cc

i) → 0. Ent˜ao, seja ∆L = Lβ com 0 < β < 1, e o

problema se traduz em encontrar β que satisfa¸ca essas condi¸c˜oes.

Retomando (1.9), onde substituimos (1.10), temos

P(Cc

i) ≤ c· |γi| ·(L−∆L)d·(Lβ)−d−δ

≤ c′ ·Ld·L−β(d+δ)

= c′ ·Ld−β(d+δ).

Assim, temos que ter

dβ(d+δ)<0⇐⇒ d

d+δ < β, o que implica em

0< d

d+δ < β <1.

As vari´aveis aleat´orias ICc i

i∈Zd := (Ii)iZd

Consideremos as vari´aveis aleat´orias ICc

i

i∈Zd := (Ii)i∈Zd, que s˜ao

i.i.d.’s gra¸cas `a constru¸c˜ao estabelecida anteriormente. E

recor-demos que, por hip´otese fX ´e limitada, ou seja ∃ K > 0 tal que

|fX| ≤K. Podemos agora, enunciar o seguinte lema.

Lema 1.3.3 A discrepˆancia relativa entre as vari´aveis aleat´orias

mi

i(L) e mi(L)´e dada por

|P

i∈Λkmi(L)−m

i i(L)|

|Λk| ≤

K·Vanel

VL

+K·

P

i∈ΛkIi

|Λk|

(21)

Prova:

A discrepˆancia relativa entre as vari´aveis aleat´orias mi

i(L) e mi(L)

dentro de uma caixa Γi ´e proveniente de duas fontes. Primeiro, se

estivermos no eventoCi, ent˜ao mii(L)emi(L), s´o podem ser diferentes

no anel entre as caixas Γi and γi. Por outro lado, se estivermos no

eventoCci, as vari´aveis aleat´orias podem ser diferentes em toda caixa

Γi. Assim, temos que

   

   

SeIi = 0 ent˜ao |mi(L)−mii(L)| ≤K· Vanel

VL ,

caso contr´ario, se Ii = 1 ent˜ao |mi(L)−mii(L)| ≤K.

E podemos estimar a discrepˆancia relativa a partir desses dois casos.

|mi(L)−mii(L)| ≤K· Vanel

VL

+K·Ii

Somando sobre todo iΛk, temos que

P

i∈Λk|mi(L)−m

i i(L)|

|Λk| ≤

K·

P

i∈ΛkVanel

VL· |Λk|

+K·

P

i∈Λk

Ii

|Λk|

,

e finalmente

|P

i∈Λkmi(L)−m

i i(L)|

|Λk| ≤

P

i∈Λk|mi(L)−m

i i(L)|

|Λk| ≤

K·Vanel

VL

+K·

P

i∈ΛkIi

|Λk|

.

Prova do Lema 1.3.1:

Tomemos L suficientemente grande para que Vanel/VL seja menor

(22)

Dk=

(

P

i∈Λkmi(L)−m

i i(L)

|Λk| ≥

ǫ 2

)

Fk =

P

i∈ΛkIi

|Λk|

< ǫ

4K

.

Usando o lema (1.3.3), no evento Fk temos que

P

i∈Λkmi(L)−m

i i(L)

|Λk|

<K ǫ

4K +

ǫ

4K

= ǫ

2.

E, portanto Dk∩Fk=∅, o que implica em

Dk ⊂Fkc =

P

i∈Λk

Ii

|Λk| ≥

ǫ

4K

=

P

i∈Λk

Ii

|Λk| −

EI0 ǫ

4K−EI0 :=ǫ

,

que, por sua vez, implica em

P(Dk)P

P

i∈ΛkIi

|Λk| −

EI0 ǫ

.

Como as vari´aveis (Ii)iZds˜ao vari´aveis aleat´orias i.i.d.’s e, por hip´otese,

ǫ′ >0, temos, pelo Teorema de Cramer, que existem κ =κ(ǫ) >0

e φ=φ(ǫ′)>0 tais que

P P

i∈ΛkIi

|Λk| −

EI0 ≥ ǫ′

≤κ·e−|Λk|·φ

Prova do Lema (1.3.2)

(23)

nk1 < n < nk.

|bnk −bn| =

P

x∈Λnk

Xh(x)

|Λnk| −

EX(0)

P

x∈ΛnX h(x)

|Λn| −

EX(0) = P

x∈Λnk1

Xh(x)

|Λnk|

+ P

x∈(Λnk−Λn)

Xh(x)

|Λnk| −

P

x∈ΛnX h(x)

|Λn|

≤ 2·K·n1 |Λn|

|Λnk|

o

.

Como |Λnk1|<|Λn|, temos que

1 |Λn|

|Λnk|

<

1 |Λnk1|

|Λnk|

.

E lembrando que nk =L+ (2·L+ 1)·k, temos tamb´em que

|Λnk1|

|Λnk|

= {2·[L+ (2·L+ 1)·(k−1)] + 1}

d

{2·[L+ (2·L+ 1)·k] + 1}d →1 quando k → ∞.

