Clayton Eduardo Lente da Silva
Equações diferenciais ordinárias não suaves
autônomas e não autônomas
São José do Rio Preto
2016
Clayton Eduardo Lente da Silva
Equações diferenciais ordinárias não suaves
autônomas e não autônomas
Tese apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do título de Doutor em
Matemática, junto ao Programa de
Pós-Graduação em Matemática, do Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de São José do
Rio Preto.
Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva
Silva, Clayton Eduardo Lente da.
Equações diferenciais ordinárias não suaves autônomas e não
autônomas / Clayton Eduardo Lente da Silva. -- São José do Rio
Preto, 2016
76 f. : il.
Orientador: Paulo Ricardo da Silva
Tese (doutorado) – Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas
1. Matemática. 2. Teoria dos sistemas dinâmicos. 3. Geometria.
4. Topologia. 5. Filippov, Sistemas de. 6. Equações diferenciais
ordinárias. I. Silva, Paulo Ricardo da. II. Universidade Estadual
Paulista "Júlio de Mesquita Filho". Instituto de Biociências, Letras e
Ciências Exatas. III. Título.
CDU – 517.93
Clayton Eduardo Lente da Silva
Equações diferenciais ordinárias não suaves
autônomas e não autônomas
Tese apresentada como parte dos requisitos
para obtenção do título de Doutor em
Matemática, junto ao Programa de
Pós-Graduação em Matemática, do Instituto de
Biociências, Letras e Ciências Exatas da
Universidade Estadual Paulista “Júlio de
Mesquita Filho”, Campus de São José do
Rio Preto.
Comissão Examinadora
Prof. Dr. Paulo Ricardo da Silva
U
NESP – São José do Rio Preto
Orientador
Prof. Dr. Claudio Aguinaldo Buzzi
UNESP – São José do Rio Preto
Prof. Dr. Marcelo Messias
UNESP – Presidente Prudente
Prof. Dr. Marco Antônio Teixeira
UNICAMP – Campinas
Prof. Dr. Douglas Duarte Novaes
UNICAMP – Campinas
e aos meus avós,
Josias e Maria de Lourdes,
Leonardo e Maria José,
Aosprofessores doutores Paulo RiardodaSilvae AlainJaquemard, pelaorientação
eo-orientação, respetivamente.
Aosmeus paisRubens IzidorodaSilvaeSoniaMariaLentedaSilva,portodooapoio
proporionado.
À minha irmã Alessandra Renata Lente da Silva e ao meu sobrinho Miguel David
Lenteda Silva,peloarinho.
Aos meus amigos Carlos Custódio da Silva, Italo Antonio Rissi e Renan Eduardo
SoaresGonçalves, pela ompanhia einentivo de ada um a seu tempo emodo.
Aos professores doutores MárioRiardo AlvesGouveiae ClaudioGomesPessoa, por
algumasvaliosas disussões referentes aotrabalho.
Aos professores doutores Claudio Aguinaldo Buzzi e Apareida Franiso da Silva,
peloapoio.
Aos olegas da pós-graduação, Bruno Domiiano Lopes, Rubens Pazim Carnevarolo
Junior, Rodrigo Donizete Euzébio e Jaime Rezende de Moraes, pelos bons momentos e
frutíferas disussões.
Aos olegas e amigos que z na França, espeialmente Doglas Lubarino e Betânia
Medeiros, que onhei na Université de Bourgogne, e Josy Cardoso Roy e Joanie Sfay,
queonhei naidade de Dijon.
À CAPES, pelo auxílionaneiro.
Nesta tese estudamos sistemas dinâmios não suaves autnomos e não autnomos.
Consideramosiniialmentesistemas quadrátios positivamente limitadosautnomos
pla-narese damos ondiçõessobre os ampospara que osistema de Filippov orrespondente
seja limitado. Também estudamos uma lasse de sistemas quadrátios e provamos que,
sob algumasrestriçõesnos oeientes daparte linear,os sistemasde Filippov
relaiona-dossão limitados. Emseguida,onsideramossistemasnão autnomos edamosondições
paraaexistênia de soluçõesperiódias de umalasse de equações difereniaisordinárias
nãoautnomas. Porm,onsideramosequaçõesdifereniaisordináriasnãoautnomasde
segundaordemgenérias,relaionadasasistemasnãosuavesenãoautnomos,estudamos
ooneito de soluçãodestasequaçõesedamosondiçõesanalítiasquesão satisfeitaspor
soluçõestípias,omoassoluçõesdeslizantes,porexemplo. Auniidade desoluçõespara
estas equações tambémé estudada.
Palavras-have: Sistemas de Filippov, sistemas não suaves, ampos de vetores
des-ontínuos, equações difereniais ordinárias não suaves, equações difereniais ordinárias
por partes, sistemas limitados, ampos limitados,sistemas quadrátios, ampos
quadrá-tios, variedade de desontinuidade, soluçõesdeslizantes, soluções permanentes, soluções
In this thesis we study autonomous and non-autonomous non-smooth dynamial
sys-tems. We initially onsider planar autonomous positively bounded quadrati systems.
We give onditions on the vetor elds for that the orrespondent Filippov system be
bounded. We also study a lass of quadrati systems and we prove that, under some
restritions on the oeients of linear part, the related Filippov systems are bounded.
We then onsider non-autonomous systems and we give onditions for the existene of
periodi solutions of a ertain lass of non-autonomous ordinary dierential equations.
Finally we onsider generi non-autonomous seond order dierential equations and we
studythe onept of solutionofthese equationsand determineanalytialonditions that
are satisedby typialsolutions,sliding solutionsforinstane. Moreover, the uniqueness
of solutionsfor these equationsis studied.
