• Nenhum resultado encontrado

Farmacêuticos e suas atividades em farmácias comunitárias: uma análise de perfil

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2017

Share "Farmacêuticos e suas atividades em farmácias comunitárias: uma análise de perfil"

Copied!
90
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS

FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS

COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL

SARALY DOS SANTOS SOUZA

(2)

SARALY DOS SANTOS SOUZA

FARMACÊUTICOS E SUAS ATIVIDADES EM FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: UMA ANÁLISE DE PERFIL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

Orientadora: Profª Dra. Maria Cleide Ribeiro Dantas de Carvalho

(3)

                     

(4)
(5)

AGRADECIMENTOS

À minha orientadora, Profª Dra. Maria Cleide Ribeiro Dantas de Carvalho, pelos conselhos sempre úteis e precisos com que, sabiamente, orientou esta dissertação.

À Coordenação da Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pelo incentivo e confiança em meu talento.

A meus pais e irmão pelo apoio incondicional em todas as horas.

(6)

“Realize o seu sonho, você mesmo vai ter que fazer

isso. Eu não posso acordar você. Você é quem pode

se acordar. Por que nós estamos no mundo?

Certamente não para viver com medo e dor. Nós

todos b

rilhamos como a lua, as estrelas e o sol...”

(7)

RESUMO

O objetivo do presente estudo foi estabelecer o perfil do farmacêutico responsável técnico por farmácias comunitárias da cidade de Natal/RN, caracterizando elementos pessoais, percepção do seu papel e da atenção farmacêutica realizada, níveis de satisfação profissional, tipo de serviços prestados e qualidade destes em âmbito humano e estrutural. Para tanto, foi feito um estudo transversal exploratório aplicando um questionário contendo perguntas abertas e fechadas, o qual foi aplicado aos farmacêuticos responsáveis técnicos por farmácias comunitárias em Natal/RN, no período de setembro de 2010 a setembro de 2011. A amostra foi estabelecida através do cálculo da amostra aleatória simples, com grau de confiança de 95% e nível de significância de 0,05. Para avaliar o nível de satisfação das atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias foi usada a Escala de Satisfação Simples (LIKERT, 1935). Para avaliar as atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da atenção farmacêutica, foi utilizada o Modelo de Atitude em Relação ao Objeto (FISHBEIN; AJZEN, 1975). As respostas foram convertidas em dados analisados estatisticamente pelo programa Epi Info 3.5.2 Os resultados mostraram que os pontos positivos e negativos em relação ao perfil do farmacêutico e suas atividades nas farmácias comunitárias de Natal/RN não são diferentes em relação a outras capitais do país. Os aspectos mais relevantes foram: em 51% (n = 90) dos estabelecimentos visitados o farmacêutico estava ausente; 46% (n = 80) não possuem pós-graduação e dos que a fazem ou a concluíram, 33% (n = 51) são na área das Análises Clínicas; 56% (n = 98) trabalham 08h/dia e 64% (n = 111) afirmam que esta carga horária influencia no seu desempenho; 83% (n = 146) recebem como salário, o piso farmacêutico referente ao estado do Rio Grande do Norte; 44% (n = 76) estão insatisfeitos quanto ao salário, sendo esta a maior dificuldade citada; 78% (n = 136) afirmam serem sempre procurados pelos usuários sendo a receptividade destes considerada boa (52%, n = 91). As atividades de maior satisfação são aquelas ligadas à atenção farmacêutica e as de menor, as administrativas. Quanto às atitudes e percepções, o escore mais negativo foi para a pergunta „se o farmacêutico se sente trabalhando em equipe com o médico‟, em que 59% (n= 103) responderam „nunca‟.

(8)

profissão farmacêutica na solução e minimização dos pontos negativos e estímulo aos positivos.

(9)

ABSTRACT

(10)
(11)

LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 Atividades em que o farmacêutico dedica mais tempo... 46 GRÁFICO 2 Principais dúvidas dos usuários... 50

GRÁFICO 3 Estratégias usadas pelos farmacêuticos fazerem suas

(12)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Regiões Administrativas / Áreas de Fiscalização do

(13)

LISTA DE TABELAS

TABELA 1

Distribuição de estabelecimentos farmacêuticos por área metropolitana de fiscalização, CRF/RN, set. 2010, e amostra a ser pesquisada...

30

TABELA 2 Dados pessoais e profissionais dos farmacêuticos

comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)... 33

TABELA 3

Dados relacionados às atividades desenvolvidas na farmácia, pelos farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)...

39

TABELA 4 Demonstrativo da relação habitante/farmácia nas áreas de

fiscalização do CRF/RN, Natal/RN, 2010... 44

TABELA 5 Atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias

comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n = 175)... 45

TABELA 6

Nível de satisfação nas atividades realizadas pelos

farmacêuticos nas farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011...

45

TABELA 7

Atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da atenção farmacêutica, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)...

48

TABELA 8

Dificuldades encontradas para o farmacêutico exercer suas atividades em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)...

49

TABELA 9

Nível de aptidão dos farmacêuticos para tirar dúvidas dos usuários em farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)...

50

TABELA 10 Local em que o farmacêutico orienta o usuário em farmácias

comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)... 52

(14)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 15

2 REVISÃO DA LITERATURA... 17

2.1 Evolução da Profissão Farmacêutica: auge, problemática e renovação... 17

2.2 Farmácias Comunitárias: o reencontro da profissão farmacêutica... 19

2.3 Farmácias Comunitárias em Alguns Países... 20

2.4 Farmácias Comunitárias no Brasil... 22

3 MÉTODOS... 24

3.1 Coleta de Dados... 24

3.2 Amostra... 25

3.2.1 Áreas de Fiscalização do CRF/RN / Regiões Administrativas... 25

3.2.2 Cálculo da Amostra... 29

3.3 Avaliação dos Dados... 30

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO... 32

4.1 Dados Pessoais e Profissionais... 32

4.2 Dados Relacionados às Atividades na Farmácia... 39

4.3 Dados Relacionados à Orientação ao Usuário... 50

4.4 Dados Relacionados à Estrutura da Farmácia... 52

5 CONCLUSÃO... 54

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 55

6.1 Farmacêutico... 55

6.2 Instituições de Ensino... 55

6.3 Fiscalização... 56

(15)

6.5 Usuários de Medicamentos... 57 REFERÊNCIAS... 59 APÊNDICE A – QUESTIONÁRIO... 65 APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

(16)

1 INTRODUÇÃO

Em 1997, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estabeleceu que "a missão da prática farmacêutica é prover medicamentos e outros produtos e serviços e auxiliar as pessoas e a sociedade a utilizá-los da melhor forma possível" (OMS; OPAS, 1997). Posteriormente, em 2006, a mesma OMS publicou um manual como referência para a reorientação da educação e da prática farmacêutica e a incorporação da atenção farmacêutica nesta prática (OMS; FIP, 2006).

O cerne da profissão farmacêutica é o medicamento e com este a atenção à saúde da população seja em âmbito hospitalar, industrial, laboratorial, ensino e pesquisa, público ou privado. A discussão sobre a importância de se acrescentar a este processo farmácias e drogarias, transformando-as não em meros

“estabelecimentos comerciais” e sim em “órgãos de saúde”, no mundo e no Brasil é

de longa data promovendo a necessidade de regulamentações específicas e, não raro, conflitos de interesse dos mais diversos (SILVANA; FERREIRA; RIBEIRO, 2008).

São nas farmácias e drogarias onde, provavelmente, a população terá o último contato com um profissional de saúde (ZUBIOLI, 1996a) e é neste momento de grande importância que a atuação do farmacêutico, promovendo o uso racional de medicamentos e fazendo uso das boas práticas farmacêuticas, se faz necessária. A união de mudanças da legislação, reafirmação do profissional farmacêutico e maior cobrança da população, têm provocado em muitos destes estabelecimentos, a necessidade de incluir serviços de atuação clínica farmacêutica como diferencial competitivo no enfrentamento da concorrência de grandes redes do varejo farmacêutico (SCHROEDER et al., 2009).

(17)

de farmacêutico. O fato de serem “comunitárias” está ligado ao atendimento a pessoas que vivem e/ou trabalham em locais próximos a estas farmácias. Mesmo não havendo esta territorialidade, o compartilhamento de ações entre o estabelecimento, principalmente no papel do farmacêutico, caracteriza a relação de comunidade.

