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Por que as crianças são maltratadas?: Explicações para a prática de maus-tratos infantis na literatura.

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Academic year: 2017

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Por que as crianças são maltratadas?

Explicações para a prática de maus-tratos

infantis na literatura

Why are children abused?

A bibliographical review of the explanations

for child abuse

1 In stitu to Fern an des Figu eira, Fu n d ação Osw ald o Cru z . Av. Ru i Barbosa 716, Rio d e Jan eiro, RJ 22250-020, Brasil. rom eu @iff.fiocru z .br Rom eu Gom es 1

Su ely Ferreira Deslad es 1 M árcia Motta Veiga 1 Carlos Bh erin g 1 Jacqu elin e F. C. San tos 1

Abstract Th is a rt icle a n a lyz es t h e fa ct ors rela t ed t o ch ild a bu se t h a t h a ve been p u blish ed in th ree of th e m ain Braz ilian p ed iatrics jou rn als. Th e literatu re w as assessed by con ten t an alysis. Fou rteen stu d ies w ere an alyzed . Th e m ain exp lan atory factors w ere: (a) rep rod u ction of violen ce; (b) fam ily an d p sych ological d isord ers an d alcoh ol abu se; an d (c) th e stru ctu ral or m acro-social ord er. Th e au th ors con clu d e th at p reven tion or in terven tion p olicies can be m ore su ccessfu l if a th eoretical/p ractical u n d erstan d in g is ach ieved , an d th at it is n ecessary to in tegrate each u n iqu e case w ith th e k n ow led ge based on care for th ou san d s of fam ilies in volved in ch ild abu se both in Brazil an d w orld w id e.

Key words Ch ild Abu se; Ch ild Health ; Dom estic Violen ce

Resumo Este artigo tem com o objetivo an alisar os fatores qu e são id en tificad os com o atu an tes p a ra a ocorrên cia d a s sit u a ções d e m a u s- t ra t os com et id os con t ra cria n ça s, p resen t es n os t rês p rin cip ais p eriód icos brasileiros d e Ped iatria. A p rod u ção bibliográfica foi tratad a com base n a an álise d e con teú d o. Con sid eran d o os critérios d e in clu são d os artigos, foram an alisad os 14 trabalh os. Em term os d e resu ltad os, ressaltam se com o m od elos teóricos exp licativos: (a) a rep rod u -ção d as ex p eriên cias d e violên cia; (b) os d esaju stes fam iliares, p síqu icos e alcoolism o; (c) a ord em m acro estru tu ral. Den tre as con clu sões, ord estacase qu e as p olíticas ord e p reven ção e in terven -çã o d os m a u s- t ra t os com et id os con t ra a in fâ n cia t erã o m a ior êx it o se con segu irem a rt icu la r u m a com p reen são teórico-p rática. É p reciso in tegrar a sin gu larid ad e d e cad a caso ao con h eci-m en to acu eci-m u lad o n o aten d ieci-m en to a eci-m ilh ares d e faeci-m ílias en volvid as n a p rática d e eci-m au s-tratos (n o Brasil e n o m u n d o).

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Introdução

A violên cia se con stitu i atu alm en te u m em d os m ais graves p rob lem as d e saú d e p ú b lica. Esse fen ô m en o se o b ser va n o Bra sil e em d iverso s ou tros p aíses. Segu n d o Yu n es & Rajs (1994), n o p eríod o d e 1979 a 1990, Brasil, Colôm b ia e Cu -b a ap resen taram u m a ten d ên cia fran cam en te crescen te d a m ortalid ad e p or cau sas extern as em to d o s o s gru p o s d e id a d e, esp ecia lm en te en tre in d ivíd u o s d e 10 a 24 a n o s. Segu n d o o s au tores, Colôm b ia, Brasil, Pan am á, Porto Rico e Ven ezu ela d esta ca m -se n a m o rta lid a d e p o r h om icíd ios ou lesões in ten cion alm en te ap lica-d as, sob retu lica-d o en tre joven s e alica-d olescen tes. Em n o sso p a ís, a vio lên cia co n tra cria n ça s e a d o -lescen tes ga n h a co n to rn o s d ra m á tico s. As d i-versas form as d e cau sas extern as são as p rin ci-p a is resci-p o n sá veis ci-p ela s m o rtes d e cria n ça s a p artir d e cin co an os, esten d en d o à ad olescên -cia seu s fu n estos e m ortais efeitos.

Con tu d o, além d a violên cia qu e leva à m or-te, co n vivem o s d e m o d o co tid ia n o e o cu lto com várias ou tras form as d e vitim ação. A vio-lên cia d o m éstica o u in tra fa m ila r é, sem d ú vi-d a, resp on sável p or m ilh ares vi-d e crian ças e avi-d o-lescen tes vitim ad os n o Brasil.