Keywords: Filippovsystems, non-smooth systems, disontinuous vetor elds,
non-smoothordinarydierentialequations,pieewiseordinarydierentialequations,bounded
systems, bounded vetor elds, quadrati systems, quadrati vetor elds, sliding
Introdução 8
1 Sistemas de Filippov quadrátios e limitados no plano 16
1.1 Teoria introdutóriade sistemas de Filippov . . . 16
1.2 Camposde vetores quadrátios e limitadosnoplano . . . 22
1.3 Denições eresultados preliminares . . . 23
1.4 Resultados prinipais . . . 24
2 Soluções periódias de uma lasse de equações não autnomas 31 2.1 Denições eresultados preliminares . . . 32
2.2 A equação autnoma
y
′′
+
η
sgn(
y
) =
θy
. . . 352.2.1 O aso hiperbólio
θ >
0
. . . 352.2.2 O aso elíptio
θ <
0
. . . 372.2.3 O aso parabólio
θ
= 0
omη <
0
. . . 402.3 A equação não autnoma
y
′′
+
η
sgn(
y
) =
θy
+
α
sen(
βt
)
. . . 402.3.1 O aso hiperbólio
θ >
0
paraα
6
= 0
. . . 402.3.2 O aso elíptio ressonante
θ
=
−
β
2
paraα
6
= 0
. . . 492.3.3 O aso elíptio
−
β
2
6
=
θ <
0
paraα
6
= 0
. . . 532.3.4 O aso parabólio
θ
= 0
omη <
0
paraα
6
= 0
. . . 593 Soluções deslizantes de equações de segunda ordem não-autnomas 63 3.1 Denições eresultados preliminares . . . 63
3.2 Correspondênia de uma D2DE om Sistemas de Filippov . . . 68
3.3 Soluçõesdeslizantes euniidade de soluções . . . 71
Sistemas dinâmios não suaves apareem em um grande número de problemas de
EngenhariaElétria,Meânia,SistemasBiológios,TeoriadeControle,TeoriadosJogos,
entreoutros. Alguns modelosdestesproblemas são desritos porumsistemade equações
difereniaisom lado direito dadoporpartes, de lasse
C
r
em ada parte,
r
>
1
:x
′
=
Z
(
t, x
)
, t
∈
R
, x
∈
R
n
, n
∈
N
\ {
0
}
.
(1)Sistemasdotipo(1) são onstituídosporduas oumais zonas, quesão regidospor
ex-pressõesdistintasde
Z
emada umdeles. Trabalhamosapenas om duaszonas. Quandoo sistema em questão é autnomo, ou seja, independe de
t
, em ada um dos domíniosatuam diferentes ampos de vetores,
X
eY
. A fronteira omum entre estas duas zonas,denotada por
Σ
, é hamada de variedade de desontinuidade. Há diferentes maneirasdedeniradinâmiadosistemaautnomosobre
Σ
,porémadotamosaonvençãodeFilippov[1℄,razão pelaqualtaissistemastambémsão hamadossistemas de Filippov edenotados
simplesmentepor
Z
= (
X, Y
)
.Oestudodesistemasdinâmiosnãosuavesérelativamentereenteemuitoesforçotem
sido empregado para veriar a validade e/ou adequação de resultados dateoria lássia
nesta novateoria.
No Capítulo 1, onsideramos preliminarmentesistemas quadrátios autnomos. Tais
sistemasforamdisutidos em uma das primeirasoasiões porBühel[2℄, atravésde uma
oleçãodeexemplos. Apareem,omomodelo,nateoriadeompetiçãoentreduasespéies
[3℄, porexemplo.
Conformeliteraturasobreoassunto[4,5,6℄,ossistemasqueestudamos sãoosdotipo
x
′
=
Ax
+
f
2
(
x
)
, x
∈
R
2
,
(2)que os limitados para
t
>
0
são os que têm parte quadrátia, a menos equivalênia, naforma
0
x
1
x
2
;
x
2
2
0
;
x
2
2
−
x
1
x
2
+
c x
2
2
,
|
c
|
<
2;
(3)omdeterminadas restriçõesnos oeientes damatriz
A
(partelinear dosistema). Paradetalhessobretaisrestrições,onsultaroCapítulo1. Entendemosporlimitadopara
t
>
0
,umsistemaemqueadaórbitapermanee emum onjunto ompato(paraadaórbita),
para todo
t
>
0
. A propriedade de um sistema ser limitado é de extrema importânia,porexemplo, naanálise dadinâmiade resimento populaional [7℄, dentre outros.
Uma questão natural é onsiderar dois ampos limitados bidimensionais e distintos
X, Y
e perguntar se o sistemade Filippov resultanteZ
= (
X, Y
)
é limitado. A respostapara talquestão énegativa,onforme observamos naFigura 1.
Σ
(a) Fluxode
X
.Σ
(b) Fluxode
Y
.Σ
() Fluxode
Z
= (
X, Y
)
.Figura 1: Campos
X, Y
quadrátioslimitadosomSistemadeFilippovZ
= (
X, Y
)
ilimitado.Distinguimosem
Σ
,regiõesdeosturaΣ
c
,delizeΣ
s
eesapeΣ
e
,bemomooonjuntode pontosnas quaisastrajetórias de quaisquerdos ampos
X, Y
tangeniamavariedadededesontinuidade,hamadoonjuntode pontosdetangênia
Σ
t
eoonjuntodepseudo-equilíbrios
Σ
p
, onstituído por equilíbrios do ampo de FilippovZ
s
, quando este existir. Taisonjuntosestão representados na Figura2.A dinâmia navariedade de desontinuidade
Σ
é ruial para queo sistema não sejalimitado. Assim, o primeiro resultado do Capítulo 1 estabelee ondições suientes
sobre
Σ
para que o sistema de FilippovZ
= (
X, Y
)
seja limitado, sendoX, Y
amposbidimensionaisquadrátios e ada um deles limitado.
Resultado A. Seja
Z
= (
X, Y
)
o sistema de Filippov em que os amposX, Y
sãoquadrátios limitados bidimensionais, uja variedade de desontinuidade
Σ
é o eixoΣ
(a) Costura.
Σ
(b)Deslize.
Σ
() Esape.
Σ
(d) Tangênia.
Σ
(e) Pseudo-equilíbrio.
Figura2: Variedadededesontinuidade
Σ
representadaporregiõesdistintas. OampodeFilippovZ
s
estádenido apenasemregiõesdedeslizeoudeesape.limitados. Ver Teorema 1.4.1(página 25).
