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Educação empreendedora: um estudo do curso de administração com linha de formação em comércio exterior do CESUPA

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Academic year: 2017

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CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE MESTRADO EM GESTÃO EMPRESARIAL

EDUCAÇÃO EMPREENDEDOA : UM ESTUDO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM LINHA DE

FORMAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR DO CESUPA

DISSERTAÇÃO APRESENTADA À ESCOLA BRASILEIRA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA E DE EMPRESAS PARA OBTENÇÃO DO GRAU DE MESTRE

W ALERY COSTA DOS REIS

(2)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA

CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EXECUTIVO EM GESTÃO EMPRESARIAL

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: UM ESTUDO DO CURSO DE ADMINISTRAÇÃO COM LINHA DE FORMAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR DO CESUPA.

APRESENTADA POR: W ALERY COSTA DOS REIS

E

APROVADO EM:

PELA BANCA EXAMINADORA

Deborah Moraes Zouain Doutora em Engenharia da Produção

Fátima ayma de OlIveira Doutora em Educação

(3)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO EMPRESARIAL

PROJETO DE DISSERTAÇÃO APRESENTADO POR

WALERY COSTA DOS REIS

TÍTULO

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: UM ESTUDO DO CURSO DE

ADMINISTRAÇÃO COM LINHA DE FORMAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR DO CESUPA.

PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO: DEBORAH MORAES ZOUAIN PROFESSOR CO-ORIENTADOR ACADÊMICO: FRANCISCO MARCELO

BARONE

PROJETO ACEITO EM:

ASSINATURA DO PROFESSOR ORIENTADOR ACADÊMICO

(4)

CENTRO DE FORMAÇÃO ACADÊMICA E PESQUISA MESTRADO EM GESTÃO EMPRESARIAL

W ALERY COSTA DOS REIS

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: Um Estudo do Curso de Administração Com Linha de Formação em Comércio Exterior do CESUPA.

(5)

EDUCAÇÃO EMPREENDEDORA: Um Estudo do Curso de Administração Com Linha de Formação em Comércio Exterior do CESUP A

Dissertação apresentada à Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getúlio Vargas, como requisito parcial para a

obtenção do Título de Mestre em Gestão

Empresarial.

Orientadora: ProF Dra. Bébora Moraes Zouain Co-orientador: Prof. Dr. Francisco Marcelo Barone.

(6)

Aos meus innãos, Victor e Vinícius pelo amor e incentivo concedidos. Dedico-lhes este trabalho como exemplo de dedicação, força e coragem de vencer, pois,

(7)

A Deus, por sempre me guiar, estar presente em todos os momentos de minha vida e iluminar minhas idéias.

À FGV/EBAPE, representada pela Professora Deborah Zouain e equipe, pela realização do Mestrado em Belém e por ter acreditado nos alunos desta curso.

Ao Professor Francisco Barone por ser meu orientador e confiar na minha capacidade.

Aos professores do Mestrado, pelos conhecimentos compactuados com os mestrandos.

Aos amIgos e professores do CESUPA, Eunápio Dutra do Carmo, Francisco da Conceição, Júlio Patrício, Adriane Bentes e Thales Patello pelo apoio e estímulo na pesqUIsa.

A todos os alunos do CESUP A por responderem os questionários da pesquisa.

(8)

ninguém". (Paulo Freire)

"Quando alguém tem força para vencer a SI

(9)

o

tema sobre a Educação Empreendedora será desenvolvido com os alunos do curso de Graduação em Administração com linha de formação em Comércio Exterior do CESUPA, com o objetivo de Investigar a eficácia das iniciativas pedagógicas que conduzem a mudanças no sentido de influenciar o comportamento empreendedor nos alunos. Essas estão estruturadas no Projeto Político e Pedagógico e tem como finalidade proporcionar a consecução do mesmo sob o olhar empreendedor. Procurou-se pesquisar um instrumento que legitimasse essas iniciativas através do comportamento empreendedor, ação que só é possível pelo processo de Ensino-Aprendizagem, logo, com esse encaminhamento, os alunos desenvolverão atitudes, completando assim, a tríade da Competência que é Conhecimento, Habilidade e Atitude. Posteriormente, as informações fornecidas pelas análises servirão para intensificar as iniciativas pedagógicas do curso e legitimar cada vez mais uma educação voltada para a formação empreendedora.

(10)

The subject on the Enterprising Education will be developed with the pupils of the course of Graduation in Administration with line of formation in Foreign Commerce of the CESUPA, with the objective to investigate the effectiveness of the pedagogical initiatives that lead the changes in the direction to influence the enterprising behavior in the pupils. These are structuralized in the Project Pedagogical Politician and have as purpose to provide the achievement of the same under the enterprising look. It was looked to search an instrument that legitimized these initiatives through the enterprising behavior, action that is only possible for the process of Teach-Leaming, then, with this guiding, the pupils will develop attitudes, thus completing, the triad ofthe Ability that is Knowledge, Ability and Attitude. Later, the information supplied for the analyses will serve to intensifY the pedagogical initiatives of the course and to legitimize each time plus an education directed toward the enterprising formation.

(11)

QUADRO 2.1 - Matriz do conceito de empreendedor e empreendedorismo ... 21

QUADRO 2.2 - Comparação entre o Empreendedorismo Privado e SociaL ... 27

QUADRO 2.3 - As Quatros Correntes do Empreendedorismo ... 32

QUADRO 2.4 - Estrutura do Plano de Negócios Completo ... 34

QUADRO 2.5 - Diferenças das Pedagogias ... 42

QUADRO 2.6- Ensino Convencional Versus Ensino Empreendedor ... .46

QUADRO 2.7 - Conjunto de Saberes ... 54

QUADRO 2.8 - Característica Atitudinais do Empreendedor ... 56

QUADRO 3.1 - Características da pesquisa ... 59

QUADRO 3.2 - População dos alunos do curso ... 60

QUADRO 3.3 - Variáveis do Questionário ... 63

(12)

TABELA 1 - Crescimento das IES por Região - Brasil 1990 - 2004... . ... 16

TABELA 2 - Distribuição das IES por Categoria Administrativa - Brasil 2001 - 2004 ... 16

(13)

FIGURA 2.1 - O Processo Visionário ... 20

FIGURA 2.2 - Pré-Requisitos do Empreendedorismo Socia!... ... 24

FIGURA 2.3 - Empreendedorismo Socia!... ... 26

FIGURA 2.4 - Ciclo de Decisões de um Empreendimento ... 33

FIGURA 2.5 _ Dimensões da Competência ... 52

FIGURA 4.1 - Distribuição dos alunos por sexo ... 65

FIGURA 4.2 - Distribuição dos Alunos por Idade ... 66

FIGURA 4.3 - Distribuição dos alunos pela renda ... 66

FIGURA 4.4 - Distribuição dos Alunos por semestre ... 66

FIGURA 4.5 - Quantidade de alunos por semestre ... 67

FIGURA 4.6 - Distribuição do aluno por turno ... 67

FIGURA 4.7 - Distribuição dos Alunos Por Trabalho ... 68

FIGURA 4.8 _ Distribuição dos alunos pelo setor ... 68

FIGURA 4.9 - Iniciativas Pedagógicas Empreendedoras ... 68

FIGURA 4.10 - Capacidade de Decisão ... 69

FIGURA 4.11 - Capacidade de Planejamento ... 70

FIGURA 4.12 - Persistência ... 71

FIGURA 4.13 - Criatividade ... 72

FIGURA 4.14 -Iniciativa ... 73

FIGURA 4.15 -Autoconfiança ... 74

FIGURA 4.16 - Necessidade de Auto-Realização ... 75

FIGURA 4.17 - Lócus de Controle ... 76

FIGURA 4.18 - Auto-eficácia ... 77

FIGURA 4.19 - Informação ... 78

FIGURA 4.20 - Intenção empreendedora ... 79

FIGURA 4.21 - Projetos Empreendedores e Gerenciamento de Informações ... 91

FIGURA 4.22 - Formação ético-cidadã e Gerenciamento ... 91

FIGURA 4.23 - Visão Sistêmica e Agente de Responsabilidade Socia!... ... 91

FIGURA 4.24 - Empreender e Projetos auto-sustentáveis ... 92

FIGURA 4.25 - Formação e Dinâmica do Mercado Nacional e internaciona!... ... 92

FIGURA 4.26 - Políticas Organizacionais e Percepção de Mercado ... 93

(14)
(15)