Mas como cobrar do farmacêutico um posicionamento não-mercantilista e de desvalor de sua profissão se não conhecemos este profissional? Quem são esses farmacêuticos? O que pensam? Como reagem aos problemas de sua formação e atuação profissionais? Quais problemas enfrentam? Qual sua satisfação? Os órgãos

fiscalizadores possuem números, mas e a “identidade” destes profissionais?

Saber das respostas para estas perguntas (inicialmente) e tentar, a partir daí, traçar um perfil desse profissional foi a inspiração para esta pesquisa que tem como objetivo principal conhecer o profissional farmacêutico responsável técnico pelas farmácias comunitárias de Natal/RN, caracterizando elementos pessoais, percepção do seu papel e da atenção farmacêutica, níveis de satisfação profissional, tipo de serviços prestados e a qualidade destes em âmbito humano e estrutural.

Essa avaliação servirá como um verdadeiro mapeamento no que diz respeito ao trabalho, de que maneira eles o exercem, suas perspectivas e o impacto de suas ações sobre a população que procura a farmácia e precisa obter dela serviços farmacêuticos de qualidade e, acima de tudo, um profissional farmacêutico de qualidade.

(18)

2 REVISÃO DA LITERATURA

2.1 EVOLUÇÃO DA PROFISSÃO FARMACÊUTICA: AUGE,

PROBLEMÁTICA E RENOVAÇÃO

A profissão farmacêutica encontra-se em um momento de ascensão e profundas transformações no mundo e no Brasil. Transformações estas relacionadas, dentre outras, à integração do farmacêutico nas equipes de saúde (tornando a multidisciplinaridade um aliado aos pacientes para obtenção de melhorias na saúde e sucesso terapêutico) e reconhecimento da sociedade sobre o papel deste profissional. A história da Farmácia e, por conseguinte, do farmacêutico vem passando por evoluções, quedas e novamente, na atualidade, por restabelecimento. Esta história passa pelos primórdios da antiguidade clássica. Neste período, houve as primeiras divisões nas ocupações nas áreas de saúde entre os pharmakopoloi (gregos) e pharmacopoli (romanos), que lidavam com medicamentos, dos médicos iatros (DIAS, 2009). No início do século XX surgiram os boticários (profissional de saúde que manipulava medicamentos e mais acessível à população) chegando, após a revolução industrial, com a instalação dos grandes conglomerados farmacêuticos tornando os medicamentos como uma importante fatia da economia mundial (DIAS, 2009).

Em meados dos anos 70, veio o advento das chamadas farmácias (que comercializam tanto medicamentos magistrais quanto os industrializados) e drogarias (que só podem comercializar medicamentos industrializados) com caráter estritamente mercantilista, sobretudo no Brasil, havendo perda da identidade profissional dos farmacêuticos que começaram a se afastar de sua área de atuação milenar, o medicamento. Esse distanciamento se inicia nos próprios cursos de Farmácia onde os estudantes passam a optar por outras áreas da profissão. Segundo

Haddad et al. (2006) “em 1973, 97% dos estudantes de Farmácia do país haviam

optado pela área de análises clínicas”.

(19)

do dia a dia da profissão farmacêutica, degradando o profissional e deixando a população a mercê de atitudes inescrupulosas sobre o seu bem mais importante: a saúde, além do acesso a serviços de saúde de qualidade (CARLINI, 1996).

Dentre uma das inúmeras ações ilegais que fazem parte deste contexto,

tem-se a “empurroterapia”, constituindo-se em uma prática irregular em que balconistas oferecem e indicam medicamentos para ganhar comissão e premiação dos seus fabricantes (CARLINI, 1996). Há também acordos antiéticos entre os proprietários de

farmácias/drogarias e farmacêuticos que „assinam‟ a responsabilidade técnica do

estabelecimento, mas não estão presentes e recebem valores salariais abaixo do piso, desvalorizando a categoria.

Em relação ao assédio moral, encontram-se, por exemplo, a ameaça de demissão por não cumprir metas de vendas, o não-cumprimento às leis trabalhistas, os desvios de funções (farmacêutico confundido com gerente, balconista, administrador), a exigência de exclusividade não podendo trabalhar em outras farmácias, entre outras.

Com os crescentes casos de intoxicações por medicamentos, atitudes mercantilistas inescrupulosas, falsificações de medicamentos e preços abusivos praticados pela indústria farmacêutica, na década de 90, a Organização Mundial da

Saúde (OMS) através do documento “The Role of The Pharmacist in The Health Care System” (1997), define o perfil do farmacêutico apontando-o como um profissional necessário ao tratamento farmacológico para obtenção de resultados favoráveis a melhoria da qualidade de vida dos pacientes. Então, definiu-se Atenção Farmacêutica que envolve macrocomponentes como a educação em saúde, orientação farmacêutica, dispensação, atendimento farmacêutico e seguimento farmacoterapêutico, além do registro sistemático das atividades, mensuração e avaliação dos resultados (IVAMA, 2002).

(20)

2.2 FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS: O REENCONTRO DA PROFISSÃO

FARMACÊUTICA

As drogarias e farmácias como modelos meramente mercantilistas, vem sendo gradativamente combatidas pelos profissionais farmacêuticos atualizados e realmente comprometidos com sua profissão e com a saúde, pelos órgãos de fiscalização (nacionais e internacionais) e pelo reconhecimento e exigência da população preocupada e cada vez menos leiga em quesitos de saúde.

A farmácia é por sua natureza um centro prestador do serviço público onde há, além da distribuição de medicamentos, atenção à saúde da população (SANTOS, 1998b). Segundo Ferraes e Cordoni Junior (2011) há concordância de alguns autores sobre a importância de se integrar a Farmácia ao Sistema Sanitário, na tentativa de contribuir na atenção primária à saúde, através da participação em programas de prevenção e promoção da saúde (MOTA et al., 2000; SANTOS, 1998a; ZUBIOLI, 1996b).

O futuro da profissão farmacêutica talvez esteja na prestação de serviços, na resolução de problemas com os medicamentos e no desenvolvimento da atenção farmacêutica (IVAMA, 2002). Se quisermos uma farmácia de interesse social e não somente um comércio com altos lucros, torna-se claro que o próprio farmacêutico tem uma grande tarefa devendo fazer parte de todo o processo de assistência à saúde (FERRAES; CORDONI JUNIOR, 2011).

As farmácias comunitárias encaixam-se neste contexto. Atividades voltadas ao medicamento, assistência e atenção farmacêuticas estão em voga e são uns dos importantes focos de ações de saúde no país, como já citadas anteriormente. Porém as ações esbarram nos interesses mercantilistas de alguns destes estabelecimentos e, muitas vezes, são menosprezadas ou mesmo impedidas de serem realizadas. Isso gera motivo de preocupação porque são nas farmácias e drogarias onde ocorre o último contato do paciente com um profissional de saúde e com o medicamento o que poderá lhe trazer um uso racional deste ou não (ZUBIOLI, 1996a).

“São nas farmácias comunitárias o local do primeiro emprego de cerca de 70%

dos farmacêuticos brasileiros e onde eles obtêm o aprendizado na prática que as

(21)

dado relevante trazendo o questionamento sobre o nível de atuação destes farmacêuticos.

As novas e muitas exigências que recaem sobre os farmacêuticos que atuam nas farmácias comunitárias estão construindo um novo paradigma para a profissão estruturado na super-qualificação e no conhecimento.

2.3 FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS EM ALGUNS PAÍSES

Em outros países, a farmácia comunitária tem as seguintes características: A Índia tem um setor de rápido crescimento da indústria farmacêutica e uma necessidade de farmacêuticos bem preparados. O fornecimento de medicamentos à população é realizada por farmácias comunitárias de propriedade privada e às vezes também por farmácias hospitalares. Os farmacêuticos comunitários estão envolvidos apenas na distribuição de medicamentos. No entanto, eles têm oportunidade de melhorar a saúde da população, particularmente da seção desfavorecidas da sociedade que não têm os recursos para visitar clínicas). No entanto, barreiras importantes para a prestação de assistência farmacêutica existe, incluindo a falta de educação adequada e de formação de farmacêuticos, fraca implementação das leis existentes, e falta de reconhecimento da farmácia como profissão pelo outros profissionais de saúde (BASAK; VAN MIL; SATHYANARAYANA, 2009).