Agora, onsideramos
X, Y
ampos quadrátios, om parte quadrátia em uma dasformas dadas em (3) e om ondições sobre os oeientes da parte linear estabeleidas
em[6℄ (onsultar o Teorema1.2.1, página 22). Outra questão que surge é dar ondições
suientes sobreos oeientes das partes linearesde
X
eY
quegarantamque osistemade Filippov
Z
= (
X, Y
)
sejalimitado:Resultado B. Seja
Z
= (
X, Y
)
o sistema de Filippov em que os amposX, Y
sãoquadrátioslimitadosbidimensionais,om parte quadrátia emumadas formas (3)eom
variedadededesontinuidade
Σ
dadapeloeixooordenadohorizontal. Exibimosondiçõessobre
X
eY
para queZ
seja limitado. Ver Teorema1.4.2 (página 26).Osresultados do Capítulo1 já forampubliados em[8℄.
Nos demais apítulos da tese, trabalhamos om sistemas não autnomos, ou seja,
temosuma dependênia explíita davariável
t
, naequação (1).O Capítulo 2 apresenta uma equação diferenial que é um importante modelo de
problema de ontrole automátio (ver [9℄, página 504, para maioresdetalhes):
y
′′
+
η
sgn(
y
) =
θy
+
α
sen(
βt
)
(4)
aequação(4). Consideramosvaloresarbitráriosdosparâmetrosemostramosqueexistem
limitesexplíitos quegarantem a existêniade soluções periódias típias.
Iniiamos om o estudo de soluções da equação autnoma, em que não há o termo
forçante
α
sen(
βt
)
. Tal equação produz um sistema autnomo planar (x
1
=
y
,x
2
=
y
′
)
om a propriedade de reversibilidade para ampos de vetores desontínuos, introduzido
porJaquemard e Teixeira em [10℄. Obtemos, a depender dosinal de
η
, um ontínuo deórbitasperiódias, onforme aFigura 3.
x
1
x
2
(a) Selasvisíveis,
η >
0
.x
1
x
2
(b) Selasinvisíveis,
η <
0
.Figura3: Retratosdefasedaequação(4) om
α
= 0
eθ >
0
.Quando a equação autnoma é perturbada por uma função real
t
7→
F
(
t
)
, ontínuae
T
-periódia, uma questão natural é estudar a persistênia e o surgimento de soluçõesperiódias para anova equação. A Figura4 ilustra algumasdestas soluções.
t
y
(a) Soluções
kπ
-periódias paradistin-tosvaloresde
k
∈
N
∗
.
t
y
−
kπ
kπ
(b) Variação de
α
para umadadasoluçãoperiódia.
Figura 4: Soluçõesperiódiasdaequação(4)om
η >
0
eθ >
0
.ondulaçãoperiódia domar. A esolha dotermo forçante
α
sen(
βt
)
justia-sepor ertapropriedade de simetria, podendo-se tomar
F
omo uma função ímpar, e pela expansãode
F
em série de Fourier, admitindo o primeiro termo desta série omo uma primeiraaproximação para talfunção.
A dinâmia daequação (4) é estudada em torno da origem, que éuma singularidade
típia de sistemas dinâmios não suaves. Por isso, onsideramos as ondições iniiais
y
(0) = 0
,y
′
(0) =
ρ
. Quando
θ <
0
, mostramos que os asosη >
0
eη <
0
são similares. Jáseθ
>
0
, adinâmia édrastiamentediferentequandoη
troa de sinal.Admitimos
α
omooparâmetropara umafamíliade soluções. Variandoesteparâme-tro, enontramos soluções que são e que não são periódias. Na sub-família de soluções
periódias, existe um limitante
α
∗
que, extrapolado, faz om que a solução pera a sua
periodiidade. Nagura 4(b) a soluçãoorrespondentea
α
∗
é a traejada.
Temos então, os prinipaisresultados doCapítulo 2,reunidos no enuniadoabaixo.
Resultado C. Considere a equação (4) om ondições iniiais
y
(0) = 0
,y
′
(0) =
ρ
.
Para
η, θ
xos, enontramos ondições emα
=
α
(
η, θ, ρ
)
para a existênia de soluçõesperiódias da equação (4) Ver Teorema (A), Teorema 2.3.1, Teorema 2.3.2, Teorema
2.3.3,Teorema2.3.4, Teorema2.3.5 e Teorema 2.3.6.
O estudo realizadono Capítulo 2 é uma omplementação dotrabalho feito em [11℄ e
gerouum artigo,uja referêniaé [12℄.
No Capítulo 3, onsideramos equações difereniais ordinárias de segunda ordem não
autnomasporpartes
x
′′
=
f
(
t, x, x
′
) =
f
1
(
t, x, x
′
)
seh
(
t, x, x
′
)
6
0
f
2
(
t, x, x
′
)
seh
(
t, x, x
′
)
>
0
,
(5)
sendo
f
1
,f
2
,h
funções reais de lasseC
r
−
1
,
r
>
2
. Analisamos o oneito de soluçãodestetipodeequaçãoedeterminamosondiçõesanalítiasquesãosatisfeitasporsoluções
típias. Alémdisso, aexistêniae uniidadede soluçõese soluçõesdotipodeslizante são
estudadas.
Aquestãoiniialdesteapítuloéompreenderoqueseentendeporsoluçãodaequação
(5). Considere, por exemplo,
h
(
t, x, x
′
) =
x
′
e
t
7→
x
i
(
t
)
a solução dex
′′
=
f
i
(
t, x, x
′
)
talque
x
(
t
0
) = 0
,x
′
(
t
0
) = 0
parai
= 1
,
2
, onformea Figura5.Noaso representado naFigura5(a), podemosompreender omosoluçãodaequação
t
x
t
0
x
2
x
2
x
1
x
1
(a)Soluçãoalternante.
t
x
t
0
x
2
x
2
x
1
x
1
(b) Soluçõesdeslizantes.
t
x
t
0
x
2
x
2
x
1
x
1
() Soluçõesalternantesou
permanentes.