1 INTRODUÇAO... 14

2 EMPREENDEDORISMO - HISTÓRIA, CONCEITOS E DEFINIÇÕES... 19

2.1 PERSPECTIVA SOCIAL ... 24

2.2 PERSPECTIVA EMPRESARIAL... 30

2.3 PERSPECTIVA EDUCACIONAL... 37

2.4 ASPECTOS COMPORTAMENTAIS DO EMPREENDEDORISMO ... .48

3 METODOLOGIA... 58

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ... 58

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA... 59

3.3 COLETA DE DADOS ... 61

3.4 TRATAMENTO DE DADOS ... 64

3.5 LIMITAÇÕES DO ESTUDO ... 64

4 RESULTADOS DA PESQUISA ... 65

4.1 ANÁLISE DESCRITIV A ... 65

4.1.1 Amostra ... 65

4.2 PERFIL EMPREENDEDOR DOS ALUNOS ... 69

4.3 LINHAS E DIRETRIZES DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO DO CURSO ... 80

4.3.1 Concepção do Curso: Princípios e Pressupostos ... 81

4.3.2 Organização Didático Pedagógica ... 87

4.4 OBJETIVOS DO PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO ... 91

4.5 ANÁLISE BIV ARIADA ... 93

5 CONCLUSÃO ... 96

REFERÊNCIAS ... 98

A APENDICES ... 107

(16)

l-INTRODUÇÃO

o

Brasil é um país interessante para se discutir empreendedorismo. Pois, percebe-se que a conjuntura econômica, financeira e social propicia o surgimento de pessoas inovadoras, criativas e dispostas a mudanças. Sob a óptica econômico-financeira, o país caracteriza-se por momentos de estabilidades e instabilidades; sob a perspectiva social, é visto como um país marcado pelo descaso total. Por tudo isso, os brasileiros precisam ser empreendedores e devem lutar para sua melhoria de vida.

Enfatiza-se também, que o empreendedorismo não deve surgir somente em conjunturas marcadas pelas adversidades. Mas, que surja por ser um estado de espírito, algo que faça parte da natureza humana, do cotidiano e da vida. Esta é a maneira que o empreendedorismo, ainda, poderá ser pensado.

Sendo assim, Filion (1999, p.21) define o Empreendedorismo como "o campo que estuda os empreendedores. Examina suas atividades, características, efeitos sociais e econômicos e os métodos de suporte usados para facilitar a expressão da atividade empreendedora". Ainda, para o GEM (2001, p.5), além do empreendedorismo ser importante para a vida, é fundamental para a economia de um país, observe:

Empreendedorismo é um elemento importante da economia de qualquer país. A iniciativa de indivíduos que desenvolvem e empreendem idéias contribui para que a economia se estruture, cresça e consolide, criando riqueza e gerando empregos. O empreendedor deveria ser por todos os aspectos o centro de atenção das instituições de uma sociedade. Apesar de haver uma suspeita por muito tempo já de que isso é verdadeiro pouco se fez de concreto para realmente compreender esse fenômeno, e avaliar a extensão de sua contribuição para o desenvolvimento econômico, tecnológico e social de um país.

Dolabela (1999) relata que o empreendedorismo deve ser visto como um objeto transdisciplinar, ou seja, o mesmo indubitavelmente pode se envolver com outras áreas do conhecimento. Desta forma, o mesmo autor chama atenção para o papel das universidades no que tange sua responsabilidade em desenvolver o setor produtivo formando cidadãos criativos e inovadores através de novas abordagens curriculares e metodologias de ensino. Sendo assim, Dolabela (1999 apud La Cruz et. aI. 2008, p. 3) observou que o interesse pelo campo de estudo do empreendedorismo no Brasil expandiu-se consideravelmente na década de 1980, entenda:

(17)

ciências humanas que se debruçaram sobre o objeto. O tema também atraiu a atenção de outras áreas de estudo. Sendo assim, a complexidade do conceito de empreendedor deve ser vista como um objeto transdisciplinar. Nessa linha, as universidades são chamadas a desempenhar um papel estratégico no desenvolvimento do setor produtivo, impondo-lhes a busca de novas abordagens curriculares e de relações com os demais setores da sociedade. Assim, surge a questão de como as universidades buscam alternativas para desenvolverem uma formação empreendedora nas diferentes áreas do conhecimento e, por excelência, na da administração da inovação, passando a formar pessoas pró-ativas, criativas, inovadoras; ou seja, empreendedoras.

A educação, por sua vez, é um assunto que é tido como pauta nas principais esferas de discussões do país. Pois, é a maneira mais sensata de erradicar o analfabetismo, exercer a cidadania, diminuir a violência e melhorar a qualidade de vida das pessoas, logo, um país que investe em educação, é porque está preocupado com as gerações futuras.

Então, discutir Educação com o empreendedorismo conjuntamente, traz reflexões relevantes que auxiliam na condução pedagógica dos cursos, de maneira geral, de níveis superiores. Essa é uma forma interessante de instruir pessoas que tenham responsabilidade com o seu país, sua região ou Estado, no que tange a criação de soluções inovadoras para problemáticas de cunho econômico, financeiro, político e social que assolam o mundo atual.

Além desse viés, pautado na formação empreendedora, percebe-se também outro ponto que corrobora com a expansão da educação voltada ao empreendedorismo. Este ponto está correlacionado ao aumento da quantidade de instituições voltadas para o nível superior, desta forma, a concorrência aumenta também concomitantemente, sendo assim, metodologias e técnicas empreendedoras, fazem com que o aluno tenha um maior aproveitamento em sala de aula e propicie sua permanência na faculdade, logo, esta ação permite a consolidação da mesma no mercado.

Mudanças provenientes de trocas de governos (Fernando Henrique para Lula), principalmente nos Ministérios e departamentos responsáveis pela educação no Brasil, fizeram com que incentivassem o aumento da quantidade de cursos e faculdades aprovados pelo MEC. Constata-se este fenômeno, pela abundância de cursos que foram criados nas mais diversas regiões brasileiras, o curso de Administração, por exemplo, passou ou vem passando per esta situação.

(18)

existem mais de 20 cursos de Administração registrados, fora os outros 14 que estão em outros municípios.

O Censo de Educação Superior (2004) fez uma pesquisa com todas as IES que, até outubro de 2004, tinham pelo menos um curso de graduação em funcionamento, totalizando 2.013 instituições, 154 instituições a mais do que no ano anterior. O crescimento médio do ano foi de 8,3%, bem inferior aos percentuais observados nos anos de 2001, 2002 e 2003 -17,9%,17,7% e 13,6%, respectivamente. Observe a tabela abaixo:

Tabela 1: Crescimento das IES por Região - Brasil

1990-2004

A Nordeste Centro-oeste

1990 918 26

111

564

70

1995

894

31

92

561

90

2000

1.180

46

157

667 176

134

2004

2.013

118

344

1.001

335

215

Fonte: Censo de Educação Superior (2004, p.9)

Nota-se que o maior crescimento percentual de instituições registrado no ano se encontra nas regiões norte (16,8%) e nordeste (13,2%) e o mais baixo na região centro-oeste, com um crescimento de apenas 2,4%. A região norte viu surgirem, no ano de 2003, 17 novas instituições, o nordeste 40, o sudeste 63, o sul 29 e o centro-oeste 5.