Em b ora n ão se d isp on h a d e d ad os m ais sis-tem á tico s p a ra o p a ís, a im p la n ta çã o d a fich a d e n otificação com p u lsória d os casos d e m au s-tra to s p ela s Secreta ria s Mu n icip a l e Esta d u a l d e Saú d e d o Rio d e Jan eiro n os d á p istas d essa m a gn itu d e. So m en te n o p erío d o d e ju lh o d e 1999 a agosto d e 2000, foram n otificad os, p ela red e d e sa ú d e, 1.061 ca so s d e m a u s-tra to s n o Estad o (SES-RJ, 2001).

Com o ob servam Min ayo & Sou za (1999:8), “até bem p ou co tem p o, p orém , o setor saú d e olh ou p ara o fen ôm en o da violên cia, com o m e-ro esp ectad or, u m con tad or d e even tos e u m re-p arador dos estragos re-p rovocados re-p elos con flitos sociais”. Ain d a segu n d o a s a u to ra s, a a tu a çã o d a área d e saú d e com eça a m u d ar, tim id am en -te, n a d écad a d e 60, q u an d o a p ed iatria am eri-ca n a p a ssa a id en tifieri-ca r a q u estã o d o s m a u s-tratos con tra crian ças com o u m p rob lem a clí-n ico -so cia l. So b a ep ígra fe d e u m a síclí-n d ro m e,

os m a u s-tra tos, vistos com o u n ica m en te a co-m eten d o b eb ês, serã o d esign a d o s co co-m o sín

-d rom e -d o b eb ê esp an ca-d o e, n a -d éca-d a -d e 70, torn ar-são u m asp ecto a ser con sid erad o p e-la a çã o m éd ica . Desse p erío d o a té o p resen te m om en to, in ú m eros avan ços p od em ser regis-tra d o s, in clu sive a p ró p ria co n ceitu a çã o q u e in co rp o ra , n a d en o m in a çã o d e m a u s-tra to s, cria n ça s d e 0 a 12 a n os e a d olescen tes. En tre-ta n to, a in d a p erm a n ecem certre-ta s d ificu ld a d es d e se tratar a violên cia com o u m p rob lem a

so-cia l a m p lo e co m o q u estã o q u e ta m b ém p er-ten ce a o â m b ito d a sa ú d e. Os d esa fio s co n ti-n u a m a tu a is: é p o ssível p reveti-n ir a vio lêti-n cia ? Com o atu ar com as fam ílias en volvid as n a p rá-tica d e m au s-tratos?

Pa ra q u e se p o ssa ca m in h a r n a d ireçã o d a p reven çã o d o s m a u s-tra to s co m etid o s co n tra cria n ça s e a d o lescen tes, u m d o s a sp ecto s im -p orta n tes é com -p reen d er com o essa tem á tica vem sen d o exp lica d a n o ca m p o d a sa ú d e, esp ecia lm en te n a á rea d e sa ú d e in fa n til. Co m -p reen d er essa racion alid ad e é fu n d am en tal -p a-ra qu e se en ten d am os ob stácu los, resistên cias à s p o lítica s e a çõ es q u e visa m a u m a a tu a çã o q u e su p ere os lim ites d o tratam en to b iom éd i-co d o p rob lem a.

Partim os d o p ressu p osto d e qu e a violên cia p ossu i u m a h istoricid ad e, assim com o as teo-ria s e d iscu rso s q u e se p ro p õ em exp licá -la . Su as in ú m eras m an ifestações p articu lares trazem ao d eb ate qu estões u n iversais, com o a im -p o rtâ n cia d o va lo r d a vid a h u m a n a . Su a s fo r-m a s r-m a is p err-m a n en tes, rep ro d u zid a s so cia l-m en te d e l-m an eira in stitu cion alizad a (col-m o os m a u s-tra tos e a s violên cia s con ju ga is), p rop cia m u m a reflexã o so b re a in ten sid a d e e a d i-m en são d a exp eriên cia in d ivid u al (Deslan d es, 2000; Min ayo, 1994). Nesse sen tid o, exp licar a ocorrên cia d os m au s-tratos con tra as crian ças é u m a tarefa com p lexa, n a m ed id a em q u e en -volve a articu lação em red e d e asp ectos sócio-cu ltu rais, p sicossociais, p sicológicos e até m es-m o b io ló gico s, p a ra q u e se p o ssa a tin gir u es-m a com p reen são m ais ab ran gen te acerca d a p ro-b lem ática em qu estão.