Figura5: Algumaspossibilidadesdesoluçãodaequação(5)om
x
(
t
0) =
x
′
(
t
0) = 0
.
deste tipo é hamada de solução alternante ou de troa. Já no aso da Figura 5(b),
quando
t
>
t
0
temos uma impossibilidade tanto parax
1
quanto parax
2
. Nesse aso,onsideramosasoluçãode
x
′
= 0
atéqueuma das impossibilidadessejavenida. Quando
istooorre,dizemosqueasoluçãoédeslizante oude deslize. NaFigura5() temosoutras
possibilidades,emqueasoluçãopodeounãoalternardeuma paraoutra. Se nãoalterna,
dizemosque asolução épermanente.
Os últimos dois asos da Figura 5 mostram que o problema não tem uniidade de
soluções. E istooorre apenasempontosdaurva soluçãopara osquais
h
(
t, x, x
′
) = 0
,o
quetorna importanteaanálise de tal urva.
Oonjunto defunçõesdifereniáveisquesatisfazema equaçãoimplíita
h
(
t, x, x
′
) = 0
éhamadoonjunto desontinuidade daequação (5).
Muitos estudos [11, 13, 14, 15, 16℄ lidam om o problema de determinar soluções
periódias deste tipo de equação em que
h
(
t, x, x
′
) =
x
−
g
(
t
)
para alguma função
g
delasse
C
1
. Todavia, as soluções obtidas neste aso (omo as do Capítulo 2) não são do
tipodeslizante, que são as onsideradas neste apítulo.
Nostrabalhos[17,18,19℄osautoresonsideraramumasopartiularde(5),oosilador
om atrito(verFigura 6)desrito pelaequação
x
′′
+
x
+
F
sgn(
x
′
) =
γ
sen(
ωt
)
(6)em que os parâmetros
F, γ, ω
são onstantes reais que orrespondem, respetivamente,à intensidade da frição, amplitude e frequênia do termo forçante. O onjunto de
des-ontinuidade, que é dado por soluções de
x
′
= 0
, orresponde siamente à ausênia de
movimentonoosilador.
As soluções da equação (6) podem ser tais que
x
′
<
0
ou
x
′
>
0
atrito atrito
x
= 0
termoforçante
F
Figura 6: Osiladoromatrito.
tereira possibilidade
x
′
= 0
na qual a solução pode estaionar por algum instante de
tempo. Otermoestaionar podeser entendidoomodeslizar noontexto doCapítulo
3 e signia que a solução satisfaz para algum intervalo de tempo, a equação implíita
h
(
t, x, x
′
) = 0
. Provamos então oprimeiroresultado do Capítulo3,quedá uma ondição
neessária para aexistênia de soluçõesdeslizantes:
Resultado D. Sejam
I
⊂
R
eU
⊂
R
2
abertos. Considere
x
:
I
→
R
uma funçãoduas vezes difereniável e
h
:
I
×
U
→
R
uma função de lasseC
k
,
k
>
1
, sendo0
umvalor regular de
h
. Se o onjuntoH
x
=
{
t
∈
I
|
h
(
t, x
(
t
)
, x
′
(
t
)) = 0
}
tem medida positiva
entãoexiste
t
∗
∈
H
x
tal queh
x
′
(
t
∗
, x
(
t
∗
)
, x
′
(
t
∗
))
6
= 0
. VerProposição3.1.1(página64).
Este resultado diz que se
h
x
′
≡
0
entãoH
x
tem medida nula, ou seja, as soluçõesdaequação (5) não são deslizantes. Isto oorre om as soluções da equação estudada no
Capítulo 2, já que
h
(
t, x, x
′
) =
x
. Em seguida, damos ondições suientes para uma
soluçãoser dotipodeslizante:
Resultado E. Considere a equação (5) e
p
= (
t
0
, x
0
, x
′
0
)
∈
I
×
U
tal queh
(
p
) = 0
eh
x
′
(
p
)
6
= 0
. Semin
i
=1
,
2
{
f
i
(
p
)
}
<
−
h
t
(
p
) +
x
′
0
h
x
(
p
)
h
x
′
(
p
)
<
max
i
=1
,
2
{
f
i
(
p
)
}
então uma solução
x
(
t
)
que satisfazx
(
t
0
) =
x
0
ex
′
(
t
0
) =
x
′
0
é uma solução deslizante eq
= (
t
0
, x
0
)
é um ponto de deslizeno gráo dex
. Teorema 3.3.1 (página71).Aonal do Capítulo3,damos ondições para oproblema ter uniidade de soluções:
Resultado F. Considere a equação (5) satisfazendo
x
(
t
0
) =
x
0
ex
′
0
(
t
0
) =
x
′
0
.De-terminamosondições para a existênia e uniidade loalde soluções de (5). Teorema
Sistemas de Filippov quadrátios e
limitados no plano
Estudamos neste apítulo sistemas de Filippov
Z
= (
X, Y
)
quadrátiosbidimensio-nais. Damosondições para quetaissistemas sejampositivamentelimitados.
Nasduas primeirasseçõesabordamos de modointrodutórioa teoriade Filippov para
amposde vetoresdesontínuos e apresentamos resultados onheidossobre ampos
qua-drátios,dateoria lássia.
Após a parte introdutória desrita no parágrafo anterior, apresentamos denições e
oneitos preliminarespara, enm, enuniar edemonstrar os resultados prinipais.
1.1 Teoria introdutória de sistemas de Filippov
Sejam
Ω
um aberto deR
n
om fehoompato e
Σ
uma subvariedade mergulhadadeodimensão
1
deR
n
dada por
Σ =
h
−
1
(0)
, em que
h
: Ω
⊂
R
n
→
R
é uma função delasse
C
r
,
r
>
1
. Admita que0
é um valorregulardeh
, ouseja, ovetor gradiente deh
é não nuloem ada pontoda variedade de odimensão 1:∇
h
(
x
)
6
= 0
∈
R
n
,
∀
x
∈
h
−
1
(0)
.