No setor privado, o crescimento de 2004 foi de 8,3%, significando um acréscimo de 137 novas instituições. Cabe registrar que este crescimento foi o menor para o setor privado desde 1997 e significativamente menor do que o registrado nos três anos anteriores, que registraram percentuais de 20,3%, 19,4% e 14,6%, respectivamente. Mesmo assim, o setor privado ainda representa, em 2004, 88,9% do total das instituições do sistema de educação superior, virtualmente igual aos 88,9% registrados no Censo de 2003. Veja a tabela 2 abaixo:

T abala 2: Distribuição das IES por Categoria Administrativa· Brasil 200 1-2004

Brasil Público Prívado %

2001 1.391 183

13,2

1.208

86,8

2002

1.637

195

11,9

1.442

88/1

2003

1.859

207

11,1

1.652

88,9

2004

2.013

22~

11,1

1.789

88,9

(19)

Esses números vêm aumentando, de acordo com o Censo de Educação Superior (2008), A distribuição de IES por categoria administrativa se aproxima à verificada no ano de 2007, com 89% de instituições privadas e 11 % de instituições públicas, divididas

entre federais (4,6%), estaduais (3,6%) e municipais (2,7%). É importante salientar que

estão incluídas aqui todas as IES que oferecem cursos de graduação (presencial e a distância). Veja a tabela abaixo:

Tabela 3 - Evolução do Número de Instituições, segundo a categoria Administrativa - Brasil - 2002 a 2007

Ano

2002

2003 1.859 13,6 83 13,7 65 0,0 59 3,5 1.652 14,6

2.013 .. ;"U". 4,8jd"

2004 .. 8,3 , '+;l~ ;75. 15;4

2005 2165 7,6 97 11,5 75 0,0 59 -4,8 1.934 8,1

2006 2.270 . 4,8 iQS w , 8,2 83 i0}'!!;;!:' ::;,:M. ·'dt:ti.~~"

.

,,,

..

2007 2,281 0,5 106 1,0 S2 -1,2 61 1,7 2.032 0,5

Fonte: Censo de Educação Superior (2008, p.6).

o

Censo da Educação Superior mostra também a distribuição das matrículas por

Curso, dando possibilidade de analisar as preferências da população em relação às profissões buscadas. Em 2004, o Censo revela que os dez maiores cursos, segundo o número de matrículas, são os arrolados na tabela abaixo.

Tabela 4 Os Dez maiores Cursos por número de matrículas e concluintes -Brasil 2004.

Cursos Motrícvlcs lU .·0 Condvíntes

Administração 620.718 14,9 83.659

Direito 533.317 12,8 67.238

Pedagogia 388.350 9,3 97.052

Engenharia 247.478 5,9 23.831

Letras 194.319 4,7 37.507

Comunicação Social 189.644 4 .. 6 26.816

Ciência:> Contábeis 162.150 3,9 24.213

Educoçõo Fisiccl 136.605 3,3 17.290

Enfermagem 120.851 2,9 '13.965

Ciência d<:1 Computação 99.362 2,4 13.601

Total dos dez 2.692.794 64,7 405.172

Brasil 4.163.733 100 626.617

(20)

Esse fenômeno, demonstrado pelos Censos de 2004 e 2008, seguramente desordenou o que Adam Smith chama de oferta e procura. Isso porque, a oferta passou a ser bem maior do que todos os anos anteriores, esta ação provocou as mais diversas reações, uma delas foi o fechamento de algumas faculdades, as outras passaram a estruturar seus projetos para se manterem nesse mercado.

Mudanças foram feitas em pontos sensíveis e específicos nos projetos pedagógicos. Pois, era necessário garantir qualidade na educação, para isso, foram trabalhadas estratégias pedagógicas empreendedoras em sala de aula, como: estudos de casos, seminários diferenciados, teatros, jogos, aulas dinamizadas, aulas conjugadas, atividades interdisciplinares e outras técnicas pedagógicas que envolviam a atenção dos alunos e os incentivavam a estudar. Além disso, investimentos foram feitos nos professores das Instituições no que conceme a sua formação, incentivando-os financeiramente e emocionalmente a cursarem mestrados e doutorados.

Fica claro então, que o empreendedorismo tem uma relação direta com a educação e vice-verso. Seja pela responsabilidade na formação criativa e inovadora dos alunos, seja pelo aumento das Instituições de nível superior, seja pela necessidade de diversificação de técnicas pedagógicas, pois os alunos de hoje são bem diferentes dos de antigamente, Freedman (2007) no livro "o mundo é plano" relata que essa geração atual é hiper ativa, estão sempre on-line, tem mais liberdade para opinar e etc. Por tudo isso e outros argumentos mais, se houver, o empreendedorismo e a educação são relevantes nas discussões atuais.

No curso de Administração com linha de formação em Comércio Exterior do CESUPA (Centro Universitário do Pará), não se fala mais em estabelecer um "perfil do empreendedor de sucesso", mas, nas competências que se deve ter (ou desenvolver) para ser um bom empreendedor e nos métodos de aprendizado educacional necessários aos alunos para ajustarem-se às mudanças nas atividades relacionadas com o ofício de empreender (FILION, 1999).

(21)

Dado a importância deste tema, emerge a seguinte questão, que define o problema de pesquisa do presente projeto: Até que ponto as iniciativas pedagógicas de educação empreendedora inseridas no Projeto Político e Pedagógico do curso de graduação em Administração - Comércio Exterior do CESUPA conduzem a mudanças no sentido de influenciar o comportamento empreendedor nos alunos?

2 - EMPREENDEDORISMO: HISTÓRIA, CONCEITOS E DEFINIÇÕES

A origem do conceito de empreendedorismo é questionada por alguns autores. Pois, observa-se que não há um consenso entre os estudiosos e pesquisadores a respeito da exata definição deste conceito.

Empreendedor é um neologismo que está sendo incorporado à língua portuguesa. Deriva da palavra "imprehendere", do latim, tendo seu correspondente "empreender" surgido na língua portuguesa no século XV. O Novo Dicionário Aurélio de Língua Portuguesa (Edição Nova Fronteira, 1995) define empreendedor como aquele que empreende; ativo; arrojado.

Guimarães & Souza et. ai. (2006) afirma que os termos empreendedor e empresa têm sua origem em tomo do século XV, na França. Sendo assim, destaca a empresa como precedente da Revolução Industrial, tendo sua origem na ordem medieval e corporativa, mesmo sendo inserida nos discursos civilizatório recentemente.

Ainda, para este autor, nos séculos XVI e XVII com a abertura econômica do mundo, o regime rural cedeu lugar ao mercantilismo. Nesse momento, o interessante era circular a moeda e multiplicar a riqueza, um novo ator aparece, o negociante, que, preocupava-se mais com o risco do mercado do que com o processo de compra e venda.

Esse novo ator, pós-medieval e denominado de empreendedor, surge emprestando dinheiro, comprando para estocar, e envolvendo-se em negócios sem garantias quanto aos resultados. O ato de empreender de acordo com V érin (1982 apud Guimarães & Souza et. ai. 2006) era, por natureza, um ato de subversão da ordem predominante, de tal forma que os espaços econômicos que o empreendedor fazia surgir não necessariamente coincidiam com os empreendimentos anteriores.

(22)

20

tempo, essa pessoa era a responsável em contratar os empregados ou comprar o produto de trabalho de pessoas, sem saber se conseguiria vendê-lo ou não.

Já para Say (1983) o empreendedor era aquela pessoa que estava centrada nos negócios. Define ainda, como aquele indivíduo que recombina capital, recursos físicos e mão-de-obra de forma original e inovadora, logo, tocava os negócios com firmeza e era pago pelo lucro da empresa.