Na União Européia, a farmácia obedece ao conceito de farmácia única integrando medicamentos industrializados e manipulados, suplementos alimentares e fitoterápicos. A prática da Atenção Farmacêutica vem sendo implantada gradualmente. A propriedade exclusiva pelos farmacêuticos destas farmácias varia entre os países, mas se mantêm em sua maioria (ANFARMAG, 2009).

Na Espanha, todas as farmácias em atividade possuem apenas uma pessoa para atendimento ao público, o farmacêutico, e somente podem funcionar com a presença deste (FONSECA, 2011).

(22)

pressão arterial e colesterol e inalação, no entanto, alguns serviços são reembolsáveis (HERBORG; SORENSEN; FROKJAER, 2007).

Na Inglaterra, as farmácias comunitárias tem sido organizadas pelo governo para contribuírem com a atenção primária e pública de saúde. A prioridade é integrar serviços nas farmácias a programas de saúde, principalmente através do fortalecimento de informações tecnológicas e disposições contratuais (NOYCE, 2007). Nos Estados Unidos da América, a dispensação de medicamentos continua a ser o foco principal, mas a incidência de pacientes que estão sendo aconselhados sobre medicamentos parece estar aumentando. Mais de 25% dos proprietários de farmácias comunitárias relatam serviços de cuidados clínicos, tais como aconselhamento de medicamentos e gerenciamento de doenças crônicas. A maioria dos programas de seguro pagam farmacêuticos apenas para dispensar serviços, ainda há um número crescente de iniciativas públicas e privadas que reembolsam os farmacêuticos para os serviços cognitivos. Reembolso por serviços cognitivos continua a ser pouco frequente, mas é uma atividade crescente (CHRISTENSEN; FARRIS, 2006).

No Canadá, o papel do farmacêutico na assistência ao paciente continua em grande expansão em farmácias comunitárias, no entanto, os obstáculos à prestação da assistência farmacêutica ainda existem, incluindo a atual escassez de farmacêuticos e a falta de sistemas de reembolso por serviços realizados (JONES; MACKINNON; TSUYUKI, 2005).

(23)

2.4 FARMÁCIAS COMUNITÁRIAS NO BRASIL

No Brasil, a farmácia comunitária é o segmento profissional que reúne o maior número de farmacêuticos: aproximadamente 60% de todos profissionais registrados nos Conselhos Regionais de Farmácia (SBFC, 2012). Entretanto, este segmento é talvez o que recebe a menor remuneração salarial, oferece menos perspectivas de crescimento e, assim, detém o maior índice de insatisfação profissional.

Segundo o Conselho Federal de Farmácia em seu último relatório de atividades dos Conselhos Regionais de Farmácia (divulgado em dezembro de 2010), existem 82.204 estabelecimentos farmacêuticos no país, com a proporção de um estabelecimento para cada grupo de 3,2 mil pessoas, o que demonstra um número excessivo de farmácias no Brasil.

A situação atual das farmácias comunitárias no Brasil é de transformação. Os problemas são muitos, mas aponta-se um combate a eles. As ações clínicas na farmácia, antes restritas ao âmbito hospitalar, com o surgimento da atenção farmacêutica, expandem-se gradativamente para as farmácias comunitárias (MOREIRA, 2011). Estas são incentivadas pelo novo engajamento dos profissionais farmacêuticos ancorados pelas instituições legais, modificações nas legislações e conscientização e cobrança da população.

(24)

A revalorização do profissional farmacêutico e seu posicionamento diante de suas funções e importância no processo geral de saúde vêm sido enfatizadas e impulsionadas por mudanças que abrangem desde o ensino farmacêutico nas Universidades até mudanças importantes nas legislações e programas do Governo Federal. As Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Farmácia, aprovadas em 2002, abandonando os modelos tecnicistas e voltando-se para uma formação mais generalista, humanística e crítica, contribuiu, dessa forma, para a concepção de profissionais mais aptos a lidar com os desafios que o contexto atual exige (BRASIL, 2002).

O advento da Política Nacional de Medicamentos em 1998, dos medicamentos genéricos em 1999, (Lei 9.787/99), a criação do Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados – SNGPC (RDC 27/07), a Resolução que dispõe sobre as Boas Práticas Farmacêuticas (RDC 44/09), a criação dos NASF - Núcleos de Apoio à Saúde da Família e a e inclusão dos farmacêuticos nesses núcleos (RDC 154/08), de projetos como Programa de Farmácias Notificadoras e Projeto de Fracionamento de Medicamentos, lançados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), além de outros, tem contribuído, sobremaneira, para a revalorização do profissional farmacêutico (BRASIL, 1998, 1999, 2007, 2008, 2009).

A criação em abril de 2009 da Sociedade Brasileira de Farmácia Comunitária (SBFC), o curso de “Assistência Farmacêutica na Farmácia Comunitária” realizado

pelo Conselho Federal de Farmácia (CFF) em várias capitais do Brasil, o aumento do número de fiscalizações (pelas Visas e Conselhos regional e federal) a fim de se verificar a qualidade dos serviços prestados e direitos dos farmacêuticos prestados e campanhas de conscientização da população sobre uso racional de medicamentos, sinalizam novos tempos para as farmácias comunitárias e de sua importância como centro propagador e extensor de saúde e não somente comerciais.

(25)

3 MÉTODOS

A pesquisa constituiu-se de um estudo transversal exploratório realizado no período de setembro de 2010 a setembro de 2011, em Natal/RN.

O Conselho de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes (CEP-HUOL) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), autorizou a pesquisa (protocolo CEP-HUOL 417/10).

O termo farmácia comunitária deve ser entendido segundo a definição de Bareta (2003, p. 105) como

[...] estabelecimentos farmacêuticos de propriedade privada, os quais atendem diretamente o paciente na dispensação de medicamentos industrializados, em suas embalagens originais, os quais não estão inseridos em hospitais, unidades de saúde ou equivalente. Estas farmácias não manipulam medicamentos e o atendimento ao paciente acontece ao nível de atenção primária à saúde, com a responsabilidade técnica, legal e privativa, de farmacêutico (BARETA, 2003, p. 105).

Portanto, neste trabalho, o termo farmácia comunitária exclui tanto as farmácias de manipulação como as farmácias públicas (pertencentes aos programas do governo), referindo-se tão somente às farmácias ditas comerciais ou drogarias. Denominou-se “farmácia” ao longo de todo trabalho para simplificação. e “usuários” no lugar de “pacientes” (mais adequado para unidades hospitalares) ou “clientes”

(muito comercial).

3.1 COLETA DE DADOS

(26)

constituído por perguntas abertas e fechadas elaborado com a finalidade de se obter o melhor universo de respostas relacionadas ao tema e ao objetivo da pesquisa.

O tempo médio de preenchimento do questionário foi de 30 minutos.

3.2 AMOSTRA

As farmácias comunitárias foram selecionadas randomicamente a partir de listagem oficial de farmácias fornecida pelo CRF/RN. As visitas foram feitas de acordo com os horários do responsável técnico farmacêutico, especificados no CRF/RN, de forma a abranger o maior número de bairros correspondentes à área. Quando o farmacêutico não era encontrado, era feita uma nova visita para comprovar se a ausência foi pontual ou não, persistindo a falta numa terceira visita, era caracterizada a ausência, contando esta como importante índice para avaliação. Dessa forma, uma nova farmácia era sorteada para visita a fim de perfazer o total da amostra (n).

3.2.1 Áreas de Fiscalização do CRF/RN / Regiões Administrativas

A listagem das farmácias comunitárias da cidade de Natal/RN usada para fiscalização do CRF/RN mapeia a cidade em 06 áreas de fiscalização baseadas no princípio da proximidade geográfica, sendo representativa de toda a cidade.

Segundo dados do CRF/RN, em setembro de 2010, existiam 320 farmácias comunitárias na cidade de Natal/RN, distribuídas em 06 áreas metropolitanas de fiscalização (FIG. 01).

Por sua vez, a cidade do Natal é constituída por 36 bairros distribuídos em 4 regiões administrativas (norte, sul, leste e oeste) (FIG. 01).