E, portanto |bnk −bn| →0 quando k → ∞. Resultado que nos

per-mite dizer que para qualquer ǫ >0 existe k suficientemente grande

tal que |bnk −bn|< ǫ/2. Ent˜ao

{|bn|> ǫ} ⊂

n

|bnk|>

ǫ 2

o

para k suficientemente grande.

Observa¸c˜oes Finais

(1) Nas constru¸c˜oes deste cap´ıtulo utilizamos o espa¸co de

proba-bilidade (0,1),B(0,1), λ(0,1)

Zd

. Isso equivale a associar, de

ma-neira independente, a cada s´ıtio de Zd uma vari´avel aleat´oria

uni-forme distribu´ıda no intervalo (0,1). Em outras constru¸c˜oes ser´a

mais favor´avel associar, de modo independente, a cada ponto de

(24)

etc. Como estes objetos aleat´orios podem ser gerados a partir de

um ´unico n´umero aleat´orio, as constru¸c˜oes que utilizamos n˜ao

en-volvem perda de generalidade. No cap´ıtulo 3 veremos um exemplo

onde dois processos de Poisson s˜ao associados a cada s´ıtio de Zd.

(2) ´E importante observar que o resultado tamb´em se aplica a

medidas em SZd

, onde S ´e um compacto em Rn. Na se¸c˜ao (2.3),

(25)
(26)

Cap´ıtulo 2

Processos de

Estacionamento

Neste cap´ıtulo apresentamos os processos de estacionamento como exemplos de aplica¸c˜ao do Teorema (1.2.1) no caso de medidas n˜ao-gibbsianas e n˜ao-FKG.

Resultados rigorosos para os processos de estacionamento restrin-giam-se, at´e bem pouco tempo, a modelos unidimensionais [13, 17, 18, 19, 20, 21] e a modelos quase unidimensionais [11, 12, 16]. Em

2002, Penrose [22] apresentou uma lei fraca dos grandes n´umeros

para a densidade de part´ıculas no limite de satura¸c˜ao quando o processo de estacionamento ´e constru´ıdo em caixas. Recentemente,

Ritchie [2] provou uma lei forte dos grandes n´umeros para a mesma

grandeza, e o decaimento super-exponencial das fun¸c˜oes de cor-rela¸c˜ao. Esses resultados foram alcan¸cados atrav´es da constru¸c˜ao

expl´ıcita do limite termodinˆamico1 do processo. Neste cap´ıtulo

se-guiremos de perto essa constru¸c˜ao.

Na primeira se¸c˜ao discorremos sobre o caso unidimensional e onde

1Em Mecˆanica Estat´ıstica ´e comum definirem-se medidas µ

n no espa¸coSΛn (S espa¸co

(27)

h´a apenas intera¸c˜oes de primeiros vizinhos. Para esse caso exibimos a fun¸c˜ao de constru¸c˜ao e mostramos que o campo aleat´orio limite obedece as hip´oteses do teorema (1.2.1). E por fim, exemplificamos as id´eias de amplia¸c˜ao do espa¸co de probabilidade.

Na segunda se¸c˜ao tratamos dos casos com intera¸c˜oes mais gerais.

E na ´ultima se¸c˜ao apresentamos um modelo, baseado nos

proces-sos de estacionamento, com espa¸co de spins cont´ınuo, caso tamb´em abrangido pelo Teorema (1.2.1).

2.1

Processo de Estacionamento com exclus˜

ao

de primeiros vizinhos

2.1.1 Descri¸c˜ao do Processo

Consideremos uma dinˆamica a tempo discreto onde h´a deposi¸c˜ao de

part´ıculas nos s´ıtios de uma caixa Λn = [−n, n] de Z. No instante

inicial todos os s´ıtios da caixa est˜ao vazios (spin/estado 0), e um de-les ´e escolhido uniformemente e nele h´a deposi¸c˜ao de uma part´ıcula (spin/estado 1). Imediatamente, seus dois primeiros vizinhos ficam bloqueados, isto ´e, nenhuma part´ıcula poder´a se depositar nesses s´ıtios. Uma vez ocupado, um s´ıtio permanece nesse estado para sempre. A dinˆamica prossegue com a deposi¸c˜ao, a cada instante de tempo, de uma part´ıcula num s´ıtio uniformemente escolhido dentre aqueles n˜ao ocupados e n˜ao bloqueados. Em resumo, o s´ıtio esco-lhido s´o ´e ocupado se seus dois primeiros vizinhos estiverem vazios.

O processo continua at´e que todos os s´ıtios da caixa Λn estejam ou

bloqueados ou ocupados. A configura¸c˜ao final da caixa Λn ´e

cha-mada de limite de satura¸c˜ao de Λn, e vamos denot´a-la por σn. Este

(28)

2.1.2 Fun¸c˜ao de constru¸c˜ao do campo aleat´orio σ

Vamos denotar por σ a configura¸c˜ao final do processo constru´ıdo

em todo o Z, e que n˜ao pode ser determinada a partir das regras

descritas acima, j´a que n˜ao podemos escolher uniformemente um

s´ıtio em Z. Na solu¸c˜ao dessa quest˜ao vamos seguir o algoritmo de

constru¸c˜ao de σn, apresentado em [2], que cont´em em si as id´eias

para a constru¸c˜ao da configura¸c˜ao final σ.