Filion (1999) destaca que o empreendedor é alguém que planeja, desenvolve, imagina e realiza suas visões. É um visionário, ou seja, enxerga o futuro com grande facilidade, traça seus objetivos através de um plano de negócios inspirado por insights , ainda, cria um produto e coloca-o no mercado sem saber se a idéia é economicamente viável, veja a Figura 2.1.

FIGURA 2.1 - O Processo Visionário

Fonte: Filion (1999, p.19).

(23)

Quadro 2.1 - Matriz do conceito de empreendedor e empreendedorismo.

Autores

Fonte: Elaboração própria.

Conceito sobre empreendedor/

empreendedorismo

agarrar, e aproveitar oportunidades. Para transformá-las em negócio de sucesso, busca e gerencia recursos. Além disso, é a criação e construção de algo de valor a partir de praticamente nada.

(24)

Para chegar nesses desdobramentos, é impreterível, entender com antecedência, elementos que discutem a inovação. Pois, de acordo com Schumpeter (1985), esse é o caminho inicial para se chegar ao constructo que discute as idéias principais do empreendedorismo e que posteriormente são difundidas nessas concepções já citadas aCima.

De acordo com Costa (2006) as transformações experimentadas pela economia mundial desde a década de 1970 renovaram o interesse por um dos economistas mais brilhantes da profissão: Joseph Alois Schumpeter. Este procurou de todas as formas entender o movimento econômico decorrente da evolução do capitalismo.

Diante das elucubrações que discutem o desenvolvimento econômico, Schumpeter (1985) concluiu que as inovações transformadoras não são previstas. Isso porque, há inovações que são originadas a partir do ambiente externo e há aquelas que são originadas naturalmente dentro do próprio sistema, logo, tanto essas como aquelas trazem mudanças significativas para alterar o rumo dos fenômenos econômicos.

A linha de raciocínio dessa idéia de Schumpeter leva-o a procurar a origem das inovações, quem as produz e como são inseridas nas atividades econômicas. Ainda, o mesmo descarta a possibilidade dessa origem ser proveniente dos desejos e necessidades dos consumidores.

As inovações no sistema econômico não aparecem, via de regra, de tal maneira que primeiramente as novas necessidades surgem espontaneamente nos consumidores e então o aparato produtivo se modifica sob sua pressão. Não negamos a presença desse nexo. Entretanto, é o produtor que, igualmente, inicia a mudança econômica, e os consumidores são educados por ele, se necessário; são, por assim dizer, ensinados a querer coisas novas, ou coisas que diferem em um aspecto ou outro daquelas que tinham o hábito de usar. Portanto, apesar de ser permissível, e até mesmo necessário, considerar as necessidades dos consumidores como uma força independente e, de fato, fundamental na teoria do fluxo circular, devemos tomar uma atitude diferente quando analisamos a mudança (Schumpeter apud Achyles costa 2006, p. 07).

(25)

I) Introdução de um novo bem, ou seja, um bem com que os consumidores ainda não estejam familiarizados ou de uma nova qualidade de um bem. 2) Introdução de um novo método de produção, ou seja, um método que ainda não tenha sido testado pela experiência no ramo próprio da indústria de transformação, que, de modo algum, precisa ser baseado numa descoberta cientificamente nova, e pode consistir também em nova maneira de manejar comercialmente uma mercadoria. 3) Abertura de um novo mercado, ou seja, de um mercado em que o ramo particular da indústria de transformação do país em questão não tenha ainda entrado, quer esse mercado tenha existido antes ou não. 4) Conquista de uma nova fonte de matérias-primas ou de bens semimanufaturados, mais uma vez independentemente do fato de que essa fonte já existia ou teve que ser criada. 5) Estabelecimento de uma nova organização de qualquer indústria, como a criação de uma posição de monopólio (por exemplo, pela trustificação) ou a fragmentação de uma posição de monopólio.

Nesse contexto, Schumpeter (1985) acredita que um personagem será o fator chave para que essa mudança seja possível: o empresário empreendedor. Este é uma pessoa que se diferencia na sociedade por ser portador de uma energia capaz de mudar o mundo, é o sujeito que inova, cria diferencias no produto e altera as relações no mercado.

Ainda, para o mesmo autor, o empreendedor é aquele responsável pelo processo de destruição criativa. Isso retrata um impulso fundamental que aciona e mantêm em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e implacavelmente, sobrepondo-se aos antigos métodos eficientes e mais caros.

Nessa discussão, Schumpeter (1985) diferencia o empresário do empreendedor. Lacruz et. ai (2008) confirma que ao adotar uma postura empreendedora, o empresário pode ser considerado um empreendedor, porém, a partir do momento em que esse empresário não inove mais, e passe a se acomodar com questões referentes aos serviços e produtos da sua empresa, este perde suas características como empreendedor.

o dinamismo do sistema econômico para Schumpeter depende, assim, do surgimento do empresário como criador de novas combinações. Mais do que isso: é alguém que tem a habilidade para que o novo seja implementado. Após as novas combinações serem adicionadas ao fluxo regular da atividade econômica, o empresário perde esta sua condição, passando, assim, a fazer parte da classe capitalista ou da burguesia. É esse o sentido que Schumpeter atribui ao termo empresário. (COSTA 2006, p. 9)

(26)

empreendedor é aquele que ao perceber as necessidades e oportunidades do ambiente terá iniciativas criativas e inovadoras para se posicionar no mercado.

Nessa linha de raciocínio Schumpeter vislumbra utilizar a inovação e a criatividade como força motriz para o desenvolvimento econômico. Desta forma, suas elucubrações serviram de base para os constructos sobre o empreendedorismo. Pois, os autores utilizam a mesma linha de pensamento para implementar idéias e mudar vidas.

Por sua vez, o empreendedorismo pode ser discutido sob outras esferas do conhecimento, dentre outras, pode-se destacar a Social, Empresarial e Educacional. Essa interação é de grande valia, isso porque, mostra a interdisciplinaridade que o tema pode proporcionar, sendo assim, observe os desdobramentos que estas três perspectivas indicarão, o encontro dessas traduz certamente a base teórica dos caminhos propostos da Educação Empreendedora do curso de Administração com a linha de formação em Comércio Exterior.

2.1 - PERSPECTIVA SOCIAL

Segundo Neto e Froes (2002), o crescimento dos problemas sociais que gerou o paradigma da exclusão social de hoje no Brasil, vem exigindo de todos os atores políticos e sociais uma nova atitude. Uma atitude de mudança, inovadora em sua natureza e essência, voltada para o desenvolvimento sustentável das comunidades em geral e, sobretudo, das comunidades de baixa renda.

Para que tal desafio seja vencido, alguns pré-requisitos devem ser atendidos plenamente, observe a figura abaixo:

FIGURA 2.2 - Pré-Requisitos do Empreendedorismo Social

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Redesenho da

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relação comunidade,

Parcerias Ações afl rmativas

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Mudanças de governo", setor

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padrões de sociedade

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Promoção da

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equidade social, Sustentabilidade cultural, econômica e continuada

ambiental !

(27)

o

processo de empreendedorismo social exige principalmente o redesenho de relações entre a comunidade, governo e setor privado, que se baseia no modelo de parcerias. Essas ganham visibilidade e sustentação por meio de ações afirmativas, que privilegiam segmentos populacionais em situação de risco social (menores carentes, doentes terminais, jovens desempregados, etc.). Assim, entende-se que essa interação possibilita essas três esferas da sociedade se comprometer com um futuro melhor.

Então, o resultado esperado é a vigência de novos padrões de sociedade que se traduz na emergência de comunidades ativas e atuantes, bem informadas, com alto grau de mobilização e articulação. Esta ação tem como conseqüência um espaço público fortalecido, onde decisões são tomadas juntamente com os agentes sociais envolvidos, logo, ocorre maior participação no processo de gestão.