(27)

LEGENDA

Região Administrativa Norte Área I Região Administrativa Sul Área II Região Administrativa Leste Área III Região Administrativa Oeste Área IV Área V Área VI

FIGURA 1 Regiões Administrativas / Áreas de Fiscalização do CRF/RN Adaptado de Natal (2009b)

P

arq

u

e

d

as

D

u

n

(28)

ÁREA I – Bairros da Ribeira, Rocas, Praia do Meio, Santos Reis, Brasília Teimosa (14 farmácias comunitárias)

Os bairros da Área I pertencem a Região Administrativa Leste.

De acordo com Natal (2009a), a localidade Brasília Teimosa pertence ao bairro de Santos Reis.

De acordo com Natal (2009a), a Área I compreende 336,6 Ha (3,37 Km2) e tem uma população residente de 23.439 habitantes. Portanto, 1.674 hab/farmácia.

ÁREA II – Bairros do Alecrim, Cidade Alta, Petrópolis, Tirol, Barro Vermelho, Quintas, Bairro Nordeste e Mãe Luíza (82 farmácias comunitárias).

Com exceção dos bairros Quintas e Nordeste que pertencem à região administrativa oeste, todos os outros bairros da Área II também pertencem à Região Administrativa Leste.

De acordo com Natal (2009a), a Área II compreende 1.485,19 Ha (14,85 Km2) e tem uma população residente de 125.103 habitantes. Portanto, tem 1.525 hab/farmácia.

ÁREA III – Bairros do Panatis, Potengi, Soledade, Gramoré, Santa Catarina, Igapó, Pajuçara, Cidade Praia, Redinha, Parque dos Coqueiros, Além Potengi, Parque das Dunas, Alvorada, Lagoa Azul, Nova Aliança, Nova República, Vale Dourado (84 farmácias comunitárias).

Na verdade, a lista oferecida pelo CRF/RN comete alguns equívocos ao listar como bairros alguns conjuntos habitacionais e loteamentos da Área III. No entanto, os bairros, conjuntos habitacionais e loteamentos da Área III pertencem à Região Administrativa Norte.

(29)

De acordo com Natal (2009a), a Área III compreende 4.472,79 Ha (44,73 Km2) e tem uma população residente de 284.668 habitantes. Portanto, 3.388 hab/farmácia.

ÁREA IV – Bairros da Cidade da Esperança, Dix-sept Rosado, Felipe Camarão, Bom Pastor, Cidade Nova e N. S. de Nazaré (30 farmácias comunitárias).

Todos os bairros da Área IV pertencem à Região Administrativa Oeste.

De acordo com Natal (2009a), a Área IV compreende 1.593,04 Ha (15,93 Km2) e tem uma população residente de 137.712 habitantes. Portanto, 4.590 hab/farmácia.

ÁREA V – Bairro de Lagoa Nova, Lagoa Seca, Nova Descoberta, Candelária, Morro Branco, Nova Dimensão e Potilândia (54 farmácias comunitárias).

De acordo com Natal (2009b), Morro Branco é uma localidade do bairro de Lagoa Nova e Nova Dimensão e Potilândia são conjuntos habitacionais do bairro Lagoa Nova. Portanto, excetuando-se o bairro de Lagoa Seca que pertence à Região Administrativa Leste, os demais bairros, localidades e conjuntos habitacionais da Área V pertencem à Região Administrativa Sul.

De acordo com Natal (2009a), a Área V compreende 1.762,48 Ha (17,62 Km2) e tem uma população residente de 75.433 habitantes. Portanto, 1.396 hab/farmácia.

ÁREA VI – Bairros de Neópolis, Pitimbú, Ponta Negra, Capim Macio, Cidade Satélite, Pirangi, Jiqui, Mirassol e Cidade Jardim (56 farmácias comunitárias). De acordo com Natal (2009b), Cidade Satélite é um conjunto habitacional do bairro Pitimbú; Pirangi e Jiqui conjuntos habitacionais do bairro Neópolis; Mirassol conjunto habitacional do bairro Capim Macio e Cidade Jardim um loteamento do bairro Capim Macio. Portanto, os bairros, conjuntos habitacionais e loteamentos da Área VI pertencem à Região Administrativa Sul.

(30)

3.2.2 Cálculo da Amostra

Para estabelecimento da amostra (n), utilizou-se o cálculo da amostra aleatória simples, com grau de confiança de 95% e nível de significância de 0,05.

q p N E N q p n . . ) 1 ( . . . 2 2

Onde: n = amostra a ser calculada

α = grau de confiança 95% = 1,96

p = 50% = 0,5 q = 1 - p

E = estrato = 5% = 0,05

N = total da amostra (320 farmácias)

5 , 0 . 5 , 0 . ) 96 , 1 ( ) 1 320 .( ) 05 , 0 ( 320 . 5 , 0 . 5 , 0 . ) 96 , 1 ( 2 2 2

n n 174,83 175

ÁREA I ÁREA II ÁREA III ÁREA IV

320 – 100% 320 – 100% 320 – 100% 320 – 100% 14 – X 82 – y 84 – z 30 - w X=4,37 y = 25,62 z = 26,25 w = 9,37

ÁREA V ÁREA VI

320 – 100% 320 – 100%

54 – a 56 - b

a = 16,87 b = 17,50

ÁREA I ÁREA II ÁREA III

175 – 100% 175 – 100% 175 – 100% x – 4,37 y – 25,62 z – 26,25

x=7,6 ~ 7 y = 45,3 ~ 45 z = 46,4 ~ 46

ÁREA IV ÁREA V ÁREA VI

175 – 100% 175 – 100% 175 – 100% w – 9,37 a – 16,8 b – 17,5

(31)

A Tabela 1 demonstra a distribuição de estabelecimentos farmacêuticos por área metropolitana de fiscalização e amostra a ser pesquisada.

TABELA 1 - Distribuição de estabelecimentos farmacêuticos por área metropolitana de fiscalização, CRF/RN, set. 2010, e farmacêuticos comunitários a serem pesquisados (n=175 e IC = 95%)

ÁREAS DE FISCALIZAÇÃO EM

NATAL/RN

FARMÁCIAS E

DROGARIAS AMOSTRA

Área I 14 7

Área II 82 45

Área III 84 46

Área IV 30 16

Área V 54 30

Área VI 56 31

TOTAL 320 175

3.3 AVALIAÇÃO DOS DADOS

Para avaliar o nível de satisfação das atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias foi usada a Escala de Satisfação Simples (LIKERT, 1935). As escalas de Likert consistem numa série de afirmações, todas elas relacionadas com a atitude de uma pessoa em face de um objeto singular. Nas escalas Likert aparecem dois tipos de informações: o primeiro tipo é composto por afirmações cuja aceitação ou concordância é indicadora de uma atitude positiva ou

favorável face ao objeto de interesse (estas são chamadas “afirmações favoráveis”).

O segundo tipo é composto por afirmações cuja rejeição ou discordância é indicadora de uma atitude negativa ou desfavorável face ao objeto (estas são

chamadas “afirmações desfavoráveis”). Em geral uma escala Likert é composta por

um número equivalente de afirmações favoráveis e afirmações desfavoráveis. Um valor numérico é atribuído a cada opção de resposta. (ANDERSON, 1990).

(32)

está nada satisfeito com o item, ou seja, uma escala de diferencial semântico ancorada por dois extremos de satisfação (FONTENOT; HENKE; CARSON, 2005).

Em relação à avaliação das atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da atenção farmacêutica, foi utilizada o Modelo de Atitude em Relação ao Objeto (FISHBEIN; AJZEN, 1975). Este é um dos diversos modelos de multiatributos, desenvolvido para descrever o modo como os consumidores combinam suas crenças sobre os atributos do produto e para formar conceitos a respeito das Além disso, sugere que alguns fatores influenciam a formação da atitude: os atributos visíveis; o quanto os consumidores acreditam que o objeto possui tais atributos e quanto é bom ou ruim cada um dos atributos. (MOWEN; MINOR 2003).

(33)

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 DADOS PESSOAIS E PROFISSIONAIS

Após as visitas às farmácias observou-se que em 90 estabelecimentos (51%), o farmacêutico não estava presente durante o horário de funcionamento declarado junto ao CRF/RN. É importante novamente frisar que a ausência era caracterizada após terceira visitada no mesmo estabelecimento. A área que apresentou maior ausência foi a III (23%, n = 21), sendo esta a maior área em termos de extensão e de número de farmácias, assim como a mais carente sócio-economicamente.