Consideremos o espa¸co de probabilidade (Ω,F,P) =

(0,1)Z

,BZ

(0,1), λ

Z

(0,1)

, e denotemos por ω um elemento de Ω. Em

palavras, esse espa¸co de probabilidade associa a cada s´ıtio deZuma

vari´avel aleat´oria uniforme definida no intervalo (0,1). Segue abaixo

o algoritmo de constru¸c˜ao de σn.

Defini¸c˜ao 2.1.1 Definimos o processo de estacionamento na caixa

Λn com condi¸c˜ao de fronteira nula atrav´es do seguinte algoritmo:

Para cada ω (0,1)Z

,

Passo 1 σn(ω)(x)←0 ∀x∈Z;

Passo 2 escolha x∈Λn tal que

ωx= inf{ωz :z ∈Λn e z n˜ao tenha sido escolhido previamente};

Passo 3 Se σn(ω)(x+ 1) =σn(ω)(x−1) = 0 ent˜ao σn(ω)(x)←1;

Passo 4 Se h´a pontos em Λn n˜ao escolhidos ainda, ent˜ao volte ao

passo 2, ou encerre o algoritmo.

Observa¸c˜oes: (1) Os objetos aleat´orios (σn)n≥0 est˜ao definidos em

(0,1)Z

,BZ

(0,1), λ Z (0,1)

e assumem valores em {0,1}Λn. Vamos denotar por

(µn)n≥0as respectivas medidas de probabilidade dos objetos aleat´orios (σn)n≥0.

(2) Este algoritmo ´e equivalente probabilisticamente ao descrito no in´ıcio desta se¸c˜ao.

Para o caso unidimensional, a Figura 1 mostra um ”perfil ” de

uniformes, ou seja, uma realiza¸c˜ao ω (0,1)Z

(29)

tamb´em mostra as configura¸c˜oes finais σ1,σ2,σ3, σ4 e σ7.

Observe-mos que a configura¸c˜ao finalσ1 ´e diferente da configura¸c˜ao final σ2,

que por sua vez ´e diferente da configura¸c˜ao final σ3, que tamb´em ´e

diferente da configura¸c˜ao final σ4. No entanto, a configura¸c˜ao final

σ7 restrita `a caixa Λ4 ´e igual `a configura¸c˜ao final σ4. Observemos

tamb´em, que as uniformes utilizadas na constru¸c˜ao do processo na

caixa Λ4 est˜ao entre pontos de m´ınimo do ”perfil”. Para

entender-mos melhor o que est´a acontecendo, vaentender-mos nos fixar em determinar

o estado da origem na configura¸c˜ao finalσ. Definamos

l0(ω) def

= max{i≤0 :ωi< ωi−1}

e

r0(ω) def

= min{i0 :ωi < ωi+1},

ou seja, l0 e r0 s˜ao os pontos de m´ınimo local do ”perfil” que est˜ao

mais pr´oximos da origem, `a esquerda e `a direita da origem,

respec-tivamente. A Figura 1, mostral0 er0 para o ”perfil” exemplificado.

Observemos que as uniformes associadas aos s´ıtios entre 0 e l0 (r0)

est˜ao em ordem decrescente, e que somente o que acontecer aos s´ıtios

entre r0 e l0, poder´a influenciar o estado final da origem.

´

E f´acil verificar que, se uma caixa Λn contiver l0 e r0, e se eles

forem n´umeros pares ent˜aoσn(0) = 1, e se pelo menos um deles for

um n´umero ´ımpar, ent˜aoσn(0) = 0. Assim, uma vez que uma caixa

Λm contenha l0 e r0, ent˜ao o estado final da origem ser´a o mesmo

dentro de qualquer caixa Λn para n > m, ou seja σ(0) = σm(0).

Para determinarmos os estados, na configura¸c˜ao final σ, de outros

s´ıtios usamos o mesmo m´etodo: encontramos lx erx , ou seja,

lx(ω)

def

= max{i≤x:ωi < ωi−1}

e

(30)

´

E interessante notar que neste caso particular -processo de estaci-onamento unidimensional com exclus˜ao de primeiros vizinhos - os

estados dos outros s´ıtios entre l0 e r0 tamb´em n˜ao mudam mais

dentro de qualquer caixa Λn para n > m. E de maneira mais

ge-ral, fixada uma realiza¸c˜ao ω, a constru¸c˜ao de σ se d´a ”peda¸co” a

”peda¸co”, onde os ”peda¸cos” est˜ao separados por pontos de m´ınimo

local de ω.

Voltando `a Figura 1, a caixa Λ4 cont´em l0 e r0, e por isso a

configura¸c˜ao final σ7 restrita `a caixa Λ4 n˜ao se modifica. E ent˜ao,

podemos exibir a fun¸c˜ao de constru¸c˜ao do campo aleat´orio σ que

denotamos por fσ,

def

= I{l

0 ∈ [0,−2,−4,···]}·I{r0 ∈ [0, 2,4,···]} =σ(0), e temos

σ(x) =θx◦fσ =I{lx−x ∈ [0,−2,−4,···]}·I{rx−x ∈ [0, 2,4,···]}, ∀x∈Z.