Denote por
X
n,r
(Ω)
aoonjuntode ampos de vetores sobre
Ω
⊂
R
n
, de lasse
C
r
. Ao
esrevermos
r
,a subentendida a ondiçãor
>
1
.Considereosonjuntos
Σ
−
=
h
−
1
((
−∞
,
0])
e
Σ
+
=
h
−
1
([0
,
+
∞
))
,dadospelasimagens
inversas dos referidos intervalos pela função
h
. A fronteira omum destes onjuntos é aDenição1.1.1. Sejam
X, Y
∈
X
n,r
(Ω)
. Umampodevetoresdesontínuosobre
Ω
⊂
R
n
é uma apliação
Z
(
x
) =
X
(
x
)
sex
∈
Σ
−
Y
(
x
)
sex
∈
Σ
+
.
(1.1)
O onjunto de ampos de vetores desontínuos sobre um aberto
Ω
deR
n
é denotado
por
X
n,r
(Ω
, h
)
. A variedade
Σ =
h
−
1
(0)
é hamada de variedade de desontinuidade.
Observe que
Z
|Σ
−
=
X
,Z
|Σ+
=
Y
eΣ = Σ
−
∩
Σ
+
.
Denição 1.1.2. Um sistema de equações difereniais ordinárias de primeira ordem
x
′
=
Z
(
x
)
(1.2)em que
Z
∈
X
n,r
(Ω
, h
)
, om as onvenções de Filippov [1℄, é hamado de sistema de
Filippov e é denotado simplesmente por
Z
= (
X, Y
)
.Apesar de já itado na observação aima, o termo órbita de um sistema de Filippov
aree de um entendimento mais laro, uma vez que não estamos na presença de
onti-nuidades e das ondições de Lipshitz. Foi Filippov [1℄ quem sistematizou o oneito de
órbitasparataissistemas. Suaideiafoidarregras,onheidasomoonvençõesde
Filip-pov, paraa transição de órbitasentre asregiões
Σ
−
e
Σ
+
passando atravésdavariedade
de desontinuidade
Σ
e,também, para a permanênia das órbitasna mesma. São três asonvençõesdeFilippov,umapara adatipodeação dosamposdistintos
X, Y
∈
X
n,r
(Ω)
navariedade de desontinuidade
Σ
.As ações dos ampos na variedade de desontinuidade se dá em termos dos ângulos
formados por ada ampo om o vetor gradiente da variedade. Consideramos então as
derivadas de Lieemum ponto
x
∈
Σ =
h
−
1
(0)
:
X
i
h
(
x
) =
h
X
i
(
x
)
,
∇
h
(
x
)
i
,
X
i
j
h
(
x
) =
h
X
i
(
x
)
,
∇
X
i
j
−
1
h
(
x
)
i
, j
>
2
,
para
1
6
i
6
2
,omX
1
=
X
,X
2
=
Y
,X
1
i
h
=
X
i
h
eh
., .
i
o produtointernousual emR
n
.
Distinguimosna variedade de desontinuidade
Σ
asseguintes regiões:(i)
Σ
c
é uma região de ostura seXh
·
Y h >
0
emΣ
;(ii)
Σ
d
é uma região de deslize seXh >
0
eY h <
0
emΣ
;Emuma região de ostura onveniona-se que uma órbita de
Z
= (
X, Y
)
que ontémumponto
x
∈
Σ
éompostaporumaórbitadoampoque atingeavariedadeΣ
nopontox
e por uma órbita do ampo que deixa a variedadeΣ
no mesmo pontox
. Tal órbitaruza
Σ
, daío nome de ostura. Vera Figura1.1.Σ
c
=
{
x
∈
Σ
|
Xh
(
x
)
·
Y h
(
x
)
>
0
}
∇
h
(
x
)
∇
h
(
x
)
x
x
X
1
(
x
)
X
1
(
x
)
X
2
(
x
)
X
2
(
x
)
Σ
Σ
Figura 1.1: Um ponto
x
de ostura paran
= 3
em uma variedade de desontinuidade que é uma superfíiededimensão2:X
1
h
(
x
)
, X
2
h
(
x
)
>
0
(àesquerda)eX
1
h
(
p
)
, X
2
h
(
p
)
<
0
(àdireita).Aonvençãoemumaregiãode deslizeédeque ambasasórbitasdosdistintosampos
X, Y
atigem a variedadeΣ
no pontox
. Quando isto oorre, surge uma tereira órbitaquepermanee em
Σ
, daí onome de deslize.Σ
d
=
{
x
∈
Σ
|
Xh
(
x
)
>
0
, Y h
(
x
)
<
0
}
Jáemuma regiãode esapeaonvençãoé queambas asórbitasdos distintosampos
X, Y
deixamavariedadeΣ
nopontox
,daíonomedeesape. Porquestãodeonsistêniamatemátiarelaionada aouxo regressando notempo, onsidera-seuma tereiraórbita
quetambémpermanee em
Σ
.Σ
e
=
{
x
∈
Σ
|
Xh
(
x
)
<
0
, Y h
(
x
)
>
0
}
A Figura1.2 ilustraas duas situações aimamenionadas.
Tanto em
Σ
d
quanto emΣ
e
dene-se um ampo que é tangente à variedadeΣ
e que∇
h
(
x
)
∇
h
(
x
)
x
x
X
1
(
x
)
X
1
(
x
)
X
2
(
x
)
X
2
(
x
)
Σ
Σ
Figura1.2: Umponto
x
dedeslize(àesquerda)edeesape(àdireita)paran
= 3
emumavariedadede desontinuidadequeéumasuperfíiededimensão2:X
1
h
(
p
)
>
0
,X
2
h
(
p
)
<
0
(àesquerda)eX
1
h
(
p
)
<
0
,X
2
h
(
p
)
>
0
(àdireita).Denição 1.1.3. Um ampo de vetores deslizante assoiado a
Z
= (
X, Y
)
é um ampon
-dimensionalZ
s
sobreΣ
s
= Σ
d
∪
Σ
e
que é tangenteaΣ
, denido porZ
s
(
x
) =
Z
e
(
x
) =
p
−
x
sex
∈
Σ
e
Z
d
(
x
) =
−
(
−
Z
)
e
(
x
)
sex
∈
Σ
d
,
onde
p
é o ponto do segmento queligax
+
X
(
x
)
ax
+
Y
(
x
)
tal quep
−
x
é tangenteaΣ
.A Figura1.3 ilustraum ampo deslizante.