Este é um dado relevante. Onde estão estes farmacêuticos? Como cobrar mudanças na profissão e reclamar insatisfações se, logo de início, eles não estão cumprindo com sua presença nos estabelecimentos farmacêuticos? De que adianta o nome do farmacêutico somente na placa da farmácia e no registro do CRF como responsável técnico ou auxiliar? E os proprietários destes estabelecimentos com estas atitudes em não cumprir o básico que é ter o farmacêutico presencialmente na farmácia? E a fiscalização dos órgãos reguladores locais que não está cumprindo efetivamente com seu papel? São indagações importantes que iniciam todo o raciocínio para os resultados obtidos posteriormente neste estudo.

A Lei 5991/73 (BRASIL, 1973) assegura a Atenção Farmacêutica plena para a população durante todo o horário de funcionamento de farmácias e drogarias. A ausência do farmacêutico transfere, indevidamente, o papel dele para o profissional leigo (balconista). É um direito do cidadão a orientação farmacêutica. Na farmácia, o usuário terá a oportunidade de esclarecer suas dúvidas e receber orientações sobre o uso racional e correto do medicamento, que levará ao tratamento desejável e à recuperação da saúde e/ou cura da doença. O estabelecimento farmacêutico deve, por Lei, assegurar a presença do farmacêutico em todo seu horário de funcionamento, fazendo disto a contratação de quantos profissionais farmacêuticos forem necessários. Na realidade, há interesses econômicos de grande parte dos proprietários de farmácias onde muitos afirmam não poderem arcar com os custos para manutenção desses profissionais.

(34)

farmacêutico distante e vestido com indumentária que não o diferenciava de outros membros da equipe.

Realizada a análise dos dados, delineou-se o perfil dos profissionais entrevistados (TAB. 2).

TABELA 2 Dados pessoais e profissionais dos farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DADOS PESSOAIS/PROFISSIONAIS FREQUÊNCIA

N %

Sexo Feminino 107 61

Masculino 68 39

Idade (anos)

20↔25 28 16

26↔31 87 50

32↔36 28 16

37↔40 20 12

41↔45 4 2

Mais de 45 8 4

Tempo de

formatura (anos)

1↔5 117 67

6↔10 37 21

Mais de 10 21 12

Instituição da formatura

Pública 110 63

Privada 65 37

Pós-graduação

Não 80 46

Sim, em andamento 63 36

Sim, concluída 32 18

Nível da pós-graduação

Lato sensu 79 83

Mestrado 16 17

Doutorado - -

A pós-graduação auxilia nas

atividades da farmácia?

Auxilia bastante 46 48

Auxilia em parte 25 27

Não tem nada a ver 24 25

Apoio ao

farmacêutico que faz cursos de atualização ou pós-graduação

Não 105 64

(35)

Domínio da informática

Simples 79 45

Intermediário 61 35

Fluente 31 18

Nenhum 4 2

Domínio de língua estrangeira

Simples 77 44

Intermediário 50 29

Nenhum 34 19

Fluente 14 8

Conhece o termo

“farmácia comunitária”

Não 74 58

Sim 101 42

Definiu

corretamente o

termo “farmácia comunitária”

Sim 79 78

Não 22 18

Houve predomínio do sexo feminino (61%), média de idade de 31 anos, tempo médio de formatura de 5 anos (desvio padrão=5,3), sendo a maioria graduada em instituições públicas (63%, n = 110) e 46% (n = 80) sem pós-graduação (TAB. 2).

Em relação à distribuição por sexo, a predominância de farmacêuticas nas farmácias comunitárias de Natal/RN mostra que cada vez mais o sexo feminino insere-se no mercado de trabalho, conquistando um espaço antes dominado pelos homens. Várias pesquisas pelo Brasil, em farmácias comunitárias, revelaram também predomínio de mulheres: em Jundiaí-SP 63,7%(FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009), em Santa Catarina 68% (FRANÇA FILHO et al., 2008), em Umuarama-PR 71,2% (PADUAN; MELLO; DOBLISNSKI, 2005), em Brasília-DF 77% (SOUSA; LIMA, 2008), em Curitiba-PR 80% (CORRER et al., 2004).

São nas farmácias comunitárias o local do primeiro emprego de cerca de 70% dos farmacêuticos brasileiros (BRANDÃO, 2009a) e isto pode explicar a média recente de até 05 anos do tempo de formatura. A faixa etária prevalente (26 a 31 anos, com média de 31 anos) também se coaduna com os dados anteriormente citados, demonstrando uma população de jovens farmacêuticos.

(36)

Norte), e outra privada, a UNP (Universidade Potiguar). O curso de Farmácia da UNP é bem mais recente (1997) do que o da UFRN que foi criado há 91 anos (1925).

O índice de farmacêuticos que ainda não possui pós-graduação (46%) é preocupante, mas Natal apresenta-se com dados mais positivos sobre esse dado do que outras capitais com estudos semelhantes (CORRER et al., 2004; FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009; FRANÇA FILHO et al., 2008; PADUAN; MELLO; DOBLISNSKI, 2005; SOUSA; LIMA, 2008). Não foi verificado se este valor é devido ao número de cursos de pós-graduação oferecidos nos municípios estudados, se devido à baixa remuneração do profissional (o que limitaria o investimento em pós-graduação pela maioria dos farmacêuticos) ou até mesmo se pelo desinteresse do profissional em buscar algum tipo de pós-graduação.

A atualização e especialização no trabalho é parte primordial para a formação de um profissional com maior capacidade de atuação e vasto conhecimento. Uma boa formação prepara o profissional para se destacar nesse mercado farmacêutico que é tão competitivo. Nesse sentido, uma pós-graduação não é um custo e sim um investimento com retorno garantido. Se o profissional produzir mais existe grande probabilidade de conseguir promoções. Mas o maior beneficiado será, além do próprio profissional, as empresas e a sociedade como um todo.

Em relação àqueles que possuíam pós-graduação, tanto os que já a tinham concluído como aqueles que ainda a estavam cursando, houve predominância do lato sensu (83%, n = 79). Entre as áreas mais citadas de pós-graduação, observou-se 33% (n = 26) em análises clínicas, 24% (n = 19) em farmacologia e 7% (n = 6) em saúde pública. Não houve co-relação entre sexo e possuir pós-graduação ou não (p = 0,20, Qui-quadrado = 3,2073). Sobre em que a pós-graduação que fazem auxilia ou faz parte das atividades dos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 48% (n = 46, IC95% 37,5 - 58,4) disseram que auxilia bastante, dando ênfase e base às funções desenvolvidas na farmácia.

(37)

atraentes pagos aos profissionais das análises clínicas; além da concepção de que o

“status” dos que trabalham em laboratório é maior em relação aos que trabalham em

“balcões de farmácia”. Essa preferência pelas análises clínicas vem sendo observada,

desde meados dos anos 70, nas universidades brasileiras (Haddad et al., 2006). Não há nada de errado em se optar pelas análises clínicas ou outra área de especialização que não na área da Farmácia Comunitária, visto que o farmacêutico atua em diferentes ramos da saúde e é profissional gabaritado para tal. Porém a atuação em Farmácia Comunitária exige uma gama de conhecimentos específicos que cursos de pós-graduação, como os de análises clínicas, não fornecem. No Brasil, ainda são em pequeno número os cursos de pós-graduação na área da Assistência Farmacêutica que embasam a atuação na Farmácia Comunitária. No entanto, os farmacêuticos tem se valido de outros cursos que podem suprir algumas carências deixadas pela graduação dando suporte às suas atividades como é o caso dos cursos de pós-graduação em farmacologia, em gerenciamento farmacêutico, em farmácia clínica, dentre outros.

Neste aspecto, é imprescindível que as instituições de ensino superior possam oferecer uma educação continuada nessa área, uma vez que as Diretrizes Curriculares para os Cursos de Graduação em Farmácia apontam para uma formação generalista, além de no seu artigo 4º, item V sobre educação permanente, determinar que os profissionais farmacêuticos devam ser capazes de aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática. Portanto, que os farmacêuticos busquem uma especialização na área que abraçaram (BRASIL, 2002).