Com b ase n essa p ersp ectiva teórico-exp li-cativa, ob jetivam os an alisar os fatores q u e são id en tifica d o s, n a p ro d u çã o b ib lio grá fica em Ped ia tria , n o s a n o s 90, co m o a tu a n tes p a ra a ocorrên cia d as situ ações d e m au s-tratos com e-tid os con tra crian ças. Preten d em os, d essa for-m a , p ro b lefor-m a tiza r a s id éia s for-m a is reco rren tes en volvid as n as form u lações exp licativas d esse fen ôm en o.

Metodologia

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existên cia d o p erió d ico, en q u a n to n o s o u tro s d ois foram con sid erad os os artigos p rod u zid os n o in ter va lo d e 1990 a 1999. Esses p erió d ico s foram escolh id os p or d irigirem -se àqu eles p ro-fissio n a is q u e, n o ca m p o d a sa ú d e, m a is têm con tato com a faixa etária em estu d o e p or serem d e u m a d as áreas qu e m ais vêm se p reocu -p an d o com agravos -p rod u zid os -p ela violên cia (Gom es et al., 1999; SBP/ FIOCRUZ/ MJ, 2000).

Nas três revistas, con sid eram os tod os os ar-tigos que abordavam , especificam en te, os m au s-tra to s co m etid o s co n s-tra cria n ça s, n ã o sen d o in clu íd os os q u e ab ord avam q u estões relacio-n a d a s, sim u lta relacio-n ea m erelacio-n te, a cria relacio-n ça s e a d oles-cen tes. Co n sid era n d o o s critério s d e in clu sã o d os artigos, an alisam os 14 trab alh os.

A an álise d o m aterial b aseou -se n a técn ica d e a n á lise d e co n teú d o, segu n d o su a m o d a li-d ali-d e “tem ática”. A técn ica li-d e an álise tem ática “con siste em d escobrir os ‘n ú cleos d e sen tid o’ qu e com p õem a com u n icação e cu ja p resen ça, ou freqü ên cia de aparição, podem sign ificar al-gu m a coisa p ara o objetivo an alítico escolh ido”

(Bard in , 1979:105). Com essa técn ica, p od em os cam in h ar, tam b ém , n a d ireção d a “d escoberta d o qu e está p or trás d os con teú d os m an ifestos, in d o além d as ap arên cias d o qu e está sen d o an alisado” (Gom es, 2000:74). A an álise d e con -teú d o foi recon d u zid a b asicam en te p or u m re-corte in terp retativo, cu jo escop o h erm en êu tico ab an d on ou os segm en tos d e an álise estatística (Min ayo, 1992).

Ten d o co m o b a se esses p rin cíp io s, fo ra m p ercorrid os os segu in tes p assos d e an álise: (a) id en tifica çã o d a s id éia s cen tra is (n ú cleo s d e sen tid o) d as exp licações d e cad a artigo acerca d os m au s-tratos; (b ) com p aração en tre as d iferen tes exp licações p resen tes n os artigos estu -d a -d o s; (c) -d esco b erta -d e eixo s em to rn o -d o s q u ais giravam os argu m en tos d os au tores p ara exp licar os m au s-tratos; (d ) classificação e d is-cu ssã o d o s fa to res cita d o s co m o a sso cia d o s à ocorrên cia d os m au s-tratos com etid os con tra a crian ça.

As explicações sobre os maus tratos

contra crianças

Observarm os, in icialm en te, que os fatores id en -tificad os, n os artigos an alisad os, com o cau sa-d ores ou p resa-d isp on en tes e/ ou sa-d esen casa-d ean tes d os m au s-tratos in fan tis n em sem p re são acetos in con d icion alm en te p or seu s au tores. Mu i-tas vezes, são situ ad os com o revisão b ib liográ-fica d a área, tom ad os, d e form a p ou co crítica, co m o o co n h ecim en to a cu m u la d o so b re a te-m ática. Nesse caso, retratate-m o cate-m p o con

solid asolid o com o “evisolid en te”, n o “estoq u e solid e referên cias” d e seu s estu d os. Nou tras situ ações, os au to res a d o ta m u m a p o siçã o d e m a io r p ro ta go n ism o em fa ce d o referen cia l teó rico, co n d u -zin d o a p esqu isa d e acord o com esses m od elos ou critican d o-os. A an álise d os artigos p ossib i-litou -n os, p ortan to, m ap ear essas d istin tas ex-p lica çõ es, n ã o sen d o n o ssa in ten çã o vin cu la r este o u a q u ele a u to r a q u a lq u er m o d elo (a té m esm o p orqu e os p esqu isad ores situ am d iver-sas referên cias teóricas).