Formalizando um pouco mais, temos que: Se l0, r0 ∈ Λn ent˜ao

σn(0) =σ(0), o que implica emσn(0)→σ(0) q.c., e por conseguinte

σn →σ q.c., com σ ∼limn→∞µn

def

(31)

Z

Z

?

?

ω∈(0,1)Z

= Ω (Ω,F,P) =

(0,1)Z

,BZ (0,1), λ

Z (0,1) 0 .95 1 .87 2 .75 3 .50 4 .25 5 .44 6 .30 7 .80 −1 .69 −2 .62 −3 .37

l0(ω) r0(ω)

−4 .85 −5 .12 −6 .55 −7 .65 1 0 −1 Λ1

: σ1(ω)∈ {0,1}Λ1

1 2 0

−1 −2

Λ2

: σ2(ω)∈ {0,1}Λ2

1 2 0

−1 −2

Λ3

: σ3(ω)∈ {0,1}Λ3

1 2 0

−1 −2

−3 3 4

−4

Λ4

: σ4(ω)∈ {0,1}Λ4

1 2 0

−1 −2

−3 3 4

−4 −5 −6

−7 5 6 7

Λ7

: σ7(ω)∈ {0,1}Λ7

: σ(ω)∈ {0,1}Z 1 2

0 −1 −2

−3 3 4

−4 −5 −6

−7 5 6 7

?

? ?

Figura 1: Acima temos um ”perfil ” de uniformes, ou seja, uma realiza¸c˜aoω(0,1)Z

(32)

2.1.3 Aplica¸c˜ao do Teorema Principal

A seq¨uˆencia de conjuntos (An)n≥1

Fica claro das considera¸c˜oes anteriores que, fixada uma realiza¸c˜ao ω, σ(0) fica determinado na caixa Λn, se essa caixa contiver l0 e

r0. Segue da defini¸c˜ao (1.2.1) (item (iii)) que o conjunto An fica

naturalmente definido por

An

def

= {−n < l0 ≤0≤r0 < n}, n= 1,2,· · ·

P(Ac n)

O conjunto Ac

n ´e o conjunto das configura¸c˜oes que n˜ao

determi-nam σ(0) dentro da caixa Λn, ou em termos de l0 e r0, Acn = {ω :

l0(ω), r0(ω)∈/ Λn}. Ou ainda, ´e o evento no qual existem seq¨uˆencias

num´ericas decrescentes que come¸cam no s´ıtio 0 e terminam fora da

caixa Λn.

A probabilidade de uma seq¨uˆencia num´erica de tamanho (fixo)

n+1 ser decrescente ´e 1/(n+1)!, e como podemos ter duas seq¨uˆencias come¸cando na origem, temos que

P(Acn) 2

(n+ 1)! ≤

2 n! .

E, portanto, o Teorema (1.2.1) se aplica ao processo de estaciona-mento unidimensional com exclus˜ao de primeiros vizinhos.

2.1.4 Exemplo de Amplia¸c˜ao do Espa¸co de Probabilidade

O processo de estacionamento unidimensional e com intera¸c˜oes de

primeiros vizinhos, talvez seja o ´unico modelo em que podemos

exi-bir graficamente a constru¸c˜ao dos campos aleat´orios (Xi)

i∈Z e Xh,

(33)

ConsideremosL= 2 e particionemos o eixoZem caixas (Γi)i Z,

de raioL= 2 e centro (2·L+ 1)·i= 5·i . A Figura 2 mostra um

trecho de Zparticionado nas caixas Γ2, Γ1, Γ0, Γ1 e Γ2.

Associemos a cada caixa Γi uma nova c´opia do eixo Z, a qual

chamaremos de Zi. Essas c´opias aparecem na Figura 3, onde est˜ao

”dobradas” e ”esticadas”, de forma que seus s´ıtios estejam em

cor-respondˆencia com os s´ıtios das caixas Γi de Z.

O significado do espa¸co ampliado(0,1)Z×Z

,BZ×Z

(0,1), λ

Z×Z

(0,1)

´e

asso-ciar a cada c´opia Zi um ”perfil” de uniformes. A Figura 4 mostra

uma realiza¸c˜ao de ω (0,1)Z×Z

. Cada c´opia Zi tem seu perfil

pintado por uma cor, e esses perfis s˜ao projetados nas caixas de

Z formando um perfil multi-colorido. Essa proje¸c˜ao ´e indicada na

Figura 4 pelo s´ımbolo deespelho.

Se aplicarmos a fun¸c˜ao de constru¸c˜aofσ a cada perfil, chegamos `a

realiza¸c˜oes dos campos aleat´orios independentes que denotamos por

Xi na se¸c˜ao (1.3.1), e que aqui chamaremos deσi. E se aplicarmos

fσ ao perfil multi-colorido, chegamos a uma realiza¸c˜ao do campo

aleat´orio h´ıbrido que aqui chamaremos deσh. A Figura 5 mostra as

(34)

L ·· ·· ·· ·· ·· Z ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ··

0 5 10

−5

−10 15

−15

Γ−3 Γ−2 Γ−1 Γ0 Γ1 Γ2 Γ3

·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ··

(35)

Z ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ··

Γ−3 Γ−2 Γ−1 Γ0 Γ1 Γ2 Γ3

·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· 0 0 5 10 −5 −10 15 −15 5 10 −5 −10 15 −15

Z

−2

Z

1

Z

0

Z

1

Z

2

Z

3

Figura 3:

C´opias

Z

i

de

Z

”dobradas” e ”esticadas”, de forma

que seus s´ıtios estejam em correspondˆencia com os s´ıtios das caixas Γi

de

Z

.