Verifica-se que em Natal/RN a disponibilidade maior é para cursos de pós-graduação em Análises Clínicas. A UFRN oferece o Curso de Especialização em Análises Clínicas e Toxicológicas, o curso de Farmácia Hospitalar com ênfase em oncologia, além do doutorado em Desenvolvimento e Inovação Tecnológica em Medicamentos e mestrado em Ciências Farmacêuticas. Neste último as áreas de concentração são em Bioanálises e Medicamentos (havendo maior procura pelas bioanálises). A UNP oferece os Cursos de Especialização em Citologia Clínica, Hematologia Clínica e Microbiologia Clínica e Laboratorial.

(38)

análises clínicas e de medicamentos tanto na capital como no interior. Tem oferecido também a Pós-Graduação (lato sensu) em Farmacologia.

Observou-se também que especialização em Atenção Farmacêutica, ou alguma outra área que seja focada no segmento da farmácia comunitária, não foi citada por nenhum dos entrevistados. Este aspecto pode ser proveniente da falta de cursos nesta área nas instituições de ensino do município estudado. Outros autores também já demonstraram falhas de formação nessa área (BARETA, 2003; CORRER et al., 2004; SILVA; VIEIRA, 2004) e esses novos dados alertam para a necessidade do preenchimento dessa lacuna de formação.

Um estudo (ainda não concluído) que vem sendo realizado pela Comissão de pós-graduação do Conselho Federal de Farmácia (CFF), intitulado “Reflexões sobre a

Pós-graduação Farmacêutica, no Brasil”, encontrou dados preocupantes sobre o

tema: dos 54 cursos de pós-graduação stricto sensu existentes no Brasil na área farmacêutica, apenas um é focado em farmácia comunitária. Isso é altamente discrepante, levando-se em consideração que esse segmento absorve cerca de 70 a 80% da mão-de-obra farmacêutica e os farmacêuticos comunitários atuam diretamente junto ao paciente, necessitando de um grande aporte de conhecimentos técnico-científicos e práticos (BRANDÃO, 2009b).

Se há apoio dos donos da farmácia ao farmacêutico que faz alguma pós-graduação, como regulação de horário ou até mesmo financeiro, 64% (n = 105) afirmaram que não (IC95% 56,2 - 71,4). Por que ao contrário de outras empresas que supervalorizam os profissionais pós-graduados, muitas vezes até bancando financeiramente seus profissionais, as farmácias não fazem o mesmo? O que foi observado nos depoimentos dos farmacêuticos é que, na prática e com poucas exceções, os proprietários de farmácia não estão interessados se seus profissionais farmacêuticos estão qualificados ou procuram qualificar-se.

Parece haver uma cultura de apenas “manter o profissional por força da lei”, o

que precisa ser mudado. As pessoas procuram cada vez mais pelos serviços farmacêuticos e os exigem mais nas farmácias. Um estabelecimento que oferece estes serviços, de forma diferenciada e com profissionais gabaritados, se destaca no mercado. É lucro garantido com responsabilidade social.

(39)

“simples” para informática e 44% (n = 77) para língua estrangeira (IC95% 37,60 - 52,80)

A importância que a informática está exercendo no mundo atual é grande. Se o profissional não estiver preparado para receber todas essas informações, certamente dentro de pouco tempo vai ser classificado como desatualizado e também terá menos chances de ingressar no mercado de trabalho e se manter nele. Para o farmacêutico, isto não é diferente.

Conhecer uma segunda língua, principalmente o inglês (já que é uma língua universal) é de grande importância, pois publicações científicas para atualização na área farmacêutica ficam prejudicadas. Estudo efetuado em Santa Catarina mostrou que 42,8% tinham baixo domínio de inglês e 50,5% baixo domínio de espanhol. Domínio razoável de língua inglesa foi relatado por 47,7% e domínio razoável de espanhol, por 46,6% (FRANÇA FILHO et al., 2008). Em Curtiba-PR foi encontrado um número melhor: 51,4% afirmaram ter domínio intermediário (mais que o básico) em língua estrangeira (CORRER et al., 2004).

Ao perguntar se conhecia o termo “farmácia comunitária”, a maioria dos

farmacêuticos (58%, n = 74) afirmou que não. Dos 42% (n = 101) que disseram sim, 78% (n = 79) definiram corretamente o termo ou deram uma definição a mais próxima

possível da correta. Os 18% (n = 22) que não definiram corretamente “farmácia comunitária”, afirmaram que era “farmácia de bairro”, de postos de saúde ou do governo federal.

Num conceito mais amplo, as farmácias comunitárias são:

(40)

É importante que, atuando em farmácia comunitária, o farmacêutico conheça sobre temas relacionados a esta área. Desta forma, poderá exercer sua profissão plenamente e com qualidade.

4.2 DADOS RELACIONADOS ÀS ATIVIDADES NA FARMÁCIA

Os dados pertinentes às atividades desenvolvidas nas farmácias comunitárias estão explicitados na Tabela 3.

TABELA 3 – Dados relacionados às atividades desenvolvidas na farmácia, pelos farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

DADOS RELACIONADOS À ATIVIDADE

NA FARMÁCIA N FREQUÊNCIA %

É proprietário da

farmácia? Não Sim 158 17 90 10

Carga horária (CH) exercida

(horas/dia)

4 16 9

6 21 12

8 98 56

12 34 19

Maior que a CH

permitida 5 3

Outra 1 1

A CH influencia seu

desempenho? Sim Não 111 64 64 36

Salário Piso Acima do piso 146 24 83 14

Abaixo do piso 5 3

Satisfação com o salário*

Insatisfeito 76 44

Muito insatisfeito 53 30

Satisfeito 43 25

Muito satisfeito 3 1

O salário influencia no desempenho das atividades?

Sim 91 52

Não 84 48

Recebe comissões na venda de

medicamentos?

Não 97 55

Sim 78 45

Procura do usuário

pelo farmacêutico Sempre Raramente 136 39 78 22 Satisfação do

usuário*

Boa 91 52

Muito boa 81 46

Ruim 3 2

Péssima - -

Áreas da cidade em

(41)

é mais solicitado VI 25 19

V 23 17

IV 10 7

I 4 3

(*Escala de Satisfação Simples)

Dos farmacêuticos entrevistados, apenas 10% (n = 17) eram proprietários de farmácias. Não houve co-relação significativa entre sexo (p = 0,14), idade (p = 0,20), ter pós-graduação (p = 0,30) ou não e área (p = 0,32) em relação a ser proprietário de farmácia (qui-quadrado Mantel-Haenszel = 0,27, teste exato de Fisher = 0,17).

A Lei 5.991 (BRASIL, 1973) autorizou a propriedade de farmácias e drogarias por pessoas que não são farmacêuticos abrindo a oportunidade para o mercantilismo pura e simplesmente nestes estabelecimentos. Em muitos países da Europa (Portugal, Alemanha, Suécia, Bélgica, Suíça, Irlanda do Norte, Itália, Espanha e França) e em outros como Estados Unidos, Austrália e Argentina, a propriedade de farmácias e drogarias é exclusiva do farmacêutico, incluindo seus sócios. (ANTONINI, 2011).

Não foi analisado neste estudo o fato da farmácia com proprietário farmacêutico ser melhor ou mais responsável nos quesitos saúde, presença e valorização de seus farmacêuticos, estrutura e atenção farmacêutica.

Observou-se também que a maioria dos farmacêuticos (56%, n = 98) trabalha 8h/dia totalizando uma carga horária de 40h/semanais (IC95% 48,3 - 63,5) e 64% (n = 111) afirmaram que a carga horária influencia no desempenho do seu trabalho. Perguntados sobre o porquê desta influência, 69% (n = 76) afirmaram que a carga

horária era “cansativa”. Em estudos semelhantes em Umuarama-PR (PADUAN; MELLO; DOBLISNSKI, 2005) e Santa Catarina (FRANÇA FILHO et al., 2008), 41,9% e 52,4%, respectivamente, exercem, em sua maioria, 8h/dia de trabalho. Não foi observado se a quantidade de farmacêuticos por farmácia em Nata/RN diminui ou não a carga horária de trabalho de cada um deles, mas sabe-se na prática que quanto mais profissionais farmacêuticos melhor a distribuição de tarefas e menor acúmulo de funções (PADUAN; MELLO; DOBLISNSKI, 2005).