Pa ra efeito d e o rga n iza çã o d o m a teria l, classificam os os artigos segu n d o o tip o d e vio-lên cia a b o rd a d o, co n fo rm e a Ta b ela 1. Nessa ta b ela , o b ser va m o s q u e h á a rtigo s q u e a b o r-d a m o s m a u s-tra to s em gera l e h á o u tro s q u e tratam d e tip os esp ecíficos. Os trab alh os rela-cio n a d o s a d iverso s tip o s d e m a u s-tra to s, via d e regra , situ a va m essa p ro b lem á tica co m o u m a q u estão d e violên cia d om éstica, u m a vez qu e, segu n d o eles, gran d e p arte d os agressores era d e p ais ou p aren tes. Verificam os q u e os d iferen tes fa to res q u e ca u sa ria m o u in flu en cia -riam a ocorrên cia d os d istin tos tip os d e m au s-tra to s esta ria m p resen tes em q u a se to d a s a s su as form as d e ap resen tação, n ão h aven d o, em gera l, u m a exp lica çã o esp ecífica p a ra u m d eterm in ad o tip o. Os au tores q u e ab ord am ab u -sos sexu ais, além d e u tilizar as exp licações com u n s aos ou tros tip os d e com au stratos, evid en -ciam o ap orte p sicológico d a q u estão, com o a “p o b reza d a vid a sexu a l d o s p a is” en vo lvid o s n este tip o d e a b u so (Sea b ra & Na scim en to, 1998; Zavasch i et al., 1991).

A exp licação m ais recorren te se refere à re

-produ ção das experiên cias de violên cia fam iliar vivid as d u ran te a in fân cia, con trib u in d o p ara qu e se p erp etu em os m au s-tratos. Segu n d o

es-Tabela 1

Distribuição de artigos publicados em periódico de Pediatria, segundo tipo de maus-tratos, 1990-1999.

Tipo de violência Autores

Abuso sexual Bittencourt (1995), Junqueira (1998), Seabra & Nascimento (1998), Zavaschi et al. (1991)

Negligência Davioli & Ogido (1992)

Maus-tratos em geral Cariola (1995), Castro Neto (1994), Centeville et al. (1997), Korn et al. (1998), Marmo et al. (1995), Muza (1994), Silva (1998)

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sa ló gica , “m u itas crian ças vítim as d e m au s-tratos se torn am adu ltos agressores”( Ju n qu eira, 1998:432). Assim , “os p ais rep rod u z em os m o-d elos o-d e eo-d u cação n a in fân cia” (Ca rio la , 1995:160), p o r “terem sofrid o os m esm os tip os d e n egligên cia”(Da vo li & Ogid o, 1992:406), n u m cen ário d e “in fân cias difíceis”(Castro Ne-to, 1994:219).

Até m esm o em rela çã o a o a b u so sexu a l, ta m b ém se a p lica essa ló gica . “Pessoas qu e, qu an do crian ças, foram su bm etidas a abu so se-xu al ten d em a rep etir a situ ação d e abu so com seu s filh os”(Zavasch i et al., 1991:133). Relata-se qu e é com u m a con ivên cia d e m ãe, qu e se om i-te em fa ce d o s a to s d e seu co m p a n h eiro q u e co m ete a b u so sexu a l co n tra a cria n ça p o rq u e “geralm en te possu i h istória de abu so sexu al em su a in fân cia”(Seab ra & Nascim en to, 1998:396). Os argu m en tos qu e com p õem esse m od elo rep ro d u tivo en co n tra m -se a n co ra d o s n u m a ab ord agem p sicológica qu e d eixa tran sp arecer u m certo cu n h o d eterm in ista. Nessa p ersp ecti-va, os p rob lem as p síqu icos e p siqu iátricos – fa-to res em o cio n a is, q u estõ es rela cio n a d a s co m au to-estim a e p rob lem as d e p erson alid ad e em geral d a fam ília origin al – com p oriam o u n iver-so d as vivên cias qu e seriam rep rod u zid as. “Nu

-m a fa-m ília on de toda a estru tu ra é n eu rótica, a crian ça certam en te vai ‘h erd ar’ este com p orta-m en to d os p ais” (Cen teville et a l., 1997:100) e p od erá ser u m fu tu ro au tor d e m au stratos in -fan tis, ao se torn ar ad u lto.

Assim , segu n d o essa visã o, o co rre u m cír-cu lo vicioso: “as crian ças recebem tod os os im -p actos d e situ ações d e d esaju stes, -p erd en d o os seu s vín cu los afetivos e torn an d o-se ad u ltos agressivos, p oten cializ an d o cad a vez m ais si-tu ações agressivas”(Korn et al., 1998:455).

A id éia, exp ressa n os artigos estu d ad os, d e q u e o p resen te reed ita o p a ssa d o, em term o s d e exp eriên cias d e violên cia fam iliar, en con tra resp a ld o em p esq u isa rea liza d a co m 8.145 fa -m ília s (Stra u s &a-mp; S-m ith , 1995). De a co rd o co -m os ach ad os d esse estu d o, os p ais q u e sofreram vio lên cia q u a n d o cria n ça s a p resen ta va m u m ín d ice d e vio lên cia co n tra o s seu s filh o s d u a s vezes m a ior d o q u e a q u eles q u e n ã o sofrera m violên cia.