∇
h
(
x
)
x
X
1
(
x
)
X
2
(
x
)
Z
s
(
x
)
Σ
Figura 1.3: Umampodevetoresdeslizante
Z
s
emumpontox
∈
Σ
s
.Observação 1.1.1. Em regiões de ostura não há ampo deslizante. Este apenas está
denido em pontos ujo produto das derivadas de Lie é negativo:
Xh
(
x
)
·
Y h
(
x
)
<
0
.Ospontosdavariedadededesontinuidade
Σ
sãolassiadosdamaneiraquesesegue.•
x
∈
Σ
c
ou•
x
∈
Σ
s
eZ
s
(
x
)
6
= 0
∈
R
n
.
Ospontosde
Σ
quenãosãoregularessãohamadosdepontossingulares. Distinguimosdois subonjuntos doonjunto de pontos singulares, a saber:
Σ
p
eΣ
t
. Um pontox
∈
Σ
p
éhamadode pseudo-equilíbriodeZ
eéaraterizadoporZ
s
(
x
) = 0
. Umpontox
∈
Σ
t
éhamadode tangênia de
Z
e éaraterizado porXh
(
x
)
·
Y h
(
x
) = 0
(neste asox
é umpontode ontato tangenteentre asórbitas de
X
e/ouY
omΣ
).As singularidades típias de um sistema de Filippov são os pontos
x
∈
Σ
que sãopseudo-equilíbriosde
Z
(equilíbriosdo ampodeslizante) ou astangênias:•
x
∈
Σ
s
tal queZ
s
(
x
) = 0
∈
R
n
ou•
x
∈
Σ
talqueXh
(
x
)
·
Y h
(
x
) = 0
.Para umdadoampo
W
∈
X
n,r
(Ω)
,dizemosque
m
éaordemde ontato darespetivaórbita
Γ
W
om a variedadeΣ
, emx
, seW
k
h
(
x
) = 0
,
∀
k
= 0
, . . . , m
−
1
eW
m
h
(
x
)
6
= 0
.Para
W
=
X
(respe.Y
), dizemos quex
∈
Σ
é uma tangênia invisível se a ordem deontato
m
deΓ
X
(respe.Γ
Y
)passando porx
épareX
m
h
(
x
)
>
0
(respe.
Y
m
h
(
x
)
<
0
).Dizemos que
x
∈
Σ
é uma tangênia visível, paraW
=
X
(respe.W
=
Y
), se a ordemde ontato
m
deΓ
X
(respe.Γ
Y
) passando porx
éímpar apenas ouépar eX
m
h
(
x
)
<
0
(respe.
Y
m
h
(
x
)
>
0
). A Figura 1.4ilustra um ponto de tangênia visível om ontato
de ordem par.
∇
h
(
x
)
∇
h
(
x
)
x
x
X
1
(
x
)
X
1
(
x
)
X
2
(
x
)
X
2
(
x
)
Σ
Σ
Figura 1.4: Um ponto
x
∈
Σ
de tangênia visível, ondeX
2
h
(
x
) = 0
(à esquerda) eX
1
h
(
x
) = 0
(à direita). Opontox
temordemdeontatoparomΣ
.Seja
W
∈
X
n,r
(Ω)
. Denotamos o uxo de
W
porφ
W
(
t, x
)
. Então
d
dt
φ
W
(
t, x
) =
W
(
φ
W
(
t, x
))
,
φ
W
(0
, x
) =
x,
emque
t
∈
I
=
I
(
x, W
)
⊂
R
,I
um intervaloque depende dep
eW
.Denição1.1.4. Seja
V
umavizinhançadex
∈
Σ
emΩ
⊂
R
n
. Umaórbitaloal
φ
Z
(
t, x
)
de um ampo de vetores de Filippov é denido da seguintemaneira, ondeφ
Z
(0
, x
) =
x
:•
Parax
∈
Σ
−
\
Σ
e
x
∈
Σ
+
\
Σ
, a órbita loal é dada por
φ
Z
(
t, x
) =
φ
X
(
t, x
)
eφ
Z
(
t, x
) =
φ
Y
(
t, x
)
, respetivamente, omt
∈
I
.•
Parax
∈
Σ
c
tal queXh
(
x
)
>
0
eY h
(
x
)
>
0
, a órbita loal é dada porφ
Z
(
t, x
) =
φ
X
(
t, x
)
parat
∈
I
∩ {
t
6
0
}
eφ
Z
(
t, x
) =
φ
Y
(
t, x
)
parat
∈
I
∩ {
t
>
0
}
. Para o asoXh
(
x
)
<
0
eY h
(
x
)
<
0
a denição é a mesma, invertendoo tempo.•
Parax
∈
Σ
e
, a órbita loal é dada porφ
Z
(
t, x
) =
φ
Z
s
(
t, x
)
parat
∈
I
∩ {
t
6
0
}
eφ
Z
(
t, x
)
é umadas órbitasφ
X
(
t, x
)
,φ
Y
(
t, x
)
ouφ
Z
s
(
t, x
)
parat
∈
I
∩ {
t
>
0
}
. Parax
∈
Σ
d
a denição é a mesma,porém invertendoo tempo.•
Parax
∈
Σ
t
, a órbita loal é dada porφ
Z
(
t, x
) =
φ
1
(
t, x
)
parat
∈
I
∩ {
t
6
0
}
eφ
Z
(
t, x
) =
φ
2
(
t, x
)
parat
∈
I
∩ {
t
>
0
}
, ondeφ
1
,φ
2
é uma das órbitasφ
X
,φ
Y
ouφ
Z
s
.•
Parax
∈
Σ
p
, a órbita loal é dada porφ
Z
(
t, x
) =
x
para todot
∈
I
.Denição 1.1.5. Uma órbita global
Γ
Z
(
t, x
)
deZ
∈
X
n,r
(Ω
, h
)
tal que
Γ
Z
(0
, x
) =
x
é a uniãoΓ
Z
(
t, x
) =
[
i
∈
Z
{
σ
i
(
t, x
i
)
|
t
i
6
t
6
t
i
+1
}
,
de órbitas loais
σ
i
(
t, p
i
)
, preservando orientação e satisfazendoσ
i
(
t
i
+1
, p
i
) =
σ
i
+1
(
t
i
+1
, p
i
+1
) =
p
i
+1
e
t
i
→ ±∞
parai
→ ±∞
. Uma órbita global é dita positiva (respe. negativa) sei
∈
N
Nesta seção fazemos breves onsiderações sobre ampos quadrátios e limitados no
plano. Para estudos detalhadosindiamosos trabalhos [4,5, 6,7℄.