A carga horária continua sendo motivo de muita insatisfação do farmacêutico,

como analisado nesta pesquisa. Não é trabalhar “menos” e sim trabalhar com “mais”

(42)

outras entidades representativas da profissão farmacêutica, foi requerida junto à Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado a discussão do Projeto de Lei da Câmara dos Deputados n°. 113/05, que assegura ao farmacêutico uma jornada de trabalho não superior a 30 horas semanais (BEATRIZ, 2011). O projeto em discussão faz parte de uma luta da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Seguridade Social (CNTSS) da Central Única dos Trabalhadores (CUT) pela redução da carga horária de todos os trabalhadores de Saúde e tem o respaldo da Organização Internacional do Trabalho (OIT).

A jornada de 30 horas é recomendada porque ela beneficia pacientes, usuários e trabalhadores de saúde do mundo inteiro. Nas jornadas extenuantes a qualidade do atendimento da população é comprometida. Levando em conta o desgaste e os riscos de determinadas profissões, várias categorias da saúde já tiveram sua jornada de trabalho reduzida: médicos (20 horas), técnicos em radiologia (24 horas), fisioterapeutas e terapeutas educacionais (30 horas). Outras carreiras que trabalham sob estresse, pressão e fadiga, como metroviários, telefonistas e ascensoristas também já garantiram jornadas menores.

Atualmente, o Sindicato dos Farmacêuticos do Rio Grande do Norte (SINFARN) tem feito uma série de acordos de trabalho com o empresariado do ramo de farmácias em Natal. Estes acordos visam assegurar e estabelecer o cumprimento dos direitos trabalhistas dos farmacêuticos e tratam, dentre diversos pontos, principalmente da carga horária de trabalho (diária, semanal e plantões), salário e contratação de pessoal. Os acordos tem sido individualizados visto que cada estabelecimento possui suas particularidades de porte, serviços e horários. Isto pode ser favorável, mas também pode contribuir para não-uniformização do profissional farmacêutico na cidade, enfatizando algumas importantes e preocupantes discrepâncias (principalmente em relação à carga horária e salário). Muito já se conquistou, mas ainda resta muita discussão.

Quanto ao salário recebido, na maioria (83%, n = 146), encontra-se em conformidade com o piso mínimo exigido pela categoria no Rio Grande do Norte. Já

quanto ao nível de satisfação salarial, a maior parte está „muito insatisfeita‟ (30%, n =

(43)

atividades. Não houve co-relação significativa entre sexo (p = 0,30), idade (p = 0,28) e área (p = 0,30) com salário recebido (Qui-quadrado = 2,4310) e satisfação salarial (Qui-quadrado = 9,0290).

Uma pesquisa feita em Florianópolis, Santa Catarina, revelou que quanto maior é a jornada de trabalho maior é a renda mensal do farmacêutico e que um dos entrevistados recebia até R$ 450,00 por mês, trabalhando de 9 a 12 horas diárias, e que ele era o proprietário da farmácia (FRANCESCHET; FARIAS, 2005). Estudo feito em Jundiaí-SP mostrou que 67,1% dos farmacêuticos comunitários entrevistados recebiam entre 4,8 e 6,3 salários mínimos (FARINA; ROMANO-LIEBER, 2009).

O piso salarial mais baixo da categoria (na cidade de Natal e em várias do Brasil) é o de farmacêutico que atua em farmácias e drogarias. Atualmente em Natal/RN, segundo o SINFARN, encontra-se no valor de R$ 1.815,29 (para uma jornada de trabalho de 8h/dia de segunda a sexta-feira). Para os farmacêuticos que atuam na manipulação, R$ 1.996,82; para o hospitalar, R$ 2.000,00 e para o analista clínico, R$ 1.980,00 (todos para jornada de 08h/dia de segunda a sexta-feira). Não há dúvida, que este piso salarial foi uma conquista importante conseguida ao longo dos anos, mas o questionamento que se faz é por que esta diferença? Seria o farmacêutico comunitário menos valorizado ou importante que o hospitalar, industrial,

analista clínico, pesquisador? Trabalharia este menos horas ou teria menos “trabalho”

a fazer?

A fim de não persistirem tais diferenças, tramita na Câmara dos Deputados desde 2009, o Projeto de Lei 5.359/09, que regulamenta a profissão de farmacêutico. A proposta estabelece para a categoria piso único salarial de R$ 4.650,00 a ser reajustado na data da publicação da Lei, de acordo com a inflação acumulada do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

(44)

Verificou-se que 55% (n = 97) dos farmacêuticos comunitários em Natal/RN (IC95% 47,7 - 62,9) não recebem comissões de vendas sobre medicamentos (TAB. 4). Mesmo que seja paga pela venda de um medicamento similar ou de referência, a comissão não é proibida e varia de acordo com os acertos entre as redes de farmácias e os laboratórios. O pagamento de comissões sobre a venda de medicamentos é alvo de críticas por estimular o consumo desmedido e a

“empurroterapia”, mas será que o não-recebimento dessas comissões somente pelo profissional farmacêutico resolveria esta questão?

Perguntados de maneira informal, muitos se dizem “contra” esta proibição, pois

complementam suas rendas com as comissões e que, de qualquer forma, os balconistas continuariam recebendo-as não abandonando algumas práticas abusivas. No site do CRF/RN encontra-se uma consulta pública para avaliar a opinião das pessoas e profissionais sobre ser de acordo ou não que o farmacêutico receba comissões sobre vendas nas farmácias.

Quanto à procura dos usuários pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 78% (n = 136, IC95% 70,8 - 83,6) dos farmacêuticos disseram serem sempre requisitados seja pessoalmente ou por telefone. A receptividade dos usuários quanto ao trabalho desenvolvido pelo farmacêutico (52%, n = 91, IC95% 38,7 - 54,0)

foi caracterizada, em sua maioria, como “boa”. Para melhorar a relação

farmacêutico/usuário, 17% sugeriram divulgar mais os serviços farmacêuticos nas farmácias comunitárias, 13% recomendaram que o farmacêutico se fizesse mais presente e 10% indicaram melhorar a estrutura das farmácias para a realização da atenção farmacêutica.

Verificou-se ainda que a área onde o farmacêutico é mais procurado é a Área III (30%, n = 41) e as menos procuradas, a I e IV.

A Área III compreende os bairros Igapó, Lagoa Azul, Pajuçara, Potengi e Redinha. Estes bairros pertencem à Região Administrativa Norte de Natal, maior zona da cidade tanto em extensão como em número de habitantes, além do que reúne uma população onde o nível sócio-econômico é considerado mais baixo. Essa área apresenta a segunda maior relação habitante/farmácia (TAB.4).

(45)

Administrativa Oeste, com população de nível sócio-econômico também considerado baixo. Essa área apresenta a maior relação habitante/farmácia (TAB. 4).

Surge aí um paradoxo ao se comparar as Áreas III e IV, já que ambas tem praticamente as mesmas características. A primeira foi aquela onde os farmacêuticos foram mais procurados e a segunda foi uma daquelas onde o farmacêutico foi menos procurado. Provavelmente, a causa determinante que leva o usuário a procurar informações ou serviços prestados pelo farmacêutico está fora das características apontadas e poderá ser objeto para novas pesquisas a serem realizadas dentro dessa temática.

TABELA 4 Demonstrativo da relação habitante/farmácia nas áreas de fiscalização do CRF/RN, Natal/RN, 2010

ÁREAS DE

FISCALIZAÇÃO HABITANTESa FARMÁCIASNº DE b RELAÇÃO

HAB/ FARMÁCIAS

ÁREA I 23.439 14 1.674

ÁREA II 125.103 82 1.525

ÁREA III 284.668 84 3.388

ÁREA IV 137.712 30 4.590

ÁREA V 75.433 54 1.396

ÁREA VI 91.796 56 1.639

Fonte:

a Natal (2009a) b CRF/RN (2010)

Com relação às atividades realizadas pelos farmacêuticos, a orientação ao usuário é a mais citada, seguida da intercambialidade entre genéricos, dispensação e gestão de controlados (TAB. 5).