No Brasil, n ão h á p esqu isas com a am p litu -d e -d a in vestigação n orte-am erican a citd a, p a-ra q u e p o ssa m o s fa zer o co n ta-ra p o n to en tre m od elo exp licativo e realid ad e. No en tan to, d e u m a certa form a, p od em os relativizar essa óti-ca co m b a se em u m q u estio n a m en to b á sico : até q u e p on to esse círcu lo vicioso é u m a exp e-riên cia u n iversa l q u e in d ep en d e d o co m o a s d iferen tes cu ltu ras in terferem e acom od am as relações en tre p ais e filh os?

Os estu d o s tra ta m d e u m a p ro b a b ilid a d e, u m a m a io r vu ln era b ilid a d e, m a s n ã o d e u m a lei in exorável. Com o n os lem b ra Alm eid a Filh o (2000), a tra n sp o siçã o d e u m a id éia d e risco ep id em iológico, isto é, aq u ele d istrib u íd o n u -m a certa p op u lação, n ão p od e ser lid o d a -m es-m a fo res-m a p a ra o risco in d ivid u a l. E a q u eles p a is q u e so frera m vio lên cia e n ã o a b u sa m d e seu s filh os? O qu e os d istin gu e? Essas qu estões levam -n os a refletir, d e u m lad o, sob re o fato d e as d iferen ças cu ltu rais in flu en ciarem n a con s-tru çã o d e sign ifica d o s d istin to s em fa ce d e u m a m esm a situ ação. Por ou tro lad o, o in d iví-d u o e su a fam ília p oiví-d em ser cap azes iví-d e aiví-d m i-n istra r a s su a s vivêi-n cia s vio lei-n ta s, p a ssa r p o r ou tras vivên cias q u e favoreçam à resiliên cia e ad otar com p ortam en tos q u e as su p erem . Nes-se Nes-sen tid o, ap en as u m au tor reflete q u e “d evese con sid erar qu e as p essoas d isp õem d e p oten -cial p ara se reorgan iz ar e in corp orar as ex p e-riên cias trau m áticas” (Bitten cou rt,1995:424).

Ou tra exp licação p ara a existên cia d e crian -ças m altratad as se associa à id éia d a violên cia com o p rod u to d e d esaju stes fam iliares, p síqu i-cos e do alcoolism o. Em um artigo, os fatores re-lacion ad os a d esaju stes e p rob lem as p síq u icos b aseiam -se em d ad os em p íricos d e u m estu d o co m 103 vítim a s, q u e a p o n ta m o s d istú rb io s com p ortam en tais d o agressor (com 31,06%) e a d esagregação fam iliar (com 21,97%) com o os d ois p rin cip ais fatores d esen cad ean tes d a vio-lên cia (Cariola, 1995).

Nesse m o d elo, é co m u m a exp lica çã o ser con stru íd a com b ase em u m a lógica an corad a n u m a an álise p sicológica d a p erson alid ad e d os agressores. Nesse sen tid o, as “agressões ap are-cem qu ase sem p re com o d ecorrên cia d e situ a-ções con flitan tes e fru straa-ções n ão resolvidas pe-los resp on sáveis p ela crian ça” (Ca rio la , 1995: 162).

A exem p lo d e u m a exp lica çã o esp ecifica -m en te p sico ló gica d o p ro b le-m a , d esta ca -se u m a q u e se rela cio n a a o a b u so sexu a l: “o p ai p ode ter u m a p erson alidade p assiva e in trover-tida e geralm en te a vida sexu al do casal é pobre. In icia a relação com su a filh a d u ran te u m p e-ríod o d e ‘stress’, solid ão e d ep en d ên cia. A ativi-d aativi-d e ativi-d o in cesto p oativi-d e n ão ser m otivaativi-d a p elo se-xo, m as rep resen ta u m a n ecessid ad e d e afeto”

(Zavasch i et al., 1991:131).

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O fa to d e se co n stru ir u m a exp lica çã o p si-cológica p ara os m au s-tratos com b ase n a an á-lise d a p erson alid ad e d e q u em m altrata p od e, d e certa m an eira, ap resen tar d e form a p atoló-gica o agressor, q u e é rep rovad o, m as com p re-en d id o p ela su a p a to lo gia . Bittre-en co u rt (1995: 422) critica essa visão d e qu e o relacion am en to ad u lto-crian ça seja “con cebido com o decorrên -cia d e trau m as secretos d o agressor, d e su a n a-tu reza psicopatológica”.