Denição 1.2.1. Seja
X
∈
X
n,r
(Ω)
. Um sistema de equações difereniais ordinárias de
primeira ordem autnomo
x
′
=
X
(
x
)
(ou apenas o ampo
X
) é dito limitado se adaórbitapermanee emum ompato para
t
>
0
. Casoontrário, o sistema (ou o ampo) édito ilimitado.
Considere um sistema de equações difereniais ordinárias autnomo planar, sendo a
origem
(0
,
0)
um pontode equilíbrio:x
′
=
Ax
+
f
2
(
x
)
,
(1.3)em que
x
= (
x
1
, x
2
)
∈
R
2
,
A
= (
a
ij
)
2
×
2
é uma matriz om oeientes reais onstantes,f
2
(
x
) = (
P
(
x
)
, Q
(
x
))
6≡
0
∈
R
2
,P
(
x
) =
ax
2
1
+
bx
1
x
2
+
cx
2
2
eQ
(
x
) =
dx
2
1
+
ex
1
x
2
+
f x
2
2
om
a
,b
,c
,d
,e
,f
onstantes reais taisquea
2
+
b
2
+
c
2
6
= 0
e
d
2
+
e
2
+
f
2
6
= 0
.
Dentre estes sistemasé sabido (ver [5, 6℄)que, a menos de equivalênia, os limitados
(para
t
>
0
) são os que têm parte quadrátia na formaf
2
(
x
) = (0
, x
1
x
2
)
,f
2
(
x
) = (
x
2
2
,
0)
ou
f
2
(
x
) = (
x
2
2
,
−
x
1
x
2
+
cx
2
2
)
om|
c
|
<
2
erestriçõessobre os oeientes da matrizA
:Teorema 1.2.1. Seja
x
′
=
Ax
+
f
2
(
x
)
um sistema quadrátio autnomo planar, om umponto de equilíbrio na origem
(0
,
0)
, om parte quadrátia omo aima e om ondiçãoiniial
x
(0) =
x
0
.(a) Se
f
2
(
x
) = (
x
1
x
2
+
x
2
2
, x
2
2
)
, então o sistema tem uma órbita ilimitada (quandot
→
∞
) para algumx
0
∈
R
2
.
(b) Se
f
2
(
x
) = (0
, x
1
x
2
)
, então o sistema tem todas as suas órbitas limitadas (parat
>
0
) se, e somente se,a
12
= 0
,a
11
<
0
ea
22
6
0
.() Se
f
2
(
x
) = (
x
2
2
,
0)
, então o sistema tem todas as suas órbitas limitadas(parat
>
0
) se,e somente se,a
21
= 0
,a
11
6
0
,a
22
6
0
ea
11
+
a
22
<
0
.(d) Se
f
2
(
x
) = (
x
2
2
,
−
x
1
x
2
+
cx
2
2
)
, então o sistema tem todas as suas órbitas limitadas (parat
>
0
) se, e somente se,|
c
|
<
2
e satisfaz uma das seguintes ondições: (i)a
11
<
0
; (ii)a
11
= 0
ea
21
= 0
; ou (iii)a
11
= 0
,a
21
6
= 0
,a
12
+
a
21
= 0
eDenotamos por
Q
2
(Ω)
⊂
X
2
,r
(Ω)
ao onjunto de ampos de vetores quadrátios
pla-nares.
1.3 Denições e resultados preliminares
Denição 1.3.1. Um sistema de Filippov
Z
= (
X, Y
)
(ou um ampo desontínuo) équadrátio se os ampos
X, Y
são quadrátios.Denição 1.3.2. Um sistema de Filippov (ou um ampo desontínuo)
Z
= (
X, Y
)
élimitado se todas as suas órbitas globais permaneem em um ompato para
t
>
0
. Casoontrário,
Z
= (
X, Y
)
é dito ilimitado.A partir de agora, onsideraremos avariedade de desontinuidade
Σ =
{
(
x
1
, x
2
)
|
x
2
= 0
}
.
A primeiraquestão quesurge é a seguinte:
X, Y limitados
=
⇒
Z
= (
X, Y
)
limitado
?
A proposiçãoabaixo nos dizque aresposta, emgeral, é negativa.
Proposição 1.3.1. Existem ampos
X, Y
∈ Q
2
limitados tal que
Z
= (
X, Y
)
não élimitado.
Demonstração. Considere
h
(
x
1
, x
2
) =
x
2
eZ
= (
X, Y
)
dado porX
(
x
1
, x
2
) = (2 + 3
x
2
+
x
2
2
,
−
1
−
x
2
)
eY
(
x
1
, x
2
) = (
−
1 +
x
2
2
,
2
−
2
x
2
)
.