(36)

Z ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ··

Γ−3 Γ−2 Γ−1 Γ0 Γ1 Γ2 Γ3

·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· 0 0 5 10 −5 −10 15 −15 5 10 −5 −10 15 −15

Z

2

Z

1

Z

0

Z

1

Z

2

Z

3

Figura 4:

Realiza¸c˜ao de

ω

(0

,

1)

Z×Z

. Cada c´opia

Z

i

tem seu perfil

pintado por uma cor.

Os perfis s˜ao projetados nas caixas de

Z

,

for-mando um perfil multi-colorido.

A proje¸c˜ao ´e indicada pelo s´ımbolo

de

espelho

.

−5 −10 5 10 0 −5 10 15 5 0 15 20 10 5 −10 −15 0 5 −15 −20 −5 0 −10 −5 . ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... .. ...... ...... ...

Espelho

... ... . ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ...... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... ...

Espelho

(37)

Z ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ··

Γ−3 Γ−2 Γ−1 Γ0 Γ1 Γ2 Γ3

·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· ·· 0 0 5 10 −5 −10 15 −15 5 10 −5 −10 15 −15

Z

2

Z

1

Z

0

Z

1

Z

2

Z

3

Figura 5:

Realiza¸c˜oes dos campos aleat´orios independentes (coloridos),

e do campo aleat´orio h´ıbrido (branco e preto), mas gerado a partir de

um perfil multi-colorido.

−5 −10 5 10 0 −5 10 15 5 0 15 20 10 5 −10 −15 0 5 −15 −20 −5 0 −10 −5 . ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... .. ...... ...... ...

Espelho

... ... . ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... . ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ...... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...... ... ... ... ...

Espelho

... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... .. ... ... ... ... .. ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... .... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

Espelho

(38)

2.2

Processos de Estacionamento em

Z

d

com

re-gras de exclus˜

ao mais gerais

2.2.1 Descri¸c˜ao dos Processos

Seguindo [2], definimos o processo de estacionamento de forma mais abrangente, usando uma no¸c˜ao mais geral de vizinhan¸ca entre s´ıtios

de Zd. Essa no¸c˜ao se traduz a partir do grafo Gν(d) def=

Zd,Eν(d)

,

onde Eν(d) ´e o conjunto de elos que ligam dois s´ıtios distintos, x e

y, de Zd tal que2 |xy|sup ν, para ν N∗ def= N\ {0}, onde ν

´e chamado de raio de intera¸c˜ao. Consideramos tamb´em intera¸c˜oes

mais gerais entre s´ıtios de Zd, atrav´es da defini¸c˜ao de esquemas de

estacionamento: dada uma caixa Λν contida em Zd, chamamos de

esquema de estacionamento um subconjunto Sν(d) = Sν ⊂ {0,1}Λν

tal que 0Λν S

ν. Em palavras, dado um raio de intera¸c˜ao ν e um

s´ıtio qualquer x, Gν(d) diz quem s˜ao os vizinhos de x, enquanto o

esquema de estacionamento informa quais vizinhos influenciam na ocupa¸c˜ao desse s´ıtio por uma part´ıcula.

Denotemos por σ|Λν a restri¸c˜ao deσ `a caixa Λν. Podemos

apre-sentar um algoritmo de constru¸c˜ao de σn que leva em conta regras

de exclus˜ao mais gerais do que a apresentada na se¸c˜ao (3.1), mas sempre de alcance finito.

Defini¸c˜ao 2.2.1 Dado um esquema de estacionamento Sν,

defini-mos o processo de estacionamento na caixa Λn com condi¸c˜ao de

fronteira nula atrav´es do seguinte algoritmo: Para cada ω(0,1)Zd

,

Passo 1 considere σn(ω) = 0Z

d ;

Passo 2 escolha xΛn tal que

ωx= inf{ωz :z ∈Λn e z n˜ao tenha sido escolhido previamente};

2|xy|supdef= max

(39)

Passo 3 Se θx(σn(ω))|Λν ∈Sν, ent˜ao σn(ω)(x)←1;

Passo 4 Se h´a pontos em Λn n˜ao escolhidos ainda, ent˜ao volte ao

passo 2, ou encerre o algoritmo.

Observa¸c˜ao A generaliza¸c˜ao dessa defini¸c˜ao para o caso de subconjuntos arbitr´arios finitos deZd´e imediata. Para um subconjunto finitoF deZd, basta

que definamosσF(ω) da mesma maneira queσn na defini¸c˜ao (2.2.1).