Im p ortan te lem b rar q u e os agressores n ão p o ssu em , n ecessa ria m en te, p erfil d e d o en tes m en tais (Deslan d es, 1994; Giffin ,1994), torn an -d o -se n ecessá rio rela tiviza r su a “cla ssifica çã o p atológica” e os con ceitos u tilizad os n essa tra-jetória . Ben tes (1999) q u estion a a va lid a d e d a ca tego ria p siq u iá trica “d istú rb io co m p o rta -m en tal”. Para a au tora, existe u -m a ju stap osição d e co n ceito s ju ríd ico -p en a is e p siq u iá trico s, utilizados p ara retratar tan to atos de delin qü ên -cia (categoria ju ríd ica d escrita n a crim in ologia n a d éca d a d e 30), q u a n to o d istú rb io d e co m -p ortam en to (categoria -p siq u iátrica d a CID 10) (OMS, 1995). Essa classificação d o agressor re-vela m ais u m ju lgam en to m oral p ela in ten sid a-d e a-d a agressão p erp etraa-d a a-d o qu e u m a classifi-cação cien tífica.

Ou tro asp ecto a ser criticad o é o estigm a d e d esa ju sta d a s o u d esestru tu ra d a s a p lica d o à s fam ílias qu e n ão são organ izad as d e form a n u -clear, com altern ân cia d e p arceiros d a m u lh er-m ãe. As er-m u d an ças ob servad as n a coer-m p osição d a fam ília b rasileira con tem p orân ea d os d ife-ren tes segm en tos sociais p recisam ser m ais bem estu d a d a s e leva d a s em co n sid era çã o. Essa s p esqu isas seriam su bstrato defin itivo p ara rela-tivizar o em p rego do rótu lo de desestru tu ração.

Po r ú ltim o, o a lco o lism o é a p o n ta d o ta m -b ém co m o u m a exp lica çã o p a ra a o co rrên cia d o s m a u s-tra to s co m etid o s co n tra a cria n ça (Bitten co u rt, 1995; Delga d o & Fisb erg, 1990; Sea b ra & Na scim en to, 1998; Za va sch i et a l., 1991). Em geral, esses au tores associam a qu es-tão d o alcoolism o a fatores p sicológicos.

Esp ecificam en te em relação à n egligên cia, segu n d o u m a rtigo q u e a n a lisa essa tem á tica , tam b ém “o alcoolism o tem u m a gran de im portân cia, sobretu d o ocasion an d o violên cias in con troláveis e, n o caso de ser crôn ico, provocan -d o n egligên cia e aban -d on o -d os cu i-d a-d os com o filh o”(Delgad o & Fisb erg, 1990:115).

No estu d o d e Ca rio la (1995), co m 103 víti-m as, o alcoolisvíti-m o figu ra covíti-m o o terceiro fator d esen cad ean te d e m au stratos m ais im p ortan -te, com o p ercen tu al d e 17,42% n o con ju n to d e tod os os fatores.

Em relação a esse tip o d e associação, vários estu d iosos a p on ta m q u e o á lcool é a su b stâ n

cia m ais ligad a às m u d an ças d e com p ortam en -to p rovocad as p or efei-tos p sicofarm acológicos qu e d esen cad eiam a violên cia. Estu d os exp eri-m en ta is (Fa ga n , 1990, 1993) eri-m o stra eri-m q u e o ab u so d e álcool p od e ser resp on sável p elo au -m en to d a agressivid ad e en tre os u su ários. Fa-to res co m o p eso co rp o ra l, tip o d e m eta b o lis-m o, p rocessos n eu roen d ócrin os e n eu roan atô-m icos p rod u zeatô-m d iferen ças in d ivid u ais n o u so d e d rogas e m u d an ça d e com p ortam en to.

En tretan to, ap esar d e evid ên cias em p íricas, h á m u itas d ú vid as q u an to às exp licações cau -sa is d e u so d e á lcool e p rá tica d e violên cia s, e ain d a n ão foi p ossível in ferir qu e tal u so afete o com p ortam en to d as p essoas en volvid as. Logo, n ão é p ossível sab er se essas p essoas, em esta-d o esta-d e ab stin ên cia, teriam com etiesta-d o as m esm as tra n sgressõ es. Ta m p o u co é p o ssível d iscern ir se o u so d e d rogas, estan d o associad o a ou tros a sp ecto s, d esen ca d eia co m p o rta m en to s vio -len tos ou se é, p or si, u m fator cau sad or (Min a-yo & Deslan d es, 1998).