Apliando o item () do Teorema 1.2.1, onluímos que
X
eY
são limitados. Avariedade
Σ
, formada pelos pontos(
x
1
,
0)
, é tal queΣ = Σ
d
e o ampo deslizante éZ
s
(
x
1
,
0) = (1
,
0)
. Este ampo não tem equilíbrio e sua órbita é ilimitada. PortantoZ
= (
X, Y
)
é ilimitado.Denotamos por
Q
2
(Ω
, h
)
ao onjunto de ampos de vetores desontínuos quadrátios
−
2
2
Σ
Figura1.5: Umaórbita global ilimitada de
Z
= (
X, Y
)
passando por pontos de ostura,om
X
eY
limitados.Sejam
x
= (
x
1
, x
2
)
,p
= (
p
1
, p
2
)
,q
= (
q
1
, q
2
)
pontos deR
2
e onsidere
A
= (
a
ij
)
2
×
2
,B
= (
b
ij
)
2
×
2
ef
2
, g
2
dadas omo em(1.3).Avariedade de desontinuidadenesteapítuloéaurva(dimensão 1)em
R
2
dadapor
Σ =
h
−
1
(0)
omh
(
x
1
, x
2
) =
x
2
. O sistema de FilippovZ
= (
X, Y
)
onsiderado éZ
(
x
) =
X
(
x
) =
A
(
x
−
p
) +
f
2
(
x
−
p
)
sex
2
>
0
Y
(
x
) =
B
(
x
−
q
) +
g
2
(
x
−
q
)
sex
2
6
0
.
(1.4)Jámenionamosque ofato de
X, Y
seremamposquadrátios limitadosnão ésui-entepara que
Z
= (
X, Y
)
seja limitado. O exemplo onsiderado nos deu a ilimitaçãonaregiãode deslize
Σ
d
. Porém,Z
= (
X, Y
)
tambémpode ser ilimitadoom órbitas globais passando apenas por regiões de osturaΣ
c
.Segunda demonstração da Proposição1.3.1. Considere o ampo
Z
∈ Q
2
(Ω
, h
)
dado por
Z
(
x
1
, x
2
) =
0 0
0 1
x
1
−
1
x
2
+ 1
+
(
x
2
+ 1)
2
−
(
x
1
−
1)(
x
2
+ 1)
sex
2
>
0
,
0 0
0 1
x
1
+ 1
x
2
−
1
−
(
x
2
−
1)
2
−
(
x
1
+ 1)(
x
2
−
1)
sex
2
6
0
.
.
Os pontos das retas
x
2
=
−
1
ex
2
= 1
são equilíbrios deX
eY
, respetivamente.Temos
Σ
t
=
{−
2
,
2
}
,Σ
e
=
{
(
x
1
, x
2
)
∈
R
2
| −
2
< x
1
<
2
}
eΣ
c
=
{
(
x
1
, x
2
)
∈
R
2
|
x
1
<
−
2
oux
1
>
2
}
. O ampo deslizanteZ
s
é limitado porém o ampo desontínuoZ
éilimitado. A Figura1.5ilustra esta situação.
1.4 Resultados prinipais
O primeiro resultado deste apítulo estabelee ondições suientes sobre os ampos
sejalimitado,onde
X, Y
são ampos quadrátios elimitados.Teorema 1.4.1. Seja
Z
= (
X, Y
)
∈ Q
2
(Ω
, h
)
om
X, Y
limitados eh
(
x
1
, x
2
) =
x
2
.(a) Se
Σ = Σ
s
, ou a ardinalidade deΣ
t
(denotada por#Σ
t
)
é 1 eΣ
s
é ilimitado, ou#Σ
t
>
2
eΣ
c
é limitado, entãoZ
é limitado se, e somente se, o ampounidi-mensional
Z
∗
s
identiado ao ampo deslizanteZ
s
é tal queZ
∗
s
(
x
1
)
6
0
próximo dex
1
= +
∞
eZ
∗
s
(
x
1
)
>
0
próximo dex
1
=
−∞
.(b) Se
Σ = Σ
c
entãoZ
= (
X, Y
)
é limitado.Demonstração. (a) Suponha que
Σ = Σ
s
. Então, o ampo deslizanteZ
s
é identiadoa um ampo unidimensional
Z
∗
s
. PortantoZ
é limitado se, e somente se,Z
∗
s
(
x
1
)
6
0
próximo de
x
1
= +
∞
eZ
∗
s
(
x
1
)
>
0
próximo dex
1
=
−∞
. Seja#Σ
t
= 1
eΣ
s
ilimitado. Denote(
x
t
,
0)
∈
Σ
t
. A únia possibilidade deZ
s
ser ilimitado aontee em regiões dedeslize ou esape pois se
Z
tem uma órbita global ilimitada passando pela região deostura
Σ
c
, neessariamente existem pelo menos dois pontos distintos(
z,
0)
e(
w,
0)
deΣ
c
omXh
(
z,
0)
, Y h
(
z,
0)
>
0
eXh
(
w,
0)
, Y h
(
w,
0)
<
0
. Logo, existey
t
6
=
x
t
tal que
Xh
(
y
t
,
0)
·
Y h
(
y
t
,
0) = 0
, o que não é possível pois
#Σ
t
= 1
. No último aso,#Σ
t
>
2
eΣ
c
limitado,a demonstração é análogaaos asos anteriores.(b)Se
Σ = Σ
c
entãoaúniapossibilidadedeumaórbitaglobalserilimitadaaonteeseelaontiverpelomenosdoispontosdistintosde
Σ
c
. Assim,existex
1
talqueXh
(
x
1
,
0) = 0
ou
Y h
(
x
1
,
0) = 0
e, portanto,Σ
t
6
=
∅
, o que é impossível poisΣ = Σ
c
. PortantoZ
élimitado.
Consideremos agora
Z
= (
X, Y
)
ondeX
(respe.Y
) é dado porAx
+
f
2
(
x
)
(respe.Bx
+
g
2
(
x
)
)omo noTeorema1.2.1 itens(
b
)
,(
c
)
ou(
d
)
. SejaQ
p
i
=
{
F
i
∈
X
2
,r
(Ω)
|
F
i
(
x
) =
A
(
i
)
(
x
−
p
) +
f
(
i
)
2
(
x
−
p
)
}
parai
= 1
, . . . ,
5
oonjuntode ampo de vetores quadrátios que satisfazemas seguintes ondições