2.2.2 Fun¸c˜ao de Constru¸c˜ao do Campo Aleat´orio

A constru¸c˜ao do objeto aleat´orio limite foi implementada gra¸cas ao

conceito de blindagem. Em palavras, fixada uma realiza¸c˜ao ω Ω,

esse conceito diz que o estado de um s´ıtio qualquerxZd, no limite

termodinˆamico, ´e determinado a partir de uma quantidade finita

mas aleat´oria de uniformes. Ou ainda, existe n tal que σ(x) pode

ser determinado sem a informa¸c˜ao contida em Zd\Λn, e portanto

σ(x) =σn(x).

Blindagem

As trˆes defini¸c˜oes a seguir s˜ao necess´arias para definirmos o conceito de blindagem.

Defini¸c˜ao 2.2.2 Um caminho de pontos no grafoGν(d)´e uma seq¨uˆencia

finita (xi)0≤i≤n, xi ∈Zd; tal que |xi+1−xi|sup ≤ν, 0≤i≤n−1.

Defini¸c˜ao 2.2.3 Um caminho (xi)0≤i≤n ´e dito decrescente (sujeito

a ω∈(0,1)Zd

), toda vez que a seq¨uˆencia num´erica (ωxi)0≤i≤n for

(es-tritamente) decrescente.

Defini¸c˜ao 2.2.4 Para x, y ∈ Zd e ω (0,1)Zd, dizemos que y

in-fluencia x sujeito a ω, se existir um caminho decrescente (xi)0≤i≤n,

(40)

Defini¸c˜ao 2.2.5 (Blindagem) Dado um subconjunto finito F Zd,

definimos a blindagem de F (sujeito a ω ∈ (0,1)Zd

), como o sub-conjunto (aleat´orio)

A(F) =A(F)(ω) =

yZd : x F :y influencia x

Desta defini¸c˜ao fica claro que, para F, G Zd e ω (0,1)Zd

,

temos que (i)A(F)(ω) F; (ii)3 F = Un

i=1Fi ⇒ A(F)(ω) =

Sn

i=1A(Fi)(ω); (iii)F ⊂ G ⇒ A(F)(ω) ⊂ A(G)(ω); (iv)e pode ser

provado [2] que para qualquer F ⊂ Zd, A(F) ´e (quase certamente)

finito.

A partir da defini¸c˜ao de blindagem, o algoritmo aleat´orio limite fica precisamente definido por

σ(ω)(x)def= σA({x})(ω)(ω)(x), ∀x∈Zd

Em palavras, essa defini¸c˜ao indica que para encontrarmos σ(ω)(x):

(i) determinamos ablindagem do conjunto {x} atrav´es da defini¸c˜ao

(2.2.5), (ii) em seguida, constru´ımos/implementamos o processo de

estacionamento sobre A({x}), (iii) e ent˜ao assinalamos o valor do

correspondente limite de satura¸c˜ao σA({x}) ao s´ıtio x. Essas regras

fazem o papel da fun¸c˜ao de constru¸c˜ao fσ para este caso mais geral.

Em [2] os algoritmos finitos (σn)n≥0 do processo de

estaciona-mento s˜ao constru´ıdos no mesmo espa¸co de probabilidade de seu

algoritmo limite, de tal forma que σn → σ quase certamente 4.

Segue da´ı que, dado um esquema de estacionamento Sν, existe uma

´

unica medida de probabilidade µ definida em {0,1}Zd

,BZd

{0,1}

tal que µn ⇒ µ. O elemento aleat´orio σ ´e o limite termodinˆamico da

seq¨uˆencia (σn)n≥0, e sua distribui¸c˜ao µ ´e a correspondente medida

termodinˆamica. A convergˆencia quase certa de σn para o algoritmo

limite σ, se baseia no fato dos conjuntos (aleat´orios)A({x}) serem

3U

denota uni˜ao disjunta.

(41)

est´aveis em rela¸c˜ao `a seq¨uˆencia (σn)n≥1, no sentido que, uma vez

que n seja suficientemente grande tal que A({x})⊂Λn , oslimites

de satura¸c˜ao σm, m≥n s˜ao idˆenticos sobre A({x}).

2.2.3 Aplica¸c˜ao do Teorema Principal

Vamos definir a seq¨uˆencia de conjuntos (An)n≥0 e mostraremos que

P(Ac

n) = O(n−d−δ), o que faz com que todas as hip´oteses do Teorema

(1.2.1) fiquem verificadas para os processos de estacionamento.

Neste caso mais geral dos processos de estacionamento, a seq¨uˆencia

de conjuntos (An)n≥0fica definida atrav´es do conceito de blindagem.

Anν def

= {ω :A{0}(ω)Λnν−ν}.

Consideremos o evento Ac

nν = {A{0} 6⊂ Λnν} ou seja, o evento

no qual existe um caminho (e portanto self-avoiding) decrescente (xj)0≤j≤m, m > n, come¸cando em 0 e terminando fora da caixa

Λnν. Observemos que a probabilidade de um caminho self-avoiding

arbitr´ario (mas fixo) (xj)0≤j≤n ser decrescente ´e 1/(n+ 1)! e que o

n´umero total de caminhos self-avoinding que come¸cam em 0 e que

possuem tamanho n n˜ao ´e maior que (2ν+ 1)d.n, e concluimos (por

subaditividade) que

P{Ac}=P(A{0} 6⊂Λ) (2ν+ 1)

d·n

(n+ 1)! ≤

(2ν+ 1)d·n

n! .