A o co rrên cia d o s m a u stra to s co n tra a in -fân cia tam b ém é exp licad a, n a m etad e d os ar-tigos, p ara além d a m ecân ica d os even tos, b u scan d o ab ran ger tam b ém a ord em m acroestru -tu ra l q u e esta ria p o r trá s d a o co rrên cia d o s m a u s-tra to s. Essa o rd em p o d e ser tra d u zid a p o r a sp ecto s so cia is, eco n ô m ico s e cu ltu ra is, com o a d esigu ald ad e, a d om in ação d e gên ero e d e gerações.

Den tro d esse m od elo exp licativo, d estaca-se, in icialm en te, o alerta p ara o p róp rio con cei-to d e m au s-tracei-tos com etid os con tra a crian ça, q u e d eve ser visto co m o u m a n o çã o cu tu ra l-m en te con struída. Isso n ão descaracteriza a vio-lên cia d o ato, m as m ostra qu e ele é visto com o violên cia a p artir d a cu ltu ra ( Ju n q u eira, 1998). Esse alerta ap on ta p ara o fato d e o p róp rio con -ceito ser cu ltu ralm en te con stru íd o, in d ican d o q u e o q u e se con sid era violên cia em d eterm in a d a s é p o ca e cu lt u ra t e m sigin ifica d o h ist o -r ica m en te d elim ita d o. “Cru eld ad es com etid as con tra crian ças pequ en as fazem parte da h istó-ria da h u m an idade, sem falar do direito de vida ou d e m orte d ad o ao p ai sobre seu s filh os. So-m en te eSo-m So-m eados do sécu lo XIX coSo-m eça a se es-boçar u m a p reocu p ação com a crian ça, qu e p assa a ser en carad a com o u m a p essoa em for-m ação”(Delgad o & Fisb erg, 1990:112).

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egli-gên cia e aban d on o”(Silva , 1998:795). Mu ita s ve ze s e sse s m a u s-t ra t o s vê m p ro t e gid o s so b o m a n to d e m ed id a s ed u ca tivo -d iscip lin a res. Den tro d essa ó tica , a cria n ça d eve sem p re a -p ren d er a o b ed ecer, “sen d o qu e a au torid ad e d o ad u lto sobre ela assu m e, m u itas vezes, u m a con figu ração au toritária, p ossibilitan d o situ a-ções d e ex ercício d e p od er. Em n om e d a d isci-p lin a e d a ob ed iên cia , cria n ça é m a lt ra t a d a , com o n o caso d o abu so sex u al” (Ma rm o et a l., 1995:314).

Desta ca -se a n o çã o d e q u e, “ain d a qu e a violên cia seja u m fen ôm en o u n iversal, ela se torn a acirrad a n os p aíses su bd esen volvid os, n a m edida em qu e o ‘stress’decorren te das dificu l-dades econ ôm icas das fam ílias con tribu i sobre-m an eira p ara o seu ap arecisobre-m en to” (Ma rm o et al., 1995:313-314). Estudo de Cariola (1995:162), com u m a am ostra d e 103 casos, con clu i qu e “a agressão é m ais eviden te n a popu lação m ais ca-ren te, ou seja, com ca-ren d a d e u m a três salários m ín im os – 52,27% d a am ostra, n ão d esp rezan -d o o fato -d a ocorrên cia -d e agressões em classes sociais de n ível m ais alto”.

A a sso cia çã o en tre p o b reza e vio lên cia , d e u m a certa form a, en con tra-se resp ald ad a p ela p esq u isa n orte-am erican a an teriorm en te cita-d a (Stra u s & Sm ith , 1995). Essa p esq u isa , a o co m p a ra r u m a a m o stra d e fa m ília s, o b servo u q u e n a q u ela s cu jo p a i esta va d esem p rega d o h avia u m a p revalên cia d e m au s-tratos con tra a cria n ça 50% m a io r d o q u e n a q u ela s cu jo p a i estava em p regad o.

Essa a sso cia çã o é m u ito co m u m n o s estu -d o s a cerca -d o a ssu n to e n o im a gin á rio so cia l. Con cord am os qu e o au m en to d os n íveis d e m i-séria con stitu i fa tor im p orta n te p a ra o cresci-m en to d a vio lên cia . No en ta n to, p a rtilh a cresci-m o s d a id éia d e q u e ta l a ssocia çã o in d iscrim in a d a p od e gerar u m a crim in alização d a p ob reza, co-locan d o segm en tos sociais in teiros com o su s-p eitos ou n a m ira d e s-p erm an en tes ju lgam en tos p révios (Qu eiroga Neto, 1993). É p reciso levar-se em con ta q u e existe u m viés d e n otificação, p ois as fam ílias d e classes m éd ia e alta con tam co m m eca n ism o s q u e lh es ga ra n tem o sigilo. As fam ílias m ais p ob res são tam b ém m ais n u m erosas e m ais su jeitas à n otificação (Deslan -d es, 1993).