Sabe-se que só isto não basta, Neto e Froes (2002) afirma que a democratização do espaço público demanda transformação social, que somente se viabiliza por meio de novos processos de geração de riqueza e de valores sociais, éticos e morais.

Baseado em ações sustentáveis, desenvolve-se o fenômeno do "empoderamento" que se traduz em programas e projetos eficientes, bem sucedidos e eficazes na busca de soluções para os problemas sociais vigentes. O resultado disso é a equidade social, cultural, econômica e ambiental sob o viés da sustentabilidade continuada.

Ainda o mesmo autor afirma que o paradigma do empreendedorismo social objetiva a transformação da realidade social com base nos seguintes pressupostos fundamentais:

a) Reflexão junto com as comunidades;

b) Criação e desenvolvimento de soluções antes impossíveis de inserção social em seu sentido mais amplo;

c) Foco na melhoria da qualidade de vida dos atores sociais; d) Existência do exercício pleno de cidadania;

e) Estabelecimento de novas parcerias, com total ligação entre governo, comunidade e setor privado;

f) Enfoque da sociedade em termos de geração de renda, produtividade, justiça social e ética.

(28)

futuro bem aventurado para todos, precisamos principalmente de uma ecologia mental e espiritual".

Esta ação tem grande impacto na vida das pessoas. Pois, contra-argumenta com a óptica consumista da humanidade. As empresas se preocupam somente com a produção e consumo, deixando de lado os responsáveis por estes, as pessoas. Além disso, Arruda e Boff (2000) afirmam que se todas as pessoas do mundo quiserem levar uma vida, no âmbito consumista, equiparado com os países desenvolvidos, futuramente não haverá mundo, então, é preciso conquistar mentes e corações para lutar por um mundo consciente que visualize o social em suas ações.

Para isso, Neto e Froes (2002) estruturam uma teia de benefícios, no qual, o empreendedorismo social pode possibilitar para a comunidade ou a sociedade local, observe a figura abaixo:

FIGURA 2.3 - Empreendedorismo Social

Comunidade ou Sociedade

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Fonte: Melo Neto e Froes (2002. p.34).

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Os benefícios para a comunidade local são vários: auto-estima, conscientização, participação, sentimento de conexão, novas idéias e valores, maior conhecimento, além de tudo, o novo papel exercido pela comunidade local como gestora dos empreendimentos locais. Para Dess et. aI. (2003) o desenvolvimento local viabiliza-se por meio de dois mecanismos principais:

(29)

2. Reinvestimento da renda no espaço local - os empreendimento arquitetados pela própria comunidade constituem a principal fonte de geração de renda e emprego.

Dees et. aI. (2003) afirma que o conceito de empreendedorismo pode também estar voltado para a área social. Esse, considerado relativamente novo, sempre existiu, mesmo quando não era chamado como tal. O mesmo autor, coloca ainda, o empreendedor social como o responsável pela mudança neste setor, desde que o mesmo seja posto em prática por adaptação de uma missão que vislumbre o valor social e não apenas valor privado. Portanto, o empreendedor social tem o papel de agente de mudança neste setor por:

a) Adotar a missão de gerar e manter valor social (não apenas valor privado); b) Reconhecer e buscar implacavelmente novas oportunidades para servir a tal

missão;

c) Engajar-se num processo de inovação, adaptação e aprendizado contínuo; d) Exibir transparência para com seus parceiros e público e resultados gerados. Melo Neto e Froes (2002, p.34), analisando o perfil do empreendedor social, afirmam que:

Não é qualquer um que pode ser um empreendedor social. O empreendedorismo social é um misto de ciência e arte, racionalidade e intuição, idéia e visão, sensibilidade social e pragmatismo responsável, utopia e realidade, força inovadora e praticidade.

Para que a diferença entre o empreendedorismo privado e o social seja percebida panoramicamente, através da visão sistêmica, optou-se em caracterizar os dois na tabela abaixo, observe:

QUADRO 2.2 - Comparação entre o Empreendedorismo Privado e Social

EMPREENDEDORISMO PRIVADO EMPREENDEDORISMO SOCIAL

(30)

Nota-se as diferenças. Pois há disparidades entre os focos, enquanto o privado está voltado para o mercado e o lucro, o social está voltado ao coletivismo e soluções de problemas sociais. A partir desses valores, surge um novo paradigma centrado na potencialização do ser humano e na qualidade de vida.

Para Dees et. aI. (2003), pessoas que estão em seus trabalhos e pensam no social ao mesmo tempo, certamente farão a diferença hoje e no futuro. Pois, serão vistas como líderes do setor social, suas ações poderão ser expressas de diversas maneiras, seja através de um projeto que envolva a criatividade voltada para o social, seja através de idéias que ajudem pessoas vítimas da vulnerabilidade social. O fato é, aqueles que mais inovarem em seus trabalhos e criarem mais progressos serão naturalmente vistos como mais empreendedores.

Rossoni et. aI. (2006) destacam Bill Drayton como um dos principais nomes do empreendedorismo social. Pois, o mesmo o difundiu através da organização internacional Ashoka em 1980 na Índia. O objetivo dessa entidade sem fins lucrativos é identificar líderes empreendedores que tenham idéias criativas e inovadoras capazes de gerar mudanças sociais e de grande impacto na sociedade.

Ainda, o mesmo autor destaca que a Ashoka dá todo o suporte financeiro para os empreendedores. Esta ação faz com que os mesmos possam se dedicar exclusivamente para os projetos sociais, além disso, passam por treinamentos e fazem cursos de capacitação para atuarem como profissionais. O grupo é conhecido mundialmente, está presente em 52 países e integra uma rede global que possibilita uma troca de informações e experiências capazes de ajudar os projetos da mesma.

Para Melo Neto e Froes (2002), o empreendedor social se preocupa com as injustiças sociais. Isso porque seu grau de consciência é muito alto, desta forma assume uma postura crítica e inconformada com as conseqüências do descaso social, assim, procura ajudar as pessoas e implementar ações que garantam seu auto-sustento e a melhoria contínua do bem-estar da comunidade.

(31)

Já Vieira e Gauthier (200 I), entendem que o empreendedor social deve correr riscos em prol da comunidade, averiguar se os recursos sociais estão sendo bem geridos e trazendo retomo financeiro para a mesma. Pois tendo o controle da situação poderá tomar decisões estratégicas junto com a comunidade.

Nesse bojo, as tecnologias sociais são então criadas e estruturadas para o benefício próprio do cidadão. Melo Neto e Froes (2002) conceituam as mesmas como arranjos institucionais definidos e implementados por associações, governo federal, estadual e local, universidades, sindicatos, equipes gestoras dos programas e projetos de desenvolvimento social numa comunidade e pelos próprios membros da mesma, são algumas delas:

• Empreendimento social: processo dinâmico pelo qual a comunidade e seus

membros identificam idéias e oportunidades econômicas e sociais, e atuam desenvolvendo-as, transformando-as em empreendimentos comerciais e industriais auto-sustentáveis;

• Projetos de economia de comunhão: conjunto de empresas do tipo variadas

que são gerenciadas por um núcleo comum e seus lucros são divididos em comum, é um tipo de empreendimento solidário;

• Desenvolvimento Local integrado e sustentável: estratégia de

desenvolvimento participativo que mobiliza o estado, sociedade e mercado, identifica as potencialidades regionais e estrutura planos integrados de desenvolvimentos;

• Complexo cooperativo: formado por um conjunto de cooperativas de

produção;

• Redes de créditos solidários: formadas por cooperativas locais de créditos e

um banco cooperativo;

• Pólos de socioeconomia solidária: espaço de troca de experiências e de

iniciativas de ações coletivas que objetiva construir alianças e parcerias;

• Incubadoras de pequenos negócios: núcleos de criação e desenvolvimento

de pequenos negócios;

• Programas de educação em economia solidária: formação de agentes na

(32)

• Bancos do povo: fonnados por grupos solidários que poupam em conjunto e se responsabilizam solidariamente pelo pagamento de juros e créditos concedidos.