TABELA 5 - Atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011, (n = 175)

ATIVIDADES FREQUÊNCIA N %

Relacionadas à

atenção farmacêutica Orientação ao usuário

(46)

Dispensação 136 78 Verificação da pressão arterial 64 37

Aplicação injetáveis 52 30

Acompanhamento

farmacoterapêutico 44 25

Palestras 37 21

Verificação da glicemia 16 9

Nebulização 2 1

Relacionadas à área administrativa

Gestão de controlados 126 72

Gestão de estoque 98 56

Gestão de vendas 81 46

Treinamento de auxiliares 66 38 Gestão manutenção da farmácia 63 36

Gestão de pessoas 47 27

Atendimento ao cliente no caixa 43 25

O nível de satisfação quanto às atividades citadas foi alto apresentando, em sua maioria, o nível S (satisfatório) com média de 63% das respostas (TAB. 6).

TABELA 6 – Nível de satisfação nas atividades realizadas pelos farmacêuticos nas farmácias comunitárias, Natal/RN, 2010-2011

ATIVIDADES*

NÍVEL DE SATISFAÇÃO

MS S I MI

N % N % N % N %

Rel ac ion adas à a ten çã o farm ac êut ic a

Orientação ao usuário 32 20 113 70 14 8 3 2 Intercambialidade genéricos 31 21 103 73 8 6 - - Dispensação 17 12 96 69 23 15 5 4 Verificação da pressão arterial 15 23 41 64 8 13 - - Aplicação injetáveis 11 22 37 72 4 6 - - Acompanhamento

farmacoterapêutico 8 18 28 64 7 16 1 2

Palestras 5 11 31 86 1 3 - -

Verificação da glicemia - - 14 88 2 12 - -

Nebulização 2 100 - - - -

Rel ac ion adas à á re a admini strati va

Gestão de controlados 23 18 78 61 22 19 3 2 Gestão de estoque 3 3 71 73 24 24 - - Gestão de vendas 12 15 27 33 25 31 17 21 Treinamento de auxiliares 12 18 50 75 4 7 - - Gestão manutenção da

farmácia 3 5 45 71 10 16 5 8

Gestão de pessoas 5 10 35 76 5 10 2 4 Atendimento ao cliente no

(47)

(*Escala de Satisfação Simples. MS: muito satisfeito; S: satisfeito; I: insatisfeito; MI: muito insatisfeito)

As atividades com índices de satisfação mais altos foram aquelas ligadas à atenção farmacêutica como palestras na comunidade, verificação da pressão arterial, verificação de glicemia e orientação ao usuário. As atividades que apresentaram menores índices de satisfação são aquelas ligadas à área administrativa como gestão de vendas, atendimento de clientes no caixa, gestão de estoque e gestão de controlados. Não foram observados aspectos de sistematização e documentação dessas atividades.

Perguntados sobre em quais destas atividades os farmacêuticos dedicam mais tempo, a maioria disse ser na dispensação (GRÁF. 1).

GRÁFICO 1 - Atividades em que o farmacêutico dedica mais tempo

A RDC nº. 328, de 22 de julho de 1999 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária ANVISA que dispõe sobre requisitos exigidos para a dispensação de produtos de interesse à saúde em farmácias e drogarias, estabelece que

6.2. São inerentes ao profissional farmacêutico as seguintes atribuições: (...)

b) estabelecer critérios e supervisionar o processo de aquisição de medicamentos e demais produtos

(48)

e) manter arquivos, que podem ser informatizados, com a documentação correspondente aos produtos sujeitos a controle especial;

h) manter atualizada a escrituração;

i) manter a guarda dos produtos sujeitos a controle especial de acordo com a legislação específica (BRASIL, 1999).

Por sua vez, a Resolução nº. 357, de 20 de abril de 2001, do Conselho Federal de Farmácia (CFF), que aprova o regulamento técnico das Boas Práticas de Farmácia, em seu artigo 19 fixa as atribuições do profissional farmacêutico, dentre as quais se destacam:

I) assumir a responsabilidade pela execução de todos os atos farmacêuticos praticados na farmácia, cumprindo-lhe respeitar e fazer respeitar as normas referentes ao exercício da profissão farmacêutica;

III) supervisionar os medicamentos e substâncias medicamentosas em bom estado de conservação, de modo a serem fornecidos nas devidas condições de pureza e eficiência;

VI) manter os livros de substâncias sujeitas a regime de controle especial em ordem e assinados, demais livros e documentos previstos na legislação vigente;

XIV) informar as autoridades sanitárias e o Conselho Regional de Farmácia sobre as irregularidades detectadas em medicamentos no estabelecimento sob sua direção técnica;

XV) manter medicamentos e demais produtos sob sua guarda com controle de estoque que garanta no mínimo o reconhecimento do lote e do distribuidor (BRASIL, 2001).

É importante salientar que foi observado nesta pesquisa vários desvios de função do farmacêutico, como por exemplo: farmacêuticos trabalhando como balconistas; atuando como caixa; em escalas de limpeza (até de banheiros); descarregando mercadorias; panfletando; participando de eventos externos fantasiados para marketing da empresa, dentre outras situações.

O exercício destes desvios de função ocorre por desconhecimento da legislação, por deficiência no quadro de funcionários ou por medo ou ameaça da perda do emprego. O Ministério Público do Trabalho tem fiscalizado e notificado estabelecimentos e profissionais farmacêuticos que permanecem descumprindo a legislação que rege a profissão farmacêutica, seus direitos e deveres.

(49)

„percebe quando o usuário não entende orientação dada‟, com resposta de 48% (n = 85 para „sempre‟. O escore mais negativo foi o da pergunta „se o farmacêutico se sente trabalhando em equipe com o médico‟, com 59% (n = 103) dizendo que „nunca‟

(TAB. 7).

A atenção farmacêutica é mais efetiva quando há colaboração de outros profissionais de saúde em especial dos médicos, uma vez que muitos problemas encontrados durante o seguimento devem ser solucionados pelos prescritores (HEPLER; STRAND, 1990).

TABELA 7 - Atitudes e percepções dos farmacêuticos com relação aos aspectos da atenção farmacêutica, Natal/RN, 2010-2011, (n=175)

ATITUDES E PERCEPÇÕES* NUNCA

QUASE

SEMPRE SEMPRE

N % N % N %

Sente-se responsável pelos bons ou maus resultados do uso de

medicamentos por seus usuários? 23 13 90 52 62 35

Julga-se capaz de intervir no uso de medicamentos de um usuário a partir da percepção de um problema?

7 4 96 55 72 41

Percebe quando o usuário não entende

orientação dada? 3 2 87 50 85 48

Percebe do usuário confiança com

relação ás orientações dadas por você? 6 3 94 54 75 43 Sente-se em trabalhando em equipe

com o usuário? 29 17 89 51 57 32

Toma atitudes para resolver problemas referentes a medicamentos em um usuário?

4 2 92 53 79 45

Procura saber resultado da ação? 38 22 80 46 57 32

Sente-se trabalhando em equipe com o

médico? 103 59 62 36 10 5

Sente-se seguro para discutir com o médico algo sobre uso de

medicamentos de um usuário?

41 24 75 43 59 33

Imagem

FIGURA 1  – Regiões Administrativas / Áreas de Fiscalização do CRF/RN  Adaptado de Natal (2009b) Parque das Dunas
TABELA  1  -  Distribuição  de  estabelecimentos  farmacêuticos  por  área  metropolitana de fiscalização, CRF/RN, set
TABELA  2  –  Dados  pessoais  e  profissionais  dos  farmacêuticos  comunitários,  em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)
TABELA 3  – Dados relacionados às atividades desenvolvidas na farmácia, pelos  farmacêuticos comunitários, em Natal/RN, 2010-2011, (n=175)  DADOS RELACIONADOS À ATIVIDADE
+7

Referências

Documentos relacionados

No final, os EUA viram a maioria das questões que tinham de ser resolvidas no sentido da criação de um tribunal que lhe fosse aceitável serem estabelecidas em sentido oposto, pelo

Taking into account the theoretical framework we have presented as relevant for understanding the organization, expression and social impact of these civic movements, grounded on

Os principais objectivos definidos foram a observação e realização dos procedimentos nas diferentes vertentes de atividade do cirurgião, aplicação correta da terminologia cirúrgica,

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

A presente dissertação é desenvolvida no âmbito do Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação da Educação (PPGP) do Centro de Políticas Públicas e Avaliação

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Para Azevedo (2013), o planejamento dos gastos das entidades públicas é de suma importância para que se obtenha a implantação das políticas públicas, mas apenas