2.3

Processo de Ocupa¸c˜

ao

O Teorema (1.2.1) tamb´em se aplica a modelos onde o espa¸co de spins ´e cont´ınuo, por´em limitado. Nesta se¸c˜ao apresentamos um exemplo desse caso, baseado nos Processos de Estacionamento.

(42)

de mercado. Os agentes s˜ao representados pelos s´ıtios xZd e

po-dem ocupar ´areas esf´ericas de raio r(x), uniformemente distribu´ıdo

no intervalo (0, ρ), com 0 < ρ < ∞. Tomemos uma caixa Λn,

que representa o territ´orio ou mercado em competi¸c˜ao. Um s´ıtio x

(agente) ´e escolhido aleat´oriamente dentre os pertencentes `a caixa

Λn e se apossa de uma ´area de raio r(x), condicionada a n˜ao se

so-brepor a dom´ınios j´a ocupados. O processo continua at´e que todos

os s´ıtios da caixa Λn ocupem algum espa¸co. A Figura 6 mostra uma

realiza¸c˜ao do processo na caixa Λ1.

Da mesma forma que no caso dos Processos de Estacionamento,

queremos construir o processo em todo oZd. Para isso, consideramos

o espa¸co de probabilidade ((0,1)2)Zd

,BZd

(0,1)2, λ

Zd

(0,1)2

que, em

pala-vras, significa associar a cada s´ıtio x ∈Zd duas vari´aveis aleat´orias

unifomes definidas no intervalo (0,1). As componentes de um

ele-mento ω ((0,1)2)Zd

s˜ao pares ordenados de vari´aveis aleat´orias

unifomes, que denotamos por (ωx

1, ωx2). Denotamos porrn∈(0, ρ)Λn

a configura¸c˜ao final do processo na caixa Λn, e por µn a

correspon-dente distribui¸c˜ao definida em (0, ρ)Λn,BΛn

(0,ρ)

.

Apresentamos a seguir o algoritmo de constru¸c˜ao do processo na

caixa Λn. Neste caso usamos a norma euclidiana, que denotamos

por d(·,·), ao inv´es de usar a norma do sup como fizemos nas se¸c˜oes

anteriores.

Defini¸c˜ao 2.3.1 Definimos o Processo de Ocupa¸c˜ao na caixa Λn

com condi¸c˜ao de fronteira nula atrav´es do seguinte algoritmo: Para cada ω ∈((0,1)2)Zd

,

Passo 1 r(x) = −∞ ∀xZd;

Passo 2 escolha xΛn tal que

ωx

1 = inf{ω1z :z∈Λn e z n˜ao tenha sido escolhido previamente};

Passo 3 r(x) =ωx

(43)

Passo 4 Se h´a pontos em Λn n˜ao escolhidos ainda, ent˜ao volte ao

passo 2, ou encerre o algoritmo.

Observa¸c˜oes

1. Esse algoritmo ´e estendido naturalmente para o caso de subconjuntos ar-bitr´arios finitos deZd.

2. A express˜ao min{ρ,max{d(x, z)−r(z),0}}pode ser interpretada como a limita¸c˜ao que a ´area de influˆencia do s´ıtioz imp˜oe `a area de ocupa¸c˜ao do s´ıtiox.

3. No caso em queρ >1, a regi˜ao ocupada por um s´ıtio pode englobar s´ıtios ainda n˜ao escolhidos.

O conceito de blindagem ´e definido da mesma forma que no caso

dos Processos de Estacionamento, atrav´es da defini¸c˜ao (2.2.5).5

Va-mos chamar de r (0, ρ)Zd

o campo aleat´orio limite, ou seja, o

objeto aleat´orio que tem como leiµdef= limn→∞µn. Da mesma forma

que na se¸c˜ao (2.2.2) temos

r(ω)(x)def= rA({x})(ω)(ω)(x), ∀x∈Zd.

2.3.1 Aplica¸c˜ao do Teorema Principal

O roteiro para mostramos que o Teorema (1.2.1) se aplica ao campo

aleat´orio r ´e o mesmo seguido nas se¸c˜oes anteriores, nos casos dos

Processos de Estacionamento:

1. Defini¸c˜ao da seq¨uˆencia de conjuntos (An)n≥1,

Anρ def

= {ω :A{0}(ω)Λn·ρ−ρ}.