2.2 - PERSPECTIVA EMPRESARIAL

A perspectiva empresarial, acontece quando a concepção do empreendedorismo está focada especificamente na empresa. Esse processo pode também se concretizar por meio de um plano de negócios, o tema não se esgota aqui, pois questões comportamentais são levadas em consideração.

Filion (1999) acredita que no Brasil há estudos que se preocupam com a criação de empresas. Pois, é percebido que nem todas conseguem efetivamente sobreviver até o 10 ano, desta fonna, o índice falência é alto demais. Esse fato, certamente pode ser o motivo pelo qual o empreendedorismo vem sendo comentado e discutido nas academias e nos diversos setores, primeiro (empresas públicas), segundo (empresas privadas) e terceiro (ONG'S).

É sabido que problemas como má gestão, falta de planejamento de recursos e conhecimento, desencadeiam a falência de empresas. Além desses, outros problemas também aparecem provenientes do ambiente externo, a alta competitividade e a concorrência acirrada, logo, qualquer um desses fatores conseguem desestabilizar a empresa que nasce.

Para Veiga et. aI. (2007) as mudanças provenientes da globalização, a velocidade com que os acontecimentos ocorrem, a volatilidade da comunicação, o fácil acesso às infonnações e a competitividade acirrada caracterizam a sociedade pós-industrial e favorecem a alterações no ambiente empresarial. Nota-se também, que as organizações estão se moldando com a finalidade de se manterem competitivas dentro do novo paradigma tecno-econômico. Logo, a disputa está acirrada no mundo atual.

(33)

É por esse motivo que Gonçalves et. aI. (2006) chamam atenção para a questão da mortalidade de empresas no Brasil. Isso porque é uma situação preocupante, principalmente no âmbito dos pequenos negócios, no qual é o setor que mais emprega nos últimos anos. Além disso, o mesmo constata ainda informações específicas e detalhadas sobre estudos desenvolvidos pelo SEBRAE - MG.

De acordo com estudos do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (SEBRAE-MG), cerca de 50% dessas firmas não conseguem se sustentar por mais do que dois anos, o que contrasta com as taxas de 20% a 40% em países desenvolvidos. Este é um índice altamente perigoso, considerado inaceitável, representando um desperdício em torno de US$lO bilhões. O país corre grande risco de instabilidade social se uma grande maioria de sua população passar a ter renda flutuante e não fixa sendo considerado uma forma de desemprego e isso acarreta baixa perda de poupança interna e comprometimento da estrutura familiar. (GONÇALVES, et. a!. 2006, p.8)

Bedê (2004 apud Montovani e Borges, 2006) destaca outro estudo realizado com 1.700 empresas no Estado de São Paulo, em 2005, onde mostra que 60% das empresas não chegam a fazer 5 anos de existência, ou seja 80 mil empresas paulistas encerram suas atividades, levando a uma perda estimada de 500 mil postos de trabalho por ano, e uma perda de R$ 15,6 bilhões em termos financeiros, o equivalente a 1,2% do PIB brasileiro, logo, entende-se que a situação fica crítica quando o foco é o desemprego.

(34)

empreendedoras que façam um estudo de cenários, analisem e avaliem o ambiente organizacional, esta ação envolve a análise das forças e fraquezas da empresa (ambiente interno) e as ameaças e as oportunidades (ambiente externo), este estudo na Administração é chamado de SWOT A partir desta análise, o empreendedor terá a visão sistêmica, ou seja, do todo organizacional, logo poderá com precisão cirúrgica agir nesses pontos sensíveis expostos acima.

Sendo assim, Neto e Froes (2002) afirmam que para muitos especialistas, o empreendedorismo é visto como um ramo da administração de empresas, que enfatiza a criação, o desenvolvimento e a gestão de novas organizações. Estes são os adeptos da pesquisa como base para a difusão do empreendedorismo. Os partidários desta linha de pensamento participam do movimento das incubadoras, cujo órgão representativo em nosso país é a Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos de Tecnologias Avançadas - AMPROTEC.

O empreendedorismo pode ser visto ainda como um construto de ações que dão base às estratégias do governo, das empresas e da comunidade. Provoca também a criação de idéias que são utilizadas como alternativas criativas para a promoção do desenvolvimento econômico e social locais.

E, finalmente, devem ser citados os que usam o empreendedorismo como suporte indispensável ao desenvolvimento auto-sustentável das micros, pequenas e médias empresas, e cujo órgão representativo no país é o SEBRAE.

O quadro 3, a seguir, apresenta as principais características das 4 (quatro) correntes:

QUADRO 2.3 - As Quatros Correntes do Empreendedorismo

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Empreendedorismo Empreendedorismo Empreendedorismo Empreendedorismo Itens Como fomento Como Gestão Como estratégia de Como estratégia de

tecnológico desenvolvimento desenvolvimento local das PME's

Objetivo Criar, desenvolver Difundir a prática Difundir políticas Garantir o

e gerenciar da gestão de DLIS com base desenvolvimento

empresas empreendedora no fomento ao das micros e

emergentes empreendedorismo PME's

local

Foco Empresas Melhoria da Maior

Auto-emergenciais gestão desenvolvimento sustentabilidade

econômico e social das micros e

em nível local PME's

Locus Incubadoras Universidades, Agências e fóruns Sistema 5S!

escolas de locais de DLS Sebrae

(35)

Percebe-se que as quatros correntes são desenvolvidas em lócus diferentes: incubadoras, universidades, agências locais e órgãos como o SEBRAE. Esses, por sua vez estabelecem focos e objetivos que levam a discussão do empreendedorismo ao ambiente empresarial. A partir disso, o mesmo certamente será desenvolvido para auxiliar as empresas a pensar caminhos para suas dificuldades.

Tendo em vista as dificuldades que as micros, pequenas e médias empresas enfrentam, verificou-se a necessidade de mostrar, como forma de assessorá-las, alguns instrumentos que o empreendedor pode utilizar para mapear o negócio e as possíveis informações para a tomada de decisão. Um deles é o fluxograma de decisão, desenvolvido por Lacruz (2006), e o outro é o plano de negócios, veja os abaixo:

FIGURA 2.4 - Ciclo de Decisões de um Empreendimento

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FONTE: La Cruz (2006, p.16).

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Conhecer o ramo de atividade, definir produtos e analisar o local de estabelecimento constituem algumas medidas que o empreendedor precisa levar em consideração na hora de montar o seu empreendimento. Para isso, estrutura-se um fluxograma para perceber sistemicamente as etapas do ciclo de decisões de um empreendimento. Assim, poderá decidir se é viável abrir o negócio ou não.

(36)

A equipe de professores de metodologia (OPEM - Oficina Permanente de Metodologia) do CESUPA (Centro Universitário do Pará) estruturou um plano que atende a os diversos tipos de negócios e corrobora com as peculiaridades regionais, desta forma, o plano que será detalhado abaixo conterá informações provenientes das duas esferas de conhecimento, tanto de La Cruz, quanto do OPEM, observe então no quadro abaixo:

QUADRO 2.4 - Estrutura do Plano de Negócios Completo

2-Descrição da empresa

4-Plano de marketing

8-Elementos estratégicos para a viabilização do plano de negócios

Fonte: La Cruz (2006) e OPEM (2009).