Por ou tro lad o, com o n o caso d o círcu lo vi-cioso da violên cia, em que os agressores agridem p o rq u e fo ra m a gred id o s em su a in fâ n cia , a d -vertim os sobre o fato de p oder reforçar u m a associação m ecân ica en tre pobreza e violên cia, in -d agan -d o: com o exp licar o fato -d e p essoas vive-rem n a pobreza e n ão praticavive-rem tais violên cias?

A a n á lise d o s a rtigo s revelo u q u e a s exp li-cações d os au tores, em geral, b aseavam -se em

u m a an álise m u lticau sal d e m au s-tratos. Isso, d e u m a certa form a, con stitu i u m elem en to favorável, em b ora n ão su ficien te, p ara qu e avan -cem o s p a ra u m a co m p reen sã o m a is co m p le-xa d a tem á tica em q u estã o. Pred o m in o u , p o r exem p lo, a ju n çã o d a s exp lica çõ es so b re a re-p rod u ção d os m od elos fam iliares d e violên cia co m a s exp lica çõ es p sico ló gica s p a ra o fen ô -m en o. E-m segu n d o lu gar, con stata-m os as assciações exp licativas en tre a rep rod u ção d e m o-d elo s fa m ilia res o-d e vio lên cia co m o s a sp ecto s sócio-cu ltu rais. Em m in oria, figu ram os au to-res q u e articu lam , em red e, as d iversas ord en s exp licativas, in tegran d o a qu estão m acroestru -tu ral com o p sicológico.

Mu za (1994), u m d os q u e b u scam a an álise em red e, reflete qu e h á qu atro m od elos qu e ex-p lica m a o co rrên cia d o s m a u s-tra to s. Den tro d essa classificação, o com p ortam en to ab u sivo p od e ser exp licad o com o “resu ltad o d a in tera-ção de forças in trapsíqu icas do agressor (m ode-lo psicodin âm ico); com o resu ltado de u m a recí-p roca e con tín u a in teração d e d eterm in an tes p essoais e am bien tais – os filh os ap ren d em o com portam en to agressivo com os seu s pais (m o-d elo o-d a ap ren o-d iz agem social); com o resu ltao-d o d a in teração en tre in d ivíd u o e m eio am bien te, en focan do os valores da vítim a, do agressor e do m eio estressan te em qu e vivem (m od elo sóciopsicológico); e, por fim , com o resu ltado da com -p reen são d os fatores sociais com o os -p rin ci-p ais d eterm in an tes d o com p ortam en to agressivo (m odelo sociológico)” (Mu za, 1994:58).

O a u to r d esta ca , a in d a , q u e, a p esa r d essa am p la classificação, “n en h u m d estes m od elos, isolad am en te, ex p lica d e form a su ficien te a gran de qu an tidade de relações agressivas a qu e estão su bm etid as in ú m eras fam ílias” (Mu za , 1994:58).

Conclusões

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acu m u lad o n o aten d im en to d e m ilh ares d e fa-m ília s en vo lvid a s n a p rá tica d e fa-m a u s-tra to s (n o p aís e n o m u n d o).

Ou tra con clu são a qu e ch egam os é qu e ain -d a p recisam ser p rom ovi-d os estu -d os p ara q u e ten h am os m ais d ad os an corad os n a realid ad e em p írica do Brasil. Em geral, os in dicadores u ti-liza d o s n a d iscu ssã o so b re a s exp lica çõ es d o s m a u stra to s in fa n tis sã o co n stru íd o s em a m -b ien tes sócio-cu ltu rais -b em d istin tos d a reali-d areali-d e b rasileira. Mu ito h á qu e se con stru ir p ara q u e se a fin e o fo co d a s p o lítica s p ú b lica s q u e d esejem form u lar p rin cíp ios p ara se ab ord ar o assu n to em p au ta.

Po r ú ltim o, d esta ca m o s q u e, m esm o n ã o ten d o com o ob jetivo m ed ir a exten são d a p ro-d u çã o b ib lio grá fica ro-d a á rea ro-d a Pero-d ia tria , n o s a n o s 90, n o co n ju n to d e três p erió d ico s o s m a u s-tra to s fo ra m p o u co a b o rd a d o s. Isso re-vela , d e u m a certa fo rm a , q u e essa p ro d u çã o n ã o está co n segu in d o a co m p a n h a r u m a d a s d em an d as m ais atu ais n o cam p o d a p rom oção d a sa ú d e in fa n til, q u e é a d e co m p reen d er a violên cia com etid a con tra esse segm en to etá-rio, p a ra q u e se p o ssa m su gerir p o lítica s d e aten ção e d e en fren tam en to ao p rob lem a.

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Receb id o em 27 d e ab ril d e 2001

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