2. E pelas mesmas justificativas elencadas na se¸c˜ao (2.2.3), temos

P Ac

n·ρ

=P(A{0} 6⊂Λn·ρ) (2·ρ+ 1)

d·n

(n+ 1)! ≤

(2·ρ+ 1)d·n

n! . 5Observar que na defini¸c˜ao (2.2.2) ´e usada a norma do sup eν=ρ. ´E a norma do sup que

(44)

E portanto, pelo Teorema (1.2.1), temos taxas exponenciais de con-vergˆencia para a medida termodinˆamica deste processo.

t=0 t=1 t=2

t=5 t=4 t=3

t=6 t=7 t=8 t=9

Figura 6:

Realiza¸c˜ao do

Processo de Ocupa¸c˜ao

na

(45)
(46)

Cap´ıtulo 3

Rede de Filas com Perdas,

com Intera¸c˜

oes de Longo

Alcance e Cauda Pesada

Neste cap´ıtulo apresentamos um exemplo de aplica¸c˜ao do Teorema (1.2.1) `a medida estacion´aria de um sistema de part´ıculas intera-gentes, que em sua forma mais geral apresenta intera¸c˜oes de longo

alcance. Trata-se de uma rede de filas indexadas por Zd com

capa-cidade total K, 1K <.

Na primeira se¸c˜ao tratamos do caso K = 1: apresentamos (1) a

constru¸c˜ao gr´afica do processo; (2) as condi¸c˜oes para a constru¸c˜ao do objeto aleat´orio limite, ou seja, do objeto aleat´orio distribu´ıdo segundo a medida estacion´aria do processo; (3) mostramos que o Teorema (1.2.1) pode ser aplicado `as medidas estacion´arias do

pro-cesso. Na segunda se¸c˜ao apenas indicamos o caso K > 1

(47)

3.1

Rede de Filas com Capacidade K=1

A cada s´ıtio de Zd associamos uma fila sem sala de espera e com

capacidade de atender um cliente por vez. Qualitativamente, o

pro-cesso evolui da seguinte forma: um servi¸co termina com taxa µ;

e um cliente ´e aceito numa fila vazia a uma taxa proporcional ao ”peso“ total das filas desocupadas `a sua volta.

Mais precisamente, consideramos um processo de Markov a tempo

cont´ınuo {ηt:t ≥0}, que assume valores em {0,1}

Zd

, ou seja, para

cada x∈Zd,ηt(x) assume 0 ou 1. O estado 0 indica que n˜ao h´a

cli-entes na fila associada ao s´ıtio x, e o estado 1 indica que um cliente

est´a sendo atendido. E dada uma distribui¸c˜ao de probabilidade, ν

emZd, isto ´e,P

x∈Zdν(x) = 1, temos ent˜ao um sistema de part´ıculas

interagentes de longo alcance. Chamando dec(x, η) a taxa com que

o estado do s´ıtioxflipa quando o processo assume a configura¸c˜aoη,

ent˜ao esse sistema de part´ıculas evolui de acordo com as seguintes taxas

c(x, η) =

µ seη(x) = 1 λ·P

y∈Zdν(y−x)[1−η(y)] seη(x) = 0.

(3.1)

Esta dinˆamica pode ser encarada como um processo que modela a entrada e a sa´ıda de usu´arios em uma rede de terminais. A sa´ıda

de um usu´ario ocorre com taxa µ, enquanto a taxa de conex˜ao de

um usu´ario a um terminal depende da configura¸c˜ao global da rede, sendo tanto maior, quanto maior for a quantidade de terminais de-socupados.

3.1.1 Existˆencia do processo

Vamos denotar por ηx a configura¸c˜ao η que apresenta apenas o

es-tado do s´ıtio x flipado. Consideremos uma fun¸c˜ao g := g(η), e

definimos ||g|| := P

(48)

Dizemos que a fun¸c˜ao g ´e Lipschitz cont´ınua se ||g|| < . Um processo fica bem definido se as taxas de evolu¸c˜ao do processo sa-tisfizerem as seguintes condi¸c˜oes [14]:

• Apresentam invariˆancia translacional: sey Zde se o operador

de transla¸c˜aoθyatua sobreη, de tal forma queθyη(x) = η(x+y)

para cadax∈Zd, ent˜ao a invariˆancia translacional implica que

c(x+y, θyη) =c(x, η);

• S˜ao Lipschitz cont´ınuas, ou seja, ||c(0, .)||<∞.

As taxas definidas na express˜ao (3.1) satisfazem de maneira ´obvia a primeira condi¸c˜ao. Vamos mostrar que essas taxas tamb´em sa-tisfazem a segunda condi¸c˜ao. Comecemos fixando uma configura¸c˜ao

η e analisemos |c(0, ηx)c(0, η)| para x = 0 e x 6= 0. Para x = 0

temos

|c(0, η0)c(0, η)| ≤ |µλ X

y:η(y)=0

ν(y)| ≤max{µ, λ}.

Agora, tomando o sup sobre todas as configura¸c˜oes η ∈ {0,1}Zd

temos

sup

η |c(0, η

0)c(0, η)| ≤max{µ, λ} ⇔ ||c(0, η0)c(0, η)||

∞≤max{µ, λ}.

Parax6= 0 temos |c(0, ηx)c(0, η)|=λ·ν(x) e, consequentemente,

sup

η |

c(0, ηx)c(0, η)|=||c(0, ηx)c(0, η)||∞=λ·ν(x).

E, finalmente temos

||c(0, .)|| =P

x||c(0, ηx)−c(0, η)||∞

=||c(0, η0)c(0, η)||

∞+Px6=0||c(0, ηx)−c(0, η)||∞

≤max{λ, µ}+P

Referências

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