~ Estrutura legal -Setor de atividade -Porte da empresa -Constituição jurídica -Regime de tributação -Capital social

~ Estrutura organizacional -Localização e infra-estrutura -Organograma funcional -Terceirizações -Parcerias estratégicas

-V"I_""""u,,,,,, 'va e/ou comercial

~ Análise de mercado

~ Estudo dos produtos/serviços

~Exame da clientela-alvo

~ Análise da concorrência

~ Estratégia empresarial

~ Estratégias de marketing

. de vendas

~ S ustentabilidade

~Caráter regional

~Competitividade

(37)

Fica claro no Plano acima o caráter interdisciplinar, pois, utiliza-se do conhecimento de diversas áreas, como a Economia, o Marketing, Finanças, Produção, Gestão com Pessoas, Planejamento estratégico, etc. Entende-se então que não pode ser um evento isolado, desta forma deve possibilitar o diálogo entre os outros campos do conhecimento. Observe então a disposição do Plano de Negócios:

1) Sumário Executivo: É o local que reúne de maneIra resumida todas as informações que serão postas ao longo do plano, deve constar os dados do empreendimento, a história do negócio, o foco principal, etc.

2) Descrição da Empresa: Esta etapa reúne informações sobre a estrutura legal e a organizacional da empresa, características importantes, pois configura o setor, o porte, o regime de tributação da empresa e suas funcionalidades através da estrutura organizacional.

3) Mobilização dos Talentos Humanos: Esta etapa é bastante sensível, pois trata do nervo central das organizações, ou seja, as pessoas. O construto dessa linha de raciocínio perpassa pelos seis subsistemas de Gestão com Pessoas, são eles: Processos de Agregar (recrutamento e seleção), Aplicar (desenho de cargos e avaliação de desempenho), Recompensar (remuneração e benefícios), Desenvolver (treinamento), Manter (higiene, segurança e qualidade de vida) e Monitorar pessoas (Sistema de Informação Gerencial).

4) Plano de Marketing: A função de marketing consiste em quatro dimensões: produtos/serviços, fixação de preços, canais de distribuição/localização de revendas e promoção. A estratégia genérica em particular adotada pela unidade de negócio influencia o modo como essas várias dimensões são planejadas e executadas.

(38)

6) Análise SWOT: Analisam no ambiente interno as forças e fraquezas da empresa já no ambiente externo as ameaças e oportunidades.

7) Plano Financeiro: Estudos financeiros que fornecem informações que

determinam a abertura do negócio ou a continuidade do mesmo, pois indicam o ponto de equilíbrio, lucratividade, rentabilidade, etc.

8) Elementos estratégicos para a viabilização do Plano de Negócios: Esses

elementos são estruturados de acordo com as peculiaridades regionais, desta forma, a OPEM (2009) estruturou da seguinte maneira:

• Sustentabilidade: é uma maneira de utilizar os recursos naturais para atender

as necessidades das gerações do presente sem comprometer as gerações futuras. Além disso, valoriza iniciativas que combinem desenvolvimento econômico com sustentabilidade ecológica e justiça social.

• Caráter regional: significa arquitetar o desenvolvimento organizacional no

ambiente amazônico, considerando as peculiaridades que diferenciam positivamente a região pela diversidade de recursos naturais e produtos aqui existentes.

• Competitividade: aproveitar as vantagens comparativas de produtos

regionais para investir em empreendimentos que agreguem valor na própria região.

• Caráter social: Identificar o desenvolvimento social como parte integrante

da missão organizacional, adotando políticas de responsabilidade social que vise a transformação de seres humanos.

• Criatividade e inovação: identificar nas realidades regional, nacional e

internacional, oportunidades que visem a criação de negócios promissores.

• Exeqüibilidade: Pensar nas iniciativas que possam ser executadas através do

desenvolvimento de habilidades, competências e atitudes necessárias à

atuação na sociedade regional, nacional e internacional.

9) Avaliação do Plano de Negócios: é a última etapa, pois avaliará todas as

(39)

2.3 - PERSPECTIVA EDUCACIONAL

A terceira esfera se trata da Educacional. É quando as idéias do empreendedorismo estão correlacionadas à educação, seja na metodologia; nas técnicas pedagógicas como aulas expositivas, jogos, estudo de casos, atividades interdisciplinares, teatro popular; seja nas aulas e outros.

A educação no Brasil é alvo de crítica por diversas instâncias. Discutem os métodos, os objetivos, a finalidade das escolas, alguns propõe até a federalização das mesmas, esses pontos são questionados por vários motivos, um deles é que a proposta de ensino não corresponde com as necessidades dos alunos, dos pais e da sociedade.

Concomitantemente a este fato, educadores de todo o Brasil, debatem possíveis caminhos para o ensino contemporâneo. Pois estão preocupados com o perfil do ser humano para as próximas gerações futuras, desta forma, propostas pedagógicas inovadoras estão surgindo para mudar esse ambiente conservador e inadequado.

Quando é traçado reflexões sobre o ambiente educacional atual, observa-se que o mesmo está centrado na ciência lógica e na racionalidade. Esse fato configura o professor como o único detentor do saber, a pessoa que sabe de todos os assuntos, ou seja, aquele que tem o maior preparo, por outro lado, têm-se os alunos, este tem apenas a função de assimilar conhecimentos sistematizados.

Quando o assunto é educação, mesmo que esteja correlacionado com outras áreas do conhecimento, não se pode deixar de comentar as reflexões dos grandes pensadores, um deles com certeza é Paulo Freire. Pois, viveu intensamente comprometido com a vida humana e lutou incisivamente por uma educação que liberta e não oprime. Assim, julga-se necessário discutir suas idéias, uma vez que, no âmbito educacional, qualquer atitude empreendedora ou técnica pedagógica inovadora certamente terá como finalidade atingir as constatações observadas por este grande autor.

(40)

culmina na ação transformadora. O autor ressalta ainda que a educação não deve ser uma educação bancária, onde esse tipo de ensino se caracteriza pela presença de um professor depositante e um aluno depositário da educação.

Para Freire, (1987, p.80):

enquanto a prática bancária, implica uma série de anestesia, inibindo o poder

criador dos educandos, a educação problematizadora, de caráter

autenticamente reflexivo, implica num constante ato de desvelamento da realidade. A primeira pretende manter a imersão; a segunda, pelo contrário, busca a emersão das consciências, de que resulte a inserção crítica na realidade

Então, nessa óptica, Freire (1987) destacou algumas constatações que retratam o cotidiano educacional de muitas faculdades no que concerne a postura do educador e do educando em sala. Nota-se então a instrumentalização comportamental, pois, a falta de autonomia mostra que ambos procuram se adaptar ou se ajustar a uma ação em que um fala e o outro somente escuta, são elas:

1) O educador é o que sabe de tudo; os educandos, os que não sabem nada; 2) O educador é o que pensa; os educandos, os pensados;

3) O educador é o que diz a palavra; os educandos, os que a escutam amavelmente;

4) O educador é o que educa; os educandos, os que são educados;

5) O educador é o que opta e prescreve sua opção; os educandos os que seguem a prescrição;

6) O educador é o que disciplina; os educandos, os disciplinados;

7) O educador é o que atua; os educandos, os que têm a ilusão de que atuam, na atuação do educador;

8) O educador escolhe o conteúdo programático; os educandos, jamais ouvidos nesta escolha, se acomodam a ele;

9) O educador identifica a autoridade do saber com sua autoridade funcional, que opõe antagonicamente à liberdade dos educandos; estes devem adaptar-se às determinações daquele;

(41)

Ainda, o mesmo entende que ao contrário da "bancária", a educação

problematizadora, responde à essência do ser da consciência. O antagonismo entre as

duas concepções, uma, a "bancária", que serve à dominação; outra, a problematizadora,

que serve à libertação, toma corpo exatamente aí. Enquanto a pnmelra,

necessariamente, mantém a contradição educador-educandos, a segunda realiza a superação. Para manter a contradição, a concepção "bancária" nega a dialogicidade como essência da educação e se faz antidialógica; para realizar a superação, a educação problematizadora - situação gnosiológica - afirma a dialogicidade e se faz dialógica.

Entende-se com isso, o papel fundamental do professor em possibilitar caminhos alternativos que vão de encontro a esta educação instrumentalista. Ocorre que se este faz parte de uma sociedade opressora e ainda, concorda como tal, Freire (1987, p.17) menciona que suas ações estarão voltadas para o oprimido, veja:

Quem, melhor que os oprimidos, se encontrará preparado para entender o significado terrível de uma sociedade opressora? Quem sentirá, melhor que eles, os efeitos da opressão? Quem, mais que eles, para ir compreendendo a necessidade da libertação? Libertação a que não chegarão pelo acaso, mas pela práxis de sua busca; pelo conhecimento e reconhecimento da necessidade de lutar por ela. Luta que, pela finalidade que lhe derem os oprimidos, será um ato de amor, com o qual se oporão ao desamor contido na violência dos opressores, até mesmo quando esta se revista da falsa generosidade referida.

É relevante ressaltar aqui, para efeito de entendimento, a idéia de oprimido. Este

é uma pessoa que tem medo da consciência crítica, da discordância e de correr riscos,

talvez por receio da desordem ou então da liberdade, Paulo Freire refletia sobre isso, porque, o seu método está pautado na politização e na conscientização do indivíduo através da educação, só assim, poderia de uma vez por todas solucionar as contradições do mundo humano, sejam estruturais, superestruturais e inter-estruturais, do contrário, o oprimido de hoje, certamente será o opressor de amanhã.

(42)

no seu poder de criar e recriar, no seu poder de transformar o mundo. (Paulo Freire 1987).

É por isso que é importante crer tanto nos homens oprimidos quanto nos opressores. Isso porque, os mesmos devem ser vistos como capazes de pensar certo também, o diálogo, a reflexão e a comunicação são preceitos pautados na valorização humana, assim, não há outro caminho senão a prática de uma pedagogia humanizadora. Por acreditar no ser humano é que Freire (1987) detecta que a relação educador-educandos na escola ou em qualquer nível, deve ser a mais especial possível.

Segundo Gadotti (1980), o educador norte-americano John Dewey (1859-1952) foi o primeiro a formular o novo ideal pedagógico, afirmando que o ensino deveria dar-se pela ação (learning by doing) e não apenas pela instrução. A educação, ou aprendizado, continuamente reconstruía a experiência concreta, ativa, produtiva, de cada um. Ainda segundo o autor, Dewey afirma que a experiência concreta da vida se apresentava sempre diante de problemas que a educação poderia ajudar a resolver, havendo então uma escala de cinco estágios no ato de pensar, que ocorrem diante de algum problema. São eles:

1. Uma necessidade sentida; 2. A análise da dificuldade;

3. As alternativas de solução do problema;

4. A experimentação de várias soluções, até que o teste mental aprove uma delas;

5. A ação como a prova final para a solução proposta, que deve ser verificada de maneira científica.

(43)

Esse novo momento clama mudanças. Isso porque, uma nova cultura passa a ser escrita e vivenciada, então, novos procedimentos foram sistematizados, principalmente no que tange ao relacionamento interpessoal entre alunos e professores, a frieza, a falsidade, a dissimulação e manipulações que existiam antes deu lugar ao espírito de equipe que aperfeiçoou a força humana para a busca da socialização dos saberes.

Diferente da pedagogia tradicional, na qual o aluno é um sujeito passivo e mero receptor de informações, a pedagogia moderna incentiva a construção do conhecimento tanto pelo aluno, quanto pelo professor. David et. aI. (2001) chama este de facilitador ou mediador, pois, é quem estimulará, conduzirá e orientará a aprendizagem.

Sendo assim, o processo de ensino e aprendizagem de acordo com Moran et. aI. (2000) é ajudar os alunos na construção da sua identidade, do seu caminho pessoal e profissional - do seu projeto de vida, no desenvolvimento das habilidades de compreensão, emoção e comunicação que lhes permitam encontrar seus espaços pessoais, sociais e profissionais e tornar-se cidadãos realizados e produtivos. Rogers (1977) por sua vez, constrói algumas afirmativas que traduzem a concepção de aprendizagem, são elas:

1) A capacidade natural do ser humano em aprender;

2) A percepção do aluno no momento do aprendizado, pois, interage quando a matéria a ser estudada corrobora com seus objetivos;

3) A aprendizagem que envolve mudança na vida pessoal suscita reações adversas tanto de si como da parte do outro;

4) As aprendizagens que ameaçam o próprio ser são mais facilmente percebidas e assimiladas;

5) Por meio de ações que se adquire aprendizagem mais expressiva;

6) A aprendizagem é facilitada quando o aluno participa responsavelmente do seu processo;

(44)

8) O aprendizado socialmente mais útil, no mundo atual, é a do próprio processo

de aprendizagem, que é proporcionado por uma constante abertura à experiência

e a incorporação dentro de si à mudança.

Esse processo de aprendizado é proporcionado com base nos princípios da

pedagogia moderna, ou seja, na pedagogia que permite a construção do conhecimento e não na reprodução do mesmo. Bolzan (1998) resume essa diferença paradigmática, veja no quadro abaixo:

QUADRO 2.5 - Diferenças das Pedagogias

PEDAGOGIA TRADICIONAL

Utiliza o espaço em sala de aula para repassar Valoriza-se o encontro em sala de aula de uma somente a disciplina e tê-la como dada.

Fonte: Bolzan (1998, p.16).

(45)

As caracterizações da pedagogia moderna citadas acima são postas com vistas a preparar as pessoas para a sociedade, para serem pessoas éticas e terem cidadania. Por isso, a faculdade tem grande importância na vida do ser humano. Isso requer que essas instituições acompanhem com a mesma veemência as transformações provenientes da sociedade global.

Essa perspectiva da educação, moderna e que liberta, discutida pelos autores acima, dá base para os estudos do empreendedorismo voltados a esta área. Isso porque o mesmo não pode ser notado aleatoriamente e sim contextualizado até mesmo para que suas idéias sejam concebidas e estruturadas na vida das pessoas, nos seus empreendimentos ou em seus locais de trabalhos, assim, as discussões terão sentidos.

Pinchot III (1989, p. 71) revela que "inovação não quer dizer invenção, invenção é o ato de gênio ao criar algo potencialmente útil. Em inovação isso é apenas o começo. Quando a invenção é feita, a segunda metade da inovação começa: transformar, implementar e desenvolver". Sendo assim, as empresas precisam de pessoas que criem, inovem e participem em equipes dos processos decisórios para torná-las competitivas no mercado globalizado, seja através de um produto ou serviço novo.

Para isso, a faculdade precisa repensar a formação dos jovens. Isso porque, o mundo precisa de cidadãos empreendedores que possam pensar em idéias inovadoras capazes de solucionar os problemas como a miséria, fome, corrupção, doenças, desmatamento e outros. Assim, os jovens necessitam estar preparados para criar, correr risco sem correr perigo, inovar, ter liberdade para se expressar, e outros.

Os constructos pedagógicos do empreendedorismo se referem de acordo com David et. aI. (2001), ao ato de ensiná-lo. Constata-se então que este não está ligado à Pedagogia Tradicional e sim a Moderna, na qual se encontra focada nos jogos, dinâmicas de grupo e vivências, etc. Observe as confirmações de Saviani (1991, p.20):

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Tabela  1:  Crescimento  das  IES  por Região  - Brasil  1990-2004
Tabela 4 - Os Dez maiores Cursos por número de matrículas e concluintes - -Brasil 2004
FIGURA 2.1 - O Processo  Visionário
FIGURA 2.2 - Pré-Requisitos do  Empreendedorismo Social
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Referências

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